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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – ESCOLA POLITÉCNICA

Padrões de Comunicação Serial


Clássicos:
RS-232, RS-422 e RS-485
INSTRUMENTAÇÃO E TÉCNICAS DE MEDIDAS – TRABALHO 05

Bruno Saraiva da Silva – DRE: 108.042.162


Maurício de Castro Pereira – DRE: 108.039.371
Rafael Mazza Buchmann – DRE: 107.388.183

2013.2

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELETRÔNICA E DE COMPUTAÇÃO


Resumo:
Quando se pensa em tecnologia, é comum acreditar que o tempo de vida é curto e que
em breve o que se usa ou estuda será simplesmente substituído por algo melhor e mais
atual.

Indo de encontro a esse pensamento, este trabalho apresenta padrões RS-232,


desenvolvido em 1962, RS-422, de 1995 e o RS-485, de 1998. Cada um com pelo
menos quinze anos de intensa utilização em diversos tipos de indústria.

Será mostrado a origem, o funcionamento e algumas aplicações de cada padrão, além de


um comparativo entre eles e outros padrões.

Palavras-chave: RS-232, RS-422, RS-485, Comunicação Serial, Padrão Serial.


I. Introdução
A comunicação entre dois dispositivos eletrônicos digitais pode ser feita de forma serial
ou paralela. Para uniformizar estas conexões, são criados padrões a serem seguidos pela
indústria. Responsável pelo desenvolvimento e criação dos principais padrões de
comunicação serial, a EIA (Electronic Industries Alliance) desenvolveu os três grandes
protocolos de comunicação serial recomendados, contidos neste trabalho: RS-232, RS-
485 e RS-422. O prefixo RS vem de Recommended Standard.

O RS-232 é mais utilizado para curtas distâncias (em média 15m) e baixas
velocidades de comunicação (até 115200 bps) para os padrões atuais, tendo sido
adotado durante muito tempo para conectar periféricos de computadores pessoais. Por
outro lado, tanto o padrão RS-485 quanto o RS-422 são capazes de prover uma forma
bastante robusta de comunicação multiponto, bastante comum na indústria, em controle
de sistemas, com taxas que podem ultrapassar 10 Mbps, a centenas de metros,
utilizando-se de um meio de comunicação diferencial (ou balanceado).

Quando se deseja conectar dispositivos, é comum utilizar-se da classificação


DCE/DTE, onde DCE significa Data-communication equipment, que geralmente é um
computador, responsável pela comunicação e tratamento dos dados e DTE, Data-
terminal equipment, responsável pela geração e recebimento de dados, podendo ser, por
exemplo, um sistema de aquisição ou um periférico do computador.

II. Padrão RS-232


O padrão de comunicação RS-232 foi criado em 1962 para a comunicação entre um
teletipo (Figura 1 – máquina de escrever eletromecânica) e um modem. Em 1969, após
três revisões, o protocolo RS-232C se tornou mais popular para a utilização em
dispositivos de comunicação, sendo posteriormente utilizado por computadores pessoais
(PC’s), dada a grande utilização de modems e periféricos que utilizavam do protocolo,
onde se tornou o padrão de comunicação serial mais utilizado até o fim dos anos 90,
quando começou a ser substituído pelo USB, Universal Serial Bus. Assim como seu
sucessor, o RS-232 é um padrão ponto-a-ponto, geralmente fazendo a comunicação
DTE-DCE e atualmente se encontra em sua sexta revisão, RS-232F [1].

Apesar da alta velocidade e praticidade proporcionada pelo USB, a robustez do


RS-232 faz com que ele ainda seja muito utilizado na indústria, medicina e em
aplicações mais específicas, como impressoras fiscais, leitores de códigos de barra,
GPS’s e modems satélite.
Figura 1: Teletipo

a. Sinais e Conectores
O protocolo digital utiliza sinais de tensão negativa para nível lógico 1 e tensão
positiva para nível logico 0, variando de ±3V a ±25V, dependendo da aplicação.

