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COMPORTAMENTO

Quando você se dá conta de que é apenas um


número, está na hora de rever as suas prioridades!

escrito por
Jóice Bruxel

Dia típico: você ouve o despertador tocar, mas não quer despertar. Só mais cinco minutinhos
elevado ao máximo de vezes que der para colocar o despertador no “soneca”, e dar aquela
viradinha pro lado, tão preciosa nos tempos modernos. Até que não dá mais pra adiar e você
precisa criar coragem e levantar, porque se você continuar neste ritmo, muito provavelmente irá
se atrasar (se é que você já não está atrasado). E sim, de vez em quando levantar da cama é
um ato de coragem. Quem nunca teve um dia (ou uma semana, um mês, whatever) desses,
que atire a primeira pedra.
Come algo correndo, ou nem come porque não dá tempo, ou se você for como eu, porque não
consegue comer nada quando acorda. Mas o café, ah o café, muito provavelmente ele deve ser
o seu grande aliado. Sempre foi o meu, antes de tomar uma boa xícara de um café purinho,
não gosto nem de me encontrar com outros seres humanos. Porque nem eu mesma me
encontrei ainda, é como se eu ainda não tivesse me encaixado no meu próprio corpo.
Quando você finalmente sai de casa e chega ao seu destino, muitas vezes, fez tudo tão no
“piloto automático” que mal sabe como chegou lá, mas enfim, você faz o que tem que fazer,
cumpre as suas obrigações e é assim que o dia passa.
Você dá conta de todas as tarefas, mesmo que “dar conta” signifique negligenciar a sua esposa
(ou esposo), os seus filhos, o seu cachorro/gato/pássaro/dinossauro, e até a sua saúde (física
e mental), mas você precisa ser produtivo e gerar lucro, afinal, você precisa pagar as contas e
não pode fracassar. Aliás, essa é uma das grandes besteiras que enfiaram na nossa cabeça,
que “quem não dá conta de tudo, é fracassado”.
Então você permite ser sugado até a sua última gota de entusiasmo, e fica seco, sugado,
vivendo em um círculo vicioso em que extraem o melhor de você, por dinheiro. E você permite
que alguém tenha sucesso usando os seus dons e o seu talento, porque você precisa
sobreviver.
O dia termina. E mais uma vez você pega as suas coisas e vai pra casa, sem energia, sem
disposição, pensando no quanto a vida tem sido dura e o quanto é difícil ser adulto e
simplesmente, sobreviver.
Muito provavelmente você se sente insatisfeito. Com tudo. O tempo todo. Porque eu entendo, a
vida realmente não faz sentido desta forma. Precisa existir algo a mais. Algo que faça o seu
coração vibrar, pulsar e querer continuar batendo. Algo que ao invés de tirar a sua energia, te
dê mais energia. Que te motive. Que te faça sentir vivo. Vivendo. E não sobrevivendo. Aos
“trancos e barrancos”, o tempo todo.
Eu sei que você está cansado. Mas aonde você quer chegar?
É fácil perceber que existe uma inversão de valores gigantesca, quando nos damos conta de
que a nossa sociedade prega a “glamourização da exaustão”.
Quanto mais atarefado você for, quanto menos horas você dormir, quanto menos tempo você
tiver para dedicar a si mesmo e as pessoas que você ama, mais “guerreiro” você é, mais
“sucesso” você tem. Porque sim, muita gente acredita que você precisa sofrer e sacrificar tudo
e todos, para simplesmente “chegar lá”. Mas o problema é que muitas pessoas passam a vida
inseridas nesse sistema, sem ao mesmo se questionar aonde elas querem chegar. E no final
das contas, muitas percebem que não chegaram a lugar algum.
E o pior de tudo: não há recomo recuperar o tempo. Por isso, precisamos aprender a fazer
bom uso dele. Nossas prioridades definem quem somos.
Nós não damos conta de tudo, o tempo todo. Ou pelo menos, não por muito tempo.
Eu passei alguns anos da minha vida, durante a faculdade, dormindo em média 3-4 horas por
noite. Porque eu morava longe da faculdade, demorava quase 2 horas para ir + 2 horas para
voltar, pegava em torno de 7 ônibus por dia. Eu trabalhava, eu fazia estágio da faculdade, e eu
não sei como fazia, mas fazia um monte de coisas ao mesmo tempo. E eu vivia exausta. Foi
uma rotina exaustiva, física e mentalmente. Não sei como consegui passar anos naquele
