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Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

U.C. 61006
Contabilidade de Gestão Avançada

28 de Janeiro de 2013

INSTRUÇÕES

 A prova é constituída por 3 páginas e termina com a palavra Fim. Verifique o seu
exemplar e, caso encontre alguma anomalia, dirija-se ao professor vigilante nos primeiros
15 minutos da mesma, pois qualquer reclamação sobre defeito(s) de formatação e/ou de
impressão que dificultem a leitura não será aceite depois deste período.

 O estudante deverá responder à prova na folha de ponto e preencher o cabeçalho e todos


os espaços reservados à sua identificação, com letra legível.

 A prova tem 2 grupos. O grupo I vale 6 valores; o grupo II vale 14 valores.

 Só serão tidas em consideração respostas, a caneta ou esferográfica, de cor azul ou preta.

 É permitido o uso de máquina de calcular. Não é permitido o uso de folhas com fórmulas.

 A concisão e correcção técnica e linguística serão apreciadas. Não serão consideradas as


respostas que reproduzam ipsis verbis o manual ou o relatório dos testes formativos.

 Em hipótese alguma serão aceites folhas de ponto dobradas ou danificadas.

 Exclui-se, para efeitos de classificação, toda e qualquer resposta apresentada em folhas de


rascunho.

 Os telemóveis deverão ser desligados durante toda a prova e os objectos pessoais


deixados em local próprio da sala de exame.

 Poderá ficar na posse do enunciado da prova.

 Verifique no momento da entrega da(s) folha(s) de ponto se todas as páginas estão


rubricadas pelo vigilante. Caso necessite de mais do que uma folha de ponto, deverá
numerá-las no canto superior direito.

 O exame tem a duração de 2 horas, acrescida de 30 minutos de tolerância.


Grupo I (6 valores)

1. Comente a frase: “o desvio de margem de contribuição é um dos desvios


extracontabilísticos”, justificando. (2 valores)

(Resposta: 1/2 página)

Efectivamente, o desvio de margem de contribuição é um dos desvios extracontabilísticos.


Os desvios de natureza extracontabilística não são objecto de registo contabilístico e o seu
apuramento não resulta da movimentação das contas da contabilidade analítica.
Os desvios extracontabilísticos existentes são os seguintes: desvio de vendas, desvio de
custos das vendas, desvio de custos comerciais variáveis e desvio de margem de contribuição.
Este último, o desvio de margem de contribuição é apurado através da diferença entre o
desvio de vendas e a soma dos desvios de custos das vendas e custos comerciais variáveis.

Desvio margem de contribuição = Desvio vendas – (Desvio custo das vendas + Desvio custos
comerciais variáveis)

O desvio das vendas resulta da comparação das vendas reais do período (p.ex. mês) com as
vendas previstas no mesmo período no orçamento de vendas.
De igual modo, o desvio do custo das vendas resulta da comparação entre o custo das vendas
reais do período com o custo das vendas constante da demonstração de resultados previsional.
O desvio de custos comerciais variáveis pode ser decomposto em dois subdesvios: o desvio
de quantidades vendidas e o desvio de preços (ou de orçamento ajustado).

2. Explique o que são os preços de transferência internos resultantes de negociação interna,


exemplificando? (2 valores)

(Resposta: 1/2 página)

De acordo com o manual adoptado, na sua página 246.

3. Explique o que é a demonstração de resultados ajustada e qual é a sua pertinência,


justificando? (2 valores)

(Resposta: 1/2 página)

De acordo com o manual adoptado, na sua página 184.

Grupo II (14 valores)

A empresa REVEST produz um revestimento cerâmico para exterior, tendo uma capacidade
instalada que ronda os 500 000m2/ano.

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Relativamente aos dois semestres do ano N, em que produziu e vendeu, respectivamente, 181
250m2 e 187 500m2, apresentou os seguintes resultados (valores em €):

Descrição 1º Semestre 2º Semestre


Vendas 906 250.00 937 500.00
Custo das Vendas 662 500.00 675 500.00
Resultado Bruto 243 750.00 262 000.00
Gastos de Distribuição 174 437.50 179 125.00
Gastos Administrativos 55 250.00 55 250.00
Resultado Operacional 14 062.50 27 625.00

Nas previsões para o ano N+1 a empresa admite situar-se em níveis de vendas que
representam 80% da capacidade instalada.

