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ALEXANDRE MARIATH

LEANDRO LUCAS GABARDO


Revisada e atualizada por: Daniel Antonio Raizel Ziemniczak

Apostila de Direito Internacional


Apostila de Direito Internacional ................................................................................... 1
Sociedade Internacional

Ubi societas ibi jus


Ubi commercium ibi jus

Sociedade Internacional
É o conjunto de relações tanto dos indivíduos entre si quanto dos Estados uns com os
outros que tendem a se organizar e viver dentro de uma ordem internacional.

Fundamentos do DIP
As principais doutrinas são a voluntarista e a objetiva.

 Doutrina objetiva (jusnaturalista) – A obrigatoriedade do DI é baseada em


razões objetivas, isto é, além e acima da vontade dos Estados. É um direito
natural, fruto da razão e tem valor próprio. Não é perfeita nem imutável, mas
passível de aprimoramento, na busca do imperativo categórico do direito
internacional.

 Doutrina voluntarista (positiva) – Baseia-se ora na ideia de vontade coletiva dos


Estados, ora em consentimento mútuo deles.

Dentre as doutrinas expostas merece ser mencionada a da autolimitação – o Estado


obrigar-se-ia para consigo próprio.
A noção de que o DI se baseia em princípios superiores acima da vontade dos
Estados, tem merecido aceitação dos autores modernos. A norma tem valor jurídico
absoluto, indemonstrável e que serve de critério formal para diferenciar as normas
internacionais das demais.
Na medida em que a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados consagrou o
princípio em seu art. 26 “ Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido
por elas de boa-fé”.
Partindo do reconhecimento da existência e possibilidade de aferição do conteúdo de
normas de direito internacional cogente, reconhecidas, expressamente, pela
Convenção sobre o Direito dos Tratados, limita-se a escolha dos Estados e a esfera
de atuação voluntarista destes: além e acima da vontade dos Estados, existem
normas cogentes não passíveis de derrogação por ação positivista unilateral do
Estado, basilares para a ordem internacional, e a convivência organizada entre os
Estados e demais atores da ordem internacional.
O jus cogente tem caráter universal, e se aplica indistintamente a todos os integrantes
da sociedade internacional; constitui base de ordem pública internacional, na qual a
defesa de interesse geral pode mesmo se sobrepor a interesse específico de
determinado Estado.

Principais Entes
Os principais entes que atuam na Sociedade Internacional são os Estados, as
Coletividades Interestatais, as Coletividades Não Estatais, as Empresas
Transnacionais e o Indivíduo (sujeitos e atores).

Diferença entre sujeito e ator


Ator internacional possui conotação ampla e se refere a qualquer pessoa ou entidade
que busque espaço ou possua voz no cenário internacional (Transnacionais e ONGs).
Sujeito, por sua vez, é aquele que possui a titularidade de direitos e obrigações
(Estados, organizações internacionais e para a maioria da doutrina o indivíduo).
“Ser sujeito de Direito internacional não se confunde com a situação de ser
destinatário de suas normas, nem com as entidades ou fenômenos que possam estar
nelas mencionados, a título de proteção ou de evitar-se sua presença”.

Características
Universal
Aberta (admite novos participantes)
Paritária (igualdade entre seus participantes)

Pressupostos de existência
Os pressupostos são: Pluralidade de Estados soberanos, Comércio internacional e
Princípios jurídicos coincidentes

Pluralidade de Estados soberanos – O DIP regula a relação entre estados que são
seus principais sujeitos. Para atuarem como sujeitos, faz-se necessária a
capacidade de autodeterminação, por isso a inclusão do termo ‘soberanos’.
Comércio Internacional – A existência de comércio entre dois Estados
automaticamente determina o surgimento de normas que o regulamente.
Princípios Jurídicos Coincidentes – Para que dois Estados possam acordar no seu
regramento comum, é necessário estipular princípios e normas que sejam
obedecidas por ambos a fim de possibilitar uma mínimo de isonomia e
segurança jurídica.

Fontes do DIP
Por fontes do DI entendemos os documentos ou pronunciamentos dos quais emanam
direitos e deveres das pessoas internacionais, configurando os modos formais de
constatação do direito internacional.

Para Accioly as fontes podem ser formais (ou positivas), reais ou auxiliares.
1. Formal – Dão positividade ao direito objetivo preexistente, sendo, em geral,
sancionadas pelo Poder Público (costumes de tratados internacionais).
2. Real – É a fundamental (princípios gerais do direito).
3. Auxiliar – são aquelas que ajudam na compreensão do sistema jurídico,
também chamadas indiretas (doutrina e jurisprudência dos Estados,
legislações internas e sentenças arbitrais).

Segundo Meira Mattos são formais e materiais:


1. Formais: são aquelas caracterizadas pela exteriorização da vontade das
partes. Exemplo: os tratados-lei, os costumes, os princípios gerais do direito,
as decisões das organizações internacionais e a equidade.
2. Materiais: aquelas que tratam do fundo de determinado sistema jurídico.
Seriam, no DIP, o contrato, a doutrina, a analogia e a opinião pública.

Segundo o Estatuto da Corte Internacional de Justiça – CIJ, as fontes são:


1. Principais
a. Convenções internacionais – gerais ou especiais com regras
especialmente aceitas pelos Estados.
b. Costume internacional – como prova de prática geral, aceita como
sendo direito.
c. Princípios gerais do direito – reconhecidos pelas nações civilizadas.
2. Secundárias
a. Decisões judiciais e doutrina – dos juristas mais qualificados.
b. Equidade – Caso haja o consentimento das partes.
c. Atos unilaterais – embora não previsto no estatuto, tem sido aceito
como tal. Exemplo é a proposta da Austrália contra realização de testes
nucleares da França no Atol de Murrão, com base na declaração do
presidente francês de que não realizaria mais testes no Pacífico Sul.

Para os defensores do DI positivo, direitos e deveres internacionais dos Estados


somente podem resultar da vontade expressa ou tácita dos Estados. Em outras
palavras só podem existir fontes positivas. Toda relação jurídica deve ser concebida
sob dois aspectos: um fundamental, racional ou objetivo (existe uma fonte real que é
verdadeira, a fundamental, Princípios Gerais do Direito) o outro formal, positivo (estes
dão forma positiva ao direito objetivo, preexistente, e o apresentam sob o aspecto de
regras aceitas e sancionadas pelo poder público). São os costumes e os tratados

Não se estabelece uma hierarquia entre as diferentes fontes mencionadas, mas na


prática se reconhece a predominância das convenções internacionais por serem
fontes de obrigações mútuas.

Equidade - é um meio supletivo que visa o preenchimento de lacunas do direito


positivo. Conforme previsto no estatuto da CIJ, o recurso à equidade não pode ser
subentendido: deve ser aceito pelas partes. A equidade tem tido aceitação cada vez
maior, com o objetivo de garantir decisões pautada nos conceitos de justiça e ética.

Relações entre o Direito Interno e o Direito Internacional


Existem duas concepções: a monista e a dualista.

Concepção monista
Para o monismo, há apenas um ordenamento jurídico que engloba ambos os
sistemas. Nesse encontram-se duas correntes, uma que defende a primazia do
sistema interno sobre o DIP e outra no sentido contrário. Em geral, esse último se
manifesta com a introdução de uma cláusula na constituição determinando a
supremacia de um ramo. No caso brasileiro, há supremacia do direito interno sobre o
internacional.
Criticas:
1. A concepção nega a própria existência do direito internacional como
sistema autônomo e independente.
2. Tal concepção não estaria de acordo com a prática internacional. Caso
estivesse de acordo com essa prática, qualquer mudança na vontade
de um Estado, como no caso de um golpe, ocasionaria a ruptura de
todos os tratados anteriormente celebrados, o que não ocorre.

Concepção dualista
Para o dualismo o Direito Internacional é um sistema separado e independente do
Direito Pátrio (ou Nacional), havendo duas ordens jurídicas distintas e independentes.
Defende que não há conflito entre as ordens, eis que estão em patamares
equivalentes, prevalecendo cada uma em sua esfera de atuação.
Criticas:
1. Não há inserção de outros sujeitos do direito internacional. Tal
concepção somente leva em conta o Estado como sujeito de DIP.
2. Tal teoria não é suficiente para explicar, por si só, a obrigatoriedade
dos costumes internacionais.
3. A diferença essencial entre a norma internacional e a interna não é
de natureza, mas de estrutura. DIP e Direito interno regem
sociedades de estruturas diferentes, tornando o Direito das Gentes
bem mais individualista e menos solidário que o Direito Interno. O
Direito Internacional é um Direito de Coordenação, enquanto o
Direito Interno é um Direito de Subordinação.
4. Atualmente temos normas internacionais diretamente aplicáveis aos
sujeitos de DIP independentemente de serem incorporadas ao
sistema jurídico interno.

Elementos constitutivos dos Estados


Os elementos são: Povo, Território e Governo.

 Povo: É o conjunto de pessoas que se reúnem para constituir o Estado, criando


um vínculo jurídico-político permanente.
 Território: É a porção de terra sobre a qual o Estado exerce a sua soberania.
 Governo: O governo deve ser soberano e estar estruturado segundo os moldes
da teoria tripartida.

Formação dos Estados


A formação de um Estado é um fato histórico e não jurídico. O estado pode se formar
de várias formas.

Ótica do DIP
1. Estabelecimento de uma população em um território Ex. Roma, Atenas,
Esparta, Libéria (formada por escravos libertos dos EUA).
2. Sublevação: o povo se levanta para tomar as armas e se separar (guerra da
independência). Ex: Brasil, EUA.
3. Separação ou secessão: é pacífica, tranquila. Ex. Tchecoslováquia e União
Soviética.
4. Fusão: União dos países. Ex. Grã-Bretanha, Itália

Obs: A Alemanha não é caso de fusão e sim de anexação.

Ótica da TGE

Originária – estabelecimento da população em determinado território estabelecendo


governo.

Derivada (da original)


 União pessoal (monarquia) – dois ou mais estados sob o governo de um
mesmo rei, por casamento, guerra, etc. Na esfera internacional continuam
como dois Estados diferentes. As leis sucessoras não se unem, continuam
distintas. Por isso são temporárias ainda que de prazos indeterminados. Ex.
Inglaterra e principado de Hanover (1715 - 1837). Entre Bélgica e Congo (1872
- 1908).
 União real – dois ou mais Estados sob o mesmo monarca mas externamente
são considerados um só Estado. As leis sucessórias. Ex. Império austro-
húngaro, União Ibérica.
 União incorporada – Dois ou mais estados que formam um novo estado. Ex.
Grã-Bretanha, Tanzânia, República do Iêmen.
 Confederação – União de dois ou mais estados que mantendo sua autonomia
e parcela de sua independência que delegam ao Estado Central poder de sua
soberania externa relacionados a sua defesa, relações exteriores e moeda.
o Duma ou diete – assembleia de plenipotenciários. A decisão da Duma
ou diete depende da discussão de cada um dos estados confederados.
o Temporários ainda que indeterminados porque se torna ou o Estado se
torna totalmente independente.
o Ex. Confederação Helvética (1212-1848), EUA (1776 - 1886), Conf.
Germânica (1815-1866) e Conf. da Argentina (1816 – 1827 e 182 –
1860).
 Federação – união de dois ou mais estados que mantendo maior ou menor
autonomia delegam ao governo central, denominado União, seus poderes
ligados à independência.

 Divisão
a) Nacional – estados se dividem em outros. Ex.Uruguai, URSS
b) Sucessoral – apenas uma remissão histórica, quando os reis morriam o
estado era dividido entre os filhos.

Secundária
 Colonização – Alcançam a condição de Estados independentes.
Ex: EUA e CUBA. Província ultramarina é província do Estado. Então se há
independência é por divisão territorial.
 Concessão dos atos de soberania – não teve um dia da
proclamação da independência. Ex. Canadá, Jamaica, Austrália, Nova
Zelândia (chefe de Estado é a rainha da Inglaterra mas tem políticas próprias).
 Atos de Governo – os Estados são criados simplesmente por
vontade do governante. “Estado criado por canetada” sem consultar a
população. O Estado surge e se transforma durante a história em dois
aspectos: interno e externo e desaparece. Ex. Napoleão Bonaparte, Hitler,
bantustans na África do Sul.

Ótica da TGE

Originária – estabelecimento da população em determinado território estabelecendo


governo.

Derivada (da original)


 União pessoal (monarquia) – dois ou mais estados sob o governo de um
mesmo rei, por casamento, guerra, etc. Na esfera internacional continuam
como dois Estados diferentes. As leis sucessoras não se unem, continuam
distintas. Por isso são temporárias ainda que de prazos indeterminados. Ex.
Inglaterra e principado de Hanover (1715 - 1837). Entre Bélgica e Congo (1872
- 1908).
 União real – dois ou mais Estados sob o mesmo monarca mas externamente
são considerados um só Estado. As leis sucessórias. Ex. Império austro-
húngaro, União Ibérica.
 União incorporada – Dois ou mais estados que formam um novo estado. Ex.
Grã-Bretanha, Tanzânia, República do Iêmen.
 Confederação – União de dois ou mais estados que mantendo sua autonomia
e parcela de sua independência que delegam ao Estado Central poder de sua
soberania externa relacionados a sua defesa, relações exteriores e moeda.
o Duma ou diete – assembleia de plenipotenciários. A decisão da Duma
ou diete depende da discussão de cada um dos estados confederados.
o Temporários ainda que indeterminados porque se torna ou o Estado se
torna totalmente independente.
o Ex. Confederação Helvética (1212-1848), EUA (1776 - 1886), Conf.
Germânica (1815-1866) e Conf. da Argentina (1816 – 1827 e 182 –
1860).
 Federação – união de dois ou mais estados que mantendo maior ou menor
autonomia delegam ao governo central, denominado União, seus poderes
ligados à independência.

 Divisão
c) Nacional – estados se dividem em outros. Ex.Uruguai, URSS
d) Sucessoral – apenas uma remissão histórica, quando os reis morriam o
estado era dividido entre os filhos.

Secundária
 Colonização – Alcançam a condição de Estados independentes.
Ex: EUA e CUBA. Província ultramarina é província do Estado. Então se há
independência é por divisão territorial.
 Concessão dos atos de soberania – não teve um dia da
proclamação da independência. Ex. Canadá, Jamaica, Austrália, Nova
Zelândia (chefe de Estado é a rainha da Inglaterra mas tem políticas próprias).
 Atos de Governo – os Estados são criados simplesmente por
vontade do governante. “Estado criado por canetada” sem consultar a
população. O Estado surge e se transforma durante a história em dois
aspectos: interno e externo e desaparece. Ex. Napoleão Bonaparte, Hitler,
bantustans na África do Sul.

Santa- Sé
A Questão Romana foi resolvida com os Acordos de Latrão entre a Itália e a Santa Sé
em 1929 que compreenderam um acordo político (que reconheceu a soberania do
domínio internacional da Santa Sé e o seu direito a plena propriedade e jurisdição
soberana), outro financeiro e uma concordata.
A personalidade internacional reconhecida é da Santa Sé e não do Vaticano. A relação
entre Vaticano e Santa Sé é uma relação de Estado e Governo. A Santa Sé é a União
da Cúria Romana + Papa.
A Santa Sé Possui os direitos de legação e convenção. O Vaticano possui
nacionalidade própria.

Observação
 Todos os países foram influenciados pelo Direito Romano. Exceção da Turquia,
Tailândia, China, Japão e Etiópia. Mas com a cópia dos Códigos de outros países
hoje seguem o mesmo padrão.

Princípio da autodeterminação dos povos


A maioria da população de um território tem o direito de decidir seu destino (Ditadura
da maioria). Esse principio deve ser controlado pelo principio de proteção das
minorias. Como o nosso art. 261 da CF que assegura direitos aos índios.

