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Clínica Cirúrgica 8 - Oncologia
Clínica Cirúrgica 8 - Oncologia
A principal causa de câncer de pulmão é o tabagismo. Cerca de 90% dos pacientes são
ou foram tabagistas. Fumantes tem em media um risco 20 X maior que não fumantes. O
tabagismo passivo também eleva o risco em cerca de 1,3X.
Tipos Histológicos:
A) Carcinoma Não-Pequenas células:
1. Carcinoma Epidermóide (Escamoso ou Espinocelular)
Acomete principalmente HOMENS
Localização CENTRAL ou PROXIMAL
Relacionado ao TABAGISMO
Causa mais comum de HIPERCALCEMIA
PARANEOPLÁSICA
Pode ocorrer CAVITAÇÃO em 10-20% dos casos.
2. Adenocarcinoma:
Tipo histológico mais comum (40%) nos PAÍSES
DESENVOLVIDOS
Acomete principalmente as MULHERES e NÃO
FUMANTES
Localização PERIFÉRICA
É a causa mais comum de OSTEOARTROPATIA
HIPERTRÓFICA PARANEOPLÁSICA
Possui PIOR PROGNÓSTICO QUE O ESCAMOSO
Frequentemente está associada a DERRAME
*Carcinoma BRONQUIOLO-ALVEOLAR Subtipo do
Adenocarcinoma. Assemelhando-se a uma pneumonia. É mais
comum em NÃO FUMANTES.
B) Carcinoma de Pequenas Células, Oat Cell ou Avenocelular:
Corresponde a 15-20% dos casos
É o subtipo de PIOR PROGNÓSTICO e MAIOR AGRESSIVIDADE
Localização CENTRAL
Possui 70% de chance de METASTASE A DISTANCIA
Tem origem no tecido NEUROENDÓCRINO
É o subtipo mais fortemente associado ao TABAGISMO
Clínica:
O CA de pulmão não causa qualquer sintoma até a doença estar avançada.
Pode aparecer como nódulo assintomático na radiografia de tórax
Tosse, dispneia, hemoptise, dor torácica, rouquidão
Disseminação Regional:
Sindrome de Pancoast:
o Tumor localizado no sulco superior do pulmão
o Dor no ombro e/ou escápula ipsilateral e dor na distribuição do nervo
ulnar (com atrofia muscular e paresia distal) +
o A destruição radiológica da primeira e segunda costelas +
o Síndrome de Horner = Miose, ptose, enoftalmia e anidrose facial
ipsilateral Comprometimento da cadeia simpática cervical e do
gânglio estrelado.
o O subtipo histológico mais frequentemente envolvido é o Epidermóide.
Síndromes Paraneoplásicas:
Hipercalcemia Ca epidermóide
SIADH CA pequenas células
o Retenção renal de agua e hiponatremia
Síndrome de Cushing CA pequenas células
o Hipertensão arterial, hiperglicemia, alcalose metabólica hipocalêmica
Osteoartropatia pulmonar hipertrófica Adenocarcinoma
o Baqueteamento digital, periostite de ossos longos e sinovite de grandes
articulações
Síndrome miastênica de Eaton-Lambert CA pequenas células
o Fraqueza muscular proximal, hiporreflexia, disfunção autonômica
Diagnóstico:
Não há indicação de screening em indivíduos assintomáticos, mesmo em
pacientes considerados de alto risco (> 45 anos e carga tabágica > 20 maços-
ano).
O exame inicialmente solicitado deve ser a radiografia simples de tórax
Todo paciente com radiografia sugestiva deve ser submetido a uma
tomografia computadorizada do tórax.
O próximo passo é a confirmação histopatológica. A citologia do escarro
possui sensibilidade de 60-70%. Trata-se de exame pouco utilizado na pratica.
Método mais empregado é a biopsia brônquica através de broncofibroscopia.
Estadiamento:
Anatômico: Determina a RESSECABILIDADE do tumor O tumor pode ou
não ser removido pela cirurgia.
Fisiológico: Determina a OPERABILIDADE do paciente O paciente
suporta ou não um procedimento cirúrgico.
