Você está na página 1de 6

Universidade de São Paulo (USP)

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)


Departamento de Ciência Política
Disciplina: Metodologia da política comparada: problemas e técnicas de pesquisa

Prof. PAOLO RICCI

Estrutura e objetivos do curso. O curso se propõe apresentar as principais ferramentas


analíticas que possam servir para desenvolver o projeto de pesquisa ou elaborar textos
academicos. Os principais temas/procedimentos tratados durante o curso são: o desenho de
pesquisa, a mensuração e operacionalização dos conceitos; a lógica causal; o estudo de caso;
pesquisa experimento e quase- experimento. Estes procedimentos serão discutidos a partir de
temáticas e assuntos distintos que servirão de exemplo para mostrar como e de que forma os
autores adotaram determinados procedimentos para gerar hipóteses e testá-las. As principais
temáticas abordadas no curso são: corrupção (definição e mensuração), partidos políticos
(tipos), sistemas eleitorais (escolha de), conexão eleitoral (comportamento político), desenho
institucional.

A mairoia das aulas tem caráter expositivo, mas haverá seminários e exercicios. Meu
proposito não é apresentar artigos ou textos específicos, mas tentar abordar um determinado
fenômeno (ou problema) enfatizando a compreensão do modelo explicativo utilizado pelo(s)
autor(es). Assim, por exemplo, ao tratar do partido cartel, nos preocuparemos mais com a
compreensão da mensuração desse tipo e menos com o aspecto relativo a como ele surgiu e
quando foi apresentado. O objetivo dos seminários é analisar criticamente o conjunto dos
instrumentos analíticos utilizados em um texto científico no que tange ao estudo de um
determinado fenômeno. Os exercicios serão desenvolvidos em grupos ou isoladamente e
apresentados em sala de aula.

Método de avaliação: a nota final do aluno será composta por participação em seminários e
exercícios (30%) e trabalho final de curso (70%). O tipo de trabalho exigido possui o
seguinte formato. O aluno deve escolher um problema de pesquisa X (research question) e
elaborar um plano que lhe permita indagá-lo. Isso significa responder a uma série de
perguntas: como a literatura estudou o fenômeno X? O que sabemos até agora? O problema é
relevante? Quais possíveis respostas (hipóteses) é possível formular? Quais conceitos são
centrais para estudar o fenômeno X e como mensurá-los? Que tipo de dados são necessários
e quais técnicas devem ser utilizadas?. Incentiva-se a elaboração de um trabalho final em
formato de artigo de revista a ser publicado.

1
Programa e bibliografia.

Nota Bene: em negrito os textos obrigatórios para o dia da aula. Os demais são
considerados textos de apoio fundamentais.

AULA 1 - 18/08/2011 - APRESENTAÇÃO DO CURSO E ALGUMAS


CONSIDERAÇÕES EM TORNO DO MÉTODO COMPARADO EM CIÊNCIA
POLÍTICA.

 Schmitter P. (2009), “The nature and future of comparative politics”, European


Political Science Review, 1:1, 33–61
 Munck Geraldo L. E Richard Snyder,(2007), “Debating the direction of comparative
politics”, Comparative Political Studies, 40, n. 1: 5-31;
 Laitin David, (2002), “Comparative politics: the State of the Subdiscipline”, in
Katznelson Ira e Milner Helen V., Political Science. State of Discipline, Norton, New
York, pp. 630-651;
 Lijphart, Arend (1971), Comparative Politics and the Comparative Method, American
Political Science Review, 65, 682-693;

AULA 2 -25/08/2011 - MENSURANDO CONCEITOS: a corrupção.

Primeira parte da aula:

 Giovanni Sartori, "Concept Misformation in Comparative Politics", APSR vol. 64


(December 1970), pp. 1033-1053.
 David Collier and James Mahoney, "Conceptual 'Stretching' Revisited: Adapting
Categories in Comparative Politics", APSR vol. 87 (December 1993), pp. 845-55.
 Goertz, g. (2006), Structuring and Theorizing Concepts, in Social Science
Concepts. A user’s Guide, Princeton University Press, Princeton, pp. 69-94;

Segunda parte da aula:

 Daniel Kaufmann, Aart Kraay, and Massimo Mastruzzi, Measuring Corruption:


Myths and Realities, The World Bank 1 December 2006
 Fredrik Galtung, Measuring the Immeasurable: Boundaries and Functions of (Macro)
Corruption Indices, in Sampford, Measuring corruption,
 Mark E. Warren, (2004), What Does Corruption Mean in a Democracy?,
American Journal of Political Science,

Previsão de um exercício sobre conceito a ser entregue e apresentado na aula 3.

