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Como ele abala as defesas do


O conceito de que
Graças aos avanços revolucionários na medicina, em especial nas últi-
o estresse está relacionado mas décadas, e às estratégias de saúde pública, as
ao enfraquecimento doenças que hoje afligem boa parte da humanidade são
das defesas imunológicas bem diferentes das que eram comuns há um século: não
temos que nos preocupar com doenças infecciosas
é bastante conhecido.
(exceto Aids e tuberculose) ou com doenças relaciona-
O ressurgimento do herpes das à falta de higiene ou à nutrição inadequada.
labial, por exemplo, As doenças que atingem o ser humano agora são
é com freqüência associado aquelas caracterizadas pelo acúmulo lento e progres-
sivo de danos, como as doenças cardiovasculares, o
a essa condição.
câncer e os derrames. Embora não seja agradável morrer
E quem nunca ficou de qualquer dessas doenças, elas certamente represen-
gripado após um período tam uma grande mudança em relação à possibilidade de
de intenso estresse? falecer antes dos 30 anos devido a uma doença infec-
ciosa, como aconteceu, por exemplo, com a peste negra,
Pesquisas recentes
que dizimou milhões de pessoas na Idade Média.
no ramo da Acompanhando essa alteração no padrão de doenças,
psiconeuroimunologia surgiram mudanças na maneira como as percebemos.
estão fornecendo algumas Entendemos, em especial, que o estresse – quadro de
distúrbios físicos e emocionais provocado por diferen-
explicações sobre as vias
tes tipos de fatores que alteram o equilíbrio interno do
pelas quais o estresse organismo – pode nos tornar doentes. Uma mudança na
afeta o sistema medicina foi o entendimento de que muitas das doenças
imunológico, modulando de acúmulo de danos podem ser causadas ou agravadas
pelo estresse (ver ‘O estresse e as doenças’ em CH no 99).
as respostas de defesa
Um dos primeiros cientistas a demonstrar experi-
do organismo. mentalmente a ligação do estresse com o enfraqueci-
mento do sistema imunológico foi o microbiólogo fran-
cês Louis Pasteur (1822-1895). Em estudo pioneiro, no
final do século 19, ele observou que galinhas expostas a
condições estressantes eram mais suscetíveis a infecções
bacterianas (bacilos de antraz) que galinhas não estres-
Moisés Evandro Bauer sadas. Desde então, o estresse é tido como um fator de
Instituto de Pesquisas Biomédicas risco para inúmeras patologias que afligem as socieda-
e Faculdade de Biociências, des humanas (figura 1).
Pontifícia Universidade Católica De acordo com dados da Organização Mundial da
do Rio Grande do Sul Saúde, o estresse afeta mais de 90% da população mun- 4

2200 •• CCIIÊÊNNCCIIAA HHOOJJEE •• vvooll.. 3300 •• nnºº 117799


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Doenças associadas
ao estresse crônico
Patologias
cardiovasculares
(arteriosclerose, derrames)

Metabólicas

corpo?
(diabetes insulino-resistente ou tipo 2)

Gastrointestinais
(úlceras, colite)

Distúrbios
do crescimento
(nanismo psicogênico,
aumento do risco de osteoporose)

Reprodutivas
(impotência, amenorréia,
aborto espontâneo)

Infecciosas
(herpes labial, gripes e resfriados)
Figura 1.
Diversos
estudos já Reumáticas
revelam uma (lúpus, artrite reumatóide)
associação
entre o
estresse Câncer
crônico
e muitas
doenças, entre Depressão
elas o câncer

