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OAB PRIMEIRA FASE – XV

Direito Ambiental
Frederico Amado

MEIO AMBIENTE I - proteger, defender e conservar o meio


ambiente ecologicamente equilibrado,
Artigo 3º, I, da Lei 6.938/81, “o conjunto de promovendo gestão descentralizada,
condições, leis, influências e interações de democrática e eficiente;
ordem física, química e biológica, que permite, II - garantir o equilíbrio do desenvolvimento
abriga e rege a vida em todas as suas formas”. socioeconômico com a proteção do meio
MODALIDADES: natural, cultural, artificial e do ambiente, observando a dignidade da pessoa
trabalho. humana, a erradicação da pobreza e a redução
das desigualdades sociais e regionais;
DIREITO AMBIENTAL III - harmonizar as políticas e ações
administrativas para evitar a sobreposição de
Ramo do direito composto por princípios e atuação entre os entes federativos, de forma a
regras que regulam as condutas humanas que evitar conflitos de atribuições e garantir uma
afetem, potencial ou efetivamente, direta ou atuação administrativa eficiente;
indiretamente, o meio-ambiente, quer o natural, IV - garantir a uniformidade da política
o cultural, o do trabalho ou o artificial. ambiental para todo o País, respeitadas as
peculiaridades regionais e locais.
COMPETÊNCIAS MATERIAIS AMBIENTAIS
COMUNS Art. 4o Os entes federativos podem valer-se,
entre outros, dos seguintes instrumentos de
“Art. 23. É competência comum da União, dos cooperação institucional:
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: I - consórcios públicos, nos termos da
[...] legislação em vigor;
III – proteger os documentos, as obras e outros II - convênios, acordos de cooperação técnica
bens de valor histórico, artístico e cultural, os e outros instrumentos similares com órgãos e
monumentos, as paisagens naturais notáveis e entidades do Poder Público, respeitado o art.
os sítios arqueológicos; 241 da Constituição Federal (Art. 241. A União,
IV - impedir a evasão, a destruição e a os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
descaracterização de obras de arte e de outros disciplinarão por meio de lei os consórcios
bens de valor histórico, artístico e cultural; públicos e os convênios de cooperação entre
VI – proteger o meio ambiente e combater a os entes federados, autorizando a gestão
poluição em qualquer de suas formas; associada de serviços públicos, bem como a
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora; transferência total ou parcial de encargos,
[...] serviços, pessoal e bens essenciais à
XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as continuidade dos serviços transferidos);
concessões de direitos de pesquisa e III - Comissão Tripartite Nacional, Comissões
exploração de recursos hídricos e minerais em Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite do
seus territórios”. Distrito Federal;
Parágrafo único. Leis complementares fixarão § 2o A Comissão Tripartite Nacional será
normas para a cooperação entre a União e os formada, paritariamente, por representantes
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, dos Poderes Executivos da União, dos
tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
e do bem-estar em âmbito nacional. com o objetivo de fomentar a gestão ambiental
compartilhada e descentralizada entre os entes
LEI COMPLEMENTAR 140/2011 federativos.
§ 3o As Comissões Tripartites Estaduais serão
Art. 3o Constituem objetivos fundamentais da formadas, paritariamente, por representantes
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos dos Poderes Executivos da União, dos Estados
Municípios, no exercício da competência e dos Municípios, com o objetivo de fomentar a
comum a que se refere esta Lei Complementar: gestão ambiental compartilhada e
descentralizada entre os entes federativos.
§ 4o A Comissão Bipartite do Distrito Federal
será formada, paritariamente, por

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representantes dos Poderes Executivos da a) toda atividade nuclear em território nacional