Melhor exame para o estadiamento é o PET-Scan
O Estadiamento sempre deve ser = Imagem + Histopatologia
TUMOR
T1 = tumor < 3 cm
T2 = tumor > 3 e < 7 cm / Atelectasia
T3 = tumor > 7 cm / Tumor de Pancoast
T4 = Invasão de órgãos próximos + Derrame pleural
neoplásico
LINFONODO
NO = sem acometimento
N1 = Hilares ipsilaterais
N2 = Mediastinais ipsilaterais
N3 = Contralaterais ou Supraclaviculares
METÁSTASE
M0 = Ausência
M1 = Presença
ESTÁGIOS
I e II (T1 – T3) Doença Localizada Ressecáveis
III e IV (T4 ou N2 ou M1) Doença Avançada Irressecáveis
Tratamento:
Não-Pequenas células Lobectomia ou Pneumectomia + Ressecção
linfonodal do mediastino + Quimioterapia adjuvante
Pequenas células:
o Doença Limitada (Confinada a um pulmão e linfonodos ipsilaterais)
Quimioterapia + Radioterapia
o Doença Avançada Quimioterapia isolada
# Nódulo Pulmonar Solitário:
Lesão assintomática de até 3cm de diâmetro, encontrada de forma acidental em
um exame de imagem do tórax (radiografia).
Pacientes sem suspeita Devem ser observados nos próximos 2 anos exames
de imagem (Rx, TC ou PET) a cada 3 – 6 meses.
Câncer de Esôfago
Predomina mais no sexo masculino, a partir dos 40 anos de idade. O tipo escamoso é
mais comum em negros, ao passo que o adenocarcinoma é típico de brancos. No Brasil,
o tipo escamoso é o mais comum. O adenocarcinoma é derivado do epitélio de Barret.
Fatores de risco:
Escamoso Etilismo e tabagismo, bebidas quentes, alimentos ricos em
nitratos, acalasia, estenose caustica, tilose palmo-plantar,
Adenocarcinoma Esôfago de Barret, tabagismo e obesidade. Etilismo NÃO
está associado.
Clínica:
Sintomas iniciais podem ser inespecíficos.
Principal manifestação clínica é a disfagia progressiva, inicialmente para
sólidos e depois para liquidos. A perda ponderal importante é um achado
clássico.
Outros sintomas: tosse após ingestão de liquidos, rouquidão por envolvimento
do nervo laríngeo recorrente.
Estadiamento:
Se caracteriza por ter um comportamento extremamente agressivo,
disseminando-se localmente e à distancia.
Cerca de 75% dos pacientes diagnosticados com CA de esôfago já apresentam
invasão linfática.
T1 = submucosa
T2 = muscular própria
T3 = adventícia
T4 = invasão de estruturas adjacentes
Tratamento:
*Câncer precoce Apenas submucosa (T1a) Mucosectomia endoscópica.
T0 -T3 (Doença Localizada) Esofagectomia + linfadenectomia regional
o Esofagectomia transtorácica
o Esofagectomia transhiatal (melhor)
o *Reconstrução com o estômago
T4 ou N2 ou M1 Terapia paliativa Tumores irressecáveis
Câncer de estômago
É mais freqüente no sexo masculino, na faixa etária dos 50-70 anos, sendo raro antes
dos 35 anos. O tipo histopatológico mais comum é o adenocarcinoma. Parece estar
relacionado ao tabagismo, com maior prevalência em brancos.
Síndromes paraneoplásicas:
Sindrome de Trousseau Tromboflebite ou trombose recorrente
Ceratose seborréica difusa Sinal de Leser-Trelat
Acantose Nigricans
Síndrome Nefrótica
Diagnóstico:
EDA combinada com biopsia Padrão-ouro
Indicada em todo paciente com mais de 45 anos ou sinais de alarme (perda
ponderal, anemia, sangramento, disfagia, vômitos recorrentes, massa abdominal
palpável, gastrectomia previa, historia familiar de CA gástrico).
A localização mais comum é a mucosa de transição do corpo com o antro na
pequena curvatura (incisura angularis).
*Videolaparoscopia Presença de liquido ascítico!!