AULA 3 – 01/09/2011 - TIPOS E TIPOLOGIAS

Primeira parte da aula:

2
 David Collier and Jody LaPorte, Jason Seawright (2012), Putting Typologies to
Work: Concept-Formation, Measurement, and Analytic Rigor, Forthcoming,
Political Research Quarterly 65, No. 2;
 Colin Elman (2005), Explanatory Typologies in Qualitative Studies of International
Politics International Organization, Vol. 59, No. 2 (Spring, 2005), pp. 293-326
 Alexandre L. George e Andrew Bennett (2005), Case studies and theory development
in the Social Science, (cap. 11, pp. 233-262)

Segunda parte da aula: apresentação dos exercícios sobre conceitos.

AULA 4. – 15/09/2011 - TIPOS DE PARTIDOS: O PARTIDO CARTEL (haverá


seminário)

Primeira parte da aula:

 Katz, Richard S. e Mair P. (2009), The Cartel Party Thesis: A Restatement,


Perspectives on Politics, vol. 7, n.4
 Kitschelt, H. (2000), Citizens, Politicians, and Party Cartelization: Political
Representation and state failure in post-industrial democracies, European Journal of
Political Research, vol. 37, n. 2, pp. 149-179;
 753-766;

Segunda parte da aula (haverá seminário):

 Guarnieri F. (2012), A força dos partidos fracos, Dados (no prelo)


 Jairo Nicolau, (2011?) Parties and Democracy in Brazil (1985-2006): Moving
toward Cartelization, (mimeo)
 Braga, M.S.S. (2009), Reclutamento Partidita Y Representación: Procesos de
Seleccíon de Candidatos en La Cámara de Diputados Brasileña, in Freidenberg F. E
Sáez M.A. Selección de Candidatos, Política Partidista y Rendimento Democrático,
TEDF, Mexico, pp.361-398;

AULA 5 – 22/09/2011 - CUSALIDADE E INFERÊNCIA. PARTE I (causas necessárias


e suficientes; noção de causalidade; determinismo; contrafactual)

Primeira e segunda parte da aula:

 Mahoney, J. et ali. (2009), The Logic of Historical Explanation in the Social


Sciences”, Comparative Political Studies, vol. 42, n. 1, pp. 114-146
 Gerring J. (2005), Causation. A unified Framework for the Social Sciences, Journal of
Theoretical Politics, vol. 17(2), pp. 163-198;
 Sekhon J. (2004), “Quality meets quantity: case studies, condition probability, and
counterfactuals”, Perspectives on politics, vol. 2, n.2: 281-293;
 Lieberman E. (2001), “Causal inference in historical institutional Analysis”,
Camparative Political Studies, vol. 34, n.9: 1011-1035

3
Previsão de um exercício sobre conceito a ser entregue e apresentado na aula 6.

AULA 6 – 29/09/2011 - CAUSALIDADE E INFERÊNCIA (fuzzy analysis). PARTE II

Primeira parte da aula:

 Ragin, (2000), Fuzzy-Set Social Science, pp. 88-145;


 PAUL PENNINGS (2004), Beyond dichotomous explanations: Explaining
constitutional control of the executive with fuzzy-sets, European Journal of
Political Research, vol. 42, n. 4

Segunda parte da aula: apresentação dos exercícios sobre causalidade.

AULA 7 – 06/10/2011 - A NOÇÃO DE PATH E O MOMENTO CRÍTICO.

Primeira parte da aula:

 Pierson (2004), Poltics in time (aconselhado para quem nunca leu nada sobre path
dependence. Sobretudo os capítulos 1,2,3)
 Capoccia, G. e Kelemen D. (2007), The Study of Critical Junctures, World
Politics, 59, pp. 341-69;
 Slater, D. e Simmons E. (2010), Informative Regress: Critical Antecedents in
Comparative Politics, Comparative Political Studies, XX(X), 1-32

Segunda parte da aula:

 Gerring, J. (2007), Casual Mechanism. Yes,but…,Comparative political studies, vol


XX(X), pp. 1-28;
 Falleti, Lynch (2009), Context and Causal Mechanism in political Analysis,
Comparative Political Studies, vol. XX (X), pp. 1-22;

AULA 8 – 13/10/2011 - DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO DOS


PARLAMENTARES. ENTRE A ARENA ELEITORAL E A PARLAMENTAR.

