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Uma revista acadêmica deve caracterizar-se não apenas pelo conteúdo, mas pela
atualidade.
Sem fugir à regra, Revista do UNIPÊ reserva os Temas Especiais da presente edição,
situada no campo de Ciências Biológicas e da Saúde, ao principal acontecimento do mundo
nestes dias de 2009. Trata-se da crise do capitalismo que, originária dos Estados Unidos,
repercute sobre todo mundo, inclusive o Brasil.
Dir-se-á que, em alguns países, o reflexo é mais profundo que em outros, mas todos
o sentem. Esta a razão dos miniestudos que abrem a presente edição, a cargo do economista
Nelson Rosas Ribeiro, agrônomo Joaquim Osterne Carneiro, e nosso editor, José Octávio
de Arruda Mello.
Cada um desses situa-se na perspectiva de uma angulação. Enquanto Nelson Rosas,
com a autoridade de especialista no tema, focaliza a crise econômica mundial, no sentido
mais amplo, o executivo Joaquim Osterne, também historiador, dos quadros do IHGP, detém-
se sobre reflexos da chamada “desaceleração sistêmica” no campo dos agronegócios. A
José Octávio compete analisar a problemática mundial, do ponto de vista de seu principal
ator que são os Estados Unidos da presidência Barach Obama.
Situando-se no segmento de Biológicas e da Saúde, esta edição do Ano XIII, nº 02,
2009, enfileira questões da maior relevância da área, como audiometria, deficiência auditiva,
estresse, ergonomia em clínica cirúgico-odontológica e revascularização do miocárdio. Outras
produções discutem a clínica de Psicologia do UNIPÊ, Análise Antropométrica e Dispêndio
Energético durante uma sessão de Capoeira, formação dos agentes de saúde e infiltração
d‘água.
Trata-se de temas mobilizados por importantes setores do UNIPÊ, como a
Coordenação de Pesquisa, confiada à Dra. Maria Antonia Alonso de Andrade, e
Departamentos de Enfermagem, Fisioterapia, Odontologia, Pedagogia e Psicologia, a cargo
dos respectivos coordenadores.
A estes acresçam-se oportuno insight da professora especialista Eliane Dutra
Fernandes sobre psicomotricidade e dois artigos do curso de Design de Moda do UNIPÊ, a
cargo das professoras mestras Margarete Almeida Nepomuceno e Gabriela Maroja Jales.
Versando sobre nova dimensão do corpo - o que se ajusta à moda - este número de Ciências
Biológicas assinala a estréia em Revista do UNIPÊ de um dos mais novos cursos do Centro
Universitário de João Pessoa.
Ao tempo em que as informações reafirmam o compromisso do conjunto dessa
instituição com a cultura regional, a seção de resenhas valoriza-se com nomes da melhor
categoria – a historiadora Martha Falcão e o jovem cineasta Alexandre Menezes Santos.
Uma nova roupagem de capa e feição gráfica é o que singulariza mais esta realização
do reitorado José Loureiro Lopes; também à disposição dos interessados pelo site:
www.revista@unipe.br.
A divulgação das estatísticas do quarto trimestre de 2008 causou espanto geral nas
autoridades do governo. Os dados são aterradores. O Produto Interno Bruto (PIB) do país
caiu 3,6%, o que significa que, no quarto trimestre do ano passado o país produziu 3,6%
menos do que no trimestre anterior. Esta queda foi a maior desde 1996. A produção industrial
caiu 7,4%. Só não foi pior porque a agropecuária só caiu 0,5%. Constata o IBGE que todos
os setores tiveram uma redução da produção. Considere-se que nos três trimestres anteriores
a economia vinha crescendo aceleradamente o que fez que a taxa anual, para todo o ano de
2008, ficasse em 5,1%, apesar do tombo do final do ano.
Todos se mostraram surpreendidos. Onde está a blindagem dos países em
desenvolvimento? E os BRICs? Onde estão os sólidos fundamentos macroeconômicos e as
reservas do país? Ninguém sabia que o desastre estava em marcha?
Eu sabia, juntamente com todos os leitores que acompanham as análises publicadas
em nossa coluna de Contraponto. E não temos bola de cristal.
Há uma exceção. Desta vez o Presidente Lula sabia. O decrescimento “já era esperado
pela equipe econômica”, disse ele. E por que não avisaram? E por que mentiram e enganaram
a população? Diante da dura realidade, quem falava em crescimento de 5% em 2009, agora
baixou a mira para “próximo de zero” e, mesmo assim, ainda contando vantagem: “Mesmo
que ele (o PIB) seja próximo de zero o Brasil será um dos poucos países do mundo, dos
emergentes e dos grandes, que não terá uma recessão”.
Por outro lado, a Ministra Dilma foi obrigada a reconhecer que “o impacto foi violento”
e que o primeiro semestre de 2009 será difícil. O otimista Ministro Mantega finalmente
reconheceu que está “difícil atingir a meta de 4%, mas acredita que o país crescerá mais de
1,5%, como pensa o mercado e que o primeiro trimestre deste ano já será de recuperação.
O Ministro Paulo Bernardo tem outra opinião e considera que o trimestre pode ainda ser
negativo o que enquadraria o país na definição de “recessão técnica”, o famoso decreto de
que já falamos em análises anteriores.
Mais otimista está o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),
Marcio Porchman. Para ele, em 2009, não haverá recessão e mesmo, o primeiro trimestre
do ano, dificilmente será negativo. Ele justifica sua posição alegando que o mau resultado
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
observado foi conseqüência de “fatores pontuais” e do efeito retardado da alta taxa de juros
e que estes fatores agora não existem mais. Bela teoria econômica a que inspira a declaração
do presidente do Ipea e que norteia a atividade de acessória econômica do Instituto. Em
pouco tempo ela será posta à prova.
Os dados que continuam a ser divulgados não apóiam estas conclusões otimistas.
Em 5 meses, de outubro a fevereiro, a indústria de São Paulo demitiu 237 mil trabalhadores,
o que nos coloca no nível de fevereiro de 2007. Só em fevereiro desapareceram 43 mil
empregos. O seguro-desemprego bateu recordes de requerimento em janeiro, e de
pagamentos, em fevereiro. Nos dois meses o volume de pagamentos foi 25% maior que no
mesmo período do ano passado. O número de horas pagas, em janeiro, caiu 1,8%, em
10 relação a dezembro. No mesmo período, a ocupação na indústria reduziu-se 1,3%, o pior
desempenho desde o começo da série histórica. O faturamento da indústria caiu pelo terceiro
mês consecutivo. Em comparação com dezembro, a queda foi de 4,3%. Uma pesquisa feita
pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 80% dos empresários consideram
que a situação pioraria no primeiro trimestre deste ano. Para todo o ano, o gerente-executivo
da unidade de política econômica da CNI pensa que “A tendência é que o crescimento do
PIB fique próximo de zero”.
No resto do mundo, a situação continua a se deteriorar. A Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento (OCDE) considera que todos os países, desenvolvidos e
em desenvolvimento, estão sofrendo uma forte desaceleração e inclui o Brasil na lista. O
desemprego nos EUA atingiu 8,1%, o maior nível em 25 anos. Entre dezembro e fevereiro
desapareceram, no país, 4,4 milhões de empregos. Estima-se que as famílias americanas já
perderam US$ 16,5 trilhões o que corresponde a um PIB dos EUA. Em 2009, o Banco
Mundial prevê que serão atirados no desemprego; na América Latina, 6 milhões de pessoas.
Continuamos em direção ao fundo do poço. Só não vê quem é cego ou charlatão.
financeiro mundial. De outra parte, a crise contou também com a participação dos países da
Comunidade Européia, da China e dos países árabes – detentores de grandes reservas em
dólares que destinaram suas aplicações em depósitos remunerados a títulos do tesouro
americano – e gradativamente tende, agora, a se instalar no Brasil, influenciando negativamente
nossa taxa de crescimento e pouco a pouco alcançando distintos setores da economia, inclusive
o agronegócio.
Falando sobre a agronegócio brasileiro, o Ministro da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Reinhold Stephanes, em um trabalho intitulado “O Agronegócio em Tempo
de Crise” (Valor Econômico de 11/02/2009), lembrou inicialmente com muita propriedade
que, além de se sujeitar às intempéries climáticas que periodicamente acontecem, “a agricultura
tem que driblar efeitos de crises financeiras. Foi assim ao longo das décadas de 1980 e 1990,
com o congelamento de preços, inflação e sucessivos planos econômicos. E agora não é 11
diferente. Enquanto o país acumula recordes nas safras de grãos, surge a crise financeira
mundial ameaçando o plantio e a comercialização. Apesar do quadro de dificuldades e de
previsões pessimistas de algumas autoridades e mesmo de especialistas, até o momento o
agronegócio brasileiro tem reagido positivamente. Isso se deve ao dinamismo do setor, que
sendo a base econômica de mais de quatro mil municípios, proporciona o superávit da balança
comercial e ainda financia o déficit dos demais setores da nossa economia”.
Ao mesmo tempo, informações da Agência CNA – Confederação de Agricultura e
Pecuária do Brasil - mostram que, em 2008, o nosso país colheu 143,8 milhões de toneladas,
ou 9,2% a mais que a safra do ano anterior que igualmente já fora recorde; obteve um
recorde no faturamento bruto, cujo Valor Bruto da Agropecuária foi da ordem de R$ 298,6
bilhões; ocorreu um recorde nos preços dos fertilizantes, que dispararam na dianteira do
aumento dos custos de produção; as matérias primas destinadas à produção de fertilizantes
aumentaram 136,6% em relação à safra anterior; e aconteceu um recorde no endividamento,
que foi de R$ 75 bilhões. Convém lembrar que a produção rural responde por mais de 35%
das exportações brasileiras.
Segundo o trabalho “2009 Traz Incertezas após um 2008 de Extremos” da Agência
CNA, de 05/01/2009, “cabe lembrar, ainda, a disparada de preços dos alimentos, aumento
da renda, demanda aquecida e estoques em baixa conjugaram o verbo que todos os países
temiam em suas economias: retorno da inflação. A pressão inflacionária latente trouxe de
volta antigos debates econômicos, como vantagens comparativas na produção de alimentos
e energia, o neomalthusianismo frente à oferta de alimentos e crescimento da população,
mas, principalmente, a cessão de terras para a produção de bioenergia. Para o produtor
brasileiro, somam-se ainda temas como a publicação do Decreto 6.514, de 2008, que trata
dos crimes ambientais e a escassez de credito púbico e privado. Esses talvez tenham sido os
temas que mais trouxeram preocupação ao produtor rural. Restrições ambientais para tomada
de crédito, elevação dos custos financeiros, aumento do grau de risco das operações rurais e
escassez de crédito para o financiamento da safra. O cenário agravou-se com a lentidão da
resolução do passivo do setor e a pouca abrangência de um longo processo de renegociação
que resultou na maior medida provisória já publicada, a MP 432, convertida na Lei 11.775,
de 2008. Frustrando parlamentares e produtores rurais, a Lei 11.775 foi incapaz de solucionar
o elevado grau de endividamento de curto prazo nas regiões produtoras”.
O maior impacto da crise financeira atual diz respeito à queda generalizada de preços
no mercado das commodities agrícolas, em virtude da diminuição das compras futuras e o
aumento verificado no custo de carregamento de estoques. Mesmo assim, a área plantada
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
em nosso país foi equivalente à do ano anterior, havendo uma estimativa de queda na produção
da ordem de 8%, o que corresponde a retornar ao nível da penúltima safra, sendo necessário
destacar que esse recuo é resultante da diminuição da utilização de fertilizantes e de tecnologia.
O problema para 2009 é sem dúvida preocupante e, segundo Reinhold Stephanes,
no trabalho anteriormente citado, “O contexto que deixa apreensivos governo e setor rural,
indica que o atual modelo de crédito agrícola está esgotado, sendo preciso adotar medidas
que perpassem as crises e blindem a agricultura. Para isso, devemos rever as políticas de
garantia de preços e do seguro agrícola. Vale lembrar que a ultima reestruturação das dividas
do setor ocorreu, em junho, sob perspectivas extremamente otimistas, com mercado e preço
aquecidos. E esse cenário não se concretizou. Regularizar a situação do produtor junto ao
agente financeiro permite que ele volte a ser adimplente e consiga ter acesso ao crédito. A
12 divida rural se acumula há mais de 20 anos com constantes renegociações. E esta divida
surgia normalmente por duas questões principais: climáticas e de mercado. No caso de
problemas como clima, a baixa cobertura do seguro nos últimos anos acabou endividando o
produtor. Já a questão de mercado ocorre quando o produtor planta com preço bom, mas
depois o preço cai e ele não consegue cobrir o custo do plantio. Temos que encontrar um
novo caminho, um novo modelo. Um grupo de especialistas estuda o assunto, reunindo o
Ministério da Agricultura, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Federação
dos Bancos, Banco do Brasil e Ministério da Fazenda”.
Diante do exposto, o governo e as lideranças da agropecuária brasileira terão de agir
o mais rapidamente possível, levando em consideração que nos próximos 10 anos há uma
previsão de crescimento da demanda no mundo da ordem de 50%, e o Brasil dispõe de
todas as condições – terras agricultáveis e tecnologia – para não só garantir o abastecimento
interno, como também ampliar ainda mais as exportações de produtos oriundos do agronegócio,
que atualmente alcançam mais de 180 países.
Guerra da Independência dos Estados Unidos, introduziu o chamado “spoil system” (sistema
de espólio), o presidencialismo norteamericano capacitou-se a mudança em profundidade,
todas as vezes em que, no topo, a chefia de Governo se altera.
Ao contrário do Brasil, em que a radical mudança dos quadros governamentais
inviabiliza os primeiros anos da administração federal, estadual ou municipal, nos EE.UU. os
escalões médios e da base, constituídos por funcionários de carreira, permanecem, mas “a
cúpula política e direcional é toda alterada”. Assim, abrindo-se a mudanças, “o sistema não
permanece”.
Nisso uma diferença com a Inglaterra onde mudam apenas os ministros,
“permanecendo a estrutura de comando”. Nas conferências de pós-guerra, posteriores aos
encontros de Yalta e Potsdam, os soviéticos estranharam que, após a vitória trabalhista de
julho de 1945, a delegação britânica permanecesse a mesma, com a única mudança do 13
ministro das Relações Exteriores, agora Ernest Bevin.
Como resultado, a orientação anticomunista de Churchill, formalizada no famoso
discurso de Fulton, prevaleceu em toda linha, fomentando a Guerra Fria. Na Grã Bretanha,
travado pelo antisovietismo do “Foreign Office”, o Labour Party não foi capaz de estender
ao exterior as formulações do Wellfare State, internamente processadas, sob a liderança de
Aneurin Bevan.
Algo bem diverso processa-se nos “States”. Com Obama, “chegou equipe inteiramente
nova”, a começar pelo Departamento de Estado, onde a pragmática Ellery Clinton esposa do
ex-presidente Bill Clinton, e candidata derrotada nas prévias do Partido Democrata, substitui
a empedernida Condolezza Rice. No nevrálgico setor de meio ambiente, a presença de
ambientalista, recrutado aos altos quadros universitários, indica a possibilidade de as fontes
de energia limpa substituírem, progressivamente, a combustão de petróleo, gás e carvão que,
no primeiro mandato, Bush pretendeu estender até o santuário do Alaska.