Como se vê na Figura 2, os dados a serem transmitidos ou recebidos devem


seguir a devida ordem:

 Bit de Início
 Bits de Dados
 Bit de Paridade
 Bits de Parada

Figura 2: Exemplo de Sinal Enviado/Recebido em RS-232


Para os conectores, o padrão especifica dois tipos: DB-9 e DB-25, de nove e
vinte e cinco pinos, respectivamente, onde nem todos os pinos são atribuídos a sinais.
As Figuras 3 e 4 mostram a pinagem e os sinais de cada conector.

Figura 3: Conector DB9 e sinais correspondentes a cada pino


Figura 4: Conector DB25 e sinais correspondentes a cada pino. A Coluna “EIA CKT” indica a terminologia
utilizada pela EIA para o tipo do sinal
Na tabela 1 estão apresentados os sinais utilizados e sua função. Nota-se que o
conector de 25 pinos possui pinos inativos e sinais secundários, sendo capaz de fazer a
comunicação com dois dispositivos ao mesmo tempo, com limitações grandes de
velocidade. Além disso, pode-se notar também a existência de diversos sinais de
controle não obrigatórios para o funcionamento da interface.
Tabela 1: Descrição dos Sinais

Sinal Descrição
Frame Ground Terra da carcaça
Transmitted Data Dados transmitidos pelo DTE
Received Data Dados recebidos pelo DTE
Request to Send (RTS) Pedido do DTE para inicio da transmissão
pelo DCE
Clear to Send Resposta do DCE ao sinal RTS
Data Set Ready (DSR) Indicador de funcionamento (Power On)
Signal Ground / Common Return Terra para Sinal (Referência para DTE e
DCE)
Received Line Signal Detector (DCD) Indica o estado da linha de recepção
Transmitter Signal Element Timing Clock do Transmissor
Receiver Signal Element Timing Clock do Receptor
Data Terminal Ready (DTR) DTE pronto para receber dados
Signal Quality Detector Qualidade do Sinal
Ring Indicator Indicador de Chamada (e.g. Modem)
Data Signal Rate Selector Seleção de Baud Rate

Hoje em dia, utiliza-se majoritariamente o conector DB9 em sua configuração


mais simples, chamada 3-wire, com apenas os pinos de transmissão (Transmitted Data),
recepção (Received Data) e Terra (Signal Ground), sendo feito o controle de fluxo de
dados, sincronização e sinalização através de software. Outra configuração popular é a
5-wire, onde, além dos 3 fios anteriores, utiliza-se do DSR e RTS para controle do fluxo
de dados.

Um cuidado a ser tomado ao montar um conector, é saber que o pino de


recepção do DCE será conectado ao pino de transmissão do DTE, e vice-versa, fazendo
com que os fios de transmissão e recepção sejam invertidos. Apesar de básico, este é
uma das maiores causas de falha de comunicação de usuários amadores.

b. RS-232 x USB
Desde o fim dos anos 1990, o protocolo de comunicação RS-232 vem sendo
gradualmente suprimido pelo USB para pequenas distâncias. O protocolo USB é mais
rápido, possui conectores mais simples de usar e tem um melhor suporte por software
(Plug & Play). Por isso, muitas placas-mãe destinadas ao uso em escritórios ditas "livre
de legados" (legacy-free) são produzidas sem conectores RS-232. Mesmo assim, esse
protocolo continua sendo utilizado em periféricos para pontos de venda (caixas
registradoras, leitores de códigos de barra ou fita magnética) e para a área industrial
(dispositivos de controle remoto, medidores), já que possui alta confiabilidade e fácil
implementação.