Na presunção de que a empresa verifica e continuará a verificar os pressupostos da análise


CVR, com base na informação fornecida, pretende-se que:

1. Estime o Resultado Antes de Impostos (RAI) da empresa para o ano N+1; (1 valor)
2. Elabore a Demonstração de Resultados que explicite a Margem de Contribuição
para o ano N+1; (1 valor)
3. Determine quantos metros quadrados de revestimento deveria a empresa vender se
pretendesse um RAI de 123 750€; (2 valores)
4. Determine quantos metros quadrados de revestimento deveria a empresa vender para
atingir o “Limiar de Rendibilidade”; (2 valores)
5. Determine o Volume de Vendas que a empresa deveria realizar para se verificar uma
margem de segurança de 25%; (2 valores)
6. Justifique a decisão quanto ao facto de se proceder a um investimento publicitário de
30 000€, que segundo o Departamento Comercial conduziria a um acréscimo de 5%
das vendas; (2 valores)
7. Analise a hipótese de, em alternativa à opção anterior, realizar uma campanha de
publicidade estimada em 65 000€ e aumentar as comissões de venda de 0.25%/m2, o
que, segundo estudo do Departamento Comercial, aumentaria as vendas em 20%; (2
valores)
8. Sabendo que o seu actual mercado se manterá nos termos antes descritos no
enunciado, analise a proposta feita à empresa de uma exportação ocasional de 50
000m2 de revestimento, para a qual se exige um preço de 3.00€/m2 e que implicará
um agravamento do gasto de distribuição de 0.15€/m2. (2 valores)

Resolução:

Em primeiro lugar, há que determinar os elementos da empresa que permitam calcular a


equação CVR do Resultado, ou seja, Preço de Venda, os Custos Variáveis e os Custos Fixos.

Uma vez que se presumem os pressupostos da teoria CVR, significa que o Preço de Venda,
bem como o Custo Variável Unitário, se mantiveram e manterão constantes, e os Custos
Fixos permanecerão inalterados.

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Pelos elementos apresentados relativos ao ano N, constata-se que houve uma variação de
unidades vendidas do 1º semestre para o 2º semestre de 187 500 – 181 250 = 6 250m2

Cálculo do preço de venda


A esta variação no número de unidades vendidas correspondeu uma variação do volume de
vendas de 937 500 – 906 250 = 31 250€. Assim, pode calcular-se qual o Preço de Venda
praticado pela empresa, dividindo a variação no volume de vendas pela variação no número
de unidades vendidas.

Pv = Δ volume de vendas = 31 250 = 5.00€/m2


Δ Unidades Vendidas 6 250

Obter-se-ia o mesmo resultado dividindo, simplesmente, o volume de vendas de cada


semestre pelas respectivas quantidades vendidas.

Cálculo dos Custos Industriais Variáveis e Fixos


A rubrica Custo das Vendas compreende os custos industriais, quer variáveis, quer fixos. Nos
pressupostos da teoria CVR os Custos Fixos foram iguais nos dois semestres do ano N, logo
o aumento verificado só pode dever-se aos custos variáveis associados à variação no número
de unidades vendidas.
CV Ind Unit = Δ Custo vendas = 675 500 – 662 500 = 2.08€/m2
Δ Unidades Vendidas 6 250

Os Custos Industriais Variáveis no 1º semestre foram, então, 2.08 x 181 250 = 377 000€, pelo
que os Custos Industriais Fixos no 1º semestre foram de 662 500 – 377 000 = 285 500€.

Repetindo o raciocínio para o 2º semestre, determinam-se os Custos Industriais Variáveis de


2.08 x 187 500 = 390 000€ e os Custos Industriais Fixos de 675 000 – 390 000 = 285 500€

Em síntese, o Custo Variável Industrial unitário correspondeu a 2.00€/m2 e os Custos Fixos


Industriais anuais totalizaram 571 000€.

