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MANCAL E SUAS

APLICAÇÕES
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO III

MANCAL E SUAS
APLICAÇÕES
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO

Autores:
RANIERE BERNARDO
SERGIO AZEVEDO

2015
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO V

Lista de Figuras

Figura 1 - Parte inferior de um carro de boi ...................................................................................11


Figura 2 - TC .................................................................................................................................23
Figura 3 – TC (TSNA C) ...............................................................................................................24
Figura 4 - TG .................................................................................................................................24
Figura 5 - TA .................................................................................................................................25
Figura 6 - GS.................................................................................................................................26
Figura 7 - ZF .................................................................................................................................26
Figura 8 - R ...................................................................................................................................27
Figura 9 - TS .................................................................................................................................28
Figura 10 - AS ...............................................................................................................................28
Figura 11 - FF................................................................................................................................29
Figura 12 - RR ...............................................................................................................................30
Figura 13 - GSGS..........................................................................................................................31
Figura 14 - ASZF ...........................................................................................................................31
Figura 15 - ASR.............................................................................................................................32
Figura 16 - ASRR ..........................................................................................................................33
Figura 17 - ZFZF ...........................................................................................................................34
Figura 18 - ASZFZF.......................................................................................................................34
Figura 19 - TAS .............................................................................................................................35
Figura 20 - TSGS ..........................................................................................................................36
Figura 21 - TSR .............................................................................................................................37
Figura 22 - Constituição de um mancal de deslizamento ...............................................................41
Figura 23 - Tipos de rolamentos ....................................................................................................44
Figura 24 - Resistencia da caixa ...................................................................................................44
Figura 25 - Câmera termográfica...................................................................................................60
Figura 26 - Termogramas de análise termográfica ........................................................................61
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO VII

Sumário

1 HISTÓRICO DOS MANCAIS ................................................................... IX


1.1 Introdução ............................................................................................................. 11
1.2 O que é mancal?................................................................................................... 11
TIPOS DE MANCAIS ..................................................................................... 13
1.3 Mancal deslizante ................................................................................................. 15
1.3.1 Mancal deslizante (Tipos) ................................................................................. 15
1.3.2 Vantagens dos mancais de deslizamento ........................................................ 16
1.3.3 Desvantagens dos mancais de deslizamento ................................................... 16
1.4 Mancais de rolamento ........................................................................................... 16
1.5 Formas construtivas .............................................................................................. 17
1.6 Vantagens e desvantagem dos mancais de rolamento ........................................ 17
1.6.1 Vantagens......................................................................................................... 17
1.6.2 Desvantagens ................................................................................................... 18
1.7 Materiais utilizados na construção do mancal....................................................... 18
2 VEDAÇÃO DE MANCAIS ....................................................................... 21
2.1 Tipos de vedações ................................................................................................ 23
2.1.1 De contato ........................................................................................................ 23
2.1.2 Sem contato...................................................................................................... 27
2.1.3 Combinado ....................................................................................................... 29
2.2 Cálculo da velocidade periférica para seleção das vedações ............................... 37
3 APLICAÇÃO ............................................................................................ 39
3.1 Mancal de deslizamento ....................................................................................... 41
3.1.1 Mancais de deslizamento ................................................................................. 41
3.2 Mancal de rolamento ............................................................................................ 43
3.2.1 Rolamento fixo de uma carreira de esferas ...................................................... 45
3.2.2 Rolamento de contato angular de uma carreira de esferas .............................. 45
3.2.3 Rolamento autocompensador de esferas ......................................................... 45
3.2.4 Rolamento de rolo cilíndrico ............................................................................. 46
4 MONTAGEM ........................................................................................... 47
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO VIII

4.1 Limpeza de mancais de deslizamento...................................................................49


4.2 Alinhamento de mancais de deslizamento ............................................................49
4.3 Controle da folga de mancais de deslizamento .....................................................49
4.4 Exemplo de características técnicas do mancal do fabricante HENFEL ...............50
4.5 Como fazer um pedido de mancal?.......................................................................51
5 LUBRIFICAÇÃO ...................................................................................... 52
5.1 Lubrificação ...........................................................................................................54
5.2 Método prático de determinação da quantidade de graxa.....................................54
5.2.1 Recomendações: ..............................................................................................55
6 INSPEÇÃO .............................................................................................. 56
6.1 Inspeção de mancais de deslizamento em máquinas operando ...........................58
6.1.1 Frequência das inspeções em mancais de deslizamento .................................58
6.1.2 Passo a passo de inspeção ..............................................................................59
6.2 Inspeção em mancais de rolamento ......................................................................60
6.2.1 Princípio da termografia ....................................................................................60
6.2.2 Itens mecânicos e de processos de inspeção termográfica ..............................61
6.2.3 Análise de vibração ...........................................................................................61
7 SEGURANÇA .......................................................................................... 64
7.1 Segurança .............................................................................................................66
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 68
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 9

1 HISTÓRICO DOS
MANCAIS
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 11

1.1 Introdução
O carro de boi é utilizado para transporte de alimentos e animais, sendo muito
requisitado em algumas regiões do país. Este transporte, mesmo parecendo muito
simples em sua construção e reparo, não seria útil se lhe faltasse um elemento de
máquina: o mancal.
Segundo, ANDRADE JÚNIOR (1994), mancal é definido como um dispositivo fixo
fechado, sobre o qual é apoiado um eixo. Sua função é comportar um eixo, e
existem duas formas principais empregadas para esse propósito: o mancal de
deslizamento, na qual há uma bucha de material macio entre a base do mancal e o
eixo, tratando-se de uma solução para baixas rotações; e o mancal de rolamento,
adequado para maiores rotações.
O carro de boi se constitui de uma superfície plana, um eixo e dois mancais que
estão fixados nas extremidades inferiores da superfície. O eixo se encaixa nos
mancais e seu estado é estático e apenas as rodas se movimentam neste tipo de
transporte.
Conforme mostra figura abaixo:

Figura 1 - Parte inferior de um carro de boi

1.2 O que é mancal?


Elementos de máquinas que servem de apoios fixos aos elementos dotados de
movimentos giratórios (eixos). O mancal é composto de uma estrutura geralmente
de ferro fundido e bipartida (base tampa), que encerra o casquilho, no interior do
qual gira o eixo.
A maioria das máquinas e equipamentos possuem mancais. É sua função posicionar
um elemento de máquina que gira em relação a outro. Em outras palavras, os
mancais são componentes de máquinas destinados a assegurar movimentação
rotativa entre duas superfícies, com baixo nível de atrito. São conjuntos destinados a
suportar as solicitações de peso e rotação de eixos e árvores.
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2
TIPOS DE
MANCAIS
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 15

1.3 Mancal deslizante


São todos os mancais cujo trabalho se baseia no deslizamento dos elementos
envolvidos.
Munhão (Mancal de Munhão): entre o eixo e o mancal, é colocada uma peça de
material menos resistente do que os dois elementos, de tal forma que, quando o eixo
gira, é o munhão que se desgasta, e não o eixo ou o mancal, é muito utilizado no
virabrequim (árvore de manivelas ou cambota) de motores de combustão interna,
onde costuma ser de bronze.
Camada de fluido (Mancal Hidrodinâmico), que cria uma pequena camada entre o
mancal e o eixo, diminuindo o atrito. Pequenos canais no munhão permitem a
passagem do lubrificante
Campo magnético (Mancal Magnético): é constituído por dois elementos, um
acoplado no eixo e o outro no mancal, que criam campos magnéticos da mesma
polaridade, de tal forma que se repelem, permitindo desta forma que o eixo fique
sem contato com o mancal.

1.3.1 Mancal deslizante (Tipos)


a) Mancais de guia - Muito encontrados em máquinas ferramentas, onde a mesa
desliza sobre suas guias. Não suportam muita carga, o movimento relativo entre eles
é de translação.

- Planos
- Escora
- Guia
b) Mancais de fricção - Quando uma das superfícies móveis é um eixo e o
deslizamento é executado considerando-se o movimento relativo de rotação entre o
eixo e o mancal.
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 16

Existem três tipos específicos:


1) Mancais planos - comumente chamados de radiais. São os que suportam carga
perpendicular ao eixo de rotação.
2) Mancais de escora - também conhecido como de encosto. São projetados para
trabalharem sob ação de cargas axiais.
3) Mancais guias - servem praticamente para evitar o deslizamento do eixo.

1.3.2 Vantagens dos mancais de deslizamento


 São simples de montar e desmontar;

 Adaptam-se facilmente às circunstâncias;

 Apresentam formatos de construção variados;

1.3.3 Desvantagens dos mancais de deslizamento


 Produzem altas temperaturas em serviço;

 Provocam desgastes em buchas e eixos devido às deficiências de


lubrificação;

 Provocam perda de rendimento devido ao atrito;

 Não permitem desalinhamentos;

 Exigem constantes lubrificação;

1.4 Mancais de rolamento


São todos os mancais cujo trabalho se baseia no rolamento dos elementos
envolvidos (mais utilizados nas indústrias mecânicas). Independente das
características do mancal (se é deslizante ou de rolamento) é extremamente
importante conhecer na transmissão qual deve ser o mancal fixo e qual deve ser o
mancal móvel.
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 17

Os mancais devem ser montados dentro de um alinhamento preciso, para não


trabalhar em um regime forçado e, consequentemente, não causar danos ao
equipamento.

1.5 Formas construtivas


As caixas para rolamentos possuem, originalmente quatro formas construtivas
específicas.
 BP (Bloqueado Passante) Lado do Acionamento

 LP (Livre Passante) Lado Oposto ao Acionamento

 BC (Bloqueado Cego) Lado do Acionamento

 LC (Livre Cego) Lado Oposto ao Acionamento

No lado do equipamento onde existe o acionamento, na maioria das vezes, deve-se


montar a caixa cuja construção é “BLOQUEADA” para evitar o movimento axial do
rolamento. No lado oposto ao acionamento, deve-se montar a caixa “LIVRE”, para
permitir o deslocamento axial do rolamento, compensando movimentações do eixo e
absorção de pequenos desvios dimensionais, sem forçar os elementos rolantes dos
rolamentos. Onde for necessário mais de duas caixas para rolamentos em um
mesmo eixo, somente um mancal do lado do acionamento será bloqueado, os
demais serão livres.

1.6 Vantagens e desvantagem dos mancais de


rolamento

1.6.1 Vantagens
 Menor atrito e aquecimento

 Coeficiente de atrito de partida (estático) não superior ao de operação


(dinâmico)

 Pouca variação do coeficiente de atrito com carga e velocidade

 Baixa exigência de lubrificação

 Intercambialidade internacional
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 Mantém a forma de eixo

 Pequeno aumento da folga durante a vida útil

1.6.2 Desvantagens
 Maior sensibilidade aos choques

 Maiores custos de fabricação

 Tolerância pequena para carcaça e alojamento do eixo

 Não suporta cargas tão elevadas como os mancais de deslizamento

 Ocupa maior espaço radial

1.7 Materiais utilizados na construção do


mancal
Geralmente a base do mancal é de ferro fundido ou podendo também ser de aço,
Para a confecção da bucha utilizam-se diversos materiais, dos quais se destacam
dependendo muito de fatores técnicos envolvidos no projeto do mancal.
Metal patente: são ligas fundamentalmente a base de Estanho (89%), Antimônio
(8%), Cobre (3%). Este metal é muito utilizado.

Ligas binárias de Cobre e Chumbo (20 à 40% de Chumbo): A boa resistência a


fadiga indica o seu uso em mancais que trabalham em condições severas.