Dentro desse quadro, é fácil verificar que os democratas de Barach Obama não são
a mesma coisa dos republicanos de George Bush. Apesar de autores como Pitrim A. Sorokin,
em As Tendências Básicas de Nossa Época (1966) apontarem para convergência entre
republicanos e democratas e até, no plano externo, para soviéticos e americanos,
crescentemente aproximados, os dois grande partidos dos Estados Unidos têm-se distinguido,
progressivamente.
***
Desde John Kennedy, cujo assessor Walter Liepman buscou substituir, em face dos
soviéticos, o qualificativo de “inimigos” por “adversários”, os democratas evoluíram noutra
direção. Seu ponto mais alto sobreveio com Jimmy Carter cuja esposa, Rosalyn, veio ao
Brasil, em 1978, exigir respeito aos direitos humanos pelo Governo militar do General Geisel.
Embora comprometido pelo escândalo da assistente Monica Levinsky, a presidência Bill
Clynton não se apartou dessa postura
Nesse início de ano de 2009, os Estados Unidos depararam-se com sérios problemas
internos e externos. Internamente, a atual crise do capitalismo terá de ser enfrentada por
“economia de mercado, democrática, e socialmente regulada”. Tal significa, como entendido
pelos economistas nordestinos Nelson-Elivan Rosas Ribeiro, “O regresso a Keynes”. Ora,
essa tradição, que chegou ao Brasil com a era Vargas, é democrata, por mergulhar raízes no
New Deal de Franklin Roosevelt, em 1932.
O problema externo é mais delicado, em razão das “repercussões internas”. Nesse
particular, Obama sabe que o peso econômico e eleitoral da comunidade judaica americana
o impede afastar-se de Israel, no Oriente Médio. Mas isso não significa apoiar, irrestritamente,
o judaísmo, em sua crescente agressividade.
A questão se complica ante a fraqueza da chamada Autoridade Palestina, remanescente
do antigo Fatah, e espremida entre os extremistas do Hamas e do Hesbolah. Obama contudo,
já acenou para entendimentos com o Irã cuja presumível ameaça lastreia o militarismo
israelense.
O chamado “eixo do mal” torna-se, pois, coisa do passado, por corresponder à pior
tradição puritana da cultura norteamericana. O que é democrático, por ajustar-se à História
da Suprema Corte, das presidências Marshall e Warren, é a questão dos prisioneiros de
Guantánamo, objeto das primeiras iniciativas do novo Presidente.
Temos assim em Obama, como “negro de ascendência islâmica”, providências iniciais
que bem se encaixam. Em uma das melhores páginas do segundo tomo de Um Estudo
Crítico de História (2001), Hélio Jaguaribe sustentou que a nova ordem mundial,
necessariamente multipolar, “não pode e não deve” ser antiamericana, por respeitar os
“legítimos interesses”, inclusive militares, dos EE.UU.
Essa combinação entre legitimidade interna e “pax universalis” é o que se espera do
presidente Barach Obama. Nesse contexto, a “pax” americana, imposta pelos tanques e
canhões, deve ser substituída por paz mundial, construída pela diplomacia. Nisso se inclui
descompressão em face do regime comunista de Cuba que todos aplaudiremos quando chegar.
RESUMO
ABSTRACT
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
The aim of this study was to demonstrate the importance of audiometry in workers of
an industry, before the transference of a working section. A sample of 15 workers was used
in order to achieve such an analysis. The workers were submitted to the application of a
questionnaire and a new audiometry so that the results could be compared with their admission
audiometries in the industry. Through the obtained results, it was verified that most of the
employees (53,3%) do not have any problem of lowering of the auditory threshold, although
a portion of the employees (46,7%) presents decrease of the auditory sharpness, being the
largest incidence in the left ear. Hence, there may occur the appearance of future auditory
losses.
Key-words: Occupational noise, hearing loss, Occupational audiometry.
18 Introdução
A audição é o sentido que põe os seres humanos em contato entre sí e com a natureza,
pois é por meio dela que ocorre a percepção do som. A identificação precoce da perda
auditiva induzida por ruído (PAIR) em trabalhadores de indústrias é atualmente um novo
campo da audiologia ocupacional, cuja vantagem principal é a conservação da integridade
auditiva desses trabalhadores.
O ruído é um dos agentes nocivos à saúde dos trabalhadores, constituindo a maior
causa de perda auditiva ocupacional. A dose de exposição ao ruído pode ocasionar mudanças
temporárias de limiar, que é a fadiga auditiva; o trauma acústico, que é uma perda auditiva
súbita, ou uma mudança permanente de limiar, chamada de PAIR, alteração esta decorrente
de exposição prolongada (por mais de oito horas diárias) a intensos níveis de ruído (maior
que 85dB), causando assim perda auditiva sensorioneural, irreversível, quase sempre bilateral,
progressiva, atingindo no seu início freqüências agudas.
A PAIR advém do acúmulo de exposições a ruídos contínuos ou intermitentes, que
são repetidos constantemente, por um período de muitos anos e, em sua maioria, depende da
susceptibilidade individual.
Para evitar esta perda auditiva, os trabalhadores que ficam expostos a intensos níveis
de pressão sonora diariamente devem fazer uso de equipamento de proteção individual (EPI).
No caso, esse equipamento é o protetor auricular. Para a legislação trabalhista, o empregador
é obrigado a fornecer, instruir, treinar, fiscalizar e repor os EPI’s danificados, sendo de
responsabilidade do trabalhador usá-lo e conservá-lo.
No caso específico da FIBRASA, indústria que fabrica tapete e fibra de Sisal,
localizada no município de Bayeux, Estado da Paraíba, os dois setores que não estão expostos
a ruídos são: Revisão e Escritório. Os demais setores são: Mecânica, Fiação, Tecelagem
(que contém espuladeiras e teares), Emborrachamento, Laboratório Químico, Armazém (onde
fica a estiva e os operadores de empilhadeiras), Batimento e Caldeira. Na referida indústria,
todos os funcionários, trabalhando ou não em setor com exposição de ruído, são obrigados
a passarem por uma avaliação audiológica, ou seja, audiometria de admissão.
Este trabalho enfoca o estabelecimento de uma perda auditiva em trabalhadores que
são transferidos de setor de trabalho sem, no entanto, submeterem-se a uma nova audiometria,
pois se o novo setor for de maior ruído, o indivíduo corre o risco de adquirir perda em sua
audição (cada aumento de 3 dB na intensidade do ruído requer um tempo de exposição
reduzido pela metade). Será abordado com mais ênfase o ruído como o agente causador da
perda, sendo considerado também outros fatores ocupacionais que podem contribuir nesta
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
alteração.
Nos últimos anos, os empresários brasileiros vêm enfrentando problemas com o
aumento progressivo de ações indenizatórias cíveis e trabalhistas causadas por perdas auditivas
ocupacionais. Portanto, com base nos resultados obtidos na pesquisa será traçado o perfil
audiológico dos trabalhadores da indústria que foram submetidos à mudança de setor de
trabalho, sem realização de uma nova audiometria, verificando assim a presença de perda
auditiva, ou não, devido à mudança de setor. Evitando, desta forma, que o problema se
agrave, melhorando a qualidade de vida e produtividade do trabalhador e diminuindo o risco
de indenizações para o setor industrial.
A audição é definida como a percepção de certa classe de estímulos vibratórios que 19
captados pelo ouvido, vão impressionar a área cerebral correspondente, tomando então o
indivíduo consciência deles (SEBASTIAN, 1998, p.30).
A audição humana se processa graças à ação do chamado “aparelho auditivo”, ou
seja, um conjunto de estruturas com funções diferentes e complementares que resultam na
capacidade de uma pessoa perceber e entender um som (MENEZES; PAULINO apud
SALIBA, 2001, p.67).
Com o passar do tempo, a acuidade auditiva pode diminuir em decorrência de
doenças, exposição ao ruído, uso indiscriminado de medicamentos, estresse, predisposição
genética, além de fatores nutricionais, dando lugar às perdas auditivas induzidas por ruído e
contribuindo para acelerar a presbiacusia em nossa sociedade, bombardeada pela poluição
sonora (RUSSO apud LICHITIG; CARVALLO, 1997, p.41)
O ruído é o fenômeno físico vibratório com características indefinidas de variações
de pressão (no caso ar) em função da frequência, isto é, para uma dada freqüência podem
existir, em forma aleatória através do tempo, variações de diferentes pressões (SALIBA,
2001, p.16).
Para o autor supracitado, o ruído pode ser ainda classificado em três tipos específicos:
ruído contínuo, ruído intermitente e ruído de impacto ou impulsivo. Do ponto de vista técnico,
ruído contínuo é aquele cujo NPS (nível de pressão sonora) varia 3dB durante um período
longo (mais de 15 minutos) de observação, como por exemplo: o ruído dentro de uma
tecelagem. Já o ruído intermitente é aquele cujo NPS varia até 3dB em períodos curtos
(menor que 15 minutos e superior a 0,2 segundos). A NR-15 ( Norma Regulamentadora 15,
da portaria 3214 ) define ruído de impacto como picos de energia acústica de duração
inferior a 1 segundo, a intervalos superiores a 1 segundo.
A NR-15 estabeleceu que o Limite de Tolerância é a intensidade máxima ou mínima
relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará danos à
saúde do trabalhador durante a sua vida laboral (SALIBA, 2001, p.35).
Saliba (2001) descreve que, para a ACGIH (American Conference of
Governamental Industrial Higienists), os limites de exposição ao ruído referem-se aos
níveis de pressão sonora e aos tempos de exposição que representam as condições sob as
quais se acredita que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta repetidamente, sem
sofrer efeitos adversos à sua capacidade de ouvir e de entender uma conversação normal. A
ACGIH estabelece ainda que o limite de tolerância para o ruído não protege todos os
trabalhadores dos efeitos adversos da exposição ao ruído.
A dose de ruído é uma variante do nível equivalente, com o tempo de medição em
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
8h, que é (ou deveria ser) a jornada diária máxima de trabalho considerado para definição
dos limites de tolerância (SANTOS; MATOS, 1997, p.12).
Para Santos e Okamoto (1997), os estudos referentes aos efeitos extra-auditivos da
exposição a ruído auditivo possuem evidências crescentes de sua nocividade, especialmente
na produção de alterações neuropsíquicas, tais como insônia, cefaléia e irritabilidade. Outros
desses principais efeitos são: alterações cardiocirculatórias, alterações gastrointestinais, efeitos
na habilidade e alterações na visão.
Segundo Saliba (2001), os efeitos auditivos podem ser divididos em traumas acústicos,
efeitos transitórios e efeitos permanentes. A perda auditiva permanente tem sido conhecida
popularmente como “PAIR” (perda auditiva induzida por ruído).
20 A PAIR é uma condição específica com sintomas estabelecidos e achados objetivos,
e algumas de suas características principais são descritas a seguir:
- A perda auditiva é irreversível, neurossensorial e predominantemente coclear.
- O portador deve ter história prolongada de exposição a níveis de ruído elevados(>85
dB (A)/8horas/ dia), suficientes para causar uma perda no nível e configuração observados
nos testes audiológicos.
- A perda auditiva deve ter se desenvolvido gradualmente num período de, geralmente,
seis a 10 anos de exposição.
- A perda auditiva deve ter se iniciado nas altas freqüências audiométricas (ordem
características de 6,4,8,3,2 ou 4,6,8,3,2 kHz) e ser equivalente nos dois ouvidos.
- Os resultados dos testes e reconhecimento de fala devem ser consistentes com os
resultados da audiometria tonal.
- A perda auditiva deve estabilizar-se, quando a exposição a ruído for eliminada.
(LEMASTERS; MORATA apud COSTA, et al. 2001, p.3).
A perda auditiva permanente devido ao ruído é descrita como ocorrendo
primeiramente entre 3.000 e 6.000 Hz (altas freqüências), sobretudo em 4.000 Hz, em função
da própria anatomia e da própria dinâmica de funcionamento do aparelho auditivo humano.
(SALIBA, 2001,p.72).
A Lei orgânica da saúde nº 8.080, de setembro de 1990, no seu artigo 6º conceitua
a saúde do trabalhador como
pela exposição a níveis de pressão sonora elevados e outros agentes de risco para a audição;
identificar empregados com patologias de orelhas e audição não relacionadas ao trabalho,
encaminhado-os para tratamento adequado; diagnosticar precocemente os casos de Perdas
Auditivas Ocupacionais, estabelecendo medidas eficazes, preservando a saúde dos
trabalhadores; adequar à empresa às exigências legais.
Com relação ao controle do ruído, Okamoto e Santos (1999) dividiram a intervenção
em três níveis: intervenção na fonte sonora, intervenção sobre a propagação (trajetória) e
intervenção sobre o trabalhador.
Segundo Saliba (2001), as medidas na fonte e na trajetória deverão ser prioritárias
quando viáveis tecnicamente. Não sendo possível, a controle do ruído na fonte e na trajetória,
deve-se, como último recurso, adotar medidas de controle no trabalhador como complemento 21
às medidas anteriores, ou quando não forem elas suficientes para corrigir o problema. Dentro
do controle no homem, está o uso do EPI (equipamento de proteção individual).
Devemos ressaltar que a simples utilização do EPI não implica a eliminação do risco
de o trabalhador vir a sofrer diminuição da capacidade auditiva. Os protetores auriculares,
para serem eficazes, deverão ser usados de forma correta e obedecer aos requisitos mínimos
de qualidade representada pela capacidade de atenuação, que deverá ser devidamente testada
por órgão competente. O uso constante do protetor é importante para garantir a eficácia da
proteção (SALIBA, 2001, p.83). O autor afirma ainda, que os protetores auriculares deverão
ser capazes de reduzir a intensidade do ruído abaixo do limites de tolerância.
As atividades seguidas fazem parte do trabalho do fonoaudiólogo dentro da equipe
de saúde da empresa:
- organização dos exames para subsidiar o diagnóstico médico;
- análise do panorama epidemiológico de perdas auditivas e estabelecimento de
prioridades para projetos de melhorias ambientais;
- a elaboração de tabelas de indicação de protetores;
- controle de seu uso por parte dos trabalhadores;
- elaboração de campanhas de saúde auditiva, palestras e treinamentos periódicos
para a correta utilização dos protetores e sensibilização dos trabalhadores para a
prevenção dos riscos para a audição.
- veiculação constante de informações relacionadas às ações de prevenção das perdas
auditivas por meio de todos os recursos de mídia disponíveis na empresa (boletins
periódicos, jornais, cartazes, internet, etc.).
- participação juntamente com a equipe de engenharia de segurança da elaboração
de propostas e desenvolvimento de projetos de melhorias ambientais e medidas
administrativas para a redução da exposição.
- Adequação do PCA da empresa a todas as exigências legais por meio da
documentação e registro adequado de todas as ações realizadas. (BERNARDI;
JUNIOR apud BERNARDI, 2003, p.25).