Transformações dos Estados


(modificações internas e externas)
O fim do Estado acontece com o desaparecimento de um dos seus elementos
constitutivos. O direito vai se preocupar quem vai suceder os direitos e deveres do
desaparecido.
Essas alterações vão provocar efeitos:
Extinção e sucessões dos Estados
Hipóteses
1. Anexação parcial
2. Anexação total
3. Desmembramento
4. Fusão

Efeitos
1. Quanto aos tratados
2. Quanto às obrigações financeiras
3. Quanto ao domínio (bens públicos)
4. Quanto à nacionalidade
5. Quanto à legislação internacional

Ex. O Acre que o Brasil pegou da Bolívia – é anexação parcial.

Anexação parcial
+Tratados: deixam de ser aplicados na porção anexada salvo os tratados reais
(tratam de limites).
+Obrigações financeiras: se as dúvidas forem gerais o Estado anexante arcará
estas dívidas na proporção do número dos habitantes da região anexada, se for dívida
local, o Estado anexante arcará com a totalidade da dívida do Estado anexado.
+ Bens públicos: passam ao Estado anexante.
+ Nacionalidade: passa por direito de opção ao habitante do território anexado de
manter sua antiga ou ter a nova nacionalidade como estrangeiro. Limitações como
estrangeiro e nem sempre respeitado – xenelasia: expulsão de habitantes de outras
nacionalidades.
+ Legislação: a legislação interna será aplicada a porção anexada. Há exceções,
quando a França retoma a Alsácia-Lorena da Alemanha em 1919, que tinha legislação
mais avançada o efeito foi inverso.

Anexação Total
O estado desaparece. Ex. unificação da Alemanha.
+ Tratados: Os efeitos com relação aos tratados desaparecem todos, inclusive os
reais.
+ Obrigações financeiras: o estado anexante arca todos os débitos.
+ Bens públicos: passam para o anexante
+ Nacionalidade: Desaparece a antiga nacionalidade, ficando apenas a do
anexante.
+ Legislação: Lentamente, vai se aplicando a legislação do Estado anexante ao
anexado.

Fusão
+ Tratados: São respeitados apenas os tratados reais.
+ Obrigações financeiras: Os débitos e créditos do Estados que se fundem passam
ao estado resultante da fusão.
+ Bens públicos: passam ao estado resultante da fusão.
+ Nacionalidade: a nacionalidade dos Estados que se fundem desaparece,
tornando-se nacionais do Estado que resulta.
+ Legislação: lentamente será criada uma legislação comum.

Ex. Iêmen e Tanzânia


1958 a 1962 – fusão entre Egito, Síria e Iêmen do Norte (República Árabe Unida)
Desmembramento
+ Tratados: Desaparecem todos os tratados apenas da porção desmembrada,
inclusive os reais.
+ Obrigações financeiras: Os estados desmembrados irão arcar com os débitos na
proporção do seu número de habitantes.
+ Bens públicos: Os bens públicos da região desmembrada passam para todos os
Estados resultantes.
+ Nacionalidade: A nacionalidade do Estado que se desmembrou desaparece ou
dá-se o direito de opção.
+ Legislação: Lentamente os Estados que se desmembram criam sua própria
legislação.

Estrutura dos Estados


O Estado, na larga acepção do termo, existe desde que se achem reunidos os
elementos: população, território e governo.

Soberania
Autoridade que possui o Estado para decidir sobre as questões da sua competência,
não sendo, porém, absoluta, uma vez que nas relações internacionais ela se acha
subordinada ao direito das gentes.

Doutrina Drago
Criada na Argentina, consiste essencialmente no repúdio do recurso à força para
obrigar um Estado a pagar suas dívidas. Drago não negava a obrigação da nação
devedora de reconhecer as respectivas dívidas e procurar liquida-las, mas condenava
a cobrança coercitiva destas, como capaz de conduzir as nações mais fracas à ruína e
até à absorção dos respectivos governos pelos das nações mais poderosas.
Em relação a essa doutrina, a visão brasileira e a seguinte:
a) Condenamos francamente a cobrança coercitiva de dívidas públicas ou
contratuais

b) Concordamos que os prejuízos sofridos por estrangeiros em consequência


de negócios pecuniários de interesse privado ou de contratos com o Estado
só possam ser objeto de intervenção diplomática em caso de denegação de
justiça

c) Admitimos que as obrigações derivadas das dívidas externas de um Estado


não possam ser objeto de reclamação diplomática antes do completo
malogro das negociações diretas entre os credores e o governo ou agentes
do governo do Estado devedor

d) Entendemos que, se, em qualquer destes casos, surgir um conflito entre o


Estado devedor e o Estado a que pertençam os credores, e tal conflito não
for resolvido pelo emprego das vias diplomáticas usuais, o Estado devedor
não terá o direito de se subtrair ao recurso à solução arbitral ou judicial.

Doutrina Monroe
Surgida em 1823 decorrente da mensagem dirigida ao congresso americano enviada
pelo presidente James Monroe, trata-se de uma política de isolamento e não
intervenção dos Estados Unidos nos negócios Europeus e vice-versa.
Compõe-se de três princípios:
1. O continente americano não pode ser objeto de futura colonização de nenhuma
potência europeia.
2. É inadmissível qualquer intervenção europeia nos negócios internos ou
externos de qualquer país americano.
3. Os EUA não intervirão absolutamente nos negócios pertinentes a nenhum país
europeu.

Soberania externa

Direito de legação
O estabelecimento de relações diplomáticas entre Estados implica o reconhecimento,
por estes, do duplo direito de legação, ligação ou representação política. O direito de
legação deriva do princípio da igualdade jurídica dos Estados e é regulado pelo
princípio do consentimento mútuo.
Pode ser:
+ Ativo: quando um Estado envia um representante para outro Estado.
+ Passivo: quando um Estado recebe um representante estrangeiro.

Funções da diplomacia
Consideram-se funções tradicionais da diplomacia as tarefas de negociar, informar e
representar. A tarefa de negociar consiste em manter relações com o objetivo de
concluir um acordo. O diplomata negocia em nome e por conta do Estado que
representa, com o propósito de defender os interesses daquele Estado. A tarefa de
informar define-se como o dever e a prerrogativa do diplomata no sentido de inteirar-
se por todos os meios lícitos das condições existentes e da evolução dos
acontecimentos de um determinado Estado e comunicar a este respeito o Governo do
Estado que representa. A função de representar inclui a tarefa de fazer patente a
presença do Estado representado em eventos internacionais ou estrangeiros

1961-Convenção de Viena
Estipula que o estabelecimento das relações diplomáticas entre Estados e o envio de
missões diplomáticas permanentes ocorrem por consentimento mútuo. Nenhum
Estado é obrigado a manter relações diplomáticas ou consulares com um outro
Estado. Em caso de desentendimento ou guerra, uma vez rompidas as ditas relações,
os Estados designam terceiros para representarem seus interesses (Ex. A Suíça
defende os interesses dos EUA em Cuba).

Modalidades de representação diplomática

1) Permanente
Trata-se de uma embaixada ou uma legação recebida pelo estado hospedeiro através
da acreditação. As missões diplomáticas permanentes junto aos Estados estrangeiros
são designadas Embaixadas. Ao assumir o posto, o chefe da missão diplomática
apresenta ao Chefe de Estado hospedeiro a credencial que o acredita. Ele pode ser
obrigado a deixar o posto por mau comportamento ou políticas. As embaixadas
permanentes passaram a existir depois da consolidação dos Estados Modernos

+Embaixada: - não é extensão do território;


- está localizada, em regra, na CAPITAL do Estado (exceto em Israel);
- representa o Estado no exterior;
- só existe uma em cada Estado;
- serve de asilo político;

+Embaixador: é o chefe da embaixada e representa um Estado no exterior.


Obs: As Embaixadas estabelecidas pela Santa Sé costumam chamar-se Nunciaturas
Apostólicas e ser chefiadas por núncios.

+ Consulado: - representa os interesses do Estado, principalmente comerciais;


- pode ter várias em um Estado;
- pode prestar assistência e proteção aos nacionais de seu Estado, bem
como funções notariais (expedir documentos, fazer registros);
- não serve de asilo político;

+ Cônsul: suas atribuições limitam-se em regra aos planos administrativos, comerciais


e notoriais.

* Há muitas diferenças entre o direito consular e direito diplomático. Uma ruptura das
relações diplomáticas pode não acarretar a interrupção das relações consulares. Um
Estado pode estabelecer, segundo suas necessidades e interesses, várias
representações consulares no estado Hospedeiro. Cada um desses consulados
responderá por uma circunscrição consular.

2) Missão especial
Tarefa desempenhada de forma itinerante, por agentes diplomáticos extraordinários.
São representantes diplomáticos designados para uma missão específica, limitada no
tempo, bilateral e consensual.

Imunidade diplomática
A imunidade diplomática é uma forma de imunidade legal e uma política entre
governos que assegura às Missões diplomáticas inviolabilidade, e aos diplomatas
salvo conduto, isenção de impostos e outras prestações públicas (como serviço militar
obrigatório), bem como de jurisdição civil e penal e de execução.
A primeira teoria articulada a procurar justificar a necessidade de privilégios e
imunidades para diplomatas foi a da extraterritorialidade, hoje abandonada em favor
da teoria do interesse da função, segundo a qual a finalidade dos privilégios e
imunidades não é beneficiar indivíduos, mas sim garantir o eficaz desempenho das
funções das Missões diplomáticas em sua tarefa de representação dos Estados
acreditantes.
Os privilégios e imunidades podem ser classificados em inviolabilidade, imunidade de
jurisdição civil e penal e isenção fiscal, além de outros direitos como liberdade de culto
e isenção de prestações pessoais.
A inviolabilidade abrange a sede da Missão e as residências particulares dos
diplomatas, bem como os bens ali situados e os meios de locomoção. A inviolabilidade
aplica-se também à correspondência e as comunicações diplomáticas.
Da imunidade de jurisdição decorre que os atos da Missão e os de seus diplomatas
não podem ser apreciados em juízo pelos tribunais do Estado acreditado. Além de
imunidade de jurisdição civil e administrativa, os agentes diplomáticos também gozam
de imunidade de jurisdição penal. A imunidade de execução é absoluta - eventuais
decisões judiciais ou administrativas desfavoráveis à Missão ou aos diplomatas não
podem ser cumpridas à força pelas autoridades do Estado acreditado.
A isenção fiscal abrange o Estado acreditante, o chefe da Missão, a própria Missão e
os agentes diplomáticos. Esta isenção inclui os impostos nacionais, regionais e
municipais, bem como os direitos aduaneiros, mas não se aplica a taxas cobradas por
serviços prestados (o que é a definição de "taxa" em direito tributário).
A imunidade diplomática não confere ao diplomata o direito de se considerar acima da
legislação do Estado acreditado - é obrigação expressa do agente diplomático cumprir
as leis daquele Estado.
Admite-se que o Estado estrangeiro proceda a renúncia da imunidade de seu agente,
para que ele possa ser o polo passivo de um processo perante o judiciário local.

Tratados
Os tratados internacionais são a principal fonte do direito internacional público na
atualidade.

Conceito
O tratado internacional é um acordo resultante da convergência das vontades de dois
ou mais sujeitos de direito internacional, formalizada num texto escrito (em um ou mais
idiomas), com o objetivo de produzir efeitos jurídicos no plano internacional. A
expressão “tratado” identifica todo e qualquer acordo internacional,
independentemente de sua formação. O tratado pode designar o conteúdo, bem como
o instrumento que formaliza o acordo.

1969- Convenção de Viena


Descarta os acordos verbais ao indicar que um tratado significa um acordo escrito.
Determina, ainda, que somente Estados podem celebrar tratados, excluindo as
organizações internacionais.

1986- Nova convenção de Viena


“Tratado é o acordo internacional celebrado por escrito entre Estados e regido pelo
Direito Internacional, que conste de um instrumento único, quer de dois ou mains
instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação particular”.

Reconhece a capacidade das organizações internacionais (ex. ONU) celebrarem


tratados com Estados. Detalhando esse conceito:
 Acordo Internacional – por ter na Sociedade Internacional o seu âmbito de
aplicação.
 Escrito – Referência à forma.
 Por Estados - Não se excluem, no entanto, os outros sujeitos de Direito
Internacional, pois no artigo 3º a própria Convenção de Viena reconhece a
validade dos acordos celebrados por outros sujeitos que não Estados.
 Um ou mais instrumentos – Sendo todos válidos. Pode ser escrito em um ou
mais idiomas. Hoje é usual celebrar tratados em tantos idiomas quantos forem
os países que contratam.

Terminologia
A prática internacional registra o uso livre dos diversos sinônimos da palavra “tratado”
(convenção, acordo, protocolo etc). A rigor, do ponto de vista jurídico, tais nomes
importam pouco e não são aplicados de maneira coerente. Existe, porém, em alguns
casos, o hábito de se atribuir a certos tratados nomes específicos, de acordo com sua
forma, conteúdo, objeto e fim.

+ TRATADO: terminologia utilizada em acordos solenes, cujo objeto e poder das


partes tem maior importância por criarem situações jurídicas. Ex: Tratado de Assunção
(Mercosul); Tratado de Versales; Tratado de Petrópolis.

+ CONVENÇÃO: um acordo internacional que cria normas gerais acerca de


determinada matéria de direito internacional. Costuma ser multilateral, dela participa
um número considerável de países. Para a doutrina é um sinonimo de tratado em
nada diferindo deste em sua estrutura. Ex. Convenção de Chicago; Convenção de
Viena; Convenção do Meio Ambiente.
+ ACORDO: é um termo genérico para tratado. Na falta de denominação melhor
emprega-se acordo. Costuma ser utilizada em questões de limites, comércio, turismo.
Ex. GATT, Acordo nuclear Brasil-Alemanha

+ PACTO: utilizado para restringir o alcançe político de um tratado. Ex. Pacto de


Varsovia; Pacto da OTAN; Pacto do Rio de Janeiro.

+ PROTOCOLO: acordo acessorio superveniente (após), as vezes simultaneo, com o


qual se pretende modificar, interpretar, complementar ou prorrogar outro tratado
qualificado como principal. Ex Protocolo de Kioto – Convenção do Meio Ambiente

+ CONCORDATA: tratado celebrado entre a Santa Sé e países de população


versando, necessariamente, sobre assuntos religiosos. Ex. No acordo de Latrão havia
uma concordata criando o Vaticano; Concordata de Worns resolvendo uma briga entre
adeptos do papa e do imperador.

+ MODUS VIVENDI: acordo transitório pela qual os estados se comprometem a não


turbar o reinante estado de coisas enquanto não sobrevier um quadro definitivo. É uma
espécie de cessar fogo. Ex. Tratado de Petropolis em que o Brasil resolveu disputas
territoriais com a Bolivia e Peru.

+ COMPROMISSO: acordo celebrado entre as partes no qual se comprometem a


submeter uma eventual lide entre eles a uma terceira parte (arbitro), e a respeitar o
laudo arbitral. Trata de litígios internacionais. Ex. Disputa do Chile e Argentina
resolvida pelo Vaticano.

+ DECLARAÇÃO: acordo sobre o modo de ver e agir sobre determinadas questões.


Firmam princípios jurídicos para a Sociedade Internacional. Ex. declaração de Paris
que proibiu uma guerra; Declaração Universal dos Direitos do Homem.

+ ESTATUTOS: são tratados coletivos geralmente relacionados à criação e


funcionamento de tribunais internacionais permanentes.

+ ATO GERAL: resumo da discussao da conferencia. Estabelece regras de direito. Ex.


Ato geral de Berlin, 1885, sobre a divisão da Africa pelos europeus.

+TROCA DE NOTAS: acordo celebrado entre a “chancelaria” (ministros das relações


exteriores) e a embaixada de um país.

+ ACORDO EXECUTIVO: acordo em norma simplificada. Não é submetido a


apreciação do poder legislativo.

+ NOTAS REVERSAS: utilizada como ajuste de acordos secundários. Emprega-se no


estabelecimento de concessões recíprocas entre estados ou como declaração de um
estado de que uma concessão especial, que lhe é feita por outro, não derroga
privilégios já estabelecidos por ambos.