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Figura 2. O estresse ativa o eixo


hipotálamo-hipófise-adrenal:
a hipófise anterior libera
o hormônio ACTH, que induz
a liberação de cortisol – principal
hormônio regulador do sistema
imunológico – pelo córtex
das glândulas adrenais

doenças degenerativas (como o


mal de Alzheimer, que causa de-
mência) e outros.
(Supr a-
(Supra- Um terceiro tipo de estressor
r enais) pode ainda ser considerado: as
infecções. Vírus, bactérias, fun-
gos ou parasitas que infectam o
ser humano induzem a liberação
de citocinas (proteínas com ação
regulatória) pelos macrófagos, os
• distribui leucócitos pelos tecidos
glóbulos brancos (células san-
• diminui proliferação linfocitária güíneas) especializados na des-
• diminui fagocitose
• altera produção de citocinas truição, por fagocitose, de qual-
• reduz produção de anticorpos
• reduz atividade natural killer quer invasor do organismo. As
citocinas, por sua vez, ativam um
importante mecanismo endócri-
dial e é considerado uma epidemia global que não no (hormonal) de controle do sistema imunológico.
mostra sua verdadeira fisionomia. Na verdade, se- A reação do organismo aos agentes estressores
quer é uma doença em si: é uma forma de adaptação tem um propósito evolutivo. É em essência uma
e proteção do corpo contra agentes externos ou resposta ao perigo, que Selye dividiu em três está-
internos. gios. No primeiro estágio (‘alarme’), o corpo reco-
nhece o estressor e ativa o sistema neuroendócrino.
As glândulas adrenais, ou supra-renais, passam
A RESPOSTA FISIOLÓGICA AO EST R E S S E então a produzir e liberar os hormônios do estresse
(adrenalina, noradrenalina e cortisol), que aceleram
O célebre endocrinologista canadense Hans Selye o batimento cardíaco, dilatam as pupilas, aumen-
(1907-1982) foi o primeiro a formular o conceito de tam a sudorese e os níveis de açúcar no sangue,
estresse. Ele observou que organismos diferentes reduzem a digestão (e ainda o crescimento e o in-
apresentam um mesmo padrão de resposta fisiológi- teresse pelo sexo), contraem o baço (que expulsa
ca para uma série de experiências sensoriais ou psi- mais hemácias, ou glóbulos vermelhos, para a circu-
cológicas que têm efeitos nocivos em órgãos, tecidos lação sangüínea, o que amplia o fornecimento de
ou processos metabólicos (ou são percebidas pela oxigênio aos tecidos) e causa imunossupressão (ou
mente como perigosas ou nocivas). Tais experiên- seja, redução das defesas do organismo).
cias são, portanto, descritas como ‘estressoras’. A função dessa resposta fisiológica é preparar o
Estressores sensoriais ou físicos envolvem um organismo para a ação, que pode ser de ‘luta’ ou
contato direto com o organismo. Estariam incluídos ‘fuga’ ao estresse. Uma gazela atacada por um leão
nesse caso subir escadas, correr uma maratona, na savana africana precisa exatamente dessas alte-
sofrer mudanças de temperatura (calor ou frio em rações orgânicas para tentar sobreviver nos minutos
excesso), fazer vôo livre ou bungee jumping etc. Já o seguintes.
estresse psicológico acontece quando o sistema ner- No segundo estágio (‘adaptação’), o organismo
voso central é ativado através de mecanismos pu- repara os danos causados pela reação de alarme,
ramente cognitivos (que envolvem a mente), sem reduzindo os níveis hormonais. No entanto, se o
qualquer contato com o organismo. Exemplos de estresse continua, o terceiro estágio (‘exaustão’) co-
estresse psicológico são brigar com o cônjuge, falar meça e pode provocar o surgimento de uma doen-
em público, vivenciar luto, mudar de residência, ça associada à condição estressante. O estresse agu-
fazer exames na escola, cuidar de parentes com do repetido inúmeras vezes pode, por essa razão,

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trazer conseqüências desagradáveis, incluindo gração temporária de leucócitos do sangue para os


