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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ


ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E AMBIENTAIS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ANDERSON CORRÊA

COMPARAÇÃO DE EXECUÇÃO DE REVESTIMENTOS


ARGAMASSADOS UTILIZANDO MÁQUINA DE
PROJEÇÃO E O MÉTODO CONVENCIONAL

CHAPECÓ/SC
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ANDERSON CORRÊA

COMPARAÇÃO DE EXECUÇÃO DE REVESTIMENTOS ARGAMASSADOS


UTILIZANDO MÁQUINA DE PROJEÇÃO E O MÉTODO CONVENCIONAL

Projeto de Pesquisa da disciplina de


Monografia II do curso de Engenharia Civil da
Universidade Comunitária da região de
Chapecó.

Orientador: Dr. Marcelo Fabiano Costela.

CHAPECÓ
Maio/2010
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RESUMO

CORRÊA, Anderson. Comparação de execução de revestimentos argamassados


utilizando máquina de projeção e o método manual. 2010. Monografia II – Curso
de Engenharia Civil, Área de Ciências Exatas e Ambientais, UNOCHAPECÓ,
Chapecó, 2010.

Este trabalho enfoca estudar a comparação do método convencional e o método


inovador de projeção de argamassa, análise da produtividade, qualidade e tempo de
ciclo de execução dos serviços citados acima, a partir de informações coletadas em
canteiros de obras, tais como número de funcionários, horas trabalhadas e quantidade de
serviço executado. A comparação da produtividade e qualidade para diferentes obras
define o desempenho atual quanto aos serviços avaliados, assim como definem os
fatores que fazem com que a produtividade varie de um dia para outro em uma mesma
obra ou em obras diferentes. Ao mesmo tempo, poucos são os estudos que abordam de
forma sistêmica os possíveis ganhos em eficiência proporcionados pela mecanização
dessa atividade. A pesquisa de campo comportou-se da medição da quantidade de
homens-hora através das da coleta de informações e das medições das quantidades de
serviços executados para cada serviço. O indicador de produtividade adotado foi a
Razão Unitária de Produção (RUP), onde entradas e saídas são expressas em homens–
horas despendidos por quantidade de serviço realizado. Com este estudo foi possível
detectar a produtividade real as quais foram para projeção manual de reboco 0,31 Hh/m²
para obra 01 e 0.39 Hh/m² paras as obras 02 e 03 já para a projeção mecanizada foram
0,17 para obra 01 e 0,26 para obra 02 apresentada por meio de figuras.

Palavras – Chave: projeção de argamassa, produtividade, mecanização.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Sistema de vedação e revestimento com argamassa ................................... 24


Figura 02: Exemplo de mapofluxograma de um processo convencional com argamassa
feita em obra .............................................................................................................. 28
Figura 03: Exemplo de mapofluxograma de um processo convencional com argamassa
industrializada ............................................................................................................ 28
Figura 04: Taliscas ..................................................................................................... 42
Figura 05: Chapisco .................................................................................................... 42
Figura 06: Execução das mestras................................................................................. 43
Figura 07: Nivelando as mestras.................................................................................. 43
Figura 08: Projeção de argamassa na parede................................................................ 44
Figura 09: Acabamento .............................................................................................. 44
Figura 10: Produtividade de reboco............................................................................. 17
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LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Projeção de argamassa manualmente ........................................................ 39


Tabela 02: Projeção de argamassa mecanizada ........................................................... 39
Tabela 03: Dificuldades e potencialidades do equipamento ........................................ 40
Tabela 04: Projeção de argamassa manualmente ........................................................ 45
Tabela 05: Projeção de argamassa mecanizada ............................................................ 46
Tabela 06: Dificuldades e potencialidades do equipamento ......................................... 48
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 8
1.1 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA ........................................................................ 9
2 OBJETIVOS .............................................................................................................. 9
2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 9
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................ 10
2.3 JUSTIFICATIVA.................................................................................................. 10
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 13
3.1 RACIONALIZAÇÃO DE OBRA ......................................................................... 13
3.2 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS ......................................................................... 17
3.2.1 Evolução na construção civil (década de 80, qualidade)................................. 17
3.2.2 Racionalização versus industrialização ........................................................... 17
3.2.3 Tendência do mercado construtor................................................................... 18
3.2.4 Inovação Tecnológica ..................................................................................... 18
3.2.5 Classificação das inovações tecnológicas ....................................................... 19
3.2.6 Riscos da introdução da inovação.................................................................. 20
3.2.7 Desenvolvimento de inovações tecnológicas .................................................... 20
3.3 EQUIPAMENTOS E TÉCNICAS CONVENCIONAIS PARA EXECUÇÃO DE
OBRA......................................................................................................................... 22
3.3.1 Revestimento argamassado.............................................................................. 22
3.3.2 Tipos de revestimentos ..................................................................................... 23
3.3.3 Chapisco ........................................................................................................... 24
3.3.4 Taliscamento................................................................................................... 25
3.3.5 Mestras ............................................................................................................. 25
3.3.6 Acabamento superficial das camadas............................................................ 26
3.3.7 Reboco ou fino .................................................................................................. 27
3.3.8 Acabamento final ............................................................................................. 27
3.4 TÉCNICAS E EQUIPAMENTOS INOVADORES.......................................... 29
3.4.1 Produção de argamassa com bomba de projeção ........................................... 29
3.4.2 Tipos de argamassa ............................................................................................ 29
3.4.3 Bombas de argamassa ........................................................................................ 30
3.4.4 Perdas de materiais ........................................................................................ 30
3.4.5 Qualidade do revestimento .............................................................................. 30
7

3.4.6 Preparação da superfície.................................................................................. 31


3.4.7 Operação da máquina de projeção .................................................................. 32
3.4.8 Considerações entre o método convencional e o método mecânico de projeção
de argamassa ............................................................................................................. 33
3.5 CONCLUSÕES SOBRE OS MÉTODOS AVALIADOS ...................................... 35
3.6 LEVANTAMENTO DE PRODUTIVIDADE ....................................................... 35
4 MÉTODO DE PESQUISA .................................................................................... 37
4.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................... 37
4.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................ 38
4.3 AMOSTRA........................................................................................................... 38
4.4 COLETA DE DADOS ........................................................................................ 389
5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.................................................. 41
5.1 ANÁLISE DA PRODUÇÃO ................................................................................ 41
5.2 DIFICULDADES E POTENCIALIDADES ENCONTRADAS ............................ 48
5.3 PADRÃO DE ACABAMENTO............................................................................ 48
5.4 COMPARAÇÕES MÉTODO TRADICIONAL X MÁQUINA............................. 49
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................. 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 53
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1 INTRODUÇÃO

A busca de soluções para o aumento da competitividade das empresas tem sido a


tônica de muitos profissionais e empresas, para enfrentar os desafios colocados, em
relação à qualidade e preço de venda dos empreendimentos. A racionalização
construtiva é, entre as possíveis ações utilizadas, a que tem atraído a atenção de muitas
empresas construtoras e empreendedoras, pois permite uma evolução constante, a partir
da própria cultura da empresa, e possui grande sinergismo com outras iniciativas, como,
por exemplo, a implantação de sistemas da qualidade.
A compreensão do que vem a ser Racionalização Construtiva, entretanto, não é
universal. Muitas vezes, ela é confundida com ações de menor impacto e extensão do
que as desejadas. É importante discutir o conceito de racionalização construtiva e
exemplificar sua aplicação, identificando os benefícios da sua implantação.
No Brasil, os revestimentos à base de argamassa, industrializados ou não, são
aplicados, em geral de forma manual. Trata-se de uma etapa em que a qualidade e
produtividade do revestimento dependem bastante da mão-de-obra, apresentando alta
variabilidade e altos índices de perdas. Muitas vezes torna-se um gargalo da obra. A
produção de revestimentos da fachada muitas vezes é um gargalo de produção da
edificação, refletindo-se no prazo de execução.
Para melhorar o desempenho da produção, as empresas adotaram o uso de
projetores mecânicos. Porém ainda é necessário avaliar o desempenho do sistema de
produção como um todo e não apenas do equipamento.
A baixa qualidade e produtividade observadas no processo tradicional de
produção de revestimentos de argamassa, apesar dos muitos estudos sobre suas técnicas
construtivas e sobre o comportamento do material, indicam que a solução não é apenas
tecnológica. Exige também a difusão e a aplicação do conhecimento e o
aperfeiçoamento da gestão nas empresas através de mecanismos de planejamento e
controle da produção.
Os problemas relativos aos revestimentos de argamassa foram aumentando
gradativamente, não tendo este subsistema acompanhado o desenvolvimento
tecnológico de outros subsistemas das edificações. Para eles, o agravamento desses
problemas deve-se à falta de integração da cadeia produtiva e ao baixo nível de
conhecimento sobre o comportamento do revestimento considerando todo o sistema.
9

Além disso, a integração dos setores da construção civil é evidenciada como


fundamental para melhorar o desempenho do setor em qualidade e produtividade.
A busca por melhorias no desempenho do processo e na qualidade do produto
tem sido abordada em alguns estudos. A discussão é sobre a aplicação de princípios de
racionalização para o transporte de argamassa, concluindo que existe grande potencial
de melhoria desse processo. Hoje se dispõem de procedimentos, equipamentos e
ferramentas para a produção de revestimentos de argamassa e de juntas de alvenaria
que, contribuem de forma econômica e simples para a racionalização da produção,
obtendo ganhos de produtividade e qualidade sem grandes mudanças na base
tecnológica da empresa.
No entanto, como já apresentado, a produção de revestimentos de argamassa, na
prática, ainda detém baixos índices de produtividade, elevados percentuais de perda, alta
variabilidade e problemas de qualidade do produto. A falta de uma gestão efetiva do
processo produtivo, a baixa racionalização e industrialização e a dependência da
habilidade e do conhecimento do operador são características do processo de produção
que ainda predominam nas obras.

1.1 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA

O emprego de ferramentas e equipamentos inovadores na construção civil reduz


o tempo de ciclo de execução de uma obra mantendo (ou melhorando) o seu padrão de
acabamento?

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Comparar o tempo de ciclo de execução de serviços de obra e demais aspectos


pertinentes analisando o método convencional e método inovador como máquina
projetora de argamassa.
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2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Discutir os conceitos de racionalização e inovação na etapa de execução de serviços


de obra de edificação;
b) Comparar o método convencional de execução de obra e o mesmo processo com
equipamentos inovadores;
c) Identificar as dificuldades e potencialidades destes equipamentos de acordo com os
diferentes participantes do processo de execução;
d) Analisar qual o executará o processo em menor tempo.