Por essa razões, computadores para estes fins continuam sendo produzidos com
portas RS-232, tanto on-board ou em placas para barramentos PCI ou barramento ISA.
Como alternativa, existem adaptadores para portas USB, que podem ser utilizados para
conectar teclados ou mouses PS/2, uma ou mais portas seriais e uma ou mais portas
paralelas.

c. Transmissão e Recepção de Dados


A comunicação RS-232 é Full-Duplex, onde dados podem ser enviados e
recebidos ao mesmo tempo. Serão abordados mais a frente os padrões RS-422 e RS-
485, que podem ser Full-Duplex, ou Half-Duplex, onde somente envio ou recepção é
feito por etapa.

Cabe ressaltar que, como o protocolo é DCE-DTE, não há cuidados relacionados


a mais de 3 componentes no mesmo cabo.

Esta limitação culminou na criação de padrões destinados a redes de


componentes seriais, abordados nos padrões RS-422 e RS-485, descritos a seguir.

III. Padrão RS-422

A norma EIA/TIA-422, conhecida popularmente como RS-422, descreve uma interface


de comunicação operando em linhas diferenciais capaz de interligar um dispositivo
transmissor a até 10 receptores.

O meio físico definido para o RS-422 são dois pares trançados, sendo um
utilizado para comunicação no sentido do transmissor (usualmente o mestre) para os
receptores (usualmente os escravos). O segundo par trançado é utilizado para
comunicação dos escravos para o mestre. Como múltiplos escravos precisam transmitir
através de um mesmo par de fios, estes precisam comutar seus transmissores de forma
que em um mesmo instante de tempo, somente o transmissor de um escravo esteja ativo.
A utilização de dois pares permite que no mesmo instante de tempo ocorram
transmissão e recepção de dados entre o mestre e um escravo, logo, a possibilidade de
transmissão e recepção simultânea caracteriza o RS-422 como full-duplex.

O padrão não possui um conector definido para uso e é basicamente uma


extensão do RS-232 com sinal diferencial para transmissão e recepção de dados.

Sua grande importância vem da capacidade de interação entre vários


dispositivos, sendo um padrão de transição para o mais completo RS-485, abordado a
seguir.
IV. Padrão RS-485

Um transceptor (transmissor / receptor) RS-485 traduz um sinal lógico TTL em dois


sinais, denominados de A e B (Figura 5), também chamados de Data+ e Data-. O sinal
A possui a mesma lógica do sinal TTL, enquanto que o sinal B é complementar. A
informação do sinal de entrada está codificada na forma do sinal A-B, ou seja, da
diferença entre os sinais A e B. Se esta diferença for superior a 200mV, então tem-se
nível lógico 1. Caso a diferença seja inferior a -200mV, então considera-se nível lógico
0. No intervalo de -200mV a 200mV o nível lógico é indefinido, servindo também como
meio de detecção de cabo solto, para alguns transceptores comerciais. Entretanto, deve-
se ter algum cuidado com relação ao compartilhamento de referência de 0V entre
dispositivos.

Figura 5: Diagrama dos transceptores DS485 e ST485, e sinais diferenciais [3]

Tabela 2: Tensão de Saída da Figura 5

Nível Saída Saída Diferencial Saída Diferencial


Lógico (referenciada à terra) (Va - Vb)

0 Vout = 0V Vout: A=0V; B=5V Vdiff = 0V - 5V = -5V

1 Vout = 5V Vout: A=5V; B=0V Vdiff = 5V - 0V = +5V

Uma das vantagens da transmissão diferencial é sua robustez à interferência


eletromagnética. A conexão entre dispositivos RS-485 é feita por cabos de par trançado
(Figura 6), com resistores de terminação para balanceamento. Dessa forma, se um ruído
é introduzido na linha, ele é induzido nos dois fios de modo que a diferença entre A e B
é quase nula. Outra vantagem da transmissão diferencial é que diferentes potenciais de
terra são, até certo ponto, ignorados pelos transmissores e receptores. Isso se torna
importante quando se tem que percorrer grandes distâncias ou mesmo em sistemas com
diferentes fontes de alimentação. Cabos trançados com terminações corretas que
minimizam reflexão do sinal permitem taxas de transferência de 10Mbps a distâncias de
até 1 km.