Cálculo dos Gastos de Distribuição Variáveis e Fixos


Proceder-se-á para os Gastos de Distribuição com o mesmo raciocínio lógico usado para os
Gastos Industriais, ou seja:

CV Dist Unit = Δ Gastos de Distribuição = 179 125 – 174 437.50 = 0.75€/m2


Δ Unidades Vendidas 6 250

Gastos de Distribuição Fixos do 1º semestre:


174 437.50 – (0.75 x 181 250) = 38 500€

Gastos de Distribuição Fixos do 2º semestre:


179 125 – (0.75 x 187 500) = 38 500€

Conclui-se então que no ano N o Custo Variável de Distribuição unitário foi de 0.75€/m2 e
Gastos Fixos de Distribuição anuais atingiram o montante de 77 000€.

Cálculo dos Gastos Administrativos Variáveis e Fixos

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No caso de existirem gastos variáveis e gastos fixos proceder-se-ia de forma idêntica, uma
vez que o valor é igual nos dois semestres; conclui-se que respeita apenas a gestos fixos, cujo
total anual foi de 110 500€.

Equação CVR do Resultado


Analisando os resultados históricos, nos pressupostos da teoria CVR, foi possível determinar
os elementos que permitem agora calcular a equação CVR do Resultado:

R(Q) = Pv x Q – Cvu x Q – CF

R(Q) = 5Q – (2.08 + 0.75)Q – (571 000 + 77 000 + 110 500)


R(Q) = 5Q – 2.83Q – 758 500

Estamos agora em condições de responder às questões colocadas, relativamente ao ano N+1:

1. Resultado Antes de Impostos

Para N + 1 a empresa estima vendas de 400 000m2 o que corresponde a 80% da capacidade
instalada.
Conforme apresentado no ponto anterior a equação CVR do resultado é dada por:

R(Q) = 5Q – 2.83Q – 758 500

O que significa que para vendas de 400 000m2 o resultado será:

R = (5 – 2.83) x 400 000 – 787 500 = 109 500€

2. Demonstração de Resultados

Descrição Valor (€)


Vendas 2 000 000
Custos Variáveis* 1 132 000
Margem de Contribuição 868 000
Custos Fixos 758 500
Margem de Contribuição 109 500
(*) Os Custos Variáveis incluem a componente industrial e a componente de distribuição, ou seja:
CV = 400 000 x (2.08 + 0.75) = 1 132 000€

3. Vendas a Realizar para que o RAI seja 123 750€

Mais uma vez, recorrendo à equação CVR, pode determinar-se qual a quantidade de
pavimento que a empresa terá de vender para atingir um RAI de 123 750€:

123 750 = (5Q – 2.83Q) – 758 500


2.17Q = 882 250  Q = 406 566,82m2

Logo, para obter o resultado pretendido, a empresa necessita de vender 406 567m2.

4. Limiar de Rendibilidade

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O Limiar de Rendibilidade, em quantidade, corresponde ao número de m2 que deverão ser
vendidos para que o resultado seja nulo, o que pode ser dado pela equação CVR considerando
um resultado nulo, ou através do cálculo do ponto crítico.

No caso de se utilizar a equação CVR verifica-se:


R = 0  (5Q – 2.83Q) = 758 500  2.17Q = 758 500  Q = 349 539,17m2

Se for utilizada a fórmula de cálculo do Ponto Crítico a resolução desta questão será:
Q’ = CF__
Pv - CVu

Q’ = 758 500_ = 349 539,17 m2


5.00 – 2.83

Conclui-se então que a empresa terá de vender 349 539m2 para atingir o limiar de
rendibilidade.

5. Margem de Segurança

Para atingir uma Margem de Segurança de 25% a empresa deverá realizar vendas 25% acima
do Ponto Crítico.

Para se determinar as vendas em valor que respeitam este pressuposto deverá utilizar-se a
seguinte fórmula:
V - V__
MS = V

V – V’_= V – (349 539 x 5)=V – 1 747 696 V – 1 747 696 = 0.25 x 1 747 696
25% = 
V’ 349 539 x 5 1 747 696
 V = 2 184 619,81€

Logo, para obter uma Margem de Segurança de 25%, as Vendas, em valor, teriam de ser 2
184 620€.

