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UNESPAR – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ

CAMPUS – FECEA – FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS DE


APCURANA – PARANÁ
GIOVANA ........

DISCIPLINA........

TEMA .......

Trabalho realizado pela acadêmica


Giovanna ........, para fins de avaliação da
disciplina ........... ministrada pelo(a)
professor(a) ..........................

APUCARANA – PR
MARÇO 2017
Análise Antropológica
Emicida - Álbum “Sobre crianças, quadris, pesadelos e lições de casa”
Passarinhos
Despencados de vôos cansativos
Complicados e pensativos
Machucados após tantos crivos
Blindados com nossos motivos
Amuados, reflexivos
E dá-lhe anti-depressivos
Acanhados entre discos e livros
Inofensivos
Será que o sol sai pra um vôo melhor
Eu vou esperar, talvez na primavera
O céu clareia e vem calor vê só
O que sobrou de nós e o que já era
Em colapso o planeta gira, tanta mentira
Aumenta a ira de quem sofre mudo
A página vira, o são delira, então a gente pira
E no meio disso tudo
Tamo tipo
3x Passarinhos
Soltos a voar dispostos
A achar um ninho
Nem que seja no peito um do outro
Passarinhos
Soltos a voar dispostos
A achar um ninho
Nem que seja no peito um do outro
2xLaiá, laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá
A Babilônia é cinza e neon, eu sei
Meu melhor amigo tem sido o som, ok
Tanto carma lembra Armagedon, orei
Busco vida nova tipo ultrassom, achei
Cidades são aldeias mortas, desafio nonsense
Competição em vão, que ninguém vence
Pense num formigueiro, vai mal
Quando pessoas viram coisas, cabeças viram degraus
No pé que as coisas vão, jão
Doidera, daqui a pouco, resta madeira nem pro caixão
Era neblina, hoje é poluição
Asfalto quente queima os pés no chão
Carros em profusão, confusão
Água em escassez, bem na nossa vez
Assim não resta nem as barata
Injustos fazem leis e o que resta pro ceis?
Escolher qual veneno te mata
Pois somos tipo
O Artista e a Carreira