- Bronze a base de Estanho;

- Bronze a base de Chumbo;

- Bronze de alta resistência.

Todos os tipos especificados acima são utilizados em mancais de bombas de água,


motores marítimos, trens de laminação, mancais de vagões ferroviários.

Alumínio: Suas ligas resistem bem a corrosão produzida pela acidez do lubrificante.
São muito usados em mancais de motores de explosão, alguns compressores,
equipamentos aeronáuticos.

Prata: Mancais com prata são muito usados em aeronaves e motores diesel. São
camadas (0.001 à 0.005 in) de prata depositada internamente em mancais de aço.
Ferro fundido: São raramente usados.
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Grafite: é misturado com cobre, bronze, e plásticos, obtendo assim, uma maior
diminuição do coeficiente de fricção.

Plásticos: Muito utilizados em máquinas de indústrias têxteis, alimentícias, com


produtos corrosivos, oxigênio líquido.
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3
2 VEDAÇÃO DE
MANCAIS
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 23

2.1 Tipos de vedações


A seleção de um tipo de vedação depende de uma série de fatores existentes, tais
como: temperatura, velocidade periférica, tipo de lubrificante, ambiente de trabalho,
etc.
Quando solicitado, as caixas poderão ser fornecidas com outros tipos de vedações,
conforme ilustraremos a seguir, classificadas em 03 grupos:

2.1.1 De contato
Os elementos vedantes não têm contato com o eixo, portanto não têm limitações
quanto à aplicação em função da rotação. São recomendadas para altas rotações e
altas temperaturas.

Figura 2 - TC

- Descrição: Tira de feltro indicada para trabalhar em ambiente não agressivo.


- Lubrificação: Graxa.
- Velocidade periférica: Até 4m/s.
- Temperatura de trabalho: Entre -40 a 100°C.
- Desalinhamento permitido: 0,5°.
- Características especiais: A tira de feltro deverá ser embebida em óleo aquecido
entre 80 a 85°C antes de ser montada. É importante que o alojamento da tira de
feltro e a classificação do feltro esteja dentro das especificações recomendadas.
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Figura 3 – TC (TSNA C)

- Descrição: Tira de feltro, acondicionada em anél de alumínio bipartido, indicada


para trabalho em ambiente não agressivo.
- Lubrificação: Graxa.
- Velocidade periférica: Até 4m/s.
- Temperatura de trabalho: Entre -40°C a 100°C.
- Desalinhamento permitido: 0,5°.
- Características especiais: O anél de alumínio possui um anel O’Ring em seu
diâmetro externo para impedir que ele gire durante a operação. Esta vedação é
específica para as séries SNAH.

Figura 4 - TG

- Descrição: Retentor de borracha nitrílica ou poliuretano, bipartida, com lábio duplo.


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- Lubrificação: Graxa.
- Velocidade periférica: Até 8m/s.
- Temperatura de trabalho: Entre -40°C a 100°C.
- Desalinhamento permitido: 1°.
- Características especiais: Exclusiva para mancais da série SNAH. Na montagem, o
espaço entre o lábio de contato deve ser preenchido com graxa.

Figura 5 - TA

- Descrição: Anél tipo V’Ring inteiriço, possui um lábio que veda axialmente em uma
placa metálica ou direto em uma superfície axial da própria caixa, esta superfície de
contato deve ser usinada.
- Lubrificação: Graxa ou óleo.
- Velocidade periférica: Até 12 m/s, mas a partir de 7 m/s devem ser travados
axialmente no eixo.
- Temperatura de trabalho: Entre -40°C a 100°C.
- Desalinhamento permitido: 1°.
- Características especiais: Exclusiva para mancais da série SNAH.
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Figura 6 - GS

- Descrição: Retentor GS de borracha nitrílica.


- Lubrificação: Graxa.
- Velocidade periférica: Até 8m/s.
- Temperatura de trabalho: Entre -40°C a 100°C.
- Desalinhamento permitido: 1°.

Figura 7 - ZF

- Descrição: Retentor ZF de borracha nitrílica.


- Lubrificação: Graxa.
- Velocidade periférica: Até 8m/s.
- Temperatura de trabalho: Entre -40°C a 100°C.
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 27

- Desalinhamento permitido: 1°.

Figura 8 - R

- Descrição: Retentor de borracha nitrílica inteiriço com mola.


- Lubrificação: Graxa ou óleo.
- Velocidade periférica: Até 8 m/s e a superfície do eixo de contato deve ser
retificada.
Podem trabalhar à velocidade de até 20 m/s, porém, a superfície de contato deverá
ser endurecida e retificada.
- Temperatura de trabalho: Entre -40°C a 100°C.
- Desalinhamento permitido: 1°.
- Características especiais: O retentor deve ser montado com o lábio voltado para a
parte externa do mancal a fim de evitar a entrada de contaminantes. Mas, para evitar
a saída de lubrificante, pode-se montar o retentor invertido e usar válvula de alívio
de pressão de graxa.

2.1.2 Sem contato


Os elementos vedantes têm contato com o eixo. Suas aplicações são limitadas em
função da velocidade periférica do eixo. São recomendadas para baixas rotações e
baixas temperaturas.
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Figura 9 - TS

- Descrição: Anel metálico com rasgos radiais que formam canais em forma de
labirinto quando montados.
- Lubrificação: Graxa.
- Velocidade periférica: Próprios para altas rotações.
- Temperatura de trabalho: Próprios para altas temperaturas.
- Desalinhamento permitido: 0,25°.
- Características especiais: Os espaços entre os canais devem ser preenchidos com
graxa. Somente podem ser montados em caixas ou tampas bipartidas. O diâmetro
que é montado no eixo possui um anel O’Ring.