Condições de validade
C apacidade das partes contratantes
H abilitação dos agentes signatários
O bjeto lícito e possível
C onsentimento mútuo
Capacidade das partes
- Estado soberano;
- Santa-sé;
- Organizações (desde que tenham poderes para tal);
- Estados beligerantes;
- Estados insurgentes;
- ONG’s (só a partir de 1992 para questões ambientais)

Estado Soberano
Todo Estado soberano tem capacidade.

Santa Sé
Não lhe faltam, embora muito peculiares, os elementos conformadores da qualidade
estatal.

Organizações Internacionais
As Organizações Internacionais só podem celebrar se tiverem poderes para tal. O
reconhecimento da existência dessa faculdade não lhe dá poderes para celebrar
tratados alheios às suas funções.

ONG’s
A doutrina internacional tem resistência em reconhecer a capacidade das empresas
transnacionais (Ex: Microsoft, GM.) em celebrar tratados internacionais.

Habilitação
Os representantes do Estado devem estar de posse de instrumento de plenos
poderes. A habilitação é feita perante o secretário da conferência e torna os
representantes estatais plenipotenciários. Os Chefes de Estado e de Governo e os
Ministros do Exterior estão dispensados da apresentação dos plenos poderes.
Considera-se que os chefes de missão diplomática dispõem de plenos poderes para
os tratados negociados e concluídos com o Estado junto ao qual estão acreditados. O
mesmo se aplica aos chefes de delegações acreditados a uma conferência
internacional, para os tratados originados naquela conferência.

PLENIPENITECIÁRIOS = quem tem plenos poderes.


Representam por plenos poderes (procuração) para poder representar o país
internacionalmente.

Algumas pessoas em razão de suas funções não precisam da carta são eles:
- Desembargador
- Chefe de Estado
- Chefe de Governo

OBS: Ministro em geral não está dispensado, tem que estar munido com a CPP.

Objeto
Não se pode elaborar tratado que contrarie a moral internacional ou que não seja
possível. O artigo 53 da Convenção de Viena consagrou a exigência de obediência ao
chamado jus cogens que representa os princípios de Direito Internacional geral e não
pode ser violado na celebração de tratados.
Consentimento mútuo
A vontade das partes deve ser expressa de maneira formal, motivo pelo qual é
obrigatória a forma escrita, e sem vícios. Erro, dolo, corrupção e coação viciam os
tratados, tornando-os nulos absoluta (erga omnes) ou relativamente (anuláveis). Uma
vez declarada ou reconhecida essa nulidade o tratado é considerado nulo ab initio,
portanto os atos de execução também são considerados nulos.

1. Erro – o erro deverá ser substancialmente importante para ocasionar a


anulação de um tratado. A parte que alega o erro não pode ter contribuído para
sua existência.
2. Dolo – Há intenção de prejudicar a outra parte
3. Coação – moral ou física, irresistível. Para alguns autores, só existe se houver
emprego de força militar, portanto, coações políticas, financeiras e econômicas
não viciam tratados. Pode ser dividida em dois aspectos:
a. Contra o representante do Estado – Ex: séc. XVI, conflito entre o rei
Francisco I da França e Carlos V da Espanha. Francisco foi capturado
para assinatura de um tratado, o qual ele não reconheceu por ter sido
obtido por coação física.
b. Contra o próprio Estado – Ex. a Alemanha que ocupou a
Tchecoslováquia. Questão do Irã também.
4. Corrupção – só pode ser alegada se a manifestação do consentimento de um
Estado for obtida por meio de corrupção de seu representante, pela ação direta
ou indireta de um estado negociador.

Classificação dos tratados


- Bilaterais: envolvem apenas duas partes
- Multilaterais: três ou mais partes, firmado por um número importante de Estados

-Abertos: possuem cláusula de adesão. Outros sujeitos podem aderir ao tratado.


-Fechados: sem cláusula de adesão

- Tratado-lei: a vontade das partes contratantes tem conteúdo idêntico


- Tratado-contrato: as vontades dos Estados têm conteúdo diferente

Efeitos de tratados sobre terceiros Estados


Os tratados, em princípio só produzem efeitos entre as partes contratantes.

Exceções:
Sem dúvida, um tratado não pode ser fonte de obrigações para terceiros. Isso não
impede, porém, que lhes possa acarretar consequências nocivas. Nessa hipótese, o
Estado assim lesado tem o direito de protestar e de procurar assegurar os seus
direitos, bem como o de pedir reparações. Se, entretanto, o tratado não viola direitos
de Estado não-contratante e é apenas prejudicial a seus interesses, o Estado lesado
poderá reclamar diplomaticamente contra o fato, mas contra o mesmo não terá
recurso jurídico.

Por outro lado, nada impede que, de um tratado, possam resultar consequências
favoráveis para os Estados que dele não participem, ou que os contratantes, por
manifestação de vontade expressa, concedam direito ou privilégio a terceiros. A bem
dizer, esta é a única hipótese de exceção ao princípio de que o tratado só produz
efeito entre as partes contraentes.

O Estado beneficiário da estipulação de tratados do qual não é parte contratante, não


adquire direito de exigir a sua execução, e que as partes contratantes conservam
sempre a liberdade de modificar esse tratado ou de lhe pôr termo, pela forma que
tiverem acordado.

Fases da elaboração dos tratados


 Negociação
 Assinatura
 Ratificação
 Promulgação
 Publicação
 Registro

Negociação
É aqui que vai se ter os limites dos tratados, o assunto que vai tratar o tratado. A
negociação deve ser feita pelo poder executivo dos Estados. Pode ser outra pessoa o
signatário, mas compete ao poder executivo. Essa fase se encerra com a elaboração
do texto final do tratado, que deverá ser aprovado segundo o art. 9° da Convenção de
Viena, por no mínimo 2/3 dos presentes, nos casos de conferência internacional. Em
alguns casos, dependendo do texto, é preciso a unanimidade.

Assinatura
O tratado só vincula definitivamente o Estado com a ratificação, mas a assinatura é
importante porque atesta que os negociadores estão acordes com o texto do tratado, e
ela autentica o texto do tratado. A assinatura compromete o negociador.

+Assinatura deferida ou ad referendo: consiste na posição apenas das iniciais, que


será depois referendado pelo Estado. O objetivo é ganhar tempo quando não se sabe
de todas as cláusulas.

Ratificação
Ato pelo qual o Estado exprime definitivamente a sua intenção de se obrigar pelos
termos do tratado assinado, vinculando definitivamente. Natureza jurídica: confirmar a
assinatura e dar validade ao tratado. Processa-se conforme o processo legislativo de
cada Estado.
Existem três grandes sistemas no mundo sobre os órgãos competentes para
processar:
1. Competência exclusiva do poder executivo: assina, negocia e ratifica. Acontece
nas ditaduras. Ex. Alemanha Nazista e Itália Fascista
2. Primazia do poder legislativo: só existe na Suíça. O legislativo faz tudo.
3. Divisão de competência entre executivo e legislativo: adotado pela maioria dos
países. Subdivide-se em:
a. Poder Legislativo Participa de Alguns Tratados Junto com o Executivo.
b. Poder Legislativo Participa de Todos os Tratados Junto com o
Executivo.

Quando o acordo não é submetido ao Poder Legislativo, trata-se de acordo executivo


ou acordo em forma simplificada. No Brasil, na prática o Poder Legislativo vai
participar de todos os tratados pois todos os tratados têm que ser apreciados pelo
Congresso Nacional. Por uma questão jurisprudencial, os tratados no Brasil têm força
de lei ordinária, com exceção dos tratados que falam sobre Direitos Humanos que tem
força de emenda constitucional.
Visa desonerar a União da responsabilidade pelo não cumprimento por parte dos
Estados federados da disposição do tratado. A União pode recomendar, mas não
obrigar o cumprimento do tratado pelos Estados.
Promulgação
O direito constitucional de alguns Estados exige, ainda, para que o tratado seja
obrigatório para os seus órgãos internos, a promulgação. Esta é o ato jurídico, de
natureza interna, pelo qual o governo de um Estado atesta a existência de um tratado
devidamente ratificado e ordena a sua execução no seu território. A partir de então, o
tratado é obrigatório também no plano interno.

Publicação
Os Estados costumam publicar, após a troca ou depósito das respectivas ratificações,
os tratados por eles celebrados. Essa publicação tem em vista apenas a produção de
efeitos de ordem interna e é regulada pelo direito público interno de cada Estado.

Registro
Surgiu com o Pacto da Sociedade das Nações no intuito de procurar abolir a
diplomacia secreta, dando publicidade aos acordos para toda Sociedade Internacional.
Deve ser feito o registro do tratado perante o Secretário-geral da ONU, que emite
certificado de Registro. Sem o registro não se pode invocar o tratado perante os
órgãos das Nações Unidas.

Aplicação de tratados sucessivos sobre a mesma matéria


No caso de conflito entre as obrigações dos membros das Nações Unidas em virtude
da presente carta e as obrigações resultantes de qualquer outro acordo internacional,
prevalecerão as obrigações assumidas em virtude desta Carta (Carta das Nações
Unidas).
A Convenção de 1969, ao reconhecer no art. 53 a existência em DI de normas de
direito cogente, estabelece ser nulo o tratado que conflite com uma norma imperativa
de DI geral.
É errado considerar todos os artigos da Carta como sendo cogentes, visto que alguns
podem ser modificados pelas partes.

Estrutura do tratado
+ Preâmbulo: é o enunciado das finalidades e objetivos do tratado e a enumeração
das partes contratantes.

+ Dispositivo: apresenta-se na forma de artigos, contendo direitos e deveres das


partes contratantes, data de celebração e assinatura de todas as partes contratantes

+ Anexos: existe para que o texto, lavrado em linguagem jurídica, não se permeie por
outro gênero de linguagem como gráficos, desenhos, números.

Cláusulas
A cláusula pode ser:
 Unilateral, bilateral ou plurilateral
o Unilateral – quando apenas uma das partes goza do benefício. Exemplo
China e EUA, a China pode vender o produto com alíquota zero no
mercado americano, mas os EUA não têm essa vantagem.
o Bilateral ou plurilateral – As partes gozam do mesmo benefício.
 Condicional ou Incondicional
o Condicional – Quando as vantagens forem dadas a um também dá-se
ao outro.
o Incondicional – Quando se tem os benefícios da cláusula independente
de condições.
 Positiva ou Negativa
o Positiva – Quando um admitir os maiores benefícios a terceiros
Estados.
o Negativa – A não existência de uma cláusula de mais favorecida. Os
Estados não impuserem maiores gravames do que aqueles que
normalmente imposto a terceiros Estados. “Não é pq é você, que terá
um acordo melhor”.
 Geral ou Especializada
o Quando se aplicar a todos os produtos.
o Quando especificar os produtos ou delimitar um campo de aplicação.

Cláusula de adesão
Cláusula presente no tratado que possibilita a Estados originariamente não signatários
virem a fazer parte do tratado.
 Tratados abertos – com cláusulas de adesão
 Tratados Fechados – sem a cláusula

Ex: MERCOSUL é um tratado aberto aos países da ALADI (Associação Latina


América de Desenvolvimento e Integração)
Ex: Tratado da Antártida: o Brasil não era signatário original.

Cláusula Si Omnes
Cláusula que determina que um tratado só entrará em vigor se todos ratificarem, ou
se, um determinado número de Estados assinarem, ou quando todos os Estados
estiverem em conflito.
 Em conflito (entre si) – Existem alguns tratados que só são aplicados em caso
de guerra Ex: Convenção de Genebra sobre os prisioneiros de guerra
 Determinado nº de Estados ratificarem – art. 37 I, da Convenção de Cartagena
– só entrará em vigor após o 50º Estado efetuar o depósito.
 Todos os Estados – Ex: MERCOSUL, Protocolo de Ouro Preto.

Cláusula Colonial
Aquela cláusula pela qual se estabelece que as disposições de um tratado se
estenderão expressamente às colônias ou que se excluirá o tratado assinado pela
Metrópole às colônias. Não existe no Mercosul, pois não há colônias.

Cláusula Federal
Aquela na qual a União recomendará a seus estados membros que cumpram, no que
deles dizer respeito, as determinações existentes no tratado assinado pela União.

Cláusula Si Omnes (se todos)


Uma nova regra só é aplicada a um tratado se todas as partes estiverem de acordo.

Cláusula de livre acesso


Cláusula pela qual se estabelece que os nacionais dos Estados signatários terão livre
acesso aos tribunais dos Estados partícipes do tratado.

Cláusula da nação mais favorecida


Cláusula pela qual as partes outorgam reciprocamente as maiores vantagens que já
concederam ou possam vir a conceder a terceiros Estados sem que seja necessário
um novo tratado entre eles.
É prevista no GAT, que visa o livre comércio. O GAT faz parte da OMC. Criação de um
bloco econômico para fazer acordos internacionais / Inter blocos, até que envolva o
planeta inteiro.
Cláusula de salvaguarda
É uma cláusula pertencente ao tratado, pela qual o Estado solicita permissão aos
demais Estados signatários para não aplicar por um determinado tempo, determinadas
cláusulas que possam ameaçar seu equilíbrio econômico.

Barreiras Tarifárias
+Salvaguarda – Previsto no anexo 4 do Mercosul no GAT/OMC. É necessário que
haja dano ou ameaça de dano grave pela entrada daquele produto no estrangeiro
(nexo causal).

+Medidas compensatórias – Medidas contra subsídios que são aplicadas contra um


país e TODOS os seus produtos, até mesmo os não subsidiados.

+Medidas antidumping
Dumping Nacional – quando a empresa vende o produto abaixo do preço de custo
com o intuito de dominar o mercado.
Dumping Internacional – quando o Estado vende o produto e o preço de
exportação é menor que o preço de consumo interno.
a. Canal verde – mercadoria liberada sem verificação.
b. Canal amarelo – verificação de documentação.
c. Canal vermelho – verificação de documentação e verificação física.
d. Canal cinza – verificação da documentação física e o preço de
exportação.

Dumping social – quando não há regularidade, por exemplo, quanto a assinatura


de carteira de trabalho, trabalho infantil, etc.

+Quotas
São estipuladas determinadas quantidades de produtos que podem ser exportados.
Até uma certa quantia o valor é “X”, a partir dessa quantia é “X + Y”. Há uma sobre
tarifação.

Barreiras NÃO tarifárias


+Barreiras burocráticas
Servem para dificultar a importação e facilitar a exportação.

+Barreiras técnicas
São as normas técnicas que acabam dificultando a entrada de produtos no país. Ex.
Código de Defesa do Consumidor.

+Barreiras sanitárias
São aquelas contra produtos de origem animal.

+Barreiras fitossanitárias
São contra produtos de origem vegetal

Subsídio
É o fornecimento de fundos monetários a certas empresas. Subsídios governamentais
fornecidos a empresas (comércio e indústrias) possuem o intuito de abaixar o preço
final dos produtos vendidos por tais companhias, para que estes produtos possam
competir com os produzidos em outros países a preços menores (entre outras razões,
por causa dos menores custos de mão-de-obra e de diferenças de taxas cambiais).
Os subsídios podem ser:
- Permitidos – são Gerais, irrecorríveis. Exemplo: produtos
agropecuários.
- Proibidos – são ESPECIFICOS, recorríveis. Possibilitam o acionamento
do Estado na OMC que estabelece a medida compensatório como forma de
retaliação. Ex: Questão da venda de aviões em que concorriam Brasil e
Canadá, e verificou-se que o avião brasileiro era mais barato por conter
benefícios governamentais.

Princípio da prevenção ou precaução


Surgiu na década de 80 na França com relação aos Bancos de Sangue. Cerca de 300
pessoas foram contaminadas com HIV. O teste do sangue era feito por amostragem
conforme a legislação interna. O judiciário francês julgou ser insuficiente devido à
gravidade do tema.

