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4674 IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 14, NO.

12, DECEMBER 2016

Displacement Tracking of Harvester Rods of a


Coffee Harvester
L. G. Ferreira Júnior, F. M. Silva and D. D. Ferreira

Abstract⎯ There is a certain difficulty by grower to properly Para [5], para o aperfeiçoamento de máquinas destinadas à
regulate the coffee harvester for a specific condition of each colheita do café é necessário o conhecimento prévio de
harvest. To know the vibratory motion of the harvester rods detalhes relativos às propriedades mecânicas, geométricas e
during harvesting is the first step to find the best machine dinâmicas dos frutos e da planta.
settings. This study aimed to track the trajectory performed by
O mesmo autor afirma também que a realização de testes
the rods in terms of amplitude and vibration frequency using
instrumentation and signal processing techniques. For this, a low experimentais em laboratório utilizando máquinas apropriadas
cost system composed of an open-source electronic prototyping para analisar o comportamento do sistema fruto-pedúnculo-
platform Arduino and an accelerometer was proposed. With the ramo pode auxiliar o dimensionamento e o projeto de
proposed system, vibration signals were collected and processed máquinas de colheita.
via MatLab. The results showed the complete two-dimensional Segundo [6], o desenvolvimento de tecnologias
trajectory performed by the rods in different settings. From the computacionais na área agrícola não é algo novo, mas um
achieved trajectories it is possible to better understand the desafio evolutivo diário, pois todos os anos surgem novas
harvesting rods behavior and extract important features like the tecnologias aplicadas nesta área com o objetivo de obter
maximum displacement in both vertical and horizontal motion,
melhorias no processo de produção agrícola e redução de
which can be very useful to define the best harvesting settings.
custos operacionais inerentes ao mesmo processo.
Keywords⎯ coffee harvesting, signal processing, vibration. As colhedoras de café existem há mais de quatro décadas,
porém, ainda há uma carência de informações sobre sua
relação dinâmica com o cafeeiro.
I. INTRODUÇÃO
Buscando entender o comportamento mecânico da planta
de café através de análise de elementos finitos, [7] simulou a
A MECANIZAÇÃO da cafeicultura proporcionou o
surgimento de novas tecnologias e de diversos modelos
de colhedoras, favorecendo a redução de custos durante o
árvore do café em sistema tridimensional e comparou com o
comportamento de uma planta real sob carga estática,
validando a metodologia para estudos de prevenção de
processo de colheita e, consequentemente, tornando o
problemas estruturais durante a colheita mecânica do café. Já
cafeicultor mais competitivo no mercado agrícola.
[8] observou que com a progressão da maturação dos frutos,
A mecanização das operações de cultivo e colheita
estes perdem a sua capacidade elástica.
assume um papel que vem dando fôlego aos cafeicultores em
Determinando as frequências naturais e os modos de
épocas de crise, por meio da redução dos custos operacionais
vibração, [9] constatou que essas frequências reduzem na
[1], [2].
medida em que se aumenta a massa total do sistema, dado pelo
Segundo [3], a colheita do café é mais difícil de estudar do
maior número de frutos solidários ao pedúnculo. Já [10]
que das culturas como cereais devido a características tais
utilizou técnicas de processamento de imagens, encontrando
como a forma da planta, a maturação não uniforme dos frutos
frequências naturais de 11,62 e 13,29 Hz para os estádios de
e a alta umidade destes. O mesmo autor afirma também que
maturação vermelho e verde, respectivamente.
além de ser um arbusto perene, cada planta de café pode ter
Assim como é importante na maioria dos estudos
forma diferente, com diferenças de altura, comprimento e
apresentados sobre colheita mecânica do café por vibração, o
largura.
estudo da frequência, a amplitude, a regulagem do freio dos
A colheita dos frutos do cafeeiro tem sido realizada por
cilindros osciladores, as forças de desprendimento dos frutos,
meio de vibrações mecânicas. A partir da associação de
as propriedades mecânicas, geométricas e dinâmicas dos
fatores como frequência e amplitude de vibração, pode-se
frutos, é também necessário um maior estudo e conhecimento
transferir energia vibracional suficiente para o desprendimento
do comportamento dinâmico dos componentes mecânicos
dos frutos. Dessa forma, a partir do conhecimento das
responsáveis pela transmissão da vibração aos ramos e frutos
propriedades modais do sistema fruto-pedúnculo, podem-se
do cafeeiro.
empregar níveis de frequência e amplitude adequados para a
Conhecer a frequência e amplitude de vibração das hastes
realização da colheita seletiva ou total dos frutos [4].
vibratórias das colhedoras em diferentes regulagens e seus
efeitos pode possibilitar uma melhor recomendação de
_____________________________
regulagem para a colheita, levar a um melhor desempenho na
L. G. Ferreira Júnior, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, eficiência de colheita, redução do repasse de mão, possibilitar
Minas Gerais, Brasil, luizdgfj@gmail.com uma melhor colheita seletiva e com menos danos às plantas.
F. M. Silva, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, Minas Todos esses fatores favorecem na redução de custos do
Gerais, Brasil, famsilva@ufla.br
D. D. Ferreira, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, Minas
processo de colheita, o que é de grande interesse do
Gerais, Brasil, danton@deg.ufla.br cafeicultor e das indústrias de máquinas agrícolas, que terão
DE GONZAGA FERREIRA JÚNIOR et al.: DISPLACEMENT 4675