União e do Distrito Federal, com o objetivo de somente será admitida para fins pacíficos e
fomentar a gestão ambiental compartilhada e mediante aprovação do Congresso Nacional;
descentralizada entre esses entes federativos. b) sob regime de permissão, são autorizadas a
IV - fundos públicos e privados e outros comercialização e a utilização de radioisótopos
instrumentos econômicos; para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e
V - delegação de atribuições de um ente industriais;
federativo a outro, respeitados os requisitos c) sob regime de permissão, são autorizadas a
previstos nesta Lei Complementar; produção, comercialização e utilização de
VI - delegação da execução de ações radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a
administrativas de um ente federativo a outro, duas horas;
respeitados os requisitos previstos nesta Lei d) a responsabilidade civil por danos nucleares
Complementar. independe da existência de culpa;”

Art. 5o O ente federativo poderá delegar, COMPETÊNCIAS MATERIAIS AMBIENTAIS


mediante convênio, a execução de ações MUNICÍPIOS
administrativas a ele atribuídas nesta Lei
Complementar, desde que o ente destinatário Art. 30. Compete aos Municípios:
da delegação disponha de órgão ambiental VIII - promover, no que couber, adequado
capacitado a executar as ações administrativas ordenamento territorial, mediante planejamento
a serem delegadas e de conselho de meio e controle do uso, do parcelamento e da
ambiente. ocupação do solo urbano;
Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental IX - promover a proteção do patrimônio
capacitado, para os efeitos do disposto no histórico-cultural local, observada a legislação
caput, aquele que possui técnicos próprios ou e a ação fiscalizadora federal e estadual.
em consórcio, devidamente habilitados e em
número compatível com a demanda das ações COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
administrativas a serem delegadas. AMBIENTAIS CONCORRENTES

COMPETÊNCIAS MATERIAIS AMBIENTAIS “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao


EXCLUSIVAS DA UNIÃO Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
“Art. 21. Compete à União: VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação
[...] da natureza, defesa do solo e dos recursos
IX - elaborar e executar planos nacionais e naturais, proteção do meio ambiente e controle
regionais de ordenação do território e de da poluição;
desenvolvimento econômico e social; VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural,
[...] artístico, turístico e paisagístico;
XIX - instituir sistema nacional de VIII – responsabilidade por dano ao meio
gerenciamento de recursos hídricos e definir ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
critérios de outorga de direitos de seu uso; valor artístico, estético, histórico, turístico e
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento paisagístico”.
urbano, inclusive habitação, saneamento § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a
básico e transportes urbanos; competência da União limitar-se-á a
XXIII - explorar os serviços e instalações estabelecer normas gerais.
nucleares de qualquer natureza e exercer § 2º - A competência da União para legislar
monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o sobre normas gerais não exclui a competência
enriquecimento e reprocessamento, a suplementar dos Estados.
industrialização e o comércio de minérios § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas
nucleares e seus derivados, atendidos os gerais, os Estados exercerão a competência
seguintes princípios e condições: legislativa plena, para atender a suas
[...] peculiaridades.

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§ 4º - A superveniência de lei federal sobre 7. COOPERAÇÃO ENTRE OS POVOS;