A avaliação audiométrica dos trabalhadores ainda é a maneira mais efetiva de
determinar o sucesso de um Programa de Controle Auditivo (PCA) em relação à prevenção
da perda auditiva induzida por níveis de pressão elevados. Com a comparação anual dos
resultados audiométricos pode-se detectar mudanças ou reforços nas intervenções propostas
pelo PCA, pois, deste modo encontra-se as áreas em que a proteção auditiva (coletiva e/ ou
individual) tenha falhas. (SANTOS apud BERNARDI, 2003, p.99).
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
Material e método
Os resultados estão demonstrados nas tabelas 1,2,3 e 4, que estão de acordo com
as respostas dos funcionários ao questionário aplicado. As tabelas 5,6 e7 estão relacionadas
aos resultados dos audiogramas atuais de admissão.
SETOR n %
Preparação 3 20,0
Revisão 7 46,6
Embalagem 1 6,7
Tinturaria 1 6,7
Fiação 2 13,3
Limpeza 1 6,7
TOTAL 15 100,0
QUANT. DE HORAS n %
0-4 - -
5-8 14 93,3
9 - 12 1 6,7
13 - 16 - -
TOTAL 15 100,0
n*
TIPO %
MUITAS VEZES
Plug 13 86,7
Concha 2 13,3
Conjugado - -
TOTAL 15 100,0
* Não se obteve nenhuma resposta em relação às frequências de algumas vezes e poucas vezes.
24 Tabela 4 - Distribuição de funcionários da FIBRASA, segundo queixas auditivas apresentadas,
João Pessoa, 2004.
QUEIXA n* %
Cefaléia 7 29,2
Tontura 1 4,2
Insônia 1 4,2
Otalgia 1 4,2
Zumbido 1 4,2
Irritabilidade 2 8,3
Diminuição de audição 2 8,3
Prurido 2 8,3
Nenhuma 7 29,2
TOTAL 24 100,0
* No questionário realizado, um trabalhador respondeu que tinha dois tipos de queixas (Cefaléia e
Prurido); outro respondeu que tinha Cefaléia e Irritabilidade, e um funcionário respondeu que possuia
todas as queixas já perguntadas.
ESTADO AUDITIVO* n %
OE normal e OD deficitário 1 6,6
OD normal e OE deficitário 4 26,7
Ambos os ouvidos normais 6 40,0
Ambos os ouvidos deficitários 4 26,7
TOTAL 15 100,0
* Considera-se OE como Ouvido Esquerdo e OD como Ouvido Direito.
4 - -
6 2 13,3
3e4 - -
3e6 3 20,0
4e6 1 6,7
3, 4 e 6 - -
Nenhuma 8 53,3
TOTAL 15 100,0
OBS.: Com relação à orelha direita, apenas um funcionário apresentou déficit nas 25
freqüências de 3, 4 e 6 KHz.
REBAIXAMENTO(dB)*
FREQUÊNCIA TOTAL
5 10 15
n % n % N % n %
3 1 16,7 - - 1 100 2 25
4 - - - - - - - -
6 2 33,3 1 100 - - 3 37,5
3e4 - - - - - - - -
3e6 2 33,3 - - - - 2 25
4e6 1 16,7 - - - - 1 12,5
3, 4 e 6 - - - - - - - -
TOTAL 6 100 1 100 1 100 8 100
* Um funcionário teve um rebaixamento de 15 dB na frequência de 3KHz e de 5dB na frequência de 6KHz.
Seis funcionários não apresentaram rebaixamento nestas frequências da PAIR e os outros dois não
apresentaram rebaixamento em nenhuma frequência no novo exame realizado.
De acordo com a tabela 2, percebe-se que grande parte do percentual dos funcionários
(93,3%) trabalha em um período de 5 a 8 horas diárias, estando assim, dentro dos padrões
permitidos de exposição ao ruído, o que está em consonância com Matos e Santos (1997).
Diante da tabela 3, constata-se que houve unanimidade quanto ao uso do protetor
auricular durante toda a jornada de trabalho. Fator este importante para garantir a eficácia da
proteção, segundo afirma (SALIBA, 2001).
Segundo a tabela 4, dos funcionários que apresentaram queixas auditivas, as de maior
incidência são cefaléia (29,2%) e irritabilidade (8,3%), sendo classificados por Okamoto e
Santos (1997) como queixas extra auditivas. Constatou-se ainda uma relevante incidência
(8,3%) de diminuição da audição.
26 Na tabela 5, observa-se que 60% dos indivíduos entrevistados apresentam um déficit
auditivo em um, ou ambos os ouvidos, embora todos façam uso do EPI, conforme a tabela 3,
e estejam dentro do limite de tolerância citado por (SALIBA, 2001).
Verifica-se na tabela 6, que sete funcionários apresentam diminuição auditiva nas
frequências entre 3 e 6 KHz, na orelha esquerda, estando condizente com a afirmação de
Saliba (2001) na qual o mesmo, descreve que as primeiras frequências auditivas atingidas
são as mais altas (3, 4 e 6 KHz).
De acordo com a tabela 7, 37,5% dos funcionários possuem um rebaixamento de 5
ou 10 dB na frequência de 6 KHz e 25% apresentam rebaixamento de 5 ou 15 dB apenas na
frequência de 3 KHz e 25% possuem rebaixamento de 5 dB na frequência de 3 e 6 KHz,
embora todos façam uso de EPI (constatado na tabela 3). Tais índices de rebaixamento
auditivos são condizentes com a afirmação de (SALIBA, 2001).
Considerações finais
participação da equipe multidisciplinar da referida indústria, uma vez que o mesmo realiza
exames audiométricos periódicos que compõem um conjunto de ações preventivas em favor
da saúde audiológica e qualidade de vida dos funcionários.
Referências
CARVALLO, Renata M. M. LICHIIG, Ida. Audição: Abordagens atuais. São Paulo: Pró-
Fono, 1997.
COSTA, Everaldo A.; et al. Perda Auditiva Induzida pelo Ruído. Rio de Janeiro: Revinter, 27
2001, v. 2..
MATOS, Marcos P.; et al. A. Ruído, riscos e prevenção. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1999.
SALIBA, Tuffi M. Manual prático de avaliação e controle do ruído. 2. ed. São Paulo:
LTR, 2001.
Recebido: 22.03.2005
Avaliado: 10.09.2007
RESUMO
ABSTRACT
This research aimed at identifying and investigataing the clinical procedures adopted
by the pediatric physicians in the city of João Pessoa before hearing symptoms and as a result,
to show the procedures mosly used by these experts. A semi-structured intérview was
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
accomplished with 10% percent of the activist pediatricians of the city. In order to obtain the
result of zero to six-month-old babies, the pedriatricians assessed the patients´ hearing ability
and then they sent these assessments to experts when the mothers complained about their
babies´ audition, particularly when the child was considered at high risk in terms of hearing
during assessment routine. It was observed that such an assessement was firstly carried out
by 43% of the otorhinolaryngologist and then 33,5% of the phonoaudiologist.
Key-words: Hearing, patients, pediatricians
Introdução 29
Resultados
Tabela 1 – Número de respostas dos pediatras referente à idade em que realizam a investigação
auditiva das crianças. João Pessoa, PB – 2004.
Idade (meses) n(*) %
0–6 20 74,0
6 – 12 4 14,8
12 – 24 1 3,7
24 – 36 1 3,7
Mais de 36 1 3,7
Total 27 100,0
FONTE: Direta
* Alguns pediatras assinalaram mais de uma alternativa.
32 Conforme é observado na Tabela 1, 74% dos pediatras entrevistados investigam a
audição dos seus pacientes entre 0 e 6 meses de nascido, 14,8% entre 6 e 12 meses e apenas
11,1% para as demais idades.
Tabela 3 – Número de respostas dos pediatras referente à conduta quando a mãe apresenta
queixa quanto à audição da criança ou atraso de fala. João Pessoa, PB – 2004.
Conduta n(*) %
Realiza algum teste 2 6,5
Encaminha para um fonoaudiólogo 9 30,0
Encaminha para exame audiológico 6 20,0
Encaminha para o otorrinolaringologista 13 43,5
Outros - -
Total 30 100,0
FONTE: Direta
* Alguns pediatras assinalaram mais de uma alternativa.
exames audiológico e 6,5% realizam algum teste, como por exemplo: a emissão de sons
fortes e o comportamento auditivo da criança. Os exames audiológicos citados foram:
Audiometria tonal, Audiometria de Tronco Encefálico (BERA), Emissões Otoacústicas e
Audiometria comportamental.
Tabela 4 – Número de respostas dos pediatras referente à conduta especial com bebês de 33
“alto risco” pra audição. João Pessoa - PB, 2004.
Conduta especial N %
Sim 20 95,0
Não 1 5,0
Total 21 100,0
FONTE: Direta
Como mostra a Tabela 4, 95% dos pediatras adotam uma conduta especial para as
crianças que apresentam fatores de alto risco para audição.os pediatras adotam uma conduta
especial para as crianças que apresentam fatores de alto risco para audição.
Tabela 5 – Número de respostas dos pediatras referente à idade em que os pediatras adotam
conduta especial com crianças de “alto risco” para audição.
Idade (meses) N %
0–6 19 95
6 – 12 1 5
12 – 24 - -
24 – 36 - -
Mais de 36 - -
Total 20 100,0
FONTE: Direta
Na Tabela 5, observa-se que os 95% dos pediatras que adotam conduta especial
com estas crianças, realizam-se em um período desde o nascimento até os 6 meses de idade.
Discussão
De acordo com os resultados desse estudo pode-se afirmar que a maioria dos pediatras
que participaram da pesquisa, investiga a audição da criança entre 0-6 meses de vida. Estes
achados corroboram com os do Comitê Brasileiro Sobre Perdas Auditivas na Infância
(CBPAI), descritos na resolução 01/99, que afirma que todas as crianças devem ser avaliadas
no nascimento ou no máximo até os três meses de idade.
Em relação à situação em que o especialista encaminha a criança com suspeita de
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
Considerações Finais
Referências
AZEVEDO, Marisa Frasson de. Avaliação Audiológica no Primeiro Ano de Vida. In:
LOPES FILHO, Otacílio. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 1997.
NORTHERN, Jerry L.; DOWNS, Marion P. Audição em Crianças. São Paulo: Manole,
1989.
Recebido: 21.11.2007
Avaliado: 14.04.2009
RESUMO
ABSTRACT
this research, a bibliographic survey and some individual interviews were necessary. A camera
was also used to record the compromising postures by the students and then they were
analyzed by the RULA method. Based on the results it was possible to show that the
students perform compromising postures, highlighting the seated, standing and transference
postures, scoring 7/7, according to the RULA method. Hence, some recommendations have
been made in order to improve awareness about the body during the treatment, once it may
be a risk to health.
Key-words: Ergonomics, risks, recommendations.
Introdução 37
Segundo Azzolini (2006), toda atividade requer um esforço tanto físico como psíquico,
com intensidades que variam segundo a pessoa e a tarefa a ser realizada. Em muitas ocasiões,
o ser humano vai muito além de seus limites, principalmente durante a sua atividade laboral,
mas quando os esforços ultrapassam a capacidade, surgem a sobrecarga, a fadiga e o desgaste
pessoal. Diante disto, pode-se dizer que o estresse postural é produzido por um esforço
excessivo, pelas posturas estáticas e pelos movimentos repetitivos.
No que diz respeito à postura, Tribastone (2001) relata que existem três componentes
estruturais da postura, a dizer: postura mecânica, neurofisiológica e psicomotora. O autor
afirma que o principal fator da postura é o tônus muscular, que não é somente a base da
acomodação postural, mas também a expressão das emoções e dos movimentos ou atitudes.
Magee (2002) diz que a o estresse postural pode ser o resultado do efeito acumulativo
de repetidos pequenos estresses anormais durante um curto período de tempo. Esses estresses
crônicos podem resultar nos mesmos problemas que ocorrem quando um intenso estresse
súbito (agudo) é aplicado ao corpo.
De acordo com Kisner e Colby (2005), os movimentos repetitivos amplos também
requerem que os músculos respondam para controlar a atividade. Se a sobrecarga biomecânica
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
Método Rula
corpo é dividida em seções e recebe número 1, se o risco de lesão for o menor possível, o
número aumenta com o aumento do risco. Os níveis de postura de ambas as partes do
corpo são avaliados através de escores, a partir da posição do membro observado.
O escore para uso dos músculos e força foi desenvolvido para incluir no estudo
carregamentos adicionais no corpo causados por trabalho excessivamente estático, movimentos
repetidos, necessidade de força ou carregamentos externos durante o trabalho. Os escores
para uso dos músculos e escores de força são indicados a seguir.
Escore para atividade muscular dos grupos A e B: 39
· 1 se a postura é predominantemente estática por mais de 1 min;
· 1 se a postura se repete por mais de 4 vezes por min.
Escore de força para os grupos A e B:
· 0 se não existe resistência, ou carga inferior a 2 kgf, e intermitente;
· se a carga está entre 2 a 10 kgf e é intermitente;
· 2 se a carga está entre 2 a 10 kgf, e é estática ou repetitiva (4 vezes/min);
· 3 se a carga é superior a 10 kgf, estático ou repetitivo;
· 3 é choque ou força aplicada com rapidez.
Para se obter o escore final é necessário a união do resultado dos escores do primeiro
nível com o do segundo nível de cada grupo. Exemplo: Escore A + uso dos músculos e
escore de força para o grupo A = Escore C; Escore B + uso dos músculos e escore de força
para o grupo B = Escore D. Neste passo o escore C e D são transformados no escore final,
que mostra a magnitude das providências a serem tomadas e a prioridade para subsequentes
investigações. O escore final vária de 1 a 7, e para cada escore final há um nível de ação.
Metodologia
Este estudo pode ser caracterizado como uma pesquisa de caráter descritivo e
exploratório, que segundo Alvão e Monte (2003), o pesquisador procura conhecer e interpretar
a realidade, sem nela interferir para modificá-la. E quanto aos meios, esta pesquisa corresponde
a um estudo de caso.
O universo da pesquisa foi composto por 22 acadêmicos de fisioterapia, que atuam
na Clínica Escola de Fisioterapia do Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ; Entretanto,
40 a amostra foi representada por 15 acadêmicos, caracterizando 68,2% do total da população.
Quanto aos instrumentos da pesquisa, foram utilizadas para coleta de dados, uma câmera
fotográfica para capturar posturas adotadas pelos pesquisados, assim como a aplicação de
um questionário, através da técnica de entrevista, com questões objetivas e subjetivas sobre
estresse postural e a atividade realizada.
Previamente a coleta de dados, foi obtida uma autorização, para realização do estudo
através de um termo de consentimento livre e esclarecido, baseado na resolução 196/96.
Essas informações foram coletadas no período de 03/05/06 à 05/05/06, no horário das 9:30
às 12:00h, que corresponde ao horário de atendimento.
Referentes à análise dos dados obtidos, foram coletadas 55 fotos em relação à
biomecânica postural adotada pelos acadêmicos, mas a amostra foi composta por apenas 20
fotografias. Estas fotografias foram avaliadas através do método RULA. Já as informações
obtidas no questionário foram analisadas de forma qualitativa e quantitativa, através de medidas
descritivas simples.