como bases essas informações para a confecção de seus Os ensaios foram realizados com a colhedora estática, a
projetos. fim de não obter interferência de vibrações provenientes de
O presente trabalho objetivou, com o auxílio de técnicas de trepidações devidas a irregularidades da superfície do solo e
processamento de sinais e da instrumentação, mapear o demais vibrações causadas pelo movimento da colhedora. A
comportamento de vibração das hastes derriçadoras de uma mesma permaneceu apoiada nos quatro pneus, estando sua
colhedora de café automotriz, em termos de frequência e estrutura a 200 mm do nível do piso. Os pneus foram
amplitude de vibração, a fim de levantar o perfil de calibrados com pressão de ar a 35 Lb.Pol-² conforme
deslocamento, ou seja, a trajetória dessas hastes em diferentes recomendações do fabricante.
regulagens recomendadas para a colheita. Os sinais de vibração foram coletados através de um
sensor acelerômetro tri axial, capacitivo, modelo MMA7361
II. SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS PROPOSTO [11]. Este sensor converte o movimento mecânico realizado
pelas hastes em sinais de tensão, que correspondem a uma
Os ensaios foram desenvolvidos no Departamento de aceleração. É um sensor muito utilizado em sistemas de jogos
Engenharia, setor de Máquinas e Mecanização da de três dimensões, como sensor de movimento e inclinação,
Universidade Federal de Lavras, município de Lavras, estado registrador de eventos e dispositivo de segurança.
de Minas Gerais, Brasil. Utilizou-se neste trabalho uma Neste estudo o sensor acelerômetro foi utilizado para a
colhedora de café automotriz, modelo K-3 Advance, fabricada captação da vibração das hastes derriçadoras. Optou-se por
pela empresa brasileira Máquinas Agrícolas Jacto S/A. este sensor devido principalmente ao seu baixo custo, baixo
A instrumentação da colhedora foi realizada através da consumo de corrente (400 mA) e baixa tensão de operação
fixação de um sensor na ponta da haste derriçadora, sendo três (2,2 a 3,6 V). Além disso, ele possui sensibilidade
tamanhos de hastes: 570, 600 e 640 mm. Cada cilindro selecionável (± 1,5 g ou ± 6 g) e liga rápido com tempo de
oscilador é composto por 36 flanges e cada flange compõe 18 resposta de 0,5 mili segundos [11].
hastes. Para os ensaios, manteve-se uma das configurações de Para a aquisição dos sinais de vibração captados pelo
distribuição de hastes no cilindro oscilador, geralmente acelerômetro, utilizou-se um microcontrolador, com hardware
utilizada para colheita: da 1ª a 15ª flange com hastes de 13 x de código aberto denominado Arduino, modelo Mega 2560.
570 mm; da 16ª a 30ª flange com hastes de 13 x 600 mm e da Além de ser atrativo por possuir um “código aberto”, sua
31ª a 36º flange, hastes de 13 x 640 mm. utilização neste projeto foi devido ao seu baixo custo de
Um sensor de vibrações foi fixado na ponta das hastes da aquisição.
3ª, 18ª e 34ª flange, no sentido da base para o topo do cilindro A transmissão desses sinais de vibração foi realizada por
oscilador. Os ensaios concentraram-se em obter informações meio de um módulo de comunicação bluetooth, modelo
das hastes de apenas um dos cilindros osciladores, entretanto, Rs232, desenvolvido para Arduino. Este módulo permite
durante os ensaios os dois cilindros permaneceram vibrando e conexão dos dados do Arduino para o computador via
nas mesmas condições de regulagem. Estes cilindros possuem conexão sem fio. Todo o sistema foi alimentado por uma
os mesmos sistemas de regulagem, porém são independentes. bateria de 9 Volts.
A Fig. 1 ilustra a fixação do sensor na haste e a Fig. 2 a A Fig. 3 ilustra a montagem dos equipamentos,
posição da haste ensaiada ao longo do cilindro. interligando o sensor acelerômetro, o módulo bluetooth e a
bateria na placa Arduino. O esquema é apenas ilustrativo. Os
fios de cor amarela representam a ligação dos eixos X, Y e Z
do acelerômetro. A cor azul identifica os fios responsáveis
pela conversão dos sinais analógicos em digitais. A
alimentação do microcontrolador, do acelerômetro e do
módulo bluetooth está sendo representado pelos fios de cor
vermelha. O único fio de cor verde, representa a comunicação
entre o módulo de comunicação sem fio (bluetooth) e o
microcontrolador Arduino.