Reservas
Oposição de um Estado para não aplicar uma determinada norma de um tratado que
contrarie seu ordenamento jurídico, ideologia, etc. Pode ser na assinatura, adesão,
ratificação ou quando o tratado for guardado. A adesão de uma reserva é um assunto
de soberania do governo. A reserva é uma declaração unilateral da Parte Contratante,
expressa no momento do consentimento, com o objetivo de excluir ou modificar o
efeito jurídico de uma ou mais disposições do tratado em relação àquela Parte
Contratante. Em outras palavras, a Parte, ao assinar ou ao ratificar o tratado, pode
informar às demais Partes que:
+ não se considera vinculada a uma ou mais disposições;
+ considera que certas disposições lhe são aplicáveis de uma maneira específica,
explicada no momento da reserva;

Em geral, a reserva é cabível em tratados plurilaterais ou multilaterais, não bilaterais.


Nos acordos bilaterais, a falta do consenso completo inviabiliza o texto. É lícito que o
tratado proíba, limite ou condicione o oferecimento de reservas ao seu texto.

Regras:
Consentimento Unânime – Para uma reserva ser aceita todos deveriam concordar
(ex: não imposição de reservas – Protocolo de Cartagena). O problema é que
ela não impunha regras para quem não concordasse, surgindo, assim, uma
lacuna que tentou ser protegida pelas próximas duas regras.

Regra Panamericana – Para uma reserva ser aceita deve haver consentimento
unânime mas, uma só oposição seria suficiente para excluir o tratado entre
quem apresentou e quem rejeitou a reserva. Os outros Estados permanecem
inertes. Reserva Regional.

Regra da Soberania Absoluta – A reserva se impunha por si mesma em razão da


soberania do Estado. Quem não aceitasse que se danasse.

Regra das Nações Unidas – Se, a reserva disser respeito aos objetivos e regras
dos tratados, parte principal, ela poderá ser aceita por todos os Estados e, uma
única objeção será suficiente, se for em relação aos objetivos e finalidades do
tratado (parte principal), excluirá do tratado o país que apresentou a reserva.
Nas partes secundárias do tratado admite-se a reserva mesmo com a oposição
dos Estados.
A natureza da reserva modifica o tratado entre quem aceitou e apresentou a
reserva. A reserva pode ser feita a qualquer momento
Cumprimento “a priori” do Tratado
Garantia de Territórios – Inventada no século 19, por alemães. Ocupação de um
território para garantir um adimplemento já devido.

Entrega da renda do Estado – A Câmara de Compensação em NY. O Estado entrega


parte de sua renda em ouro para a garantia.

Garantia de 3º – Quem é garantidor são os 3º estados. Ex: Bélgica como estado


neutro, garantida por outros estados europeus.

Execução – Por uma organização internacional. Quase todos os tratados que


envolvam energia nuclear entre estados, tem uma cláusula que atribui a fiscalização
da Usina Nuclear à Agencia Internacional de Energia Atômica.

Terminação dos Tratados


Podem existir várias hipóteses no mesmo tratado.

Distrato
O mesmo acordo de vontades que criou o tratado pode extingui-lo.
Ex: Liga das Nações que foi dissolvida em 46 –

Cumprimento Integral dos Tratados


Tratados que tem uma atividade determinada. Quando esta atividade é realizada o
tratado termina.
Ex: Demarcar marcos de delimitação das linhas divisórias de um país. Comissão entre
Brasil e Venezuela em 94.

Inexecução por uma das Partes Contratantes


Acordo de Complementação 46 do ALAD

Termo
Tratados que tem um prazo para existir, para estar em vigor.

Condição Resolutória
Prevista pelo tratado quando certo fato ocorrer ou determinado fato ocorrer ou não
produzir seus efeitos.
Futuro incerto
Ex: Protocolo (acordo acessório)

Diminuição da comunidade convencional


Com a diminuição de integrantes, deixa de existir.

Caducidade
O tratado deixa de usado quando se forma um costume contra ele.
Ex: Convenção para proibição de balões para bombardeio.
Ex: Mulher não virgem quando se casa.

Guerra
Modernamente a guerra pode terminar, mas também pode suspender um tratado.
Existem alguns tratados que entram em vigor exatamente se houver conflito.
Rompimento de Relações Diplomáticas
Ex: Acordo de equilíbrio cultural (intercâmbio)
Alguns tratados necessitam de relações diplomáticas

Denúncia Unilateral
Um Estado comunica a outro ou outros a intenção de retirar-se do mesmo.
Não tem efeitos imediatos. Salvo disposição em contrário (se não tem esta, o efeito se
produz 1 ano e 1 dia depois)
Manifestação expressa.

Fato de Terceiro
As partes contratantes delegam à um terceiro poder para determinar um tratado.

Novo Tratado
O novo tratado é mais abrangente.
Ex: Proibição de guerra é substituída pela Carta da ONU.

Efeitos de Terminação
O tratado enquanto válido continua produzindo as suas normas jurídicas, e, não há
como anular esses efeitos já produzidos.
Cumprimento dos Tratados

Antigamente havia a troca de reféns


Institutos:

Garantia – Entrega de parte do território, um pedaço de terra para garantir.


Execução – Entregar a execução para um terceiro fiscalizar.
Terceiro Estado Garantindo Cumprimento
Entrega da Renda do Estado – A Câmara de Compensação em NY. O Estado entrega
parte de sua renda em ouro para a garantia.

Nação
Pessoas com as mesmas crenças, aspirações, objetivos, convicções e não
necessariamente a mesma religião – não se confunde com a ideia de raça, cor.
Passa a ter outro ingrediente, o “político”.
Originou de uma forma insuspeita, através dos desastres do século III, decisões
equivocadas e acontecimentos trágicos.
Ao invés de atacar as fronteiras (império romano), passaram a defende-las.
A ideia de nação é uma verdade construída.

Nacionalidade
Princípio da nacionalidade: cada nação deveria se constituir um estado
Princípio da autodeterminação dos povos:
Princípios do tratamento às minorias:
Nação como elemento de identificação do Indivíduo em relação ao Estado:

- Nacionalidades Originária: em razão do nascimento – art. 12, I CF


Adquirida (derivada): fatores posteriores ao nascimento art. 12, II
CF

- Nacionalidade Originária Ius sanguinis: pela filiação


Ius solis: em razão do local de nascimento
- Fatores Históricos status libertatis: estado de liberdade (concedida pela mãe) após
o nascimento.
(Roma) Status civitatis: Condição de cidadania pelo pai.
Status familiae (famili)
sin iuris : pater familiae:
Alieni Iuris:

-Edito de Caracala – 212 A.D: concedeu cidadania romana a quase todos os


habitantes, exceto os escravos. (Dedetícios: sem direitos)

-Princípio de territorialidade da Lei “Sub qua leges vivis”: sob qual vc vive? Com a
resposta, aplicava a nacionalidade, não de onde vem, mas de onde vive.

-Revolução francesa: foi mudada as circunstâncias de nacionalidade.

-Elementos auxiliadores Ius laboris: em razão do trabalho


Ius domicili: em razão do domicílio

- Apátridas (Heimatlós):
- Polipátridas:

- Nacionalidade Derivada (naturalização forçada): CF 1891 estipulava prazo para


os estrangeiros solicitarem por escrito a sua intenção em
manter a nacionalidade originária, findo o prazo, seria
brasileiro.
(Casamento): visto permanente
Naturalização
Processo Sumário
Processo Ordinário
- naturalização
Depende de duas vontades, do indivíduo querer e do estado conceder (Ato
discricionário, dependendo da conveniência e discricionalidade)
Procedimento Sumário: previsto na CF (art. 12, V “b”), é aquele que coloca que
o estrangeiro, que ininterruptamente por 15 anos sem condenação e bons
antecedentes, é possível requerer
Procedimento Ordinário: na forma da lei (lei 6.815/80 – estatuto do
estrangeiro), processo infraconstitucional, conforme condições: visto permanente no
país, residência fixa, condição de mantença, bons antecedentes, ler e escrever o
português. Estrangeiros falantes de pt, cai pro 1,5 ano.
- Portugueses: mesmo direitos deles aqui, e nosso lá. (Art. 12 CF)
- Diferenças entre brasileiro nato e naturalizado (são iguais, salvo exceções previstas
na CF)
Nato: nacionalidade originária, possui cargos exclusivos (privativos)
- referente ao domínio de propriedade, para empresas de rádio/comunicação:
pode ter brasileiro nato ou naturalizado a + de 15 anos.
- brasileiro naturalizado em terras de fronteira, acima de 5 anos de residência
- não se extradita brasileiro naturalizado (somente se pedir naturalização para
evitar a extradição)

- perda de nacionalidade
Se dá pela renúncia da nacionalidade, e há duas exceções:
- reconhecimento pela CF que o brasileiro pode ter mais de uma nacionalidade
- renúncia tenha sido motivada para a garantia dos direitos civis (para não se
prejudicar em outra nacionalidade, por ser forçado a adquirir outra nacionalidade)
- pode readquirir, mediante petição ao presidente da república

Condição jurídica do estrangeiro – Lei 6.815/80


- Histórico – “estranho à terra” - sempre foi vista com muita desconfiança

- passaporte ou documento equivalente

Consular: vai atestar que a documentação apresentada está


boa para o ingresso no país que o consulado representa- gera
mera expectativa de direito. É um ato discricionário.
Vistos
Entrada: visto em que a autoridade vai analisar física e
documentalmente do percurso a ser percorrido
detalhadamente
Visto MJ-
1 2
MRE Cortesia: visto joker DPF
Oficial: solenes
Diplomático: consulares 3 Temporário
Desembarque  Negócios
“Motivo pelo qual você está  Permanente
entrando”  Desportiva
MJ4 Trânsito: máx. 10 dias no brasil  Trabalho
Turista: passaporte, bilhete de  Pesquisa
viagem e dinheiro  Estudo
DPF5 Temporário  Ministro de
Permanente Confissão
religiosa
Temporário: precisa ter um responsável, residência fixa, condições de
mantença e atestado por autoridade competente de bons antecedentes. Turista em
temporário: é
possível para
Deportação: medida político-administrativa, consistente na retirada os países
compulsória do estrangeiro que entrou, ou que está irregular no país. associados e
Entrada pelo país que não foi através da aduana. membros do
- Ato discricionário MERCOSUL,
- Impessoal prazo de 5
- Pode voltar ao país anos, desde
que não fique
Expulsão: Político-administrativa, Sujeita apreciação do Judiciário, 90 dias
consistente na retirada compulsória do estrangeiro do país, dele não ininterruptos no
podendo mais retornar enquanto não haver sido revogado o decreto país. Varia de
expulsório. Expulso por decreto presidencial. Lei 6.815/80. pais o prazo.
Sujeito que não pode retornar ao país.

1 Ministério das Relações Exteriores


2 O Coringa, o palhaço.
3 E Diplomatas, que abrange muitas vantagens. Ex: sem filas, bagagem inviolável, etc.
4 Ministério da Justiça
5 Departamento da Polícia Federal
1° Hipótese: atentar contra o país, contra a segurança nacional, a ser definida
pela Construção Pretoriana.6
2° hipótese: crimes contra a ordem pública, vida, costumes, rufianismo (nessa
hip. A expulsão passa a ser acessório). Cumpre pena aqui no brasil, e depois será
expulso.
3° Hipótese: vadiagem, aquele que não produz nada, não tem uma serventia
útil.

Extradição: Pedido que um Estado faz a outro Estado, que entregue alguém que teria
cometido um crime naquele Estado e que mora neste Estado.

Princípios gerais:
1° Princípio: Só se extradita, se houver tratado de extradição ou princípio de
reciprocidade.
2° Princípio: A pena abstratamente considerada não pode estar prescrita em nenhum
dos dois Estados.
3° Princípio: Tem que ser crime nos dois estados.
4°Princípio: Não se extradita por crime de opinião, de caça e de pesca, nem tão pouco
por crime político e de opinião. Salvo terrorismo (amoral, imprevisível e psicológica)
5º Princípio: Só é extraditado uma vez, de preferência do País de sua nacionalidade.

A pessoa só pode ser julgada nos limites do pedido de extradição.


Princípios específicos:
Não se extradita para tribunal de exceção7.
Não se extradita brasileiro nato, salvo naturalizado para o fim de fugir da extradição.
Não se extradita pessoa que tenha sob sua guarda, pessoas dependentes (cônjuge,
filhos) de sua economia.

Formação dos Estados


A formação de um Estado é um fato histórico e não jurídico. O estado pode se formar
de várias formas.

Ótica do DIP
5. Estabelecimento de uma população em um território Ex. Roma, Atenas,
Esparta, Libéria (formada por escravos libertos dos EUA).
6. Sublevação: o povo se levanta para tomar as armas e se separar (guerra da
independência). Ex: Brasil, EUA.
7. Separação ou secessão: é pacífica, tranquila. Ex. Tchecoslováquia e União
Soviética.
8. Fusão: União de dois ou mais países. Ex. Grã-Bretanha, Itália.

Obs: A Alemanha não é caso de fusão e sim de anexação.

Deveres dos Estados


Os Estados possuem deveres, em geral divididos em jurídicos e morais (ou perfeitos e
imperfeitos)
 Jurídicos - são os que apresentam caráter jurídico e cuja inexecução está
sujeita a sanções. Resumem-se na obrigação de respeitar os direitos

6 Construção feita pelos Tribunais.


7 Tribunal que analisa um crime que não existia previamente
fundamentais de outros Estados. Além de cumprir os Tratados e regras de
Direito Internacional.
 Morais – são obrigatórios apenas moralmente, sua execução não pode ser
exigida judicialmente. O principal dever moral é o de assistência mútua, que
compreende imposição de medidas sanitárias, socorro a navios, cessão de
abrigo em porto, entre outros.

Dever de não intervenção


Decorre da obrigação jurídica de respeito à soberania e independência dos outros
Estados. Consiste em um Estado não interferir nos negócios internos ou externos de
outro Estado. A intervenção contém dois elementos: um ato abusivo e a imposição de
uma vontade estranha.
A intervenção pode ser diplomática, armada individual ou coletiva. Diplomática se
ocorre por meio de representações verbais ou escritas. Armada se apoiada por forças
bélicas. Individual se provém de um único Estado. Por fim, coletiva se feita por acordo
entre vários Estados.
Alguns autores admitem exceções ao dever de não intervenção. Entre elas: a
intervenção em nome do direito de defesa e conservação; A intervenção por motivos
de humanidade; A intervenção em caso de guerra civil; Intervenção coletiva;
Intervenção para proteção de Direitos e Interesses legítimos de nacionais em país
estrangeiro.

Intervenção em nome do direito de defesa e conservação


Essa exceção tem por base um equívoco pois o simples exercício do Direito de Defesa
e Conservação já garante a sua legitimidade.

A intervenção por motivos de humanidade;


Para evitar a pratica de crueldades contra indivíduos ou coletividades que nele se
encontrem.

A intervenção em caso de guerra civil


Hildebrando Accioly considera essa exceção inaplicável por ser uma ingerência injusta
que importaria na imposição de uma vontade estranha na solução de um conflito
interno.

Intervenção coletiva
A carta das nações unidas permite uma ação coletiva interventora promovida pelo
Conselho de Segurança em caso de ameaça à paz, ruptura da paz ou atos de
agressão. Exemplo disso são “as boinas azuis” da das Nações Unidas.

Proteção de Interesses legítimos de nacionais em país estrangeiro.