Resultados e discussão
Caracterização de Indivíduos
60%
50%
Frequência média
40% Sentada
25%
Em pé
30%
Ajoelhada
10% 10%
20% Transferência
10%
0%
1 Fonte: Dados da pesquisa
60% 54,5%
50%
Escore 0/1
Frequência média
40% Escore1/2
Escore 6/6
30%
Escore6/7
20% Escore7/6
9,1% 9,1% 9,1% 9,1% 9,1% Escore 7/7
10%
0%
1
Fonte: Dados da pesquisa
Figura 2: Escore referente à postura sentada
Esta postura é altamente fatigante, pois exige grande trabalho estático da musculatura
envolvida. A posição em pé provoca fadiga nas costas e pernas. Um estresse adicional pode
aparecer quando a cabeça e o tronco ficam inclinados, provocando dores no pescoço e nas
costas (DUL e WEERDMEESTER, 2000).
De acordo com a figura 4, os escores foram 6/6 e 6/7. Pode-se ainda constatar que
o escore de 6/7 ressalta uma predominância da sobrecarga em um dos lados do corpo,
sendo maior no lado esquerdo. Mas, para ambos os escores, devem ser realizadas orientações
quanto às posturas adequadas e evitar movimentos repetitivos. Nas tarefas aplicadas pelos
acadêmicos na postura ajoelhada, verificou-se uma sobrecarga na coluna. Elas foram realizadas
no tatame alto como: a aplicação de técnicas manuais que exigem força muscular.
0%
1
Considerações finais Dados: Fontes da pesquisa
DUL, J.; WEERDMEEESTER. B. Ergonomia Prática. 2. ed. São Paulo: Edgard Blucher,
2004.
GARDINER, M. D. Manual de Terapia por exercícios. 4. ed. São Paulo: Santos Livraria
Editora, 1995.
PERES, Celeide Pinto Aguiar. Estudo das sobrecargas posturais em fisioterapeutas: uma
abordagem biomecânica ocupacional. Florianópolis: 2002, 128 fs. Dissertação (Mestrado
em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, 45
Florianópolis, UFSC, 2002.
Recebido: 30.04.2007
Avaliado: 14.03.2009
RESUMO
O objetivo deste trabalho é fazer uma análise ergonômica das condições de trabalho
do cirurgião dentista, no setor de endodontia, na Universidade Federal da Paraíba, visando
verificar os problemas deste posto que possam causar danos ao trabalhador. Foi identificada,
como problema principal, a disposição dos equipamentos, somada à inadequação da bandeja,
o que levava o profissional a adotar posturas inadequadas com sobrecarga na coluna vertebral.
Juntamente a estes fatores, as condições termoambientais insuficientes dificultavam o
desenvolvimento das atividades destes profissionais. Desse modo, cogita-se a necessidade
de tentar melhorar as condições de trabalho através de mudanças no layout, nas condições
ambientais e no processo de atendimento.
Palavras-chave: Ergonomia, segurança no trabalho, endodontia.
ABSTRACT
This work aims at analyzing the ergonomic conditions of the working place of a surgeon
dentist, working with endodentistry, at Universidade Federal da Paraíba so as to pinpoint the
problems that may cause demage to workers. The arrangement of equipment was identified
as a main problem added to the inadequacy of trays, which used to lead the professional to
inappropriate body posture, thus, stressing the spinal column. Moreover, inappropriate thermo-
environmental conditions hindered the development of activities. Hence, the improvement of
the working conditions through layout changes, is being observed in the environmental
conditions and in the working process.
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
Caracterização da seção
contração isométricas ao utilizar a broca, seringa, lima e outros utensílios que exijam movimentos
finos e precisos. Portanto, ressaltando assim, o profissional que está exposto a sobrecarga
física pode ser levado ao estresse e a problemas posturais, além da diminuição de sua
produtividade.
Metodologia
Referências
GUÉRIN F. et al. Compreender o Trabalho para Transformá-lo. São Paulo: ABDR, 2001.
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
Recebido: 09.05.2007
Avaliado: 03.02.2009
Contato com o autor
email: celsorodr@bol.com.br
BENEFÍCIOS DO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO NO 53
PÓS-OPERATÓRIO DA REVASCULARIZAÇÃO DO
MIOCÁRDIO
RESUMO
ABSTRACT
This article aims at approaching the importance of the physiotherapy in the treatment
of patients submitted to myocardial revascularization surgery. For so much, some books,
articles, monographies end theses were used, serving as theorectical backgrounds. The results
shown that the cardiac rehabil, tation presents prophylactic and therapeutical goals in orderto
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
reduce the physical and psychosocial impact of the disabling and limiting conditions in individuals
and thus to restore and to increase its functional capacity. It is concluded that the Phisiotherapy
reduces the decurrent deleterious effect of the cardiac by eventing, preventsg subsequent
reinfarction, reduces costs with the health and, above all, improves the quality of life of these
patients.
Key-words: Stroke, surgery, patients.
54 Introdução
soma de intervenções que asseguram a melhora das condições físicas, psicológicas e sociais
daqueles pacientes com doenças cardiovasculares pós-agudas e crônicas, podendo, por
seus próprios esforços, preservar e recuperar suas funções na sociedade e, através de um
comportamento saudável, minimizar ou reverter a progressão da doença (RICARDO;
ARAÚJO, 2006).
Centrado nestes estudos, o presente estudo pretende abordar a importância da
fisioterapia no tratamento de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca de revascularização do
miocárdio, os quais necessitam de acompanhamento fisioterapêutico tanto no pré, quanto no
pós-operatório, visando uma melhor reabilitação do paciente (SONES; SHIREY, 2001).
A Fisioterapia no pós-operatório da revasculação do miocárdio 55
A Reabilitação Cardíaca (RC) pode ser definida como uma soma de intervenções
que asseguram a melhora das condições físicas, psicológicas e sociais daqueles pacientes
com doenças cardiovasculares pós-agudas e crônicas, podendo, por seus próprios esforços,
preservar e recuperar suas funções na sociedade e, através de um comportamento saudável,
minimizar ou reverter a progressão da doença (RICARDO;ARAÚJO, 2006).
Os objetivos da RC são atenuar os efeitos deletérios decorrentes de um evento
cardíaco, prevenir um subsequente reinfarto e rehospitalização, redução de custos com a
saúde, atuar sobre os fatores de risco modificáveis associados às doenças cardiovasculares,
melhorar a qualidade de vida destes pacientes e reduzir as taxas de mortalidade.
A RC é indicada para pacientes que receberam um diagnóstico de infarto agudo do
miocárdio ou foram submetidos à revascularização miocárdica ou transplante cardíaco e,
ainda, para aqueles com angina crônica estável e insuficiência cardíaca crônica (GUIMARÃES,
2004).
Dentre as fases da Reabilitação Cardíaca, a fase I compreende a parte inicial do
programa; sendo, estão, a fase hospitalar aguda. O indivíduo internado que sofreu cirurgia
cardiovascular, inicia a programação de reabilitação física tão logo seu quadro clínico seja
considerado estável, passando por estágios que evoluem de acordo com a sua recuperação,
até a sua alta hospitalar. Esta fase tem como objetivos evitar os efeitos negativos do repouso
prolongado no leito, como os fenômenos tromboembólicos, evitar posturas antálgicas, estimular
o retorno mais breve às atividades físicas cotidianas, manter a capacidade funcional, desenvolver
a confiança do paciente, diminuir o impacto psicológico (como ansiedade e depressão), evitar
complicações pulmonares, maximizar a oportunidade da alta precoce e fornecer as bases de
um programa domiciliar (AZEVEDO, 1999; GONÇALVES et al., 2005).
Alguns autores relatam que a atividade física permanente por meio da fisioterapia tem
grande importância na terapêutica dos pacientes, devendo ser iniciada precocemente, se
possível, ainda na fase hospitalar, dando prosseguimento pós-alta hospitalar, o que propicia
retorno ao estilo de vida anterior melhor qualidade de vida (TANIGUCHI; PINHEIRO,
2000).
Para Umeda (2005), os exercícios aeróbios melhoram a aptidão cardiovascular e
aumentam a autoconfiança quando praticados por um período prolongado, promovendo
adaptações morfológicas e funcionais no que diz respeito ao sistema cardiovascular e ao
sistema muscular.
Atualmente, diversos programas de reabilitação cardíaca vêm sendo desenvolvidos
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
com o propósito de propiciar aos pacientes um retorno mais precoce às atividades diárias e
com melhor qualidade de vida, objetivando a prática regular dos exercícios físicos com
segurança e baixos custos (BOTELHO, 2006).
O mecanismo básico das complicações pulmonares no pós-operatório de cirurgias
cardíacas está relacionado à diminuição insuflação pulmonar decorrente de uma respiração
mais superficial, com diminuição da frequência e da amplitude dos suspiros inspiratórios;
permanência prolongada em um mesmo decúbito; disfunção diafragmática temporária de
magnitude variável; alterações do clearance mucocilliar e a insuficiência do mecanismo da
tosse que leva o paciente a complicações pulmonares mais graves tais como: atelectasias,
pneumonias, derrame pleural, insuficiência respiratória, lesão do nervo frênico e mediastinite
(AMIB, 2002).
56 Nestes casos, a fisioterapia deverá aperfeiçoar a oxigenação, melhorar a ventilação e
diminuir o trabalho respiratório. Tudo isso é associado a uma terapêutica medicamentosa
adequada para que a congestão pulmonar e ansiedade diminuam, proporcionado assim, uma
melhor reabilitação do paciente (BOTELHO, 2006).
A reabilitação cardíaca apresenta objetivos profiláticos e terapêuticos, visando reduzir
o impacto físico e psicossocial das condições incapacitantes e limitantes que acometem o
indivíduo, objetivando, assim restaurar e aumentar a sua capacidade funcional, de modo que
se obtenha considerável melhora na qualidade de vidas e do prognóstico. (BUCHLER et al,
1996).
Moraes et al. (2005), afirma que o tratamento fisioterapêutico na fase hospitalar
baseia-se em procedimentos simples, como exercícios metabólicos de extremidades, para
diminuir o edema e aumentar a circulação; técnicas de tosse efetiva para eliminar obstruções
respiratórias e manter os pulmões limpos; exercícios ativos para manter a amplitude de
movimento e elasticidade mecânica dos músculos envolvidos; treino de marcha em superfície
plana e com degraus, entre outras atividades, uma vez que a mobilização precoce dos pacientes
após cirurgia cardíaca demonstra reduzir os efeitos prejudiciais do repouso prolongado no
leito, aumenta a autoconfiança do paciente e diminui o custo e a permanência hospitalar.
A fisioterapia motora tem grande significado para o desenvolvimento da capacidade
respiratória, procurando evitar atelectasias em áreas pulmonares inferiores e sendo importante
na prevenção de processos vasculares venosos, particularmente tromboembolismo e
tromboflebites entre outros, sobretudo por alterações venosas no membro inferior (AMIB,
2002).
Para Braunwald (1999), a mobilização precoce reduz os efeitos prejudiciais do
repouso no leito e maximiza a velocidade em que as atividades habituais podem ser
reassumidas. Atualmente, novas técnicas terapêuticas permitem que a maioria dos pacientes
tenha alta hospitalar precocemente após infarto e revascularização do miocárdio sem perda
da capacidade funcional.
Foi realizado um estudo no Instituto do Coração (INCOR), onde os pacientes
submetidos a transplante cardíaco, iniciavam no programa de reabilitação até a alta hospitalar.
Após isso, os pacientes foram orientados a realizar caminhada com duração de quarenta a
sessenta minutos, com freqüência de quatro a cinco vezes na semana. Após seis meses esses
pacientes foram submetidos à reavaliação, e assim encaminhados para um programa de
condicionamento regular. Concluíram nesse estudo, que a atividade física regular tem papel
importante na terapêutica dos transplantados, devendo ser iniciada precocemente, se possível,
ainda na fase hospitalar, dando prosseguimento após-alta hospitalar, para que possam retornar
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
a um estilo de vida normal, próximo do que tinham antes da doença, permitindo um convívio
social satisfatório, com retorno a uma vida ativa e produtiva (GONÇALVES, 2006).
Araújo et al. (2004) relatam em seus arquivos que o crescente reconhecimento do
papel benéfico do exercício físico regular leva à maior demanda de programas de exercício
supervisionado nas cidades brasileiras de grande e médio porte. No entanto, deve-se aumentar
a oferta de serviços especializados capazes de proporcionar um atendimento de qualidade
aos pacientes. A prescrição do exercício deve basear-se tanto em dados objetivos de um
teste de esforço máximo limitado a sintomas, como em dados subjetivos relacionados com
estado clínico, resposta ao exercício entre outros.
O trabalho aeróbio não apenas melhora a aptidão cardiovascular como também
aumenta a autoconfiança e a sensação de bem-estar. Mesmo com o alívio dos sintomas, os
pacientes tornam-se inseguros com relação às suas limitações, e temerosos de que reapareçam 57
os sintomas. Efeitos extremamente benéficos do exercício aeróbio, sob esse aspecto,
representam a contribuição isolada mais importante da reabilitação nos pacientes submetidos
à revascularização (BRAUNWALD, 1999).
Terapia de expansão
e, em seguida, expirar suavemente por via oral até o nível de repouso (AZEVEDO, 1999).
- Sustentação Máxima Inspiratória (SMI): consiste em uma inspiração nasal suave
e uniforme até atingir a capacidade inspiratória máxima, seguindo-se por um período de
apnéia (3 a 10s). A expiração oral é lenta, contínua e sem esforço, até atingir o volume de
reserva expiratório máximo (AZEVEDO, 1996).
- Pressão de Suporte (SP): é o fornecimento de níveis predeterminados de pressão
positiva apenas na fase inspiratória, de forma constante, na via aérea do paciente, associado
à pressão positiva expiratória final (PEEP). Pode ser usada em VM convencional ou como
ventilação não-invasiva (BARBAS et al., 1994).
- Respiração por Pressão Positiva Intermitente (RPPI): é a manutenção da pressão
positiva dentro das vias aéreas durante toda a inspiração, de forma intermitente (TANIGUCHI
58 e PINHEIRO, 2000). No pós-operatório é o acessório de escolha quando o paciente é
incapaz de aumentar seu volume corrente adequadamente durante o tratamento e apresentando
dificuldade em expectoração. Nesses pacientes o uso da RPPI pode ser associado com
manobras de expansão pulmonar (WEBBER et al., 2002).
- Inspirometria de incentivo: A manobra básica de inspirometria de incentivo é a
inspiração máxima sustentada (SMI) e podem ser utilizados dispositivos orientados pelo
volume ou pelo fluxo. Os dispositivos a volume são mais fisiológicos e quantificam de forma
direta o volume inspirado. Já os dispositivos a fluxo quantificam apenas indiretamente o volume
inspirando, podendo ainda gerar fluxo turbulento inicial, e quanto mais elevado for o fluxo
durante a inspiração, maior a turbulência e, conseqüentemente, maior o trabalho respiratório
(AZEVEDO, 1996; TANIGUCHI;PINHEIRO, 2000; WILKINS; SCANLAN, 2000).
- Manobra de pressão negativa (MPN): esta manobra facilita uma contração mais
forte dos músculos da região alongada, provocando um maior esforço inspiratório. A eficácia
dessas manobras exige excelente coordenação paciente-terapêuta. Deve-se fazer uma
compressão para conscientizar o deslocamento do fluxo e uma rápida descompressão com a
mão, em concha, como que formando um “vácuo” (JIMENEZ, 1992; TANIGUCHI;
PINHEIRO, 2000).