Tratamento:
Remoção cirúrgica é a única chance de cura.
Excluída a presença de metástases à distancia e a ausência de comorbidades, deve-
se ressecar toda a extensão do tumor com ampla margem de segurança de no
mínimo 5-6 cm.
Tumores de terço distal Gastrectomia subtotal + Billroth II
Tumores do terço médio ou corpo Gastrectomia total + Y-de Roux.
Tumores de fundo e cárdia Gastrectomia total + Esofagectomia distal + Y-de
Roux.
Todos necessitam de linfadenectomia profilática. No Brasil a mais comum é a D2
ou R2 = Linfonodos perigástricos + os que acompanham as artérias mais
próximas.
Terapia adjuvante: Radioquimioterapia
Pólipos Intestinais
São classificados:
o Neoplásicos
Malignos ou Adenocarcinomas:
São aqueles que apresentam tumor in situ.
Critérios de cura após polipectomia endoscópica: margens macro e
micro livres, histologia bem diferenciada e ausência de invasão
linfática e venosa.
O seguimento após a polipectomia é importante, uma vez que existe
a possibilidade de recidiva de 30-40% após 3 anos, devendo uma
nova colonoscopia ser realizada nesse período.
Quando durante o seguimento, não preencher o critério de cura,
estará indicado o procedimento cirúrgico (colectomia segmentar).
Benignos ou Adenomas
Incidência aumentada com a idade, ocorrendo em 30-40% dos
indivíduos com mais de 50 anos.
São os pólipos mais freqüentes do intestino grosso.
São definidos pela presença de epitélio displásico. A maioria
apresenta displasia de baixo grau.
Histopatologia: Tubular (mais comum – 85% - e de melhor
prognóstico), Viloso (10% - pior prognóstico) e Tubuloviloso.
Pólipos vilosos, grandes (>2cm) e com displasia de alto grau
possuem maior tendência para malignizarem.
A maioria é assintomático, sendo a hematoquezia a queixa mais
comum.
A colonoscopia é obrigatória.
o Não-Neoplásicos
Hiperplásicos Geralmente assintomáticos. 2° pólipos colorretais em
freqüência. São encontrados mais comumente no reto e sigmóide.
Indivíduos > 40 anos.
Inflamatórios Ocorrem nas DII. Na RCU é bastante comum.
Hamartomas Quando juvenis, predominam em crianças com menos de 5
anos. Geralmente são grandes e penduculados. Há tendência ao
sangramento e à intussuscepção.
Fatores de risco:
Genéticos: PAF, Sd. de Lynch
Dieta Pobre em fibras, rica em gordura e calorias e carboidratos refinados.
Obesidade, tabagismo, etilismo.
Doenças inflamatórias intestinais
Diabetes mellitus tipo 2 e Acromegalia
Endocardite infecciosa por Streptococos bovis
Variedade mais comum é a esporádica (75%) Nesses pacientes não existe uma
historia familiar importante de CA colorretal e o câncer se origina de um pólipo
adenomatoso esporádico.
Rastreamento:
Não possuem historia familiar Iniciar a partir dos 50 anos de idade.
o Cololonoscopia a cada 10 anos OU
o Colonoscopia virtual a cada 5 anos OU
o Retossigmoidoscopia a cada 5 anos OU
o Clister opaco a cada 5 anos.
Possuem história familiar Iniciar a partir dos 40 anos de idade.
Lynch a partir dos 20 anos Colono de 2 em 2 anos
Lynch a partir dos 35 anos Colono anual
Pacientes com 8 a 10 anos de DII Colono de 2 em 2 anos
Manifestações Clínicas:
Ca do cólon esquerdo Alteração do hábito intestinal (constipação
progressiva ou diarréia). Maior tendência à lesão constritiva.
Ca do cólon direito (mais frequente) Predomina sangue oculto nas fezes e
anemia ferropriva, além de massa palpável. As lesões são geralmente polipoides.
Ca retal Hematoquezia, constipação, tenesmo, eliminação de muco.
