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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA

LEHI AGUIAR BEZERRA

A ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO EM ÓRGÃOS OFICIAIS DE PERÍCIA


CRIMINAL: novos cenários para o desempenho de serviços de informação

NATAL/RN
2017.1
LEHI AGUIAR BEZERRA

A ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO EM ÓRGÃOS OFICIAIS DE PERÍCIA


CRIMINAL: novos cenários para o desempenho de serviços de informação

Monografia apresentada ao Departamento de


Ciência da Informação da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito para obtenção do grau de Bacharel
em Biblioteconomia.

Orientadora: Prof.ª Ma. Raimunda Fernanda


dos Santos

NATAL/RN
2017.1
Catalogação da Publicação na Fonte.
UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA
Bezerra, Lehi Aguiar.
A atuação do bibliotecário em órgãos oficiais de perícia criminal: novos cenários
para o desempenho de serviços de informação / Lehi Aguiar Bezerra. – Natal, RN,
2017.
73 f.: il.

Orientador: Prof.ª Ma. Raimunda Fernanda dos Santos.

Monografia (Graduação em Biblioteconomia) – Universidade Federal do Rio


Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciência da
Informação.

1. Atuação do Bibliotecário – Monografia. 2. Habilidades e Competências -


Monografia. 3. Bibliotecário - Monografia. 4. Serviços de Informação - Monografia. 5.
Perícia Criminal - Monografia. 6. Órgãos Oficiais - Perícia Criminal - Monografia I.
Santos, Raimunda Fernanda dos. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.
Título.

RN/BS/CCSA CDU 023.5:343


LEHI AGUIAR BEZERRA

A ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO EM ÓRGÃOS OFICIAIS DE PERÍCIA


CRIMINAL: novos cenários para o desempenho de serviços de informação

Monografia apresentada ao Departamento de


Ciência da Informação da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito para obtenção do grau de Bacharel
em Biblioteconomia.

Orientadora: Prof.ª Ma. Raimunda Fernanda


dos Santos

Aprovado em: 20/06/2017

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________________
Prof.ª Ma. Raimunda Fernanda dos Santos - (Orientadora)
Departamento de Ciência da Informação
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

________________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Andrea Vasconcelos Carvalho (Membro da Banca)
Departamento de Ciência da Informação
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Luciana Moreira Carvalho (Membro da Banca)
Departamento de Ciência da Informação
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
AGRADECIMENTOS

Falaram-me que construir um Trabalho final de Conclusão de Curso demandaria


paciência e comprometimento do aprendizado de todos os anos na Universidade. E como
parte de um crescimento profissional e pessoal, não poderia deixar de agradecer aos atores
que tiveram paciência com minha inquietação e que fizeram desses quatro anos de curso um
pouco mais divertido e de tranquilo aprendizado.
Durante a construção do TCC, minha mãe perguntava quantas linhas já tinha escrito...
quando falava que só tinha rendido quatro linhas em três horas, ela cantava vitória. Um
agradecimento que não precisa de muita explicação. Aos que me aguentaram em casa, muito
Obrigado.
Um período de esgotamento mental com a cabeça cheia de preocupações sobre
diversas coisas e principalmente: o TCC. Nos conhecemos quando eu já estava mergulhado na
leitura sobre perícia. De lá para cá você ouviu muito sobre esse trabalho, tanto os problemas,
os bloqueios, como participou das alegrias do rendimento das páginas, além é claro de medos
e desejos pessoais. E entre tudo isso, me ajudou a distrair com nossos desafios literários,
filmes, a vida... e que vida vem por aí. Acabamos aprendendo com os percalços que
apareciam no caminho e encontramos apoio um no outro. Pela simbologia do agradecimento
que estabelecemos um para o outro, apenas agradeço pelo companheirismo, César.
Pensar em um tema que estimulasse a pesquisa e o interesse em desenvolver, pareceu
uma tarefa árdua. Entre tantos temas que iam de histórias em quadrinho a exorcismo, ela
mostrou empolgação em ajudar a desenvolver qualquer trabalho mostrando um lado que não
tinha visto ainda. Após finalmente decidir um assunto, ela mostrou o interesse e determinação
de uma orientadora em correr atrás de cada pedacinho de conteúdo que ajudasse na
construção deste trabalho. Minha orientadora Fernanda, obrigado pela oportunidade, incentivo
e companheirismo durante esse tempo.
Pensando no tema, agradeço aos membros da banca pela disponibilidade de participar
e pelas contribuições a serem apresentadas para este Trabalho de Conclusão de Curso.
Agradeço também a todos os outros profissionais que se permitiram tirar um tempo para
fornecer informações que auxiliaram na construção desse trabalho.
Quatro anos de curso, resulta em centenas de trabalhos e provas e o que mais existir
em uma graduação. Compartilhar esse sentimento chamado “Desespero” com algumas
pessoas ajuda muito manter-se são, se permitir pequenos prazeres também. Pessoas me
aguentaram durante dias falando sobre a vida, o universo e tudo o mais: livros, séries, filmes e
outras coisas, então... Aline Cristina e Erika, agradeço por tudo e a Alessandra, Elisângela e
Elizandra, meu muito obrigado. A vocês, que discutimos sobre tudo e conseguimos
sobreviver a tantos trabalhos em grupo. Agradeço aos colegas de turma, aos colegas de curso
e aos conhecidos nessa universidade. Vocês me ensinaram e contribuíram com parte desse
crescimento. E aos que permitiram que minhas viagens no circular fossem mais leves,
segurando aquela mochila pesada.
Nas adversidades que passam um departamento pequeno, um obrigado a todos que
fizeram e fazem o máximo para formar bons profissionais. Um muito obrigado aqueles que
tive contato: Andrea, Antonia, Eliane, Fernando, Francisco, Jacqueline, Luciana, Pedro,
Rildeci, Carla Beatriz, Rhavena e aos que passaram por um breve período: Erinaldo, Ilaydiany
e Claudialyne. E, é claro, o que sempre buscou atender de prontidão aos alunos: Laerte. A
vocês e a todos os outros docentes que tive contato em outras disciplinas... Muito obrigado!
Durante a graduação dois locais me receberam de braços abertos buscando um
aprimoramento profissional: a Biblioteca Setorial de Odontologia e o Núcleo Temático da
Seca e do Semiárido. Pude colocar em prática, muito do que era aprendido em sala. E o
primeiro me recebeu duas vezes, a segunda no Estágio Supervisionado onde tive a
oportunidade de aprender de perto sobre a profissão do Bibliotecário. Cecília, Hadassa,
Mônica, Ossian, Jadson e todos os bolsistas da BSO, muito obrigado pelo carinho! Carlos,
Fátima, Lúcia, Márcio e os bolsistas do NutSeca, o meu muito obrigado!
Aos Bibliotecários do SISBI que contribuíram de uma forma ou outra com o
crescimento profissional. Obrigado a todos!
E a todos os outros que contribuíram com esses quatro anos, obrigado!
“Ó vós que vagais pela terra sombria
confiai! Porque, embora negra se estenda,
termina a floresta algures algum dia,
e o sol que se abre penetra sua tenda;
o sol que levanta, o sol que anoitece,
o dia que termina, o dia que começa.
Pois a leste e a oeste a floresta perece...”
(TOLKIEN, 2002, p. 118)
RESUMO

Discorre acerca da importância do reconhecimento das habilidades e das atividades que


podem ser desenvolvidas pelo profissional Bibliotecário em outros cenários informacionais
que necessitem dos processos de organização, representação, difusão, recuperação, acesso,
uso e preservação da informação para fins específicos– transcendendo os espaços das
bibliotecas, os quais se configuram como ambientes tradicionais de sua atuação. Tem como
Objetivo geral apresentar as atividades que podem ser desenvolvidas por esse profissional em
Órgãos Oficiais de Perícia Criminal, com base em suas competências e habilidades. Objetiva
especificamente: evidenciar as competências e habilidades do Bibliotecário no que se refere
ao desempenho das suas atividades enquanto profissional da informação; apresentar os
objetivos e as funções dos Órgãos Oficiais de Perícia Criminal; destacar os principais serviços
que podem ser desempenhados pelo profissional Bibliotecário em Órgãos Oficiais de Perícia
Criminal. Utiliza como metodologia pesquisa bibliográfica, exploratória, documental e
descritiva com dados extraídos da Classificação Brasileira de Ocupações do Perito Criminal e
do Bibliotecário, realizando também a aplicação de entrevista semiestruturada com dois
profissionais que atuam no campo da Perícia Criminal. Apresenta como resultado diversas
atividades que podem ser desempenhadas pelo Bibliotecário no intuito de contribuir com as
tarefas desempenhadas pelos Peritos Criminais nesses órgãos, cujos serviços estão incluídos
nas seguintes classes gerais: Gerenciamento de Redes, Sistemas e Unidades de Informação;
Desenvolvimento de Recursos Informacionais; Realização de Pesquisas e Estudos; Prestação
de Serviços de Assessoria e Consultoria; Disseminação da Informação em Qualquer Suporte;
e Tratamento Técnico dos Recursos Informacionais. Ressalta ainda que muitas das atividades
a serem desempenhadas por profissionais Bibliotecários nessas instituições estão relacionadas
com o fazer desse profissional em unidades de informação, sobretudo no que concerne à sua
atuação em uma Central de Custódia, atendendo aos requisitos que a mesma propõe. Conclui
destacando que todas as incumbências apresentadas anteriormente precisam estar atreladas ao
saber fazer do bibliotecário para atender aos aspectos da profissão nesses cenários, cabendo a
esse profissional agregar as dimensões da competência – Conhecimentos, Habilidades e
Atitudes – em qualquer ambiente de trabalho, inclusive em Órgãos Oficiais de Perícia
Criminal.

Palavras-chave: Atuação do Bibliotecário. Habilidades e Competências - Bibliotecário.


Serviços de Informação. Perícia Criminal. Órgãos Oficiais de Perícia Criminal.
ABSTRACT

This study deals with the importance of recognizing the abilities and activities that can be
developed by a professional Librarian in other informational scenarios that require the
processes of organization, representation, diffusion, retrieval, access, use and preservation of
the information for specific purposes - transcending the spaces of libraries, which are
configured as traditional environments of their performance. Its objective is to present the
activities that can be developed by this professional in Official Organs of Criminal Expertise,
based on their skills and abilities. It specifically aims to: evidence the skills and abilities of
the Librarian with respect to the performance of his activities as an information professional;
to present the objectives and functions of the Official Criminal Experimental Bodies; to
highlight the main services that can be performed by the professional Librarian in Official
Organs of Criminal Expertise. It uses, as methodology, bibliographic, exploratory,
documental and descriptive researches with data extracted from the Brazilian Classification of
Occupations of the Criminal Expert and Librarian, also performing the application of semi-
structured interview with two professionals who work in the field of Criminal Expertise. It
presents as result several activities that can be carried out by a Librarian in order to contribute
to the tasks performed by Criminal Experts, whose services are included in the following
general classes: Management of Networks, Systems and Information Units; Information
Resource Development; Conducting Research and Studies; Provision of Advisory Services
and Consulting; Dissemination of Information on Any Support; And Technical Treatment of
Informational Resources. It is also points that many of the activities to be performed by
professional librarians in these institutions are related to their activities in information units,
especially in what concerns their work in a Custody Center, suiting the requirements that it
proposes. It concludes by emphasizing that all the assignments previously presented must be
linked to the librarian's know-how and ability to take care of the aspects of the profession in
any environment, and this professional must add the competence dimensions - Knowledge,
Skills and Attitudes - including in Official Criminal Expertise Organs.

Keywords: Librarian performance. Skills - Librarian. Information Services. Criminal


Expertise. Official Organs of Criminal Expertise.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Dimensões da competência 16

Figura 2 – Atividades que o Bibliotecário poderia desempenhar em Órgãos


Oficiais de Pericia Criminal 27

Figura 3 – A Perícia Criminal e os seus principais públicos 37

Figura 4 – Etapas da Pesquisa 44

Figura 5 – Atividades associadas à Disseminação da Informação em


Qualquer Suporte 46

Figura 6 – Atividades associadas ao Gerenciamento de Unidades, Redes e


Sistemas de Informação 48

Figura 7 – Atividades associadas ao Tratamento Técnico dos Recursos


Informacionais 49

Figura 8 – Atividades associadas ao Desenvolvimento de Recursos


Informacionais 50

Figura 9 – Atividades associadas à Realização de Pesquisas e Estudos 51

Figura 10 – Atividades associadas a Prestação de Serviços de Assessoria e


Consultoria 52

Figura 11 – Atividades extraídas da CBO dos Peritos Criminais e que


podem ser desempenhadas pelo Bibliotecário 53

Figura 12 – Atividades elencadas pelos entrevistados 55

Quadro 1 – Atividades desempenhadas pelos Profissionais da Informação


23
Quadro 2 – Atividades desempenhadas pelos Peritos Criminais 33
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BDTD - Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações


CCV - Cadeia de Custódia de Vestígios
CBO - Classificação Brasileira de Ocupações
CPP - Código de Processo Penal
CFB - Conselho Federal de Biblioteconomia
CRB - Conselho Regional de Biblioteconomia
SLA - Special Libraries Association
TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 11
2 HABILIDADES E COMPETÊNCIAS DO PROFISSIONAL
BIBLIOTECÁRIO................................................................................................. 15
3 ÓRGÃOS OFICIAIS DE PERÍCIA CRIMINAL: FUNÇÕES E
OBJETIVOS........................................................................................................... 29
3.1 CADEIA DE CUSTÓDIA DE VESTÍGIOS..................................................... 38
4 PERCURSO METODOLÓGICO..................................................................... 40
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA............................................................. 40
4.2 UNIVERSO DA PESQUISA............................................................................ 43
4.3 ETAPAS DA PESQUISA.................................................................................. 43
5 O PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO EM ÓRGÃOS OFICIAIS DE
PERÍCIA CRIMINAL: DESCORTINANDO NOVOS CENÁRIOS PARA A
SUA ATUAÇÃO..................................................................................................... 45
5.1 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS COM OS PROFISSIONAIS QUE
ATUAM EM ÓRGÃOS OFICIAIS DE PERÍCIA CRIMINAL............................. 54
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 59
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 62
APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA................................................. 66
ANEXO A – QUADRO DE ATIVIDADES DOS PROFISSIONAIS DA
INFORMAÇÃO EXTRAÍDO DA CBO.............................................................. 68
ANEXO B – QUADRO DE ATIVIDADES DOS PERITOS CRIMINAIS
EXTRAÍDO DA CBO............................................................................................ 71
11