Todo Estado tem o poder e o dever de proteger os seus nacionais no exterior, desde
que mantido dentro de determinados limites. Infelizmente, verifica-se com frequência
que o exercício da proteção diplomática é acompanhado por outros meios de pressão,
como a adoção de restrições econômico-comerciais

Classificação dos Estados

Simples ou unitário (maioria dos países são assim)


Forma uma unidade estatal completa por si só. É um todo em si mesmo. Ele é um
governo central e não delega as regiões. Ex. França, Portugal, Paraguai
Compostos

a) Coordenação: é constituído pela associação de Estados soberanos ou pela


associação de unidades estatais que, em pé de igualdade, conservam apenas uma
autonomia de ordem interna, enquanto o poder soberano é investido num órgão
central.

a.1 União Real


Reunião sob o mesmo monarca ou chefe de governo de dois ou mais estados
soberanos, que conservam a sua plena autonomia interna, mas, por acordo
mútuo, em razão de guerra, aliança, casamento, delegam a um órgão único os
poderes de representação externa e, geralmente, fundem todos os interesses
comuns, no tocante às relações exteriores. Leis sucessoriais se unificam. Ex.
Indonésia e Holanda.

a.2 União Pessoal


É a reunião acidental e temporária de dois ou mais estados independentes, sob a
autoridade de um soberano comum, mantendo sua autonomia e independência.
As leis sucessoriais não se unificam. Esse tipo de estado composto só se pode
conceber sob a forma monárquica, não havendo mais exemplos nos dias de
hoje.

a.3 Confederações
União de dois ou mais estados que mantendo sua autonomia e parcela de sua
independência que delegam ao Estado Central poder de sua soberania externa
relacionados a sua defesa, relações exteriores e moeda. Não tem exército.
Temporária, ainda que de prazo indeterminado, pois tende ou a se transformar
em uma Federação, ou tornar os Estados membros independentes.

o Duma ou dieta – assembleia de plenipotenciários. A decisão da Duma


ou dieta depende da discussão de cada um dos estados confederados.
o Temporários ainda que indeterminados porque se torna ou o Estado se
torna totalmente independente.
o Ex. Confederação Helvética (1212-1848), EUA (1776 - 1886), Conf.
Germânica (1815-1866) e Conf. da Argentina (1816 – 1827 e 182 –
1860).

a.4 Federações
União de dois ou mais estados que mantendo maior ou menor autonomia
delegam ao governo central, denominado União, seus poderes ligados à
independência.

b) Subordinação: Os estados compostos por subordinação referem-se a grupos de


Estados que não se encontram em situação de igualdade, não possuem plena
autonomia e não possuem gozo de alguns direitos, havendo uma composição
hierárquica entre eles.

b.1 Estados Vassalos


São os que gozam de autonomia na direção dos seus negócios internos, mas, no
tocante aos negócios externos dependem de outro Estado suserano. Geralmente é
condição transitória, tornando o estado vassalo ou independente ou anexado.
Exemplos: Servia e Montenegro, Egito e Turquia.

Características: - só excepcionalmente exercem a soberania externa;


- respeita e executa os tratados do Suserano;
- participa das guerras do suserano;
- paga um tributo ao suserano;
- a responsabilidade de seus atos, dentro de alguns limites, é do
Suserano

b.2 Estados Protegidos ou Protetorados


São aqueles que em virtude de tratado e por tempo indeterminado se colocam sob
a proteção e direção de outro ou outros Estados, ao qual cede uma parte dos seus
direitos soberanos.
Exemplo: início do século entre a França e Marrocos.

Características:
- baseado em um tratado;
- O Estado protegido conserva, até certo ponto, a qualidade da pessoa
internacional;
- o exercício da soberania externa cabe ao estado protetor, bem como o
de certos direitos dependentes da soberania interna;
- o estado protegido não é obrigado a participar das guerras do protetor;
- não é obrigado a respeitar os tratados do protetor;

b.3 Tutelados
Antigos Estados sob mandato, ficam sob tutela até se tornarem independentes. É
sempre a ONU quem tutela um estado, mas pode ser intervido por outro Estado.

b.4 Estados Clientes


São os que confiam a outro estado a defesa de alguns dos seus negócios ou
interesses. Conservam perfeita independência em relação aos demais, embora
cedam a outro Estado o exercício de certos poderes ou de certos atributos da
soberania, não pode mudar o sistema político (época da cortina de ferro).
Exemplo: Cuba e EUA até 1934

Reconhecimento de Estado e de Governo

Reconhecimento de Estado
É o ato pelo qual os Estados já existentes constatam a existência de um novo membro
da Sociedade Internacional. Via de regra ocorre a pedido de um Estado que surgiu.
Tal instituto teve importância fundamental até meados do século passado, sendo
considerado por muitos autores como elemento imprescindível para a caracterização
do Estado.
O reconhecimento de Estado é discricionário de conveniência e oportunidade.
Reconhecer um novo Estado é dar-lhe os mesmos direitos em relação à sociedade
internacional.

Natureza Jurídica
A natureza do reconhecimento de Estado é um tema sobre o qual a doutrina não tem
consenso. Para a maior parte, tem efeito declarativo, sendo um ato unilateral, mas
existe a corrente contrária conhecida como tese atributiva para a qual o
reconhecimento é um ato bilateral pelo qual aos Estados é atribuída por consenso
mútuo personalidade internacional. Essa segunda corrente distingue o nascimento
histórico do nascimento da pessoa internacional.
Portanto são três correntes:
1. Teoria constitutiva ou atributiva
2. Teoria Declaratória
3. Teoria mista: Por um lado o reconhecimento constata um fato, mas por outro
lado é a partir desse reconhecimento que se estabelece uma relação de
direitos com o Estado nascituro.

Requisitos
1. Possuir governo independente e autônomo.
2. O governo deve ter autoridade efetiva em seu território.
3. Deve possuir território delimitado.

Características
Considerando a corrente majoritária (do efeito declaratório):
1. Unilateral.
2. Irrevogável – embora não seja perpétuo pois o Estado pode vir a perder seus
elementos constitutivos e deixar de existir.
3. Discricionário – O Estado reconhece outro quando bem entender.
4. Retroativo – Pois o reconhecimento é apenas uma constatação de uma
situação de fato.

Formas de reconhecimento
Pode ser expressa ou tácita, e ambas podem ser individuais ou coletivas.
1. Reconhecimento Tácito (Faz objeto de uma declaração explícita, numa nota,
num decreto, num tratado.):
a. Individual: Envio ou recepção de agentes diplomáticos
b. Coletivo: Quando diversos Estados assinam um tratado que não aborda
o reconhecimento e do qual faz parte o Estado reconhecido, este será
reconhecido tacitamente pelos outros.
2. Reconhecimento Expresso (Resulta implicitamente de algum ato que torne
aparente o tratamento de novo Estado como membro da comunidade
internacional):
a. Individual: Um estado por um ato qualquer reconhece expressamente a
existência de outro. Pode ser de três formas:
i. Tratado de amizade
ii. Tratado de reconhecimento
iii. Notas diplomáticas unilaterais
b. Coletivo: Celebração de tratado de vários Estados reconhecendo o
Estado em questão.

Pode ser também de fato ou de direito.


1. De fato: Provisório ou limitado a certas relações jurídicas.
2. De direito: Definitivo e completo.

Princípios:

1. Se tratar-se de Estado surgido de um movimento de sublevação, o


reconhecimento será prematuro enquanto não cessar a luta entre a
coletividade sublevada e a mãe-pátria, a menos que esta, após luta
prolongada, se mostre importante para dominar a revolta e aquela se
apresente perfeitamente organizada como um Estado.

2. Desde que a mãe-pátria tenha reconhecido o novo Estado, este poderá ser
logo reconhecido pelos demais membros da comunidade internacional.
3. Se tratar-se de Estado surgido por outra forma. Ele poderá ser reconhecido
logo que apresente todas as características de um Estado perfeitamente
organizado e demonstrar, por atos, sua vontade e sua capacidade de observar
os preceitos do direito internacional.

Beligerância e Insurgência
Qual o momento para reconhecer um novo estado? Haverá elementos para
reconhecer principalmente em caso de sublevação. O problema está em reconhecer
os Estados formados por sublevação, pois se exime a pátria mãe da responsabilidade.
Geralmente só se reconhece quando a pátria mãe os reconhece.
Beligerância > Insurgência.

Beligerância
O DI admite alguns atos que possam proceder ao reconhecimento de um Estado como
tal, dentre eles, figura em primeiro lugar o reconhecimento como beligerante. Tal ato,
embora não seja suficiente, de per si, para a finalidade de reconhecimento, significa
que passará o beligerante a desfrutar das regras de direito internacional aplicáveis nos
casos de neutralidade.

Reconhecimento como Beligerante


Ocorre quando parte da população se subleva para criar um novo Estado ou então
para modificar a forma de governo existente enquanto os demais Estados resolvem
tratar ambas as partes como beligerantes num conflito aplicando as regras de direito
internacional a respeito. No caso de uma revolução, quando o objetivo é apenas
modificar de modo violento a forma de governo existente, não se trata obviamente de
um ato que precede o reconhecimento, mas as regras aplicadas em ambos os casos
são idênticas.
Se a luta assume vastas proporções, de tal sorte que o grupo sublevado se mostra
suficientemente forte para possuir e exercer de fato poderes análogos aos do governo
do Estado, constitui um governo responsável, mantém a sua autoridade sobre uma
parte definida do território do Estado, possui uma força armada regularmente
organizada, submetida à disciplina militar, e se mostra disposto a respeitar os direitos
e deveres de neutralidade, os governos estrangeiros poderão pôr duas partes em luta
no mesmo pé de igualdade jurídica, reconhecendo-lhes a qualidade de beligerantes.
O principal dos efeitos do reconhecimento de beligerância é conferir de fato ao grupo
insurreto os direitos e deveres de um Estado, no tocante à guerra. Se os insurretos
são reconhecidos como beligerantes pela mãe-pátria (ou pelo governo legal), esta não
poderá mais trata-los, até o fim das hostilidades, como rebeldes, mas, ao mesmo
tempo, se exonera de qualquer responsabilidade pelos seus atos ou pelos danos e
prejuízos sofridos por potências estrangeiras ou seus nacionais em consequência da
incapacidade do Estado de preencher suas obrigações internacionais sobre a parte ou
partes do território que, na ocasião, não se ache, sob sua responsabilidade.
Quem reconhece o Estado de Beligerância são terceiros, em regra, toma a forma de
uma declaração de neutralidade.

Situações
Quando uma parcela do território pega nas armas e quer se separar.
Quando uma facção quer derrubar o governo
É uma guerra civil de direitos.

Requisitos
1. Revoltosos dominem efetivamente uma porção do território.
2. Impondo sua própria lei.
3. Respeito às leis internacionais (propriedade, comércio, guerra, processual).
4. Forças armadas estejam constituídas conforme o molde e a hierarquia militar.

Efeitos com relação aos contendores:


1. Terem direitos de prisioneiros de guerra. (Lei internacional)
2. Direito de bloqueio.
3. Direito de perseguição.
4. Direito de confisco.

Insurgência
Quando uma insurreição assume proporções de guerra civil, pode-se reconhecer o
caráter jurídico desta. Esse estado de fato, poderá ser reconhecido por governos
estrangeiros. O seu reconhecimento não confere propriamente direitos especiais aos
insurretos, mas produz certos efeitos.
O reconhecimento de insurgência diz que o Estado não pode se responsabilizar pela
sua segurança naquela região.
Tem as características de estado de insurgência mas é uma guerra civil de fato. Quem
reconhece essa situação á a pátria mãe ou o governo. É menos que beligerância falta
algum de seus efeitos. O Estado atesta que é incapaz de proteger os estrangeiros.
Também são prisioneiros de guerra (leis internacionais), mas não possuem os outros
direitos. Exemplo: FARC.

Efeitos:

1. Eles não poderão ser tratados como piratas ou bandidos pelos governos que
os reconheçam.
2. A mãe-pátria (ou governo legal), se os reconhece, deverá tratar como
prisioneiros de guerra os que caírem em seu poder.
3. Nesta mesma hipótese, os atos dos insurretos não comprometerão,
necessariamente, a responsabilidade da mãe-pátria (ou do governo legal).

Reconhecimento de Governo
Nesse caso, o Estado já existe, mas torna-se necessário o reconhecimento do
governo quando há ruptura na ordem política do Estado, em que há violação do
sistema constitucional do Estado. A pratica internacional não considera a existência de
obrigatoriedade de qualquer Estado reconhecer o governo de outro Estado. Sempre é
um critério político: ato de conveniência e oportunidade. O reconhecimento do novo
governo não importa no reconhecimento de sua legitimidade, mas significa apenas
que este possui, de fato, o poder de dirigir o Estado e o de representá-lo
internacionalmente.

Formas de governo
O governo pode ser de fato ou de direito.
1. De fato: nesse caso há ruptura do poder através de meios inconstitucionais. A
autoridade é mantida pela força.
2. De direito: Nesse caso a mudança é constitucional. Os órgãos previstos
naquela constituição permanecem.

Requisitos
1. Efetividade: Deve-se verificar se o governo contém o controle da máquina
administrativa e apoio da população.
2. Cumprimento das obrigações internacionais assumidas pelo governo. Devido
ao Princípio da Continuidade do Estado.
3. O novo governo deve respeitar as normas de Direito Internacional.
Doutrinas:
1. Norte-americana
a. Respeito às leis internacionais
b. Governo oriundo da vontade popular claramente manifestada
2. Pan-americana
a. Respeito às leis internacionais
b. Governo oriundo de vontade popular claramente manifestada
c. Governo Estável
3. Tobar
a. Criada pelo equatoriano Tobar que disse que não se deve reconhecer
nenhum governo enquanto este não promover eleições livres e
democráticas
4. Quatro liberdades
Faz parte da Declaração dos Direitos do Homem de 1948.
Surge no inter guerras
Foi criada em um tempo tempestuoso, os valores estavam em crise.
O capitalismo prega a livre iniciativa, há a busca pela expansão de mercados.
Com o surgimento da doutrina nacional socialista que tinha uma ideia de
equilíbrio, com acordos bilaterais. Era permitida a venda apenas do que se
podia comprar. Havia um equilíbrio financeiro, com o equilíbrio parecia que a
democracia ia desaparecer. Então Roosevelt criou as quatro liberdades:

Liberdade de pensamento – (manifestação) a liberdade de poder expressar


sua vontade. Havia uma liberdade de expressão que era tida como
sagrada. Cada um arcava com as consequências do que falava. A
democracia deve ser tão forte que possa inclusive admitir os seus
contrários.
Liberdade de crença – liberdade de todo homem poder acreditar em Deus. A
crença é individual, há o direito de não acreditar em nada. A liberdade é
uma questão sagrada.
Libertação do medo – É necessária uma ação positiva como o desarmamento
entre Estados. Entra área intelectual.
Libertação da miséria – Também da pobreza de espírito, da libertação de
crenças.

Formas de reconhecimento
São as mesmas do reconhecimento de Estado: Tácito ou Expresso, Individual ou
Coletivo.

Reconhecimento de governo no Exílio


Quando se trata de governo que efetivamente não possui poder em seu território, mas
que envida esforços contínuos para recuperar sua soberania, é possível se reconhecer
o governo no exílio. Isso ocorreu na segunda guerra mundial quando a França foi
invadida pelos alemães. Houve resistência com o governo de De Gaulle, exilado na
Inglaterra.
Outro exemplo é do Irã, na deposição do Xá Reza Pahlevi em que houve governo no
exílio nos primeiros seis meses. Posteriormente o Xá desistiu de retomar o poder.
Por fim, no Haiti o presidente eleito foi impedido de tomar posse e houve governo no
exílio com o auxílio norte-americano.

Transformação dos Estados


Se desaparecer um dos elementos constitutivos do Estado, faz o Estado desaparecer.
Quem vai suceder tais direitos do Estado?
Extinção e sucessões dos Estados
Hipóteses
5. Anexação parcial
6. Anexação total
7. Desmembramento
8. Fusão

Efeitos
6. Quanto aos tratados
7. Quanto às obrigações financeiras
8. Quanto ao domínio (bens públicos)
9. Quanto à nacionalidade
10. Quanto à legislação internacional

Ex. O Acre que o Brasil pegou da Bolívia – é anexação parcial.

Anexação parcial
+Tratados: deixam de ser aplicados na porção anexada salvo os tratados reais
(tratam de limites).
+Obrigações financeiras: se as dúvidas forem gerais o Estado anexante arcará
estas dívidas na proporção do número das habitantes da região anexada, se for dívida
local, o Estado anexante arcará com a totalidade da dívida do Estado anexado.
+ Bens públicos: passam ao Estado anexante.
+ Nacionalidade: passa por direito de opção ao habitante do território anexado de
manter sua antiga ou ter a nova nacionalidade como estrangeiro. Limitações como
estrangeiro e nem sempre respeitado – xenelasia: expulsão de habitantes de outras
nacionalidades.
+ Legislação: a legislação interna será aplicada a porção anexada. Há exceções,
quando a França retoma a Alsácia-Lorena da Alemanha em 1919, que tinha legislação
mais avançada o efeito foi inverso.