Diagnostico:
Anamnese, Toque retal
Laboratório Anemia ferropriva, alteração de enzimas hepáticas
Confirmatórios:
o Retossigmoidoscopia
o Clister opaco Sinal da “maçã mordida”
o Colonoscopia Obrigatório, padrão-ouro
*A dosagem do antígeno carcinoembrionário (CEA) não tem valor
diagnóstico, pela sua baixa sensibilidade e especifidade. É utilizado para o
controle de cura após a cirurgia para o CA colorretal. Os níveis de CEA podem
estar elevados em pacientes tabagistas, ou com cirrose hepática, neoplasias de
ovário e pâncreas. Valores acima de 10ng/ml geralmente indicam doença
avançada.
Estadiamento:
Exames TC de tórax e abdome + CEA + Colonoscopia
o T1 Limitado à submucosa
o T2 Limitado à muscular própria
o T3 Extensão à serosa
o T4 Extensão para órgãos adjacentes
Estágio TNM:
I T1 e 2
II T3 e 4
III N+
IV M1 (Fígado e Pulmão)
Tratamento: Na grande maioria dos pacientes a cirurgia curativa é possível.
Doença localizada:
Cólon:
Cirurgia
o Ceco e colon ascendente Hemicolectomia direita
o Transverso Transversectomia
o Colon descendente Hemicolectomia esquerda
o Sigmoide Sigmoidectomia
QT adjuvante no Estágio III
A radioterapia não é indicada
Reto:
QT+ RT neoadjuvantes em Estágios II e III
Cirurgia
o Localização Alta (5-6 cm da margem anal) Ressecção
abdominal baixa
o Localização Baixa Ressecção abdominoperitoneal +
Colostomia definitiva
Doença metastática:
Mesmo pacientes com metástases hepáticas ou pulmonares podem ficar curados
com cirurgia.
Na carcinomatose peritoneal pode ressecar os implantes e realizar QT
intraperitoneal.
Nos pacientes inoperáveis, QT paliativa para aumentar a sobrevida.
Seguimento pós-operatório:
Pacientes em estágio II e III apresentam até 40% de chance de recidiva.
Consulta médica e dosagem do CEA a cada 3-6 meses por 2 anos, depois a
cada 6 meses até completar 5 anos.
Colonoscopia após 1 ano. Se negativa, repetir em 3 anos e depois a cada 5
anos. Se positiva (pólipo), ressecar e repetir em 1 ano.
Tomografia de tórax, abdômen e pelve anualmente.
Hepatocarcinoma
É o tumor hepático primário maligno mais comum e a terceira causa de neoplasia do
mundo. Possui relação de causa e efeito com a cirrose e com as hepatites crônicas pelo
vírus B e vírus C. Predomina em homens com mais de 50 anos.
Fatores de risco:
Hepatite B Causa mais comum de CHC em todo o mundo
Hepatite C menos prevalente que o vírus B
Doença hepática alcoólica
Hemocromatose
Toxinas exógenas
Tirosinemia
Esteróides anabolizantes
Contraceptivos orais
Cirrose hepática (de qualquer etiologia)
Apresentação clínica:
Tríade clássica Dor em quadrante superior direito + Aumento do volume
abdominal + Perda de peso
Identificação incidental por método de imagem
Piora do estado clinico ou trombose de veia porta em paciente cirrótico
previamente compensado
Manifestações paraneoplásicas: febre, leucocitose, caquexia, eritrocitose,
hipercalcemia, síndrome carcinóide, hipoglicemia, porfiria cutânea tarda.
Diagnóstico:
Alfafetoproteína (AFP) É o principal marcador tumoral do CHC. AFP >
20ng/ml em paciente cirrótico já sugere CHC. A AFP também se encontra
elevada nas metástases hepáticas, tumores de testículos ou ovários e na gravidez.
USG transabdominal Identifica com facilidade lesões hepáticas > 2cm,
inicialmente hipoecoicas que tornam-se hiperecoicas. Ao Doppler nota-se
tipicamente uma vascularização arterial.
Tomografia helicoidal trifásica Exame de escolha para a confirmação
diagnostica do CHC.