2.3 JUSTIFICATIVA

Com o crescimento da indústria da construção civil, percebido nos últimos anos,


surge a necessidade de o setor construtivo aumentar a produção para cada vez mais
poder acompanhar esta expansão. Com isso, as indústrias vêm criando equipamentos
que ajudam a construção civil a agilizar o processo de execução num contexto de
racionalização construtiva.
Este processo de equipamentos inovadores é um desafio no mercado que
envolve diversas variáveis, e a combinação de habilidades distintas que devem ser bem
cultivadas para quando postas em prática atendam este crescimento no setor com
sucesso.
Uma das etapas do processo tradicional de produção de revestimentos de
argamassa que ainda permanece muito dependente da mão-de-obra é a etapa de
aplicação de argamassa. Ela é fundamental no processo e, segundo Gonçalves e Bauer
(2005), exerce grande influência na resistência de aderência do revestimento ao
substrato, que é uma das principais propriedades mecânicas do material. Os mesmos
autores afirmam também que os problemas na aplicação da argamassa podem acarretar
falhas no mesmo, como descolamentos, comprometendo a estanqueidade e a estética da
edificação, além de danos aos usuários e ao patrimônio.
Em relação à permeabilidade da água, Duailibe et al. (2005) apud Paravise,
(2007) consideram que a opção por utilizar projeção mecânica em vez da manual, pela
maior energia de lançamento da argamassa, pode gerar maior compacidade e, portanto,
menor permeabilidade. Essa propriedade é muito importante na durabilidade do
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revestimento. Os autores afirmam que a penetração de umidade é uma das maiores


causas da deterioração da construção.
O uso de projetores mecânicos para a aplicação de argamassa para revestimento
pode ser uma forma de aumentar o grau de racionalização do subsistema revestimento e
diminuir a dependência da mão-de-obra e, portanto, a variabilidade na produção.
Apesar de ensaios controlados terem identificado potencial de ganho de
desempenho mecânico de revestimentos de argamassa produzidos com aplicação
mecânica, e apesar desse sistema de produção já ter sido alvo de tentativas de
incorporação na construção de edifícios em São Paulo desde a década de 70
(CRESCENCIO et al., 2000), poucas empresas utilizam essa tecnologia. Portanto, é
necessário estender o conhecimento através de pesquisas sobre o real impacto e as
dificuldades de sua utilização. Sabe-se, por exemplo, que a etapa de aplicação torna-se
mais rápida, mas se desconhece em que condições são gerados aumentos na
produtividade global do processo. Ou seja, é necessário entender os requisitos do
processo de produção.
Assim, há que se conhecerem as contribuições e as dificuldades da aplicação
mecanizada e as situações em que sua utilização pode ser vantajosa. Para tanto, devem
ser abordados aspectos mais gerais do processo e do sistema como um todo, não apenas
da etapa de aplicação de argamassa, identificando a influência de outras etapas e
processos, da organização do canteiro de obras, da sincronização e do ajuste da
capacidade produtiva de cada etapa, isto é, da seqüência de produção. Segundo
Crescencio et al. (2000, p. 1067) “ainda existem dificuldades para implementação desse
sistema, principalmente devido à falta de tecnologia de produção nos canteiros de obra e
visão sistêmica do processo”.
Portanto, pouco se sabe sobre a eficiência global do processo, sobre sua
contribuição para a redução de perdas, de falhas do produto e da variabilidade, bem
como para o aumento da produtividade. Esses dados são essenciais para a tomada de
decisão nas empresas.
A busca por qualidade e produtividade é fundamental para o sucesso
organizacional. Para Formoso et al. (1996), a melhoria da qualidade e produtividade dos
processos produtivos tem como pontos fundamentais a medição do seu desempenho e a
identificação das causas dos problemas apresentados. Shimizu et al. (2001) sugerem que
as empresas, antes de definir seu método construtivo, façam um estudo técnico-
financeiro das possibilidades existentes no mercado. Portanto, o conhecimento gerado
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por essa pesquisa deverá ser difundido para outras empresas, que poderão utilizá-lo na
sua tomada de decisões.
Diante dos problemas apresentados no processo convencional de produção de
revestimentos à base de argamassa e da pequena utilização de projeção mecânica nas
empresas apesar do seu potencial em aumentar a qualidade do produto surge à
necessidade de um estudo amplo do sistema de produção com aplicação mecânica de
argamassa. Para isso, é preciso avaliar o impacto da introdução da mecanização da
aplicação de argamassa para o processo e para o sistema de produção, verificando as
dificuldades e melhorias decorrentes do uso de tal tecnologia em relação ao sistema
tradicional de produção.
Portanto, essa pesquisa pretende comparar sistemas de produção de
revestimentos de fachada com uso de aplicação mecânica e manual de argamassa
através de estudos de caso em empresas que utilizem esses sistemas.
Equipamentos estes que muitas vezes sofrem preconceitos quando surgem no
mercado consumidor, por falta de conhecimentos na sua utilização, mas que acabam
sendo aderidos com esse mercado competitivo que se vive atualmente à procura de
novas técnicas e equipamentos que agilizam o processo de execução colocando um
passo a frente no mercado consumidor aquele que procura inovações.
Este trabalho busca mais conhecimento sobre estas novas técnicas coletando
dados e comparando-o com as técnicas convencionais.
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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 RACIONALIZAÇÃO DE OBRA

A racionalização surgiu a partir do momento em que os profissionais e


pesquisadores verificaram que para reduzir os custos era necessário eliminar os
desperdícios na produção, mas para que isto acontecesse era necessário ter um padrão
para comparar o que foi produzido e medir seu desvio. Deste modo, a racionalização
nada mais é do que a padronização de elementos e componentes de construção, bem
como o uso de ferramentas que auxilie no cumprimento destes padrões.
Neste contexto, a racionalização inicia na fase de concepção dos projetos e passa
por planejamento e execução da construção, para que o produto edificado seja entregue
conforme o especificado pelo cliente.
Segundo Franco (1992), a busca de soluções para o aumento da competitividade
das empresas tem sido a tônica de muitos profissionais e empresas, para enfrentar os
desafios colocados, em relação à qualidade e preço de venda dos empreendimentos.
Já segundo Ferreira (2002), através da racionalização as empresas procuram
aumento de produtividade e diminuição de custos e prazos, sem uma ruptura da base
produtiva que caracteriza o setor. Num contexto mais específico a racionalização pode
ser definida como sendo a otimização das atividades construtivas. Assim, procura-se
otimizar técnicas e métodos construtivos como forma de se obter uma melhor eficiência
na produção de um edifício. Espera-se assim reduzir os desperdícios de materiais e de
mão de obra, utilizando-se de forma mais eficiente o capital.
Segundo Franco (1992), o significado da palavra racionalização é de uso
coloquial, e pode fazer acreditar que a racionalização consiste de um conjunto de
pequenas medidas, tais como a aplicação de uma ferramenta diferente – um carrinho,
uma bisnaga ou um andaime – na obra. A Racionalização Construtiva, entretanto, para
ter os efeitos de grande impacto no custo e qualidade das obras, só pode atingir esses
objetivos se for vista por um espectro mais amplo.
Segundo Franco (1992), o projeto merece especial destaque, uma vez que é o
principal articulador e indutor de todas as ações, organizando e garantindo o emprego
eficiente da tecnologia. Essa importância pode ser entendida pela grande capacidade que
as decisões de projeto têm em influenciar decisivamente os custos finais do
empreendimento.
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As mudanças ocorridas no decorrer do processo histórico de civilização levaram


o homem a viver e trabalhar em abrigos artificiais por ele construídos, gerando assim
um ramo básico da atividade humana: a construção de edifícios.
Na construção civil são vários os projetos e profissionais envolvidos na
materialização de uma edificação. Assim, torna-se necessário para garantir um padrão
especificado na coordenação desses projetos. Os objetos são, segundo Franco (1992):
a) Garantir a perfeita comunicação entre os participantes do projeto;
b) Garantir a comunicação e a troca de informações entre os diversos
integrantes do empreendimento;
c) Garantir a comunicação e integração entre as diversas etapas do
empreendimento;
d) Coordenar o processo para solucionar as interferências entre as partes do
projeto.
e) Conduzir as decisões a serem tomadas.
f) Controlar a qualidade das etapas de desenvolvimento do projeto.
Estes objetivos podem ser aplicados para:
g) Racionalização das soluções técnicas
h) Racionalização do custo do trabalho – tratam de decisões de projeto
relacionadas à forma, dimensões, configurações de planta baixa, posicionamento de
elementos, componentes e materiais, que estão relacionados com operações dos
processos, condições de transporte, circulação na obra e qualidade e habilidade
requerida pela mão-de-obra.
i) Racionalização dos custos de operação e manutenção – trata da durabilidade
de materiais e componentes, ocorrência de manifestações patológicas e alterações nas
necessidades dos usuários.
A fase de concepção é onde os resultados para os problemas de construção são
mais eficientes. É também onde se inicia a racionalização construtiva. A racionalização
construtiva quando aborda o projeto e sua relação com o processo de construção recai
sobre a construtibilidade.
Essa atividade sofreu algumas alterações desde sua origem e, particularmente, a
partir da introdução da tecnologia em substituição parcial ao empirismo, bem como da
especialização profissional crescente, pôde-se perceber que as mudanças não foram
adequadamente absorvidas pela construção civil. Dentro desse enfoque, a concentração
da atividade de projeto, distorcido o papel do mesmo pelas mudanças ocorridas ao
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longo dos tempos, apresenta-se hoje incoerente e inadequada, com reflexos negativos
sobre a qualidade.
Para se atingir este objetivo de racionalização da fase de projeto é essencial a
coordenação de projetos, normalmente associada aos princípios de construtibilidade.
Deste modo, os princípios de racionalização nesta fase são, segundo (Araújo, 2000):
a) Construir numa mesma seqüência;
b) Reduzir o número de operações na construção;
c) Simplificar o projeto dos elementos;
d) Padronizar os componentes da construção;
e) Coordenar dimensionalmente os materiais;
Muitos autores entendem que a fase de projeto é a mais propícia para tomar
medidas que visam à racionalização, através de incrementos da construtibilidade.
Segundo CII (1987) apud (PARAVISE, 2007) construtibilidade é o uso
otimizado do conhecimento das técnicas construtivas e da experiência nas áreas de
planejamento, projeto, contratação e da operação em campo para atingir os objetivos
globais do empreendimento.
É o envolvimento das pessoas com experiência e conhecimento em execução de
construções, desde as etapas iniciais do empreendimento. É importante a participação de
todos os envolvidos com a execução e com a elaboração dos projetos.
A construtibilidade é uma diretriz para se atingir uma maior racionalização dos
processos porque ela: “integra projeto e construção dentro de uma visão holística,
adotada prioritariamente em todas as etapas os dados provenientes das operações
construtivas e considera que a solução ótima é a de maior construtibilidade”
(SABBATINI, 1989).
A construtibilidade é efetivada no processo executivo através de:
a) Planejamento e programação orientando às necessidades da construção;
b) Simplificação dos projetos;
c) Padronização;
d) Modulação e pré-montagem;
e) Acessibilidade (“manuseabilidade”);
f) Projeto orientado para condições ambientais adversas;
g) Especificações;
A racionalização da construção, segundo (Araújo, 2000) “é uma ação ou um
conjunto de ações praticadas com objetivo de tornar racional a atividade construtiva”. É
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uma ferramenta da industrialização, onde pode ser entendida como o somatório de