Leandro Roque de Oliveira, conhecido pelo nome de Emicida, nascido em São Paulo
dia 17 de agosto de 1985. É rapper e produtor musical, considerado uma das maiores
revelações do hip hop do Brasil.
O nome Emicida é fusão das palavras MC e homicida que vem de sua fama nas
batalhas de improvisação, então disseram que ele era "assassino" e que "matava" os
adversários através das rimas. O rapper é conhecido por suas rimas de improviso, o
que fez ele se tornar um dos MCs mais respeitados. Venceu onze vezes consecutivas
a batalha de MC da Santa Cruz e por doze vezes a Rinha dos MC.
Seu começo nos dos anos 1990 se teve enquanto seus pais organizavam bailes black
na periferia de São Paulo, quando ele então começou a usar os equipamentos e
escrever as primeiras rimas. De família pobre, ele compunha e passava para seu
amigo gravá-las e vendê-las.
Emicida realizou suas primeiras composições gravadas por volta do ano de 2005,
período que entrou nos desafios das batalhas. Em 2008, lançou seu primeiro single,
Triunfo. No primeiro trimestre de 2009, ocorreu o lançamento da sua mixtape de
estreia, com o título Pra quem já Mordeu um Cachorro por Comida, até que eu
Cheguei Longe..., que juntou 25 faixas gravadas desde o início da sua carreira.
Ele lançou seu primeiro álbum intitulado O Glorioso Retorno De Quem Nunca Esteve
Aqui em 21 de agosto de 2013.
O Álbum “Este novo álbum do Emicida foi inspirado em uma viagem do rapper até o
continente africano. Sendo assim, desde o início podíamos perceber que não seria
uma simples mensagem que Leandro poderia querer passar, ou mesmo que a
musicalidade do disco seria a que estávamos acostumados. Estes fatos foram se
confirmando conforme as informações sobre participações, produções e arte do álbum
foram sendo reveladas.
"Boa Esperança”, primeira música, percebemos a influência do afrobeat e uma
mensagem que valorizava a cultura negra, brasileira e africana.
As faixas seguintes não ficaram para trás. "Mufete" veio mais calma, mas mostrou
uma África esquecida e, de certa maneira, ignorada. E "Passarinhos" surpreendeu
muitos por ser uma mensagem bastante positiva e praticamente oposta à do primeiro
single.”
“Atendendo a expectativa de muitos fãs, o álbum tem sido recebido muito bem pelos
ouvintes e pela crítica.
E não é à toa, além de bem produzido e diverso, as histórias contadas nas letras
mostram os laços com as nossas origens africanas e se propõem a denunciar uma
realidade enfrentada pelo povo diariamente na sociedade brasileira, o preconceito,
seja ele por questões raciais, culturais ou financeiras.”
Participações como Vanessa da Mata, Caetano Veloso, Dona Jacira e Anna Tréa,
Estilo Livro, entre outros.
A Música
“Passarinhos”, música publicada no Youtube no dia 11 de agosto, parceria com
Vanessa da Mata é descrita pelos fãs como: “Dá ate vontade de chorar. Que clipe
mais lindo!!!! O mundo precisa ver isso”, escreveu uma. “A letra impecável do Emicida
que já conhecemos, ganhando vida em uma história envolvente, e ainda por cima
recebendo encantadoramente a voz e a linda imagem da maravilhosa, encantadora
Vanessa da Mata, está muito lindo, adorei!”, completou outra internauta.
A música foi lançada após uma mensagem em seu Facebook sobre o racismo sofrido
no dia- a- dia:
Emicida 21 de julho de 2015 ·
Rapidinho.
Que cena foda aquela do filme do James Brown no final, onde ele foge da polícia e ao
ser enquadrado, quando abre a porta e desce do carro, ele volta a ser apenas uma
criança, um pretinho. Isso foi muito forte pra mim.
Tava ali hoje com meu parceiro Djose, fui resolver umas pendências no cartório por
que segundo semestre tem uns shows pela europa de novo, tudo rapidinho no cartório.
Passamos na lotérica pra pagar umas contas, mesma coisa de sempre, umas fotos,
umas piadas, faz uma rimaê Emicida, todo mundo ri e volta pros seus universos.
Detalhe – a menina da lotérica pergunta em choque - porque ele está escondendo o
rosto? Isso devido ao fato de ele estar de boné, haviam outras três pessoas de boné
na lotérica
( comigo quatro ) e quem adivinhar a diferença entre elas e o Djose ganha um brinde.
Sem novidade.
Fióti me chama pra ir ao escritório assinar um documento, eu que estava a pé naquele
rolêzinho pela norte, pra agilizar resolvo pegar um táxi. Selfie com o menino do posto
de gasolina.
Djose acena pro primeiro que passa, ele diminui a velocidade, olha bem pros dois
pretos e acelera de novo como se não tivesse nos visto. Foda-se, rimos e
continuamos, afinal existem centenas de taxis na cidade, certo?
Vem um ciclista e pede pra tirar foto, é fã e está emocionado. Da hora.
O segundo táxi que vem, idem, avalia o freguês e acelera de novo. Aí já ficamos mais
sérios. Deixou de ser uma piada.
Chegamos a um ponto de táxi, freia um eco-sport ao lado do táxi, era outro fã, me
comprimenta, eu retribuo, viro pro taxista, mando meu boa tarde e pergunto se o taxi
dele está livre, ele atua no procedimento padrão:
- Pra onde você vai?
Respondo o bairro e ele destrava a porta.
Entramos e sentamos no banco traseiro, ele nem liga o carro, vira e diz que não podem
ir duas pessoas no banco traseiro.
Eu pergunto de onde ele tirou isso e ele me responde que é assim mesmo. Ponto final.
Nos recusamos a ir pro banco da frente e ele ainda sem ligar nem o carro e nem o