Grupo:
CA de cabeça de pâncreas
Colangiocarcinoma distal
CA de 2° porção de duodeno
CA de papila de Vater
Apresenta icterícia de caráter flutuante, comumente acompanhado de melena. O
achado de vesícula palpável, distendida e indolor é conhecido como vesícula de
Courvousier-Terrier.
Representa apenas 5-10% dos tumores periampulares. 2/3 são do tipo adenocarcinoma.
O diagnostico é realizado com um endoscópio de visão lateral.
Cerca de 90% dos casos são ressecáveis. A conduta envolve cirurgia de Whipple
(pancreatiduodenectomia) com sobrevida em 5 anos de 40-50%.
Câncer de Próstata
Patologia:
O padrão-ouro para a confirmação diagnostica do carcinoma de próstata é a
biopsia (guiada por ultrassom transretal). Os tumores de próstata podem ser
invisíveis aos métodos de imagem nos estágios iniciais.
O achado histopatológico de ausência de camada de células basais no material
da biopsia é sugestivo de carcinoma prostático.
Na maioria das vezes (90%) o tipo histológico encontrado é o adenocarcinoma
de células acinares. Raramente o câncer tem origem ductal. O segundo tipo
mais freqüente é o adenocarcinoma mucinoso, que cursa com níveis
desproporcionalmente elevados de PSA.
A presença de PIN (neoplasia intraepitelial prostática de alto grau) indica
alta chance de câncer, sendo considerada uma lesão precursora.
Cerca de 70% dos cânceres de próstata se originam na zona periférica,
posterior, do órgão, onde podem ser palpáveis ao toque retal.
A extensão local da doença costuma acometer as vesículas seminais e o
assoalho pélvico.
Em relação à metastatização, o evento inicial é a disseminação linfática
envolvendo linfonodos obturadores e para-aórticos. As metástases à
distancia acometem principalmente ossos (coluna lombar – lesões blásticas,
brancas ao raio-x), fígado e pulmões.
Escore de Gleason (Histológico):
O Escore de Gleason avalia o grau histológico de diferenciação celular. Quanto
maior o valor do escore, mais indiferenciado é o tumor. Os valores variam de 2 a
10 (soma-se o tipo histológico mais comum com o padrão mais indiferenciado).
2 – 4 são considerados “bem diferenciados”
5 – 6 são considerados “moderadamente diferenciados”
7 é considerado intermediário
8 – 10 são considerados “indiferenciados”
Manifestações clínicas:
São habitualmente assintomáticos.
A presença de sintomas sugere doença localmente avançada ou metastática. A
invasão da uretra ou do colo vesical resulta em sintomas obstrutivos e irritativos.
A hematuria geralmente denota invasão do trígono vesical. Com a progressão local,
pode ocorrer hemoespermia e diminuição do volume ejaculado.
Quadros agudos de obstrução urinária podem ser desencadeados por medicações
com ação anticolinérgica ou agonista alfa-adrenérgico.
Rastreamento:
“O screening realmente parece reduzir a mortalidade do CA de próstata, porem, essa
redução é muito discreta, e ainda não há consenso se este pequeno beneficio
suplantaria os riscos de um tratamento agressivo na maioria dos pacientes.”
O INCA e a AMB NÃO recomendam a realização rotineira do screening.
A sociedade brasileira de urologia recomenda o seguinte:
o Homens > 45 anos sem historia familiar
o Homens > 40 anos com historia familiar ou negros
o Toque retal e dosagem do PSA
Toque retal alterado (próstata endurecida ou com nódulos) sempre
indica biopsia independente do PSA
PSA > 10ng/dl sempre indica biópsia
O PSA é um marcador próstata-específico. Os limites da normalidade variam
com a idade, aumentando os níveis séricos ao longo da vida. O PSA aumenta no CA
de próstata e em condições benignas como a HPB e prostatites.
O PSA também pode ser normal em pacientes com câncer em 25% dos casos.
Durante a biopsia prostática são colhidos 12 fragmentos. O exame pode ser negativo
em 10-35% dos casos de Ca de próstata. Por isso, quando a suspeita for grande, mas
o resultado der negativo, repete-se o procedimento em 8 semanas (2 meses).