disfunção das defesas imunológicas. De modo geral, tecidos ou vice-versa. Essa migração é coordenada
pode-se afirmar que o organismo humano está mui- através da ligação dessas substâncias a moléculas
to bem adaptado para lidar com estresse agudo, se de adesão celular, presentes na superfície dos leu-
ele não ocorre com muita freqüência. Mas quando cócitos e dos vasos sangüíneos.
essa condição se torna repetitiva ou crônica, seus A migração, a distribuição e a localização dos
efeitos se multiplicam em cascata, desgastando se- leucócitos no organismo são de extrema importân-
riamente o organismo. cia para o desenvolvimento das respostas imuno-
lógicas. Estudos demonstraram que, durante a tera-
pia com glicocorticóides (ou no estresse crônico), os
COMO O EST R E S S E linfócitos migram para a medula óssea, talvez como
ALTERA O SISTEMA IMUNE? uma proteção contra os efeitos nocivos dos níveis
elevados de glicocorticóides circulantes.
O estresse está associado à liberação de hormônios Além disso, estudos recentes liderados pelo
que, além de alterar vários aspectos da fisiologia, endocrinologista norte-americano Bruce McEwen,
têm ainda um efeito modulador das defesas do da Universidade de Rockefeller, confirmaram que,
organismo. Em humanos, o principal hormônio durante o estresse psicológico em ratos, os linfóci-
com essas funções é o cortisol (glicocorticóide). tos migram para a pele, onde se tornam ativos. Esse
Os níveis de cortisol no sangue aumentam dras- mecanismo deve ter um propósito evolutivo, já que
ticamente após a ativação do eixo hipotálamo- a pele é uma importante barreira às infecções. O
hipófise-adrenal, que ocorre durante o estresse e a estresse, portanto, poderia aumentar as defesas, mo-
depressão clínica (figura 2). Esse hormônio então bilizando mais soldados (linfócitos) para um cam-
liga-se a receptores presentes no interior dos leucó- po de batalha importante no processo de luta ou
citos (glóbulos brancos), ocasionando, na maioria fuga ao estressor. Novamente, podemos citar o exem-
dos casos, uma imunossupressão. plo da gazela fugindo do leão faminto: o animal po-
Um dos efeitos bem conhecidos do cortisol, tanto de se ferir na fuga e, acumulando mais linfócitos
durante o estresse quanto no caso do uso terapêuti- em sua pele, ampliaria as chances de combater as
co dos glicocorticóides sintéticos, é a regulação da infecções nesse tecido.
migração dos leucócitos pelos tecidos do corpo (fi- Os hormônios do estresse também alteram várias
gura 3). Após o estresse, por exemplo, ocorre um funções dos linfócitos. Quando uma infecção se
aumento expressivo do número sangüíneo de instala, essas células de defesa têm, por exemplo, a
neutrófilos (leucócitos envolvidos na resposta in- capacidade de se multiplicar, o que aumenta as
flamatória) e uma redução importante na contagem chances de remover o agente infeccioso. Diversos
de linfócitos (leucócitos envolvidos na fase regula- estudos têm demonstrado que o estresse crônico
dora e disparadora da resposta imune). Entre os diminui a proliferação linfocitária, o que também
linfócitos, porém, verifica-se um aumento impor- acontece na depressão clínica. 4
tante na contagem de células na-
tural killer, que vigiam contra o
surgimento de tumores e comba- P ar ede do vvaso
arede aso sangüíneo
tem infecções virais.
É importante salientar que as
mudanças no número dessas cé-
lulas na circulação decorrem da
ação do cortisol e da noradre-
nalina, que promovem uma mi-

Figura 3. Durante o estresse


ou o tratamento com glicocorticóides,
há uma redução temporária
do número de linfócitos e aumento
do de neutrófilos e células natural
killer no sangue – os linfócitos
parecem migrar para
a medula óssea e a pele
(tecido em que permanecem ativados)