Anexação Total
O estado desaparece. Ex. unificação da Alemanha.
+ Tratados: Os efeitos com relação aos tratados desaparecem todos, inclusive os
reais.
+ Obrigações financeiras: o estado anexante arca todos os débitos.
+ Bens públicos: passam para o anexante
+ Nacionalidade: Desaparece a antiga nacionalidade, ficando apenas a do
anexante.
+ Legislação: Lentamente, vai se aplicando a legislação do Estado anexante ao
anexado.

Fusão
+ Tratados: São respeitados apenas os tratados reais.
+ Obrigações financeiras: Os débitos e créditos do Estados que se fundem passam
ao estado resultante da fusão.
+ Bens públicos: passam ao estado resultante da fusão.
+ Nacionalidade: a nacionalidade dos Estados que se fundem desaparece,
tornando-se nacionais do Estado que resulta.
+ Legislação: lentamente será criada uma legislação comum.

Ex. Iêmen e Tanzânia


1958 a 1962 – fusão entre Egito, Síria e Iêmen do Norte (República Árabe Unida)
Desmembramento
+ Tratados: Desaparecem todos os tratados apenas da porção desmembrada,
inclusive os reais.
+ Obrigações financeiras: Os estados desmembrados irão arcar com os débitos na
proporção do seu número de habitantes.
+ Bens públicos: Os bens públicos da região desmembrada passam para todos os
Estados resultantes.
+ Nacionalidade: A nacionalidade do Estado que se desmembrou desaparece ou
dá-se o direito de opção.
+ Legislação: Lentamente os Estados que se desmembram criam sua própria
legislação.

Direitos dos Estados


Os direitos dos Estados podem ser classificados em duas categorias: direitos
fundamentais (essenciais ou inatos) e direitos secundários (adquiridos ou
contingentes). Os primeiros são decorrentes da própria essência do Estado ou da sua
qualidade de membro da comunidade internacional; os segundos, derivados de um
direito fundamental, e resultantes de um tratado ou do costume internacional e
relativos a situações particulares.
Em rigor só existe um direito fundamental: o direito à existência. Desse direito
decorrem outros, também chamados essenciais e permanentes. Os principais são: o
direito à liberdade e o direito à defesa e conservação.

Direitos permanentes (decorrentes do direito à existência):


 Liberdade
 Defesa e conservação

Direito à liberdade
Direito à liberdade
 Autonomia interna – soberania interna.
 Independência – Soberania externa.

O direito à liberdade decorre diretamente do direito à existência e compreende a


soberania interna e externa.
A autonomia ou soberania interna representa o poder do Estado em relação às
pessoas e coisas dentro do seu território ou, melhor, dentro dos limites de sua
jurisdição.
A Independência ou soberania externa é uma competência conferida aos Estados
pelo direito internacional e se manifesta na afirmação da liberdade do Estado em suas
relações com os demais membros da comunidade internacional.

Autonomia/soberania interna
 Direito de organização política
 Direito de legislação
 Direito de jurisdição.
 Direito de domínio.

a) Organização Política - Escolher a forma de governo, adotar uma


Constituição política, estabelecer, enfim, a organização política própria e
modifica-la a vontade, contanto que não sejam ofendidos os direitos de
outros Estados.
b) Legislação - Formular as próprias leis e aplica-las a nacionais e
estrangeiros, dentro, naturalmente, de certos limites.

c) Jurisdição - Submeter à ação dos próprios tribunais as pessoas e coisas


que se achem no seu território, bem como o de estabelecer a sua
organização judiciária.

d) Domínio - Virtude pela qual o Estado possui uma espécie de domínio


eminente sobre o seu próprio território.

Independência/soberania externa
 Direito de celebrar tratados e/ou convenções
 Direito de ligação ou representação política.
 Direito de fazer a guerra (in belo e a belo, na guerra e à guerra) e celebrara a
paz.
 Direito de igualdade.
 Direito de respeito mútuo.

a) Igualdade – Negada por alguns autores, consiste no direito que têm os


Estados de serem iguais perante a lei internacional e agirem livremente nos
limites de sua jurisdição, de não depender de qualquer membro da
comunidade internacional e, nesta, possuírem todos os direitos e
obrigações.
Consequências da Igualdade Jurídica:
 Em qualquer questão que deva ser decidida pela comunidade
internacional, cada Estado terá o direito de voto, e o voto do
mais fraco valerá tanto quanto o do mais forte.

 Nenhum Estado soberano tem o direito de reclamar jurisdição


sobre outro Estado soberano.

Dessa segunda consequência resulta que o Tribunal de um Estado não tem


jurisdição sobre outro Estado e não tem competência judiciária em relação
a outro Estado. Este princípio, entretanto, não deve ser tomado em sentido
absoluto.
Tem-se admitido que o princípio acima só não é aplicável quando o próprio
Estado renuncia à dita imunidade.
Renúncia Tácita:
o Quando o Estado propõe uma ação perante tribunal estrangeiro
o Quando, acionado perante o tribunal estrangeiro, não levanta a
declinatória de incompetência.
o Quando exerce atos de comércio em território estrangeiro e a ação
judiciária se refere a tais atos.
o Quando se trata de ações reais relativas a direitos ou interesses que
possua em bens imóveis situados no território de um Estado estrangeiro.
o Quando se trata de ações referentes à aquisição, por sucessão ou
doação, de bens sujeitos à jurisdição de outro Estado.

b) Respeito mútuo – Consiste no direito de cada estado de ser tratado com


consideração pelos demais Estados e de exigir que os seus legítimos
direitos, bem como a sua dignidade moral e personalidade física ou política
sejam respeitados pelos demais membros da comunidade internacional.
Assim, um Estado não deve tratar outro Estado de maneira injuriosa, ou
ofensiva, e, ao contrário, deve prestar-lhe as honras de praxe e respeitar os
seus símbolos nacionais.

Direito de defesa e conservação


 Direito de impedir o ingresso de indesejáveis.
 Direito de retirar compulsoriamente os estrangeiros nocivos à ordem e à
segurança pública.
 Direito de celebrar alianças defensivas.

É uma consequência necessária do Direito à existência. Se o Estado deve viver, cabe-


lhe o direito de se defender.
O direito de conservação abrange todos os atos necessários à defesa do Estado
contra os inimigos internos ou externos, tais como a adoção de leis penais, a
organização de tribunais repressivos, a prática de certas medidas de ordem policial, a
expulsão de estrangeiros nocivos à ordem ou à segurança públicas, a proibição de
entrada de indesejáveis, a celebração de alianças defensivas, a organização da
defesa nacional, etc.
O direito de defesa e conservação, porém, não pode ser absoluto: tem que ser limitado
pelo direito à existência e conservação dos demais membros da comunidade
internacional.

Restrição aos Direitos dos Estados


O DIP contém diversas restrições genéricas aos Direitos dos Estados visando o
benefício dos demais. As restrições são de diferentes espécies e ora atingem a
soberania interna, ora a externa.
As mais importantes são:
1. Imunidade de jurisdição local
2. Capitulações
3. Restrições ao Direito de Propriedade
4. Neutralidade permanente
5. Proteção das minorias

Imunidade de jurisdição local


O direito internacional admite que certas pessoas possam continuar, em determinadas
circunstâncias, sujeitas às leis civis e penais de seus próprios Estados, gozando do
direito de extraterritorialidade.
Gozam de Imunidade de Jurisdição:
1. Os Chefes de Estado e de Governo
2. Os Agentes Diplomáticos
3. Determinadas categorias de cônsules
4. Tropas Estrangeiras devidamente autorizadas
5. Os oficiais e tripulantes de navios de guerra de um Estado aceitos em águas
territoriais de um outro.
6. Os oficias e tripulantes de aeronaves militares autorizados a pousar em
território estrangeiro.

Capitulações
Já é extinto. O regime das capitulações determinava a concessão ou o
reconhecimento de certas imunidades, faculdades especiais de jurisdição, e, às vezes,
atribulações policiais aos cônsules dos países a cujos nacionais se aplicava.
Render-se incondicionalmente – capitulações de um estado mediante a legislação de
outro. Ex. brasileiro dá um tiro em um chinês na China. Irá ser julgado na China por
BR de acordo com a lei BR.
Restrições do direito de propriedade
São garantias, servidões ou arrendamentos de territórios.
São direitos plenos: usar, fruir, dispor e reivindicar de quem estiver detendo a
coisa.

Garantias
Resultam de tratados. Se for caso de hipoteca, torna-se pública com o tratado que a
instituiu. A inexecução da dívida hipotecária não acarreta a venda mas a anexação
pelo Estado credor.

Servidões
São restrições estabelecidas pela própria vontade do Estado. Pode consistir no uso do
território (servidões positivas) ou na restrição de exercer o poder territorial em toda sua
extensão (servidões negativas). As servidões positivas consistem, por exemplo, em
reconhecer a um estado o direito de manter tropas em seu território, realizar pescaria
em águas de exclusiva jurisdição, etc. As servidões negativas consistem, por exemplo
em proibição de fortificação de uma cidade, na interdição de estabelecimento de bases
navais, etc.

Arrendamento de territórios
Consistem na cessão a título oneroso e por certo prazo da jurisdição sobre
determinados territórios, cuja soberania continua a pertencer ao Estado cedente. Ex.
novos territórios de Hong Kong eram arrendamentos da Inglaterra.

Co-soberania
São chamados de condomínio. São os casos em que há partilha das atribuições da
soberania ou o exercício da competência de cada potência soberana em momentos
diferentes.

Neutralidade permanente
Situação reconhecida a um Estado que se compromete, de maneira permanente, a
não fazer guerra a nenhum outro, salvo para defesa própria contra agressão sofrida.
Distingue-se, pois, da neutralidade temporária, que existe apenas em tempo de guerra
e constitui uma situação de fato, relativa e acidental.

Deve ser garantida ou, ao menos, reconhecida por outros Estados. A garantia
acarreta, para os Estados que a concedem, a obrigação de defender e, portanto
assegurar a integridade e a inviolabilidade do Estado a que se aplica. O
reconhecimento implica, pelo menos, o dever de não violar tal neutralidade.

- A garantia pode ser:


a) Individual
b) Coletiva – a ação protetora dos Estados garantes não tem que ser necessariamente
coletiva: cada um deles pode individualmente exercer tal ação.

- Os únicos casos atuais de neutralidade permanente são o da Suíça, Cidade do


Vaticano e da Áustria

Domínio Terrestre
Formado pelo solo e subsolo do Estado. Poderão ser naturais (arcifínios) que
acompanham acidentes geográficos ou artificiais (intelectuais ou matemáticos) surgem
habitualmente com linhas astronômicas, como um paralelo ou um meridiano.
Delimitação – significa a descrição do limite ou fronteira, feita, em geral, num tratado
ou convenção, ou resultante de acordo tácito ou de alguma sentença arbitral. A
execução, no terreno, do que foi assim descrito ou determinado toma geralmente o
nome de demarcação.
Fronteiras é a faixa de terra que acompanha o limite.
Medidas, podem ser “ad mensuram” e “ad corpus”.
 Limites
 Linhas secas: (Artificial) Linha imaginaria entre dois pontos, demarcada por
marcos.
 Marcos: (Artificial)
 Acidentes Geográficos: (naturais)
o Montanhas
 Cumeadas (linha imaginária no cume da montanha, para regiões
secas)
 Divisor de águas (para qual lado as águas vão correr, suscetível
a ampliar/reduzir território)
o Rios
 Margem
 Média fluvial (linha imaginária no meio do rio)
 Linha de Talvegue (parte mais profunda do rio)
o Lagos
 Prolongamento das margens
 Margens

Demarcação de fronteiras naturais


Geralmente derivadas da natureza.
 Montanhas
 Rios
 Lagos ou mares internos
 Ilhas

Montanhas
Nas montanhas dois critérios podem ser adotados como limites:
1. Cumeadas ou Máximas Alturas - Traça-se um limite no cume das
montanhas. Por exemplo entre Chile e Argentina ou Europa e Ásia.
2. Divisor de águas ou Partilha das águas - Para onde a água corre, lá
será o limite. Se chove para o lado que corre é para onde pertence.
Importante para saber até onde se aplica a legislação do país.

Rios
Se a linha divisória do rio separa territórios de dois Estados distintos:
 Ou o rio pertence integralmente a um destes e, portanto, é indiviso.
 Ou o rio é comum a ambos os países ribeirinhos
 Ou o limite divide o rio em duas partes

O primeiro caso é mais raro. Houve um exemplo até 1909. O rio Jaguarão que fazia
divisa entre Brasil e Uruguai pertencia integralmente ao Brasil. Após 1818, foi adotada
como critério a média fluvial (para rios não navegáveis).
No segundo caso o rio em toda sua largura forma a fronteira e suas águas
permanecem em condomínio.
No terceiro caso (que é o mais comum) o limite segue uma linha que divide o rio em
duas partes. Essa linha pode ser a média fluvial, a linha equidistante das margens ou
o canal mais profundo do rio (Talvegue).
Em rios não navegáveis, adota-se ordinariamente como limite a linha da meia
distância ou linha mediana. Nos rios navegáveis adota-se geralmente a do Talvegue.
Quando o rio tem dois canais navegáveis, o talvegue é o que na média, apresenta
maior profundidade ou maiores facilidades à navegação dos navios de maior calado.
Se a profundidade é a mesma deve-se escolher como divisa a linha mediana do rio.
Se estes se acham ambos na mesma metade do rio adota-se como fronteira aquele
que estiver mais próximo da linha mediana.
Quando o rio apresenta insensíveis desvios, o limite os acompanha.
Se a mudança é perceptível o rio abandona repentinamente o leito por onde corria e
abre caminho através do território de um dos dois Estados ribeirinhos, a doutrina
admite que a fronteira continue onde estava.

Lagos ou Mares Internos


Salvo acordo em contrário, o limite em lagos ou mares internos seguem a linha de
meia distância entre as margens.
Se a largura do lago ou mar internacional é superior a seis milhas, pode-se admitir que
cada Estado marginal estenda sua soberania até a distância de três milhas.
Pode-se adotar também como divisa o prolongamento da margem. Ele serve para o
mar territorial. Ex. PR e SC quanto ao petróleo.

Ilhas
Situadas em rios limítrofes pertencem, naturalmente ao Estado dentro de cujos limites
de encontram
Quando o limite adotado é o de meia distância e a ilha ou ilhas se encontram sobre a
própria linha, elas serão partilhadas de acordo com esta.
Se no entanto, as ilhas se unem à terra firme do Estado elas passarão a pertencer ao
Estado cuja margem tenham adquirido.
Se, por ação natural duas ilhas de domínios diferentes se unem e formam um só
domínio, a ilha deve ser atribuída ao Estado em cujo lado se achar, de acordo com a
linha do talvegue.
Se existe alguma ponte sobre rio limítrofe ela é estabelecida na seção média
transversal entre os dois encontros da ponte.

Domínio Fluvial
Rios
 Nacionais
 Internacionais
 Sucessivos
 Paralelos

Nacionais
São aqueles cujo leito corre inteiramente dentro do território de determinado Estado.
Este exerce plena soberania, não tendo obrigações de conceder direito de passagem
inocente a embarcações estrangeiras.

Internacionais
São os que cruzam diversos Estados. Podem ser contíguos quando correm pela
fronteira dos Estados, como o rio Paraná – a divisão é feita pelo talvegue ou, no caso
desse não poder ser estabelecido, pelo ponto médio entre as duas margens; ou
podem ser sucessivos quando seu leito atravessa o território de diversos Estados
sucessivamente. Cada Estado exerce plena soberania sobre o leito do rio enquanto
dentro de seu território.