normas gerais suspende a eficácia da lei 8. SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL OU
estadual, no que lhe for contrário. EQUIDADE;
9. NATUREZA PÚBLICA DA PROTEÇÃO
Art. 30. Compete aos Municípios: AMBIENTAL;
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 10. PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA OU
II - suplementar a legislação federal e a CIDADÃ;
estadual no que couber; 11. FUNÇÃO SOCIO-AMBIENTAL DA
Nesse sentido, o STJ, no REsp 29.299, 1.ª PROPRIEDADE;
Turma, de 28.09.1994: 12. INFORMAÇÃO;
“Constitucional. Meio ambiente. Legislação 13. LIMITE OU CONTROLE;
municipal supletiva. Possibilidade. 14. RESPONSABILIDADE COMUM, MAS
Atribuindo, a Constituição Federal, a DIFERENCIADA (INTERNACIONAL);
competência comum à União, aos Estados e 15. DO DIREITO AO MEIO AMBIENTE
aos Municípios para proteger o meio ambiente ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO;
e combater a poluição em qualquer de suas 16. DIREITO À SADIA QUALIDADE DE VIDA;
formas, cabe, aos Municípios, legislar 17. PROIBIÇÃO DO RETROCESSO
supletivamente sobre a proteção ambiental, na ECOLÓGICO;
esfera do interesse estritamente local. 18. MÍNIMO EXISTENCIAL ECOLÓGICO.
A legislação municipal, contudo, deve se
constringir a atender as características próprias Art 6º - Os órgãos e entidades da União, dos
do território em que as questões ambientais, Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e
por suas particularidades, não contêm o dos Municípios, bem como as fundações
disciplinamento consignado na lei federal ou instituídas pelo Poder Público, responsáveis
estadual. A legislação supletiva, como é pela proteção e melhoria da qualidade
cediço, não pode ineficacizar os efeitos da lei ambiental, constituirão o Sistema Nacional do
que pretende suplementar”. Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado:
I - órgão superior: o Conselho de Governo, com
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS PRIVATIVA a função de assessorar o Presidente da
DA UNIÃO República na formulação da política nacional e
nas diretrizes governamentais para o meio
Art. 22. Compete privativamente à União ambiente e os recursos ambientais;
legislar sobre: II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho
IV - águas, energia, informática, Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a
telecomunicações e radiodifusão; finalidade de assessorar, estudar e propor ao
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e Conselho de Governo, diretrizes de políticas
metalurgia; governamentais para o meio ambiente e os
XXVI - atividades nucleares de qualquer recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua
natureza; competência, sobre normas e padrões
Parágrafo único. Lei complementar poderá compatíveis com o meio ambiente
autorizar os Estados a legislar sobre questões ecologicamente equilibrado e essencial à sadia
específicas das matérias relacionadas neste qualidade de vida;
artigo. III - órgão central: a “Secretaria do Meio
Ambiente da Presidência da República”, com a
1. PREVENÇÃO; finalidade de planejar, coordenar, supervisionar
2. PRECAUÇÃO; e controlar, como órgão federal, a política
3. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL; nacional e as diretrizes governamentais fixadas
4. POLUIDOR-PAGADOR OU para o meio ambiente;
RESPONSABILIDADE; IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro do
5. USUÁRIO-PAGADOR; Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
6. PROTETOR-RECEBEDOR; Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade -
Instituto Chico Mendes, com a finalidade de

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executar e fazer executar a política e as VII - estabelecer normas, critérios e padrões