- Direcionamento de fluxo: O fisioterapeuta deve periodicamente bloquear um
hemitórax (ou parte de um hemitórax) visando o aumento de fluxo contra lateral, desde que
não se produza um ciclo inspiratório mais rápido. O bloqueio é realizado com o objetivo de
expandir o pulmão contralateral. Esta técnica exige cautela no caso de uma esternotomia
mediana para não provocar dor e desequilíbrio na incisão (JIMENEZ, 1992; TANIGUCHI;
PINHEIRO, 2000).
Saindo da UTI, o paciente segue para a unidade de interação, onde requer cuidados
de fisioterapia respiratória que visam continuar o tratamento iniciado na UTI. É importante
observar as condições do paciente pós-alta da UTI na unidade de internação: estado geral,
quadro respiratório e exames complementares (SENRA et al., 1998).
Várias condutas poderão ser realizadas na enfermaria, observando sempre as
condições do paciente. A intensidade dos exercícios varia de acordo com a quantidade de
oxigênio consumida pelo miocárdio.
Considerações finais
Com as informações obtidas por meio desta revisão bibliográfica conclui-se que a
Revascularização do Miocárdio (RM) é uma intervenção complexa que pode envolver diversas
terapias, incluindo aconselhamento nutricional, acompanhamento psicológico, orientação
quanto aos fatores de risco e à administração de drogas. Contudo, grande parte do sucesso
dos programas de RM é devida à terapia baseada no exercício físico, sendo esta considerada
a estratégia central destes programas.
Diante do exposto, é necessário que continuem sendo desenvolvidas pesquisas nesta
área da fisioterapia, bem como o desenvolvimento de protocolos, de projetos e de programas
de Reabilitação Cardíaca, para que assim possa-se melhorar ainda mais a recuperação física
e psicossocial do paciente.
Referências
BOAS, Perondini, et al. In: MENNA, Barreto S.S, VIEIRA, S.R.R, Pinheiro. Rotinas em
terapia intensiva. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.
60 BOTELHO, Lima. Revascularização do miocárdio. In: UMEDA, I. Ioco Kikuchi. Manual
de Fisioterapia na reabilitação cardiovascular. Barueri-São Paulo, Manole, 2006.
MORAES, S. R., et al. Diretriz de reabilitação cardíaca. Arq Bras Cardiol, 84(5), p.
431-40, 2005.
REGAN, Kathy; KLEINFELD, Margaret E. & ERIK, Patrice Castle. Fisioterapia para
Pacientes com Cirurgia Abdominal ou Torácica. In: IRWIN, S. & TECKLIN, J. S –
Fisioterapia Cardiopulmonar. 2. ed. São Paulo: Macule, 1994.
RICARDO, D.R.; ARAÚJO, C.G.S. Reabilitação Cardíaca com ênfase no exercício físico:
uma revisão sistêmica. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. vol. 12, n.5, Set/Out,
2006.
Recebido:22.07.2008
Avaliado: 02.06.2009
RESUMO
ABSTRACT
The objective of this paper is to bring a brief overview about stress which may serve
as a comprehensive device for the theme. As it is known, stress is recognized as one of the
most serious threats to the individual´s psychological and social well being. Transformations in
the production processes and in the contemporary lifestyle are based in competition and
developing demand above all place the workers in a state of continuous tension, that brings
negative consequences to society. The hypothesis that stress has always been present in
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
society is raised through history. The difference noticed in society is questioned in which stress
changed from organic adaptive function to chronic disease. The fragmentation of study materials
about stress is evident and many of them are related to the diverse concepts and historic
evolution.
Key-words: Chronic disease, life quality, work.
Apresentação 63
Introdução
de estresse.
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde, os chamados transtornos
mentais menores acometem cerca de 30% dos trabalhadores e os transtornos mentais graves,
cerca de 5 a 10%. No Brasil, segundo dados do INSS, referentes apenas aos trabalhadores
com registro formal, os transtornos mentais ocupam a 3ª posição entre as causas de concessão
de benefício previdenciário como auxílio doença, afastamento do trabalho por mais de quinze
dias e aposentadorias por invalidez, (MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL, 2001).
São notáveis as influências que os intensos processos de “modernização”, observados
nos dias de hoje, ocasionam nos ambientes laborais, repercutindo nos modos e condições de
trabalho, relações de produção e capacidade de resistência e adaptação dos trabalhadores a
essa nova carga de demandas. (COSTA, 2000).
64 Alevato (2003) afirma que atualmente enfrentamos, nesses tempos de globalização
imposta e crise - inclusive pela redefinição do binômio empregabilidade/sobrevivência - um
aumento significativo da quantidade de pessoas padecendo de alguma forma de sofrimento
psíquico em decorrência de fatores estressores.
As mudanças ocorrem continuamente na vida e os organismos devem estar preparados
para se adaptar a elas o mais rapidamente possível a fim de garantir a sobrevivência. O
estresse funciona como um mecanismo de adaptação, necessário para estimular o organismo
e melhorar sua atuação diante de circunstâncias novas.
Em hipótese, o estresse sempre esteve presente na sociedade, ao longo da história.
O ser humano sempre se defrontou com situações problemáticas que eram consideradas
como superiores à suas capacidades de resolução. Questiona-se, então, o que de diferente
pode ser notado na sociedade atual, na qual o estresse passou de função orgânica adaptativa
à doença crônica.
Histórico
O termo estresse tem origem da palavra latina stringere que significa provocar tensão,
(PAVÓN, 2004). Pode-se dizer que a palavra estresse foi utilizada pela primeira vez com
sentido técnico no século XIV, para referir-se à dificuldade, lutas, adversidades.
No início dos anos de 1900, a idéia de trabalhadores como pessoas portadoras de
necessidades complexas, que necessitavam serem levadas em conta, para que tais indivíduos
pudessem ter um desempenho adequado e satisfatório no trabalho, não era evidente, (WOOD,
1995).
Com o advento das revoluções burguesas e todo o contexto histórico que levou a
profundas modificações nos modelos de produção, culminando na sociedade industrial, é de
extrema importância salientar o impacto de tais mudanças na vida dos trabalhadores, e a
repercussão, vivenciada ainda hoje, de tal transformação.
A partir das pesquisas de Frederick Winslow Taylor, toda uma nova forma de pensar
o processo de produção e sua organização se desenvolveu: o taylorismo. Sua obra “The
Principles of Scientific Management” é um marco no pensamento analítico do trabalho, visando
uma completa reestruturação de tal processo, com o objetivo de alcançar produtividade sem
precedentes. O conjunto de princípios de organização do trabalho desenvolvido por Taylor
marca ainda hoje a gestão das empresas.
F. W. Taylor propôs um método de análise do trabalho que permitiu decompor as
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
Conceituação
COSTA, S. T. F. L., Jorge, I. P., Sperandio, F. F., Pereira, V. L. D. V. (S. d.). A construção
civil e o estresse como uma realidade. Disponível em: http://www.cramif.fr/pdf/th4/Salvador/
posters/bresil/da_costa1.pdf. Acesso em: 20 de Abril de 2008.
LAZARUS, R., Folkman, S.Stress appraisal and coping. N.T.: Spring Publishing Company.
1984.
MARQUES, A. L., Moraes, L. F. R., Costa, R.P., Ferreira, J.R. Qualidade de vida e
estresse no trabalho em uma grande corporação de Polícia Militar. Disponível em: http:/
/www.fgvsp.br/iberoamerican/Papers/0147_Iberoamerican-Policia%20Militar(2003).pdf.
Acesso em: 25 de Abril de 2008.
Recebido: 01.03.2009
Avaliado: 17.04.2009
RESUMO
ABSTRACT
This work aims at identifying the main reasons that have led the teenagers to a
psychological treatment. All the files for selecting the adolescents with the ages between 10
and 20 years, from January of 2005 to July of 2006, were analyzed by totalizing 89 informants.
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
The results have predominantly indicated that all the adolescents consisted of females with an
average age of eighteen, with incomplete basic education, and whose most common complaints
were related to an inadequate personality feature. The main source for guiding the psychological
research emerged from the family. It was thus concluded that there was a necessity of
multidisciplinary work for the adolescent; since the adolescence is a crisis moment, in which
the young is defining its identity, appearing some times the necessity of a facility, being able to
be the therapy.
Key-words: Mental health, adolescence, psychological treatment
Introdução 71
Para Osóri (1992), a adolescência é uma etapa na qual culmina todo o processo de maturação
biopsicossocial do indivíduo. Assim sendo, é de suma importância que se busque entender a
adolescência; procurando abstrair-se de uma visão determinista, que trace um perfil
estereotipado do adolescente.
Diante o exposto, o objetivo da presente pesquisa foi traçar um perfil dos adolescentes
encaminhados à Clínica-Escola de Psicologia do UNIPÊ.
72 Método / Participantes
Instrumento
Procedimento
Tabela 1
Distribuição de frequência conforme a origem do encaminhamento
Encaminhamento F %
Família 22 23,65
Busca espontânea 15 16,13
Professor/Escola 9 9,68
Amigo 8 8,61
Médico 7 7,53
Psicólogo 7 7,53
Curso de Psicologia 5 5,38
Clínica de Fono - UNIPÊ 3 3,22
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
Tabela 2
Distribuição de frequência conforme o motivo da consulta (queixa)
Motivo da Consulta F %
Caract. Personalidade 42 28,57
Comp. Indesejado 31 21,09
Transt. Psicológico 20 13,61
Dificuldades escolares 17 11,57
Dific. Relacionamento 15 10,20
Sintomas físicos 11 7,48
Outros 9 6,12
Sem resposta 2 1,36
Total 147 100
Quanto ao motivo da consulta, observou-se que a maior parte das queixas relacionou-
se a alguma “Característica de Personalidade”, totalizando 28,57% das queixas. A segunda
queixa mais frequente relacionou-se à categoria “Comportamentos Indesejados”, somando
21,09% dos casos. A terceira categoria de queixas apresentadas foi relativa aos Transtornos
Psicológicos, somando 13,61% das queixas, seguido por: dificuldade escolar, com 11,57%.
dificuldade de relacionamento, com 10,20%, sintomas físicos, com 7,48%, outros com 6,12%,
e sem resposta 1,36%. Algumas fichas de triagem apresentaram mais de uma queixa, resultando
num maior número de respostas em relação ao número de clientes.
Discussão
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
O Perfil da clientela levantado ao final desta pesquisa revela que a Clínica Escola de
Psicologia do UNIPÊ recebeu, no período de janeiro de 2005 a julho de 2006, um total de
89 adolescentes que, em sua maioria, eram do sexo feminino (59,56%), dados que concordam
com os obtidos em pesquisa de Peres, Santos e Coelho (2004). De acordo com os referidos
autores, pode-se pensar que tais achados refletem os condicionamentos socioculturais
moldados pelas relações de gênero, uma vez que, durante o processo de socialização, há
uma construção de gênero, que modela as características psicológicas mais associadas a
cada sexo e determina que as mulheres devem externalizar suas emoções, ao passo que os
homens devem ocultar seus sentimentos e aflições psíquicas.
Quanto à idade de encaminhamento, observou-se uma prevalência para o início e o
final da adolescência. No que tange o início da adolescência, tais dados corroboram com a
literatura, que afirma ser este o período em que há uma diminuição da auto-estima, aumento 75
de conflitos familiares, problemas escolares, consequentemente, de maior necessidade de
apoio psicológico segundo Ferreira et al (2002). Quanto ao final da adolescência, segundo
Peres, Santos e Coelho (2004), pode ser que esse fenômeno em parte deva-se ao fato de ser
o período de transição entre o final da adolescência e o início da vida adulta, fase marcada
por incertezas e crises existenciais, que podem culminar com a eclosão e/ou aceitação de
conflitos psicológicos.
Quanto à escolaridade, foi constatado que a maioria dos adolescentes tinha como
nível de escolaridade o Ensino Fundamental Incompleto, nível baixo perante a média de
idade dos informados. Tal fato faz pensar na necessidade de um trabalho em parceria, entre
a clínica e as escolas, por ser esta um ambiente específico e propício para implementação de
programas de ensino-aprendizagem.
O segundo índice mais frequente de escolaridade foi o Ensino Superior Incompleto.
Poder-se especular que uma parcela considerável desses adolescentes refere-se a aluno da
própria instituição, que visualiza o serviço como um importante recurso auxiliar para formação
profissional da área; sobretudo, para os interessados em atuar futuramente no âmbito clínico.
Com relação ao processo de encaminhamento e, segundo Ferreira et al (2002),
diversos estudos identificam o médico como a principal fonte de encaminhamento aos serviços
de Psicologia. Conforme as investigações feitas, isso está em desacordo com esta pesquisa,
em que o maior índice de encaminhamento foi realizado pela família. Tais dados podem ser
explicados pelo fato dos pais perceberem a adolescência como o estágio mais difícil da
paternidade e da maternidade, em virtude da perda de controle sobre o adolescente e o
medo em relação à sua segurança. Segundo Papalia e Olds (2000), os adolescentes sentem-
se mais felizes, livres e motivados quando estão com os amigos, em contraste com a família,
na qual a atmosfera tende a ser mais monótona e séria.
Os resultados deste trabalho concordam com os achados de Louzada (2003), nos
quais observou-se um grande índice de procura espontânea; que em nossa pesquisa ocupou
o segundo lugar (16,13% dos casos). Tal fato pode ser explicado, em virtude da quantidade
considerável de alunos de Psicologia entre os usuários da clínica-escola da UNIPÊ, que
possivelmente possuem uma visão menos preconceituosa acerca dos objetivos do processo
psicoterapêutico, buscando-o com menos resistência e mais naturalidade do que os
adolescentes de uma forma geral.
Característica de personalidade faz parte da ementa de queixas mais frequentes.
Assim, deve-se considerar que o psicólogo é um profissional, com uma visão integral do ser
humano, tem maior possibilidade de perceber comportamentos desviantes e atuar
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
Considerações finais
Referências
CONTINI, Maria de L. Jeffery; KOLLER, Silvia Helena; BARROS, Monalisa N. dos Santos.
Adolescente e Psicologia: Concepções Práticas e Reflexões Críticas. Brasília: Conselho
Federal de Psicologia, 2002.
FERREIRA, Tereza Helena Schoen et al. Perfil e Principais queixas dos clientes
encaminhados ao Centro de Atendimento e Apoio Psicológico ao Adolescente.
Psicologia em estudo, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 2-12, 2002.
OSÓRI, Luiz Carlos. Adolescente Hoje. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
PAPALIA, D. E; OLDS, S. W. Desenvolvimento Humano. 7 ed. São Paulo: Pioneira, 77
2000.
PERES, Rodrigo Sanches; SANTOS, Manuel Antonio; COELHO, Heidi Miriam Bertolucci.
Perfil da Clientela de um Programa de Pronto Atendimento Psicológico a Estudantes
Universitários. Psicologia em Estudo, Maringá, v.9, n.1, p. 7-8, 2004.