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A B

100 x 100 x

Um grupo-modelo para estudos sobre o estresse apresentam níveis elevados de cortisol, em compa-
crônico em humanos é o dos caregivers – pessoas que ração com indivíduos não-estressados, confirmando
cuidam de cônjuges com demência (como no caso do o papel dos glicocorticóides na regulação das defe-
mal de Alzheimer). Essa é uma tarefa árdua, que exige sas do organismo. Também foi constatado que o
atenção nas 24 horas do dia, e na qual o indivíduo estresse crônico pode induzir, em indivíduos sub-
percebe a lenta desintegração do paciente. metidos a ele, um quadro endócrino característico
Pesquisa com caregivers desenvolvida pelo autor de pacientes com depressão: pode causar resistên-
deste artigo na Universidade de Bristol (Inglaterra) cia adquirida aos glicocorticóides, através da redu-
demonstrou o impacto do estresse crônico sobre o ção da sensibilidade do cérebro para detectar a
sistema imunológico de idosos sadios. Linfócitos de presença dessas substâncias no sangue.
caregivers de pacientes com Alzheimer apresenta- O estudo com caregivers mostrou ainda que lin-
vam reduzida proliferação in vitro, quando estimu- fócitos de pessoas cronicamente estressadas são
lados com fito-hemaglutinina (lectina extraída do resistentes ao tratamento in vitro com glicocorti-
feijão vermelho), em comparação com linfócitos de cóides, comparados com os de indivíduos do grupo-
outros idosos sadios e não estressados, usados como controle. Tal achado é relevante, já que glicocorti-
grupo-controle (figura 4). Essa redução na capacida- cóides sintéticos são amplamente usados para con-
de dos linfócitos de se multiplicar (através de mitose) trolar a resposta inflamatória em casos de asma e de
foi associada a uma redução na produção de in- doenças auto-imunes (como lúpus e artrite reuma-
terleucina-2, uma citocina importante, liberada por tóide). O tratamento, portanto, será prejudicado se
um tipo determinado de glóbulo branco (as células os linfócitos tornarem-se insensíveis à medicação.
T) e capaz de ativar e induzir a proliferação celular. Além disso, os hormônios do estresse, quando este
O estresse também altera a resposta humoral é crônico, atuam nas células adiposas dos tecidos,
do sistema imunológico. Essa resposta é a produção tornando-as menos sensíveis à insulina – podendo
de anticorpos e proteínas do complemento (grupo promover resistência à insulina, que leva ao diabe-
de proteínas da circulação que, ativadas por fato- tes do tipo 2 (insulino-resistente). Não se sabe ain-
res imunológicos ou certas substâncias invasoras, da se o estresse está associado a outras formas de
tornam-se enzimas e induzem reações de defesa). resistência a medicamentos.
Estudo liderado pela neuroendocrinologista Nola Além disso, o estresse psicológico e a depressão
Shanks, também em Bristol, demonstrou que os clínica reduzem a destruição de células tumorais
caregivers têm uma baixa resposta clínica na pro- realizada por células natural killer. Pesquisas do
dução de anticorpos contra a vacinação para in- psiquiatra gaúcho Gabriel Gauer, da Pontifícia Uni-
fluenza (um dos vários tipos de vírus da gripe). Es- versidade Católica do Rio Grande do Sul, demons-
se resultado indica que em indivíduos cronicamen- traram que pacientes com maiores níveis de de-
te estressados o risco de desenvolvimento de doen- pressão apresentam déficit da atividade natural
ças infecciosas aumenta, em especial nos idosos killer. A redução da resposta celular pode explicar
que já têm suas defesas debilitadas. a maior incidência de câncer e de doenças virais
Além disso, o estudo verificou que essas pessoas nesses pacientes.

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Figura 4. Avaliação (em laboratório)


C da proliferação de linfócitos em idosos
que cuidam de cônjuges com Alzheimer
(situação de estresse crônico):
as imagens mostram linfócitos em cultura
sem estímulo (em A) e linfócitos
– células T – estimulados com a lectina
fito-hemaglutinina diferenciados em
blastos e formando grumos de
proliferação (em B), e o gráfico revela a
redução da proliferação de células T
nessas pessoas, em comparação
com idosos não-estressados (em C)