1 INTRODUÇÃO

O advento das profissões é proveniente de uma demanda social de uma comunidade


ou de um grupo de indivíduos a fim de satisfazer as suas necessidades, bem como desenvolver
as organizações e as estruturas sociais. Os sistemas econômicos da sociedade, as mudanças de
produção, o surgimento de novas tecnologias e o oferecimento de produtos e serviços são
alguns dos fatores que promovem o aparecimento de novas profissões, as quais visam
desempenhar atividades especializadas que podem se transformar/atualizar para atender as
demandas sociais ou desaparecer com a perda de postos de trabalho, levando em conta
diversos fatores como o desenvolvimento tecnológico, a automatização, entre outros.
Com o desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s)
dentro da sociedade surgiram novas procuras para o preenchimento de cargos de profissionais
com habilidades associadas ao gerenciamento e à organização da informação.
O conceito de informação, por sua vez, é muito discutido na Ciência da Informação e
em outras ciências o tornando passível de várias definições, impedindo que se tenha um
conceito único que atenda aos consentimentos de outras áreas do conhecimento. Le Coadic
(1996, p. 5), como um dos autores que discutem esse termo, afirma que “a informação é um
conhecimento inscrito (gravado) sob a forma escrita (impressa ou numérica), oral ou
audiovisual”. Nessa perspectiva, a informação é disseminada e requisitada com rapidez pelos
seus usuários, apresentando desafios às organizações e aos novos ambientes de atuação dos
profissionais que a tem como objeto de trabalho, inclusive após o advento das novas TIC.
Sob esse viés, é importante ressaltar que o Bibliotecário como profissional da
informação possui competências e habilidades essenciais para atuar em diversos ambientes
que necessitam de organização, representação, difusão, recuperação, acesso e uso da
informação. Destarte, acredita-se que esse profissional possui capacidade para desempenhar
novos serviços demandados pela sociedade, bem como para ocupar novos espaços de atuação-
tendo em vista a complexidade para o acesso e para a recuperação da informação na sociedade
atual.
As mudanças são inevitáveis para todas as profissões que desejam permanecer no
mercado ou que se mostrem capazes de atuar em novos cenários. No hodierno contexto
informacional, por exemplo, o profissional Bibliotecário, que antes só atuava em bibliotecas,
tem outros nichos de mercado devido as suas habilidades técnicas e profissionais ligadas ao
tratamento, organização, acesso e uso da informação em qualquer suporte.
12

Nessa perspectiva, as organizações que poderiam se beneficiar das competências e


habilidades do profissional Bibliotecário são as instituições criminalísticas, as quais se
constituem como o foco desta pesquisa. Sendo assim, através dos seus conhecimentos,
acredita-se que esse profissional pode contribuir com as atividades voltadas para a
organização da informação nesse contexto no intuito de auxiliar os peritos criminais na
elucidação de crimes, por exemplo.
Os peritos criminais são profissionais que analisam cenas criminais, colhendo,
registrando e armazenando amostras como manchas de sangue no carpete, fotografias
forenses, resíduos de armas de fogo, entre outros, no intuito de assegurar a prova técnica ou
prova pericial através da análise científica dos vestígios do delito 1 . Nesse entendimento,
acredita-se que tais amostras podem ser trabalhadas pelos peritos em parceria com o
profissional Bibliotecário mediante as atividades de organização e representação para
recuperação, acesso e uso - uma vez que se configuram como objetos informativos e servem
de evidências, podendo também ser trabalhados por esses profissionais da informação para
auxiliar em inferências, conclusões e tomadas de decisão nas instituições criminalísticas.
Diante disso, acredita-se que o profissional da informação pode ser imprescindível no
auxílio e no sucesso das práticas forenses2 em Órgãos Oficiais de Perícia Criminal. Para tanto,
surgiram as seguintes perguntas que nortearam o desenvolvimento desta pesquisa, isto é:
Quais as competências e habilidades profissionais do Bibliotecário no que se refere ao
desempenho das suas atividades nos diversos campos de sua atuação? Quais as principais
atividades que podem ser desempenhadas por esse profissional em Órgãos Oficiais de Perícia
Criminal? Considerando que a perícia criminal consiste em um exercício técnico-científico
substancial para a elucidação de crimes quando houver vestígios – de que maneira o
Bibliotecário pode contribuir para organização, a recuperação e análise de tais vestígios como
fontes de informação?
No intuito de responder tais questionamentos a pesquisa tem como objetivo geral analisar
as atividades que podem ser desenvolvidas pelo profissional Bibliotecário em órgãos de
perícia criminal, com base em suas competências e habilidades. Fundamentado nessa
perspectiva, objetiva-se especificamente:
a) Evidenciar as competências e habilidades do Bibliotecário no que se refere ao
desempenho das suas atividades enquanto profissional da informação;

1
O delito se constitui de uma infração as regras que foram estabelecidas pela sociedade.
2
É um conjunto de procedimentos técnicos científicos aplicados em cenas criminais para se obter uma resposta,
um esclarecimento sobre o crime.
13

b) Apresentar os objetivos e as funções dos Órgãos Oficiais de Perícia Criminal;


c) Destacar os principais serviços que podem ser desempenhados pelo profissional
Bibliotecário em Órgãos Oficiais de Perícia Criminal.
A razão de procurar estudar sobre o tema partiu de interesses pessoais do pesquisador
pela área da Perícia Criminal e do interesse de um dia poder atuar como perito em uma
instituição criminalística, tendo em vista que no decorrer do curso de Biblioteconomia foi
percebida, com entusiasmo, uma possibilidade de trabalhar na área – levando em
consideração as competências e as habilidades de um profissional da informação. Nesse
entendimento, diante da procura de informações e do questionamento sobre campos de
atuação na perícia, observou-se que não há estudos que tentem apresentar as contribuições e
as relações entre ambas as áreas. Diante disso, surgiu a necessidade de desenvolver um
trabalho interdisciplinar para tentar evidenciar a possibilidade da atuação do profissional da
informação em Órgãos Oficiais de Perícia Criminal, vislumbrando um novo campo de atuação
para esse profissional elucidando as principais atividades que podem ser desenvolvidas nesse
contexto.
Em consonância com isso, a presente pesquisa discorre acerca da importância do
reconhecimento das habilidades e das atividades que podem ser desenvolvidas por esse
profissional em outros cenários informacionais que necessitem dos processos de organização,
representação, difusão, recuperação, acesso e uso e preservação da informação para fins
específicos– transcendendo os espaços das bibliotecas, os quais são ambientes tradicionais de
sua atuação.
Portanto, a pesquisa é decorrente de uma justificativa que une os interesses de estudo
do pesquisador e a possibilidade de contribuição para a Biblioteconomia e a Ciência da
Informação visando, não somente, apresentar a possibilidade de um novo campo de atuação
para o profissional, como também estimular novos estudos interdisciplinares de reflexão e
questionamento sobre o papel do Bibliotecário na sociedade atual.
Como resultado, esta monografia apresenta seções divididas em cinco capítulos.
Nesse segmente, o primeiro capítulo trata-se da Introdução já apresentada.
O segundo capítulo, por sua vez, discorre sobre as Habilidades e Competências desse
profissional, através de uma revisão de literatura sobre a profissão supracitada na atualidade,
evidenciando as habilidades e competências, dando destaque àquelas atividades
biblioteconômicas que podem ser readequadas ao campo da perícia criminal.
Em consonância de evidências, o terceiro capítulo intitulado “Órgãos Oficiais de
Perícia Criminal: funções e objetivos”, apresenta aspectos relativos às instituições
14

criminalísticas, suas funções, seu papel na sociedade e os aspectos concernentes ao cargo do


Perito Criminal.
O quarto capítulo apresenta o percurso metodológico desta monografia no intuito de
delinear os métodos empregados para a realização da pesquisa, descrevendo também as etapas
e os procedimentos empreendidos para a sua realização.
Para dar segmento a essas considerações, o quinto capítulo intitulado “O Profissional
Bibliotecário em Órgãos Oficiais de Perícia Criminal: descortinando novos cenários para a
sua atuação” prossegue com a apresentação e análise dos resultados, discutindo sobre as
possibilidades de contribuição do bibliotecário na perícia criminal, delineando os principais
serviços que podem ser desempenhados em tais ambientes.
É importante deixar claro, que os resultados encontrados acerca das contribuições do
bibliotecário são produtos de uma investigação em trabalhos científicos, documentos como a
legislação, Classificação Brasileira de Ocupações, entrevistas com profissionais que atuam em
Órgãos Oficiais de Perícia Criminal - com o intuito de absorver o essencial sobre a área
pericial e, dessa forma, promover um olhar da Ciência da Informação sobre a perícia criminal,
baseados nos aspectos vislumbrados nos estudos sobre o tema.
Por fim, no sexto capítulo denominado de Considerações Finais são apresentadas as
conclusões deste trabalho a partir de uma síntese dos temas abordados e dos resultados
obtidos, apresentando também as sugestões para pesquisas futuras. Em seguida são
apresentadas as referências, os anexos e os apêndices utilizados neste trabalho.
15

2 HABILIDADES E COMPETÊNCIAS DO PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO

Como discute Fleury M. e Fleury A. (2001)3, competência é um termo que vem sendo
debatido nos últimos anos, sendo associados às expressões como “saber agir, mobilizar
recursos, integrar saberes múltiplos e complexos, saber aprender, saber engajar-se, assumir
responsabilidades, ter visão estratégica.” Isto reflete no conjunto de conhecimentos adquiridos
em diversas situações bem como habilidades e atitudes do próprio indivíduo.
Existe então uma tríade atrelada a esse termo conhecida como “CHA” que
corresponde, respetivamente aos Conhecimentos, Habilidades e Atitudes que a pessoa possui
(RABAGLIO, 2001 apud LOPES, 2010). O primeiro termo diz respeito ao conjunto de
conhecimentos técnicos, expertise que se apresenta como necessária para ocupar um cargo. A
expressão “Habilidades”, por sua vez, está atrelada às experiências e aptidões pessoais, ou
seja, ao saber fazer do indivíduo; a possibilidade dele conseguir colocar em prática o
conhecimento científico que possui em conformidade com a realidade do ambiente em que
atua, sabendo unir a teoria e a prática. Por fim, a expressão “Atitudes” é relativa ao
comportamento humano, à iniciativa do profissional em fazer acontecer no ambiente que se
encontra inserido. “O conhecimento corresponde a [...] dimensão do saber. A habilidade [...]
ao saber-fazer [...]. Finalmente a atitude é a dimensão do querer-saber-fazer.” (BARBALHO;
ROZADOS, 2008, p. 3, grifo do autor).
Barbalho e Rozados (2008) apresentam em seu trabalho as dimensões da competência
profissional, as quais podem ser observadas na Figura 1.

3
Documento em meio eletrônico não paginado.
16

Figura 1 – Dimensões da competência

Fonte: (STRAUHS, 2003 apud BARBALHOS; ROZADOS, 2008, p. 3).

Diante do exposto, conforme é apresentado na Figura 1, nas dimensões da


competência são apresentados parâmetros que se configuram como uma série de elementos
que contemplam desde o conhecimento técnico às atitudes pessoais, bem como a vontade de
fazer acontecer no dia a dia profissional. Portanto, a competência está relacionada a três
pilares/dimensões: Conhecimento, Habilidades e Atitudes.
A primeira dimensão se refere aos conhecimentos na área de atuação, compreendendo
as esferas de saber e, para tanto, é necessário o profissional saber quais atividades devem ser
desempenhadas, o porquê da necessidade da sua realização e para quem/qual objetivo estão
sendo realizadas. A segunda dimensão, por sua vez, relaciona o conhecimento técnico com a
prática para fins do desenvolvimento de habilidades, possibilitando que o profissional
conheça o ambiente e seja capaz de ministrar bem as atividades que lhe são atribuídas
mediante tecnologias e técnicas adequadas. Por fim, as atitudes se configuram como a terceira
dimensão e estão associadas à importância do profissional assumir responsabilidades,
compromissos para com os objetivos - além da necessidade de mostrar a identidade de um
profissional proativo na realização de suas tarefas para fins do seu crescimento dentro da
empresa.
Em síntese, o conjunto dessas dimensões vislumbra a necessidade do aprendizado
contínuo durante a carreira, proporcionando o desempenho pleno das atividades que cada
profissão deve cumprir.
17

Esse conjunto de elementos permitiria ao especialista realizar um trabalho com


eficácia e eficiência 4 , tendo reconhecimento em suas práticas profissionais do dia a dia.
Dentre os aspectos apresentados, podemos fazer uso da definição de Fleury M. e Fleury A.
(2001, p. 188) que interpretam a competência como “um saber agir responsável e
reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades,
que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”. A organização
aprimora os produtos e serviços oferecidos quando seus colaboradores apresentam essas
características e desempenham atividades em consonância com elas. Esses colaboradores, por
sua vez, ganham reconhecimento profissional que podem levá-los ao aprimoramento de suas
técnicas bem como o seu crescimento dentro da instituição na qual fazem parte.
Nessa perspectiva, observa-se que as aptidões dos profissionais precisam ser
aperfeiçoadas com novos estudos e novas práticas a fim de que eles atendam plenamente as
demandas da sociedade, mantendo-se ativos e atuantes no mercado. Almeida Júnior (2002,
p.133) enfatiza que “o que o mercado procura atualmente é um profissional que tenha
conhecimentos específicos, mas que os integre em concepções mais gerais que [...]
ultrapassem o restrito espaço determinado pelo campo que escolheu [...]”. Esses
“conhecimentos específicos” estão diretamente relacionados às habilidades e competências
profissionais.
A sociedade, caracterizada pela grande quantidade de organização informacional,
passa a ser denominada como “Sociedade da Informação”, possuindo a informação como o
principal meio de produção. Segundo Gouveia (2004) essa sociedade é baseada em
Tecnologias de Informação e no gerenciamento da informação no que concerne a aquisição,
armazenamento, processamento e distribuição. Isto é, consiste em uma sociedade pautada na
informação como um bem necessário, fazendo uso das TIC para disseminar, armazenar e
promover o seu acesso. Nesse entendimento - para que a informação seja compartilhada de
forma adequada, organizada e rápida no intuito de satisfazer as necessidades informacionais
de indivíduos e instituições - faz-se necessária, então, a qualificação de profissionais para o
desenvolvimento dessas atividades.
O Bibliotecário como profissional da informação apresenta competências essenciais
para atuar em diversos ambientes que necessitem da organização, representação, difusão,
recuperação, acesso e uso da informação. Contudo, o campo de trabalho mais explorado e
reconhecido para a atuação dos profissionais Bibliotecários tem sido as bibliotecas, o que faz

4
Correspondem aos aspectos positivos na realização das atividades. Referem-se à realização da atividade em
tempo hábil e com o mínimo de recursos disponível.
18

com as competências técnicas desse profissional sejam pouco reconhecidas e exploradas em


benefício das instituições e da sociedade. O papel do Bibliotecário é ser um mediador entre a
informação e quem a busca, sendo assim, uma vez que a informação consiste em um objeto de
trabalho desse profissional, verifica-se que os campos para a sua atuação transcendem os
espaços das bibliotecas como cenários de sua atuação.
Em seu artigo sobre perspectivas profissionais e educacionais dos bibliotecários,
Barbosa (1998) discute como a denominação tradicional da profissão traz algumas
desvantagens, uma vez que a mesma evidencia uma forte conexão do Bibliotecário com os
livros e com a biblioteca. “As escassas oportunidades [...] no mercado de trabalho refletem,
em parte, a visão da sociedade a seu respeito e mesmo a visão que esses profissionais têm de
si mesmos” (BARBOSA, 1998, p.54). A sociedade e as organizações acabam por visualizar
os bibliotecários apenas como profissionais gestores de bibliotecas, uma vez que a maioria
desconhece as habilidades desses profissionais para atuar em outros contextos e as grandes
contribuições que podem realizar nos cenários em que trabalharem.
Contudo, os esforços para conseguir manter os futuros profissionais atualizados no
âmbito das novas realidades de atuação e do mercado de trabalho do Bibliotecário têm sido
empreendidos pelas Escolas e Departamentos da área da Biblioteconomia no intuito de
reestruturação das grades curriculares visando ampliar o conjunto de habilidades e atitudes em
seus alunos, como por exemplo, nas áreas administrativas, tecnológicas e de comunicação “na
tentativa de vencer as barreiras relacionadas com essas concepções restritivas e aproveitar as
oportunidades emergentes.”5
A busca por informação em grande demanda por parte dos usuários influenciou ainda
mais a mudança do perfil e das atividades desempenhadas pelo profissional do bibliotecário,
como aponta Bressane e Cunha (2011, p. 332):

A Sociedade da Informação modificou sobremaneira as relações de trabalho dos


profissionais da informação. No que se refere à denominação ‘profissional da
informação’, existe uma significativa falta de consenso entre os pesquisadores a
respeito das profissões que fazem parte deste grupo. Apesar disto, todos são
unânimes em apontar aos bibliotecários como parte da categoria. O bibliotecário
teve que adaptar-se à nova realidade, realidade esta que se alterou a partir do
desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, que modificaram as
formas de acesso à informação. Num contexto em que a virtualidade impera e o
‘instantâneo’ predomina, as profissões que trabalham com a informação não
poderiam deixar de acompanhar essa tendência. Desta forma, surge a necessidade de
desenvolver novas competências para atender aos novos tipos de demanda.