Figura 1. Fixação do sensor na ponta da haste.

Figura 2. Posição das hastes ensaiadas ao longo do cilindro. Figura 3. Esquema de montagem do sistema de aquisição dos sinais.
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Apesar do sensor acelerômetro utilizado neste trabalho ser Cumpre ressaltar que a faixa de passagem dos filtros foi
capaz de coletar sinais em três dimensões, como o interesse definida de acordo com a frequência de regulagem medida (a
foi conhecer os deslocamentos realizados pela ponta das partir da análise do espectro de frequência dos sinais
hastes, as quais são fixadas no cilindro oscilador como pode coletados), que foi pouco inferior à frequência de regulagem
ser notado na Fig. 2, desprezou-se então a terceira dimensão ajustada na colhedora.
(z), correspondente ao sentido axial da haste derriçadora, O segundo bloco (Filtro B) da Fig. 4, implementa um filtro
coletando os sinais em apenas duas dimensões (x e y). para eliminar ruídos mecânicos e verificar a condição de “não
movimento” conforme recomenda a nota técnica de
III. PROCESSAMENTO DE SINAIS acelerômetros AN3397 [13]. Basicamente, o filtro transforma
em zero os valores de aceleração que estiverem entre -3 e 3
O processamento de sinais constitui-se em uma etapa m.s-2 [13].
fundamental para a análise final dos dados coletados, já que A terceira etapa, representada também na Fig. 4, refere-se
ele é aplicado neste trabalho com duas funções principais: à conversão dos sinais de aceleração para
redução de ruídos elétricos e mecânicos, e a conversão do posição/deslocamento. Como o sensor capta os sinais de
sinal de aceleração adquirido pelo acelerômetro em vibração na forma de aceleração e o objetivo dessa pesquisa é
posição/deslocamento. mapear o perfil de deslocamento da ponta das hastes
Os sinais obtidos pelo sensor foram coletados a uma derriçadoras, necessita-se então da conversão desses sinais
frequência de amostragem de 2000 sinais a cada 60 segundos, para obter o deslocamento das hastes através das diferenças de
seguindo teorema de Nyquist [12], o qual orienta para que a posição coletadas pelo sensor. Para isso, baseou-se na nota
frequência de amostragem seja igual ou superior a duas vezes técnica de acelerômetros AN3397 [13], que utiliza os
a maior frequência do espectro em estudo. Baseado nisso, princípios da física e matemática para converter aceleração em
estimou-se um intervalo de amostragem de 30 mili segundos. posição.
Esses sinais foram armazenados em planilhas eletrônicas, e A aceleração é a taxa de variação da velocidade de um
em seguida processados via MatLab R2011b®. objeto. Ao mesmo tempo, a velocidade é a taxa de mudança
Após a coleta dos sinais de vibração, os mesmos foram de posição desse mesmo objeto [13]. Uma vez obtido os dados
transformados a fim de se obter os sinais referentes à posição de aceleração, pode-se, através da integração dupla dos sinais
da haste. Para isso, basicamente quatro etapas foram de aceleração encontrar a posição dos sinais no tempo,
necessárias, conforme mostra a Fig 4. conforme equação 1:

∬ , (1)

em que a(t) é a função aceleração no tempo e s(t) é a posição


no tempo. A integral da aceleração resulta na velocidade e a
integral da velocidade resulta em posição.
A integral de uma função foi criada originalmente para
Figura 4. Etapas do condicionamento de sinais. determinar a área sob uma curva no plano cartesiano. Dessa
forma, pode-se obter a velocidade das hastes derriçadoras
O primeiro bloco (Filtro A) implementa um filtro passa calculando a área sob a curva no plano cartesiano e,
faixa ajustado para cada frequência de regulagem do cilindro similarmente, a posição pode ser obtida a partir da velocidade.
oscilador recomendada para a colhedora (750, 850 e 950 Este procedimento é equivalente à Equação (1). Para realizar
ciclos.min-1). O objetivo desse filtro é eliminar os ruídos este procedimento, a nota técnica de acelerômetros AN3397
elétricos e mecânicos captados pelo acelerômetro. Foi [13] recomenda a divisão da área sob a curva da aceleração no
projetado um filtro para cada frequência de regulagem da plano cartesiano em retângulos e também em triângulos, a fim
máquina com faixa de passagem conforme mostra a Tabela I. de minimizar a influência do erro de amostragem que pode ser
Os filtros foram passa-faixas de ordem 4, 40 dB (decibéis) de gerado durante o processo de integração dos sinais. É
atenuação na faixa de rejeição e 3 dB de ripple na faixa de importante salientar que a orientação em questão, foi seguida
passagem. tanto na integração da aceleração quanto na integração da
velocidade.
TABELA I A última etapa, representada na Fig. 4 por Filtro C, é
FAIXA DE PASSAGEM DOS FILTROS
utilizada para remover os ruídos provenientes dos erros do
Frequência de Regulagem Valores médios Faixa de
(ajustada na colhedora) da Frequência de passagem
processo de conversão de aceleração para posição. Observou-
Regulagem (banda se que energias não existentes surgiam em baixas frequências
(medida pelo passante) (de 1 a 4 Hz) no sinal referente à posição {s(t)}, resultante da
sensor) conversão. Assim, um passa alta poderia ser usado para
750 ciclos. min-¹ (12,5 Hz) 12,4 Hz 11 – 13 Hz eliminar estes ruídos, porém, como já estava implementado o
-
850 ciclos. min ¹ (14,2 Hz) 14,1 Hz 13 – 15 Hz passa faixa da primeira etapa (Filtro A), este foi utilizado
950 ciclos. min-¹ (15,8 Hz) 15,2 Hz 14 – 16 Hz novamente.
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III. RESULTADOS E DISCUSSÃO (a) x 10


7
(b)

Espectro de Frequência
1000
3

Amplitude (m.s-²)
O processamento proposto pelas etapas mostradas na Fig. 500

Horizontal
4 foi aplicado a todas as regulagens ensaiadas. 0
2

Por motivos de simplificação, serão apresentados nesta 1


-500
seção os resultados sequenciais de cada uma das etapas
0
descritas na Fig. 4 para apenas uma das regulagens ensaiadas. -1000
20 21 22 23 5 10 15
Como o objetivo do presente trabalho é mapear o perfil da
(c) x 10
7
(d)
trajetória realizada pelas hastes derriçadoras, outros perfis

Espectro de Frequência
Amplitude (m.s-²)
adquiridos, de outras regulagens ensaiadas, também serão 500 4

apresentados no final desta seção, contudo, sem apresentação

Vertical
3
0
dos detalhes do processo de filtragem de sinais, o qual segue a 2

mesma metodologia e sequência apresentada na Fig. 4. -500 1

A Figura 5 mostra os sinais de vibração em termos da 0


20 21 22 23 0 5 10 15
aceleração, conforme capturados pelo acelerômetro, nos Tempo (s) Frequência (Hz)
sentidos horizontal e vertical e seus respectivos espectros de Figura 5. Sinais de aceleração coletados pelo sensor acelerômetro e seus
frequência (pares (a)-(b) e (c)-(d), respectivamente). Estes respectivos espectros de frequência para as regulagens de 12 Kgf no freio do
sinais referem-se às regulagens de 12 Kgf no freio do cilindro cilindro oscilador, 15,8 Hz de vibração e dimensão da haste 13x600 mm
oscilador (64,33 N.m), vibração do mesmo cilindro a 950 (posicionada na parte central do cilindro). Os pares (a)-(b) e (c)-(d), referem-
se aos sentidos horizontal e vertical, respectivamente.
ciclos.min-¹ (15,8 Hz), dimensão da haste de 13 x 600 mm
(posicionada na parte central do cilindro), adotadas aqui para
(a) 7
(b)
exemplificar todas as etapas da Fig. 4. x 10