Primeira Parte:

 Mayhew, D. (1974), Congress, The Electoral Connection, New Haven and London,
Yale University Press, (tudo)
 Cain, B. et ali. (1987), The Personal Vote: Constituency Service and electoral
Independence, Cambridge, Cambridge University Press (Introdução e conclusão);
 Carey, J. e Shugart, M. (1995), Incentives to Cultivate a Personal vote: a rank
ordering of electoral formulas, Electoral Studies, vol 14, n. 4, pp. 417-439
 Doring, H. (2001), Parliamentary Agenda Control and Legislative Outcomes in
Western Europe, Legislative Studies Quarterly, vol. 26, n. 1, pp. 145-165;
 Cox G., The Efficient Secret, (1989) cap. 6

4
Segunda parte da aula (haverá seminário):

 Lemos L. e Ricci P. (2010), “Brazilian Legislators: Between Partisan and


Individual Activism”, Workshop on Legislator Views of Brazilian Governance
Brazilian Studies Programme, Latin American Centre, University of Oxford;
 Samuels D., Lucas K. (2010), “The PT and the Rest: On the Alleged Ideological
Coherence of the Brazilian Party System.” Workshop on Legislator Views of
Brazilian Governance Brazilian Studies Programme, Latin American Centre,
University of Oxford;

AULA 9 – 20/10/2011 - A ESCOLHA DO SISTEMA ELEITORAL

Primeira parte da aula:

 Benoit (2007), Electoral Laws as Political Consequences: Explaining the Origins


and Change of Electoral Institutions, Annual Review of Political Science, vol10:
363-390;
 Benoit, (2004), Models of Electoral System Change, Electoral Studies,
 Colomer, Josep M. (2005), It’s Parties That Choose Electoral Systems (or,
Duverger’s Laws, Upside Down), Political Studies, vol 53, pp. 1-21
 Andrews, JT e Jackman RW (2005), Strategic fools: Electoral Rule Choice under
Extreme Uncertainty, Electoral Studies,
 Cusack, T.R., et ali. (2007), Economic Interests and the Origins of Electoral
Systems, American Political Science Review, vol. 101, n. 3: 373-391.

Segunda parte da aula (haverá seminário):

 Marenco (2006), Path-Dependency, Instituciones Políticas Y Reformas Electorales


em Perspectiva Comparada, Revista de Ciencia Política, V. 26, 2: 56-73;
 Negretto, () La Reforma Electoral em América Latina: Entre El Interés Partidario Y
Las Demandas Ciudadanas, paper, Cide
 Pires, Juliano (2009), A invenção da lista aberta: o processo de implantação da
representação proporcional no Brasil, tese de mestrado.

AULA 10 03/11/2011 - ESTUDO DE CASO: VANTAGENS E DESVANTAGENS


PARA A CONSTRUÇÃO DE EXPLICAÇÕES CAUSAIS

 Geddes B. (1990) “How the case you choose affect the answers you get”, Political
Analysis, 2: 131-50
 Collier D. e James Mahoney,(1996). “Insights and Pitfalls: selection bias in
qualitative research”, World politics, 49, n. 1: 56-91
 Gerring J. (2007), “Techniques for choosing cases”, in John Gerring, Case Study
Research,pp.86-150
 Mahoney J. (2004), “The Possibility Principle: Choosing Negative Cases in
Comparative Research”, APSR, 98, 4: 653-669

5
Previsão de um exercício sobre conceito a ser entregue e apresentado na aula 11.

AULA 11 – 10/11/2011 - MÉTODOS POUCO EXPLORADOS: PESQUISA


EXPERIMENTO E QUASE-EXPERIMENTO

Primeira parte da aula:

 Freedman, D. (1999) “From Association to causation: some remarks on the history of


statistics”, Statistical Science, Vol. 14, n. 3: 243-258;
 Meyer Bruce D. (1995), “Natural and quasi-experiments in economics”,Journal
of Business & Economic Statistics,vol.13, n. 2: 151-161;
 Green Donald e Gerber Alan. (2002), “Reclaming the experimental tradition in
Political Science”, in Katznelson Irae Milner Helen Political Science.State of
Discipline.Norton, New York, pp.805-831
 Dunning, Thad (2008) Improving causal inference: strengths and limitations of
natural experiments, Political Research Quarterly, vol. XX, pp. 1-12
 Posner (2004) “The Political Salience of Cultural Difference: Why Chewas and
Tumbukas Are Allies in Zambia and Adversaries in Malawi”, APSR,98,4: 529-545
 Miguel Edward (2004). “Tribe or Nation?.Nation Building and Public goods in
Kenya versus Tanzania”, World Politics, 56, 327-62

Segunda parte da aula: apresentação dos exercícios sobre estudo de caso.

AULA 12 – 17/11/2011 - DESENHO(S) DE PESQUISA NA CIÊNCIA POLÍTICA.

 Brady Henry e David Collier (2004) Rethinking Social Inquiry (cap. 1 e 2)


 Ragin, C. (2000), Fuzzy-set Social Science, (cap. 5)
 King et ali. (1994), Designing Social Inquiry, (capítulos a definir)
 Geddes, B. (2003), Paradigms and Sand Castles (capítulos a definir)

Exercício final!.

Você também pode gostar