Apesar do screening detectar presença de tumores em estágios precoces, sabe-se que
a grande maioria deles apresentam crescimento lento, e nestes casos, o tratamento
simplesmente não faz nenhuma diferença positiva. Tais indivíduos, se não tivessem
o câncer diagnosticado e tratado, acabariam morrendo de outras causas sem nunca
experimentar um sintoma sequer do carcinoma de próstata.
Tratamento:
Risco Baixo = PSA < 10, Gleason < 6, Estágios I e II (PIN, T1 e T2a): Tumores
bem diferenciados, restritos à próstata (Doença localizada)
o Conduta expectante: principalmente para pacientes com expectativa de
vida inferior a 10 anos, níveis de PSA baixo e baixo grau histológico. O
seguimento é feito com dosagens seriadas de PSA e toque retal a cada 6
meses, considerando a realização de nova biopsia transretal a cada
avaliação.
Estágio IV: Tumor com extensão para órgãos adjacentes (T4) ou linfonodos
acometidos (N1) ou metástase à distancia (M1).
o Estratégias de castração química ou cirúrgica.
o Terapia paliativa.
Câncer de Bexiga
Patologia:
A maioria dos carcinomas de bexiga (75%) se apresentam como tumores
superficiais.
O carcinoma papilar é o principal tipo de tumor superficial.
Histologicamente são tumores bem diferenciados, classificados pela OMS como
grau I. Possuem uma grande tendência ao sangramento.
Os tumores de comportamento mais invasivo são classificados como Grau II e
III.
Os carcinomas de células transicionais apresentam disseminação por
contigüidade, linfática ou hematogênica, com metástases preferenciais para
fígado, pulmão e ossos.
O prognostico depende do grau de diferenciação celular, extensão da doença,
numero de lesões, tamanho das lesões, configuração do tumor, presença de
carcinoma in situ, ploidia do tumor, presença de alteração no gene p53.
A sobrevida em 5 anos está em torno de 95% nos tumores bem diferenciados.
Manifestações clinicas: quase sempre se manifestam com hematúria macroscópica
indolor (80-90%). Os sintomas irritativos vesicais ocorrem em 25% dos casos.
Deve-se pensar em tumor vesical quando são encontradas massa solida ou falha no
enchimento em exames de imagem como USG ou urografia excretora. Pode-se
confirmar o diagnostico por citoscopia com biopsia.
O carcinoma papilar superficial tem pequeno potencial invasivo, mas apresenta uma
forte tendência à recidiva após ressecção (40-80% dos casos). O tumor recidiva em
média após três meses da retirada.
Os tumores invasivos começam infiltrando a camada muscular da bexiga, atingindo a
gordura perivesical e em seguida as estruturas vizinhas, parede pélvica, próstata,
vesículas seminais, ductos deferentes, útero e vagina. Os linfonodos pélvicos (ilíacos e
periaórticos) são os próximos a serem acometidos.
Todo homem com mais de 40 anos que apresenta hematuria macroscópica deve ser
investigado para câncer de bexiga. O exame de escolha é a cistoscopia com biopsia.
Tratamento:
O carcinoma de bexiga está na lista dos tumores com altas chances de cura.
“Toda massa renal deve ser considerada maligna até que se prove o contrário.”
O carcinoma de células renais tem origem no córtex renal e responde por 80-95% de
todas as neoplasias renais malignas. Também é conhecido como hipernefroma.
Predomina no sexo masculino, negros, com idade media de 50-70 anos.
São fatores de risco: TABAGISMO (2x maior), obesidade, exposição ao cádmio e
derivados do petróleo, doença cística renal adquirida (20 X maior), doença de Von-
Hippel-Lindau (múltiplos tumores vasculares no sistema nervoso central +
feocromocitoma + câncer de rim + cistos em rim, pâncreas e epidídimo).
Patologia:
Carcinoma de células claras (60%): tumor de prognostico ruim.
Carcinoma papilífero (15%): prognostico intermediário
Carcinoma cromofóbico (10%): melhor prognóstico
Carcinoma do ducto coletor (<1%): PIOR prognóstico
Manifestações clínicas:
A maioria é assintomática ao diagnóstico.