diretrizes governamentais fixadas para o meio relativos ao controle e à manutenção da
ambiente, de acordo com as respectivas qualidade do meio ambiente com vistas ao uso
competências; (Redação dada pela Lei nº racional dos recursos ambientais,
12.856, de 2013) principalmente os hídricos.
V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades
estaduais responsáveis pela execução de INSTRUMENTOS – PNMA
programas, projetos e pelo controle e
fiscalização de atividades capazes de provocar Art 9º - São instrumentos da Política Nacional
a degradação ambiental; do Meio Ambiente:
VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades I - o estabelecimento de padrões de qualidade
municipais, responsáveis pelo controle e ambiental;
fiscalização dessas atividades, nas suas É possível definir os padrões de qualidade
respectivas jurisdições; ambiental como o reflexo do estado ambiental
de determinado ou determinados recursos
COMPETÊNCIAS DO CONAMA – ART. 8 º ambientais, usualmente fixados numericamente
em normas ambientais lastreadas em
I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, fundamentos técnicos, com o objetivo de
normas e critérios para o licenciamento de manter o equilíbrio ambiental e a saúde
atividades efetiva ou potencialmente humana.
poluídoras, a ser concedido pelos Estados e II - o zoneamento ambiental (Decreto
supervisionado pelo IBAMA; 4.297/02);
II - determinar, quando julgar necessário, a Artigo 2.º, do Decreto 4.297/2002 - Instrumento
realização de estudos das alternativas e das de organização do território a ser
possíveis conseqüências ambientais de obrigatoriamente seguido na implantação de
projetos públicos ou privados, requisitando aos planos, obras e atividades públicas e privadas,
órgãos federais, estaduais e municipais, bem estabelecendo medidas e padrões de proteção
assim a entidades privadas, as informações ambiental destinados a assegurar a qualidade
indispensáveis para apreciação dos estudos de ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a
impacto ambiental, e respectivos relatórios, no conservação da biodiversidade, garantindo o
caso de obras ou atividades de significativa desenvolvimento sustentável e a melhoria das
degradação ambiental, especialmente nas condições de vida da população.
áreas consideradas patrimônio nacional.
III- Revogado (Lei 11941/09); De acordo com o artigo 3.º do regulamento, o
IV - homologar acordos visando à ZEE tem por objetivo geral organizar, de forma
transformação de penalidades pecuniárias na vinculada, as decisões dos agentes públicos e
obrigação de executar medidas de interesse privados quanto a planos, programas, projetos
para a proteção ambiental; e atividades que, direta ou indiretamente,
V - determinar, mediante representação do utilizem recursos naturais, assegurando a
IBAMA, a perda ou restrição de benefícios plena manutenção do capital e dos serviços
fiscais concedidos pelo Poder Público, em ambientais dos ecossistemas.
caráter geral ou condicional, e a perda ou
suspensão de participação em linhas de A competência para a promoção do
fiananciamento em estabelecimentos oficiais zoneamento ambiental foi tratada pela Lei
de crédito; Complementar 140/2011. Competirá à União,
VI - estabelecer, privativamente, normas e na forma do seu artigo 7º, inciso IX, elaborar o
padrões nacionais de controle da poluição por zoneamento ambiental de âmbito nacional e
veículos automotores, aeronaves e regional. Já aos estados terão a incumbência
embarcações, mediante audiência dos de elaborar o zoneamento ambiental de âmbito
Ministérios competentes; estadual, em conformidade com os
zoneamentos de âmbito nacional e regional.

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Contudo, inexiste previsão expressa na LC X - a instituição do Relatório de Qualidade do