racionalização e mecanização.
O objetivo é a otimização do uso dos recursos disponíveis em um dado instante e
em certo local. Os locais de atração, segundo (Araújo, 2000) são: formação de recursos
humanos; indústrias de materiais de construção e de maquinário e equipamentos;
normalização e controle da qualidade; legislação de uso do solo e atos normativos;
pesquisas tecnológicas; processos e sistemas construtivos.
Por sua vez, a racionalização construtiva “é um processo composto pelo
conjunto de todas as ações que tenham por objetivo otimizar o uso dos recursos
materiais, humano, organizacionais, energéticos, tecnológicos, temporais e financeiros
disponíveis na construção em todas as suas fases”.
É possível racionalizar um elemento construtivo ou etapas de uma construção.
Como verificado anteriormente, a racionalização é parte da industrialização.
Logo, diz-se que um sistema é mais industrializado quando ele possui etapas completas
ou mesmo todo o produto edificado resolvido. Deste modo, pode-se racionalizar
elementos de construção, técnicas, métodos, processos e o próprio sistema construtivo,
onde:
a) Técnica construtiva – “é o conjunto de operações empregadas por um
particular ofício para produzir parte de uma construção” (elevar uma parede, montar
uma fôrma, desforma) (SABBATINI, 1989).
b) Método construtivo - “é um conjunto de técnicas construtivas,
interdependentes e adequadamente organizados, empregado na construção de uma parte,
subsistema ou elemento, de uma edificação”. (SABBATINI, 1989). Cita-se como
exemplo: montar a estrutura com técnicas de fôrmas, dobras do aço; cura; desforma.
c) Processo construtivo - “é um organizado e bem definido modo se construir
um edifício. Um específico processo construtivo caracteriza-se pelo seu particular
conjunto de métodos utilizados na construção da estrutura e das vedações do edifício
(invólucro)” (SABBATINI, 1989). Cita-se como exemplo: processo construtivo em
alvenaria estrutural, de paredes maciças de concreto.
d) Sistema construtivo - “é um processo construtivo de elevados níveis de
industrialização e de organização, constituído por um conjunto de elementos e
componentes inter-relacionados e completamente integrados pelo processo”
(SABBATINI, 1989). Cita-se como exemplos componentes, na forma de hardware,
software e orgware; banheiros prontos.
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3.2 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS

Segundo Santos (2003), a partir da década de 1980, quando a construção civil


começou a industrializar-se, através da chegada no país de processos construtivos mais
racionalizados e até com certo grau de industrialização, foram introduzidos nos
canteiros de obras inovações tecnológicas para darem suporte a este nível de
industrialização. Elas são na forma de elementos construtivos e até mesmo de processos
construtivos.

3.2.1 Evolução na construção civil (década de 80, qualidade)

A partir da década de 1980, quando a construção civil começou a industrializar-


se, através da chegada no país de processos construtivos mais racionalizados e até com
certo grau de industrialização, foram introduzidos nos canteiros de obras inovações
tecnológicas para darem suporte a este nível de industrialização. Elas são na forma de
elementos construtivos e até mesmo de processos construtivos, (SANTOS, 2003).
Quando servem para apoiar o processo estão na forma de máquinas, ferramentas
e equipamentos, desenvolvidos no país ou importados. Este apoio nada mais é do que
garantir a qualidade do que está sendo elaborado. Isto é necessário para que a empresa
possa cumprir os padrões de exigências pré-determinados.

3.2.2 Racionalização versus industrialização

A inovação tem vez na indústria da construção civil quando se compara a


indústria pelo seu atraso tecnológico, quando as empresas construtoras buscam a
racionalização e quando em um processo mais evolutivo busca a industrialização.
Para que isto ocorra, é necessário que a empresa procure estratégias competitivas
que valorizem o produto, o que está sendo construído, ou seja, a atenção é voltada para
a gestão e para as técnicas de produção empregadas. Felizmente é uma tendência do
mercado construtor.
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3.2.3 Tendência do mercado construtor

No passado, a empresa estava mais ligada aos financiamentos governamentais,


não tinha a atenção em critérios técnicos e de gestão e sim no alto valor financeiro
ganho decorrente da especulação imobiliária.
Aliado a isto, no presente, o Código de defesa do consumidor, que entrou em
vigor em março de 1990, forneceu subsídios para o cliente se conscientizar de seus
direitos e passar a fazer exigências quanto ao produto a ser adquirido.

3.2.4 Inovação Tecnológica

“Inovar é descobrir, imaginar, criar ou melhorar, prever, analisar, programar e


orçamentar, depois investir e correr riscos, ou ainda convencer, motivar, organizar,
negociar, ultrapassar os obstáculos, enfrentando as resistências mesmo psicológicas ou
burocráticas, contra a inércia ou a concorrência desleal, e mesmo se expor às
mesquinharias; enfim, é aproveitar a vantagem que representa a introdução da
novidade” Barreyre, (1975, apud SANTOS, 2003).
Neste quadro, a inovação tecnológica destaca-se como um instrumento decisivo
para garantir a competitividade das empresas.
De forma geral, a inovação está ligada a uma nova mentalidade, onde se entende
que todos os métodos e processos são suscetíveis de serem melhorados e, portanto, são
provisórios e transitórios.
“As inovações tecnológicas caracterizam-se pela criação e introdução de
soluções originais para necessidades anteriormente ou recentemente identificadas na
empresa (SOUZA, 2006)”.
Ela envolve mudanças no nível de produtos e serviços, como também de rotinas
e procedimentos, que são elementos que caracterizam a verdadeira inovação gerencial
ou organizacional.
Isto significa que a capacidade inovadora de uma empresa está diretamente
relacionada à sua capacidade de perceber ou de antecipar as necessidades da sociedade,
mantendo assim, o alinhamento dos seus valores com os valores da sociedade.
19

3.2.5 Classificação das inovações tecnológicas

Segundo Vargas, [200?] “a inovação tecnológica envolve tanto mudanças na


tecnologia de projeto/produto, como na fabricação e gestão, entendendo inovação
tecnológica como as mudanças ocorridas em quaisquer dessas formas de tecnologia”.
Elas podem ser classificadas em:
a) Tecnológicas – são as inovações predominantemente tecnológicas. Este tipo é
um processo que vai desde a concepção de uma idéia técnica até o uso de um novo
produto ou processo, estando freqüentemente associados com a utilização de novos
produtos, sistemas, procedimentos, equipamentos e componentes.
b) Comerciais – esta inovação refere-se à nova apresentação do produto, novo
modo de distribuição, nova aplicação, novo meio de promoção ou nova sistemática
comercial.
c) Organizacionais – ocorre no sistema social da organização, criando novos
modos de organização da empresa, de seus procedimentos e novas modalidades de
desenvolvimento, onde as inovações de gestão tecnológica/produtiva representam as de
caráter administrativo ou organizacional, aperfeiçoam a programação e controle da
produção, a alocação e controle dos recursos físicos e os padrões estabelecidos.
d) Institucionais – esta inovação caracteriza-se pela instauração de novos
sistemas e novas formas de promover o progresso econômico e social, ao nível do poder
público.
e) De processo – elas decorrem da utilização de novos procedimentos de
produção e podem conduzir a mundialização. Estão relacionadas com o
aperfeiçoamento dos métodos de trabalho.
f) De produto – elas buscam adequar os produtos às exigências dos clientes. Têm
como objetivo a melhoria da qualidade de projeto, a diversificação de produtos, a
facilidade de uso e manutenção, a padronização, a simplificação do processo de
produção e a agitação da elaboração dos projetos. Muitas invenções históricas foram
ridicularizadas por não se enquadrarem no espírito da época na qual foram criadas.
20

3.2.6 Riscos da introdução da inovação

Normalmente as inovações são feitas em empresas que ocupam uma posição de


destaque nas regiões em que atuam. Os riscos de sua implantação podem ser segundo
(SOUZA, 2006):
a) Econômicos – compra de tecnologias sem o amplo conhecimento das suas
limitações, compra de equipamentos importados, que não têm manutenção no país ou
mão-de-obra sem qualificação para operar o equipamento.
b) Sociais – introdução pelas empresas de forma abrupta, sem um período de
transição, para que a mão-de-obra possa se adaptar, o que leva aos acidentes de
trabalho. Outro ponto é o nível do emprego. No início, a inovação gera crescimento
econômico com emprego, mas a partir do momento que ocorre a padronização dos
produtos e a continuidade do fluxo de produção ocorre a redução do nível de emprego.

3.2.7 Desenvolvimento de inovações tecnológicas

As inovações podem ser desenvolvidas:


a) Na própria empresa – pelos operários, gerentes, diretores. Apresentam-se na
forma de ferramentas simples;
b) Em instalações de pesquisa (segundo novos e ensaios) – construção de
protótipos;
c) Trazidos pela indústria (fabricantes).
As inovações podem ser já consolidadas em outras indústrias, mudam de
empresa para empresa e de região do país.
Para Santos (2003), inovações tecnológicas são “Inovar é descobrir, imaginar,
criar ou melhorar, prever, analisar, programar e orçamentar, depois investir e correr
riscos, ou ainda convencer, motivar, organizar, negociar, ultrapassar os obstáculos,
enfrentando as resistências mesmo psicológicas ou burocráticas, contra a inércia ou a
concorrência desleal, e mesmo se expor às mesquinharias; enfim, é aproveitar a
vantagem que representa a introdução da novidade”.
Segundo Ferreira (2002), tecnologia é um conjunto sistematizado de
conhecimentos empregados na criação, produção e difusão de bens e serviços.
Tecnologia construtiva é o conjunto sistematizado de conhecimentos científicos e
empíricos, relacionados a um modo específico de se construir um edifício e empregados
21

na criação, produção e difusão deste modo de construir. O processo de criação de


tecnologia, ou o processo de inovação tecnológica, é antes de tudo não um processo de
invenção, mas sim um processo de desenvolvimento de um novo produto ou processo.
A inovação tecnológica está ligada a uma mudança do processo construtivo quando
ocorre uma incorporação de uma nova idéia e também um avanço notado na tecnologia
existente em termos de desempenho, qualidade ou custo do edifício, ou de sua parte.
Segundo Ferreira (2002), a pesquisa de desenvolvimento tecnológico na
engenharia de construção civil é uma atividade investigadora de caráter sistematizado,
que visa à criação e aperfeiçoamento de métodos, processos e sistemas construtivos,
materiais e componentes de construção e de técnicas de planejamento e controle das
operações construtivas, que constituem nas inovações tecnológicas. Este tipo de
pesquisa está dirigido para obtenção de aumentos no desempenho ou na eficiência de
algum atributo e que tenha interesse comercial para qualquer um dos vários ramos da
indústria da construção.
Segundo Ferreira (2002), a construção de edifícios dispõe de tecnologias bem
sedimentadas, desenvolvidas ao longo do tempo e variam para cada local. Entretanto,
estas tecnologias tradicionais apresentam condições de produção insatisfatórias para
uma vasta gama de aplicações, apresentando uma baixa produtividade, baixo nível de
produção e uso intensivo de mão de obra.
Segundo Ferreira (2002), no processo de inovação tecnológica, para a
incorporação de tecnologias desenvolvidas externamente, é necessário se fazer uma
adaptação integral aos condicionantes locais, o que significa que tal tecnologia será
aperfeiçoada por meio de uma pesquisa de desenvolvimento tecnológico. Os sistemas
devem ser adaptados à cultura e à economia local.
Segundo Santos (2003), a inovação tem vez na indústria da construção civil
quando se compara a indústria pelo seu atraso tecnológico, quando as empresas
construtoras buscam a racionalização e quando em um processo mais evolutivo busca a
industrialização. Para que isto ocorra, é necessário que a empresa procure estratégias
competitivas que valorizem o produto, o que está sendo construído, ou seja, a atenção é
voltada para a gestão e para as técnicas de produção empregadas.
22