Tríade (10%): Hematúria + Massa abdominal palpável + Dor em flanco
Desenvolvimento súbito de varicocele à esquerda (obstrução de veia gonadal)
ocorre em 10% dos pacientes.
Trombose de veia renal também ocorre em 10% dos casos.
A oclusão de veias supra-hepáticas, com ou sem obstrução do sistema cava,
determina a síndrome de Buddi-Chiari, com hepatomegalia dolorosa, ascite e
hipertensão porta.
As metástases à distancia acometem pulmão, linfonodos, fígado, ossos e
cérebro.
Síndromes paraneoplásicas:
o Feminização e masculinização (produção ectópica de gonadotrofinas)
o Síndrome de cushing (produção ectópica de ACTH).
o Hipertensão arterial (renino-dependente) Mais comum
o anemia (devido à hematúria), policetemia e febre
o HIPERcalcemia.
O carcinoma de células renais é extremamente vascularizado.
Diagnóstico:
Suspeitado pelo aparecimento da tríade clássica ou através de uma investigação
eventual de uma hematúria não-glomerular em pacientes acima de 40 anos.
Os principais exames incluem TC de abdome e pelve, radiografia de tórax,
urina e citologia urinária.
Outros exames incluem: USG, UE, cistoscopia e urotomografia e RNM
(excelente para ver extensão tumoral no interior da veia renal e sistema cava).
Se nenhuma metástase for encontrada, indica-se cirurgia mesmo na
presença de invasão da veia renal e da veia cava.
O principal critério na TC sugestivo de CA renal é a intensa captação de
contraste.
Estadiamento TNM:
T1 Até 7 cm
T2 Maior que 7 cm
T3 Invasão de grandes vasos
T4 Invade adrenal ou atravessa a fáscia de Gerota.
*Doença localizada = T3N1
Tratamento:
A cirurgia permanece como a principal modalidade terapêutica para o CCR.
Esta neoplasia não apresenta radio ou quimiossensibilidade.
Os tumores T1-3 N1, são candidatos à operação.
Somente a doença metastática (T4 ou M1) não costuma ser tratada
cirurgicamente.
O procedimento indicado é a Nefrectomia Radical (Ressecção em bloco do
rim e da fáscia de Gerota + adrenalectomia ipsilateral).
A nefrectomia parcial é indicada nas lesões bilaterais, em rim único,
insuficiência renal previa e tumores < 4 cm.
Outra modalidade terapêutica utilizada é a imunoterapia com Interferon-alfa ou
IL-2 e agentes antiangiogênicos (Sunitinib).
Patologia:
Dois tipos clássicos:
o Tipo favorável: mais comum, de bom prognóstico, ausência de
anaplasia.
o Tipo desfavorável: freqüente em crianças mais velhas, áreas focais ou
difusas de anaplasia celular.
Câncer de tireoide
1 – Carcinoma Papilífero:
É o tumor maligno mais comum da tireoide (80-90%)
Acomete mais crianças, sexo feminino, (< 40 anos)
Possui prognóstico excelente.
Diagnostico pela USG de tireoide seguida pela PAAF
Geralmente não é encapsulado, apresenta crescimento lento e na maioria dos
casos invade linfonodos regionais. Metástases à distancia são raras.
Tratamento:
o Lesão < 1 cm Tireoidectomia parcial (Lobectomia + Istmectomia)
o Lesão > 1cm, historia de exposição à radiação e < 15 anos
Tireoidectomia total
2 – Carcinoma Folicular:
Corresponde a 10-15% dos canceres de tireoide.
Acomete pacientes do sexo feminino, > 40 anos.
Este tipo de câncer NÃO pode ter o diagnóstico confirmado pela PAAF. Só
pode ser confirmado pela analise histopatológica convencional. (Não diferencia
do adenoma folicular).
Em geral apresenta-se como um nódulo solitário indolor. É incomum o achado
de adenomegalias metastáticas. A disseminação hematogênica é mais comum.
A chance de um tumor folicular representar câncer é diretamente
proporcional ao tamanho da lesão.
Tratamento: semelhante ao papilífero.