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Universidade Federal de Ouro Preto

Materiais Compósitos

Margarida Márcia Fernandes Lima


DECAT-EM-UFOP
CERÂMICAS

METAIS MATERIAIS POLÍMEROS

OBJETIVOS
COMPÓSITOS
Compósitos

Definição
 Classificações
 Tipos
 Exemplos
• TÓPICOS  Propriedades
 Processos Industriais
 Aplicações
A Madeira e seus constituintes
Métodos de caracterização
Por que
estudar os
compósitos?

Conhecendo-se os vários tipos de


compósitos e também compreendendo
a Relação ESTRUTURA-
PROPRIEDADE: É possível projetar
materiais que possuam combinações de
propriedades melhores do que aquelas
encontradas em ligas metálicas,
cerâmicas e materiais poliméricos

ATUALIDADE:
EXTREMAMENTE ATUAL
• Definição: Muitas possíveis, embora tão gerais que são de difícil
utilização prática.
• Dicionário Técnico: “Algo construído por partes distintas”
• (muito geral: átomos?; Misturas heterogêneas?)
• Grande dificuldade: Definir quais as dimensões dos constituintes

• “UM MATERIAL COMPÓSITO É UM SISTEMA COMPOSTO DE


UMA MISTURA OU COMBINAÇÃO DE DOIS OU MAIS MICRO
OU MACROCONSTITUINTES QUE DIFEREM NA FORMA E
COMPOSIÇÃO QUÍMICA E QUE SÃO ESSENCIALMENTE
INSOLÚVEIS UM NO OUTRO”

– Importância prática: A união faz a força


– 2 ou mais constituintes = novo material = novas e melhores
propriedades = grande parte dos materiais de engenharia
Sinergismo: Somatório de forças atuando na mesma
Direção e sentido

Materiais sob medida: materiais específicos para


SITUAÇÕES ÚNICAS de aplicação

“Abre portas” para novas oportunidades


de produção e aplicação de materiais
DEFINIÇÃO CONCEITUAL
Compósitos constituem uma classe de materiais heterogêneos, multifásicos,
podendo ser ou não poliméricos e podem ser divididos em dois componentes
distintos:

Agente
de
reforço
Matriz Fase descontínua.
Fase contínua responsável por
do material absorver o esforço
Compósito: vindo da matriz.
Responsável por Conhecido
receber e também por
transmitir o esforço agente estrutural
aplicado para
o agente estrutural
Agente
Matriz
de reforço
• Constituídos de dois ou mais materiais fisicamente
distintos e separáveis mecanicamente

• Podem ser fabricados de maneira controlada,


misturando-se os dois componentes em condições
controladas para se obter materiais com propriedades
ótimas

• As propriedades do material compósito formado pela


mistura de agente de reforço e matriz são superiores
às propriedades dos componentes individuais
• Tabela 1: Classificação ampla dos materiais compósitos
• Materiais Exemplos

• Compósitos Naturais Madeira, osso, bambú

• Microcompósitos Ligas Metálicas,


Termoplásticos reforçados,
Termorrígidos reforçados

• Macrocompósitos Aço galvanizado, esquis,


vigas de cimento, hélices

• A busca de materiais com propriedades ótimas Força Motriz


• Exemplo: Fibras e Plásticos
• Propriedades compósito: superiores aos materiais isolados
Exemplos de componentes estruturais e matriciais
Fibras de: Kevlar
contínuo carbono, boro,
vidro, vegetais
metálicas, etc..
FIBROSO
Fibras de cerâmica,
descontínuo grafite,metálicas e
ESTRUTURAL monocristalinas

PULVURULENTO Negro de funo,


sílica, etc...