pelo vírus HIV), e permitem explicar


por que o estresse crônico piora o
Fito-hemaglutinina (mg/ml) curso clínico dessa doença. O estresse
psicológico também aumenta a sus-
ceptibilidade de camundongos (co-
baias freqüentes em pesquisas) à in-
O estresse e a depressão também levam a mudan- fecção com bactérias causadoras da tuberculose.
Sugestões
ças de comportamento que podem alterar o sistema Isso poderia explicar o aumento da incidência da para leitura
imunológico. Por exemplo: os sintomas relaciona- tuberculose nas populações humanas modernas,
dos com a depressão, como anorexia, desnutrição e cada vez mais estressadas. ADER, R., FELTEN, D.
& COHEN, N. (ed.)
insônia, podem afetar o funcionamento das nossas O estresse vem sendo apontado como fator de Psychoneuro-
defesas. Dessa maneira, a mudança de comporta- risco para o desenvolvimento do câncer e a progres- immunology,
San Diego,
mento deve ser reconhecida como um importante são da doença. Estudos com animais de laboratório Academic Press,
fator em nossa relação com o sistema imunológico. demonstraram que essa condição acelera o cresci- 2001.
BAUER, M. et al.
mento de vários tumores. Também já foi verificado
‘Chronic stress
que pacientes com câncer com acompanhamento in caregivers of
EST R E S S E CRÔNICO COMO FATOR DE RISCO psicoterápico ou apoio social têm maior expectativa dementia patients
is associated with
de vida. A relação do estado psicológico do paciente reduced lymphocyte
Várias pesquisas têm relacionado o estresse crônico com a reação ao tratamento, e com a resposta imune, sensitivity to
glucocorticoids’,
com uma diminuição das defesas do organismo, vem sendo investigada no Laboratório de Imunor- in Journal of
levando ao desenvolvimento de doenças (câncer e reumatologia do Instituto de Pesquisas Biomédicas Neuroimmunology,
outras) e de reações alérgicas e ao aumento da da PUC-RS. v. 103, p. 84,
2000.
susceptibilidade a infecções como herpes, gripe e O estresse psicológico é, de modo geral, um fator McEWEN, B. et al.,
resfriado. Pesquisas do psicólogo norte-americano de risco importante para o desenvolvimento de ‘The role
of adrenocorticoids
Sheldon Cohen, da Universidade Carnegie Mellon, inúmeras doenças. Nesse aspecto, um mistério a ser as modulators
empregando voluntários que receberam uma dose explicado é por que alguns indivíduos convivem of immune function
padrão do vírus do resfriado, comprovaram que melhor com o estresse do que outros. Talvez isso in health and disease:
neural, endocrine and
pessoas expostas ao estresse simultaneamente à esteja relacionado com fatores genéticos ou sociais. immune interactions’,
infecção tinham mais partículas virais na circula- De qualquer forma, essas pessoas são uma dica viva in Brain Research
Reviews,
ção e secretavam mais muco que os indivíduos não- para aprendermos a conviver melhor com o estresse v. 23, p. 79,
estressados. e a sofrer menos as suas conseqüências. 1997.
SAPOLSKY, R. Why
Foi também investigado – pelo imunologista Ro- Mais de um século após os experimentos pio-
zebras don’t get
nald Glaser, da Universidade de Ohio (Estados Uni- neiros de Pasteur, a área de pesquisa interdiscipli- ulcers, Nova Iorque,
dos) – que estudantes de medicina vacinados contra nar psiconeuroimunologia começa a vislumbrar W. H. Freeman,
1998.
o vírus da hepatite durante seus exames finais não os mecanismos celulares e moleculares que tornam VEDHARA, K. et al.
desenvolveram uma proteção completa contra essa o organismo mais vulnerável às doenças. Agora, ‘Chronic stress
in elderly carers of
doença. Tais achados têm importantes implicações no ínício do novo milênio, a ciência começa a re- dementia patients
para as campanhas de imunização, já que pessoas conhecer que os sistemas nervoso, endócrino e and antibody
vacinadas durante períodos de estresse podem não imunológico estão mais interligados do que se pen- response to
influenza
desenvolver uma proteção de anticorpos completa. sava antes. No entanto, ainda estamos vendo apenas vaccination’,
Estudos com animais sugerem que os mecanis- a ponta do iceberg, e precisaremos ainda de muitas in Lancet,
v. 353, p. 627,
mos neuroendócrinos também podem estar envol- pesquisas para compreender uma questão intrigan- 1999.
vidos em outras infecções, inclusive Aids (causada te: por que adoecemos? n

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