ritmo. Mas eu aguentei. Porque eu tinha uma finalidade.
E eu acho que isso é importante: a clareza dos seus objetivos. Toda a decisão que você toma,
implica em renúncias. Automaticamente, quando você decide ir por um caminho, você deixa
vários outros para trás.
E essa ponderação é que a mais difícil. O que é mais importante? O que é prioridade? Quais
são os reais objetivos? Aonde você quer chegar? Até onde você pode ir?
Eu trouxe o meu exemplo pessoal, para estampar que por vezes, você precisa fazer o que é
necessário, até que você possa fazer o que você realmente quer. Você utiliza os meios que
você tem ao seu alcance, para atingir um objetivo. Foi o que eu fiz. Mas não, eu não estava me
sentindo bem naquele ritmo. Eu não estava satisfeita com aquilo. E hoje a minha rotina não é
mais aquela. O meu ritmo desacelerou. Eu consigo pensar melhor, consigo sentir melhor,
minha criatividade é outra, minha saúde melhorou. Enfim, os benefícios de não estar mais
exausta daquela forma são inúmeros. Mas eu sei tem gente que me admirava mais naquela
época, quando eu vivia em um ritmo frenético e estava à beira de um colapso.
É assustador pra muita gente, quase uma afronta, alguém nos dias de hoje dizer que está
tranquilo, calmo e realmente agir como tal. É assustador pensar em algum sujeito qualquer, na
fila de um banco, por exemplo, sem pressa, aproveitando o momento para conversar com
pessoas, observar, interagir. É assustador alguém que curte o presente, que “saboreia” cada
momento. Eu sei. Eu entendo. Eu mesma já ouvi de alguém próximo que “eu sou muito
presente”. E isso assusta. Se você não acredita, comece a analisar as pessoas a sua volta e a
você mesmo. Desacelere por alguns instantes e perceba os efeitos disso. Em você, e nos
outros.
O “normal” é estar preocupado, exausto, estressado, nervoso, mal humorado, rabugento. O
normal é reclamar, achar que a vida dos outros é melhor do que a sua porque você acredita no
que as pessoas estampam nas redes sociais. Esse é o “normal”. Só que não, não é! Não se
conforme se isso te causa estranheza!
A vida é mais do que pagar boletos, sobreviver e criar sintomas
A grande dificuldade, a meu ver, quando estamos inseridos em um sistema caótico que tenta
nos levar, a todo o instante, para o abismo, é não conseguir enxergar fora desse sistema
porque todas as nossas forças já estão esgotadas e porque com a exaustão, nossos olhos
ficam vendados.
Este sistema que nos deixa exauridos, uma hora ou outra, nos adoece. Ficamos abalados
emocionalmente, revertemos nosso cansaço e nossa exaustão em sintomas, e este é só o
começo do desandar das coisas.
Entramos na tão famosa “estafa”, ficamos frente a frente com a Síndrome de Burnout e depois
de chegarmos ao fundo do poço, muitas vezes, o sistema (por ex, uma empresa) na qual
estávamos inseridos nos considera inaptos ou incapazes, e já não somos mais uma boa opção
para fazer parte daquele ambiente ou daquela equipe.
E o resultado disso tudo é que muitas vezes somos “chutados”, na maior frieza, porque o
sistema não é feito para ver sujeitos com limitações, indivíduos portadores de necessidades,
seres humanos, ele é criado e baseado em números, em produtividade e resultados, e não
importam muito os meios para atingi-los (e nem os protagonistas desta trajetória).
Esta não é a regra, mas é uma realidade frequente. E eu te convido a fazer uma breve reflexão:
Você já parou para pensar como você se sente, frente à sua própria vida? Você sente que
ainda possui as rédeas, ou já se deixou levar pela maré há muito tempo? Para onde estão indo
os seus dons? A sua criatividade? Se você não estivesse fazendo o que está fazendo hoje,
qual seria uma opção prazerosa para você? O que te impede de tirar a venda dos seus olhos e
seguir os seus sonhos? Você se sente satisfeito com as decisões que tem tomado e com as
escolhas que tem feito?
Você não precisa responder todas estas perguntas. E eu também não estou aqui para te dar
fórmulas ou respostas prontas. Mas eu quero te fazer pensar, e é muito importante você se
questionar sempre! Questione!
Jóice Bruxel
Psicóloga CRP-08/25350
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