Figura 6: Comunicação por par trançado [2]

O RS-485 é um padrão de comunicação multiponto, permitindo-se a conexão de


até 32 dispositivos num simples cabo de par trançado. Dependendo do transceptor,
pode-se conectar mais de 200 dispositivos, seguindo a topologia mostrada na Figura 5.
Na verdade, a Figura 5 mostra a arquitetura mais comum de utilização do RS-485. As
letras D e R indicam os drivers de transmissão e recepção de cada dispositivo,
respectivamente. Uma observação a ser considerada é a impedância característica do
cabo. Se o cabo for utilizado para transmissões com componentes espectrais a altas
frequências, podem ocorrer reflexões do sinal em sua extremidade provocando
inconsistência nos dados transmitidos. Para minimizar este efeito, deve-se adicionar
resistores de terminação de valores iguais à impedância característica do cabo para que
ele se comporte como um cabo infinito. Os valores típicos para essa resistência é de
cerca de 120 Ω para cabos trançados, e de cerca de 50 Ω para cabos blindados. Apesar
de típicos, estes valores podem ser diferentes, pois dependem também dos requisitos de
carga mínima dos transmissores. É importante também que existam apenas dois
resistores, um em cada extremidade, que podem estar também dentro do último
dispositivo conectado. Na prática, porém, para pequenas distâncias e baixas
velocidades, a terminação não chega a ser algo crucial e a maioria dos circuitos
funciona bem. Outro artifício para minimizar a influência da reflexão dos sinais é por
meio da redução forçada da banda passante. Isto já é feito em vários transceptores por
meio de uma limitação do slew-rate.
Figura 7: Barramento RS-485 típico [3]

A maioria dos sistemas com RS-485 utiliza uma arquitetura mestre/escravo para
comunicação, onde apenas um único dispositivo (geralmente o PC), chamado mestre,
envia periodicamente mensagens endereçadas aos escravos. Cada escravo por sua vez
tem um único endereço e responde apenas a pacotes endereçados a ele. Além do mais,
pode-se usar USARTS half-duplex ou full-duplex, como ilustrado pela Figura 8. Para
tanto, as seguintes conexões físicas devem ser feitas:
 Half-duplex: um único par trançado em que todos os dipositivos estão
conectados no mesmo cabo trançado. Dessa forma, todos eles devem possuir
transceptores com saídas tri-state, incluindo o mestre. A comunicação se dá em
ambas as direções e é importante evitar, por software, que mais de um
dispositivo tenha o seu driver da transmissão habilitado ao mesmo tempo.
 Full-duplex: usam-se dois pares trançados em que os escravos
transmitem para o mestre através do segundo par trançado. Essa solução
geralmente permite comunicação multiponto em sistemas que foram
originalmente projetados para RS-232 com pequenas modificações no software
mestre. Outro fato é que o mestre também não precisa colocar a saída do seu
transceptor em estado de alta impedância.

Figura 8: (a) Half-Duplex; (b) Full-Duplex [2]