Figura 10 - AS
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 29

- Descrição: Anel metálico com rasgos axiais que formam estreitos canais em forma
de labirinto quando montados.
- Lubrificação: Graxa.
- Velocidade periférica: Próprios para altas rotações.
- Temperatura de trabalho: Próprios para altas temperaturas.
- Desalinhamento permitido: 0,25°.
- Características especiais: Os espaços devem ser preenchidos com graxa. Quando
solicitado,podem ser providos de pino graxeiro para eliminação de possíveis
contaminantes que venham a passar pelos canais de vedação. O diâmetro que é
montado no eixo possui um anel O’ Ring.

2.1.3 Combinado
São combinações de duas ou mais vedações, visando uma melhor proteção quanto
à penetração de poluentes externos e saída de lubrificante. Indicadas para
aplicações em ambientes críticos e poluídos. Dependendo da combinação, podem
ser para baixas ou altas rotações e temperaturas.

Figura 11 - FF

- Descrição: Dupla de tiras de feltro indicadas para ambientes não muito poluídos.
- Lubrificação: Graxa.
- Velocidade periférica: Até 4m/s.
- Temperatura de trabalho: Entre -40°C a 100°C.
- Desalinhamento permitido: 0,5°.
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 30

- Características especiais: As tiras de feltro deverão ser embebidas em óleo


aquecido entre 80 a 85°C antes de serem montadas.
Importante que os alojamentos das tiras de feltro nos mancais e a classificação do
feltro estejam dentro das especificações recomendadas.
Caso necessário, poderemos fornecer as especificações.

Figura 12 - RR

- Descrição: Dupla de retentores inteiriços com mola e pino graxeiro para lubrificação
intermediária.
- Lubrificação: Graxa ou óleo.
- Velocidade periférica: Até 8 m/s e a superfície do eixo de contato deve ser
retificada.
Podem trabalhar à velocidade de até 20 m/s, porém, a superfície de contato deverá
ser endurecida e retificada.
- Temperatura de trabalho: Entre -40°C a 100°C.
- Desalinhamento permitido: 1°.
- Características especiais: Os retentores devem ser montados com o lábio voltado
para a parte externa do mancal a fim de evitar a entrada de contaminantes. Poderão
ser montados invertidos usando-se válvula de alívio de pressão.
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 31

Figura 13 - GSGS

- Descrição: Dois retentores GS de borracha nitrílica.


- Lubrificação: Graxa.
- Velocidade periférica: Até 8 m/s.
- Temperatura de trabalho: Entre -40°C a 100°C.
- Desalinhamento permitido: 1°.

Figura 14 - ASZF

- Descrição: Labirinto axial e retentor ZF com pino graxeiro para injeção de graxa
entre os dois que elimina as impurezas para a parte externa do conjunto.
- Lubrificação: Graxa.
- Velocidade periférica: Até 8m/s.
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 32

- Temperatura de trabalho: Entre -40°C a 100°C.


- Desalinhamento permitido: 0,25°.
- Características especiais: O retentor deve ser montado com o lábio voltado para a
parte externa do mancal a fim de evitar a entrada de contaminantes.

Figura 15 - ASR

- Descrição: Labirinto axial, retentor inteiriço com mola e pino graxeiro para injeção
de graxa entre os dois que elimina as impurezas para a parte externa do conjunto.
- Lubrificação: Graxa.
- Velocidade periférica: Até 8 m/s e a superfície do eixo de contato deve ser
retificada.
Podem trabalhar à velocidade de até 20 m/s, porém, a superfície de contato deverá
ser endurecida e retificada.
- Temperatura de trabalho: Entre -40°C a 100°C.
- Desalinhamento permitido: 0,25°.
- Características especiais: O retentor deve ser montado com o lábio voltado para a
parte externa do mancal a fim de evitar a entrada de contaminantes.
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 33

Figura 16 - ASRR

- Descrição: Labirinto axial, dois retentores inteiriços com mola e pino graxeiro para
injeção de graxa intermediária que elimina as impurezas para a parte externa do
conjunto.
- Lubrificação: Graxa.
- Velocidade periférica: Até 8 m/s e a superfície do eixo de contato deve ser
retificada. Podem trabalhar à velocidade de até 20 m/s, porém, a superfície de
contato deverá ser endurecida e retificada.
- Temperatura de trabalho: Entre -40°C a 100°C.
- Desalinhamento permitido: 0,25°.
- Características especiais: Os retentores devem ser montados com o lábio voltado
para a parte externa do mancal a fim de evitar a entrada de contaminantes. Poderão
ser montados invertidos usando-se válvula de alívio de pressão.
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 34

Figura 17 - ZFZF

- Descrição: Dois retentores ZF de borracha nitrílica.


- Lubrificação: Graxa.
- Velocidade periférica: Até 8m/s.
- Temperatura de trabalho: Entre -40°C a 100°C.
- Desalinhamento permitido: 1°.

Figura 18 - ASZFZF

- Descrição: Labirinto axial, dois retentores ZF de borracha nitrílica e pino graxeiro


para injeção de graxa intermediária que elimina as impurezas para a parte externa
do conjunto.
- Lubrificação: Graxa.
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 35

- Velocidade periférica: Até 8 m/s e a superfície do eixo de contato deve ser


retificada. Podem trabalhar à velocidade de até 20 m/s, porém, a superfície de
contato deverá ser endurecida e retificada.
- Temperatura de trabalho: Entre -40°C a 100°C.
- Desalinhamento permitido: 0,25°.
- Características especiais: Os retentores devem ser montados com o lábio voltado
para a parte externa do mancal a fim de evitar a entrada de contaminantes. Poderão
ser montados invertidos usando-se válvula de alívio de pressão.