5
Idid., p. 55.
19

Como a definição de informação é frequentemente discutida na Ciência da Informação


e em outras ciências no que diz respeito à sua delimitação, acaba por impedir a resolução de
um conceito fechado que atenda aos consentimentos de todas as áreas. Nesse sentido, as
várias definições permitem que outros profissionais façam uso do seu nome para ocupar
cargos que poderiam está sendo ocupados pelo profissional Bibliotecário, por exemplo. Nessa
perspectiva, Le Coadic (1996, p.5) assevera que “a informação é um conhecimento inscrito
(gravado) sob a forma de escrita (impressa ou numérica), oral ou audiovisual”.
No que concerne ao conceito de informação associada a objeto físico, Buckland
(1991) realizou um breve estudo no qual apresenta três significados da informação. Destarte,
ela é apresentada com o objetivo de informar, de torna-se conhecimento e está relacionada a
objetos que associados a eventos são, ou podem ser, fenômenos informativos. Dessa forma,
esses objetos quando possuem uma reunião de dados que permitem visualizar/interpretar um
contexto, tornam-se fontes de informação.6
A informação, portanto, é derivada de várias fontes, não apenas daquelas que estão
registradas na forma escrita e pode ser apresentada de variadas formas e de naturezas diversas.
Diante disso, a seleção da informação que seria mais interessante para ser utilizada para fins
de tomada de decisão passa a ser de responsabilidade do usuário, selecionando-a de acordo
com as suas necessidades informacionais. O Bibliotecário, por sua vez, deve ser o responsável
por promover o acesso à informação em todos os seus aspectos.
O reconhecimento da profissão de Bibliotecário se deu em 30 de junho de 1962, com a
Lei 4.084/62, a qual regula e reconhece o exercício do profissional Bibliotecário. Essa lei
apresenta em seu Artigo 1ºque “a designação profissional de Bibliotecário [...] é privativa dos
bacharéis em Biblioteconomia, [...]” (BRASIL, 1962) 7 . A Graduação em cursos de
Biblioteconomia atribui o título de bacharel aos profissionais que, após a efetivação do seu
cadastro no registro de profissão, apresenta-se apto para atuar legalmente no mercado de
trabalho.
A Lei citada anteriormente ainda apresenta atribuições desses profissionais que vão
desde procedimentos tecnicistas como a classificação e catalogação de documentos até a
gestão de ambientes informacionais, a saber:

6
O aspecto do objeto como informação aqui apresentado, tem relação com a evidência, aspectos da perícia
criminal que serão trabalhados no decorrer deste trabalho. As evidências são usadas para provar determinada
veracidade de um evento. Buckland (1991) a utiliza em seu texto para apresentar que podem ser usadas na
compreensão de um evento. Ainda afirma que entre as maneiras que a evidência se apresenta estão “objetos, que
podem ser coletados ou representados, podem existir como evidência associada com eventos: mancha de sangue
no carpete, talvez, ou uma pegada na areia” (BUCKLAND, 1991, p.8).
7
Documento em meio eletrônico não paginado.
20

Art 6º São atribuições dos Bacharéis em Biblioteconomia, a organização, direção e


execução dos serviços técnicos de repartições públicas federais, estaduais,
municipais e autárquicas e empresas particulares concernentes às matérias e
atividades seguintes:
a) o ensino de Biblioteconomia;
b) a fiscalização de estabelecimentos de ensino de Biblioteconomia reconhecidos,
equiparados ou em via de equiparação.
c) administração e direção de bibliotecas;
d) a organização e direção dos serviços de documentação.
e) a execução dos serviços de classificação e catalogação de manuscritos e de livros
raros e preciosos, de mapotecas, de publicações oficiais e seriadas, de bibliografia e
referência (BRASIL, 1962)8.

Como é demonstrado, o profissional pode exercer o ensino da área, fiscalizar


estabelecimentos de ensino, ser gestor de um ambiente informacional e executar os serviços
técnicos. Observa-se que, quando a lei cita os estabelecimentos, é possível aferir todos
aqueles que necessitam da gestão/supervisão desse profissional no que concerne à
informação. As bibliotecas, os centros de documentação, entre várias outras organizações
estão entre os principais cenários de atuação, os quais podem ser ocupados por esses
profissionais.
Os conselhos profissionais regulatórios são constituídos por profissionais de cada área
do conhecimento e são responsáveis pela “fiscalização do exercício das respectivas profissões
com vista a proteção do coletivo no que tange ao exercício profissional qualificado”
(BARBALHO; ROZADOS, 2008, p. 1). Portanto, tais conselhos representam os interesses de
suas respectivas profissões, garantindo a sua supervisão com diretorias democraticamente
eleitas pelos profissionais associados certificando as competências, responsabilidades
profissionais necessárias a fim de registrar, fiscalizar defender e, possivelmente, criar novas
reservas de mercado. Além disso, se configuram como papeis de cada conselho de classe
profissional a atividade de disciplinar as profissões regulamentadas.
No tocante à avaliação do exercício da profissão do Bibliotecário, assim como nas
demais profissões, existem os Conselhos Federal e Regionais – os quais consistem em
autarquias de fiscalização que objetivam atuar no exercício das atividades desses
profissionais. O Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) é o órgão centralizador da
profissão, foi criado pela Lei nº 4.084, de 30 de junho de 1962 e regulamentado pelo Decreto
Lei nº 56.725, de 16 de agosto de 19659no intuito de fiscalizar os Conselhos Regionais de
Biblioteconomia (CRB’s) no cumprimento da legislação do exercício da profissão em cada

8
Documento em meio eletrônico não paginado.
9
Informação disponível em: <http://www.cfb.org.br/institucional/historico/historico-introducao/>. Acesso em:
06 abr. 2017.
21

região. Sob esse entendimento, ambos os Conselhos corroboram para a existência de um


sistema de fiscalização, avaliação, regularização da profissão e desenvolvimento da
biblioteconomia em âmbito nacional e regional, o qual é denominado “CFB/CRB”.
Outrossim, Barbalho e Rozados (2008, p. 2) destacam que:

[...] para muito além da questão fiscalizatória, a preocupação do Sistema CFB/CRBs


está associada com a necessidade de saber quem é o profissional bibliotecário
brasileiro, qual sua formação, o que faz, como atua, quais são as necessidades para
melhor se inserir no mundo do trabalho, de modo atender as exigências acima
destacadas. [...] os esforços efetuados pelo Sistema CFB/CRBs tem sido no sentido
de consolidar um cadastro de profissionais bibliotecários [...] , para oportunizar o
conhecimento de seu perfil de modo a contribuir, com dados e reflexões, para o
aprimoramento e a reafirmação do espaço de atuação no mercado de trabalho e sua
valorização profissional.

É preciso discutir o termo “Profissional da Informação”. Se hoje não direciona


somente ao bibliotecário, é porque outras áreas perceberam também sua importância para com
o trabalho e uso da informação. Essa interdisciplinaridade10 entre as ciências do conhecimento
permite o engajamento maior entre profissionais nas soluções de problemas, compartilhando o
conhecimento tácito de cada área e de cada um.
A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), documento que reconhece e
“descreve as características das ocupações do mercado de trabalho brasileiro” (BRASIL,
11
2008b) , considera e classifica o Bibliotecário, o Documentalista e o Analista de
informações na categoria dos Profissionais da Informação apresentando as seguintes
atividades que podem ser exercidas por esses profissionais:

Disponibilizam informação em qualquer suporte; gerenciam unidades como


bibliotecas, centros de documentação, centros de informação e correlatos, além de
redes e sistemas de informação. Tratam tecnicamente e desenvolvem recursos
informacionais; disseminam informação com o objetivo de facilitar o acesso e
geração do conhecimento; desenvolvem estudos e pesquisas; realizam difusão
cultural; desenvolvem ações educativas. Podem prestar serviços de assessoria e
consultoria. (BRASIL, 2008b) 12.

A CBO ainda apresenta as condições gerais dos locais de trabalho que o Bibliotecário
pode vir a assumir o cargo de gestor. A saber:

10
O termo aqui utilizado se refere ao fato de reconhecer a interação entre as ciências no intuito de aprofundar
novos conhecimentos aprimorando pesquisas e reconhecendo similaridades entre diferentes áreas. Fazenda
(1999) coloca como a mudança do conhecimento, substituindo uma ciência fragmentada.
11
Documento em meio eletrônico, não paginado.
12
Documento em meio eletrônico, não paginado.
22

Trabalham em bibliotecas e centros de documentação e informação na administração


pública e nas mais variadas atividades do comércio, indústria e serviços, com
predominância nas áreas de educação e pesquisa. Trabalham como assalariados, com
carteira assinada ou como autônomos, de forma individual ou em equipe por
projetos, com supervisão ocasional, em ambientes fechados e com rodízio de turnos.
Podem executar suas funções tanto de forma presencial como a distância. [...] As
condições de trabalho são heterogêneas, variando desde locais com pequeno acervo
e sem recursos informacionais a locais que trabalham com tecnologia de ponta.
(BRASIL, 2008b13).

Essas condições de trabalho, desde os recursos limitados até os materiais


informacionais ou tecnológicos, mostram ou evidenciam a importância do profissional
desenvolver atribuições que possam atender todas as demandas necessárias de acordo com os
objetivos e as condições do ambiente de trabalho. Nesse entendimento, o CHA desses
profissionais precisa está evidente para apresentar destreza e talento na imagem dos ambientes
que podem não usufruir de tantos recursos.
Esse documento, além de definir as ocupações do mercado brasileiro, apresenta uma
lista de atividades desempenhadas pela função escolhida. No caso do bibliotecário, a CBO
aponta atividades divididas em dez categorias gerais14, a saber: 1) Disponibilizar informação
em qualquer suporte; 2) Gerenciamento de unidades, redes e sistemas de informação; 3)
Tratamento técnico dos recursos informacionais; 4) Desenvolvimento dos recursos
informacionais; 5) Disseminação da Informação; 6) Desenvolvimento de Estudos e Pesquisas;
7) Prestação de serviços de Assessoria e Consultoria; 8) Promoção de atividades de Difusão
Cultural; 9) Desenvolvimento de ações educativas; 10) Demonstração de competências
pessoais – conforme pode ser visualizado no Quadro 1.

13
Documento em meio eletrônico, não paginado.
14
O relatório de atividades gerado pela CBO pode ser encontrado no Anexo A.
23

Quadro 1 – Atividades desempenhadas pelos Profissionais da Informação


 Localizar informações
 Recuperar informações
 Prestar atendimento personalizado
DISPONIBILIZAR
 Elaborar estratégias de buscas avançadas
INFORMAÇÃO EM
 Intercambiar informações e documentos
QUALQUER SUPORTE
 Controlar circulação de recursos informacionais
 Prestar serviços de informação online
 Normalizar trabalhos técnico-científicos
 Elaborar programas e projetos de ação
 Projetar custos de serviços e produtos
 Implementar atividades cooperativas entre instituições
 Administrar o compartilhamento de recursos informacionais
 Desenvolver planos de divulgação de marketing
 Desenvolver políticas de informação
 Projetar unidades, redes e sistemas de informação
 Automatizar unidades de informação
 Desenvolver padrões de qualidade gerencial
 Controlar a execução dos planos de atividades
 Elaborar políticas de funcionamento de unidades, redes e sistemas de
informação
 Controlar segurança patrimonial da unidade, rede e sistema de
GERENCIAMENTO DE informação
UNIDADES, REDES E  Controlar preservação do patrimônio físico da unidade, rede e sistema
SISTEMAS DE de informação
INFORMAÇÃO  Avaliar serviços e produtos de unidade, rede e sistema de informação
 Avaliar desempenho de pessoas em unidades, redes e sistemas de
informação
 Desenvolver planos de segurança ambiental
 Controlar a aplicação do plano de segurança ambiental
 Elaborar relatórios
 Buscar patrocínios e parcerias
 Contratar assessorias
 Elaborar manuais de serviços e procedimentos
 Participar da elaboração de planos e carreiras
 Analisar tecnologias da informação e comunicação
 Administrar consórcios de unidades, redes e sistemas de informação
 Administrar recursos orçamentários
 Implantar unidades, redes e sistemas de informação
 Registrar recursos informacionais
 Classificar recursos informacionais
 Catalogar recursos informacionais
 Elaborar linguagens documentárias
 Elaborar resenhas e resumos
TRATAMENTO
 Desenvolver bases de dados
TÉCNICO DE
 Efetuar manutenção de bases de dados
RECURSOS
INFORMACIONAIS  Gerenciar qualidade de conteúdo de fontes de informação
 Gerar fontes de informação
 Reformatar suportes
 Migrar dados
 Desenvolver metodologias para geração de documentos digitais ou
eletrônicos
24

 Elaborar políticas de desenvolvimento de recursos informacionais


 Selecionar recursos informacionais
 Adquirir recursos informacionais
 Armazenar recursos informacionais
 Avaliar acervos
DESENVOLVIMENTO
 Inventariar acervos
DE RECURSOS
 Desenvolver interfaces de serviços informatizados
INFORMACIONAIS
 Descartar recursos informacionais
 Conservar acervos
 Preservar acervos
 Desenvolver bibliotecas digitais e virtuais
 Desenvolver planos de conservação preventiva
 Disseminar seletivamente a informação
 Compilar sumários correntes
DISSEMINAÇÃO DA  Compilar bibliografias
INFORMAÇÃO  Elaborar clipping de informações
 Elaborar alerta bibliográfico
 Elaborar boletim bibliográfico

 Fazer sondagens sob demanda informacional


 Coletar informações para memória institucional
 Elaborar dossiês de informações
 Elaborar pesquisas temáticas
 Elaborar levantamento bibliográfico
 Acessar bases de dados e outras fontes em meios eletrônicos
 Realizar estudos cientométricos, bibliométricos e informétricos
REALIZAÇÃO DE
 Elaborar trabalhos técnico-científicos
ESTUDOS E PESQUISAS
 Analisar dados estatísticos
 Coletar dados estatísticos
 Elaborar estudos de perfil de usuário e comunidade
 Desenvolver critérios de controle de qualidade e conteúdo de fontes de
informação
 Analisar fluxos de informações
 Elaborar diagnóstico de unidades de serviço

 Prestar assessoria técnica a publicações


 Subsidiar informações para tomada de decisões
 Assessorar no planejamento de espaço físico da unidade de informação
 Participar de comissões de normatização
PRESTAÇÃO DE
 Realizar perícias
SERVIÇOS DE
 Elaborar laudos técnicos
ASSESSORIA E
CONSULTORIA  Realizar visitas técnicas
 Assessorar a validação de cursos
 Participar de atividades de biblioterapia
 Preparar provas para concurso
 Participar de bancas de concurso
 Promover ação cultural
 Promover atividades de fomento a leitura
 Promover eventos culturais
PROMOÇÃO DE  Promover atividades para usuários especiais
ATIVIDADES DE  Organizar atividades para a terceira idade
DIFUSÃO CULTURAL  Divulgar informações através de meios de comunicação formais e
informais
 Organizar bibliotecas itinerantes
 Promover atividades infanto-juvenis
25

 Capacitar o usuário
 Capacitar recursos humanos
DESENVOLVIMENTO  Orientar estágios
DE AÇÕES  Elaborar serviços de apoio para educação presencial e a distancia
EDUCATIVAS  Ministrar palestras
 Realizar atividades de ensino
 Participar de bancas acadêmicas
 Manter-se atualizado
 Liderar equipes
 Trabalhar em equipe e em rede
 Demonstrar capacidade de análise e síntese
 Demonstrar conhecimento de outros idiomas
 Demonstrar capacidade de comunicação
DEMONSTRAÇÃO DE
 Demonstrar capacidade de negociação
COMPETÊNCIAS
 Agir com ética
PESSOAIS
 Demonstrar senso de organização
 Demonstrar capacidade empreendedora
 Demonstrar raciocínio lógico
 Demonstrar capacidade de concentração
 Demonstrar pró-atividade
 Demonstrar criatividade
Fonte: Adaptado do Quadro de Atividades dos Profissionais da Informação gerado pela CBO (2008b).