a. Transceptores
É possível encontrar no mercado vários transceptores de RS-485 e até circuitos
prontos para determinadas aplicações. A Figura 9 mostra o diagrama dos circuitos
integrados DS485 e ST485. A diferença básica entre eles está somente nas suas
características elétricas, bem como nas taxas de velocidade máxima: até 2,5Mbps para o
DS485 e até 30 Mbps para o ST485. O pino RE habilita o driver de recepção R, sendo
ativo no nível 0. O pino DE habilita o driver de transmissão D (ativo em 1).
Normalmente esses dois pinos são conectados juntos de forma que o tranceptor esteja
apenas recebendo ou transmitindo. Os pinos RO e DI representam saída da recepção e
driver de entrada respectivamente, e trabalham com níveis lógicos TTL (0 a 5V). Já as
saídas A e B para o barramento operam com tensão diferencial entre seus terminais. O
transceptor normalmente é alimentado com 5V CC.
Para que um dispositivo transmita um dado pelo barramento é necessário elevar
para 5V o pino DE, fazendo com que RE seja desabilitado, para então transmitir a
informação necessária pelo pino DI. Com o final da transmissão, deve-se desabilitar DE
e reabilitar RE, de forma que o transceptor volte ao modo de recepção. Esta habilitação
pode ser feita via software, controlando pinos de um microcontrolador ou de uma porta
de comunicação de um microcomputador; ou mesmo através de um hardware
construído especialmente para detectar início de transmissão para o formato de dados
utilizado (e.g., UART).
Um problema que pode ocorrer com um barramento RS-485 que dipõe apenas
de resistores determinação é que, quando todos os dispositivos estão em modo de
recepção, o nível lógico do barramento pode ficar indefinido. Para garantir que o
barramento fique sempre em nível lógico 1, que corresponde ao estado default NRZ das
USARTs conectadas ao barramento, deve-se adicionar um resistor pull-up ao pino A e
um de pull-down no pino B, conforme ilustra a Figura 9. Esses resistores devem ter
valores iguais para não alterar o balancemento da linha de transmissão.

Figura 9: Pull-up e pull-down para evitar sinais indefinidos no barramento [3]


b. Protocolo de Comunicação
A Figura 10 abaixo mostra o potencial dos pinos '+' e '-' de uma linha RS-485
durante a transmissão de um byte (0xD3, bit menos significativo primeiro) de dados
utilizando um método start-stop assíncrono.

Figura 10: Método start-stop assíncrono

c. Topologia

Enquanto a velocidade for relativamente baixa e as distancias relativamente


curtas, a influência da topologia da rede em seu desempenho não e significativa.
Contudo, quando os efeitos de linhas de transmissão começam a aparecer, ha apenas
uma topologia simples que permite gerenciar estes efeitos. A Figura 11 a seguir mostra
alguns tipos de topologias. Apenas no tipo “daisy chain”, onde todos os dispositivos são
conectados diretamente aos condutores da linha de comunicação principal, e fácil
controlar as reflexões causadoras de erros de comunicação.

Figura 11: Diversos tipos de topologia [5]


V. Principais Diferenças
a. RS-485 e RS-232
A principal diferença entre RS-485 e RS-232 está no fato do RS-485 ser um
padrão diferencial, enquanto que o RS-232 é desbalanceado (referenciado à tensão
negativa). No RS-232, o nível lógico 1 é interpretado como sendo qualquer tensão no
intervalo [–25V;-3V], enquanto que tensões no intervalo [3V;25V] correspondem ao
nível lógico 0. Tensões entre -3V e 3V não possuem nível lógico definido. Este tipo de
interface é útil em comunicações ponto-a-ponto a baixas velocidades de transmissão.
Entretanto, devido à grande faixa de variação dos sinais, faz-se necessário dispor de
drivers de alto slew-rate para se alcançar altas velocidades de comunicação. No mais,
com o aumento do comprimento do cabo de comunicação, o padrão RS-232 se torna
altamente susceptível a interferência eletromagnética e a retorno de sinal por reflexão no
cabo.

b. RS-422 para RS-485


Transceptores RS-422 e RS-485 são muitas vezes confundidos entre si. As
diferenças elétricas, no entanto, em suas escalas de modo comum e impedância de
entrada fazem esses padrões adequados para diferentes aplicações. Como RS-485
satisfaz todas as especificações do RS-422 (Tabela 3 [6]), os drivers dele podem ser
usados em aplicações RS-422. O oposto, no entanto, não é verdadeiro. O intervalo de
saída de modo comum para dispositivos RS-485 é -7V até +12 V, enquanto que o
intervalo de modo comum para RS-422 é apenas ± 3V. A impedância de entrada é 4kΩ
para RS-422 e 12kΩ para RS-485.