Espectro de Frequência
1000
Os sinais de vibração coletados tiveram duração máxima

Amplitude (m.s-²)
3
500
de 60 segundos, porém, para melhorar a visualização do

Horizontal
2
comportamento destes sinais ao longo do tempo, é 0
1
apresentado apenas o intervalo de 20 a 23 segundos. -500
Através das características dos sinais de frequência -1000
0

apresentados na Fig. 5 (b) e (d), observa-se que houve uma 20 21 22 23 0 5 10 15

concentração de energia próximo da frequência de vibração (c) x 10


5
(d)

Espectro de Frequência
200 3
em que a colhedora foi regulada (15,8 Hz), em torno de 15,2
Amplitude (m.s-²)

Hz (valor capturado pelo sensor), para a vibração da haste no 100


2
Vertical

sentido horizontal. Já na vertical houve maior concentração de 0


energia em baixas frequências (menores que 5 Hz), que é -100
1

consequência da vibração da colhedora, ou seja, quando o 0


motor e o cilindro oscilador estão ligados, a colhedora sofre -200
20 21 22 23 5 10 15
um pequeno balanço devido ao fato de estar apoiada nos Tempo (s) Frequência (Hz)
quatro pneus. Esse balanço (vibração) caracterizou a energia Figura 6. Sinais de aceleração filtrados pelo Filtro A e seus respectivos
em baixa frequência na vertical. É possível identificar também espectros de frequência para as regulagens de 12 Kgf no freio do cilindro
oscilador, 15,8 Hz de vibração e dimensão da haste 13x600 mm (posicionada
outras pequenas concentrações de energia em frequências na parte central do cilindro). Os pares (a)-(b) e (c)-(d), referem-se aos sentidos
diferentes, resultado da interferência de ruídos, que podem horizontal e vertical, respectivamente.
advir de diferentes fontes, como ruídos mecânicos, sonoros e (a) x 10
5
(b)
Espectro de Frequência

300 3
elétricos.
Amplitude (mm)

Os sinais mostrados na Fig. 6 (vibrações horizontal e 200


Horizontal

2
vertical e seus respectivos espectros) são referentes às saídas 100
do Filtro A, em que os sinais ruídos elétricos e mecânicos 0
1

capitados pelo acelerômetro na faixa de corte do filtro (vide 0


Tabela 1) foram filtrados, permanecendo apenas os sinais da -100
20 21 22 23 0 5 10 15
faixa de interesse (energia próxima à regulagem da colhedora,
(c) (d)
medida em 15,2 Hz).
Espectro de Frequência

40 3000
O resultado da conversão dos sinais de aceleração em
Amplitude (mm)

posição, realizado seguindo o procedimento descrito na Seção 20 2000


Vertical

II, é ilustrado pela Fig.7. Analisando-se o Espectro de 1000


0
Frequência dos sinais de deslocamento obtidos, observam-se
concentrações de energia, antes não evidenciadas nas baixas -20
0
frequências (menores do que 7 Hz), tanto para o deslocamento 20 21 22 23 0 5 10 15
Tempo (s) Frequência (Hz)
horizontal quanto para o vertical. Estas frequências são
referentes a ruídos ou a componentes harmônicos da Figura 7. Sinais após processo de conversão (de aceleração para posição) e
frequência de vibração do cilindro ou do motor da máquina, seus respectivos espectros de frequência para as regulagens de 12 Kgf no freio
que acabaram sendo amplificados com o processo de do cilindro oscilador, 15,8 Hz de vibração e dimensão da haste 13x600 mm
(posicionada na parte central do cilindro). Os pares (a)-(b) e (c)-(d), referem-
conversão de aceleração para posição. se aos sentidos horizontal e vertical, respectivamente.
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Com a aplicação do filtro passa faixa novamente, etapa 750 ciclos.min-1 no cilindro oscilador, (ii) haste de 13x600
descrita na Fig. 4 como Filtro C, foram obtidos sinais limpos, mm a 8 Kgf de freio e 950 ciclos.min-1 no cilindro oscilador, e
ou seja, sem muita interferência de ruídos e harmônicos (Fig. (iii) haste de 13x640 mm a 8 Kgf de freio e 950 ciclos.min-1
8) e com os sinais centralizados (o componente de corrente no cilindro oscilador, encontrados também pelo mesmo
contínua foi eliminado). processo representado na Fig. 4.
(a) x 10
5
(b)