TERMOPLÁSTICO PS, PE, PP, policarbonatos, poliamidas


alifáticas, PET, etc..
MATRICIAL

TERMORRÍGIDO Resina fenólica, poliéster insaturado,


poliimidas, resina epóxi
Compósitos

Reforçados Reforçados Estruturais


Particulados com fibras

Grandes Dispersas Contínuos Descontínuos Laminados


partículas

Alinhados caóticos

PROPRIEDADE ORIENTAÇÃO + DISTRIBUIÇÃO + FORMA


SINERGISMO

Matriz + Reforço

Reforçados Particulados:
Agente de reforço é aproximadamente Equiaxed
esférico 3D
Geometria desprezada

Reforçados com Fibras:


Grande comprimento e pequeno diâmetro

Compósitos Estruturais (LAMINADOS)


Compósitos e materiais homogêneos
ORIENTAÇÃO,
E
E PROPRIEDADES
Contínuo Descontínuo Descontínuo
e alinhado e alinhado e orientado
“ao acaso”
Figura (a) Fibras unidirecionais contínuas; (b) fibras
descontínuas orientadas de modo aleatório; (c) fibras
unidirecionais tecidas ortogonalmente.
Tecnologicamente os mais importantes
Grande resistência e dureza em relação ao peso sêco
Grande resistência e “leveza” Baixa densidade
Fibras resistentes e pouco densas

PROPRIEDADE INDIVIDUAL DA FIBRA +


GRAU NO QUAL O ESFORÇO APLICADO NA MATRIZ
É TRANFERIDO PARA FIBRA
INDÚSTRIAS AUTOMOBILÍSTICAS
Substituição da fibra de vidro e resinas epóxi
5 % ao ano na Europa (lei)
Principais aplicações de materiais compósitos reforçados com fibras e
matrizes poliméricas

Indústria Exemplos
Aeronáutica Asa, fuselagem, trem de aterrisagem, hélice de helicóptero

Automobilística Peças internas da carroceria

Náutica Cascos, velas, mastros

Química Mangueiras de alta pressão, tanques

Mobiliária e Cadeiras, mesas, escadas


equipamentos
Elétrica Painéis, isolantes

Esportiva Varas de pescar, raquete de tênis, tacos de golfe


Exemplo atual de aplicação de compósitos na
indústria esportiva

O esqui moderno

Camadas de Compósitos
Reforçadas com fibras de C, aramida
ou vidro
Várias direções
Movimentos de torção
Suporta elevada força: Peso/área

Emprego de ABS, PS
PE
Dados mercadológicos
do Brasil (2003)
Cerca de 2500 empresas representam
a cadeia produtiva ligadas ao setor de compósitos

Empresas Número
Transformadoras 1870
Produtoras de matéria-prima 130
(reforço e matriz)
100.000 Distribuidoras de matéria- 90
empregos prima
Prestadoras de serviço 255
TOTAL 2345
DISTRIBUIÇÃO POR REGIÕES DO BRASIL

SUDESTE NORDESTE SUL


65% 10% 18%

RS

SP BA

CE
MG PR

AL
NORTE 5%
RJ
AM
Exemplo de Empresa no setor
brasileiro de compósitos
•Mais de 30 anos de existência

•Quarta maior fabricante de aeronaves do mundo

EMBRAER •São José dos campos

•Desde 1999: ocupa a posição de maior


Treinamento para o exportador brasileira
Pessoal de serviço técnico:
Cursos de 800 h •Já entregou cerca de 5500 aeronaves

200h teoria •Área de 15 mil metros quadrados


600h prática
•Capacidade de produção de 500 toneladas/ano

•Materiais: resinas epóxi, fibras de vidro, carbono


e Kevlar
Performance no ar: materiais plásticos compósitos

•Binômio resistência/leveza
•Transportes leves, seguros e ao mesmo tempo
resistentes às imensas solicitações mecânicas
•Emprego de resinas especiais: na maioria dos casos
epóxi e reforços de fibras de C, aramida (Kevlar) e
fibras de vidro
•Estruturas favos de mel (honeycomb). Leveza e
resistência
•Emprego de pré-impregnados: moldados a frio e
curados em alto claves