Tabela 3: Especificações do padrão RS-422

Parâmetros Condições Min Max Unidade


1.5 6 V
Tensão de saída, Circuito aberto -
-1.5 -6 V
1.5 5 V
Tensão de saída, Com carga RL = 100Ω
-1.5 -5 V
Por saída em modo
Corrente em curto circuito - ±250 mA
comum
RL = 54Ω
Tempo de subida - 30 % FFS
CL = 50pF
Tensão de modo comum RL = 54Ω - ±3 V
Sensibilidade do receptor -7V < VCM < 12V - ±200 mV
Faixa de tensão do receptor em modo
- -7 12 V
comum
Impedância de entrada do receptor - 12 kΩ
VI. Conversores
Pela alta compatibilidade entre os padrões RS-232, RS-485 e RS-422, há possibilidade
de conversão entre eles, o que torna abundante a quantidade de conversores no mercado
e a presença em quase todo sistema atual que utiliza dos padrões clássicos. É bastante
comum também, dispositivos seriais já serem dotados de conversor interno,
possibilitando a comunicação em dois ou mais padrões.

Com o padrão RS-232 ainda em uso, porém descontinuado para computadores


pessoais, o uso de conversores USB/Serial se torna necessário na maioria dos casos em
que o controlador do sistema (DCE) é um PC.

Esses conversores (Figura 12) são grande fonte de problemas de


compatibilidade, já que muitos deles só fornecem suporte às configurações mais básicas
RS-232 (3 ou 5 fios), possuem drivers desatualizados e que nem sempre seguem o
padrão. Quando uma aplicação exige um conversor de qualidade, existem boas soluções
no mercado, porém com custo mais elevado.

Figura 12: Conversor USB/Serial de baixo custo

Entre os padrões RS-232 e RS-422/RS-485 a conversão consiste basicamente em


acertar os níveis de tensão, se necessário, e transformar o sinal desbalanceado (RS-232)
em sinal diferencial (RS-422/RS-485). Para a conversão RS-422 em RS-485, são
tratadas as impedâncias e a sintaxe dos sinais.
VII. Outros Padrões
Ao longo dos anos, padrões correlatos ao RS-232 foram desenvolvidos, porém sem o
mesmo sucesso. Podem-se citar três padrões que são mencionados em literatura e na
Internet e a razão pela qual não obtiveram o mesmo sucesso.

 RS-423

É uma evolução do RS-232, desbalanceado, trazendo características de rede com


um mestre e até dez escravos do RS-422. Por não ter um uso específico, é um
protocolo de menor utilização. Geralmente, um componente RS-423 é também
compatível com RS-232 ou RS-422, havendo a preferência pelos padrões mais
tradicionais.

 RS-449

Foi criado em 1986 e apontado como o sucessor do RS-232 mas, pela ausência
de retrocompatibilidade elétrica e mecânica com o RS-232, não obteve sucesso.

 MIL STD 188

Semelhante ao RS-232, mas melhorado em termos de impedância e


características de sinal. Por ser militar, possui uso restrito e pouco acesso pelo
mercado.

Atualmente, os padrões mais populares sucessores do RS-232 e RS-485 são o


USB e o Ethernet, respectivamente. Apesar da dita sucessão, os padrões clássicos
possuem suas características que ainda são preferidas em relação aos mais atuais.

VIII. Aplicações
a. Conversor RS-232 / RS-485
Em muitos casos, em uma rede RS-485, um dos dispositivos da rede pode ser
um microcontrolador. As razões para isto vão desde a necessidade de coleta de dados
para análise por softwares como MATLAB e LabVIEW até o controle avançado em
tempo real. Para tanto, faz-se necessário dispor de um conversor RS-232/RS-485, uma
vez que as portas seriais usam o padrão físico RS-232, inclusive para controle de fluxo
de dados. Um exemplo é o MAX3162, da Maxim Integraded, que permite converter
bidirecionalmente sinais RS-232 e RS-485. O circuito da Figura 13 ilustra o MAX3162
em uma aplicação ponto-a-ponto.
Figura 13: Circuito do MAX3162 que converte sinais em RS-232 para RS-485 [6]