Recebido: 13.03.2009
Avaliado: 14.04.2009
RESUMO
ABSTRACT
This study ained at evaluating the energy expenditure during session of capoeira with
four subjects doing exercises for warming and stretching their limbs. The analyzed variables
were: body mass, height, body water and fat percentage by a bioimpedance scale of Tanita
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
brand. The heart rate was used to estimate the energy expenditure through digital monitors
(POLAR A5 brand). The SPSS 16.0 was used for the analysis of data. They have revealed
that the subjects started the training with an average of HR at rest of 71.2±6.8 bpm, body
mass 60.7±8.1 kg and %F 16.1%±2.5%. The training in the main part of the HR average
reached 176±23.5 bpm, setting in 158±11.3 bpm during the entire session. The post-training
evaluation showed the following changes: body mass=60.3±7.6 kg, %G=15.7%±2.4% and
loss of body water of 0.4±0.2 L. The estimated energy expenditure during the session was
687±171.7 kcal. It is thus concluded that the single session of capoeira showed energy
expenditure consistent to moderate and strong physical activity, and provided a satisfactory
caloric loss.
Key-words: Brazilian dance, energy expenditure, physical condition.
Introdução 79
Sobre o perfil dos praticantes de capoeira, observa-se que qualquer indivíduo pode
praticar esta atividade, por ser um esporte que pode ser praticado em qualquer idade, por
qualquer pessoa, em qualquer situação; pois, pela sua própria forma de ser, acaba se encaixando
no nível de intensidade e exigência tanto cardiovascular como muscular localizado, no nível
que lhe for possível, de acordo com suas condições especificas, independente do seu preparo
físico, orgânico ou muscular.
Atualmente, muitas academias de exercício físico estão utilizando a capoeira em suas
atividades esportivas. Em sua característica, esta modalidade apresenta-se como um exercício
de luta que possui um extrato filosófico muito importante na formação de crianças e jovens
tornando-se, por si só, uma atividade extremamente educacional. Além disso, parece ser
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
relevante pensar na capoeira como uma atividade física que propicia um melhor
condicionamento da aptidão física e um gasto energético compatível às outras atividades
físicas com predominância aeróbicas e anaeróbicas e que são sugeridas para o emagrecimento
devido às altas demandas energéticas despendidas.
Alguns pesquisadores da ciência da avaliação física esclarecem que a demanda
energética equivalente ao trabalho muscular refere-se a toda participação energética relacionada
às contrações musculares voluntárias, associadas, portanto, às atividades físicas, sendo a
capoeira uma atividade que se enquadra nesta perspectiva como uma modalidade esportiva
de condicionamento físico.
Neste contexto, considerando que publicações que abordem sobre temas relacionados
à capoeira e sua prescrição, ainda são necessários devido à inexistência de artigos originais
80 na literatura nacional. Por acreditar que a realização do treinamento de uma sessão de capoeira,
sob orientação adequada, com ênfase em parâmetros científicos, terá relação consistente
com o aumento do gasto energético e, consequentemente, a longo prazo, na melhora do
condicionamento físico e melhora da composição corporal, a questão norteadora que objetivou
a produção desse estudo foi qual o dispêndio energético durante uma sessão de treinamento
de capoeira. Desta forma, o presente estudo objetivou verificar o dispêndio energético durante
uma sessão de treinamento de capoeira.
Material e métodos
Caracterização do estudo
Amostra
Idade: foi considerada a idade em anos completos auto referida pelos capoeiristas.
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
Massa Corporal e estatura: Para a medida da massa corporal, foi utilizada uma balança
digital modelo Tanita, com divisão de 100g e capacidade máxima de 150 kg. Os avaliados
posicionaram-se em pé, com afastamento lateral dos pés, ereto e com o olhar fixo à frente.
Para a estatura, foi utilizado um estadiômetro da marca Sanny com precisão de 0,1cm e
campo de uso até 2,20m. A medida foi realizada com o cursor em ângulo de 90° em relação
à escala, sendo a estatura medida com o avaliado colocado na posição ortostática com os
pés unidos, procurando por em contato com o instrumento de medida as superfícies posteriores
do calcanhar, cintura pélvica, cintura escapular e região occipital, ficando por alguns instantes
em apnéia respiratória e com a cabeça em posição paralela ao solo.
Porcentagem de gordura e água corporal: a mensuração da gordura corpórea relativa à 81
massa e a água corporal foram estimadas pré e pós-treino através do método de balança do
tipo bioimpedância bipolar modelo Tanita. Tendo em vista algumas peculiaridades deste
método, alguns cuidados foram tomados visando minimizar algumas fontes de erros. Assim,
os sujeitos foram previamente orientados a não comerem ou beberem por 4 horas antes dos
testes.
Equipamentos utilizados para a sessão de Capoeira: Foi utilizada uma sala com dimensões
apropriadas para atividades com capoeira, ginástica e dança, com temperatura ambiente
próxima de 22 graus. Foram utilizados durante o treinamento colchonetes, bastão e aparelho
de som com DVD, apropriados para uma sessão de capoeira.
Protocolo experimental
Parte inicial: a sessão foi iniciada com o aquecimento, afim de elevar a temperatura corporal,
facilitando a mobilidade e visando tornar as articulações mais resistentes à pressão e à força.
Foram realizados movimentos na região das vértebras do pescoço (cervical) em seguida nos
ombros, cotovelos, punhos e quadril. Foram realizados movimentos circulares nos dois
sentidos, descendo para os joelhos e tornozelos. Na sequência foi iniciado um alongamento
82 básico dos membros superiores, região lombar e membros inferiores para então começar um
aquecimento em forma de corrida, com variações de direções e sentidos, sendo realizada
uma corrida de costas em zig zag e com elevação dos joelhos e calcanhar atrás (calcanhar no
glúteo). O tempo da parte inicial totalizou 10 minutos.
Parte principal do treinamento: Logo após o aquecimento, os sujeitos iniciaram uma “ginga”,
em dupla e realizando movimentações típicas da capoeira. Dando continuidade ao treinamento,
os capoeiristas executaram oito variações referentes à primeira sequência pedagógica
desenvolvida para a prática da capoeira proposta por “Mestre bimba” criador da capoeira
regional. Esta sequência foi fundamentada nos principais movimentos de ataque e defesa da
capoeira e suas nuances. As sequências foram sendo modificadas ao longo da sessão de
treinamento, visando variar o treinamento e alterar a complexidade dos movimentos de forma
evolutiva. Nesta fase do treino, ocorreram pausas entre as sequências para a realização de
exercícios abdominais e flexão de braço, visando o fortalecimento muscular. Concluindo a
fase principal em duplas, os capoeiristas realizaram movimentos de ataque e defesa (esquivas)
da capoeira com diversos contra-ataques como o “martelo” e a “vingativa” de forma bem
dinâmica semelhante ao “jogo da capoeira” propriamente dito. O tempo da parte principal
totalizou 35 minutos
Parte final: Esta etapa caracterizou-se com a volta à calma, sendo realizada em círculo com
os capoeiristas de frente para o interior do círculo e sentados. Foram feitos alongamentos de
membros inferiores e região do tronco. O tempo da fase final totalizou 5 minutos.
Análise dos dados: Após serem tabulados, os dados foram analisados pelo método descritivo
para valores de média, desvio padrão (DP) e percentuais (frequência), e método inferencial
por meio do “t” de Student para grupos dependentes para a verificação de diferenças
significativas pré e pós-teste. Para tanto, optou-se pelo uso do software Statistical Package
for the Social Sciences (SPSS) versão 16.0 for Windows.
Resultados
A Tabela 2 apresenta os valores pré e pós-teste das variáveis: massa corporal, estatura,
%G e CAB. Estatisticamente não foram observadas diferenças significativas (p>0,05).
Teste
Variáveis analisadas Média ± DP “t”
Pré-teste Pós-teste Dif.* p**
Massa corporal (kg) 60,7±8,1 60,3±7,6 0,4 0,92
Estatura (m) 1,67±0,05 – – –
% de gordura (%) 16,1±2,5 15,7±2,4 0,4 0,72
CAB (cm) 75,5±0,04 74,8±0,05 0,7 0,75
*Diferença (Dif.) = pré-teste – pós-teste;
**p<0,05 (valor significativo).
Discussão
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
Conclusão
STRATH, S.J. et al. Evaluation of heart rate as a method for assessing moderate intensity
physical activity. Med Sci Sports Exerc. v. 32, p. S465-70, 2000.
Recebido: 16.04.2009
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
Avaliado: 26.06.2009
RESUMO
O objetivo deste trabalho é apresentar uma proposta educativa libertadora que sirva
de respaldo na formação dos Agentes Comunitários de Saúde, privilegiando a integração
entre a teoria e a prática, assim como o entendimento do processo saúde/doença, orientado
a partir de uma abordagem metodológica: a problematização, levando-os a conhecer, analisar,
refletir e superar as dificuldades em todo seu caminhar. Entende-se que a formação educacional
bem alicerçada é âncora para o exercício seguro da profissão dos que pretendem transformar
realidades. Nesse sentido, espera-se desenvolver uma consciência crítica/reflexiva nos órgãos
formadores, no tocante a formação do ACS e este é argumento que justifica o caráter
estratégico e decisivo no desenvolvimento e realização do SUS.
Palavras-chave: Educação, abordagem metodológica, dificuldades .
ABSTRACT
those who intend to transform realities. In that sense, a critical/reflexive conscience is hoped
to grow in the formation organs, concerning the formation of the ACS, and this is a discussion
that justifies the strategic and decisive feature in the development and accomplishment of
SUS.
Key-words: Education, methodological approach, difficulties.
88 Introdução
Em meados dos anos 90, um trabalho foi realizado com um grupo de ACS (Agente
Comunitário de Saúde) no município de Pombal, que contou com a experiência de enfermeiras
do PSF (Programa Saúde da Família) da cidade de João Pessoa proporcionando meios para
analisar, por vários anos, o dia-a-dia do ACS, seu trabalho e atribuições. Na sua práxis,
foram observados dificuldades e limitações em desempenhar algumas atividades, o que tem
sido preocupante, haja vista, que se tem acompanhado estes profissionais desde a implantação
do PACS (Programa de Agentes Comunitário de Saúde) em 1991 e do PSF em 1994.
Durante toda essa jornada de avaliação das atividades do ACS em campo, surgiu
uma indagação: a formação destes profissionais teve embasamento metodológico e técnico
científico para respaldá-los no cumprimento de tarefas que exigem conhecimentos específicos?
A exemplo de: busca ativas de pacientes sintomáticos respiratórios: Programa de tuberculose,
detecção e acompanhamento dos pacientes com doenças crônicas degenerativas: Hiperdia e
tantos outros que o Ministério da Saúde apresenta.
Diante desta problemática, pensou-se numa proposta educativa que contribuísse com
a formação dos Agentes Comunitários de Saúde, visto que esse processo formativo parece
estar ancorado em fatores pedagógicos, assim como em suas respectivas metodologias e
meios. Acredita-se que a partir daí, modificar-se-ão as atitudes, e definir-se-ão perfis para os
profissionais se adequarem a determinados contextos. Um projeto piloto, foi iniciado em
equipe em 2006 em um PSF do município e João Pessoa. O referido projeto será objeto de
estudo de estudos de pós graduação através da expansão do mesmo em outras unidades do
PSF de João Pessoa com o sentido de endossar a proposta.
O objetivo é trabalhar a formação do ACS para uma melhor atuação junto ao usuário,
família e comunidade, desenvolvendo habilidades e competência técnica, metódica,
comunicativa, social, política e ética, contribuindo com o processo ensino-aprendizagem destes
profissionais em consonância com os princípios do SUS (Sistema Único de Saúde), cujos
resultados devem ser observados através da potencialização das ações e de uma assistência
de qualidade individual e coletiva, através da utilização de uma abordagem metodológica
problematizadora.
Freire (1997) diz que a metodologia problematizadora traz um modelo de processo
ensino aprendizagem que ocorre numa relação entre dois elementos: um sujeito que aprende
e um objeto que é aprendido, levando-se em conta os padrões culturais dos elementos
envolvidos no processo. É preciso assumir a responsabilidade de educar para a vida, de
entender que o educando não é mais visto como um objeto, mas considerado com a riqueza
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
de suas experiências, a partir de uma honesta abordagem de sua gênese, de sua origem, uma
vez que o trabalho como direito social, exige um pensar especifico e especializado, para
obtenção de resultados eficazes, que contemplem o atendimento das necessidades dos
usuários.
Fonte: DIAZ-BORDANAVE. J. Alguns fatores pedagógicos. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação
Geral de Desenvolvimento de Recursos Humanos para SUS. Capacitação pedagógica para instrutor/
supervisor da área de saúde. Brasília, 1994.
Público Alvo
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
Observação da realidade
Pontos chave
O facilitador fez uma análise do conhecimento que o grupo tem sobre as ações/
atribuições do ACS preconizadas pelo Ministério da Saúde; estratégia de uma prática
resolutiva, elencando causas e determinantes contextuais que tem dificultado sua atuação.
Para tanto, a discussão poderá ter como guia:
O Conceito Chave é o instrumento maior dos facilitadores. É ele que possibilita todo
o desenvolvimento do trabalho educativo, pois é em sua direção que se conduz todo o processo
de caminhar do grupo de aprendizes.
Teorização
Nesta etapa, foi realizada uma exposição de forma sucinta de cada Programa
desenvolvido no PSF, assim como as ações e atribuições do ACS nos respectivos programas,
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
Hipóteses
Aplicação da Realidade
Avaliação
Quando se fala sobre Educação em Saúde, deve-se considerar que a função dos
profissionais da área é contribuir para desenvolver junto à população, a consciência da
necessidade de melhoria da qualidade de vida, para que em conjunto, possam buscar soluções
dentro de um amplo universo de ações.
O agente comunitário de saúde tem no cenário do sistema de saúde do país, um
papel privilegiado, pois é visto pelas autoridades sanitárias como uma espécie de “salvador
da pátria” uma vez que o seu cotidiano demonstra que ele é o trabalhador em saúde que mais
convive com os problemas sociais da comunidade a qual pertence.
Examinar os processos de formação dessa categoria no campo da saúde, é favorecer
a saúde e a coletividade como um todo, é criar um espaço de diálogo entre profissionais da
área da saúde contribuindo para a produção de novos conhecimentos, é analisar as políticas
públicas que envolvem trabalho-educação-saúde em suas implicações teóricas para a formação
de profissionais, problematizando os conceitos de cuidado, de integralidade, e de
democratização da saúde. Desta forma, acredita-se, ser a problematização a opção
pedagógica mais viável frente às situações freqüentemente evidenciadas no que se refere às
dificuldades dos ACSs, quando são “colocados” no papel de educadores da comunidade,
A participação é uma necessidade fundamental do ser humano e através dela, os
indivíduos podem desenvolver uma “consciência crítica”. Mas para que isto aconteça, é mister
a aplicação de formas de abordagem facilitadoras, sendo este o fator que determinou esta
proposta educativa,utilizando o Método do Arco que adequa-se de modo singular ao trabalho
de Educação Profissional, particularmente para formação dos Agentes Comunitários de Saúde.