•Fibras de C: peças com altos módulos de elasticidade


•Fibras de Kevlar: peças com elevadas resitências ao
impacto e grande leveza
•Fibras de vidro: altas resitências à fadiga, porém
menor preocupação com o peso
Aplicação de materiais compósitos a base de polímero reforçado com
fibras: Esquema das partes de um avião comercial

Compósito de C
Compósito de kevlar
Compósito de vidro

Perspectiva explodida de um Airbus A320, mostrando os


componentes em compósito desta aeronave.
As aplicações
estruturais de
compósitos num
Boeing 767 rondam
os 3% em peso,
mas esta pequena
percentagem
equivale a um
ganho em peso de
635kg. Cerca de
30% da superfície
exterior é em
compósito, trazendo
benefícios em
termos de corrosão
e resistência à
fadiga.
Uso de compósitos num Harrier AV-8B II. Cerca de 26%
do peso desta aeronave é em compósito, na sua grande
maioria de carbono/epoxi.
O primeiro chassis totalmente
em compósito apareceu em
1981 (McLaren MP4-1). O
chassis da figura é o Prost
AP-01 em fibra de
carbono/epoxi, depois de um
acidente (Canadá 1997). O
habitáculo é sujeito, por
regulamento, a testes de
impacto, tendo sofrido dois
embates laterais nos muros
de betão do Circuito, o
primeiro dos quais a cerca de
180km/h. Num chassis em
alumínio, o piloto teria
certamente perdido a vida. Os
compósitos vulgarizaram-se
na F1 a partir de 1983.
Indústria Automobilística
Figura - Partes internas do Mercedes CLASSE A : emprego de
polímeros e fibras vegetais: sisal, coco e flax
Figura - Partes internas do Mercedes CLASSE E : emprego de
polímeros e fibras vegetais: sisal, coco e flax
figure 4.2: A flax –reinforced car roof
FIBRAS DE FLAX EMPREGADAS
NO TETO DO CARRO
Outros exemplos de emprego de fibras vegetais
na indústria automobilística
Empresa Automotiva Modelo e aplicação
AUDI A3, A4, A6
BMW SÉRIES 3, 5 E 7
CHRYSLER SÉRIES A, C, E e S
FIAT Punto, Brava, Marea
FORD Mondeo, Focus
PEUGEOT Modelo 406
RENAULT Clio
ROVER Rover 2000
SaaB todos
SEAT todos
VOLKSWAGEN Golf, Passat, Bora
VOLVO C70, V70
Exemplo de aplicação Indústria Automobilística

Fibras de Kevlar
substituem
fios de aço
ISNaPol 2002 – Congresso Internacional
•Participação de Empresas do setor
automobilístico: MERCEDES-BENZ

•Empresas buscam novas tecnologias para


diminuir CUSTOS:
•Fibras vegetais e polímeros recicláveis

Reduções de 20% dos peso com o uso de


fibras vegetais: FLAX e SISAL
Grande
Aumento da proteção dos passageiros:
emprego
compósitos feitos a base de fibras vegetais
No setor de
são menos rígidos e não produzem arestas
caminhões
cortantes quando fraturados
Matriz

Agente de
Concentração reforço Tamanho

Forma Orientação

Características geométricas Propriedades

IMPORTANTE: VARIANDO-SE QUALQUER PRPRIEDADE:


NOVO MATERIAL: MUITAS POSSIBILIDADES DE COMBINAÇÃO
Variação de propriedades com a orientação das fibras
para uma liga de Titânio reforçada com fibras de Boro

A resistência
será máxima
quando as fibras
estiverem
orientadas com o
esforço (sendo
mínima na
direção
perpendicular).
Esforço aplicado na matriz
e transferido para fibra Maior adesão, maior deformação

Esforço

Transmissão FIBRA
de esforço Segmento de compósito
nula no final
Tendência à
ruptura, área Maior fibra, maior adesão
“desprotegida”