Navegação
A livre navegação nos rios internacionais é a tendência cada vez mais favorável,
embora subordinada sempre a certas precauções em favor dos Estados ribeirinhos.
É provocada pelas conveniências da solidariedade internacional ou dos interesses da
reciprocidade.
Ainda que reconhecida pelo Estado pode ser negada em casos de guerra.
O Brasil sempre sustentou, em documentos oficiais, que a liberdade de navegação
nas partes dos rios que atravessam o território nacional pertence exclusivamente ao
Brasil e que só este competiria, quando lhe parecesse oportuno, abri-las ao comércio
e navegação de outros Estados.
A concessão da liberdade não implica para o Estado que a dá o abandono de seus
direitos de jurisdição e de polícia

Restrições:
1. Cabotagem – reservada aos navios mercantes nacionais
2. Navio de guerra – exclui os navios de guerra estrangeiros da faculdade de
entrar ou navegar nos rios abertos à navegação estrangeira, salvo
consentimento prévio.

Aproveitamento industrial e agrícola das águas


Os Estados têm o direito de exclusivo de aproveitamento para fins industriais e
agrícolas das águas dos rios internacionais que se encontrem dentro de sua jurisdição,
mas esse direito está subordinado à condição de não prejudicar o Estado vizinho, na
margem ou parte que lhe pertença.
Em caso nenhum, quer se trate de rios sucessivos ou contíguos, as obras de
aproveitamento deverão causar prejuízos à livre navegação de tais rios.
As obras em que um Estado pensar em realizar em águas fluviais, internacionais,
deverão ser previamente comunicadas aos demais ribeirinhos ou condôminos.
Em caso de construção de barragens e usinas hidrelétricas, vai-se consolidando a
tendência de que os Estados ribeirinhos têm a obrigação de notificar com devida
antecedência aos Estados que possam ser afetados. Outra norma de 1992 (Eco-92) é
a de que todo Estado onde ocorrer uma catástrofe deve comunicar o fato
imediatamente os demais Estados que poderão ser afetados.

Proteção do Meio Ambiente


Nenhum Estado tem o direito de permitir o uso de seu território de modo a causar
dano com consequências sérias no território de outros. (Esse enunciado é o laudo do
Trail Smelter Case entre EUA e Canadá).

Domínio marítimo
O domínio marítimo é proteger o mar que pertença ao Estado. Distância até onde
alcança o tiro de canhão: 350 m. Iniciou-se nos países baixos, pois está abaixo do
nível do mar, e com isso foi construído diques para conter o avanço do mar.

Pesca
Pertence, em tese, exclusivamente ao Estado dentro de cujos limites a mesma se
realize. Dentre os limites está a obrigação de evitar a pesca que prejudique os demais.

Mar territorial
É a faixa marítima à costa de um território e que se estende até certa distância da dita
costa.

1958- Conferência de Genebra: tinha como principal objetivo a determinação de


largura do mar territorial. Contudo apenas se limitou a declarar que a soberania de um
estado se estende a uma zona de mar adjacente a sua costa.
1982- Convenção de Montego Bay (Convenção das Nações Unidas sobre Direito do
Mar): regulamentou amplamente o direito do mar e determinou que o mar territorial
seria de 12 milhas a partir da maré baixa (1852m x 12 em KM). A convenção dividiu o
objeto de sua regulamentação em duas partes: as zonas marítimas sob jurisdição
nacional e as outras zonas marítimas. Para tornar aceitável o princípio das 12 milhas,
a convenção estabeleceu uma zona intermediária entre o mar territorial e o alto-mar, a
zona econômica exclusiva (ZEE) do Estado Costeiro, que pode se estender até 188
+12 milhas, a partir do mar territorial.

ZEE – Zona econômica exclusiva = 12 + 188 milhas.


É uma reserva destinada principalmente à pesca. A convenção reconheceu os direitos
de soberania do Estado costeiro “para fins de exploração e aproveitamento,
conservação e gestão de recursos naturais, vivos ou não vivos, das águas
sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e de seu subsolo, e no que se refere a
outras atividades com vista à exploração e aproveitamento da zona para fins
econômicos, como a produção da energia a partir da água, das correntes e dos
ventos”.

Acordo de Nova Iorque (1994)


Modificou o espírito da Convenção de Montego Bay no que se refere à exploração da
zona marítima comum. Foi criada uma Autoridade internacional para os fundos
marinhos e um Tribunal Internacional do direito do mar.

Plataforma continental
Zona imersa que declina suavemente, a começar da praia até o talude continental, e
que, por convenção, se estende até à isóbara de 200m (embora nem sempre o talude
se apresente a partir dessa profundidade). A plataforma continental era um
prolongamento do continente em 200 milhas e 400 de profundidade.

Zona contígua
Parte do alto-mar contígua ao mar territorial e sobre a qual o Estado ribeirinho pode
exercer controle e vigilância para prevenir infrações aos seus regulamentos
alfandegários, fiscais, sanitários e imigratórios, bem como punir as infrações a esses
regulamentos cometidas no seu território ou no seu mar territorial. Tal poder de
controle não modifica, porém, o regime jurídico das águas sobre as quais se exerce, e
que continuam sendo parte integrante do alto-mar, não estando submetidas à
soberania do Estado ribeirinho.

Passagem inocente
As águas internas dos Estados são consideradas como sendo território marítimo ou
mar nacional. Todavia, o Estado costeiro deve conceder aos navios estrangeiros civis
e mercantis à total liberdade de acesso aos seus portos, salvo quando a presença
destes possa provocar distúrbios da ordem ou ameaça à saúde pública.
Isso não vale para navio de guerra, que necessitam de autorização expressa do
Estado hospedeiro.

Obs: O direito de passagem inocente não significa que o Estado ribeirinho não possa
adotar medidas para sua segurança, ordem pública e interesses fiscais.

Na passagem inocente o navio não pode conceder asilo territorial.


O Estado costeiro não pode intervir no navio que está passando inocentemente,
exceto quando:
 Ameaça a fauna ou flora marítima – o Estado pode intervir através da capitania
dos portos.
 Pedido do capitão ou do cônsul que representa a bandeira do país. No caso de
algum incidente o Estado tem o dever de ajudar.
 Transporte de drogas.
 Se o navio estiver saindo de águas interiores e houve perseguição contínua

Direito de Perseguição (hot pursuit)


Se um navio estrangeiro viola as leis ou regulamentos de um Estado ribeirinho,
qualquer navio de guerra deste pode persegui-lo. Tal direito só poderá ser exercido se
o navio culpado se encontre nas águas internas, mar territorial ou zona contígua,
iniciando a perseguição ainda em águas nacionais, que poderá continuar em alto-mar,
contanto que a perseguição não tenha se interrompido. Admite-se a destruição do
navio estrangeiro, em consequência do exercício da força necessária e razoável para
detê-lo.
A perseguição terá fim quando o navio perseguido adentrar o mar territorial de seu
país ou de terceiros.

Mares internos
São vastas porções de água salgada cerceadas de terras, com (fechado) ou sem
(aberto) comunicação para o mar livre.
Se for fechado e dentro de um mesmo Estado, pertence a este.
Se for fechado e envolvido por Estados diferentes, pertence aos mesmos com as
devidas divisões por eles estipuladas.

Canais marítimos
São estreitos artificiais, abertos no território de um ou mais Estados, estando sujeitos à
soberania dos mesmos. Na prática, no entanto, os principais canais marítimos são
subordinados a regimes internacionais.

Identificação do Navio
 Nacionalidade
 Porto de Inscrição: é o “domicilio” do navio escrito na polpa.
 Nome: não pode haver homônimo no porto de inscrição. Tem que ter
diferencial. O nome está presente em todos os documentos.
 Tonelagem: diz respeito ao tamanho do navio.
 Base do Navio

Características dos navios mercantes


Nacionalidade -> lei do pavilhão – arvorar a bandeira do país.
Navegação de cabotagem de porto a porto. No caso é o de pequena cabotagem.
Distância de 200 a 400 milhas da costa. Transportes aquaviários, para usar a bandeira
do país:
 2/3 da tripulação, o dono, o comandante.
 Se a embarcação tiver mais de 3 toneladas. Se tiver menos tem que solicitar
junto ao departamento marítimo a “certidão de naturalização”.
 Alguns países em troca da taxa anual, os armadores deixam de recolher
impostos.
Os navios sem pavilhão (em terra seriam conhecidos como bandidos) no mas são
chamados de piratas (sem bandeira).

+ Pirata: rouba de todos os navios que encontrar e dividem entre eles os lucros.
+ Corsários: são os que roubam de todos exceto de uma bandeira que dividem com
eles o saque.
+ Bucaneiros e Flibusteiros: caçadores de peles humanas. A guerra do Corso (1867).

Domínio aéreo
 Espaço aéreo
 Convenção de Chicago
 Liberdades do ar

É constituído pelo espaço aéreo e pelo espaço extra-atmosférico.


O espaço aéreo é a massa de ar situada acima do território do Estado. Não há normas
que concedam direito de passagem inocente a aeronaves no espaço aéreo estatal.
Estas são determinadas por tratados bilaterais ou por missões avulsas. Na aviação
comercial, deve ser concedida prévia autorização para que possa trafegar em espaço
aéreo estatal. Os aviões particulares, em geral, recebem permissão avulsa para
trafegar sobre tal território.
Para aviões militares não há tratados internacionais que prevejam a possibilidade de
tráfego permanente pelo território de outro estado. Quando tal acontece, por
necessidade premente, deverá haver autorização prévia para tanto, sob pena de ser
forçado a aterrissar. Se o avião militar invadir o espaço aéreo e for abatido, a
responsabilidade será do Estado de sua bandeira.
Dentre as principais convenções aéreas destacam-se:

1. Convenção de Varsóvia
2. Convenções de Chicago
3. Protocolo de Montreal

Convenção de Varsóvia
Diz respeito à responsabilidade do transportador em caso de acidentes causados por
falha técnica, mecânica ou humana. Deu origem à “caixa-preta” que serve para
identificar a responsabilidade do acidente aéreo.

Convenções de Chicago
Compõe-se de três convenções:
1. Instituiu uma organização internacional objetivando estabelecer as regras para
aviação: OACI – Organização da Viação Civil e Comercial.
2. Promoveu a uniformização das regras de transporte aéreo estabelecendo cinco
liberdades: duas referentes a liberdade de sobrevoo e escala técnica e três
referentes aos direitos de embarque e desembarque.
3. Estipulou a nacionalidade das aeronaves que é determinada pelo seu registro
de matrícula.

Protocolo de Montreal
As partes acordam que qualquer Estado pode interceptar aeronaves que adentrem em
seu espaço aéreo. Seja civil ou militar, devem força o pouso, jamais abater.

Liberdades do ar
1) Direito de Sobrevoo – Semelhante ao direito de navegação inocente. Apenas as
empresas comerciais e particulares podem usufruir deste direito.

a. Empresas comerciais – sigla PP


b. Empresas particulares – sigla PT
c. Aeronaves militares não tem direitos.

2) Direito de Escala Técnica – Corresponde ao direito de arribada – voluntária ou


forçada. Arribar: parada não prevista no itinerário.

3) Ato de Embarcar no território do Estado contraente mercadorias, passageiros e


correio com destino ao Estado em que a aeronave é nacional – Ex: Brasil faz acordo
com a França. Assim, ao avião é permitido embarcar mercadoria, passageiro, correio
brasileiros, a aeronave é brasileira. É permitido o embarque na França. Direito de
embarcar apenas.

4) Direito de desembarcar no território do Estado contratante mercadoria, passageiro,


correio que tenham sido embarcados no Estado em que a aeronave é nacional – Ex:
Um avião da VARIG levando brasileiros do Brasil para a França. Mercadoria,
passageiro, correio poderão desembarcar na França.

5) Direito de embarcar mercadoria, passageiro, correio com destino ao território de


qualquer contraente e o direito de desembarcar mercadoria, passageiro, correio
originárias de qualquer Estado contratante – direito de embarcar e desembarcar 3 + 4
liberdades.

6) Embarcar ou desembarcar mercadoria, passageiro, correio destinados ou


procedentes de um Estado situado aquém ou além do Estado de bandeira da
aeronave com escala intermediária neste último – Ex: Voo da VARIG vai de Buenos
Aires para São Paulo e para Madrid. O acordo será entre o Brasil e a Espanha,
permitindo que, este avião possa vir de outra localidade que não o Brasil, é necessária
escala no Brasil.

7) Direito de Embarcar mercadoria, passageiro, correio ou desembarcá-los ou


procedentes a outro Estado em aeronave sob bandeira de um terceiro Estado operada
por empresa da mesma nacionalidade se escala neste último Estado – E: Aeronave
brasileira, a viagem teve início em Buenos Aires, foi para Assunção e depois Santiago
do Chile. A aeronave não veio para o Brasil. Aeronave de Terceiro.

8) Direito de cabotagem de aeroporto a aeroporto no mesmo país. Não Brasil é restrita


a empresas nacionais. Ex: Não é permitido usar avião de nacionalidade francesa para
ir de SP a SC.

Observações
IATA – Associação dos transportes aéreos internacional – fazem parte as sociedades
privadas e as agências de turismo.
ICAO – Organização da aviação civil internacional.

 Espaço aéreo permitido – rotas aéreas.


 Espaço aéreo restrito por questão de acidente é desviado a rota.
 Espaço aéreo proibido-> não é permitido em nenhuma hipótese.
Espaço exterior
O lançamento do primeiro “Sputnik” soviético em 1957 marca o início das atividades
espaciais. O direito aéreo não está adaptado às técnicas espaciais, e as regras do
Direito Internacional, mesmo se aplicando universalmente, também são incapazes de
resolver a maior parte dos problemas específicos que vão surgindo.

Direito do espaço
1967- Tratado sobre a exploração da Lua e demais corpos Celestes. Segundo esse
tratado a exploração fora da Terra serão feitas para o bem e proveito da humanidade.
Determinava que a exploração e o uso do espaço cósmico, inclusive da Lua e demais
corpos celestes, só deveria ter em mira o bem e interesse de todos os países,
qualquer que seja o estágio de seu desenvolvimento econômico e científico, e são
incumbência de toda a humanidade.
Em 1969, os EUA colocaram sua bandeira na lua, afirmando ser uma marca do
homem, e não de posse. Em tese violaram o tratado que previa que a Lua e demais
corpos celestes, não poderiam ser objeto de apropriação nacional por proclamação de
soberania.

Princípios
a) Competência do estado de matrícula: o estado que inscreveu seu nome em um
objeto lançado ao espaço, conserva-o, bem como seus tripulantes.
b) Obrigação de cooperação e assistência mútua
c) Responsabilidade: cada estado é internacionalmente responsável pelas atividades
espaciais conduzidas a partir do seu território.
d) Resolução de conflitos:

Tratado da Lua
Celebrado em 1979, estabelece que a Lua só poderá ser utilizada para fins pacíficos,
proibindo-se a colocação de engenho nucleares ou de qualquer arma de destruição
em massa. Tal tratado foi celebrado quando os EUA queriam implantar o projeto
Guerra nas Estrelas.

Telecomunicações espaciais
A humanidade assistiu ao longo do século XX várias evoluções tecnológicas que
permitiram a conquista do espaço. Os satélites de telecomunicações são, talvez, os
maiores frutos dessa conquista.

1° Fase da evolução:
- rádio usado como instrumento de poder e dominação;
- as telecomunicações serviam à ideologia do Estado;
- comunicação telefônica entre continentes feita por cabos submarinos;

2°Fase da evolução:
- conquista do espaço;
- tecnologia de satélites geoestacionários;
- monopólio do Estado para comunicação via satélite;

Intelsat (1964) – comunicação interna via satélite. Foi a formação de um consórcio


internacional (International Telecommunications Satellite Consortium), pelo governo de
vários países, para gerenciar uma constelação de satélites de comunicação e prover
serviços de teledifusão, foi privatizada em 18 de julho de 2001.
Inmarsat (1967) – Foi criada com objetivo de estabelecer condições para viabilizar e
operacionar a utilização de satélites para melhoria das condições de socorro e de
segurança no mar.