3.3 EQUIPAMENTOS E TÉCNICAS CONVENCIONAIS PARA EXECUÇÃO DE


OBRA

3.3.1 Revestimento argamassado

Segundo a NBR 13529 (ABNT, 1995 apud PARAVISI, 2007) os revestimentos


em argamassa no geral são cobrimentos para superfícies que podem ser executados com
uma ou mais camadas superpostas e receber acabamento decorativo ou constituir-se em
acabamento final.
Segundo Borges (1996), revestimento das paredes com argamassa é o
acabamento dado às paredes de uma construção, têm como função básica, tanto na parte
interna como externa, proteger as alvenarias contra chuva e umidade. Os revestimentos
têm também como efeito arquitetônico, embelezar o ambiente, tornar um ambiente mais
higiênico, aumentar a resistência das paredes e encobrir uma superfície cujo acabamento
não e satisfatório.
Segundo Bauer [200-?] deve-se ter em mãos os projetos de revestimento. Estes
projetos apresentam a especificação de todos os materiais e procedimentos a serem
utilizados, além de indicar a localização e especificação das telas metálicas a serem
colocadas, nas regiões com concentração de tensão.
Segundo NBR 13749 (1996), o revestimento de argamassa apresenta
importantes funções que são basicamente:
a) Proteger os elementos de vedação da ação direta dos agentes agressivos;
b) Auxiliar a vedação no cumprimento das funções como, por exemplo, o isolamento
termo-acústico e da estanqueidade da água e dos gases;
c) Regularizar a superfície dos elementos de vedação, podendo servir de base para
regular e adequar à superfície ao recebimento de outros revestimentos ou constituir-se
no acabamento final;
Para Costela (2006), os revestimentos podem ser divididos em revestimento de
parede, revestimento de piso e revestimento de forro. Antes de ser executado qualquer
serviços de revestimentos, deverão ser testadas as canalizações ou redes condutoras de
fluidos em geral.
Para Azeredo (1995), antes de ser iniciado qualquer serviço de revestimento,
deverão ser testadas as canalizações ou redes condutoras de fluidos em geral. As
23

superfícies a revestir deverão ser limpas e molhadas antes de qualquer revestimento,


salvo casos excepcionais. O motivo deste cuidado é tirar o pó que fica nas paredes.
Para Carneiro e Cincotto, (1995), as definições dos requisitos e dos critérios de
desempenho são importantes para a escolha do sistema de revestimento. Para os autores,
os critérios são as representações quantitativas dos requisitos e estão relacionados
principalmente às propriedades de resistência mecânica, de permeabilidade e de
aderência ao substrato. Por se tratarem das principais propriedades do sistema de
revestimento, nesse estudo foram discutidas mais amplamente a permeabilidade e a
aderência ao substrato, as quais também foram utilizadas para avaliar a qualidade
durante a pesquisa.

3.3.2 Tipos de revestimentos

Segundo Azeredo (1995), a construção civil, mais especificamente na construção


de um edifício, a argamassa entra como elemento que fixa os materiais entre si como
uma cola. É lamentável que não se dê a importância devida à argamassa, pois é ela a
responsável pela ligação dos elementos, bem como pela aparência e qualidade.
As camadas dos revestimentos de argamassa podem ser resumidas pelo quadro
abaixo conforme Baía e Sabbatini (2000).

Quadro 1 – Camadas do revestimento.


Número de Camadas Tipo Funções

Camada única Massa única Regularização e


acabamento

Duas Camadas Emboço Regularização

Reboco Acabamento

Fonte: Baía e Sabbatini, 2000.

Segundo Paravisi (2007), entre os sistemas de revestimento disponíveis no


mercado brasileiro, o sistema com uso de argamassa é o mais utilizado, podendo, no
entanto, variar sua composição (figura 1). Ele pode ser constituído de mais de uma
24

camada desse material, sendo denominadas de emboço e reboco, ou pode possuir apenas
uma camada, chamada de massa única. Nesse estudo foi considerado revestimento à
base de argamassa tanto o sistema emboço/reboco como o de massa única, independente
do material de acabamento.

Figura 1: sistema de vedação e revestimento com argamassa


Fonte: Paravisi, 2008.

Para Baía e Sabbatini (2000), esses dois tipos de revestimento podem ser
aplicados sobre uma camada de preparo de base, denominada chapisco.
Já Fiorito (1994), diz que os revestimentos de modo geral são sempre
constituídos de diversas camadas de materiais diferentes ligados entre si, as quais deve
se ter muita atenção pois qualquer deformação no conjunto resultara em tensões no
mesmo.
Já Fioreto (1994), separa as camadas de modo genérico em base, chapisco,
camada regularizadora e argamassa de assentamento.

3.3.3 Chapisco

Segundo Azeredo (1995), chapisco é uma argamassa de aderência, e proporciona


condições para outro elemento. Ele é usado em superfícies lisas como concreto tijolos e
etc, mas também é utilizado como chapa ou véu impermeabilizante.
25

Segundo Fiorito (1994), é composto basicamente de argamassa de cimento e


areia grossa com traço de 1:3 e 1:4 bastante fluida, o acabamento é extremamente
áspero e irregular, criando ancoragens mecânicas para aderência da camada seguinte.
Azeredo (1995), sugere que em concreto não se deve molhar a superfície que
recebera o chapisco, já em superfícies de alvenarias deve-se molhar a superfície que o
recebera. Lembra também que deve ser lançado com certa violência, de uma distância
aproximada de um metro.
Segundo Azeredo (1995), nesse tipo de revestimento, tem-se uma grande perda
de material, pois devido ao impacto com a superfície o mesmo cai sobre o chão.
“A argamassa do chapisco deve ser aplicada com uma consistência fluida,
assegurando maior facilidade de penetração da pasta de cimento na base a ser revestida
e melhorando a aderência na interface revestimento-base”, (ABNT - ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1998, p. 06).

3.3.4 Taliscamento

Segundo Baía e Sabbatini (2000), o taliscamento é a definição da espessura do


revestimento, consistindo na fixação de cacos cerâmicos, com a mesma argamassa
utilizada para o revestimento, em pontos específicos e respeitando a espessura definida.
É recomendável que o taliscamento seja feito previamente em toda a extensão da
superfície a ser revestida, de forma que a argamassa se encontre endurecida, mantendo
as taliscas fixas e firmes, para apoiarem e servirem de referência para a execução das
mestras.

3.3.5 Mestras

Segundo Maciel; Bottura; Sabbatini (1998), as mestras são faixas estreitas e


contínuas de argamassa feitas entre duas taliscas, que servem de guia para a execução
do revestimento. Através desses elementos, fica delimitada uma região onde será
aplicada a argamassa. Sobre as mestras, a régua metálica é apoiada para a realização do
sarrafeamento.
Para Azeredo (1995) o espaçamento das mestras não deve ultrapassar 2 m.
26

3.3.5.1 Aplicação da argamassa para emboço

Segundo Fiorito (1994), a camada da argamassa regularizadora é executada


sempre que há irregularidades da base a serem corrigidas e superiores a 20 mm.
Já Azeredo (1995), diz que deve atuar como uma capa de chuva, evitar a
infiltração e penetração de águas, impedir a ação capilar que transporta a umidade de
materiais da alvenaria à superfície exterior desta. Deve também uniformizar a superfície
tirando as irregularidades de tijolos, sobras de massas, regularizando o prumo e
alinhamento de paredes.
Segundo Azeredo (1995), a argamassa deve ser mais resistente que o elemento
suporte e menos resistente que o elemento de acabamento.
Para Silva (2006) a aplicação da argamassa sobre a superfície a ser revestida
deve ser feita projetando-se a argamassa de forma energética (como certa violência), de
forma manual ou mecânica (argamassa projetada).
Segundo a ABNT NBR 7200 (1998) durante esta “operação devem ser retiradas
as taliscas e preenchidos os vazios” deixados por elas.
“É aconselhável que a aplicação da argamassa seja feita de maneira seqüencial,
em cada trecho delimitado pelas mestras. Depois de aplicada a argamassa, deve ser feita
uma compressão com a colher de pedreiro, eliminando os espaços vazios e alisando a
superfície.” (MACIEL; BOTTURA; SABBATINI, 1998, p. 33).
“Estando à área totalmente preenchida e tendo a argamassa adquirido
consistência adequada, faz-se a retirada do excesso de argamassa e a regularização da
superfície pela passagem da régua. (ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 1998, p.06).
Azeredo (1995) coloca que no caso de falta de argamassa, deve-se preencher
estas depressões com novas chapadas, e voltar as sarrafeamento. “Não há necessidade
de desempenar, pois a rusticidade do revestimento ou emboco (grosso) irá proporcionar
melhor fixação do revestimento ao acabamento.”

3.3.6 Acabamento superficial das camadas

O desempeno consiste na movimentação circular da desempenadeira, sobre a


superfície do emboço ou da massa única, imprimindo certa pressão. “Essa operação
pode exigir a aspersão de água sobre a superfície.” (BAÍA, SABBATINI, 2001).
27

Para Baía e Sabbatini (2001, p. 66).

Após ser aplicada a argamassa e atingido o tempo de sarrafeamento, segue a


atividade do sarrafeamento, que consiste no aplainamento da superfície
revestida, utilizado uma régua de alumínio apoiada nos referenciais de
espessura, descrevendo um movimento de vaivém de baixo para cima.
Concluída essa etapa, as taliscas devem ser retiradas e os espaços deixados
por elas, preenchidos. Depois de um intervalo de tempo adequado, é feito o
desempeno e o camurçamento.