Figura: Padrão de Deformação nas vizinhanças de uma


fibra imersa em uma Matriz
Carga máxima no centro
f f
Carga
 máxima
aplicável  Menor
Do que
f

l = lc l << lc

CASO A: comprimento da fibra CASO B: comprimento da fibra


igual ao comprimento crítico necessário menor do que o comprimento crítico
para melhorar as propriedades necessário para melhorar as propriedades
do material final do material final
(sistema particulado)
Grande parte da fibra suporta f
f

lc/2 lc/2

l >> lc

CASO C: comprimento da fibra maior do que o comprimento crítico


necessário para melhorar as propriedades do material final
(sistema contínuo)
Valores típicos para sistemas contínuos e descontínuos

l > 15 lc : SISTEMAS CONTÍNUOS

l < 15 lc : SISTEMAS DESCONTÍNUOS

Diâmetro da fibra

lc = f . d
c
Força de cisalhamento
Tensão máxima

Valores usuais: lc = 1,0 mm (equivale a 20 a 150 vezes o diâmetro)


C = COMPÓSTITO
 (TENSÃO PARALELA AO
f = FIBRAS AGENTE D E ESFORÇO))
m = MATRIZ P = carga
/ = E A = área
P/A= 
 = deformação Matriz ou P = .A
E = módulo elást.
lc

Considerando-se 100 % adesão: Pc = Pf + Pm (como P = .A)


c.Ac = f.Af + m.Am (eq. 1)
Como: lc = lm = lf e A.l = Volume = V
Multiplicando a (eq. 1) por lc: c.Ac (lc) = f.Af(lc) + m.Am(lc)
Logo: c.Vc = f.Vf + m.Vm
Como Vc = (Vm + Vf) /Vc = 1 (fração em volume do compósito)
c.1 = f.Vf + m.Vm (eq. 2)
(condição de mesma deformação) : c = f = m
dividindo eq 2 por c: c/c = (f.Vf) / f + (mVm)/m
Ou: Ec = EfVf + EmVm (isostrain-regime elástico)
 (TENSÃO PERPEND. AO
AGENTE DE REFORÇO)

Condições:
c = f = m (simples separação de lamelas)
c = f + m (deformação do compósito é a soma das
deformações de fibra + matriz)
Como: A.l = V
c = f + m ou c = f.Vf + m.Vm (eq. 2)
como: / = E (eq. 3)
(eq 3 em eq.2):
/Ec = .Vf/Ef = .Vm/Em Dividindo por 

1/ Ec = Vf/Ef + Vm/Em ou

Ec=(Ef.Em)/(Vf.Em+Vm.Ef) (isostress-regime elástico)


Compósitos Particulados
Tratamento matemático é complexo

• Partículas Macroscópicas: A fase partícula é mais resistente que a


Matriz. As interações não podem ser tratadas a nível atômico.
• Ex: Concreto, Cermetos: esforço aplicado na matriz e suportado
pelas partículas. Ex: Matriz metálica + partículas cerâmicas
(matriz de Co + partículas de TiC ou WC)

• Dispersos: Partículas finas e inertes. Grande resistência a abrasão.


Ótimas ferramentas de corte.
• Ex. Ligas Metálicas de Ni + ThO ou Al + AlO3
Módulos Elásticos Teóricos: ISOSTRAIN

• Limite Superior (teórico) : Ec = EmVm + EpVp

• Limite Inferior (teórico) :Ec = (Em.Ep) / (Vm.Ep + Vp.Em)


ISOSTRESS

Superior

Compósito a base
de matriz de cobre
Inferior e reforço de W

Percentagem de W
Fotomicrografia (esquema) de um carbeto cimentado de
matriz de Co reforçado com WC

Matriz de
Co

Partículas
de WC
(FORMAS NÃO ESFÉRICAS)
Materiais Homog.
Compósitos Estruturais +
Compósitos

Laminares Sandwich
(panels)
Camadas
Folhas
Prensadas
altamente
resistentes:
Al, Fe, etc...
Escolha da
orientação das
fibras: direções
determinadas

FAVOS DE MEL
Ex: Skis Modernos CORE
PISOS, FORROS, ETC...
Materiais de baixa dens.
Desenho esquemático dos compósitos tipo sanduíche

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