140/2011 para que os municípios promovam Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente
zoneamentos ambientais locais, sendo apenas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
elencada a competência de elaborar o Plano Recursos Naturais Renováveis - IBAMA;
Diretor, observando os zoneamentos XI - a garantia da prestação de informações
ambientais (artigo 9º, inciso IX) relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o
III - a avaliação de impactos ambientais; Poder Público a produzi-las, quando
IV - o licenciamento e a revisão de atividades inexistentes;
efetiva ou potencialmente poluidoras; XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades
V - os incentivos à produção e instalação de potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos
equipamentos e a criação ou absorção de recursos ambientais.
tecnologia, voltados para a melhoria da Art. 17. Fica instituído, sob a administração do
qualidade ambiental; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
INSTRUMENTOS – PNMA Recursos Naturais Renováveis - IBAMA:
VI - a criação de espaços territoriais II - Cadastro Técnico Federal de Atividades
especialmente protegidos pelo Poder Público Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de
federal, estadual e municipal, tais como áreas Recursos Ambientais, para registro obrigatório
de proteção ambiental, de relevante interesse de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam
ecológico e reservas extrativistas; a atividades potencialmente poluidoras e/ou à
VII - o sistema nacional de informações sobre o extração, produção, transporte e
meio ambiente; comercialização de produtos potencialmente
perigosos ao meio ambiente, assim como de
NOVO CFLO - Art. 29. É criado o Cadastro produtos e subprodutos da fauna e flora.
Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema XIII - instrumentos econômicos, como
Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - concessão florestal, servidão ambiental, seguro
SINIMA, registro público eletrônico de âmbito ambiental e outros.
nacional, obrigatório para todos os imóveis Art. 9o-A. O proprietário ou possuidor de
rurais, com a finalidade de integrar as imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por
informações ambientais das propriedades e instrumento público ou particular ou por termo
posses rurais, compondo base de dados para administrativo firmado perante órgão integrante
controle, monitoramento, planejamento do Sisnama, limitar o uso de toda a sua
ambiental e econômico e combate ao propriedade ou de parte dela para preservar,
desmatamento. conservar ou recuperar os recursos ambientais
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades existentes, instituindo servidão ambiental.
e Instrumentos de Defesa Ambiental; (Redação dada pela Lei nº 12.651, de 2012).
Art. 17. Fica instituído, sob a administração do § 2o A servidão ambiental não se aplica às
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Áreas de Preservação Permanente e à
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA: Reserva Legal mínima exigida. (Redação dada
I - Cadastro Técnico Federal de Atividades e pela Lei nº 12.651, de 2012).
Instrumentos de Defesa Ambiental, para § 3o A restrição ao uso ou à exploração da
registro obrigatório de pessoas físicas ou vegetação da área sob servidão ambiental
jurídicas que se dedicam a consultoria técnica deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida
sobre problemas ecológicos e ambientais e à para a Reserva Legal. (Redação dada pela Lei
indústria e comércio de equipamentos, nº 12.651, de 2012).
aparelhos e instrumentos destinados ao Art. 9o-B. A servidão ambiental poderá ser
controle de atividades efetiva ou onerosa ou gratuita, temporária ou perpétua. §
potencialmente poluidoras; 1o O prazo mínimo da servidão ambiental
INSTRUMENTOS – PNMA temporária é de 15 (quinze) anos.
IX - as penalidades disciplinares ou LICENÇA AMBIENTAL
compensatórias ao não cumprimento das “Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental
medidas necessárias à preservação ou competente estabelece as condições,
correção da degradação restrições e medidas de controle ambiental que
ambiental. deverão ser obedecidas pelo empreendedor,