Espectro de Frequência
100 3
Amplitude (mm)

60
50
Horizontal

Deslocamento Vertical (mm)


2
0 40
1
-50
20
0
-100
20 21 22 23 0 5 10 15
0
(c) (d)
Espectro de Frequência

20 2000
-20
Amplitude (mm)

10 1500
Vertical

1000
-40
0

500
-10 -60
0
-20 -60 -40 -20 0 20 40 60
20 21 22 23 0 5 10 15
Tempo (s) Frequência (Hz) Deslocamento Horizontal (mm)
Figura 10. Mapeamento da trajetória realizada pela haste de 13x570 mm a 8
Figura 8. Sinais de posição filtrados pelo Filtro C e seus respectivos espectros Kgf e 750 ciclos.min-1 no cilindro.
de frequência para as regulagens de 12 Kgf no freio do cilindro oscilador, 15,8
Hz de vibração e dimensão da haste 13x600 mm (posicionada na parte central
do cilindro). Os pares (a)-(b) e (c)-(d), referem-se aos sentidos horizontal e 80
vertical, respectivamente. Deslocamento Vertical (mm)
60
Após todas as etapas da Fig. 4, os sinais de posição que
40
juntos constituem o deslocamento da haste derriçadora, foram
plotados na forma deslocamento vertical versus horizontal, 20

obtendo-se o mapeamento da trajetória realizada pela haste, 0


conforme mostra a Fig. 9, tendo como referência a trajetória
da posição do sensor, na condição de regulagens que a -20

colhedora foi submetida. -40

-60

80
-80

60 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80


Deslocamento Vertical (mm)

Deslocamento Horizontal (mm)


40
Figura 11. Mapeamento da trajetória realizada pela haste de 600 mm a 8 Kgf e
20 950 ciclos.min-1 no cilindro.
10
0
-10 80
-20

-40 60
Deslocamento Vertical (mm)

-60 40

-80
20

-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80


Deslocamento Horizontal (mm) 0

Figura 9. Mapeamento da trajetória realizada pela haste, referente as


-20
regulagens de 12 Kgf no freio do cilindro oscilador, 15,8 Hz de vibração e
dimensão da haste 13x600 mm (posicionada na parte central do cilindro).
-40

Através da representação do perfil apresentado na Fig. 9, -60


percebe-se que a haste vibrou numa amplitude de
aproximadamente 170 mm na horizontal e 20 mm na vertical, -60 -40 -20 0 20 40 60 80
formando uma trajetória com ondulações. As Figuras 10, 11 e Deslocamento Horizontal (mm)
12, mostram perfis de deslocamento das seguintes regulagens, Figura 12. Mapeamento da trajetória realizada pela haste de 640 mm a 8 Kgf e
respectivamente: (i) haste de 13x570 mm a 8 Kgf de freio e 950 ciclos.min-1 no cilindro.
DE GONZAGA FERREIRA JÚNIOR et al.: DISPLACEMENT 4679