6. Decisão de investir 30 000€ em publicidade

Se, com o investimento em publicidade (custos fixos) de 30 000€, as vendas aumentam 5%,
então passam para 400 000 x 1.05 = 420 000m2.

Utilizando a equação CVR, para calcular o novo resultado, vem:


R = (5 x 420 000 – 2.83 x 420 000) – (758 500 + 30 000) = 122 900€

Esta iniciativa gera um resultado de 122 900€, portanto superior em 13 400€ à opção inicial,
levando a que a Administração aceite a sugestão.

A esta conclusão poder-se-ia chegar também pela análise dos réditos, custos e resultados
diferenciais, onde apenas seriam medidos os efeitos das variações estimadas, deste modo:

Descrição Valor (€)


Réditos diferenciais 100 000

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Custos variáveis diferenciais 56 600
Margem de contribuição diferencial 43 400
Custos fixos diferenciais 30 000
Resultado diferencial 13 400

Os réditos diferenciais, bem como os custos variáveis diferenciais, foram calculados tendo
em atenção o acréscimo de quantidades vendidas:
Réditos diferenciais = 20 000 x 5.00 = 100 000€
Custos variáveis diferenciais = 20 000 x 2.83 = 56 600€

Os custos fixos diferenciais correspondem ao custo da campanha publicitária.

7. Campanha de publicidade de 65 000€ com aumento de comissões de venda de


0.25€/m2

O aumento de 20% nas vendas significaria 400 000 x 0.2 = 80 000m2 a mais em unidades
vendidas, ou seja, vendas de 480 000m2.

Recorrendo à equação CVR teríamos:


R = [5.00 x 480 000 – (2.83 + 0.25) x 480 000] – (758 500 + 65 000)
R = 98 100€

O resultado encontrado representa um valor inferior em 11 400€ ao resultado inicial e é


também inferior ao da alternativa anterior, pelo que a Administração não deverá aceitar esta
sugestão.
Recorrendo ao conceito de resultados diferenciais, a conclusão seria a mesma:

Descrição Valor (€)


Réditos diferenciais 400 000
Custos variáveis diferenciais 346 400
Margem de contribuição diferencial 53 600
Custos fixos diferenciais 65 000
Resultado diferencial (11 400)

Os réditos diferenciais, bem como os custos variáveis diferenciais, foram calculados tendo
em atenção o acréscimo de quantidades vendidas:

Réditos diferenciais = 80 000 x 5.00 = 400 000€


Custos variáveis diferenciais = (400 000 x 0.25) + (80 000 x 3.08) = 346 600€

Os custos fixos diferenciais correspondem ao custo da campanha publicitária.

8. Encomenda Pontual

Esta encomenda pontual em condições especiais é suplementar à actividade que a empresa


desenvolve normalmente, logo o seu impacto no resultado apenas depende do impacto na
margem de contribuição.

Existe capacidade excedentária disponível, pois o limite seria 500 000m2. Como a restante
actividade se mantem sem alterações, os Custos Fixos foram cobertos ao vender 350 000m2.

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O negócio será de aceitar se proporcionar uma margem de contribuição unitária (m) positiva,
pois tal facto permitirá ter acesso a um lucro adicional que de outra forma não se obteria.

A margem de contribuição é dada pela seguinte fórmula:


M = Pv – Cvu

De acordo com a informação disponível verifica-se:


M = 3.00 – (2.83 + 0.15) = 0.02€/m2

O lucro adicional provocado pela aceitação do negócio será então de 50 000 x 0.02 = 1 000€.
Assim, numa perspectiva exclusivamente económica, seria aconselhável a aceitação do
negócio.

Recorrendo ao conceito de resultado diferencial, concluir-se-ia da mesma forma:

Descrição Valor (€)


Réditos diferenciais 150 000
Custos variáveis diferenciais 149 000
Margem de contribuição diferencial 1 000
Custos fixos diferenciais 0
Resultado diferencial 1 000

Os réditos diferenciais, bem como os custos variáveis diferenciais, foram calculados tendo
em atenção o acréscimo de quantidades vendidas:

Réditos diferenciais = 50 000 x 3.00 = 150 000€


Custos variáveis = 50 000 x 2.98 = 149 000€

FIM

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