“O camurçamento consiste na fricção da superfície do revestimento (massa


única ou reboco) com um pedaço de esponja ou com uma desempenadeira com espuma,
através de movimentos circulares, Baía e Sabbatini, (2001, p. 66).

3.3.7 Reboco ou fino

Para realizar o reboco deve-se ter em mãos areia fina já peneirada ou argamassa
industrializada. Para Azeredo (1995, p. 73):
Para preparar a argamassa, existem duas opções: prepara-se com nata de cal
feita na obra a partir da cal virgem ou prepara-se com a cal hidratada. Se
utilizada a cal hidratada, deve-se ter cuidado de peneirar a cal para evitar no
futuro a existência de grãos minúsculos de cal que, com o tempo, [...] irá
estufar e estourar o revestimento.

Para Silva (2006) a argamassa deve ser preparada e deixada em repouso durante
72 horas, a fim de que a reação química da cal seja perfeita, dando sua aderência aos
grãos de areia. A aplicação segue molhando-se o emboço, colocando a argamassa na
desempenadeira e comprimindo-a, de baixo para cima no emboço, de maneira que se
obtenha uma espessura de 3 a 4 mm. Em seguida, com movimentos circulares, procura-
se desbastar a espessura e ao mesmo tempo uniformizar a parede de maneira a se atingir
uma camada de 2 a 3 mm. “Quando a massa estiver puxando, isto é, perdendo água,
desempenamos mais uma vez, agora com desempenadeira revestida com espuma de
borracha ou feltro, tendo o cuidado, de nesta etapa, esborrifar água [...]”.

3.3.8 Acabamento final

Segundo Paravisi (2007), o acabamento final pode ser feito em argamassa ou em


outro material como materiais de acabamento as cerâmicas, os têxteis, os laminados, as
pinturas, as pedras naturais e os papéis de parede.
28

Já segundo Baía e Sabbatini (2001), os revestimentos do tipo emboço e reboco


podem ser combinados apenas com pinturas e texturas.
Nos itens estudados acima foram discutidos o processo de execução de
revestimento por aplicação manual preparada em obra o que se caracteriza por grande
parte de suas operações manuais. O que leva a um maior número de estoque de
materiais, transporte e processos fazendo com que as empresas prefiram utilizar
argamassa industrializada em sacos ou até mesmo equipamentos inovadores.
Segundo Paravisi (2007), as figuras 2 e 3 mostram um exemplo de diagrama de
processos de produção de revestimento com argamassa feita em obra e com argamassa
industrializada em sacos, respectivamente.

Figura 2: Exemplo de mapofluxograma de um processo convencional com argamassa feita em obra


Fonte: Paravisi, 2007.

Figura 3: Exemplo de mapofluxograma de um processo convencional com argamassa industrializa


Fonte: Paravisi, 2007.

Como se observa nas figuras acima, segundo Paravisi (2007), o número de


processos é reduzido comparando o método convencional de revestimento argamassado
29

com a bomba de projeção de argamassa utilizando para nos dois processos argamassa
industrializada, esse número seria ainda maior com argamassa preparada em obra.
Paravisi (2007), salienta que uma pesquisa comparativa entre os dois processos
de produção demonstrou que o uso de argamassa industrializada contribui para a
racionalização desse subsistema. Existe um potencial de redução da demanda de mão-
de-obra, do prazo de execução e da interferência com outros serviços e de minimização
das perdas que geram ganhos em eficiência.

3.4 TÉCNICAS E EQUIPAMENTOS INOVADORES

3.4.1 Produção de argamassa com bomba de projeção

Segundo Paravisi (2007), a produção de revestimentos de fachada muitas vezes é


um gargalo na produção da edificação, refletindo-se no prazo de execução. Para
melhorar o desempenho da produção, as empresas adotaram o uso de projetores
mecânicos.

3.4.2 Tipos de argamassa

Segundo Paravisi (2007) a escolha da argamassa para aplicação mecânica deve


considerar as características do equipamento de projeção e do compressor de forma
conjunta. A argamassa para bombas possui características especiais para evitar o
entupimento do mangote e a reflexão do material. A bombeabilidade é influenciada por
características da pasta aglomerante.
Segundo Paravisi (2007) em função do grande controle necessário à produção da
argamassa, na sua produção, é comum as empresas preferirem argamassa
industrializada.
30

3.4.3 Bombas de argamassa

Segundo Paravisi (2007), as bombas de argamassa são utilizadas no transporte e


aplicação mecanizados de argamassa para a produção de revestimento. Elas conduzem o
material sob pressão do tanque da bomba até a pistola, por um mangote, e o compressor
de ar projeta a argamassa.

3.4.4 Perdas de materiais

Diferentes estratégias vêm sendo implementadas na busca de maior eficiência na


atividade de produção de empreendimentos. Dentre essas estratégias podemos citar a
racionalização, que é vista como um elemento de vital importância em todos os
processos da construção civil (FRANCO, 1996).
O transporte de materiais é uma atividade que, embora não agregue valor na
construção civil, corresponde a, segundo Gehbauer (2004), aproximadamente 80% das
atividades de construção. O primeiro passo para o entendimento e estudo de um sistema
de transportes é a percepção de que se pode subdividi-lo em "ciclos" que, embora
interajam entre si, podem ser avaliados individualmente (SOUZA e FRANCO, 1997).
Segundo Paravisi (2007), um dos argumentos favoráveis ao uso de sistemas com
projeção mecânica de argamassa é que apresentam menores índices de perdas que os
sistemas convencionais.

3.4.5 Qualidade do revestimento

Segundo Paravisi (2007), embora a aplicação mecânica de argamassa tenha


potencial para gerar melhorias na qualidade do revestimento, principalmente quanto à
resistência, aderência à tração e à permeabilidade à água, a simples adoção de bombas
de argamassa não garante a qualidade do produto final.
Segundo Paravisi (2007), além disso, o revestimento executado com bomba
apresentou um número reduzido de fissuras, enquanto o dos sistemas convencionais
apresentou locais com intensa fissuração por retração. No entanto, verificaram-se
problemas de descolamento onde o substrato era a estrutura de concreto e baixa
resistência de aderência à tração quando projetada argamassa muito fluida.
31

3.4.6 Preparação da superfície

Segundo Oliveira et al [200?] deve-se proceder da seguinte maneira:


A superfície que será projetada deve ser rugosa ou absorvente, limpa, ou seja,
isenta de manchas de materiais que possam diminuir a adesividade, Antes do inicio da
aplicação as paredes devem estar com as superfícies corrigidas, encunhadas, todas as
instalações hidráulicas e elétricas colocadas, para que se evite o retrabalho.

3.4.6.1 Execução de mestras

Para uma perfeita execução das mestras é importante que os contramarcos e


portas já estejam prontos. Antes do início das mestras continuas, deve-se conferir os
pontos de mestras devem ser executadas com uma antecedência mínima de 12 horas
antes do início da projeção.
Essas mestras servirão para demarcar as áreas de projeção, delimitando a
espessura final da argamassa, e como apoio para a régua utilizada no sarrafeamento, por
isso devem estar bem alinhadas e aprumadas para garantir um perfeito acabamento da
argamassa.

3.4.6.2 Projeção

A argamassa deve ser projetada, no sentido horizontal, no espaço definido pelas


mestras verticais. A projeção deve começar sempre de cima para baixo, projetada entre
as mestras, deve ser a mínima, suficiente para o enchimento sem excesso, e evitando o
retrabalho.
Se a projeção for à laje, deve ser feita em um único sentido.
A espessura a ser projetada deve ser de, no mínimo, 0,5 cm e, no máximo 2,0
cm. Para maiores espessuras deve-se projetar em etapas, cuja espessura não ultrapasse a
máxima, e deve-se sempre esperar que uma etapa esteja curada para projetar outra
camada. Sendo que, a espessura ideal para a aplicação da argamassa é de 0,8 cm a 1,5
cm.
32

3.4.6.3 Sarrafeamento

O sarrafeamento deve ser realizado com a régua de alumínio, tipo H, sempre no


sentido vertical e de baixo para cima, evitando que a argamassa excedente caia no chão.
Na primeira passagem da régua deve se procurar prensar sobre a superfície
(posição prensante A=30º), fazendo pequeno esforço sobre as mestras de baixo para
cima. Na segunda passagem deve-se começar a retirar os excessos (posição cortante
A=60º).
No primeiro momento, após a projeção, não se deve tentar aplainar
completamente a superfície, forçando-se a régua na posição cortante sobre as mestras,
pois nesse momento o material apresenta um comportamento elástico, e poderá retornar
ao ponto em que estava antes da prensagem, ou sofrer deformações difíceis de reparar
posteriormente.
Na última passagem o pano revestido deve estar distorcendo com as mestras
verticais.
Se após o sarrafeamento verificar que ficaram falhas na aplicação, deve-se
refazer imediatamente a projeção. Os restos da argamassa que sobraram do
sarrafeamento, não devem ser utilizados para acabamento e sim para tapar ou corrigir
defeitos na superfície a ser revestida. O acabamento final é utilizado os mesmos
procedimentos que o método convencional.

3.4.7 Operação da máquina de projeção

Segundo Oliveira et al [200?] deve-se tomar os seguintes cuidados:


1º PASSO – Ligar a bomba de água e verificar se a pressão da água chegou ate 4 barr.
2º PASSO – Ligar o compressor e os motores da torre de mistura e do silo misturador.
3º PASSO – Abrir a torneira de ar que controla a partida automática da máquina e dar
início à saída da água pelo bico.
4º PASSO – Projetar água sobre a superfície onde será aplicada argamassa para hidratá-
la, evitando a desidratação nessa interface, prejudicando a aderência.
5º PASSO – Fechar o bico de ar e colocar o gesso em pó (argamassa seca) no silo de
mistura.
6º PASSO – Ligar as aspas misturadoras verificando o sentido horário.
33

7º PASSO – Abrir a torneira de ar que controla a partida automática, quando a torre


começar a funcionar, abrir lentamente a guilhotina de passagem do gesso para a torre de
mistura.
8º PASSO – Controlar a consistência da argamassa que sai do bico de projeção,
mantendo a válvula de ar aberta. Para essa operação deve ser utilizada um balde de
plástico, de modo a reduzir as perdas. A consistência deve ser controlada aumentando
ou diminuindo a vazão de água, pelo acionamento da válvula de passagem de água
acima do medidor de vazão.
9º PASSO – Quando atingir a consistência desejada iniciar a projeção sobre as paredes e
tetos. A argamassa que ficar no balde, quando a consistência estava sendo regulada deve
ser utilizada, com auxilio de um desempeno de aço, para o fechamento de fendas na
alvenaria.