Observou-se certa tendência do perfil, para as regulagens


entre 8 Kgf (42,89N.m) e 10 Kgf (53,61 N.m) no freio e
vibração de 750 a 950 ciclos.min-¹ no cilindro oscilador, em
apresentar deslocamento da haste similar ao símbolo de
infinito (∞), reduzindo a amplitude horizontal e aumentando a
vertical.
Sabe-se que a derriça do fruto de café se faz por meio do
rompimento do pedúnculo (parte que liga o fruto ao ramo
plagiotrópico do cafeeiro). Esse desprendimento ocorre pelo
contato direto das hastes com os frutos do cafeeiro ou pela
transmissão de vibração, onde as hastes têm contato com os
ramos e esses transmitem vibrações das hastes para os frutos
do cafeeiro. Figura 14. Deslocamentos verticais efetuados pela ponta das hastes
derriçadoras, nas diversas regulagens ensaiadas.
Entende-se que quanto maior for o deslocamento
horizontal e vertical da haste, maior serão as chances de
IV. CONCLUSÃO
contato destas com a planta e consequentemente maiores as
chances de sucesso na derriça desses frutos, principalmente os
O sistema de aquisição de sinais proposto, juntamente com
deslocamentos verticais, pois, com a colhedora em
o processamento dos sinais, auxiliado pelo software Matlab
movimento, a maior amplitude vertical obviamente
R2011b® proporcionou agilidade, clareza e qualidade na
proporcionará maiores chances de entremear os ramos do
interpretação dos resultados, dando suporte ao entendimento
cafeeiro.
do comportamento dos sinais de vibração das hastes, à
Assim, pode-se correlacionar os resultados dos perfis
utilização de filtros de sinais e à conversão dos sinais de
encontrados com o tipo de colheita a ser realizada, buscando
aceleração em posição, sendo possível obter o mapeamento do
um perfil com maiores amplitudes, principalmente as
perfil, ou seja, a trajetória realizada pela ponta das hastes nas
verticais, para uma colheita plena (que visa derriçar todos os
diferentes regulagens ensaiadas, obtendo-se os diferentes
frutos da planta com uma única passada da colhedora) ou um
deslocamentos horizontais e verticais realizado pelas hastes.
perfil com menores amplitudes, buscando uma colheita
Os resultados evidenciam a importância da eletrônica na
seletiva (visa derriçar frutos maduros, deixando os verdes na
agricultura, visto que é possível, através do conhecimento da
planta).
trajetória realizada pelas hastes derriçadoras, inferir sobre a
A Fig. 13 mostra os deslocamentos horizontais realizados
eficiência de derriça do café e desfolha das plantas, através de
pela ponta das hastes nas diferentes regulagens ensaiadas.
uma melhor recomendação de regulagem da colhedora, uma
Observam-se maiores deslocamentos horizontais para as
vez que no processo de derriça mecânica do café por vibração,
hastes de 570 e 600 mm de comprimento e regulagem de freio
as hastes entremeiam os ramos plagiotrópicos da planta com
do cilindro oscilador em 12 Kgf, independente da vibração.
objetivo de desprender os frutos desses ramos por meio da
A Fig. 14 mostra os deslocamentos verticais das hastes,
transmissão de vibração e/ou contato direto com os frutos.
evidenciando maiores deslocamentos (amplitudes) nas
menores hastes de 570 mm de comprimento, nos freios do
AGRADECIMENTOS
cilindro oscilador em 8 Kgf e também em 10 Kgf, porém, na
maior vibração ensaiada (950 ciclos.min-1).
Os autores agradecem à Coordenação de
O estudo mostrou existência de diferentes comportamentos
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), à
na trajetória das hastes. Mostrou também que as trajetórias
Fundação de Amparo à Pesquisa de MG (FAPEMIG), e ao
mudaram de acordo com as regulagens do freio, frequência de
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
vibração do cilindro e também com o comprimento de haste.
Tecnológico (CNPq), pelo apoio e suporte financeiro.

REFERÊNCIAS
[1] F. M. Silva, “Mecanização da colheita viabiliza cafeicultor”. A Granja,
Porto Alegre, Vol. 784, pp. 60-62, 2014.
[2] E. Oliveira et al. “Custos operacionais da colheita mecanizada do
cafeeiro”. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, Vol. 42, no. 6, pp. 827-
831, jun. 2007.
[3] G. A. S. Ferraz et al. “Geostatistical analysis of fruit yield and detachment
force in coffee”. Precision Agriculture. Vol. 13, pp. 76-89, Fev. 2012.
[4] F. L. Santos et al. “Efeito da frequência e amplitude de vibração sobre a
derriça de frutos de café”. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
Ambiental, Vol. 14, no.4, pp. 425-43, 2010.
[5] D. M. Guedes. “Efeito da utilização de frequências de vibração na faixa de
35 a 55 Hz sobre a eficiência de derriça do café”. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Agrícola), Universidade Federal de Viçosa, 52 p., 2011.
Figura 13. Deslocamentos horizontais efetuados pela ponta das hastes [6] A. S. Roque, G. Schievelbein, “An Architecture based on magnetic
derriçadoras, nas diversas regulagens ensaiadas. sensors for fault detection in agricultural implements”. IEE Latin America
Transactions, Vol. 14, no. 4, pp. 1582–1587, Abr. 2016.
4680 IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 14, NO. 12, DECEMBER 2016