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pessoa física ou jurídica, para localizar, § 3o O disposto no caput deste artigo não
instalar, ampliar e operar empreendimentos ou impede o exercício pelos entes federativos da
atividades utilizadoras dos recursos ambientais atribuição comum de fiscalização da
consideradas efetiva ou potencialmente conformidade de empreendimentos e
poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, atividades efetiva ou potencialmente poluidores
possam causar degradação ambiental” (artigo ou utilizadores de recursos naturais com a
1º, inciso II, da Resolução CONAMA 237/97). legislação ambiental em vigor, prevalecendo o
LICENCIAMENTO AMBIENTAL auto de infração ambiental lavrado por órgão
“Procedimento administrativo pelo qual o órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou
ambiental competente licencia a localização, autorização a que se refere o caput.
instalação, ampliação e a operação de STJ - 3. O pacto federativo atribuiu
empreendimentos e atividades utilizadoras de competência aos quatro entes da federação
recursos ambientais, consideradas efetiva ou para proteger o meio ambiente através da
potencialmente poluidoras ou daquelas que, fiscalização.
sob qualquer forma, possam causar 4. A competência constitucional para fiscalizar
degradação ambiental, considerando as é comum aos órgãos do meio ambiente das
disposições legais e regulamentares e as diversas esferas da federação, inclusive o
normas técnicas aplicáveis ao caso” (artigo 1º, artigo 76 da Lei Federal n. 9.605/1998 prevê a
inciso I, da Resolução CONAMA 237/97). possibilidade de atuação concomitante dos
LC 140/2011 integrantes do SISNAMA.
Art. 2o Para os fins desta Lei Complementar, 5. Atividade desenvolvida com risco de dano
consideram-se: ambiental a bem da União pode ser fiscalizada
I - licenciamento ambiental: o procedimento pelo IBAMA, ainda que a competência para
administrativo destinado a licenciar atividades licenciar seja de outro ente federado. Agravo
ou empreendimentos utilizadores de recursos regimental provido” (AgRg no REsp
ambientais, efetiva ou potencialmente 711.405/PR, de 28.04.2009).
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de ESPÉCIES DE LICENÇA AMBIENTAL
causar degradação ambiental; Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua
LICENCIAMENTO E PODER DE POLÍCIA competência de controle, expedirá as seguintes
AMBIENTAL licenças:
Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase
licenciamento ou autorização, conforme o caso, preliminar do planejamento do
de um empreendimento ou atividade, lavrar empreendimento ou atividade aprovando sua
auto de infração ambiental e instaurar processo localização e concepção, atestando a
administrativo para a apuração de infrações à viabilidade ambiental e estabelecendo os
legislação ambiental cometidas pelo requisitos básicos e condicionantes a serem
empreendimento ou atividade licenciada ou atendidos nas próximas fases de sua
autorizada. implementação;
§ 1o Qualquer pessoa legalmente identificada, II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a
ao constatar infração ambiental decorrente de instalação do empreendimento ou atividade de
empreendimento ou atividade utilizadores de acordo com as especificações constantes dos
recursos ambientais, efetiva ou potencialmente planos, programas e projetos aprovados,
poluidores, pode dirigir representação ao órgão incluindo as medidas de controle ambiental e
a que se refere o caput, para efeito do demais condicionantes, da qual constituem
exercício de seu poder de polícia. motivo determinante;
§ 2o Nos casos de iminência ou ocorrência de III - Licença de Operação (LO) - autoriza a
degradação da qualidade ambiental, o ente operação da atividade ou empreendimento,
federativo que tiver conhecimento do fato após a verificação do efetivo cumprimento do
deverá determinar medidas para evitá-la, fazer que consta das licenças anteriores, com as
cessá-la ou mitigá-la, comunicando medidas de controle ambiental e
imediatamente ao órgão competente para as condicionantes determinados para a operação.
providências cabíveis. Art. 19 – O órgão ambiental competente,
mediante decisão motivada, poderá modificar

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os condicionantes e as medidas de controle e conselho de meio ambiente no Estado e no