Referências
Recebido: 27.12.2008
Avaliado: 05.05.2009
RESUMO
ABSTRACT
This work aims at assessing the alterations in the infiltration rate and in the hydraulic
conductivity of water in the soil, submitted to the nitrogen doses in the presence of manuring
organic sources as well as at verifying whether the modifications in these two properties
reached the levels considered as critical to the development of the cultures. For so much, an
experiment in random blocks was accomplished, in an additional factorial outline [(4 x 2) + 1]
with 4 repetitions. The treatments consisted of four doses of nitrogen [D20, D40, D60 and
96 D80 Kg N. have-1]; two sources of organic manuring (castor oil plant - T1 and cotton - T2
t ha-1) and a witness (natural soil, without fertilizer). The measurements of the infiltration rates
and the saturated hydraulic conductivity were accomplished in field through ring infiltrometer
for four depths. The results showed that the application of the treatments doses of nitrogen
did not provide significant effects at the level of 5% of probability for the values of VIB. The
treatments with organic manuring tested revealed significant differences, providing decreasing
of the VIB by indicating this sensibility to the manuring with the cotton treatment (T2). There
were not significant differences for the interactions doses of nitrogen and sources of organic
manuring. Nevertheless, there has been significant difference between the treatments and the
witness.
Key-word: Soil, hydraulic properties, irrigation.
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
Introdução 97
Material e métodos
cada parcela representará os tratamentos (total de 9 tratamento por bloco), totalizando uma
área de 14m2 (4m x 3,5m). No centro de cada uma destas parcelas, foram aplicados os
tratamentos e realizados as determinações da taxa de infiltração da condutividade hidráulica
do solo saturado e demais propriedades físicas e hídricas do solo (figura 1).
98
Figura 1: Croqui da área experimental (a) e Diagrama Esquemático da área experimental (b)
aos níveis de nitrogênio em Kg de N ha-1. Com relação às fontes de matéria orgânica, foram
utilizados dois tratamentos compostos, a dizer: torta de mamona (T1) e torta de algodão
(T2).
O experimento seguiu um delineamento em blocos casualizados em esquema fatorial
[(4 x 2) +1] mais um tratamento adicional com quatro repetições perfazendo um total de
nove parcelas por bloco.
Também foi incluída uma testemunha como tratamento, sem adubo. As combinações
dos tratamentos das doses e fontes de nitrogênio foram arranjadas considerando o tratamento
torta de mamona (T1) em combinação com 20 kg N ha-1, denominado de T1D20. As demais
combinações seguiram o mesmo padrão.
Resultados e discussões 99
Tabela 1 - Valores médios da velocidade de infiltração básica de água no solo (VIB), submetido
às diferentes doses de nitrogênio e fontes de adubação orgânica
Os resultados da análise comparativa das médias pelo teste Tukey, revelam que,
para as diferentes doses de nitrogênio (D) dentro de cada tratamento com adubação (A),
somente o tratamento de dose 40 Kg.ha-1 obtido na presença do tratamento T2 mostrou
diferença significativa (p < 0,05) para os valores da VIB, sendo o menor valor 1,43 cm.h-1.
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
Esses resultados da VIB, com aplicação da torta de algodão, podem está refletindo o fato de
existir um aumento de teor na matéria orgânica e, consequentemente, tem-se uma melhor
capacidade de retenção de água no solo e de infiltração, bem como na condutividade hidráulica
saturada pelo aumento da porosidade total e diminuição da densidade em solo arenoso
(BARBOSA et al., 2002). Observa-se também que não houve diferenças estatísticas entre
os valores da VIB submetidos ao tratamento T1 em relação a qualquer uma das doses de
nitrogênio em análise, tendo os maiores valores da VIB (2,74 e 2,83 cm.h-1) para as doses de
20 e 60 Kg.ha-1, respectivamente.
Com base na Figura 2, observa-se que somente as combinações do fator torta de
algodão (T2) e dose 60 Kg.ha-1 (T2 D60) tiveram influência significativa na alteração da VIB
100 em relação à testemunha. Apesar de não haver diferença significativa (p < 0,05) com as
demais combinações de tratamento, observa-se que o valor da VIB no solo diminuiu a partir
da dose 60 Kgh-1, combinado com a torta de algodão.
Considerações finais
SAINJU, U. M.et al. Soil nitratenitogen under tomato follwing tillage, cover cropping,
and fertilization. Journal of Enviromental Quality, Madison, v.28, n.6, p. 1837-1844,
1999.
Recebido: 05.06.2007
Avaliado: 28.12.2008
RESUMO
RÉSUMÉ
O tema aqui tratado é de grande importância, uma vez que a maioria das crianças
que têm dificuldades de aprendizagens na escola, tem dificuldades na percepção espacial, na
lateralidade, na leitura, na escrita, na aritmética, e muitas apresentam letras irregulares e pouco
legíveis, sendo isso uma preocupação freqüente de todo educador que se depara com crianças
nessas condições.
Ao tratarmos da matéria, investigamos, sobretudo, quais contribuições a
psicomotricidade como ciência oferece a essas crianças.
Por outro lado, para a criança que não possui dificuldades na aprendizagem, a
educação psicomotora em muito facilitará o seu desenvolvimento e aprendizagem, através da
educação física sistemática e ordenada, valendo salientar que a criança que tem problemas
no seu desenvolvimento e aprendizagem necessita, muitas vezes, de uma reeducação
psicomotora, ou seja, um trabalho voltado à provocação, readaptação, substituição ou
complementação, tendo em vista possíveis funções prejudicadas.
Observe-se, ainda, que a psicomotricidade, muitas vezes, é interpretada de forma
errônea, pois muitos acreditam que o objeto de estudo da psicomotricidade seja apenas o
movimento, cada vez mais perfeito, como um fim em si mesmo. Dentro dessa compreensão
muitos professores estimulam seus alunos a treinamentos intensivos, sem perceberem que
estão desenvolvendo gestos automáticos e mecânicos. (OLIVEIRA,1996 p.176).
A criança, quando entra na escola, necessita ter um desenvolvimento neuro-psicomotor
que envolva a independência do ombro, braços e dedos e as funções psicológicas na sua
integridade. Assim, a criança consegue fixar a atenção, ter domínio do próprio corpo, favorecida
portanto pela educação psicomotora.
Este trabalho tem um olhar psicopedagógico, no qual a preocupação maior é a
aprendizagem humana, e a sua vinculação de um trabalho a uma outra área específica de
conhecimento, qual seja, a psicomotricidade.
Definições de Psicomotricidade
essa concepção, haverá maior possibilidade de conhecê-la de uma forma integral. Assim
sendo, diz-se que um trabalho, que nasce com clareza, possibilitará encará-lo com efeitos
positivos.
fobia escolar, que afetam todo o afetivo da criança ocasionando dificuldades gerais na
aprendizagem. ( ALVES, AVM, p.8 s/d).
dislexia, afasia evolutiva, etc. Estas dificuldades não incluem problemas de aprendizagem que
são principalmente resultantes de deficiência visual, auditiva ou motora, debilidade mental,
distúrbios emocionais ou desvantagens sócio-culturais (Report da National Advasory
Commitee on Handicaped Children (1968) (Apud Fonseca, 1995).
Na maioria dos casos a dificuldade de aprendizagem normalmente envolve a questão
perceptivo-motora e outras como dificuldades de orientação espacial e sucessão temporal e
psicomotora, que impedem a ligação entre os elementos constituintes da linguagem e as formas
concretas de expressão que as simbolizam. É vista, portanto, como sendo a dificuldade de
aprendizagem uma irregularidade biopsicossocial do desenvolvimento global e dialético da
criança.
108 Não obstante, o caráter rápido dessas considerações, faz-se importante introduzir a
definição de dislexia, denominada como dificuldades especificas de aprendizagem, segundo
SELIKOWITZ (2001) por considerá-la importante na investigação da pessoa que apresenta
dificuldades na sua aprendizagem, especificamente na leitura. Define o autor como dificuldade
especifica de aprendizagem:
É comum verificar que enquanto alguns alunos se movimentam com muita destreza,
participam de brincadeiras, correm e em sala de aula não apresentam qualquer problema de
aprendizagem, outros mostram-se diferentes, embora tenham inteligência normal. Esses são
desastrados, têm movimentos lentos, não conseguem pegar no lápis, possuem postura relaxada,
falta de concentração, de entender ordem e de assimilar muitos conceitos. (OLIVEIRA,
1996)
Ajuriaguerra (apud Oliveira, 1996) afirma ser um erro estudar a psicomotricidade
apenas por um prisma do plano motor, sem estar acompanhada de um mental:
Sugestões de atividades como base para o atendimento psicomotor global, com vista
a uma boa aprendizagem
É necessário despertar nos educadores novas idéias para reformulação de suas práticas
pedagógicas e, assim, trabalhar melhor com a diversidade. Partindo dessa premissa e de
112 nossas experiências nos contatos com professores e outros profissionais da educação,
introduzimos neste trabalho sugestões de atividades que de certo modo abrirão espaço na
investigação de como se dá a aprendizagem nas crianças que apresentam dificuldades de
aprendizagem, considerando o seu desenvolvimento psicomotor, o estilo de aprendizagem
dessas crianças, e o que representarão exercícios desse estilo, na aprendizagem.
Dentre os itens selecionados, iniciaremos com a linguagem oral, pelo seu vínculo com
a leitura e a escrita o que também, para os avaliadores, é um indício importante, que pode se
revelar sob a forma de atraso. Para NASCIMENTO (1986), é de suma importância para
a linguagem o desenvolvimento harmonioso da psicomotricidade.
Apresentamos, de forma bastante suscinta, alguns exercícios, que podem ser aplicados
por qualquer educador, e que estão inseridos em forma de tópicos no livro Psicomotricidade
e Aprendizagem de Lúcia Schueler e Terezinha do Nascimento Machado e que aqui, por
precariedade de espaço, não é possível apresentar de maneira descritiva.
para que ela vire a cabeça para um lado, para o outro, voltando em seguida a posição inicial.
Um outro exercício é feito de pé. O educador neste momento pede para que a criança olhe
para cima, para baixo e depois volte à posição inicial.
Conclusão
Referências
FONSECA, Victor da. Psicomotricidade, 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
IANHEZ, Maria Eugenia/NICO, Maria Ângela. Nem sempre é o que parece: como enfrentar
a dislexia e os fracassos escolares. Rio de Janeiro: Elsevier. 2002.
Recebido: 22.09.2009
Avaliado: 30.09.2009
116 A MODA INSCRITA NO CORPO: ESTÉTICA CAMP E
IDENTIDADES QUEERS
RESUMO
ABSTRACT
The aim of this study is to introduce a discussion of the artificial construction mechanisms
for those who make the queer universe, by taking fashion as a social gadget, a manipulative
tool and cultural materialization of their identities. The gender performance produces a camp
aesthetic based upon parodia, jeer ofs the own encenation of body-identities. Fashion can be
considered thus as a gender agency that changes itself in male and female multiplicities, creating
new links and meanings in the fashionable skin.
Key-words: Cultural identities, gender, sexualities.
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
Introdução: quando o azul e o rosa escapam.... 117
A proposta aqui não é discutir uma moda andrógina, unissexo, mas antes, trazer à
discussão os mecanismos de artifícios na construção da aparência dos que fazem o universo
queer, utilizando a moda como meio de manipulação e materialização cultural de suas
identidades, a exemplo dos travestis, transexuais, crossdress, drags e até mesmo elementos
de tribos urbanas como as contemporâneos emos.
A performance de gênero dos ex-cêntricos queers fazem uso da segunda pele -
instituída pelos vestuário e artifícios corporais - propondo uma estética camp, conceituada
pelo uso da afetação, artifício, exagero, deboche, paródia de si , presentes na composição ou
montagem destes corpos Paetês, brilhos, glitters, purpurinas, muita maquiagem, cores berrantes,
neons, silicones, perucas, saltos altos e adereços são compreendidos aqui como construto 119
social e político de uma escolha, de um devir permanente de identidades que se exteriorizam
na própria pele, des/construindo sentidos normalizadores dos corpos ditos como masculinos
e femininos.
É através da modelagem do corpo e da performance do vestuário, que estas
identidades interpretam as transgressões das fronteiras de gênero marcada não pelo desejo
de aparência (parecer ser o oposto do que não se quer ser), mas pela espetacularização da
aparecência. (desejo de aparecer), desejo de evidência de uma corporalidade e de um
gênero construído. As ruas estão cheias de personagens “montados” desafiando a ordem
estruturante dos gêneros. A ambigüidade questiona as diferenças, incomoda as conhecidas
metanarrativas sobre o que é ser mulher ou homem, ao mesmo tempo em que provoca,
fascina e seduz.
No cinema, uma poderosa janela do artefato cultural de nosso cotidiano, podemos
também conferir uma produção marcada pela estética camp, como na produção de filmes
como Priscilla, Rainha do Deserto; Transamérica, Café da Manhã em Plutão, entre outros
que se situam entre o kitsh e a cultura pop, numa clara referência de resistência a padronização
que se impõe a diferença. Plumas, cores e muito brilho, a estética da alegria em contraposição
ao ressentimento. Aqui não há já se encontram espaço para o queer que se normatiza, sem
trejeitos, sem desmunhecação, higiênico em sua postura padronizada, a estética camp pede
passagem para a farsa, o travestismo que atravessa fronteiras:
(in)Conclusão:
Referências
de Joana Moraes Varela e Manuel Maria Carrilho. Lisboa; Assírio & Alvim, 1976, 430p.
GARCIA E MIRANDA Carol e Ana Paula de. Moda é comunicação: experiências, memórias
e vínculos. São Paulo: Editora Anhembi Morumbi, 2005.
LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer.
Belo Horizonte: Autêntica, 2004. 96p.
SONTAG, Suzan. Contra a interpretação. Porto Alegre: L & PM, 1997, p.329.
Recebido: 22.09.2009
Avaliado: 30.09.2009
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
CULTURA DE MODA: IMBRICAÇÕES ENTRE O 123
MATERIAL E O IMATERIAL
RESUMO
Este artigo pretende mostrar de forma sucinta, mas, reveladora os resultados de uma
pesquisa bibliográfica e etnográfica empreendida na cidade de João Pessoa, com o propósito
de analisar a relação entre a cultura de consumo e a moda local. O trabalho consiste em
entrevistas com consumidores, estilistas e designers locais, das quais foi feita uma análise do
discurso dos atores sociais, utilizando como pano de fundo metodológico a teoria das
Representações Sociais.
Palavras-chave: Estilistas, representações sociais, consumo.
ABSTRACT
This article aims at explaining briefly, although revealing the results of a literature research
and ethnographic accomplished in the city of Joao Pessoa, in order to examine the relationship
between consumer culture and local fashion. The work consists ofinterviews with consumers,
designers and local designers, from whick a discourse analysis of social actors, on the was
attained using methodological background the theory of Social Representations.
Key-words: Designers, social representations, consumption. Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
124 Cultura de Moda: imbricações entre o material e o imaterial
não é um meio que se dispõe para proteger o corpo das intempéries, mas mostra que é acima
de tudo um instrumento de inserção no grupo, um jeito de pertencimento ao social, ao clã,
aos guetos, à família, à empresa, à instituição, às tribos. O vestuário não é apenas um sinal de
luxo, do supérfluo, do efêmero, como bem analisa Lipovetsky (2005, 2006), mas situa-se
dentro de um mundo que não se contenta apenas em resguardar o corpo, mas também,
sobretudo, em exibi-lo, comunicar, transmitir uma mensagem. A aparência, nos ensina Garcia
(2002), finca raízes no cultural, é um símbolo da própria cultura.