3.4.8 Considerações entre o método convencional e o método mecânico de projeção


de argamassa

Segundo Paravisi (2007), comparando os sistemas com aplicação manual e


mecânica de argamassa, observa-se que uma das desvantagens do uso do sistema
mecanizado com bomba de projeção é a necessidade de maior controle na produção de
argamassa, fazendo com que se opte pelo material já industrializado.
Segundo Paravisi (2007), outra diferença entre os sistemas ocorre em função da
maior produtividade na aplicação de argamassa proporcionada pelos sistemas
mecânicos. A velocidade da etapa de aplicação do material na fachada faz com que seja
necessário utilizar equipamentos de movimentação vertical compatíveis, ou seja,
andaimes suspensos elétricos ou andaimes fachadeiros, podendo representar maior
investimento.
Segundo (Duailibe et al. 2005), como tais equipamentos podem gerar maior
força de aplicação de argamassa sobre a base em relação à aplicação manual, eles tem o
potencial de aumentar a extensão de aderência. Os referidos autores encontraram
resistências de aderência 55% superiores às dos revestimentos executados com
aplicação manual, assim, enquanto os revestimentos com aplicação manual obtiveram
média de 0,22 MPa, os com aplicação mecânica alcançaram 0,34 MPa.
34

Porem, a escolha por um sistema ou outro deve levar em consideração os


benefícios e dificuldades de cada um, assim como as características da empresa, sua
cultura, suas competências e suas necessidades.

3.4.8.1 Produtividade

Segundo Paravisi (2007), a média de produtividade do sistema mecanizado em 5


panos de fachada de revestimento de argamassa (509,54 m²) considerando a mão - de-
obra desde a montagem até a desmontagem de 128 andaime e da produção de argamassa
foi de 1,14 Hh/m². Enquanto a produtividade dos pedreiros na etapa de produção de
massa única foi de 14,79 m²/dia por pedreiro. No entanto, as duas melhores equipes do
sistema manual (equipes B e C) apresentaram resultados superiores. As mesmas
produziram 11 panos de fachada (678,30 m²) com as mesmas características
arquitetônicas das fachadas do sistema mecanizado, obtendo média de 1,00 Hh/m² e de
16,43 m²/dia por pedreiro.
Paravisi (2007) ressalta ainda que apesar disso, a empresa apresentava-se
satisfeita com o sistema mecanizado, pois, segundo ela, tais índices de produtividade
não eram obtidos pelas equipes do sistema manual que foram substituídas. Esses índices
não foram informados pela empresa.

3.4.8.2 Consumo de materiais

Segundo Paravisi (2007), o acompanhamento do consumo de argamassa revelou


diferenças importantes entre os sistemas. O consumo do sistema mecanizado, média de
43,22 kg/m², foi menor que o consumo obtido pelas equipes B e C do sistema manual,
85,87 kg/m² e 64,64 kg/m², respectivamente. O registro da argamassa consumida era
realizado pelos próprios operários, que eram orientados a preencher uma planilha
diariamente.
Segundo Paravisi (2007), a espessura do revestimento influenciou ligeiramente
nas diferentes taxas de consumo. Registraram-se médias de 1,81 cm no sistema
mecanizado e 1,93 cm no manual, valores próximos ao especificado pela empresa, 2,0
cm. O levantamento mostrou que em ambos os sistemas a variação de espessura não é
alta, concentrando-se entre 1 e 2,9 cm, portanto o custo não se elevaria muito se
utilizada à espessura mínima especificada pela norma.
35

3.5 CONCLUSÕES SOBRE OS MÉTODOS AVALIADOS

Segundo Paravisi (2007), os resultados da simulação da produção do sistema


manual reforçam a idéia de que o desempenho do sistema possa estar próximo do
potencial máximo de produtividade, como observado em obra pelo comportamento dos
operários, os quais parecem estar competindo com o sistema mecanizado. No sistema
mecanizado, além da sua própria complexidade, os problemas de utilização do
equipamento de projeção também influenciaram nos resultados. As interrupções e os
atrasos dessa etapa de produção se refletiam em todo o sistema, gerando perdas por
espera.
Ainda segundo Paravisi (2007), percebe-se que no sistema mecanizado a
produção de argamassa é “puxada” pela subequipe de produção de revestimento e o
transporte do material fresco ocorre continuamente através dos mangotes. Isso faz com
que a produção excessiva e o número de estoques sejam reduzidos. Assim, as perdas de
argamassa podem ser minimizadas, reduzindo também os problemas de qualidade do
produto, pois existe maior controle no seu tempo de consumo.

3.6 LEVANTAMENTO DE PRODUTIVIDADE

Um modelo inovador chamado RUP vem crescendo com a valorização do


conceito de produtividade variável. No lugar de indicar-se um valor médio para a
produtividade num certo serviço, indica-se uma faixa de valores possíveis, tendo por
extremos os valores mínimos e máximos detectados e indicados como valor mais
ocorrido, a produtividade mediana do conjunto onde casos que tenham sido estudados.
A esta fase se associam fatores que possuem uma tendência a puxar a expectativa
quanto à produtividade mais em direção aos valores de RUP altos ou em direção aos
valores baixos de RUP (SOUZA, 2006). Souza (2006) cita algumas características
marcantes deste modelo:
a) A adoção de uma faixa de valores de RUPcum;
b) A associação do valor mínimo a fatores que melhoram a RUP e do valor
máximo aos que a pioram;
c) A necessidade de uma tomada de decisões sobre onde localizar o valor da
RUP, demandado, a definição prévia de uma expectativa quanto aos fatores
influenciadores que acompanham a faixa de valores da RUP.
36

Souza (2006) também faz alguns comentários em relação ao modelo inovador de


previsão da produtividade de mão-de-obra:
a) Representa um caminho alternativo ao modelo tradicional que não acrescenta
dificuldade de uso;
b) Carece de um posicionamento do gestor, quanto a sua expectativa relativa aos
fatores que estarão presentes na futura obra, para viabilizar a previsão;
c) Embora demande atualização freqüente, a definição de uma faixa de valores o
torna estatisticamente um pouco mais robusto que a simples emissão de um único valor
de referência; a própria mediana é uma estatística menos variável que a média;
d) É mais previsível e leva a maior confiabilidade da previsão, na medida em
que permite determinar-se um valor de RUP coerente com as características do serviço
sendo analisado.
Em 2009 foi estudada a produtividade de mão-de-obra de emboço (que se refere
à massa única) em Chapeco-SC por Alievi, através do levantamento de quantitativos em
diferentes obras. Para o levantamento de quantitativos de emboço Alievi (2009), usou
os critérios de levantamento RUP’s. Nas nas quais obteve um valor de 0,38 Hh/m² por
trabalhador.
37

4 MÉTODO DE PESQUISA

O método utilizado para a realização desta pesquisa de avaliação entre os


métodos convencionais em relação aos equipamentos inovadores como forma de
redução de tempo para realização de uma obra foi o estudo de caso. Assim foi mais fácil
entender os conceitos de racionalização, inovação e produtividade com a utilização de
coleta de dados.

4.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Dmitruk (2004) destaca que, no momento do planejamento, devem ser


apresentados: a natureza ou tipo de pesquisa; indicadas as fontes selecionadas, o
universo de pesquisa e os recursos técnicos para a coleta e análise dos dados coletados.
O presente trabalho de caráter qualitativo refere-se a um estudo de caso junto
Empresas do ramo da construção Civil, que se utiliza de equipamentos inovadores como
forma de redução de tempo de realização de obras localizadas no município de
Chapecó.
A classificação de uma pesquisa qualitativa, em função de suas características
coincidirem com os postulados de Chizzotti (1995, apud SALAZAR FILHO, 2002):
- Delimitação do problema não resulta da afirmação prévia e individual do
pesquisador para qual ele recolhe dados comprobatórios. O problema parte da
percepção de um obstáculo, percebido pelos sujeitos de modo parcial e
fragmentado, e analisado assistematicamente;
- Pesquisador é parte fundamental na pesquisa devendo despojar-se de
preconceitos e predisposições, assumindo uma atitude aberta. Ele não deve se
transformar em um relator passivo, mas manter uma conduta participante,
revelando familiaridade com os acontecimentos e concepções que embasam
práticas e costumes;
- Na pesquisa qualitativa, todas as pessoas que participam da pesquisa (os
pesquisados), são reconhecidas como sujeitos que elaboram conhecimentos e
produzem práticas adequadas para intervir nos problemas que identificam. As
ações de intervenção na realidade não são necessariamente consensuais, mas
“negociadas”, para se adequar às possibilidades concretas do contexto, das
pessoas e das condições objetivas em que devem ser postas. Cria-se uma
relação dinâmica entre o pesquisador e o pesquisado, que não será desfeita
em nenhuma etapa da pesquisa, até os resultados finais (CHIZZOTTI, 1995,
apud SALAZAR FILHO, 2002).

Como o estudo de caso é o método mais apropriado para o delineamento desta


pesquisa. Conforme Dmitruk (2004), o estudo de caso caracteriza-se por ser um estudo
intensivo de um caso particular ou de vários casos para avaliar e tomar decisões ou
propor uma ação de intervenção.
38

4.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

A pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo. Na pesquisa bibliográfica


buscaram-se meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, mas
explorar novas áreas onde os problemas ainda não estão explícitos. As fontes para a
pesquisa bibliográfica foram: livros, periódicos, teses, revistas, anais de congresso e
sites. A pesquisa de campo compreendeu a visita a 3 (três obras) no município de
Chapecó e Águas de Chapecó para avaliar os métodos convencionais e inovadores para
maior produtividade.
Comparando o tempo de ciclo de execução de obra pelo método convencional e
com a utilização de equipamentos inovadores, seguindo os conhecimentos adquiridos
com algumas fontes bibliográficas, livros, revistas, artigos, as quais citam que no
mundo competitivo de hoje saíram na frente àqueles que buscarem inovações obtendo
assim maior produtividade e racionalização nas obras.