Diante do exposto, observa-se que todas as atividades apresentadas anteriormente


demonstram as habilidades e as competências a serem desenvolvidas pelo profissional
bibliotecário. Nesse entendimento, é possível perceber que tais funções possuem correlação
com o que está descrito na Lei 4.084/62, tendo em vista que foram apresentadas algumas
técnicas semelhantes. Observa-se ainda que os conhecimentos relativos às atividades
supracitadas são adquiridos na Graduação e no fazer da profissão, como aspectos de gestão no
gerenciamento de unidades, redes e sistemas de informação e aplicabilidades técnicas como o
tratamento técnico de recursos informacionais, por exemplo. Sendo assim, verifica-se que
enquanto a lei permeia atribuições gerais, a CBO a complementa delineando características e
funções específicas ao cargo.
Outro aspecto importante a ser observado na CBO é que, no âmbito da última
classificação elencada no Quadro 1, a qual é denominada de “Demonstração de Competências
pessoais”, são delineadas atividades que se configuram como competências que devem ser
aplicadas no desenvolvimento de todos os exercícios elencados anteriormente – sem que o seu
desempenho seja considerado isoladamente em uma classificação. Portanto, tais
competências devem ser levadas em consideração pelo Bibliotecário em todos os cenários de
sua atuação.
26

Barbosa (1998, p. 56) ainda destaca que “a SpecialLibrariesAssociation (SLA) 15


desenvolveu uma lista de competências profissionais e pessoais para o bibliotecário
especializado (mas que pode ser aplicada a qualquer profissional da informação)”. Essa lista
envolve aspectos como o conhecimento em recursos informacionais para avaliar criticamente
seu conteúdo, capacidade de desenvolver e gerenciar serviços de informação eficazes e
eficientes. Esses serviços devem atender tanto às necessidades internas da organização quanto
as necessidades dos usuários que a instituição atende, fazendo uso das abordagens adequadas
em cada situação e sendo capaz de avaliar seus serviços aprimorando-os quando necessário.
Dessa forma, é necessário ainda habilidades gerenciais na solução de problemas e nas
tomadas de decisão.
Nessa perspectiva, se faz necessário evidenciar a importância das habilidades, já que
essas são necessárias para o profissional saber colocar esses conhecimentos em prática. Sendo
assim, todas as incumbências apresentadas anteriormente precisam estar atreladas ao saber
fazer do Bibliotecário para atender aos aspectos da profissão.
Outrossim, vale a pena lembrar também a possibilidade de o profissional atuar de
maneira autônoma, exercendo atividades de consultoria, palestras, normalização de trabalhos
técnico-científicos, avaliação de acervos, entre diversos outros serviços. Nesses casos, esse
profissional pode exercer atividades como prestador de serviços para aqueles que não
dispõem de tempo para fazer uso dos ambientes e recursos informacionais e/ou não sabem
utilizá-los/organizá-los da maneira adequada.
Como já mencionado, este trabalho seguiu de um olhar sobre a perícia a partir de
descrições nas investigações sobre o tema e as atividades exercidas em Órgãos Oficiais de
Perícia Criminal, levando em conta o trabalho técnico-científico necessário para fins de
elucidação de crimes. No intuito de selecionar as classes de atividades elencadas
anteriormente e que podem ser desempenhadas pelo profissional bibliotecário no trabalho
com os peritos criminais, cujos serviços serão analisados e apresentados de maneira detalhada
nos resultados da pesquisa, foi possível extrair as seguintes habilidades e competências de
acordo com as áreas da CBO:

15
A SpecialLibrariesAssociation (SLA) é uma organização internacional para profissionais da informação.
Disponível em:< http://www.sla.org/about-sla/>. Acesso em: 19 mar. 2017.
27

Figura 2 - Atividades que o Bibliotecário pode desempenhar em Órgãos Oficiais de Perícia Criminal

Gerenciamento de
unidades, redes e
sistemas de
informação

Tratamento
Desenvolvimento
técnico dos
dos recursos
recursos
informacionais
informacionais

Disseminação da Realização de
informação em pesquisas e
qualquer suporte estudos

Prestação de
serviços de
Assessoria e
Consultoria

Fonte: Elaboração própria (2017).

Verifica-se, portanto, que dentre as dez classificações destacadas pela CBO, 6 (seis)
delas apresentam atividades que podem ser desempenhadas/aperfeiçoadas/aplicadas em
órgãos de Pericia Criminal, levantando a possibilidade de apresentar o bibliotecário como
membro da equipe podendo contribuir significativamente para o desempenho de serviços
nesse contexto. Importante destacar que houve a união de duas classificações “Disponibilizar
Informação em Qualquer Suporte” com “Disseminação da Informação”, uma vez que as
atividades dessas classificações se complementam - pois permitem o acesso à informação bem
como o seu compartilhamento.
Atrelado a isso, esse profissional deve levar em consideração também a importância
da demonstração de suas competências pessoais apresentadas na última classe da CBO, dentre
as quais: Demonstrar proatividade e criatividade; manter-se atualizado, trabalhar em equipe e
em rede; demonstrar capacidade de raciocínio lógico, de análise e de síntese; demonstrar
capacidade de concentração, comunicação e de negociação; agir com ética; demonstrar senso
de organização; demonstrar capacidade empreendedora e de raciocínio lógico.
Para dar segmento a essas considerações, na próxima seção são apresentados aspectos
concernentes às instituições criminalísticas, suas funções e objetivos, seu papel na sociedade e
28

questões relativas aos cargos ocupados nesses órgãos. Além disso, é apresentada uma
subseção que discorre sobre a Cadeia de Custódia de Vestígio como elemento contribuinte
para a validação da prova pericial no intuito de rastrear as evidências utilizadas nos processos
judiciais nas instituições supracitadas.
29

3 ÓRGÃOS OFICIAIS DE PERÍCIA CRIMINAL: FUNÇÕES E OBJETIVOS

Em virtude dos objetivos e das justificativas apresentadas, acredita-se que uma das
organizações que poderia se beneficiar das competências dos profissionais bibliotecários são
as instituições criminalísticas, ou seja, os Órgãos Oficiais de Pericia Criminal. Nessa
perspectiva, é importante estudar as funções e os objetivos dessas instituições, bem como
aspectos concernentes acerca do seu desenvolvimento na sociedade.
A segurança é uma das questões mais importantes no desenvolvimento da sociedade.
Os meios sociais promulgam leis e regras para reger a sociedade garantindo a liberdade e a
preservação da integridade de todos os cidadãos. Sob esse viés, o problema da insegurança
ameaça um direito fundamental previsto na Constituição da República Federativa: a
Segurança Pública. O Estado e aquela que lhe permitem o poder, a sociedade, se tornam
responsáveis por combater a violência/criminalidade, preservando a ordem e a integridade de
todos que fazem parte da comunidade. Para tanto, são elaboradas políticas públicas, as quais
dizem respeito a um conjunto de ações do Estado que visam a participação de entidades
públicas ou privadas assegurando determinados direitos aos cidadãos. Dessa maneira, a
existência dos Órgãos de Perícia Oficial de Natureza Criminal permite dá resposta a sociedade
revelando os autores dos crimes, que perturbam a harmonia social, para que o Sistema de
Justiça Criminal tome as devidas providências (LIMA, 2012).
Os órgãos que integram o Sistema de Justiça Criminal vão desde os responsáveis pela
Segurança Pública, Ministério Público e o Poder Judiciário. Dentre os órgãos de segurança
pública, estão a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal,
Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, e todos os outros responsáveis pela defesa
civil. Lima (2012, p. 34) ainda acrescentar “o Instituto Nacional de Criminalística da Polícia
Federal e os Institutos de Criminalística e Institutos Médico-Legais dos Estados e Distrito
Federal, responsáveis pela prova pericial de natureza criminal, indispensável nos crimes que
deixam vestígio”.
O Ministério Público consiste em uma instituição pública autônoma onde podem ser
realizadas apurações penais ou requisições de inquérito policial, em função da defesa dos
direitos constitucionais. De outro modo disposto, o Poder Judiciário desempenha atividades
voltadas às decisões tomadas como liberdade provisória, decreto de prisão, entre outras
funções (LIMA, 2012). Nessa perspectiva, observa-se que todos os órgãos precisam estar em
consonância entre si e coordenados para atender aos interesses da sociedade no intuito de
garantir o direito à Segurança Pública. O autor supracitado ainda completa:
30

Por fim, conforme exposto, vale evidenciar que o Sistema de Justiça Criminal é
responsabilidade, tanto profissional de vários integrantes de diversos órgãos e entes
estatais, tais como: policiais, promotores, juízes e peritos, como também,
responsabilidade social de todos, na medida em que os fatores do crime são
relacionados à educação, saúde, sonegação fiscal, prostituição infantil, improbidade
administrativa, impunidade e ausência de políticas públicas fundamentais; havendo,
portanto, várias instâncias de participação no sistema tais como: a família, a escola,
a igreja, a comunidade de bairro, a Polícia, o Ministério Público, o Poder Judiciário
[...] (LIMA, 2012, p.35-36).

Diante do exposto, conforme mencionado anteriormente, o presente trabalho evidencia


os institutos de criminalística, os Órgãos Oficiais de Perícia Criminal, como foco da pesquisa.
Esses Órgãos trabalham com a informação para fins de elucidação de crimes e são
“responsáveis pela constatação da materialidade e da autoria dos fatos criminosos,
principalmente no que tange a confiabilidade e certeza da prova por eles produzida”
(CUNHA, 2012, p.14). Para tanto, tem como principal serviço a perícia criminal, que para
Espíndula (2002, p. 78 apud LIMA 2012, p. 23) “é aquela que trata das infrações penais, onde
o Estado assume a defesa do cidadão em nome da sociedade”. Essa atividade é desenvolvida
para garantir a integridade e a liberdade do cidadão, as quais são previstas no artigo 5º da
Constituição Federal 16 , uma vez que as investigações em cima dessas provas criminais
contribuem em defesa dos direitos humanos.
A perícia criminal é a investigação de delitos através de evidências deixadas no local,
ou seja, diz respeito à análise de algo ou alguém, feita por um especialista em determinados
conhecimentos a fim de obter conclusões pertinentes ao caso (NUCCI, 2012). Nesse
segmento, vestígios como resíduos balísticos, mancha de sangue e pegadas se configuram
como provas materiais de determinado evento. Esses possuem naturezas diversas, sendo
essencial o conhecimento das áreas das ciências naturais como o de biologia, química,
informática, engenharia, por exemplo.
De acordo com o Código de Processo Penal (CPP), o exame do corpo de delito 17 será
indispensável quando “a infração deixar vestígios. O exame de corpo de delito e outras
perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior” (BRASIL,
1941; 2008a, art. 158-159). Com o resultado da análise técnico-científica dos materiais
coletados na cena do crime, o profissional produz um laudo pericial que corresponde às

16
Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 15 mar.
2017.
17
Exame de corpo de delito é a análise de provas da existência do crime “sendo que a sua falta provocará a
nulidade do processo, conforme o art. 564, III, b, do Código de Processo Penal” (LIMA, 2012, p. 37).
31

observações feitas durante todo o processo investigativo, que podem averiguar e comprovar a
inocência ou condenação do(s) culpado(s).
Segundo Lima (2012, p. 23) a “investigação realizada pelo Perito Oficial é científica,
baseada, única e exclusivamente, no levantamento de provas materiais, por meio de técnicas
forenses [...]”. Sendo assim, o Perito, com diploma superior, verifica a cena do crime
colhendo provas materiais, inclusive material fotográfico para a construção dos seus laudos
periciais. Sob esse viés:

Perito é ‘aquele que é experimentado ou prático em determinado assunto’. O Perito


Oficial de Natureza Criminal pode ser tanto o Perito Criminal, como o Perito
Médico Legista; e é o profissional, aprovado em concurso público de provas e
títulos, responsável pela realização da Perícia Oficial Brasileira de Natureza
Criminal, entendimento do art. 159, do Código de Processo Penal [...]. (AMORAS,
2008, p. 537 apud LIMA, 2012, p. 23, grifo nosso).

Nesse entendimento, percebe-se que os profissionais peritos criminais são funcionários


públicos cujas formações podem ser oriundas de diversas áreas do conhecimento, como por
exemplo: Medicina, Física, Farmácia, Engenharia, Química, etc. Depois da aprovação nas
provas de concursos públicos para desempenhar essa função, os seus títulos são averiguados
de acordo com os editais de concurso e, posteriormente, tais profissionais são finalmente
nomeados pelo Estado. Contudo, para assumir o cargo, eles ainda passam por uma série de
treinamento como cursos de formação, testes físicos, médicos e psicotécnicos.

Os Peritos Criminais Federais passam por processo de seleção através de concurso


público, no qual são exigidos conhecimentos diversos, como, por exemplo, língua
portuguesa, direito, atualidades, raciocínio lógico, assim como conhecimentos
específicos em cada área de atuação. Passam também por etapas de testes físicos,
médicos e psicotécnicos. Posteriormente, após aprovados em concurso, os
candidatos a Peritos Criminais Federais passam por um período de treinamento
intensivo, na Academia Nacional de Polícia, na cidade de Brasília, no Distrito
Federal. Neste período, recebem instruções e treinamentos jurídicos, técnicos e
operacionais para a realização do trabalho policial e pericial (TSUNODA, 2011, p.
9).

No intuito de correlacionar as atividades desempenhadas pelos peritos criminais que


possuem relação com as competências e habilidades dos profissionais da informação, buscou-
se apresentar através da CBO a descrição dos peritos criminais, bem como as atividades que
competem a esse cargo. Dessa forma, nas condições gerais associadas ao exercício dos Peritos
Criminais são apresentadas as seguintes descrições:
32

Esses profissionais atuam nas áreas ligadas à administração pública, defesa e


seguridade social. São assalariados e se organizam em equipe. Trabalham com
supervisão ocasional, em ambiente fechado, a céu aberto e em veículos. Seus
horários de trabalho são variados. Podem ficar longos períodos em posições
desconfortáveis, trabalhar sob pressão, (levando-os a situação de estresse constante)
e expostos a materiais tóxicos, radiação e ruído intenso (BRASIL, 2008c) 18.

Em descrição sintetizada das atividades desempenhadas pelo perito criminal, são


apontadas as seguintes atribuições desses profissionais:

Elaboram laudo pericial criminal, organizando provas e determinando as causas dos


fatos. Examinam locais de crime, buscando evidências, selecionando e coletando
indícios materiais e encaminhando peças para exames com ou sem quesitos.
Reconstituem fatos, analisam peças, materiais, documentos e outros vestígios
relacionados a crimes, fotografando e identificando as peças e materiais e definindo
tipo de exame. Efetuam medições e ensaios laboratoriais, utilizando e
desenvolvendo técnicas e métodos científicos (BRASIL, 2008c) 19.