taxímetro pergunta:
- Qual o endereço exato de onde vocês vão.
Eu no auge da minha paciência digo o endereço e ele repete:
- Agora um dos dois passa pra frente.
Nos recusamos novamente e pergunto - qual o problema?
Silêncio.
Ele me pergunta o endereço exato novamente.
Eu pergunto qual o problema outra vez.
Ele vira, se nega a nos levar e silêncio.
Dei umas xingadas e desci do carro.
Uma menina acena e grita:
- parabéns pelo trabalho, sou fã!
Agradeço sorrindo automaticamente.
Então fomos, eu e Djose procurar outro táxi, debatendo sobre como é foda isso ainda
ser tão normal.
Fiquei pensando nessa cena do filme do James Brown, o rei do soul, do funk, uma
das mais influentes figuras do século 20, mas na hora do enquadro, o policial não era
fã de Soul. E então, James Brown era só mais um pretinho.
Depois de ter tirado todas aquelas fotos, ter saído de uma entrevista, indo renovar o
passaporte pra tocar na gringa outra vez, com a cara na capa da revista e tudo mais.
Nada importa. O Taxista não era fã de rap. No final, a gente era só dois pretinhos e
como Gil e Caetano cantaram em Haiti, todos sabem como se tratam os pretos.
Análise Pessoal
Creio que nos primeiros versos, “Despencados de voos cansativos/ Complicados e
pensativos/ Machucados após tantos crivos/ Blindados com nossos motivos/
Amuados, reflexivos/ E dá-lhe antidepressivos/ Acanhados entre discos e livros/
Inofensivos...”, ele mostre a dor, as dificuldades, as lutas, batalhas, nossos gritos e
enfrentamentos, e ao mesmo tempo os “remédios” nos dados para essas dores que
nos deixam apáticos.
Em, “... Será que o sol sai pra um voo melhor/ Eu vou esperar, talvez na primavera/ O
céu clareia e vem calor vê só/ O que sobrou de nós e o que já era/ Em colapso o
planeta gira, tanta mentira/ Aumenta a ira de quem sofre mudo/A página vira, o são
delira, então a gente pira/ E no meio disso tudo/ Tamo tipo...”, acredito que ele diga
algo como quando vamos ver o mundo melhorar de verdade... , quando vamos ver
esse Sol que pra mim seria como a paz, a felicidade e também diz sobre todas as
coisas ruins, as coisas que acontecem que não tem explicação, e o que temos em
nosso planeta que temos que aturar calados.
“...Passarinhos/ Soltos a voar dispostos/ A achar um ninho/ Nem que seja no peito um
do outro/ Passarinhos/ Soltos a voar dispostos/A achar um ninho/ Nem que seja no
peito um do outro...” O autor diz algo como sermos como pássaros que voam livre,
porém sem destino, prestes a nos aconchegar em qualquer “colo/ninho” que
encontrarmos um pouco de segurança.
No trecho, “... A Babilônia é cinza e neon, eu sei/ Meu melhor amigo tem sido o som,
ok/ Tanto carma lembra Armagedon, orei/ Busco vida nova tipo ultrassom, achei/
Cidades são aldeias mortas, desafio nonsense/ Competição em vão, que ninguém
vence/ Pense num formigueiro, vai mal/ Quando pessoas viram coisas, cabeças viram
degraus...”, acredito que seja revelada um pouco mais das dificuldades dos grandes
centros, grandes cidades, como a corrida por melhores empregos, a correria do dia-
a-dia, a multidão de pessoas, que são até comparadas como formigas, e a
personificação de pessoas para objetos onde são descartáveis.
No penúltimo parágrafo, “... No pé que as coisas vão, jaó/Doidera, daqui a pouco,
resta madeira nem pro caixão/Era neblina, hoje é poluição/ Asfalto quente queima os
pés no chão...”,o eu lírico pergunta a “Jão”, como estão as coisas, e da início a fala
sobre questão ambiental, onde diz sobre desmatamento das árvores, poluição do ar,
e talvez a falta de terra para poder pisar descalço, ao invés de asfalto. Todos estes
problemas ambientais enfrentados pelas grandes metrópoles.
Já no último parágrafo, “...Carros em profusão, confusão/Água em escassez, bem na
nossa vez/Assim não resta nem as barata/Injustos fazem leis e o que resta pro
ceis?/Escolher qual veneno te mata/Pois somos tipo...”, ele fala sobre o excesso de
carros, e o trânsito gerado por eles. Fala sobre a escassez de água, mais também
para refletirmos sobre consumo consciente, e faz alusão que se continuar desse jeito
nem as baratas vão sobreviver. Diz ainda, que quem temos no governo, quem deveria
lutar pelos nossos direitos são os mesmo que nos roubam e que não estão nem ai
para o povo. No fim, fala para escolhermos qual desses males sociais enfrentados
cotidianamente queremos que nos mate.
No geral o contexto social da música, é algo que passamos todos os dias sem nos dar
conta de tudo isso, e de como eles afetam nossa vida, e a nossa ânsia de podermos
ser livres, “voar”, deles como pássaros.
REFERÊNCIAS

Vagalume- Letra da música: https://www.vagalume.com.br/emicida/passarinhos-part-


vanessa-da-mata.html
Wikipedia- História do Emicida: https://pt.wikipedia.org/wiki/Emicida
Extra- Lançamento de Passarinhos: http://extra.globo.com/tv-e-lazer/musica/emicida-
lanca-clipe-da-musicapassarinhos-com-vanessa-da-mata-
17154170.html#ixzz4cdnO91kO
Genius Brasil- Análise: https://genius.com/Genius-brasil-emicida-sobre-criancas-
quadris-pesadelos-e-licoesde-casa-analise-annotated
OGlobo- Post sobre racismo: http://blogs.oglobo.globo.com/amplificador/post/entre-o-
racismo-e-canduraemicida-lanca-passarinhos-com-vanessa-da-mata.html

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