b. Conversor USB / MultiSerial RS-232


Ao contrário de conversores de baixo custo encontrados com relativa facilidade
no mercado, existem soluções de maior confiança, dispondo do preço compatível. Este é
o caso dos conversores USB/Serial do fabricante MOXA. Através do site [10], há uma
ampla variedade de dispositivos conversores, onde se pode acoplar até 32 componentes
seriais RS-232, RS-422 ou RS-485. O gerenciamento da comunicação é feito pelo
driver fornecido pelo fabricante.
Figura 14: MOXA UPort 2410, Conversor USB para 4 RS-232 [10]

c. Seabird Surface Inductive Modem (SIM)


O Surface Inductive Modem, da Seabird, é um aparelho de gerenciamento de sensores
subaquáticos de temperatura e pressão. Os sensores são acoplados ao SIM por meio de
um cabo, onde sua comunicação é por indução e não há contato elétrico, prevenindo
danos causados pelo contato do fio com a água do mar (Figura 16). Para a comunicação
do SIM com um computador, já em terra ou dentro de uma boia. O SIM é capaz de
utilizar conexão RS-232 ou RS-485, necessitando apenas a mudança de posição de dois
jumpers.

Figura 15: Seabird Surface Inductive Modem (SIM) [12] com o conector DB-9 no canto inferior esquerdo
IX. Conclusão
Com a realização deste trabalho, conclui-se que, com seus cinquenta e um anos, o
padrão RS-232 ainda é uma referência em comunicação serial, sendo utilizado em
diversas áreas e seus padrões correlatos para comunicação de redes de componentes RS-
422 e RS-485 também são vistos facilmente na indústria. Contudo, foi visto também
que o USB vem sendo desenvolvido e já é muito superior ao RS-232 em velocidade.
Para o protocolo RS-485, pode-se dizer que ainda não há um substituto direto tão
versátil e eficiente, o deixando ainda como melhor opção em termos de simplicidade de
conexão.

X. Referências Bibliográficas
[1] TIA-232-F Interface Between Data Terminal Equipment and Data Circuit-
Terminating Equipment Employing Serial Binary Data Interchange, 1997;

[2] MAXIM. Explanation of Maxim RS-485 Features. December 2000. Application Note
367. http://www.maxim-ic.com/AN367

[3] RANDAZZO, A. ST485: AN RS-485 BASED INTERFACE WITH LOWER DATA BIT
ERRORS. 2004. Application Note 1348.
http://www.bdtic.com/DownLoad/ST/Application_Note/CD00004227.pdf

[4] Wikipédia BR: http://pt.wikipedia.org/wiki/RS-232

[5] Perrin, Bob. The Art and Science of RS-485. Circuit Cellar Magazine, Jul.
1999.Dallas/Maxim Semiconductor. Guidelines for Proper Wiring of an RS-485
(TIA/EIA-485-A) Network. Application Note 763, Jul. 2001.
http://faq.novus.com.br:8080/phpmyfaq/attachments/10/RS485%20%26%20RS422%20
Basics.pdf

[6] MAXIM. Application Note 723.

http://www.maximintegrated.com/app-notes/index.mvp/id/723

[7] [1] ARC Electronics. 2010. Retrieved 28 July 2011.

http://www.arcelect.com/rs232.htm

[8] Tutorial Cabo Serial:

http://www.abusar.org.br/caboserial.html

[9] Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/RS-232

[10] MOXA Electronics: http://www.moxa.com/product/UPort_2410.htm


[12]Seabird – Surface Inductive Modem (SIM):

http://www.seabird.com/products/spec_sheets/SIMdata.htm

Observação: Todos os sites foram acessados pela última vez em 06/12/2013.

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