Destarte, verificou-se que as atividades de responsabilidades desses profissionais são


divididas em nove classes gerais20 cujas descrições foram extraídas da CBO e são elencadas
no Quadro 2.

18
Documento em meio eletrônico, não paginado.
19
Documento em meio eletrônico, não paginado.
20
O relatório de atividades gerado pela CBO pode ser encontrado no Anexo B.
33

Quadro 2 – Atividades desempenhadas pelos Peritos Criminais


 Organizar provas
 Listar conteúdo de provas
 Juntar relatórios de análises laboratoriais
 Mencionar metodologia aplicada na análise das provas
 Estruturar laudo
ELABORAR LAUDO PERICIAL  Determinar causa dos fatos
 Indicar autoria dos fatos
 Redigir laudo
 Responder quesitos formulados por autoridades
requisitantes
 Concluir laudo
 Observar o local
 Avaliar condições de segurança no local dos fatos
 Obter relatos das partes envolvidas e de terceiros
 Orientar equipe de apoio (fotógrafo, desenhista, etc.)
 Buscar evidências
 Selecionar indícios materiais
 Coletar indícios materiais
 Adicionar indícios
EXAMINAR LOCAIS DE CRIME
 Lacrar equipamentos
 Requerer interdição do local
 Requerer apreensão de provas
 Colher dados topográficos
 Verificar consequências dos fatos
 Descrever o local
 Transportar indícios coletados
 Encaminhar peças para exames com ou sem quesitos
 Identificar peças e materiais
 Definir tipo de exame
 Fotografar peças
 Calibrar equipamentos
 Preparar equipamentos
 Esterilizar materiais
 Preparar reagentes
 Obter padrões de confronto
ANALISAR PEÇAS E MATERIAIS  Preparar amostra
RELACIONADOS A CRIME  Confrontar padrões e amostras
 Analisar material audiovisual (fitas, fotos...)
 Analisar combustíveis
 Analisar autos do processo
 Solicitar informações suplementares (quebra de sigilo,
documentos...)
 Solicitar exames a laboratórios especializados
 Analisar patrimônio
 Avaliar resultados das análises
34

 Qualificar parâmetros físico-químicos (sólidos, líquidos e


gases)
 Quantificar parâmetros físico-químicos (sólidos, líquidos e
gases)
 Realizar ensaios instrumentais
 Realizar ensaios de funcionamento
REALIZAR ENSAIOS  Realizar ensaios de eficácia
 Realizar ensaios de resistência
 Realizar ensaios toxicológicos
 Pesquisar elementos microscópicos
 Realizar ensaios de sangue
 Realizar ensaios de líquido seminal
 Realizar ensaios de DNA
 Medir frenagem
 Medir peças
 Medir projétil e armas
 Calcular velocidade e energia do projétil
 Medir ruídos (decibelimetria)
 Medir intensidade de luz (luximetria)
EFETUAR MEDIÇÕES
 Medir frequência de ondas eletromagnéticas
 Medir grandezas elétricas
 Medir níveis de radiação eletromagnética
 Medir áreas
 Efetuar cálculos científicos
 Avaliar bens
 Verificar teor de requisição
 Requisitar meio de transporte
 Convocar equipe de apoio
 Conferir equipamentos e instrumentos de trabalho
ATENDER REQUISIÇÃO
 Requerer relatórios de análises
 Reconstituir fatos
 Atender requisição de exame complementar
 Prestar esclarecimento em juízo
 Registrar requisição
 Estabelecer prioridades de atendimento
 Conferir área isolada
ORGANIZAR O TRABALHO
 Delimitar isolamento (área, período, pessoas,
comunicações...)
 Fornecer dados para fins estatísticos

 Consultar normas técnicas e legislação


 Pesquisar ciência forense
 Pesquisar metodologia
 Testar metodologia
DESENVOLVER MÉTODOS E
 Validar metodologia
TÉCNICAS CIENTÍFICOS
 Adotar novas tecnologias
 Elaborar especificações técnicas de equipamentos
 Participar de eventos na área (Congressos, seminários)
 Manter intercâmbio com instituições e empresas
35

 Demonstrar capacidade de observação


 Demonstrar perspicácia
 Agir com ética
 Demonstrar dedicação
 Demonstrar bom senso
 Demonstrar paciência
DEMONSTRAR COMPETÊNCIAS  Manter equilíbrio emocional
PESSOAIS  Demonstrar solidariedade
 Trabalhar com segurança
 Utilizar EPI
 Manter sigilo
 Ministrar aulas
 Expressar-se com clareza e objetividade
 Manter-se atualizado
Fonte: Adaptado do Quadro de Atividades dos Peritos Criminais gerado pela CBO (2008c).

Essas são as atividades que competem ao cargo de Perito Criminal. É possível


perceber uma série de práticas que necessitam de habilidades e competências para o
desempenho de atividades específicas, dentre elas: colher dados topográficos, realização de
ensaios toxicológicos, ensaios de sangue, realizações medições físico-químicas, cálculos
matemáticos, entre outros. Em função dessas atividades, Graduações como Geologia,
Engenharia Química, Engenharia Eletrônica, Informática, Biomedicina, Engenharia Florestal,
Medicina, Odontologia, Farmácia, Física, entre outras são algumas das exigidas para atuar
como Perito Criminal (ASSOCIAÇÃO..., 2017).
Concebe-se a interdisciplinaridade quando profissionais de áreas diferentes precisam
atuar juntos na elucidação de um crime. Em meio a isso, é presumível o conhecimento de
aspectos jurídicos para atender as demandas do cargo. “Ao perito é exigido que se caminhe
em duas estradas paralelas: a do profundo conhecimento técnico, e a do conhecimento
jurídico, o que caracteriza a interdisciplinaridade do ofício” (SILVA, 2010, p. 12). Como já
destacado anteriormente, a perícia é realizada por um especialista em determinadas ciências e,
que junto com conhecimento jurídico, permite dar respaldo em suas atividades perante juízes
e promotores, bem como na construção de laudos e relatórios pertinentes às suas observações.
De acordo com Rodrigues, Silva e Truzzi (2010), o laudo pericial também consiste em
uma fonte de informação importante para os promotores de justiça e juízes de Direito, tendo
em vista que esses profissionais necessitam da sua construção para fins do arquivamento do
inquérito policial ou fornecimento de denúncia contra alguém – levando em conta que essa
última ação depende da prova de que o crime existiu (materialidade) com indícios de autoria.
Nesse entendimento, o laudo pericial elaborado nos Órgãos Oficiais de Perícia
Criminal contribui efetivamente para o desempenho das atividades não somente realizadas
36

pelos profissionais que atuam nessas instituições, mas também para os usuários considerados
destinatários externos do serviço – como por exemplo os promotores de justiça e os juízes de
Direito, tendo em vista que eles são de instituição externa e precisam de informações
estruturadas para aplicar a lei ao caso concreto.
Diante do exposto, é importante apresentar também neste trabalho os usuários
beneficiários da Perícia, ou seja, aquelas pessoas que de alguma forma se beneficiam dos
serviços desempenhados pelos Órgãos Oficiais de Perícia Criminal. Sendo assim, Rodrigues,
Silva e Truzzi (2010) mencionam que:
 A sociedade como um todo apresenta interesse em uma Justiça Criminal que
encontre e puna os responsáveis pelos delitos cometidos, ou inocente aquelas pessoas
erroneamente acusadas – respeitando os Direitos Humanos;
 A Polícia e a Justiça Criminal também necessitam dos serviços desempenhados para
identificar e julgar os verdadeiros autores dos delitos, necessitando que a Perícia
contribua para este anseio da sociedade com provas científicas que auxiliem na
elucidação de crimes;
 As vítimas e/ou os seus familiares necessitam deste trabalho para fins de
esclarecimento dos fatos;
 Os suspeitos também são usuários beneficiários da Perícia, à medida em que não é
necessário constrange-los durante as investigações;
 Os advogados de defesa, os quais utilizam as informações da Perícia para formular
as estratégias de defesa dos seus clientes;
 As testemunhas, à medida em que a Perícia auxiliar na confirmação ou refutação dos
depoimentos;
 A mídia – para fins de repercussão/disseminação dos casos dando-lhes uma maior ou
menos dimensão, além disso necessita informar a opinião pública com maior
precisão;
 As Organizações de Direitos Humanos, as quais utilizam os laudos periciais para
fins de avaliação das ações periciais, por exemplo.
Em consonância de evidências, os autores supracitados ainda enfatizam que são
considerados como contribuintes para a execução dos serviços da Perícia Criminal no intuito
de obter informações para a elucidação dos crimes: os suspeitos; a vítima e/ou os seus
familiares e eventuais testemunhas; os policiais civis, militares ou rodoviários e/ou bombeiros
– cujos profissionais podem atuar no isolamento e na preservação da cena do crime; os
37

fornecedores de material de consumo e de novas tecnologias que auxiliem no trabalho da


Perícia; as universidades com o conhecimento científico; os médicos legistas que trocam
informações com os peritos criminais; e os papiloscopistas, setor de identificação Civil e
Criminal, que possibilitam o auxílio na identificação de pessoas.
Em síntese, a Figura 3 a seguir apresenta os principais públicos da Perícia Criminal:

Figura 3 – A Perícia Criminal e os seus principais públicos

Fonte: Rodrigues; Silva e Truzzi (2010, p. 848).

Diante disso, é fundamental investigar e identificar os destinatários/usuários de


qualquer serviço para fins de estabelecimento da relação entre o prestador, nesse caso o Perito
Criminal, e os destinatários do serviço a fim de desempenhar atividades que contribuam
significativamente para a satisfação das suas necessidades informacionais.
Nessa perspectiva, observa-se ainda que os ofícios da Perícia Criminal dependem
essencialmente da interdisciplinaridade entre as disciplinas do conhecimento humano,
portanto acredita-se que é possível agregar os valores e as práticas oriundas de mais uma
ciência: a Ciência da Informação, em especial as atividades inerentes à Biblioteconomia.
Para dar seguimento às considerações apresentadas no presente trabalho, a seguir são
descritos aspectos relativos à Cadeia de Custódia de Vestígio, a qual contribui para a
validação da prova pericial no intuito de rastrear as evidências utilizadas nos processos
judiciais, documentando, preservando e organizando as provas/vestígios para que sejam
recuperados e avaliados em tais instituições.
38

3.1 CADEIA DE CUSTÓDIA DE VESTÍGIOS

Durante a pesquisa sobre os Órgãos Oficiais de Pericia Criminal, foi identificado que
existe um conjunto de procedimentos que leva o nome de Cadeia de Custódia de Vestígios
(CCV), os quais possuem como premissa a guarda, a preservação da evidência para a
realização de todas as análises até o descarte da prova. No que consiste à acepção do termo
“Cadeia”, este pode somar a dois significados: o primeiro está associado ao conceito de
prisão, presídio ou reclusão; e o segundo significado está associado a um fluxo de processos.
Entretanto, é importante destacar que sua denominação aqui – Cadeia de Custódia de Vestígio
- está intimamente associada ao fluxo/guarda/preservação dos vestígios. Destarte, percebe-se
que esse processo possui funções que se assemelham, de certo modo, às atividades
desempenhadas no âmbito das bibliotecas, por exemplo.
Portanto, “denomina-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos
utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio, para rastrear sua posse
e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte” (BRASIL, 2014) 21.
Segundo Cunha (2012, p. 15):

Trata-se então de um conjunto de medidas administrativas a serem adotadas pelos


Órgãos de Polícia Judiciária para acompanhar e registrar todos os eventos e
movimentações a que é submetida a prova material produzida, com a finalidade de
impingir-lhe idoneidade jurídica [...].Os procedimentos de custódia hoje adotados
em alguns órgãos de perícia, são frutos de ações isoladas, e visam apenas resguardar
a idoneidade de vestígios de origem orgânica, bem como substâncias diversas a
serem examinadas em laboratório. Entretanto, tal qual ocorre no âmbito do Distrito
Federal, observa-se que outros tipos de vestígios vinculados a novas modalidades de
delitos criminais, tais como hardwares, fotografias, softwares, impressões digitais e
grande variedade de mídias e equipamentos audiovisuais merecem procedimentos
específicos de CC [Cadeia de Custódia] para a manutenção de sua relevância
probatória.

Nessa perspectiva, verifica-se que as atividades a serem desempenhadas em uma


cadeia de custódia de vestígios começam quando a primeira evidência é encontrada e todos os
envolvidos que os manusearam para algum fim precisam prezar pela cadeia, pois seu término
ocorre apenas com o fim do processo criminal. Visualiza-se que existe uma preocupação em
manter os vestígios sendo eles de qualquer natureza para salvaguarda do material garantindo a
integridade do material para a realização de novos exames caso seja necessário. Sendo assim,

21
Documento em meio eletrônico, não paginado.
39

as evidências passam por uma série de procedimentos que precisam ser registrados,
garantindo a confiabilidade.
Marinho (2014, p.12) manifesta

a necessidade de uma central de custódia destinada à guarda e ao controle dos


vestígios de modo a garantir a integridade e a idoneidade do material que serviu de
base para o exame realizado pelo perito oficial e atender o dispositivo no §6 do art.
159 do Código de Processo Penal. Deste modo, qualquer desconfiança que surgir no
mundo jurídico quanto à garantia da autenticidade e/ou da idoneidade poderá ser
esclarecido por meio do rastreamento do processo.

O parágrafo a que se refere o autor, diz respeito à guarda do material em função de


haver requerimento das partes do material probatório (BRASIL, 2008a).
A Portaria 82, de 16 de junho de 2014, ainda destaca que:

4.2. Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverá ser protocolada,


consignando-se informações sobre a ocorrência/ inquérito que a eles se relacionam.
4.3. Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser
identificadas e deverá ser registrada data e hora do acesso.
4.4. Quando da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser
registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação,
destinação, data e horário da ação.
4.5. O procedimento relacionado ao registro deverá:
a) ser informatizado ou através de protocolos manuais sem rasuras;
b) permitir rastreamento do objeto/vestígio (onde e com quem se encontra) e a
emissão de relatórios;
c) permitir a consignação de sinais de violação, bem como descrevê-los;
d) permitir a identificação do ponto de rompimento da cadeia de custódia com a
devida justificativa (responsabilização);
e) receber tratamento de proteção que não permita a alteração dos registros
anteriormente efetuados, se informatizado. As alterações por erro devem ser editadas
e justificadas;
f) permitir a realização de auditorias. (BRAISL, 2014)22

Nessa perspectiva, é possível destacar que as práticas mencionadas anteriormente


também podem ser beneficiadas com a atuação dos profissionais bibliotecários, como por
exemplo, no âmbito de uma central de custódia. Tais contribuições serão elencadas nos
resultados da presente pesquisa, cujo percurso metodológico é descrito no capítulo 4 a seguir.

