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Hugo Rebelo – Educador de infância do ensino privado

Vamos partir à aventura… a entrada no jardim de infância!

Estamos no início do ano letivo e, para muitas crianças, trata-se do começo de uma nova aventura,
tipo piratas, exploradores que partem à descoberta do desconhecido… o jardim de infância.

Esta aventura é por vezes assustadora, tanto para crianças como para os pais. Para alguns, implica,
pela primeira vez, a separação diária do seu filho e mal conseguem conter o pavor de entregar o
seu “tesouro” aos cuidados dos educadores. A questão que, muitas vezes, mais os inquieta é:
“Será que se vai adaptar bem?”.

Por sua vez, as crianças veem-se de repente “mergulhadas” num novo mundo, de espaços e
pessoas diferentes, com novas regras e com as quais precisam de conviver e adaptar-se. Por vezes,
este processo parece estar a correr bem, mas, após a primeira semana, a criança começa a chorar.
Os pais preocupam-se, não percebem o porquê disso acontecer: “Foi um problema trazê-lo hoje
para a escola. Só chorava a dizer que não queria vir!”. Existem manifestações diferentes para a
mesma situação e todas elas giram à volta da “separação” dos pais, que pode ser vivida com
alguma angústia ou não.

Há quem defenda que esta separação deve ser gradual: primeiro, umas horas; depois uma manhã;
no dia seguinte almoça… e por aí fora. Pessoalmente, penso que quem deve decidir estes
“timings” devem ser as próprias crianças. Se a criança está bem, porquê cortar este momento?
Devem ser elas a manifestar aos adultos as suas necessidades e estes devem ser capazes de fazer
uma leitura correta das mesmas.
Setembro de 2017
Educação Pré-Escolar
Os pais têm um papel muito importante em todo este processo. Cabe também aos educadores
alertá-los e orientá-los sobre as melhores atitudes a tomar e que comportamentos devem ter com
os seus filhos. Não existem mapas do tesouro para nos orientar na aventura e temos de ter em
conta que cada criança é única. Como tal, o que resulta com umas pode não resultar com outras.
Há, no entanto, algumas linhas condutoras, algumas pistas (dependendo da idade das crianças),
que os pais podem e devem seguir. Por exemplo: dialogar com os filhos sempre de uma forma
estimulante e positiva, sem mentiras; explicar o que se vai passar e ajudá-los a entender que vai
ser bom aprender coisas novas e fazer novos amigos. Este auxílio irá torná-los mais confiantes e
motivados. Outra situação importante é não prolongar os momentos de despedida, os pais devem
despedir-se dos filhos de uma forma convicta e não passarem vários minutos a despedirem-se aos
bocadinhos. Os pais precisam de estar seguros e tranquilos com o que estão a fazer e passar esses
sentimentos para as crianças.

Os educadores de infância têm um papel de extrema importância nesta aventura, com a sua
capacidade de gerir todos estes casos de diferentes formas, mesmo podendo ser uma tarefa muito
complicada numa altura em que estão a conhecer as novas crianças, a introduzir novas rotinas, ao
mesmo tempo que as atividades planeadas devem ser colocadas em prática. É fundamental que as
crianças se sintam sempre seguras, valorizadas e especiais, sendo importante proporcionar-lhes
experiências positivas. Ao longo de todo este processo os pais devem ser informados dos
comportamentos e atitudes dos filhos para assim ganharem mais rapidamente confiança no
trabalho do educador.

Com este tipo de procedimentos e com ambas as partes (escola/família) a “remarem” para o
mesmo lado, estou certo de que irão chegar ao tesouro (uma adaptação completa e integral) de
uma forma mais rápida e, consequentemente, menos penosa para todos. Uma boa aventura…!

Setembro de 2017
Educação Pré-Escolar

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