Figura 19 - TAS

- Descrição: Consistem de dois anéis metálicos, sendo um radial e outro axial, que
formam estreitos canais em forma de labirinto quando montados.
- Lubrificação: Graxa ou óleo.
- Velocidade periférica: Próprios para altas rotações
- Temperatura de trabalho: Próprios para altas temperaturas.
- Desalinhamento permitido: 0,25°.
- Características especiais: Os espaços entre os canais devem ser preenchidos com
graxa.
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 36

Figura 20 - TSGS

- Descrição: Composta por labirinto radial bipartido e retentor GS de borracha


nitrílica
- Lubrificação: Graxa.
- Velocidade periférica: Até 8m/s. Para maiores velocidades deve ser feito
tratamento no labirinto.
- Temperatura de trabalho: Até 100ºC
- Desalinhamento permitido: 0,5°.
- Características especiais: Labirinto radial bipartido em ferro fundido GGG50 fixado
diretamente no eixo que atua como bucha de sacrificio, pois o retentor tem contato
apenas com o labirinto, preservando o eixo de desgaste. Alta eficiência na proteção
do rolamento.
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 37

Figura 21 - TSR

- Descrição: Composta por labirinto radial bipartido e retentor R de borracha nitrílica


- Lubrificação: Graxa.
- Velocidade periférica: Até 8m/s. Para maiores velocidades deve ser feito
tratamento no labirinto.
- Temperatura de trabalho: Até 100ºC
- Desalinhamento permitido: 0,5°.
- Características especiais: Labirinto radial bipartido em ferro fundido GGG50 fixado
diretamente no eixo que atua como bucha de sacrificio, pois o retentor bipartido tem
contato apenas com o labirinto, preservando o eixo de desgaste. Alta eficiência na
proteção do rolamento.

2.2 Cálculo da velocidade periférica para


seleção das vedações
Para seleção de vedação de contato, é necessário primeiro saber a velocidade
periférica do eixo onde existirá o contato com a vedação. Abaixo, a fórmula para
determinar a velocidade periférica.

. .
V=
. .
V = Velocidade periférica, em metros por segundo (m/s)
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 38

N = Rotação do eixo, em rotações por minuto (rpm)


d = Diâmetro do eixo, em milímetros (mm)
Exemplo:
d = 200 mm
N = 1200 rpm
V = 52 x 1200 x 200/ 1000000
V = 12,48 m/s
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 39

3 APLICAÇÃO
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 41

3.1 Mancal de deslizamento


A função do mancal de deslizamento é servir de apoio para eixos girantes. Estes
mancais estão sujeitos às forças de atrito devido a rotação do eixo, ou seja, o atrito
ocorre devido ao contato da superfície do eixo com o mancal.
Os mancais são constituídos de uma bucha fixada em um suporte e são utilizados
em máquinas pesadas e em equipamentos de baixa rotação, porque a baixa
velocidade evita o superaquecimento dos equipamentos expostos ao atrito. São
simples de montar e desmontar. A vida útil dos mancais de deslizamento poderá ser
prolongada seguindo alguns parâmetros: os materiais necessitam ser muito bem
escolhidos e apropriados a partir do desenvolvimento do projeto de fabricação. O
projeto de fabricação deverá prever os modos para os trabalhos de manutenção,
conservação, limpeza, lubrificação, alinhamento e reposição, mas no caso de
possíveis danos faz-se importante consider as principais funções dos mancais de
deslizamento, que são: apoiar e guiar os eixos.
Abaixo figura de um mancal de deslizamento:

Figura 22 - Constituição de um mancal de deslizamento

3.1.1 Mancais de deslizamento


São conjuntos destinados a suportar as solicitações de peso e rotação de eixos e
árvores.
Os mancais estão submetidos ao atrito de deslizamento que é o principal fator a
considerar para sua utilização.
Pelo sentido das forças que suportam, os mancais classificam se
em: axiais, radiais, mistos.
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 42

3.1.1.1 Axiais
Impedem o deslocamento na direção do eixo, isto é, absorvem esforços
longitudinais.

3.1.1.2 Radiais
Impedem o deslocamento na direção do raio, isto é, absorvem esforços transversais.

3.1.1.3 Mistos
Tem, simultaneamente, os efeitos dos mancais axiais e radiais.
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3.2 Mancal de rolamento


Este tipo de mancal é utilizado quando é necessário maior velocidade e menor atrito.
Quando o eixo gira dentro do furo é produzido o atrito denominado de
escorregamento. Para reduzir esse atrito utiliza-se o rolamento: que é um elemento
de máquina que permite o movimento relativo controlado entre duas ou mais partes.
Eles limitam as perdas de energia produzidas pelo atrito.
O comportamento do mancal de rolamento pode ser verificado através do tato e da
audição. No entanto, para fazer a avaliação do processo de giro, é necessário girar o
rolamento lentamente através do tato, isso permite constatar se o movimento está
tendo dificuldades para girar ou não. Já na avaliação pela audição é necessário que
o rolamento gire através de rotações reduzidas, levando em consideração o ruído
emitido que se classificam como: raspantes, estrepitoso ou metálico; se isto ocorrer
é porque as pistas estão sujas, descascadas, com folgas ou com falta de
lubrificação.
Exemplo de escolha do mancal da marca Henfel:
HSBP / HSBP-D
- Característica: Bipartidas, para eixos de 40 a 470mm, atendem eixos em
polegadas ou milímetros. Próprias para alojarem rolamentos autocompensadores de
rolos da série 222-K e 230-K, com buchas de fixação. Podem alojar rolamentos
bipartidos, porém, muda-se a referência do produto, inserindo o prefixo B. Para
aplicação com outras séries de rolamentos, consultar a fábrica. Possuem duas
tampas laterais e 04 furos na base. Até e inclusive o tamanho 20, poderão ser
fornecidas com 02 furos na base, bastando acrescentar o sufixo “D” no pedido de
compra. Suas dimensões principais derivam da série SAF-500. Até o tamanho 56 as
formas construtivas livre e bloqueada são obtidas por anéis.
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- Aplicação: Geral, onde deseja-se rigidez ao conjunto aliado à facilidade de


montagem pelo fato de serem bipartidas e possuírem buchas de fixação.
- Lubrificação: Graxa
- Vedações Admissíveis: Padrão: ASR
Opcionais: AS, R, ZF, GS, TC, RR, GSGS, ZFZF, ASZF, ASZFZF, ASRR, TSGS,
TSR
Mancal de Rolamento
O mancal de rolamento é constituído de dois anéis concêntricos e entre esse anéis
são colocados elementos rolantes como:
• Esfera, Rolete e Agulha.
As figuras abaixo representam os três tipos de mancais : esfera, rolete e agulha:

Figura 23 - Tipos de rolamentos

Figura 24 - Resistencia da caixa


TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 45

3.2.1 Rolamento fixo de uma carreira de esferas


É o mais comum dos rolamentos. Suporta cargas radiais e pequenas cargas axiais e
é apropriado para rotações mais elevadas.
Sua capacidade de ajustagem angular é limitada. É necessário um perfeito
alinhamento entre o eixo e os furos da caixa.

3.2.2 Rolamento de contato angular de uma carreira


de esferas
Admite cargas axiais somente em um sentido e deve sempre ser montado contra
outro rolamento que possa receber a carga axial no sentido contrário.

3.2.3 Rolamento autocompensador de esferas


É um rolamento de duas carreiras de esferas com pista esférica no anel externo, o
que lhe confere a propriedade de ajustagem angular, ou seja, de compensar
possíveis desalinhamentos ou flexões do eixo.
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3.2.4 Rolamento de rolo cilíndrico


É apropriado para cargas radiais elevadas. Seus componentes são separáveis, o
que facilita a montagem e desmontagem.
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4 MONTAGEM
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4.1 Limpeza de mancais de deslizamento


Os mancais desmontados devem ser lavados com querosene ou desengraxante para
dissolver o lubrificante usado e eliminar as impurezas.
Após a lavagem dos mancais, eles deverão ser Lubrificados com o mesmo tipo de
lubrificante anteriormente usado, desde que esse tipo não seja o causador de algum
provável dano.
No local de funcionamento dos mancais, a limpeza deve ser contínua nas proximidades
para eliminar os elementos estranhos que poderiam contaminar o lubrificante, tais como:
água, partículas metálicas, pó, abrasivos, ácidos etc.

4.2 Alinhamento de mancais de deslizamento


O alinhamento de mancais de deslizamento pode ser obtido de dois modos:
a) Observar as marcas provocadas pelo eixo contra o mancal. Quando os mancais
estiverem alinhados, as marcas deverão ser uniformes.
b) Paralelismo com calibradores e o alinhamento horizontal com um nível de precisão.

4.3 Controle da folga de mancais de


deslizamento
Para o controle da folga de mancais de deslizamento, exige-se o posicionamento correto
do conjunto mancal e eixo. O conjunto deverá girar livremente.
O controle da folga entre o mancal e o eixo é feito com uma lâmina calibrada verificadora
de folgas.
O controle da folga, quando se exige maior precisão dimensional, pode ser efetuado
com um relógio comparador.
Abaixo são ilustradas as formas de montagem mais comuns:
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4.4 Exemplo de características técnicas do


mancal do fabricante HENFEL
HSBP

Vedação padronizada “taconite” de labirinto com retentor tipo “ASR”. Para as vedações tipo
ASZF, AS, R, ZF, TC e GS as dimensões são mantidas, caso seja solicitado outro tipo de
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 51

vedação as dimensões das colunas “L”, “M” e “N” da tabela poderão ser alteradas, mas o
nosso departamento técnico deverá ser consultado para informações.
- Estas caixas possuem como padrão quatro furos em suas bases, mas até o tamanho
20/208/207, estas caixas poderão ser fornecidas com dois furos, bastando para isso
acrescentar o sufixo “D” na denominação da caixa (Ex. HSBPD-15BP-ASZF).
As dimensões dos parafusos de fixação para dois furos na base, encontram-se na coluna “S”
entre parênteses.
- Podem alojar rolamentos bipartidos, porém, muda-se a referência do produto, insirindo o
prefixo B.Para aplicação em outras séries de rolamentos, consultar nosso departamento
técnico.
- Até o tamanho 56 (inclusive) o bloqueio do rolamento é obtido com anéis de bloqueio, nos
tamanhos maiores o rolamento é bloqueado pelas tampas laterais.
- Ex. de especificação: HSBP-157-BP-ASZF = Caixa série HSBP, tamanho 157, em ferro
fundido cinzento, com 04 furos na base, preparada para rolamento 22215-K + bucha HA-315,
execução bloqueada com tampa passante e vedação de labirinto com retentor tipo ASZF.

4.5 Como fazer um pedido de mancal?


Tabela 1 - Composição - Exemplo

Material do Mancal Base Cheia Série do Mancal Tamanho do Mancal Vedação Forma Construtiva
SBP 22 ASR BP
SBP 22 ASR LC
N SBP 22 AS BP
S S SBP 22 ASR BP
D = Dois Furos na Base (SBP e SBPC) Os mancais SBP até o tamanho 20/208/207 podem
F = Quatro Furos na Base (SBM) ser fabricados com dois furos na base,
S = Esta sigla do título: Base Cheia, significa que o mesmo possui base cheia. bastando acrescentar na nomenclatura o sufixo "D".
S = Esta sigla no título: Material do Mancal, significa que o material é aço. Ex. SBP-D-16.
N = Esta sigla no título: Material do Mancal, significa que o material é modular. Os mancais SBM até o tamanho 32 são fabricados
BC = Rolamento Bloqueado e mancal cego. com 2 furos na base, mas podem ser
LC = Rolamento Livre e mancal cego. fabricados com 4 furos, bastando acrescentar na
BP = Rolamento Bloqueado e eixo passante. nomenclatura o prefixo "F". Ex: FSBM-16.
LP = Rolamento Livre e eixo passante.
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5 LUBRIFICAÇÃO
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5.1 Lubrificação
A função de um lubrificante é reduzir o atrito entre os elementos rolantes de um
rolamento e vedação, diminuindo os desgastes internos.
Os lubrificantes mais conhecidos e usados são: graxa e óleo mineral. Para cada
aplicação específica existe o lubrificante mais adequado. Para a seleção correta
devem ser considerados diversos fatores como: temperatura, ambiente, rotação de
trabalho, tipo de rolamento aplicado, etc. Abaixo, informamos as vantagens e
desvantagens do uso de graxa ou óleo, assim como o sistema prático de lubrificação
dos rolamentos nas caixas.
Tabela 2 - Lubrificante