22
Documento em meio eletrônico, não paginado.
40

4 PERCURSO METODOLÓGICO

A investigação de natureza científica é atrelada de métodos e técnicas para produzir


novos conhecimentos. “Não se faz pesquisa sem método” (GASPAROTO, 1993, p.58). Nessa
perspectiva, a partir dos métodos é possível verificar os objetivos compreendidos e atribuir
um rigor científico a pesquisa, isto é, permitir a averiguação da ciência produzida até a
normalização do trabalho para atingir os padrões de qualidade científicos. Sob esse viés, neste
capítulo monográfico é descrita a classificação, o universo e os procedimentos metodológicos
empreendidos para o desenvolvimento desta Monografia.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Destarte, quanto aos seus objetivos e obtenção de informações, este trabalho


caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica, exploratória, documental e descritiva a fim
de buscar explicações aos questionamentos apresentados, uma vez que “é através da pesquisa
bem-feita que torna-se possível a investigação de todos os dados de uma questão e, por
conseguinte, oferece a fundamentação teórica para o problema” (FIGUEIREDO; SOUZA,
2011, p. 101).
Nesse entendimento, quanto à obtenção de informações, este estudo é de natureza
bibliográfica, uma vez que foram pesquisadas, analisadas e avaliadas questões sobre as
habilidades e competências do profissional da informação, bem como sobre a perícia criminal
em fontes de informação como Teses, Dissertações e artigos em formato impresso e
eletrônico, cujos materiais contribuíram para o desenvolvimento da fundamentação teórica
sobre o tema, além de permitir desenvolver também o desenvolvimento de questões referentes
à área de Biblioteconomia. Nessa perspectiva, observa-se que a pesquisa bibliográfica
configura-se como uma técnica que permite o contato do pesquisador com tudo que já foi
escrito através de diversas abordagens de diferentes autores.
No intuito de recuperar informações sobre as habilidades e as competências do
profissional Bibliotecário, bem como as leis que regem a sua profissão e as instituições da sua
classe profissional, foram empregados os seguintes termos como expressões de busca:
“Habilidades profissionais – Bibliotecário”, “Competências do Bibliotecário”, “Profissão –
Bibliotecário”, “Bibliotecário – Regularização”. Nesse sentido, Buscadores como Google
41

Acadêmico 23 , Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) 24 , Scientific


Electronic Library Online (Scielo)25, Portal de Periódicos da Capes26, foram utilizados como
fontes de informação. Além disso, é importante ressaltar que a Classificação Brasileira de
Ocupações (CBO) e o sistema CFB/CRB também se constituíram como subsídio
informacional desta pesquisa.
De outro modo disposto, visando recuperar produções científicas sobre os Peritos
Criminais termos como “Perito Criminal”, “Criminalística”, “Perícia Criminal”, “Pericia
Forense”, “Cadeia de Custódia” e “Prova Pericial” também foram empregados nos buscadores
elencados anteriormente, havendo o acréscimo da Base de dados Scopus 27 . Diante disso,
foram recuperados artigos científicos, Teses e Dissertações que permitiram construir o devido
referencial teórico da presente pesquisa. Essas buscas foram realizadas em tais fontes de
informação no período de setembro de 2016 a abril de 2017. Nesse sentido, tais pesquisas se
iniciaram na disciplina Metodologia da Pesquisa em Biblioteconomia II, oferecida pelo curso
de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (URFN), tendo como
produto final um pré-projeto sobre o tema da monografia desenvolvido junto com a
orientadora do presente Trabalho de Conclusão de Curso.
No que concerne aos seus objetivos, o presente estudo caracteriza-se como uma
pesquisa exploratória, uma vez que foi possível explorar questões concernentes às práticas e
aos conceitos associados ao profissional da informação e à perícia criminal na literatura e nas
leis no intuito de desenvolver os fundamentos teóricos e as análises deste estudo, tendo em
vista que a finalidade da pesquisa exploratória é esclarecer as ideias e os conceitos no intuito
de orientar a formulação de hipóteses (GIL, 2010). Há poucas discussões sobre a perícia
criminal dentro da Ciência da Informação, levando a necessidade da exploração, reflexão e
identificação de novas práticas associadas à atuação do profissional bibliotecário nessa
perspectiva. Dessa forma, é possível enfatizar que as práticas exploratórias possibilitam
descobertas e inovações, bem como permitem a familiaridade do tema, respondendo as
questões formuladas nesta pesquisa, por exemplo.
Outrossim, ainda no que concerne à obtenção de informações, o presente estudo é
classificado como uma pesquisa documental, uma vez que foi realizada a coleta de
informações em documentos legais, como as leis que regem as profissões do Bibliotecário e

23
Disponível em:< https://scholar.google.com.br/>. Acesso em: 19 mar. 2017.
24
Disponível em:< http://bdtd.ibict.br/vufind/>. Acesso em: 19 mar. 2017.
25
Disponível em:<http://www.scielo.org/php/index.php>. Acesso em: 19 mar. 2017.
26
Disponível em:< http://www-periodicos-capes-gov-br.ez18.periodicos.capes.gov.br/>.Acesso em: 19 mar.
2017.
27
Disponível em:< https://www-scopus-com.ez18.periodicos.capes.gov.br/home.uri>.Acesso em: 19 mar. 2017.
42

do Perito Criminal, o Código de Processo Penal, entre outros - cujos conteúdos consistiram
como matéria-prima a partir da qual foram desenvolvidas as investigações e análises presentes
nesta monografia. Nesse entendimento, na pesquisa documental tem-se como fontes de
informação documentos no sentido amplo como cartas, e-mails, pareceres, fotografias,
relatórios, inventários, depoimentos orais e escritos, certidões, correspondência pessoal,
documentos informativos arquivados em repartições públicas, etc. (SEVERINO,2007).
Portanto, a pesquisa documental também permite investigar outras fontes a partir dos dados
coletados, possibilitando descobrir fatos sobre o tema de interesse (LÜDKE; ANDRÉ, 1986).
A pesquisa descritiva, por sua vez, de acordo com Andrade (2001) diz respeito a
observação de fatos/dados. Esses são registrados e analisados, classificados e interpretados.
Gil (2010) aponta que a pesquisa descritiva permite visualizar as características de
determinada população ou fenômeno, descrevendo seu objeto. Portanto, no âmbito do
presente trabalho se configura como objeto de estudo e de descrição o campo da Perícia
Criminal e as possíveis atuações do profissional Bibliotecário em tal cenário. Desse modo, os
dados também foram coletados mediante a aplicação de entrevista semiestruturada com 2
(dois) profissionais que atuam no campo da Perícia Criminal (1 Perito Criminal e 1 agente da
Política Civil) – cujas questões contemplavam aspectos relativos aos Órgãos Oficiais de
Perícia Criminal, as atividades desempenhadas nesses Órgãos, bem como acerca das
habilidades e das competências do profissional Bibliotecário para atuar em tal área.
A entrevista semiestruturada tem o intuito de apreender o que os sujeitos pensam,
sabem e argumentam através de uma interação entre pesquisador e informante com a
aplicação de questões previamente definidas, podendo ser acrescentados outros
questionamentos cujos interesses surjam no decorrer da entrevista (SEVERINO, 2007). Dessa
forma, para o presente trabalho foi elaborado um conjunto de questões pré-definidas em
roteiro de entrevista28que se constituíram como “guia” para a aplicação da entrevista com os
informantes supracitados. Desse modo, é importante ressaltar que, com a entrevista
semiestruturada, foi possível acrescentar outros questionamentos não contemplados no roteiro
no intuito de retirar algumas dúvidas com esses entrevistados/informantes e tornar a coleta
dos dados mais exaustiva - visando também enriquecer o referencial teórico, as análises e os
resultados do presente trabalho que possui abordagem qualitativa.

28
O Roteiro de entrevista com as questões predefinidas para obtenção das informações apresentadas pelos
peritos criminais encontra-se no apêndice A do presente trabalho monográfico.
43

4.2 UNIVERSO DA PESQUISA

Em face do exposto, observa-se que o trabalho tem como foco o campo dos Órgãos
Oficiais de Perícia Criminal e as contribuições que o profissional Bibliotecário pode trazer em
tal cenário de atuação. As instituições de natureza criminal têm um papel social para com a
comunidade de trazer à luz os autores dos crimes que perturbam a integridade social e
patrimonial. Faz uso da perícia criminal, uma atividade técnico-científica indispensável à
elucidação de crimes mediante a busca e recuperação de informações, através de vestígios
encontrados em cenas criminais. Seus profissionais são capazes de entender, compreender e
interpretar as informações coletadas, materializando os laudos periciais a fim de dar resposta
aos processos criminais que estão ocorrendo.
O uso da informação na elucidação de crimes, o envolvimento com esse objeto, revela
um cenário de possíveis atuações do profissional Bibliotecário, visto que a informação faz
parte do principal objeto de trabalho nesse contexto.
Para dar segmento a essas considerações, a seguir são elencadas e descritas as etapas e
atividades realizadas para a elaboração do presente estudo.

4.3 ETAPAS DA PESQUISA

As etapas da pesquisa são ilustradas na Figura 4 a seguir.


44

Figura 4 – Etapas da Pesquisa

Etapa 1 – Pesquisa Documental e Bibliográfica

Contato do pesquisador com as produções científicas sobre


a temática estudada. Levantamento bibliográfico com base
em termos previamente definidos como expressões de
busca.

Etapa 2 – Revisão de Literatura

Análise e elaboração do Referencial teórico/construção


teórico-metodológica da pesquisa. Identificação e
descrição das atividades, habilidades e competências do
profissional Bibliotecário e do Perito Criminal.

Etapa 3 – Análise e Discussão de Resultados

Análise das habilidades, competências e atividades


desempenhadas pelos profissionais Bibliotecários e Peritos
Criminais, atrelando aos resultados obtidos na Entrevista
semiestruturada. Apresentação das principais contribuições
do profissional Bibliotecário em Órgãos Oficiais de Perícia
Criminal com base nos dados coletados; Proposição de
atividades que podem ser desempenhadas por esse
profissional nesse contexto.

Fonte: Elaboração própria (2017).

Por fim, apresentamos a análise e discussão dos resultados no próximo capítulo,


demonstrando de que forma o Bibliotecário pode contribuir com seus serviços dentro das
instituições da Perícia Criminal.
45

5 O PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO EM ÓRGÃOS OFICIAIS DE PERÍCIA


CRIMINAL: DESCORTINANDO NOVOS CENÁRIOS PARA A SUA ATUAÇÃO

Diante do exposto, verifica-se que foram evidenciadas anteriormente as competências


e habilidades do Perito Criminal e do Bibliotecário, bem como foram apresentados os
objetivos e as funções das instituições criminalísticas. Sob esse entendimento, no presente
capítulo são apontadas as principais atividades que podem ser desempenhadas pelo
profissional Bibliotecário em Órgãos Oficiais de Perícia Criminal, levando em consideração
as suas habilidades e competências enquanto profissional da informação, bem como os
objetivos e funções das instituições supracitadas.
Para tanto, foram analisadas as atividades descritas na CBO do Bibliotecário como
ponto de referência e que dessa forma, pudesse atender as competências gerais exigidas nessa
profissão. Sendo assim, as atividades selecionadas se constituíram como um conjunto de
serviços que servem como referência para contribuir com os serviços realizados nessas
instituições criminalísticas, como por exemplo: atividades de representação da informação no
que se refere ao tratamento e à gestão, consultorias técnicas no tocante à produção de
metodologias específicas para a elaboração de documentos como relatórios e laudos periciais
criminais – levando sempre em conta o comprometimento com o sigilo dos recursos
informacionais e as competências pessoais que levem esse profissional a almejar mais
conhecimento.
Das 10 classificações apresentadas no segundo capítulo observou-se que seis delas
podem constituir o quadro de atividades desenvolvidas pelo profissional bibliotecário em
Órgãos Oficiais de Perícia Criminal. Vale relembrar que a classe intitulada “Demonstração de
Competências pessoais” contempla competências que devem ser aplicadas no
desenvolvimento de todos os serviços a serem desempenhados pelo profissional Bibliotecário.
Portanto, verificou-se que tais competências devem ser levadas em consideração por esse
profissional em todos os cenários de sua atuação – não sendo considerada apenas como uma
área específica para ser trabalhada nesta pesquisa.
Nesse entendimento, com base nas análises realizadas nas produções científicas,
documentos e informações apresentadas pelos Profissionais entrevistados, são apresentados a
seguir os tipos de serviços que podem ser desempenhados pelo profissional Bibliotecário em
Órgãos Oficiais de Perícia Criminal e as suas respectivas especificações – levando em conta
uma quantidade significativa de serviços que atendam a todos os públicos beneficiários da
Perícia (juízes, promotores, delegados de polícia, advogados, assistentes técnicos, médicos
46

legistas, universidades e centros de pesquisa, polícias, corpo de bombeiros, vítimas, suspeitos


e/ou familiares, testemunhas, etc.).
A primeira classe extraída pela CBO que pode ser evidenciada como um conjunto de
serviços a serem desempenhados pelo profissional nessas instituições se refere à
Disseminação da Informação em Qualquer Suporte, uma vez que esse profissional lida
com uma área onde as informações podem estar presentes em qualquer meio e suporte (por
exemplo, imagens forenses e registros de evidências com manchas de sangue, pegadas, etc.).
Evidências que podem ajudar a elucidar o crime através das fontes de informação. Nesse
segmento, na primeira classe de atividades foram incluídas duas grandes áreas do relatório de
atividades apresentadas pela CBO, são elas: “Disponibilizar Informação em Qualquer
Suporte” e “Disseminar Informação”. A união dessas classes nesta pesquisa se deu pela
proximidade das atividades e pela melhor representação das discussões apresentadas neste
trabalho.

Figura 5 – Atividades associadas à Disseminação da Informação em Qualquer Suporte


Localizar informações

Recuperar informações

Atendimento personalizado

Intercambiar informações e documentos

Controlar circulação de recursos informacionais

Prestar serviços de informação online

Normalizar trabalhos técnicos-científicos

Disseminar seletivamente a informação

Elaborar clipping de informações

Fonte: Elaboração própria (2017).

É importante ressaltar que esses ambientes possuem um público composto pelos


destinatários mencionados anteriormente. Logo, no que concerne à disseminação da
informação a ser realizada pelo profissional Bibliotecário, tal atividade pode ser
desempenhada de forma ética no intuito de oferecer atendimento personalizado levando em
conta cada perfil de usuário objetivando oferecer suporte informacional para a elucidação e
47

conhecimento dos crimes, mediante a busca e a recuperação das informações. Sendo assim,
toda a segurança no que consiste ao sigilo, localização, recuperação, à conservação e à
preservação das provas materiais - recursos importantes na elucidação do crime - deve ser
considerada pelo profissional da informação no desempenho desse serviço.
Em consonância de evidências, para que essas atividades sejam realizadas é necessário
que haja, sobretudo, um controle da circulação dessas informações que pode ser realizado
pelo Bibliotecário – no intuito de fornecê-las apenas aos destinatários/usuários habilitados a
recebê-las no âmbito dos Órgãos Oficiais de Perícia Criminal, inclusive contribuindo para a
precisão da informação a ser disponibilizada para a mídia, grande público.
No que se refere à normalização de trabalhos técnico-científicos, os peritos criminais
constroem laudos, relatórios acerca de suas atividades, bem como o parecer das provas
levantadas. Sob esse viés, o Bibliotecário pode contribuir para aprimorar as estruturas, os
padrões e as disposições das informações nesses documentos facilitando o serviço - no intuito
de normalizá-los de acordo com as diretrizes existentes.
Ainda no que diz respeito à Disseminação Seletiva da Informação a ser realizada pelo
Bibliotecário em Órgãos Oficiais de Perícia Criminal, tal atividade está associada à existência
da Central de Custódia de Vestígios, tendo em vista que os peritos podem solicitar exames
laboratoriais das provas. Sendo assim, o profissional da informação pode ficar responsável
por alertar aos peritos criminais sobre os resultados obtidos dos vestígios.
No que diz respeito ao atendimento online, esse serviço pode permitir que os
profissionais da instituição tenham acesso às informações das evidências e dos processos
através do sistema da instituição. Em consonância de evidências, em relação ao serviço de
Clipping de informações, tal atividade consiste em uma espécie de monitoramento que pode
ser realizado mediante a coleta de informações possibilitando acesso a materiais atualizados,
bem como redução do tempo de busca da informação.
Portanto, nessa atividade podem ser enviados boletins dentro das instituições
criminalísticas sobre notícias pertinentes ao profissional perito criminal, ações e eventos
associados. Nesse entendimento, para a realização dessa atividade se faz necessário que o
bibliotecário aplique técnicas atreladas à organização, classificação e indexação, no intuito de
tornar a informação acessível no momento certo para a(s) pessoa(s) certa(s) agregando valor à
informação. Para a identificação dessa atividade com sugestão de serviço a ser incluído no
presente trabalho, teve-se como base um boletim informativo fornecido por um dos
entrevistados desta Monografia da instituição criminalística em que faz parte, não reproduzido
48

aqui por questões sigilosas. Por outro lado, esse clipping pode ser originado de processos
criminais, por exemplo, evidenciando aqueles que já ocorreram ou que estão em andamento.
A segunda classe de atividades extraídas da CBO do Bibliotecário que podem ser
evidenciadas como propostas de serviços a serem desempenhados por esse profissional em
Órgãos Oficiais de Perícia Criminal se refere ao Gerenciamento de Unidades, Redes e
Sistemas de Informações, cujas atividades são elencadas na Figura 6 a seguir:

Figura 6 – Atividades associadas ao Gerenciamento de Unidades, Redes e Sistemas de


Informação
Elaborar programas e projetos de ação

Administrar o compartilhamento de recursos informacionais

Desenvolver políticas de informação

Automatizar unidades

Controlar a execução dos planos de atividades

Avaliar serviços e produtos

Elaborar relatórios, manuais de serviços e procedimentos

Implementar redes, sistemas e unidades de informação

Analisar tecnologias de informação e comunicação

Fonte: Elaboração própria (2017).