4.3 AMOSTRA

Sendo assim, foram visitadas três obras: obra nº 1, em Águas de Chapecó onde a
empresa que realiza o trabalho é a Construtora B, sendo que esta obra é de grande porte
e envolve grande quantidade de trabalhadores.
A outra obra nº 2 que foi visitada para coleta de dados, está localizada na
Avenida Fernando Machado, sendo o trabalho de construção realizado pela Construtora
A.
A obra nº 3 objeto desta pesquisa é realizada pela Construtora B, e está
localizada na Avenida Getúlio Vargas.
Ao término da coleta de dados e feitos a comparação entre os dois métodos, a
comparação objetivou avaliar a redução do tempo de ciclo e também seu padrão de
acabamento e utilização dos equipamentos.
As coletas eram realizadas semanalmente onde teve seu início no mês de janeiro
e transcorreram até maio de 2010, os dados foram coletados pelo próprio pesquisador
preenchendo as planilhas em duas empresas em três obras diferentes as quais se
encontram duas no centro da cidade de Chapecó-SC e a outra no interior de Águas de
Chapecó - SC.
39

4.4 COLETA DE DADOS

Com esses conhecimentos foi realizado o início da coleta de dados a campo,


para melhor comparação dos métodos estudados.
Para uma perfeita comparação as edificações escolhidas foram do mesmo
padrão, senão a mesma, se possível. Foram coletados dados de três obras de duas
construtoras diferentes, assim obteve-se o maior número possível de informações sobre
o mesmo, tais como: paredes cegas, paredes com abertura, requadros, entre outras.
Esta coleta de dados foi realizada junto às edificações escolhidas, onde foram
obtidos dados das edificações referentes a revestimentos de parede.
Após a realização desse processo foi realizada mais uma coleta de dados para
comparar o padrão de acabamento entre os dois processos. Os dados coletados das
edificações foram todos planilhados, conforme tabelas 1 e 2.

Tabela 1 – Projeção de argamassa manualmente


Projeção de argamassa manualmente
PESSOAS HORAS PAREDE A SER
DIA ENTRADA SAÍDA ENVOLVIDAS TRABALHADAS INTERVALO REVESTIDA PRODUTIVIDADE

Tabela 2 – Projeção de argamassa mecanizada

Projeção de argamassa mecanizada


PESSOAS HORAS PAREDE A SER
DIA ENTRADA SAÍDA ENVOLVIDAS TRABALHADAS INTERVALO REVESTIDA PRODUTIVIDADE

Além de uma planilha para discutir e identificar as dificuldades e


potencialidades de equipamentos conforme tabela 3.
40

Tabela 3 – Dificuldades e potencialidades do equipamento


MAQUINA PROJETORA DE ARGAMASSA

DIFICULDADES DO EQUIPAMENTO POTENCIALIDADES DO EQUIPAMENTO

Os dados coletados serviram para analisar a produtividade homens/hora e/ou


equipe de serviço m²/dia entre a projeção manual e mecânica de revestimentos
argamassados, também para analisar as perdas na produção, potencialidades,
dificuldades e seus padrões de acabamento.
O método de avaliação do sistema de produção de revestimento de fachada à
base de argamassa contempla a medição de índices de desempenho e o levantamento de
dados ao longo da produção, bem como o monitoramento do produto final. Foram
acompanhadas várias etapas de produção, desde a montagem do equipamento e
preparação da superfície de fachada até a execução do revestimento e a sua limpeza.
Os dados coletados permitiram não só analisar melhor a caracterização dos
sistemas de produção das empresas, mas também a identificação das dificuldades e
problemas e suas possíveis causas e oportunidades de melhoria do sistema.
41

5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

5.1 ANÁLISE DA PRODUÇÃO

A obra nº 01 de Águas de Chapecó/SC, por ser de grande dimensão, possui


grande número de trabalhadores e as atividades de reboco e chapisco são realizadas de
duas maneiras: manualmente e mecanicamente. As proporções, ou seja, a metragem
atingida individualmente ou em equipe com a utilização da máquina, são muito
superiores comparadas com o trabalho realizado manualmente, sendo que o uso do
equipamento proporciona maior qualidade em virtude da máquina preencher
uniformemente as paredes.
Outra observação em relação à obra de Águas de Chapecó são as paredes de
maior proporção, sem muitos requadros, o que facilita o trabalho tanto com a máquina,
como pelo trabalho manual, assim sendo, a produtividade é maior.
Já na obra do prédio residencial na Avenida Fernando Machado, a Construtora A
responsável pela construção, utiliza-se de equipamentos somente para realização de
chapisco, o reboco é realizado manualmente. Isso ocorre em virtude da construtora não
possuir trabalhadores treinados e capacitados para utilização da máquina.
Na mesma obra, constatou-se que ao final do expediente a máquina é lavada e
todo material contido na máquina é desperdiçado o que acarreta em desperdício de
material para construção.
Em relação ao prédio residencial localizado na Avenida Getulio Vargas, a obra é
realizada pela Construtora B, onde são utilizados os dois métodos tanto no chapisco
quanto no reboco, o trabalho manual e com o uso de máquina. Pode-se observar que a
empresa utiliza-se de pessoas capacitadas e bem treinadas. Em relação à limpeza da
máquina, a empresa não realiza a limpeza, porém não tem desperdício de material.
Como se pode observar nas figuras, o trabalho realizado pela máquina é de
maior qualidade e maior produtividade por trabalhador. Com a utilização de
equipamentos o trabalho é bem eficiente, superando o tempo de realização do trabalho
manual.
Primeiramente, após a parede estar bem limpa sem a presença de fungos e outras
intempéries, assentou-se as taliscas conforme figura 4, logo após executou-se o chapisco
como mostrado na figura 5, confeccionaram as mestras segundo figura 6, as quais foram
niveladas e prumadas, nesse momento começam a projeção da argamassa para
42

confecção do reboco conforme figura 7 e 8, e após 1 hora a argamassa atingiu pega


para realização do acabamento como mostra figura 9.

Figura 04: Taliscas


Fonte: Anderson Corrêa

Figura 05: Chapisco


Fonte: Anderson Corrêa
43

Figura 06: Execução das mestras


Fonte: Anderson Corrêa

Figura 07: Nivelando as mestras


Fonte: Anderson Corrêa
44

Figura 08: Projeção de argamassa na parede


Fonte: Anderson Corrêa

Figura 09: Acabamento


Fonte: Anderson Corrêa
45

Tabela 4 – Projeção de argamassa manualmente


Projeção de argamassa manualmente

Pessoas Horas Rup


Obras Dia Entrada Saída envolvidas trabalhadas Intervalo Parede a ser revestida Produtividade (Hh/m²)

Paredes com vãos grandes e


1 5/jan 08:00 18:00 1 08:30 01:30 poucas aberturas 28 m² 0,3

Paredes com vãos grandes e


1 12/jan 08:00 18:00 1 08:30 01:30 poucas aberturas 24 m² 0,35

Paredes com vãos grandes e


1 26/jan 08:00 18:00 1 08:30 01:30 poucas aberturas 32 m² 0,24

Paredes com vãos grandes e


1 9/fev 08:00 18:00 1 08:30 01:30 poucas aberturas 26 m² 0,33

Paredes com vãos grandes e


1 16/fev 08:00 18:00 1 08:30 01:30 poucas aberturas 31 m² 0,27

Paredes com vãos grandes e


1 2/mar 08:00 18:00 1 08:30 01:30 poucas aberturas 25 m² 0,35

Paredes com vãos grandes e


1 16/mar 08:00 18:00 1 08:30 01:30 poucas aberturas 27 m² 0,31

Paredes pequenas obra


2 6/abr 08:00 18:00 1 08:30 01:30 prédio residencial 23 m² 0,37

Paredes pequenas obra


3 9/abr 08:00 18:00 1 08:30 01:30 prédio residencial 21 m² 0,4

Paredes pequenas obra


2 13/abr 08:00 18:00 1 08:30 01:30 prédio residencial 22 m² 0,39

Paredes pequenas obra


3 16/abr 08:00 18:00 1 08:30 01:30 prédio residencial 20 m² 0,43

Paredes pequenas obra


2 20/abr 08:00 18:00 1 08:30 01:30 prédio residencial 20 m² 0,43

Paredes pequenas obra


3 23/abr 08:00 18:00 1 08:30 01:30 prédio residencial 25 m² 0,35

Os dados coletados foram calculados pelo sistema RUP (razão unitária de


produção) que expressa à razão de Homens-hora/quantidade de serviços executados
para obter uma comparação com trabalhos já realizados em Chapecó.
Pode-se observar que na obra 01 a média da produtividade manual com um
pedreiro e um servente 27,6 m² de reboco, obtendo uma RUP 0,31 Hh/m² onde a
Construtora B realiza a construção.
Já na obra do prédio residencial da obra 02, a média de produtividade manual é
de 21,7 m² e RUP de 0,39 Hh/m² de reboco com dois funcionários, um servente e um
pedreiro.
Em relação a obra nº 03, prédio residencial realizado pela construtora A é de
média 22 m² e RUP de 0,39 Hh/m² com dois funcionários: um servente e um pedreiro.
46

A maior produtividade na obra nº 01 realizada pela construtora B se dá em


virtude de paredes maiores, sem muitos requadros, o que facilita o trabalho dos
trabalhadores.

Tabela 5 – Projeção de argamassa mecanizada


Projeção de argamassa mecanizada

Pessoas Horas Rup


Obras Dia Entrada Saída envolvidas trabalhadas Intervalo Parede a ser revestida Produtividade (Hh/m²)

Paredes com vãos grandes e


1 5/jan 08:00 18:00 5 08:30 01:30 poucas aberturas 242 m² 0,18

Paredes com vãos grandes e


1 12/jan 08:00 18:00 5 08:30 01:30 poucas aberturas 238 m² 0,18

Paredes com vãos grandes e


1 26/jan 08:00 18:00 5 08:30 01:30 poucas aberturas 271 m² 0,16

Paredes com vãos grandes e


1 9/fev 08:00 18:00 5 08:30 01:30 poucas aberturas 252 m² 0,17

Paredes com vãos grandes e


1 16/fev 08:00 18:00 5 08:30 01:30 poucas aberturas 237 m² 0,18

Paredes com vãos grandes e


1 2/mar 08:00 18:00 5 08:30 01:30 poucas aberturas 228 m² 0,19

Paredes com vãos grandes e


1 16/mar 08:00 18:00 5 08:30 01:30 poucas aberturas 249 m² 0,17

Paredes pequenas obra


2 6/abr 08:00 18:00 5 08:30 01:30 prédio residencial 163 m² 0,26

Paredes pequenas obra


3 9/abr 08:00 18:00 3 08:30 01:30 prédio residencial 1715 m² 0,02

Paredes pequenas obra


2 13/abr 08:00 18:00 5 08:30 01:30 prédio residencial 157 m² 0,27

Paredes pequenas obra


3 16/abr 08:00 18:00 3 08:30 01:30 prédio residencial 1400 m² 0,02

Paredes pequenas obra


2 20/abr 08:00 18:00 5 08:30 01:30 prédio residencial 170 m² 0,25

Paredes pequenas obra


3 23/abr 08:00 18:00 3 08:30 01:30 prédio residencial 1557 m² 0,02

A tabela acima demonstra a produtividade de reboco da empresa B e de


Chapisco da Construtora A (Construtora A não possui funcionários treinados e
capacitados para utilizar a argamassa mecanicamente para reboco, apenas chapisco).
Assim, com a mecanização uma equipe de 5 funcionários, reboca 245,3 m²,
obtendo assim uma RUP de 0,17 Hh/m² por funcionário em vãos grandes e com poucas
aberturas, que é o caso da obra nº 01 pela construtora B.
A produção mecanizada com 5 funcionários, reboca 163,3 m², e RUP igual a
0,26 Hh/m² por funcionário considerando que são paredes pequenas e com muitas
47