Lubrificante Vantagens Desvantagens


Facilidade de estocagem Para trocar a graxa, é
e transporte; necessário abrir a caixa
para rolamentos inteira;
Fácil manuseio e
aplicação ; Limite menor de rotação
Graxa
Não necessita controle de em relação ao óleo;
nível;
Menor risco de vazamento
Vedações simples;
Efeito vedante;
Limite maior de rotação Dificuldade de estocagem
em relação à graxa; e transporte;
Diversos métodos de Difícil manuseio e
lubrificação; aplicação;
Óleo
Efeito refrigerante do Necessita controle de
sistema; nível;
Fácil troca através de Maior risco de vazamento
bujões de dreno; Vedações complexas;

5.2 Método prático de determinação da


quantidade de graxa
Volume de graxa aplicado nos espaços vazios da caixa, considerando o limite de
rotação do rolamento aplicado.
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 55

Tabela 3 - Volume de graxa


Preencher totalmente os espaços vazios do rolamento
Rotação Quantidade de graxa
Baixa rotação 100%
Menor que 50% 50% a 80%
Maior que 50% 30% a 50%

5.2.1 Recomendações:
Geralmente, deve-se substituir toda a graxa do mancal a cada 6 meses.
Quantidade de graxa a ser adicionada na relubrificação (G) = 0,005 x D x B
Onde: G = quantidade de graxa em gramas
Ex.: Rolamento 22.222 K - ( 110 x 200 x 53 )
D = diâmetro externo do rolamento em mm
B = largura total do rolamento em mm
G = 0,005 x 200 x 53
G = 53
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7
6 INSPEÇÃO
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6.1 Inspeção de mancais de deslizamento em


máquinas operando
Na maior parte dos casos, os sinais de falhas oriundos de mancais de rolamento são
caracterizados por altas frequências e pequenas amplitudes. Além disso, os sinais
apresentam frequências associadas a diversos tipos de ruidos, tais como as
ressonâncias introduzidas pelos próprios detectores de aquisição ou ruidos oriundos
de pontos situados no caminho de transmissão entre a estrutura da máquina rotativa
e os detectores dos sinais, por exemplo.
A inspeção de mancais em máquinas operando exige que o mecânico de
manutenção conheça, previamente, o programa de inspeção.
Além disso, o mecânico de manutenção deverá deter, previamente, as informações
a respeito dos problemas, tais como: ruídos anormais, excesso de vibrações e
gradiente de temperatura dos mancais.
Conhecendo previamente o programa de inspeção e de posse das informações a
respeito dos problemas, o mecânico de manutenção deverá selecionar as
ferramentas e os equipamentos a serem utilizados na manutenção.
Após isso, todas as uniões dos mancais terão de ser examinadas quanto aos ruídos,
aquecimento e vazamentos de lubrificante. Os eixos deverão ser inspecionados
quanto às folgas e vibrações.

6.1.1 Frequência das inspeções em mancais de


deslizamento
A frequência das inspeções em mancais de deslizamento depende, principalmente,
das condições de trabalho que eles suportam, ou seja, da velocidade com que os
eixos giram apoiados neles, da frequência de lubrificação, das cargas que eles
suportam e da quantidade de calor que eles geram.
Essa quantidade de calor é avaliada pela temperatura do conjunto.
Para exemplificar a frequência de inspeções em conjuntos que possuem mancais de
deslizamento, observe os seguintes casos:
• mancais de eixos que sustentam polias: uma vez por mês;
• mancais de cabeçotes ou caixas de engrenagens: a cada vinte dias;
• mancais de apoio pequenos: uma a cada dois meses.
É importante salientar que os períodos estipulados para as inspeções podem variar
de acordo com as condições de trabalho citadas anteriormente.
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6.1.2 Passo a passo de inspeção


• Fazer limpeza externa no mancal utilizando espátula, escova de aço,
desengraxante, pincel e toalha industrial.
• Abrir mancal removendo os parafusos da parte lateral e superior.
• Fazer limpeza interna utilizando luva de pvc.
• Recolher graxa trabalhada (usada) em recipiente apropriado e transportá-la
ao reservatório de resíduos.
• Verificar estado do rolamento.
• Verificar folga do rolamento.
• Verificar vedação, oring.
• Verificar labirinto do mancal.
• Verificar pino graxeiro e bujão de dreno.
• Lubrificar mancal com graxa nova de acordo com a especificação do
fabricante.
• Fechar mancal.
• Fazer limpeza do local onde executou o serviço.
• Fazer segregação de resíduos gerados.
Para execução das atividades descritas a cima, o equipamento
deverá está parado e devidamente desernergizado conforme
IMPORTANTE: norma de segurança.
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 60

6.2 Inspeção em mancais de rolamento

Figura 25 - Câmera termográfica

A termografia é uma das técnicas de inspeção, chamadas de Técnicas de


Manutenção Preditiva, definida por alguns como uma atividade de monitoramento
capaz de fornecer dados suficientes para uma análise de tendências.
As técnicas termográficas geralmente consistem na aplicação de tensões térmicas
no objeto, medição da distribuição da temperatura da superfície e sua apresentação,
de tal forma que as anomalias que representam as descontinuidades possam ser
reconhecidas. Duas situações distintas podem ser definidas:
1.Tensões térmicas causadas diretamente pelo próprio objeto durante a sua
operação: equipamento elétrico, instalações com fluído quente ou frio, isolamento
entre zonas de diferentes temperaturas, efeito termoelástico, etc.
2.Tensões térmicas aplicadas durante o ensaio através de técnicas especiais
(geralmente aquecimento por radiação ou condução) e certas metodologias a serem
estabelecidas caso a caso, para que se possa obter boa detecção das
descontinuidades.