Nesse entendimento, percebe-se que as atividades dessa área possuem uma relação
direta com o gerenciamento da Central de Custódia de Vestígios, uma vez que sua dinâmica
pode ser semelhante a uma unidade de informação – conforme discutido no referencial teórico
da presente pesquisa. No que diz respeito aos aspectos de gerenciamento, as unidades fazem
uso de recursos em vistas da manutenção dos seus serviços. Sendo assim, no âmbito de uma
central de custódia de vestígios, se faz necessária a atuação de um profissional que seja capaz
de perceber as nuances desse ambiente no que se refere aos recursos informacionais,
tecnológicos, financeiros e de pessoal a fim de manter a preservação, integridade, sigilo, dos
diversos materiais que podem circular nesse contexto.
Nessa perspectiva, toda a administração precisa ser pensada para atingir os objetivos
desejados. Pensando na perspectiva da Central de Custódia, o profissional precisa acompanhar
49

ou planejar a implantação dela bem como, desenvolver políticas de funcionamento,


compreender os melhores recursos tecnológicos que atendam as demandas do dia a dia e dos
usuários especializados; criar padrões de qualidade para reconhecimento da instituição
mantenedora e dos outros profissionais da instituição, nesse caso os peritos, agentes de
investigação, etc. Em relação aos serviços e produtos, o profissional Bibliotecário deve está
sempre atento a avaliação e controle dos mesmos, aprimorando-os quando for necessário.
Nesse entendimento, vale destacar a importância do compromisso desse profissional com a
estrutura patrimonial e com as provas que estão armazenadas.
Em síntese, o bom funcionamento das atividades associadas ao gerenciamento de
unidades, redes e sistemas de informação também vai depender da construção de relatórios e
manuais de serviço para padronizar serviços e facilitar o aprendizado para novos funcionários
visando a Gestão da Qualidade dos Serviços nesses cenários. Diante do exposto, verifica-se
que essa classe, assim como as demais, possui elementos importantes do perfil gestor a ser
desenvolvido pelo Bibliotecário nesses órgãos.
De outro modo disposto, a terceira classe de atividades que podem ser evidenciadas
como propostas de serviços a serem desempenhados pelo profissional nessas instituições se
referem ao Tratamento Técnico dos Recursos Informacionais, cujas atividades são
apresentadas na Figura 7 a seguir.

Figura 7 – Atividades associadas ao Tratamento Técnico dos Recursos Informacionais


Registrar recursos informacionais

Classificar recursos informacionais

Catalogar recursos informacionais

Elaborar linguagens documentárias

Desenvolver bases de dados

Gerar fontes de informação

Fonte: Elaboração própria (2017).

Concomitante com a área anterior, o Bibliotecário pode fazer uso de seus


conhecimentos de representação para registrar, classificar, indexar, catalogar essas fontes de
informação utilizadas pelos peritos, garantindo um acesso eficiente e eficaz. A indexação de
50

fotografias e das peças materiais, por exemplo, pode ser uma atividade de extrema
importância a ser desempenhada por esse profissional no intuito de contribuir para a
elucidação de crimes, bem como para a qualidade da precisão e da revocação 29 em sistemas
de recuperação nos órgãos oficiais de perícia criminal. Além disso, o Bibliotecário pode
elaborar linguagens documentárias - com o auxílio dos demais profissionais que atuam nesses
ambientes, cujos produtos podem se configurar como instrumentos de representação da
informação no campo da perícia criminal (ontologias, taxonomias, tesauros, por exemplo),
visando auxiliar os processos de busca e recuperação das informações para a elucidação de
crimes. Além disso, faz-se necessário o desenvolvimento de bases de dados na perspectiva de
elaborar mecanismos e estratégias de busca e recuperação da informação, indexação de
documentos, entre outras atividades.
Por conseguinte, a quarta classe de atividades que podem ser apresentadas como
propostas de serviços a serem desempenhados pelo profissional nessas instituições extraída da
CBO se referem ao Desenvolvimento de Recursos Informacionais, cujas atividades são
apresentadas na Figura 8 a seguir.

Figura 8 – Atividades associadas ao Desenvolvimento de Recursos Informacionais


Adquirir recursos informacionais

Armazenar recursos informacionais

Avaliar e inventariar acervos

Descartar recursos informacionais

Conservar e preservar acervos

Fonte: Elaboração própria (2017).

Em face do exposto, verificou-se mais uma relação de atividades que podem ser
desenvolvidas pelo profissional Bibliotecário no âmbito de uma Central de Custódia. No que
concerne às provas criminais, é necessário armazenar esses recursos enquanto durar o
processo ao qual se refere, bem como manter a sua segurança e a sua preservação. Portanto,
mediante a análise das informações obtidas pelos entrevistados, verificou-se que tais
29
De acordo com Santos (2016) precisão e revocação são medidas relativas à probabilidade dos documentos
recuperados serem compatíveis com aquilo que os usuários estão buscando em um sistema de informação.
51

atividades também podem ser atribuídas ao profissional Bibliotecário. Contudo, devido às


naturezas diversas dos vestígios esse trabalho deve ser realizado em parceria com outros
peritos criminais, inclusive quando houver a necessidade de descarte desses recursos
informacionais, depois de avaliar e inventariar o acervo.
Por outro lado, a quinta classe de atividades que podem ser apresentadas como
propostas de serviços a serem desempenhados pelo profissional nessas instituições se referem
à Realização de Pesquisas e Estudos no âmbito dos Órgãos Oficiais de Perícia Criminal,
cujas atividades são apresentadas na Figura 9 a seguir.

Figura 9 – Atividades associadas à Realização de Pesquisas e Estudos


Fazer sondagem sob demanda informacional

Elaborar dossiês de informações

Elaborar pesquisas temáticas

Analisar e coletar dados estatísticos

Analisar fluxos de informações

Fonte: Elaboração própria (2017).

Tendo em vista que os peritos realizam pesquisas para fins de elucidação dos crimes e
realização de inferências com base em informações, tais pesquisas podem ser solicitadas tanto
pelos usuários internos, como os próprios peritos e agentes, bem como pelos usuários
externos, por exemplo: Juízes, promotores, delegados da polícia, advogados, Organizações de
Direitos Humanos, Vítimas, suspeitos e/ou familiares, testemunhas, universidades, centros de
pesquisa, etc.
O Bibliotecário, por sua vez, pode auxiliá-los no desempenho dessa atividade levando
em conta o perfil e as suas respectivas necessidades informacionais - uma vez que esse
profissional possui conhecimento de estruturas de bases de dados, como fontes de informação,
e estratégias de buscas adequadas para fins de recuperação da informação. Outrossim, as
atividades relativas às pesquisas e estudos diz respeito aos crimes que necessitem de uma
coleta de informações em diversas naturezas. Portanto, a organização e o planejamento das
52

técnicas biblioteconômicas podem ajudar na elaboração de um dossiê 30 dos resultados


encontrados.
Além disso, analisar e coletar dados estatísticos também pode ser atribuído a um
profissional Bibliotecário. Verificou-se na presente pesquisa que o seu perfil investigativo
pode auxiliar na descrição, análise qualitativa e na interpretação das informações levantadas.
Ainda podem ser analisados os fluxos informacionais dos casos investigados, caso solicitado,
de acordo com as seguintes naturezas periciais: crimes contra a vida, crimes contra o
patrimônio, acidentes de trânsito, engenharia e meio ambientes, por exemplo.
De outro modo disposto, a sexta classe de atividades que se configuram como
propostas de serviços a serem desempenhados pelo profissional nessas instituições se referem
à Prestação de Serviços de Assessoria e Consultoria no âmbito dos Órgãos Oficiais de
Perícia Criminal, cujas atividades são apresentadas na Figura 10 a seguir.

Figura 10 – Atividades associadas a Prestação de Serviços de Assessoria e Consultoria


Prestar assessoria técnica a publicações

Subsidiar informações para tomada de decisões

Assessorar no planejamento físico da unidade de


informação

Elaborar laudos técnicos

Realizar perícias

Fonte: Elaboração própria (2017).

Acredita-se que as atividades elencadas na Figura 10 se mostram como potencial para


o Bibliotecário. A atividade de assessoria técnica a publicações, laudos técnicos e comissões
de normatização realizada por ele pode viabilizar a criação de padrões que facilitem os
serviços e a elaboração de documentos por outros profissionais nos Órgãos Oficiais de Perícia
Criminal. É importante lembrar que em relação ao acesso a boletins informativos, o
profissional da informação pode prestar assessoria no que concerne à disponibilização dessas
publicações, bem como subsidiar informações para tomada de decisões dos profissionais que
atuam nessas instituições.

30
Conjunto de documentos referentes a um determinado assunto.
53

No que se refere ao planejamento de espaço de unidades de informação, toma-se como


base uma central de custódia onde podem ser inseridas todas as provas criminais. Sendo
assim, o Bibliotecário poder pensar na melhor forma de alocar os materiais, o espaço e
acondicionamento necessário dos vestígios.
No que consta à realização de perícias, o Bibliotecário pode contribuir para a
realização das análises de dados estatísticos e de documentos com base nos conhecimentos
biblioteconômicos adquiridos na sua Graduação e já expostos anteriormente. Além disso, de
acordo com as informações obtidas, verificou-se que após a especialização desse profissional
em conhecimentos de outras áreas como a biologia, química, física, por exemplo, o mesmo
pode avaliar também os vestígios criminais e suas diversas naturezas, dessa forma, obtendo
respostas para o crime.
Em consonância de evidências, mediante a coleta dos dados, verificou-se que dentre as
atividades presentes na CBO dos Peritos Criminais, alguns desses serviços desempenhados
por esses profissionais também podem ser realizados pelo Bibliotecário em Órgãos Oficiais
de Perícia Criminal, a saber:

Figura 11 – Atividades extraídas da CBO dos Peritos Criminais e que podem ser desempenhadas pelo
Bibliotecário

Organizar provas

Listar conteúdo de provas

Juntar relatórios de análises laboratoriais

Estruturar laudos

Consultar normas técnicas e legislação

Pesquisar metodologias

Participar de eventos na área (Congressos, Seminários)

Demonstrar competências pessoais

Fonte: Elaboração própria (2017).

Dentro das atividades do Perito Criminal, verificou-se que as seguintes atividades


também podem ser desempenhadas pelo profissional Bibliotecário concomitante com outras
atividades contidas nas 6 (seis) classes apresentadas anteriormente: listar conteúdo de provas;
participar de eventos da área (Congressos, Seminários); pesquisar metodologias e ciências
forenses; consultar normas técnicas e legislação pertinentes; juntar relatórios de análises
54

laboratoriais; estruturar os laudos; organizar provas; listar conteúdos de provas. Para tanto, o
profissional Bibliotecário deve demonstrar competências pessoais que inclui aspectos como
capacidade de observação, perspicácia, agir com ética, dedicação, bom senso, saber manter
sigilo e está sempre atualizado.
Portanto, as competências pessoais são essenciais à realização de qualquer atividade
do profissional Bibliotecário, bem como são de suma importância em qualquer cenário de sua
atuação. É importante também destacar a necessidade desse profissional manter o equilíbrio
emocional, visto que a profissão da perícia pode lidar com imagens fortes e o mesmo precisa
se mostrar competente nesse quesito para atender e cumprir suas atividades da melhor forma.

5.1 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS COM OS PROFISSIONAIS QUE ATUAM EM


ÓRGÃOS OFICIAIS DE PERÍCIA CRIMINAL

Pensando na validação dessas análises, temos como base os resultados das entrevistas
semiestruturadas, as quais foram realizadas com um Perito Criminal e um agente da polícia
civil que atuam em instituições que se configuram como o universo da presente pesquisa. É
importante ressaltar que os seus nomes, dados e especificação do cargo nas instituições em
que fazem parte foram preservados tendo em vista a ética na pesquisa.
Os profissionais entrevistados, o perito e o agente de investigação, inicialmente
trataram acerca de certas funções dos profissionais de apoio da instituição, os quais chegam
ao local e fazem o possível para resguardar a matéria do crime, tendo em vista que nada deve
ser modificado até a chegada do perito. Sendo assim, esses profissionais fotografam, recolhem
material para análise e pesquisas do local de crime visando fornecer também prova pericial de
forma objetiva e científica.
Dentre as dificuldades apresentadas no dia a dia dos profissionais que atuam em
Órgãos Oficiais de Perícia Criminal no desempenho das atividades supracitadas, um dos
informantes ressaltou que essas instituições não acompanham os avanços tecnológicos,
ressaltando que as tecnologias como softwares de imagens em 3D31, tecnologias avançadas
para a extração de DNA, entre outras, são necessárias para o sucesso das perícias. Acrescenta
ainda que a ausência de recursos humanos adequados também pode tornar os serviços difíceis.

31
Realidade em 3 Dimensões (3D) proporcionada pelas tecnologias de informação e comunicação.
55

O agente de investigação, por sua vez, apresenta a mesma resposta- acrescentando a


importância de mais cursos de aperfeiçoamentos para os profissionais dos órgãos, visando o
aprimoramento de suas atividades técnicas científicas atreladas ao uso dessas tecnologias.
Quando apresentado o quadro de atividades extraídas da CBO para que os informantes
selecionassem os serviços que podem ser desempenhados pelo Bibliotecário para contribuir
com o sucesso das atividades desempenhadas em Órgãos Oficiais de Perícia Criminal, foram
evidenciadas as áreas que podem trazer significativas contribuições dos serviços
desempenhados por esse profissional nesses cenários, são elas A, C, D e F (Figura 12)
corroborando com as descrições das atividades presentes nas áreas analisadas e discutidas
anteriormente no tópico 5 desta monografia. A saber:

Figura 12 – Atividades elencadas pelos entrevistados


Disseminação da informação em qualquer suporte

Tratamento técnico de recursos informacionais

Desenvolvimento de recursos informacionais

Desenvolvimento de estudos e pesquisas

Fonte: Elaboração própria (2017).