3° Fase da evolução
- surgimento da Internet, inicialmente monopolizada e financiada pelo Estado;
- democratização do conhecimento pela internet;
- perda do monopólio e controle do conhecimento pelo Estado;

Antártida
1958 – Tratado da Antártida: documento assinado pelos países que reclamavam a
posse de partes do continente da Antártida, em que se comprometeram a suspender
as suas pretensões por um período de 25 anos, permitindo a liberdade de exploração
científica do continente, num regime de cooperação internacional. O tratado possuia
um regime jurídico que estendia a outros países, além dos 12 iniciais, a possibilidade
de se tornarem partes consultivas nas discussões que regiam o "status" do continente
quando, demonstrando o seu interesse, realizando atividades de pesquisa científica
substanciais com bases permanentes no continente. O Brasil aderiu a este Tratado em
1975.
Após os 25 anos houve mudanças de pensamento da sociedade internacional, tendo
em vista a riqueza biológica da Antártida, e principalmente por ela ser a maior reserva
de água potável do mundo. Assim, os Estados adiaram qualquer reivindicação de
território sem data de volta.

Blocos Econômicos

Blocos Econômicos são reuniões de países que têm como objetivo a integração
econômica e/ou social.

Zona de preferência alfandegária


Não é um autêntico bloco econômico. Os Estados concordam em reduzir as tarifas
aduaneiras entre eles. Exemplo: ALADI (associação latino americana de
desenvolvimento e integração). O Mercosul é um subgrupo da ALADI.

Zona de livre comércio


Há a existência de três liberdades:
1. Livre circulação de bens.
2. Livre circulação de capitais.
3. Livre concorrência.

Artigo 26 GAT - Os Estados celebram entre si acordo pelo qual estabelecem que
haverá uma livre circulação de bens no âmbito desse acordo, em detrimento de
produtos advindos de outros Estados.
Artigo 24 GAT – Território aduaneiro, todo território que aplique uma tarifa ou norma
diferenciada. Há uma zona primária e uma zona secundária dentro do território
aduaneiro. Para que o produto não pague tarifação é preciso ter um certificado de
origem.

Para evitar-se o fenômeno da triangulação (traz-se um produto de Taiwan para o


Paraguai que exporta para o Brasil), há a exigência que estes produtos fabricados /
produzidos no país tenham um “Certificado de Origem”. No âmbito do Mercosul a
alíquota é de 0%, o grau de nacionalização do Brasil e na Argentina é de 60%;
Paraguai e Uruguai é de 40% (vai para 50%).

Nacionalizar um produto é tornar igual ao produto nacional pelo pagamento de


impostos. Uma vez pagos os impostos eles se nacionalizam. Pode-se ter um produto
“made in Taiwan” brasileiros. Vou poder exportar este produto para a Argentina e
gozar dos benefícios de taxa 0%.

União aduaneira
Compreende uma área de livre comércio, mas vai além ao estabelecer no bloco uma
relação a terceiros que seus produtos ingressaram no bloco a uma mesma alíquota –
Tarefa externa comum (hoje a média é de 14%). Não importe aonde chega e nem de
onde vem o produto.
Até aqui tem-se a intergovernabilidade (chamada regra do consenso) – se todos
concordam vai ser aplicado.

Mercado Comum
Compreende a união aduaneira mas vai além. Haverá uma livre circulação de pessoas
com um a haverá uma harmonização entre as legislações com uma livre circulação de
serviços.
1. Livre circulação de bens.
2. Livre circulação de capitais.
3. Livre concorrência.
4. Livre circulação de pessoas (Criação de um Passaporte comum).
5. Livre circulação de serviços – exercer livremente a profissão.

A União Europeia é o único bloco a ser um mercado comum. A partir do mercado


comum há a supranacionalidade (vale a vontade da maioria).

União econômica e monetária


Há uma uniformização da legislação monetária e cambial, com a criação de uma
moeda única e um banco central único. A União Europeia ainda NÃO é!

União política
Há a criação de um exército único. Há uma nova configuração do Estado, é um Estado
Região.

ANEXOS

O Parlamento do Mercosul
(DECRETO Nº 6.105, DE 30 DE ABRIL DE 2007)
É o órgão democrático de representação civil da pluralidade ideológica e política dos
povos dos países membros do Mercosul: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e
Venezuela (este último se encontra em processo de adesão). Criado legalmente em 9
de dezembro de 2005, começou a funcionar em 7 de maio de 2007. O Governo
brasileiro ratificou o citado Protocolo em 23 de novembro de 2006. O Protocolo entrou
em vigor internacional em 24 de fevereiro de 2007.Localizado em Montevidéu, no
Uruguai, a Câmara Legislativa será integrada por 90 deputados, 18 de cada país-
membro. Em uma primeira etapa seus membros foram escolhidos entre os integrantes
dos parlamentos nacionais e em sua etapa definitiva, a partir de 2010, os
representantes serão eleitos por voto direto e simultâneo dos cidadãos seguindo o
critério de representatividade civil. O Parlamento estará integrado por representantes eleitos
por sufrágio universal, direto e secreto, conforme a legislação interna de cada Estado Parte e
as disposições do presente Protocolo;
+São propósitos do Parlamento:
1. Representar os povos do MERCOSUL, respeitando sua pluralidade ideológica e política.
2. Assumir a promoção e defesa permanente da democracia, da liberdade e da paz.
3. Promover o desenvolvimento sustentável da região com justiça social e respeito à diversidade cultural
de suas populações.
4. Garantir a participação dos atores da sociedade civil no processo de integração.
5. Estimular a formação de uma consciência coletiva de valores cidadãos e comunitários para a
integração.
6. Contribuir para consolidar a integração latino-americana mediante o aprofundamento e ampliação do
MERCOSUL.
7. Promover a solidariedade e a cooperação regional e internacional.

+São princípios do Parlamento:


1. O pluralismo e a tolerância como garantias da diversidade de expressões políticas, sociais e culturais
dos povos da região.
2. A transparência da informação e das decisões para criar confiança e facilitar a participação dos
cidadãos.
3. A cooperação com os demais órgãos do MERCOSUL e com os âmbitos regionais de representação
cidadã.
4. O respeito aos direitos humanos em todas as suas expressões.
5. O repúdio a todas as formas de discriminação, especialmente às relativas a gênero, cor, etnia, religião,
nacionalidade, idade e condição socioeconômica.
6. A promoção do patrimônio cultural, institucional e de cooperação latino-americana nos processos de
integração.
7. A promoção do desenvolvimento sustentável no MERCOSUL e o trato especial e diferenciado para os
países de economias menores e para as regiões com menor grau de desenvolvimento.
8. A equidade e a justiça nos assuntos regionais e internacionais, e a solução pacífica das controvérsias

ISO 9000
É um conjunto de normas que formam um modelo de gestão da qualidade para
organizações que podem, se desejarem, certificar seus sistemas de gestão através de
organismos de certificação. Foi elaborada através de um consenso internacional sobre
as práticas que uma empresa pode tomar a fim de atender plenamente os requisitos
de qualidade do cliente. A ISO 9000 não fixa metas a serem atingidas pelas empresas
a serem certificadas, a própria empresa é quem estabelece as metas a serem
atingidas. Fez as multinacionais irem buscar mão-de-obra barata em países de
terceiro mundo, mantendo a qualidade e aumentando o lucro.
A China atrai também muitas empresas, principalmente dos EUA, por ter mão-de-obra
muito barata e abundante. Por isso, os EUA deixam que exista uma cláusula da nação
mais favorecida unilateral por parte da China, pois pra ele é mais barato ter empresas
la e importar, do que manter empresas no próprio EUA.

GATT
O Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (em inglês, General Agreement on Tariffs
and Trade, GATT), foi estabelecido em 1947, tendo em vista harmonizar as políticas
aduaneiras dos Estados signatários. Está na base da criação da Organização Mundial
de Comércio. É um conjunto de normas e concessões tarifárias, criado com a função
de impulsionar a liberalização comercial e combater práticas protecionistas, regular,
provisoriamente, as relações comerciais internacionais

OMC
A Organização Mundial do Comércio (OMC) é uma organização internacional que
supervisiona um grande número de acordos sobre as "regras do comércio" entre os
seus estados-membros. Foi criada em 1995 sob a forma de um secretariado para
administrar o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), um tratado comercial que
criou muito da fundação para a OMC. Atualmente inclui 150 países. A OMC tem sido
utilizada para promover uma extensa série de políticas relativas ao comércio,
investimentos e desregulamentações que exacerbam a desigualdade entre o Norte e o
Sul, entre os ricos e pobres dentro dos países. A OMC executa cerca de vinte acordos
comerciais diferentes,

Rodada de Doha
A rodada de Doha das negociações da OMC visa diminuir as barreiras comerciais em
todo o mundo, com foco no livre comércio para os países em desenvolvimento. As
conversações centram-se na separação entre os países ricos, desenvolvidos, e os
maiores países em desenvolvimento (representados pelo G20). Os subsídios agrícolas
são o principal tema de controvérsia nas negociações.
A rodada de Doha começou em Doha (Qatar), e negociações subseqüentes tiveram
lugar em: Cancun (México), Genebra (Suíça) e Paris (França).

Em resumo, saíram de Doha os seguintes documentos:

 Uma Declaração Ministerial, lançando uma nova rodada multilateral e


estabelecendo um programa de trabalho
 Uma Declaração de TRIPS e acesso a medicamentos e saúde pública
 Uma Decisão sobre Questões de Implementação

Obs.: Estas declarações estão disponíveis no site da OMC: www.wto.org

A Declaração sobre Questões de Implementação foi uma exigência dos países em


desenvolvimento que queriam pôr na mesa questões como capacity building e
cláusulas de tratamento especial e diferenciado previsto nos Acordos da Rodada
Uruguai na condição de best endeavours mas não respeitados pelos países
desenvolvidos (PDs). Esta Declaração aborda pontos nos Acordos de Agricultura, de
Medidas Sanitárias e Fitossanitárias, de Têxteis e Vestuário, de Barreiras Técnicas ao
Comércio, de Medidas Relacionadas a Investimentos, sobre Medidas Anti-dumping,
Valoração Aduaneira, Regras de Origem, Subsídios, Propriedade Intelectual, além de
Questões Horizontais.

Mandatos de Doha
 Acesso a Mercado em Bens Não Agrícolas: o mandato de Doha estabelece
que as negociações de acesso a mercados se concentrarão no tratamento dos
picos tarifários, altas tarifas, escalada tarifária e barreiras não tarifárias. O
mandato diz que a cobertura das negociações será ampla sem exclusões, a
priori, e que as necessidades e interesses especiais dos países em
desenvolvimento e dos menos desenvolvidos (LDCs) serão levados em
consideração.
 Agricultura: o mandato de Agricultura é fruto de um árduo exercício de
compromise solution, mesclando termos amplos, genéricos e ambíguos para
conciliar os diversos interesses antagônicos. Todos os pontos de interesse do
Brasil, como subsídios agrícolas, apoio interno, redução de tarifas e crédito à
exportação, estão contidos no documento, o que se não garante que eles terão
solução favorável ao menos garante que eles serão discutidos.
 Serviços: preservou-se a filosofia que norteia as negociações em andamento
no Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS), afirmando que as
negociações deverão ser conduzidas com base na liberalização progressiva,
com especial ênfase nos setores de interesse dos países em desenvolvimento,
aos quais será conferida a flexibilidade para liberalizar menos setores e tipos
de transações. Estabeleceu-se que o prazo para a apresentação de pedidos
iniciais será 30 de junho de 2002 e que as ofertas iniciais devem ser
apresentadas em 31 de março de 2003, o que garante um certo paralelismo
entre as negociações de serviços e agricultura, onde as modalidades dos
futuros compromissos devem ser estabelecidas até 31 de março de 2003.
 Comércio e Investimento: o mandato jogou para somente após a V
Conferência Ministerial da OMC o início das negociações sobre este tema,
caso haja consenso explícito para isso. Por hora, o Grupo de Trabalho sobre o
Relacionamento entre Comércio e Investimento analisará os temas de escopo
e definição, transparência, não-discriminação, modalidades de compromissos
de pré-estabelecimento GATS-like, disposições sobre desenvolvimento,
exceções e salvaguardas de balança de pagamentos, mecanismos de
consultas e solução de controvérsias entre os Membros. Estas discussões
embasarão um futuro marco normativo sobre o tema de investimentos que
deverá superar o Acordo de TRIMS, cujo alcance só abarca os investimentos
relacionados a bens.
 Política da Concorrência: também só haverá negociações após a V
Conferência Ministerial da OMC se os membros assim acordarem por
consenso explícito. Enquanto isso, o Grupo de Trabalho sobre a Interação
entre Comércio e Política de Concorrência deverá discutir: a clarificação dos
princípios gerais de concorrência, incluindo os de transparência, não-
discriminação, devido processo e formação de cartéis; modalidades de
cooperação voluntária; apoio ao maior e progressivo enforcement de
instituições de concorrência para os países em desenvolvimento.
 Compras Governamentais: o mandato de Doha estabelece negociações
sobre Transparência em Compras Governamentais, não tendo o mesmo
escopo do Government Procurement Agreement, que traz obrigações de
acesso para as partes.
 Comércio Eletrônico: a Declaração referenda o Programa de Trabalho sobre
Comércio Eletrônico da OMC desenvolvido nos últimos dois anos e pede que
seja discutido o melhor arranjo institucional para dar prosseguimento às
discussões do tema na OMC. Além disso, a Declaração mantém a moratória de
tarifas sobre transmissões eletrônicas até a próxima Conferência Ministerial, o
que já era esperado.
 Facilitação de Comércio: acordou-se que, se houver consenso explícito, após
a V Conferência Ministerial, haverá negociações para aumentar a
transparência e eficiência no movimento de bens nas fronteiras dos países. Por
hora, o Conselho de Bens deverá concentrar seus trabalhos na identificação
das necessidades e prioridades dos membros em facilitação de comércio,
levando em consideração os artigos relevantes do GATT 1994 (Art. V, VIII and
X).
 Solução de Controvérsias: acordou-se melhorar e clarificar as disposições do
Acordo de Solução de Controvérsias, levando-se em consideração os
interesses e necessidades especiais dos países em desenvolvimento.
 "Regras": os Ministros acordaram conduzir negociações com o objetivo de
clarificar e melhorar as disciplinas dos Acordos sobre antidumping, subsídios e
medidas compensatórias, preservando os conceitos básicos destes Acordos e
levando em consideração os interesses dos países em desenvolvimento.

Reportagem sobre Doha


Os integrantes do G4 (Brasil, Índia, Estados Unidos e União Europeia) classificou
como “produtiva” a reunião de dois que tiveram em Genebra (Suíça) para tratar das
negociações da Rodada Doha, paradas desde o ano passado por falta de acordo.

Principais negociadores desta rodada da Organização Mundial do Comércio (OMC),


os três países e o bloco europeu divulgaram comunicado conjunto hoje (18),
informando que as discussões se concentraram em agricultura e no acesso a
mercados para produtos não agrícolas e de serviços.

Países em desenvolvimento como Brasil e Índia reivindicam redução dos subsídios


para os agricultores dos países desenvolvidos, para melhorar a competitividade dos
produtos agrícolas naqueles mercados. Já os países ricos exigem acesso mais livre
aos mercados dos emergentes.

A declaração diz ainda que representantes dos quatro países manterão reuniões
informais nas próximas semanas e estão “comprometidos e esperançosos” de que as
conversas levem a uma “conclusão exitosa da rodada até o final do ano”. Participaram
da reunião o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a representante de
Comércio dos EUA, Susan Schwab, o ministro de Indústria e Comércio da Índia,
Kamal Nath, e o comissário de Comércio da UE, Peter Mandelson. O grupo também
se reuniu com os presidentes de dois grupos negociadores da OMC: de Agricultura,
Crawford Falconer, e de Acesso a Mercados para Produtos Não Agrícolas, Don
Stephenson.

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