aberturas, sendo esse caso o da obra do prédio residencial nº 02, objeto desse estudo
também pela construtora B.
A obra nº 03 apenas para uma demonstração, não sendo este objetivo da
pesquisa de comparação de chapisco e sim de paredes acabadas a Construtora A, utiliza-
se da maquina de projeção de argamassa apenas para realização de chapisco, (o reboco é
manual e alto padrão de acabamento), obtendo assim uma média de 1557,3 m² de
chapisco com uma equipe de 3 funcionários e RUP de 0,02 Hh/m² por funcionário.
Em estudo realizado por Alievi (2009) em Chapecó, foi verificada a
produtividade de massa única com espessura de 2,0 cm, com uma produtividade manual
real de 0,38 Hh/m² por trabalhador, considerando em relação ao valor da produção da
TCPO (2008) que os valores orçados são maiores que os valores reais, em relação ao
valor de produção da TCPO (2008). Pode-se dizer que os valores orçados são maiores
que os valores reais, há mais produtividade.
Diante disso pode-se dizer que o estudo realizado para identificação da produção
manual e produção da máquina projetora foi importante para constatação e compilação
dos dados sendo que as RUP’s encontradas por Alievi (2009) em Chapecó na projeção
manual são praticamente iguais as coletadas nas obras em estudo. E pode ser observado
que a bomba realmente é mais produtiva, comparando-o com outros estudos realizados
como mostra a figura 10.

PRODUTIVIDADE DE REBOCO

0,5
RUP's (Hh/m²)

0,4
0,3
0,2
0,1
0
1 7 21 35 42 56 70 91 94 98 101 105 108
Tempo (dias)

RUP's projeção manual RUP's projeção mecanizada


RUP média Jeferson Alievi

Figura 10: Produtividade de reboco


Fonte: Anderson Corrêa
48

5.2 DIFICULDADES E POTENCIALIDADES ENCONTRADAS

A tabela abaixo descreve algumas dificuldades e potencialidades encontradas


pelo equipamento:

Tabela 6 – Dificuldades e potencialidades do equipamento


MÁQUINA PROJETORA DE ARGAMASSA
DIFICULDADES DO EQUIPAMENTO POTENCIALIDADES DO EQUIPAMENTO
Pouco conhecimento por parte das empresas Alta produtividade
Alto custo Baixo custo operacional
Ganho de tempo na produção com pouca perda de materiais tanto na projeção quanto
Manutenção na mistura

As dificuldades em relação à máquina projetora de argamassa são notórias nas


obras objeto da pesquisa:
- Pouco conhecimento tanto das empresas, como dos funcionários em relação ao
uso e o funcionamento do equipamento;
- Falta de cuidados com os equipamentos ao final do dia em relação à limpeza e
o desperdício de material;
- O custo de manutenção do equipamento, sendo que a cada 1.400 sacos de
argamassa projetados a bomba é danificada e o custo do conserto fica em torno de R$
700,00.

Em relação às potencialidades do equipamento pode-se observar:


- Alta produtividade;
- Redução do custo de mão-de-obra de produção de argamassa, em virtude de a
argamassa ser industrializada;
- Aceleração da obra, e redução do trabalho braçal;
- Pouca produção de resíduos e sujeiras na obra, tanto na projeção quanto na
mistura já que a mesma é feita pelo próprio equipamento.

5.3 PADRÃO DE ACABAMENTO

O padrão de acabamento na obra N◦ 1 realizado pela construtora B era


considerado médio, pois se trava de uma obra industrial na qual as paredes eram pouco
ásperas, seu acabamento superficial não tinha muita finalidade estética, porem não
49

apresentavam fissuras, e estavam no prumo e esquadro o que era cobrado pela empresa
B de seus funcionários e também supervisionado pela empresa que as contratou. Já nas
duas outras obras onde foram coletados os dados o padrão de acabamento era sem a
utilização da máquina projetora de argamassa é considerado um padrão bom, sendo que
em um prédio residencial deste estudo, onde a Construtora A e B estavam realizando
seus serviços, as paredes apresentavam uma boa resistência, acabamento superficial e
ásperes bem lisas, todas as paredes sempre conferidas por um funcionário da empresa e
supervisionadas pelos engenheiros as quais não estavam fora do alinhamento.
Nas obras onde se utilizou os equipamento tanto para projeção quanto para
desempeno para efetuar o acabamento, este pode ser considerado um acabamento muito
bom, neste caso sempre realizado por profissionais capacitados e treinados para
realização de bons trabalhos, as paredes apresentavam até uma resistência maior, pois o
equipamento projeta constantemente e sempre com a mesma intensidade, seu
acabamento superficial era bem liso sem a presença de fissuras e sempre bem
supervisionado.

5.4 COMPARAÇÕES MÉTODO TRADICIONAL X MÁQUINA

A análise dos métodos da produção de revestimento com aplicação mecânica e


manual de argamassa revelou que existem menos atividades de transporte e estoque no
sistema mecanizado que no manual, ou seja, esse sistema possui menos atividades que
não agregam valor ao produto final.
Além disso, no sistema mecanizado por contar com inovações e auxílio do
equipamento, é mais eficiente que no sistema manual ocasionando menos perdas por
transporte.
Os resultados coletados das empresas pesquisadas da produção do sistema
manual mostram que o desempenho do sistema manual de projeção de argamassa pode
estar próximo do potencial máximo de produtividade, observado em obra pelo
comportamento dos operários, os quais estão competindo com o sistema mecanizado.
No sistema mecanizado, além da sua própria complexidade, na montagem e
regulagem do equipamento e os problemas de utilização de projeção por falta de
treinamento dos operários também influenciaram nos resultados, mas mesmo assim
superam o sistema manual em produção e perdas dos materiais. As interrupções e os
atrasos dessa etapa de produção não se refletiam em todo o sistema. Estes problemas
50

exigem melhorias por parte das empresas ocasionando um aumento ainda maior sobre o
sistema manual.
Em relação o consumo de materiais entre os métodos utilizados foi considerado
os mesmos para ambos, já em relação à produtividade o método de projeção mecanizada
apresentou ser 71% mais produtiva, com isso chegou-se a conclusão que uma equipe de
4 pedreiros custam para a empresa R$ 5.288,10 mensais, sendo que o salário do
pedreiro estipulado pelo ministério do trabalho está atualmente R$ 750,00 multiplicados
por 76,27% de encargos sociais para trabalhadores assalariados e ainda multiplicados
pela equipe chegando ao total mencionado acima. Com a economia de 71% pela
projeção mecanizada as empresas poupariam R$ 3.743,00 mensais.
O equipamento de projeção custa cerca de R$ 52.000,00 o qual inclui máquina
de projeção e desempenador elétrico com está economia o equipamento se pagaria em
aproximadamente 14 meses não levando em consideração a manutenção do
equipamento.
Por outro lado o sistema mecanizado mostrou-se ter um custo mais elevado
sobre o sistema manual quanto a manutenção do equipamento, pois uma das empresas
pesquisadas não realizava a limpeza do equipamento fazendo com isso que a vida útil
do equipamento reduzisse pela metade. Porém com um pouco mais de fiscalização por
parte dos engenheiros e treinamento dos funcionários o trabalho e a produção podem ser
melhorados. Através dessa pesquisa compararam-se melhor os dois métodos e apesar de
alguns problemas o sistema mecanizado sai com vantagem sobre o sistema manual.
51

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Os dados gerados por essa pesquisa possibilitaram avaliar a implantação de uma


nova tecnologia para as empresas, contribuindo para identificação de possíveis
melhorias.
Através dessa pesquisa foi possível identificar suas dificuldades e seus
benefícios para a implantação do sistema.
Conclui-se que nesta pesquisa o uso da máquina tem seus prós e contras no
mercado em que foi pesquisado. O sistema de bomba de projeção de argamassa
apresentou um ganho de produtividade sobre o sistema manual nas três obras
pesquisadas, reduzindo com isso o prazo de execução da obra. E ainda é importante
ressaltar que quando novas tecnologias são implantadas é comum que, no início dessa
implantação, haja uma menor produtividade, pois se necessita de um tempo para
treinamento, ajustes e adequação do sistema.
Uma das dificuldades encontrada pelas empresas pesquisadas deve-se a falta de
treinamento dos funcionários envolvidos no sistema de projeção mecanizada, os quais
não sabiam operar o equipamento para execução de reboco apenas para chapisco o que
levaria a empresa a ganhos de produtividade e redução do tempo de ciclo. Outro ponto
negativo do sistema detectado foi na hora da limpeza do equipamento, uma das
empresas não realizava a limpeza do equipamento no término dos serviços o que reduz
o tempo de vida útil da máquina acarretando em prejuízo para empresa futuramente, a
outra empresa realiza todos os dias os processos de limpeza corretamente, porém no
término dos serviços quando sobrava um pouco de material no equipamento e os
funcionários não estavam sendo supervisionado, o material era desperdiçado.
Um dos benefícios importantes obtidos com o sistema mecanizado é a redução
dos índices de perda, tanto na mistura quanto no lançamento, na mistura da argamassa
com a água a máquina conta com um tipo de serrote a qual quando largado o saco de
argamassa sobre a máquina parte o saco ao meio despejando o material dentro da
máquina sem perda a qual a mesma faz a própria mistura, já no lançamento a máquina
conta com um mangote reduzindo o número de processos das atividades e evitando
possíveis perdas por transporte.
Quanto ao padrão de acabamento sempre terá uma variação, pois o acabamento
final ainda dependerá sempre da mão-de-obra manual, então essa variação ocorrerá,
52

quanto maior a capacitação do profissional que está realizando os trabalhos melhor o


padrão de acabamento.
Portanto conclui-se neste trabalho que o mercado de Chapecó está pronto para
receber está inovação que vem surgindo com muita força nas capitais, pois existe uma
grande demanda no processo produtivo fazendo com que a máquina tem um retorno
financeiro esperado. Porém deve-se ter um cuidado a mais no planejamento das tarefas,
preparação e qualificação dos funcionários havendo assim uma melhoria no processo de
produção mecanizada a qual acarretara num aumento maior da produtividade,
simplificação do número de processos, redução de trabalhadores no mesmo processo
logo diminuindo o tempo de obra e dependendo menos da mão-de-obra braçal o que
está cada dia mais difícil no setor da construção civil.
53

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e tetos em argamassas inorgânicas; especificação - NBR 13749. Rio de Janeiro, 1996.

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1995. 178 p.

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Evolução Tecnológica dos Processos Construtivos em Alvenaria Estrutural. São
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54

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