Quando questionados, os informantes esclareceram alguns pontos referentes às suas


escolhas.
No primeiro, Disseminação da Informação em Qualquer Suporte, destacou-se que os
serviços de busca e recuperação da informação podem facilitar os serviços dos profissionais
que estão trabalhando com pesquisa. Dessa forma, o Bibliotecário pode se ocupar dessas
demandas enquanto os peritos realizam outras atividades. Ainda acrescentaram que serviços
de alertas no e-mail, por exemplo, sobre o andamento da investigação dessas informações
aprimoram os serviços.
Concomitante com isso foi citado o serviço de Desenvolvimento de Estudos e
Pesquisas que, destinados a um profissional efetivo com estratégias de busca, podem
apresentar informações mais pertinentes e precisas quando se fala em pesquisas temáticas e
fontes de informação para fins de elucidação de crimes em sistemas de recuperação da
informação, por exemplo.
56

Além disso, foi apontada a importância do profissional Bibliotecário trabalhar no


Desenvolvimento de Recursos Informacionais e no Tratamento Técnico desses recursos, uma
vez que não há um acervo adequado, em alguns casos, para a conservação e preservação das
provas encontradas no âmbito das instituições criminalísticas. Para tanto, seria necessária a
classificação dessas provas, bem como um ordenamento lógico que poderia ser desenvolvido
por esse profissional para facilitar ainda mais a recuperação dos materiais, podendo ser
catalogados e indexados dentro dessas instituições de acordo com diversas classificações,
como por exemplo: por temática, crimes contra a vida, crimes contra o patrimônio, acidentes
de trânsito, engenharia e meio ambiente; por exames especializados, áudio, vídeo, imagens,
etc.; e por exames laboratoriais, química e física, biologia, bacteriologia, balística,
toxicologia.
Complementando tais ideias, um dos entrevistados afirmou ainda que esse profissional
seria muito importante para a organização do centro de documentação e do cartório, pensando
na possibilidade do mesmo lidar com o processo cartorário de todos os crimes e na grande
quantidade de processos e inquéritos existentes nessas instituições.
O outro informante, por sua vez, ainda destacou que o Bibliotecário pode atuar na
organização da Central de Custódias de Vestígios, mas que para tanto seria interessante o
mesmo também adquirir conhecimentos essenciais de disciplinas naturais tais como química,
biologia e física na sua formação, uma vez que os vestígios possuem diversas naturezas e que
cabe ao profissional atentar para essas características visando garantir a transparência da
produção da prova pericial: da matéria-prima (vestígio) até o produto acabado (prova
pericial). Quando questionados sobre essas Centrais de Custódia, os informantes afirmaram
que Brasília e Rio Grande do Sul possuem essas unidades e que os profissionais que
trabalham nesses ambientes são Médicos Legistas e Peritos Criminais. Pode existir a
necessidade de um Bibliotecário para desempenhar, inclusive, serviços na área de
Organização das provas periciais em sistemas automatizados e no espaço físico.
Diante do exposto, percebe-se que muitas das atividades a serem desempenhadas por
profissionais Bibliotecários em Órgãos Oficiais de Perícia Criminal estão relacionadas com o
fazer desse profissional em unidades de informação, sobretudo no que concerne à sua atuação
na Central de Custódia, atendendo a requisito que a mesma propõe. A equipe da central
gerida, ou até mesmo acompanhada por um profissional da informação, pode desenvolver
produtos e serviços que atendam as demandas dos órgãos assegurando o sucesso das práticas
dos peritos criminais.
57

De outro modo disposto, considerando que os vestígios têm naturezas diversas, o


Bibliotecário precisa adquirir conhecimentos provenientes de outras ciências específicas como
Química, Física, Farmácia, por exemplo, para atuar dentro das cenas do crime e/ou
desempenhar atividades específicas de um perito criminal – as quais necessitam de tais
saberes. Contudo, acreditando que os profissionais ainda poderão passar por capacitações,
especializações com vistas a uma educação continuada em outros cursos profissionalizantes
após a sua aprovação no concurso para atuar nesses órgãos, foi ressaltado que esse
profissional tem grandes chances de se mostrar atuante e apresentar o seu diferencial nesses
novos cenários.
Em síntese, verifica-se que a área da Perícia Criminal possui muitas linhas a serem
pesquisadas que podem compreender ainda mais as habilidades do profissional da
informação. Portanto, mediante as entrevistas realizadas, verificou-se que as atividades
apresentadas no subtópico anterior da presente pesquisa podem ser desempenhadas pelo
profissional Bibliotecário em Órgãos Oficiais de Perícia Criminal, exceto as atividades que
lidam diretamente com a manipulação de vestígios que requeiram conhecimentos essenciais
de disciplinas naturais como química, biologia e física – como por exemplo, a atuação do
Bibliotecário como Perito Criminal.
Por conseguinte, constatou-se que existe uma demanda de recursos humanos com
certas habilidades e que dentro dos órgãos supracitados há um aprimoramento de
determinadas funções com o decorrer do tempo, sendo necessário um aperfeiçoamento dos
seus profissionais em outras ciências no intuito de formar recursos humanos especializados
em áreas como documentoscopia, balística, meio ambiente, entre outros.
Nessa perspectiva, observou-se que as informações apresentadas nos resultados da
pesquisa constituem como contribuições a serem levadas em consideração para a atuação do
Bibliotecário em um novo cenário, os Órgãos Oficiais de Perícia Criminal. Verificou-se,
portanto, que algumas atividades que podem ser desenvolvidas por esse profissional
(elencadas e descritas no tópico anterior deste trabalho) não foram especificadas pelos
informantes no momento da entrevista. Sendo assim, acredita-se que tal ação pode estar
associada ao fato dos entrevistados não possuírem conhecimento de todas as funções e
serviços inerentes à área de Biblioteconomia e Ciência da Informação – possibilitando que
eles apresentassem visões mais gerais acerca das contribuições do profissional Bibliotecário
nos Órgãos Oficiais de Perícia Criminal, mesmo tendo apresentado para eles a Classificação
Brasileira de Ocupações do Bibliotecário e do Perito Criminal como base para a apresentação
das suas respostas.
58

Contudo, vale destacar que todas as informações apresentadas no resultado desta


pesquisa foram apresentadas em outro momento para um dos profissionais entrevistados, no
intuito do mesmo apresentar o seu posicionamento acerca dos resultados e das descrições de
serviços apresentadas deste trabalho. Nessa perspectiva, o profissional entrevistado
confirmou que a viabilidade das atividades apresentadas nesta pesquisa, informando que os
serviços especificados são válidos para serem desenvolvidas pelo Bibliotecário no intuito de
apresentar um grande diferencial no campo da perícia criminal.
59

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Procurou-se expor neste trabalho novos campos de atuação para o profissional da


informação em Órgãos Oficiais de Perícia Criminal, elencando quais habilidades e
competências poderiam ser de auxílio para a inserção desse profissional nesses ambientes.
Primeiramente foi apresentado como as profissões mudam com a demanda da
sociedade. É preciso considerar que a economia, os novos sistemas de produção e o advento
das tecnologias promovem a criação de novas profissões e atualizações de outras, para atender
as demandas de mercado. Pensando nos aspectos informacionais, o Bibliotecário precisa
aprimorar habilidades e competências que possuía a fim de se manter no cardápio de
profissões que existem hoje. É nesse contexto que esse profissional, que antes só atuava em
bibliotecas, tem outros nichos de mercado. Portanto, vislumbrou-se, então, a importância de
investigar a possibilidade de atuação desses profissionais em Órgãos Oficiais de Perícia
Criminal.
Dentro dessa perspectiva, a primeira questão da pesquisa, cujo objetivo foi evidenciar
as habilidades e as competências do Bibliotecário, elencou aspectos teóricos referentes ao
conceito de habilidades e de competências para então introduzirmos aspectos do profissional
da informação na atualidade, suas instituições de fiscalização e as atividades desempenhadas
pela profissão de acordo com a CBO. Interessou evidenciar a nomenclatura do nome
“Bibliotecário” e “Profissional da Informação”, para assim elucidar a pouca visibilidade do
profissional no campo de atuação e como o segundo termo é assimilado por outros
profissionais.
A segunda parte teve como objetivo apresentar os aspectos relativos às instituições
criminalísticas, suas funções e papel na sociedade, bem como a variabilidade de públicos
externos beneficiários da perícia. Emergiu assim a Central de Custódia de Vestígios,
apresentada de forma breve com uma dinâmica que assemelhou as unidades de informação.
De forma geral apresentamos o Perito Criminal e suas habilidades também de acordo com a
CBO.
No alcance de tais objetivos, a pesquisa se realizou de uma investigação científica de
característica bibliográfica, exploratória, documental e descritiva, atreladas com a entrevista
semiestruturada no intuito de desenvolver os aspectos teóricos apresentados. Por fim o
terceiro objetivo consistiu em apresentar as habilidades e competências que o Bibliotecário
pode desempenhar nesses órgãos, a partir dos dados obtidos e entrevistas analisadas.
60

Ainda que a ênfase do trabalho seja na dimensão de procurar esses novos horizontes,
faz-se necessário destacar a importância das habilidades, já que essas são necessárias para o
profissional saber colocar esses conhecimentos em prática. Sendo assim, todas as
incumbências apresentadas anteriormente precisam estar atreladas ao saber fazer do
Bibliotecário para atender aos aspectos da profissão em qualquer ambiente. Cabe, portanto,
reconhecer o potencial do profissional em qualquer campo de atuação. Ao agregar as
dimensões da competência – Conhecimentos, Habilidades e Atitudes -, o exercício
profissional se torna promissor em diferentes campos de atuação, inclusive em Órgãos
Oficiais de Perícia Criminal.
Tendo em vista as conclusões decorrentes da presente pesquisa é possível inferir que o
profissional Bibliotecário pode sim ser incluído no rol de profissionais que podem atuar em
Órgãos Oficiais de Perícia Criminal. Pela ótica da Ciência da Informação e da Perícia
criminal, foi possível perceber diversas atividades que podem ser desempenhadas pelo
Bibliotecário para contribuir com as desenvolvidas pelos Peritos Criminais, cujos serviços
foram especificados e estão incluídos nas seguintes classes gerais da CBO: Gerenciamento de
Redes, Sistemas e Unidades de Informação; Desenvolvimento de Recursos Informacionais;
Realização de Pesquisas e Estudos; Prestação de Serviços de Assessoria e Consultoria;
Disseminação da Informação em Qualquer Suporte; e Tratamento Técnico dos Recursos
Informacionais.
Diante do exposto, todas as atividades descritas nos resultados desta monografia foram
confirmadas como possibilidade de atuação, na perspectiva dos peritos entrevistados. Com
efeito, o novo campo de atuação revela-se significativo, uma vez que mostra possibilidades e
novos horizontes para a profissão.
Na medida em que se reflete sobre, percebeu-se que muito pode ser compreendido
entre as ciências. A interdisciplinaridade permite que as áreas do conhecimento aqui expostas
possam aproveitar de um conhecimento mútuo aprimorando seus serviços com eficiência e
eficácia.
O estímulo inicial a realização da pesquisa foi buscar possibilidades de atuação, mas
nota-se que o tema da Perícia Criminal tem muito a ser pesquisado e que pode ser
relacionando a área da Ciência da Informação.
Nesse segmento, são propostas de estudos futuros: a) realizar uma análise detalhada
dos currículos dos cursos de graduação em Biblioteconomia do Brasil no intuito de extrair
mais habilidades e atividades que podem ser desempenhadas pelo Bibliotecário nessas
instituições criminalísticas com base nas ementas das disciplinas oferecidas; b) Averiguar
61

quais disciplinas podem ser oferecidas como complementares na formação do Bibliotecário


para que o mesmo possa adquirir conhecimentos na área de química, física, biologia para
atuar como Perito e compreender melhor os vestígios; c) identificar as características e
habilidades do Perito Documentóscópico – uma das esferas encontradas na pesquisa e que
pode servir de um grande campo de estudo; d) Delinear cada atividade que o profissional
Bibliotecário poderia desempenhar para cada perfil de usuário que tem interesse nos serviços
da perícia criminal como os advogados, os parentes da vítimas, as instituições dos Direitos
Humanos; entre outros estudos.
Á vista disso, espera-se que este trabalho desperte o interesse pela perícia e incentive
aos pesquisadores a não ter medo de buscar outras áreas até então não exploradas pelos
profissionais da informação, as quais que podem parecer, em primeiro momento, não ter
relação com a Biblioteconomia e a Ciência da Informação. A pesquisa interdisciplinar precisa
ser estimulada no contexto, uma vez que se desenvolvem novos estudos substanciais ao
crescimento da área. Atrelado a isso, a natureza do trabalho se mostra significativa às
entidades como os Conselhos da Classe Profissional CRB’s e CFB’s para que possam avaliar
novas possibilidades de atuação do Bibliotecário e lutar para fins de conquista desses novos
cenários como mercado de trabalho, uma vez que esses profissionais são importantes e podem
desempenhar diversos serviços no contexto da sociedade da informação.
62

REFERÊNCIAS

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informação produzidos em série. In.: VALENTIM, Marta Lígia. (Org.). Formação do
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66

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA

Roteiro de Entrevista

O presente roteiro de entrevista é parte integrante de uma pesquisa para a


realização de Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biblioteconomia).

As questões apresentadas neste instrumento de avaliação se referem à atuação dos


peritos criminais e agentes em Órgãos Oficiais de Perícia Criminal, bem como
contempla questões sobre o reconhecimento das habilidades e competências do
profissional da informação (Bibliotecário) para desempenhar atividades no âmbito
desses órgãos.

1- Em sua opinião, quais as principais funções e objetivos dos Órgãos Oficiais de Perícia
Criminal?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________

2 – Qual a instituição em que você trabalha e quais as atividades que você exerce no âmbito
da instituição?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________

3– Quais as principais habilidades e competências de um agente e um perito criminal?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
______________________________________________________________

4- Quais os principais desafios e dificuldades inerentes à sua profissão, os quais são


vivenciados no seu dia-a-dia?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

5- Você tem conhecimento acerca da profissão do Bibliotecário? Com base em seus


conhecimentos, esse profissional da informação pode exercer atividades no âmbito das
instituições criminalísticas? De que forma?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________
67

6 – De acordo com o quadro de atividades extraídas da Classificação Brasileira de Ocupações


(CBO) apresentado neste momento para você, selecione as atividades que poderão ser
desempenhadas por um profissional Bibliotecário em Órgãos Oficiais de Perícia Criminal.
Além delas, você vislumbra outras atividades a serem exercidas por esse profissional nesse
contexto?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

7 – Existe algum cargo no âmbito dos Órgãos Oficiais que você acredita que pode ser
ocupado por um profissional Bibliotecário? (Perito Documentoscópico, por exemplo).
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________

8- O Bibliotecário como profissional da informação, após passar por uma formação interna na
instituição, poderia exercer a função de perito criminal em órgãos que trabalham com a
informação na elucidação de crimes?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________

9-Você conhece alguma central de custódia onde são armazenados os vestígios coletados para
fins de elucidação de crimes? Quais os profissionais que trabalham nesse ambiente?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________

10- Quais são atividades realizadas no âmbito de uma Central de Custódia no que diz respeito
à organização, guarda, preservação, conservação e recuperação das provas criminais durante
um processo criminal?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___

Obrigado pela colaboração.


68

ANEXO A – QUADRO DE ATIVIDADES DOS PROFISSIONAIS DA INFORMAÇÃO


EXTRAÍDO DA CBO
69
70

Fonte: BRASIL (2008b).


71

ANEXO B – QUADRO DE ATIVIDADES DOS PERITOS CRIMINAIS EXTRAÍDO


DA CBO
72
73

Fonte: BRASIL (2008c).

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