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L/M “BRITA DO MAR”. Colisão do hélice contra laje submersa. Erro de manobra
e de navegação. Condenação.
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Redonda.
Com base nessas provas o encarregado do IAFN destacou que a lancha era dotada
de sonar e GPS e mesmo assim não foi possível evitar a colisão, afirmando que a causa
determinante do acidente da navegação teria sido a imprudência e a falha de vigilância na
condução da embarcação, apontando como possível responsável o ARA Maurício Silva da Costa
por realizar a aproximação das pedras sem observar as peculiaridades da ilha e sem levar em
consideração as consequências previsíveis das condições adversas das ondas, considerando sua
atitude como imprudente.
O Sr. Maurício Silva da Costa foi notificado do resultado do IAFN e apresentou
defesa prévia, afirmando em resumo que não agiu com imprudência e nem falhou na vigilância,
informando ainda que o mar estava calmo, sem ondas em sequência, tendo a colisão ocorrido por
uma fatalidade.
Os autos foram remetidos ao Tribunal Marítimo que os encaminhou à PEM, que
ofereceu Representação em face de Maurício Silva da Costa, na qualidade de condutor da lancha
a motor “BRITA DO MAR”, com fulcro no artigo 14, alínea “a”, da Lei nº 2.180/54.
Depois de resumir os principais fatos narrados no inquérito, a PEM concluiu que o
representado deve ser responsabilizado por sua conduta imprudente, eis que realizou a
aproximação sem observar as peculiaridades da ilha Pargueira e sem levar em consideração as
consequências previsíveis em função das condições adversas das ondas. Disse que ele teria sido
negligente ao deixar de observar a regra 5, do RIPEAM, pois faltou com o dever de atenção e
vigilância na condução da lancha sinistrada. Pediu sua condenação nas penas da Lei e ao
pagamento das custas processuais.
A representação foi analisada na Sessão Ordinária do dia 28 de julho de 2015 e o
Tribunal Marítimo reunido resolveu acatar a recomendação do Juiz Revisor no sentido de que os
autos fossem devolvidos à Douta PEM para que essa emendasse a inicial, uma vez que o
acidente foi uma colisão e a fundamentação legal utilizada seria o RIPEAM, regras que tratam de
Abalroamentos.
A PEM, assim, reapresentou a inicial fundamentando seu pedido na afirmação de
que o representado teria sido negligente e imprudente ao faltar com o dever de atenção e
vigilância na condução da lancha, incorrendo em erro de navegação por se aproximar da ilha sem
observar suas particularidades e as consequências previsíveis das ondas. Pediu sua condenação
nas penas da Lei e ao pagamento das custas processuais.
A nova peça foi recebida pelo Tribunal Marítimo na Sessão Ordinária do dia 10 de
outubro de 2015, o representado foi citado pela via postal e apresentou contestação escrita e
tempestiva, firmada por advogado devidamente constituído.
A contestação afirma que o representado é navegador e pescador amador experiente
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e a modalidade de pesca de “rapala” obriga a navegar com a lancha a uma distância de
aproximadamente 15m de distância da ilha para que a isca atraia os peixes ali escondidos, o que
demonstraria ser impossível que o acidente fosse resultado da imprudência do condutor em
navegar muito próximo da ilha. Destacou que ao contornarem a ilha e aproarem para a ilha
Redonda uma onda os teria atingido pela proa, fazendo com que a popa se chocasse com o
fundo, o que seria uma fatalidade sem relação qualquer com atos de imprudência ou de
negligência na vigilância. Ressaltou que estava atento à navegação, com todos seus sentidos
alertas, seguindo a orientação dos equipamentos de navegação, sendo a colisão inesperada e
impossível de evitar, uma vez que o estado do mar era calmo e a onda surgiu de repente. Pediu
para ser exculpado.
Aberta a instrução a PEM afirmou que não faria novas provas e o representado
pediu para ouvir uma testemunha, mas no dia marcado para a audiência não compareceram o
representado, sua advogada, nem a testemunha, encerrando-se a fase de instrução.
Em alegações finais a PEM reportou-se à inicial e o representado nada disse.
É o relatório.
Decide-se:
A PEM acusou o representado de ter sido negligente e imprudente ao faltar com o
dever de atenção e vigilância na condução da lancha, incorrendo em erro de navegação por se
aproximar da ilha sem observar suas particularidades e as consequências previsíveis das ondas.
Em sua defesa o representado afirmou que o mar estava calmo e uma onda
inesperada os atingiu pela proa, fazendo com que a popa atingisse uma laje submersa.
A tese da defesa não pode ser acatada e a representação deve ser julgada
procedente.
A pesca de “rapala” obriga uma navegação muito próxima das pedras e, conforme
de depreende da narrativa do acidente por parte das duas pessoas ouvidas durante o inquérito,
sendo uma delas o próprio representado, quando aproaram para seguir para a ilha Redonda uma
onda forçou a proa para o alto, fazendo com que o hélice e a rabeta atingissem uma laje
submersa. Fica evidente por esse relato que o representado aproou sua lancha para a ilha redonda
enquanto ainda passava sobre a laje da ilha Pargueira, pois se estivesse alguns metros mais
aberto antes de guinar, poderia até se chocar contra a onda pela proa, mas não atingiria a laje
submersa e não causaria, assim, o acidente. Foi um pequeno erro de cálculo quanto ao
posicionamento da lancha que provocou o acidente e não o choque com a onda, que não pode,
jamais, ser considerada inesperada. Nada é mais esperado no mar do que o vento e as ondas.
Desse modo, o acidente da navegação que se caracterizou pela colisão entre a popa
de uma lancha contra uma laje de pedras submersa, causando danos materiais na lancha, teve por
causa determinante um erro de navegação e de manobra por parte do condutor da lancha.
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Deve, assim, ser a representação julgada procedente, para responsabilizar o
representado pelo acidente da navegação.
Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à natureza
e extensão do acidente da navegação: colisão do hélice de uma lancha contra uma laje submersa,
causando danos materiais na lancha; b) quanto à causa determinante: erro de navegação e de
manobra; e c) decisão: julgar o acidente da navegação constante do art. 14, alínea “a” como
decorrente da imperícia do representado, ARA Maurício Silva da Costa, condenando-o à pena de
repreensão e ao pagamento das custas processuais, com fulcro no art. 121, inciso, I, c/c art. 124,
inciso I, todos os artigos da Lei nº 2.180/54.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 14 de novembro de 2017.
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COMANDO DA MARINHA
c=BR, st=RJ, l=RIO DE JANEIRO, o=ICP-Brasil, ou=Pessoa Juridica A3, ou=ARSERPRO, ou=Autoridade Certificadora SERPROACF, cn=COMANDO DA MARINHA
2018.03.14 10:56:14 -03'00'