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O VALENTE ALFAIATE

Vivia numa cidade pequena, há já muitos anos, um


rapaz que a única coisa que herdara do seu pai fora
uma humilde alfaiataria. O trabalho que tinha não era
muito e mal dava para viver.
Numa tarde de Verão, quando o calor era mais
intenso, o alfaiate estava a coser um fato enquanto
pensava em aventuras fabulosas e viagens
fantásticas.

Naquele dia tinham entrado muitas moscas na


alfaiataria e eram tão incómodas que estavam a dar
cabo da paciência do alfaiate. Finalmente, acabou
por persegui-las pela casa, armado com um mata-
moscas, imaginando que eram inimigos com os quais
tratava uma dura batalha.

E acontece que, num dos golpes, deixou estendidas


sobre a mesa apenas com uma pancada, sete moscas
grandes e gordas, que já não o incomodariam mais.
O alfaiate tinha muita imaginação e, naquele instante,
imaginou que as sete moscas eram sete guerreiros
que ele sozinho tinha vencido no campo de batalha.

O alfaiate pensou tanto na sua façanha, que acabou


por julgar que as sete moscas tinham sido na
verdade sete guerreiros ferozes e, cheio de orgulho
pela vitória, costurou uma faixa de seda e bordou
nela estas palavras: “Matei sete com um golpe”.

Com a faixa ao peito passeou pela cidade e todos o


admiravam espantados, pensando na valentia daquele
rapaz que tinha morto sete de uma só vez. A sua fama
espalhou-se rapidamente pela cidade e arredores.
E um dia chegou à alfaiataria um mensageiro do rei.
Procurava o rapaz para que livrasse o reino de dois
terríveis gigantes que se encontravam num bosque
perto da capital e que ameaçavam destruir tudo e não
deixar um único ser vivo no país.

Na realidade, o alfaiate era uma pessoa cobarde mas,


para justificar a fama, encaminhou-se para o bosque
onde viviam os gigantes. Pelo caminho traçou um
plano para os vencer.
Quando chegou ao local onde eles se encontravam,
olhou para os dois monstros e pôs-se a tremer.
Mas já não tinha outra solução e, subindo a uma
árvore, esperou que os gigantes adormecessem para
poder levar a cabo o seu plano.
Mal começou a ouvir os roncos dos gigantes, o
alfaiate subiu para o ramo da árvore mais perto deles
e deixou cair uma pedra sobre o nariz do maior.

Furioso, o gigante levantou a mão e deu uma palmada


ao seu companheiro, pensando que este estava a
troçar dele. Pouco faltou para que começassem a lutar
mas, após breves instantes, voltaram a adormecer e
novamente os tremendos roncos ecoaram no bosque.
O alfaiate atirou então outra pedra que voltou a cair
sobre o nariz do gigante maior, que acordou
sobressaltado e, levantando-se, deu um valente
pontapé no companheiro, que soou como se tivesse
batido num tambor.

- Já vais ver! – gritou o que levou o pontapé.


E lançou-se como um leão sobre o outro gigante.
Ao ouvirem semelhante alvoroço, todos os animais do
bosque acordaram, assustados.

Ao fim de uma hora, os dois gigantes tinham-se batido


tanto e com tanta força, que caíram esgotados um em
cima do outro.
- Assim, aprenderam a lição – disse uma coruja, que
tinha assistido a tudo desde o princípio.

- Já não nos incomodarão mais – disse um esquilo


com uma bela cauda.
Após alguns instantes o alfaiate desceu da árvore e,
ainda cheio de medo, certificou-se que os dois
gigantes estavam completamente fora de combate.

Imediatamente se pôs a caminho do palácio real, para


contar o que se tinha passado no bosque.
O rei ordenou que os sinos tocassem e decretou uma
semana inteira de festejos.
Os pajens da corte, vestidos de gala e montados em
cavalos ricamente enfeitados, percorreram todas as
regiões do reino proclamando a notícia de que a filha
do soberano, que era linda como uma rosa e loura
como o sol, ia casar-se com o herói que vencera os
dois gigantes: o “Valente Alfaiate”.

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