Com base nas análises do discurso dos atores de nossa investigação, chegamos às
seguintes conclusões: as representações sociais de estilistas/ designers e consumidores revelam
que a moda está inserida num universo maior, chamado cultura, aceito como um jeito de viver
material e simbólico. Perguntados sobre a cultura de moda local (se existe), alguns respondem:
“Acho que de certa forma, sim... Eu acho que a música, a moda, o artesanato, o teatro 127
e outras manifestações tão trazendo isso à tona”, “Cultura é relacionado muito ao que
é produzido por um povo a nível de arte, de moda...”. Pode-se inferir também da pesquisa,
que predomina (como esperávamos desde a observação participante) a admiração pela moda
nacional/internacional, de grife, mostrada pelos meios de comunicação, sobretudo revistas
femininas e televisão (novelas principalmente): “[...] A moda é aquela moda que elas vêem
na novela, na revista, na Caras, na Cláudia”, “[...]Eles não têm uma Cultura de Moda
voltada para a moda local. As pessoas gostam de usar, ou ter ou se vestir de forma que
é disseminada nas revistas, nos meios de comunicação, ou que as grandes marcas lançam
como tendência”. Podemos afirmar também que constantemente o consumidor confunde a
moda local com o artesanato, e o designer/estilista com o artesão fabricante de matéria-
prima e roupas artesanais, ou seja, reduzem o produto de moda local ao simples produto
têxtil (no caso rendas, crochês, batik...): “[...] na medida em que eu vejo o artesanato
paraibano, uma roupa da Celene que eu gosto, uma roupa da Lúcia que eu gosto, aí eu
consumo, eu consumo porque eu gosto, não porque é paraibano ou deixa de ser
paraibano”, “[...] De artesanato local, uma vez eu comprei uma blusa de renascença.
Eu fui lá em Paris e vi que renascença era caríssimo [risos], aí eu disse: Ôxe, isso é tão
barato lá em João Pessoa! Aí eu fui ao mercado de artesanato e comprei uma
blusinha[...]”. Os atores da pesquisa, isto é, consumidores e estilistas/ designers reclamam
ainda da pouca visibilidade e da ausência de marketing para mostrar a produção de moda
local, ou seja, falam de uma falta de união entre os produtores de moda da região e os órgãos
competentes, refletindo na fraca comercialização de seus produtos: “A gente não tem um
grande evento, não tem ainda faculdade, acho que a faculdade será uma coisa
interessante também... A gente não tem um banco de dados... As pessoas não estão
conectadas... Reunir as pessoas que fazem moda na Paraíba e a gente fazer um material,
em forma de desfiles, fotos de moda”, “[...] as pessoas que moram aqui não conhecem
os estilistas locais... a moda local não está sendo valorizada, nem está sendo divulgada”,
“Eu acho que em 1º lugar, deveria haver um incentivo maior por parte de órgãos como
SEBRAE, da própria Prefeitura, Governo do Estado, que deveria haver um
reconhecimento maior da produção de moda e de roupas, do artesanato local [...].”
As representações sociais dos entrevistados revelam uma forte presença das obras
de artistas e escritores nordestinos, que afirmam nossa predestinação de guardiões de nossa
cultura. Há um espaço de resistência da moda local em relação à moda nacional e hegemônica.
Nada se passa de maneira mecânica e irreversível. Todos, sejam produtores ou consumidores,
reconhecem que a moda local/ regional só pode se desenvolver dentro de uma rede organizada
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
Referências
FREYRE, Gilberto. Modos de homem & modas de mulher. 4 ed. Rio de Janeiro: Record,
2002.
GARCIA, Carol. Moda e Comunicação: o jogo da aparência como raiz cultural. Revista
Nexus, São Paulo: Anhembi Morumbi, ano VI, n.9, p. 33-48, 2° semestre, 2002.
______. O império do Efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. Trad.
Maria Lúcia Machado. 9 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
Recebido: 22.09.2009
Avaliado: 30.09.2009
SILVA, Siéllysson Francisco da. Santa Rita: A Herança Cristã do Real ao Cumbe.
Idéia Editora, João Pessoa, 2007.
Professor por vocação, legado geneticamente herdado do seu pai, o professor José
Francisco da Silva Filho, que por décadas educou gerações de santaritenses em seu saudoso
Instituto São Francisco de Assis, no bairro Popular, Siéllyson Francisco da Silva, foi aplicado
aluno e pesquisador de Curso de Licencia-tura Plena em História, da Universidade Federal da
Paraíba - UFPB. No penúltimo período de Curso, escolheu como tema de sua monografia
de conclusão: Santa Rita: Patrimônio e História, elaborada sob nossa orientação, recebendo da
Banca Examinadora, Con-ceito A (Distinção), em 2003. Nesse mesmo ano, de 27 de julho a 1°.
de agosto, João Pessoa sediou o XXII Simpósio Nacional de História, promovido pela
Asso-ciação Nacional de História, com a participação de quase dois mil inscritos do Brasil
e exterior, onde na sessão temática História, Memória e Patrimônio, o autor apresentou
brilhante comunicação sobre o traba-lho em elaboração, com o título: Santa Rita: Patrimônio e
História. Utilizando-se de recursos audio-visuais e de diversificada pesquisa iconográfica,
complemen-tada pelo revisionismo historiográfico dos clássicos do período colonial, a
apresentação foi bastante aplau-dida e suscitou caloroso debate. Para o apresentador e
autor, sua comunicação:
“ ...teve como objetivo, fazer a apresentação crítica dos mais importantes patrimônios
históricos da cidade de Santa Rita, segundo núcleo de povoamento mais antigo da Paraíba,
com destaque para o Engenho D’el Rey, ou Tibiri, de 1587, sua senzala apenas descrita no século
XIX, a Capela de São Sebastião, a Capela de São Gonçalo, a de Gargaú, e a Matriz de
Santa Rita de Cássia, ressaltando a omissão do poder pú-blico na preservação e conservação
desses patrimô-nios” (ANPUH, 2003, Caderno de Programação e Resumos, p. 297).
No ano de 2005, ao cursar a Especialização em História do Brasil, na Faculdade
Integrada de Patos, Núcleo de João Pessoa, o trabalho foi enriquecido por mais
aprofundada pesquisa, recebendo a denomi-nação de: Santa Rita: a Herança Cristã do Real ao
Cumbe, optando o autor, mais uma vez, pela História local.
Ao tecer considerações sobre a História local, ressaltando seu significado e
relevância, o saudoso historiador José Honório Rodrigues conceituou-a como a História mais
próxima do cidadão, por vincular-se mais afetivamente ao cidadão e às raízes culturais.
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
SANTOS, Alex. Cinema & Televisão: Uma Relação Antropofágica. João Pessoa: A
União, 2002.
Uma instigante revisão crítica ao processo multimídia, a partir de análises das diversas
nuanças da Linguagem e seus recursos tecnológicos audiovisuais, sobretudo da televisão e
do cinema, é o que contempla o livro do advogado, jornalista e professor Alex Santos, da
FAP e Asper/UNIP de S. Paulo, e Assessor de Comunicação & Marketing do CCENN/
UFPB.
Comunicação e Linguagem - Cinema & televisão, uma relação antropofágica,
título do mais recente trabalho do autor de Cinema & Revisionismo e Walfredo Rodriguez
e a Cultura Paraibana, dentre outros, e também premiado nacionalmente pelo documentário
para cinema “Parahyba”(o filme), é resultado de uma pesquisa para Tese de Mestrado
defendida por Alex Santos, em 1999, na Universidade de Brasília, sob orientação do professor
e também cineasta Pedro Jorge de Castro, com quem realizou alguns trabalhos em O Romanço
do Dinossauro, na parceria UFPB-UNB.
Segundo o autor, o livro defende os seguintes pontos: abertura de um canal(novo) de
pesquisa científica, na relação Cinema-Televisão, sob o enfoque amplo da linguagem,dando
ênfase ao que preconiza de apropriação, pela TV, dos recursos linguísticos de dramaturgia,
bem como de paradigmas/ícones já amplamente cristalizados pelo cinema.
Uma questão defendida também no livro diz respeito à tentativa de melhor
compreender o universo construtivo das comunicações audiovisuais, também, nas suas reais
implicações com a imagem virtual do cinema e da TV. Tudo isso, sob um contexto de política
cultural latino-americana, enfatizando o panorama histórico brasileiro/paraibano, em suas teses
reformistas então vivenciadas nos anos 50/60, ainda relacionadas aos atuais meios de produção
de ambos os media.
Reafirma, igualmente, a preocupação em se tentar determinar com clareza, ao nível
da linguagem e do discurso imagético, o que é realmente cinema ou televisão, nas suas
intrínsecas diferenças estruturais e informativas. E, conforme o autor, este tem sido um aspecto
ainda não muito bem elucidado pelos teóricos da comunicação, razão pela qual tenta
aprofundar seu estudo na questão do que chama de “apropriação da arte pela arte”, buscando
vertentes explicativas inclusive nos seus próprios conhecimentos jurídicos. Alex Santos defende
com veemência este ponto, alegando que considera altamente desconfortante e, de certa
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
maneira, enganosa, a proposta de que o cinema foi substituído pela TV no plano da Dramaturgia,
sobretudo, “quando entendemos não ser assim, pois a televisão sempre teve papel singular/
realista, mediático, na forma de conduzir a informação dos fatos enquanto notícia; de certa
maneira, diferentemente da reconstituição (representação) específica desses fatos, um atributo
meramente cinematográfico e, não menos, teatral”, afirma.
INFORMAÇÕES
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
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136
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
UNIPÊ E LINHA D’ÀGUA EM NATAL 137
terra potiguar, Furtado, a quem História do Direito é dedicado, recordou passagens dos
chamados “anos de chumbo”, da década de setenta.
No Encerramento dos trabalhos, o historiador Enélio Petrovich, presidente do Instituto
Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, e membro da Academia de Letras dessa
unidade federada, reiterou as históricas ligações culturais entre R. G. do Norte e Paraíba.
138 MOSTRA ESTADUAL E HOMENAGEM
Pela intensa atuação nos palcos teatrais e cinema, onde completou nada menos
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
de cinqüenta anos, a atriz paraibana Zezita Matos foi objeto de inúmeras manifestações
em agosto de 2008.
A crítica especializada recordou na trajetória de Zezita os mais de trinta espetáculos
de teatro, entre os quais a peça As Velhas, premiada, há alguns anos, no Festival de Teatro
de Guaramiranga. Sua mais recente intervenção ocorreu com o espetáculo Quebra-Quilos,
encenado a partir de 2007, em João Pessoa e cidades do interior, sob a direção do dramaturgo
paulista Márcio Marciano.
Por iniciativa do assessor cultural Chico Noronha, o SESC de João Pessoa
incorporou-se às homenagens, exibindo filmes que contaram com a publicação de Zezita
Matos, como Menino de Engenho (1965) de Walter Lima Júnior.
140 Na qualidade de integrante do Núcleo de Apoio Pedagógico do UNIPÊ, a chamada
“dama do teatro paraibano” fez sentir, durante as manifestações, que “a arte de educar e a de
representar devem andar juntas, pois não se educa sem a arte”.
Reafirmando a liderança do
UNIPÊ, no movimento editorial
paraibano e até brasileiro, a profª.
Patrícia Loureiro, coordenadora
adjunta do curso de Odontologia do
UNIPÊ, inseriu dois substanciosos
capítulos no livro Diagnóstico por
Imagem da Face, de autoria do dr.
Marcelo Cavalcante, da Faculdade de
Odontologia da Universidade de São
Paulo (USP).
Intitulados Diagnóstico por
Imagem da Face da Odontologia
Legal e Diagnóstico por Imagem da
Face na Ortodontia e Ortopedia
Facial, os estudos da jovem
especialista em Radiologia e
Imaginologia Odontológica, da
comunidade paraibana, contribuiram
para recomendação da coletânea
resultante de colaboração dos colegas
de Pós-Graduação da USP onde
Patrícia concluiu doutorado.
A 21 de agosto de 2008, a geógrafa Janete Lins Rodriguez dissertou na Academia
Paraibana de Letras sobre o segmento geográfico da Revista do UNIPÊ Ano XII, nº 1 –
2008, Série Ciências Humanas e Sociais, apresentada pelo Reitor José Loureiro Lopes.
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
***
Já o conselheiro e procurador Manuel Batista de Medeiros, também do UNIPÊ, viu-
se contemplado, a 09 de dezembro de 2008, pela Assembléia Legislativa da Paraíba, com a
medalha Epitácio Pessoa, como a mais alta honraria do Poder Legislativo da Paraíba.
Resultante de propositura do deputado João Henrique de Sousa, a comenda teve em
vista a intensa atuação profissional do homenageado como (ex) sacerdote, professor,
advogado, escritor e jornalista profissional.
Primeiro Reitor do IPÊ, quando este ainda se denominava Universidade Autônoma,
e presidente da Academia Paraibana de Letras, durante dois mandatos, o atual Chefe da
Procuradoria Jurídica do UNIPÊ tornou-se, ao longo da trajetória profissional, titular em
letras pela UFPB e metre em Educação pela Universidade Católica do Recife. Bem assim
vigário de São Miguel de Taipu e outras paróquias, inclusive em João Pessoa. Professor do
Liceu Paraibano, Seminário Arquidiocesano, UFPB e UNIPÊ, e ainda Procurador Jurídico
do Estado, onde se aposentou do serviço público.
Jornalista profissional e colaborador de inúmeros jornais paraibanos, dirigiu o
semanário católico A Imprensa e o Rádio Arapuan de João Pessoa. Seu currículo também
assinala o exercício da Secretaria do Interior e Justiça da Paraíba, a condição de Rádio
Amador PR7-BTG e a de colaborador emérito do Exército Nacional, a nível do IV Exército.
Aproveitando a comenda que lhe foi outorgada, o professor Manuel Batista procedeu
o lançamento da coletânea de ensaios Semeando o Outono, preparada pela Editora do
UNIPÊ. O Reitor deste, professor e doutor José Loureiro Lopes, prestigiou, juntamente
com dirigentes, professores, alunos, técnicos e funcionários da instituição, tanto a comenda
Revista do UNIPÊ, Ano XIII, nº 2, 2009.
3. Para publicação, a matéria deverá ser aprovada por um dos integrantes do Corpo
Editorial da Revista.
4. O trabalho poderá ser aceito sem restrições, com pequenas mudanças, com grandes
alterações ou rejeitado, recebendo os autores cópias anônimas dos pareceres.
12. Tabelas e figuras devem ser numeradas, seqüencialmente com números arábicos,
seguidos dos títulos. Nas tabelas, o título aparece na parte superior, e nas figuras na parte
inferior, devendo, em ambos os casos, ser bons descritores do conteúdo apresentado. Sempre
que possível, não usar verticais para separar as colunas nas tabelas (usar tabelas
preferencialmente abertas). Indicar no corpo do trabalho ou inserir tabelas e figuras.
Tabela 1 ou Tabela 2