6.2.1 Princípio da termografia


Termografia é a técnica que estende a visão humana através do espectro
infravermelho. O infravermelho é uma frequência eletromagnética naturalmente
emitida por qualquer corpo, com intensidade proporcional à sua temperatura. São,
portanto, emissões de infravermelho através de uma tela de TV, produzindo imagens
técnicas chamadas de termogramas, que, em resumo, permitem a visualização da
distribuição de calor na região focalizada. Assim, com o uso do termovisor, fica
extremamente fácil a localização de regiões quentes ou frias, por meio da
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 61

interpretação dos termogramas que fornecem imagens, em faixas de temperatura


que podem cobrir de –40 a 1500ºC.

6.2.2 Itens mecânicos e de processos de inspeção


termográfica
Mancais de rolamento ou de deslizamento, engrenamentos, alinhamento de
máquinas, condição de lubrificação, sistemas hidráulicos (água ou óleo) caldeiras,
refratários, fornos, trocadores de calor, câmaras frigoríficas, compressores, vasos
separadores, tubulações, válvulas, linhas de vapor.

Figura 26 - Termogramas de análise termográfica

6.2.3 Análise de vibração


Os defeitos em rolamentos geram impactos repetitivos que excitam vibrações livres
de curta duração (com alto amortecimento) em frequências naturais elevadas, acima
de 500 Hz, as quais se propagam pela caixa dos mancais e estrutura da máquina na
forma de ondas de tensão. Assim, essas vibrações livres geradas pelos defeitos em
rolamentos são moduladas em amplitudes pela sequência de impactos repetitivos e
pelo efeito do amortecimento. As portadoras são as frequências naturais dos
componentes do rolamento (pistas e elementos rolantes), da caixa e da estrutura do
equipamento. As modulantes são as frequências básicas de falha (BSF, BPFO e
BPFI).
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 62

Com isso, pode-se observar que na ocorrência de um defeito nas pistas girantes,
geralmente a interna, a intensidade da vibração aumenta quando a região contendo
o defeito passa pela zona de carregamento, provocando uma modulação de
amplitude da componente BPFI (ou BPFO) pela frequência de rotação da pista.
Quando o defeito localiza-se somente em alguns elementos rolantes, a intensidade
da vibração aumenta quando os elementos defeituosos passam pela zona de
carregamento, provocando uma modulação em amplitude da componente BSF e da
frequência de rotação da gaiola FTF. Além disso, quando o defeito se propaga e se
espalha pelas pistas e elementos rolantes, os efeitos de modulação e a intensidade
das bandas laterais correspondentes são reduzidos.
Segundo REIS et al. [18], a ocorrência de um defeito na pista externa, na prática,
tendem a gerar sinais de vibração com amplitudes e direções com níveis constantes.
Isso se deve ao fato da posição do defeito manter-se constante em relação ao
acelerômetro utilizado para a detecção dos dados. Em contra partida, defeitos
localizados na pista interna ou elementos rolantes apresentam uma tendência de
geração de sinais de vibração mais complexos, quando comparados com os sinais
referentes à pista externa. A passagem dos elementos defeituosos em rotação pela
zona de carregamento causa uma mudança contínua da intensidade da carga e do
caminho de transmissão dos impactos em relação a posição do sensor.
A Figura a baixo ilustra a situação de uma falha na pista interna, onde os impulsos
são gerados na taxa da BPFI (Ball Pass Frequency Inner) e são modulados pela
frequência do eixo.
8

7 SEGURANÇA
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 66

7.1 Segurança
• Manter seu ambiente de trabalho sempre limpo e organizado;
• Observar e respeitar as sinalizações de segurança;
• Evitar contato com cabos elétricos;
• Não utilizar ferramentas em condições inadequadas ou de uso improvisado;
• Inspecionar cabos, cintos e ferramentas;
• Não tocar nas partes móveis dos equipamentos quando em movimento;
• Não Tocar nas partes quentes do equipamento;
• Não realizar a atividade quando não sentir-se bem de saúde;
• Avaliar sempre os riscos da atividade e condições de saúde pessoal;
• É proibida a realização da atividade sob efeito de álcool, substâncias
psicoativas ou medicamentos que causem distúrbios do sistema nervoso central;
• Não derramar lubrificantes no mar;
• Colocar toalha suja de lubrificante em recipiente adequado;
• Não descartar contaminantes líquidos no mar;
• Caso ocorra derramamento de óleo durante a manutenção, colocar manta
absorvente ou toalha industrial sobre o óleo derramado;
• Após término da manutenção, executar a limpeza da área de trabalho;
• Todo material gerado como expurgo deverá ser segregado nos locais de
coleta apropriado.
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 68

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8 Referências
Bibliográficas
TRILHA TÉCNICA: PORTO | MANUTENÇÃO 70

Catálogo Técnico SKF – http://www.skf.com/portal/skf_br/home/


Catálogo Técnico NSK – http://www.nsk.com.br/cat_digital/Catalogo.html
Apostilas Treinamento Elementos de Máquinas SENAI
Apostila Treinamento Básico Montagem Rolamentos
Catálogo Geral Industry – www.SNR.com.br
www.mundomecanico.com.br
Catálogo Técnico HENFEL – www.henfel.com.br

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