[7] E. A. Carvalho, R. R. Magalhães, F. L. Santos, “Geometric modeling of a


coffee plant for displacements prediction”. Computers and Eletronics in
Agriculture. Vol. 123, pp. 57-63, 2016.
[8] H. A. Tinoco et al. “Finite elemento modal analysis of the fruit-peduncle
of Coffea Arabica L. var. Colombia estimating its geometrical and mechanical
properties”, Computers and Eletronics in Agriculture. Vol. 108, pp. 17-27.
2014.
[9] A. L. F. Coelho et al. “Dynamic behavior of the coffee fruit-stem-branch
system using stochastic finite elemento method”. Coffee Science, Lavras, Vol.
11, no.1, pp. 1-10. Jan./Mar. 2016.
[10] G. P. Villibor et al. “Determination of modal properties of the coffee
fruit-stem system using high speed digital video and image processing”. Acta
Scientiarum. Technology. Maringá, Vol. 38, no.1 pp. 41-48, Jan./Mar.2016.
[11] FREESCALE. “Freescale semiconductor: data sheet MMA7361”. 2007.
Disponível em:
<http://cache.freescale.com/files/sensors/doc/app_note/AN3397.pdf>. Acesso
em: 20 Ago. 2016.
[12] H. Niquist. Certain topics in telegraph transmission theory. IEEE Latin
America Transactions. Vol. 47, pp. 617-644, 1928.
[13] FREESCALE. “Freescale semiconductor: application note AN3397”.
2007. Disponível em:
<http://cache.freescale.com/files/sensors/doc/app_note/AN3397.pdf>. Acesso
em: 20 Ago. 2016.

Luiz de Gonzaga Ferreira Júnior, brasileiro, graduado em


Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras
(UFLA) em 2007, Especialista em Cafeicultura Empresarial e
Meio Ambiente pelo Centro Universitário do Sul de Minas
(UNIS) 2012, Mestre em Engenharia Agrícola pela UFLA em
2014 e Doutorando em Engenharia Agrícola pela UFLA.
Possui experiência profissional na área de Máquinas e Mecanização Agrícola.
Instrutor de Treinamentos de operação e manutenção de colhedoras de café.
Atualmente é Professor de Engenharia de Produção no Centro Mineiro do
Ensino Superior (CEMES) e professor de mecanização da cafeicultura no
curso MBA em Cafeicultura Empresarial no Centro Universitário do Sul de
Minas (UNIS). Suas áreas de interesse são: Cafeicultura, Projeto e Avaliação
de Máquinas, Mecanização Agrícola, Instrumentação Agrícola e Otimização
de Sistemas de Produção.

Fábio Moreira da Silva, brasileiro, possui graduação em


Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras
(UFLA) em 1985, mestrado em Engenharia Agrícola pela
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) em 1990 e
doutorado em Engenharia Mecânica pela Universidade de
São Paulo (USP) em 1995. Atualmente é professor titular da
Universidade Federal de Lavras, Membro de corpo editorial da Cafeicultura
(1678-1724) e Sócio fundador do Inovação em Mecanização Agrícola Ceifa.
Tem experiência na área de Engenharia Agrícola, com ênfase em Máquinas e
Implementos Agrícolas. Atuando principalmente nos seguintes temas: Motor
Diesel, Duplo combustível e Metano.

Danton Diego Ferreira, brasileiro, obteve os títulos de


Engenheiro Eletricista em 2005 pela Universidade Federal de
São João Del-Rei (UFSJ), Mestre em Engenharia Elétrica em
2007 pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e
doutor em Engenharia Elétrica em 2010 pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ/COPPE). Realizou Estágio
Pós-doutoral na Universidade Federal de Juiz de Fora, pelo INERGE/CNPq,
de maio de 2014 a maio de 2015. Atualmente é Professor Adjunto na
Universidade Federal de Lavras (UFLA), lotado no Departamento de
Engenharia (DEG). Suas áreas de interesse são: processamento de sinais e
inteligência computacionais aplicados a Sistemas Elétricos de Potência,
processamento de sinais biomédicos, qualidade de energia elétrica, Smart
Grids e reconhecimento de padrões.

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