adequação, suspender ou cancelar uma Município, a União deve desempenhar as
licença expedida, quando ocorrer: ações administrativas até a sua criação em um
I - Violação ou inadequação de quaisquer daqueles entes federativos.
condicionantes ou normas legais. Art. 16. A ação administrativa subsidiária dos
II - Omissão ou falsa descrição de informações entes federativos dar-se-á por meio de apoio
relevantes que subsidiaram a expedição da técnico, científico, administrativo ou financeiro,
licença. sem prejuízo de outras formas de cooperação.
III - superveniência de graves riscos ambientais Parágrafo único. A ação subsidiária deve ser
e de saúde. solicitada pelo ente originariamente detentor da
Lei 6938/81- atribuição nos termos desta Lei Complementar.
Art. 10. A construção, instalação, ampliação e Competências licenciatórias federais
funcionamento de estabelecimentos e
atividades utilizadores de recursos ambientais, “Art. 7º São ações administrativas da União:
efetiva ou potencialmente poluidores ou
capazes, sob qualquer forma, de causar (...)
degradação ambiental dependerão de prévio XIV – promover o licenciamento ambiental de
licenciamento ambiental. (Redação dada pela empreendimentos e atividades:
Lei Complementar nº 140, de 2011) a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente
LC 140/2011 no Brasil e em país limítrofe;
Art. 13. Os empreendimentos e atividades são b) localizados ou desenvolvidos no mar
licenciados ou autorizados, ambientalmente, territorial, na plataforma continental ou na zona
por um único ente federativo, em conformidade econômica exclusiva;
com as atribuições estabelecidas nos termos c) localizados ou desenvolvidos em terras
desta Lei Complementar. indígenas;
§ 1o Os demais entes federativos interessados d) localizados ou desenvolvidos em unidades
podem manifestar-se ao órgão responsável de conservação instituídas pela União, exceto
pela licença ou autorização, de maneira não em Áreas de Proteção Ambiental – APAs;
vinculante, respeitados os prazos e e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou
procedimentos do licenciamento ambiental. mais Estados;
ARTIGO 14, LC 140/2011: f) de caráter militar, excetuando-se do
§ 4o A renovação de licenças ambientais deve licenciamento ambiental, nos termos de ato do
ser requerida com antecedência mínima de 120 Poder Executivo, aqueles previstos no preparo
(cento e vinte) dias da expiração de seu prazo e emprego das Forças Armadas, conforme
de validade, fixado na respectiva licença, disposto na Lei Complementar nº 97, de 9 de
ficando este automaticamente prorrogado até a junho de 1999;
manifestação definitiva do órgão ambiental g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir,
competente. beneficiar, transportar, armazenar e dispor
Art. 15. Os entes federativos devem atuar em material radioativo, em qualquer estágio, ou
caráter supletivo nas ações administrativas de que utilizem energia nuclear em qualquer de
licenciamento e na autorização ambiental, nas suas formas e aplicações, mediante parecer da
seguintes hipóteses: Comissão Nacional de Energia Nuclear –
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou CNEN; ou
conselho de meio ambiente no Estado ou no h) que atendam tipologia estabelecida por ato
Distrito Federal, a União deve desempenhar as do Poder Executivo, a partir de proposição da
ações administrativas estaduais ou distritais até Comissão Tripartite Nacional, assegurada a
a sua criação; participação de um membro do Conselho
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, e
conselho de meio ambiente no Município, o considerados os critérios de porte, potencial
Estado deve desempenhar as ações poluidor e natureza da atividade ou
administrativas municipais até a sua criação; e empreendimento”;
III - inexistindo órgão “Art. 9º São ações administrativas dos
ambiental capacitado ou Municípios:

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XIV – observadas as atribuições dos demais os aspectos normativos, no caso, para proteger
entes federativos previstas nesta Lei o meio ambiente. 6. Agravos regimentais
Complementar, promover o licenciamento desprovidos” (ACO-MC-AgR 876, de
ambiental das atividades ou empreendimentos: 19.12.2007).
a) que causem ou possam causar impacto ESTUDOS AMBIENTAIS
ambiental de âmbito local, conforme tipologia “São todos e quaisquer estudos relativos aos
definida pelos respectivos Conselhos Estaduais aspectos ambientais relacionados à
de Meio Ambiente, considerados os critérios de localização, instalação, operação e ampliação
porte, potencial poluidor e natureza da de uma atividade ou empreendimento,
atividade; ou apresentado como subsídio para a análise da
b) localizados em unidades de conservação licença requerida, tais como: relatório
instituídas pelo Município, exceto em Áreas de ambiental, plano e projeto de controle
Proteção Ambiental – APAs”; ambiental, relatório ambiental preliminar,
diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano
“Art. 8º São ações administrativas dos Estados: de recuperação de área degradada e análise
preliminar de risco” (artigo 1º, inciso III, da
(...) Resolução CONAMA 237/97).
EIA - Incumbe ao Poder Público “exigir, na
XIV – promover o licenciamento ambiental de forma da lei, para instalação de obra ou
atividades ou empreendimentos utilizadores de atividade potencialmente causadora de
recursos ambientais, efetiva ou potencialmente significativa degradação do meio ambiente,
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de estudo prévio de impacto ambiental, a que se
causar degradação ambiental, ressalvado o dará publicidade” (artigo 225, §1º, IV).
disposto nos arts. 7º e 9º”; A publicidade é mitigada pelo sigilo industrial.
Art. 10. São ações administrativas do Distrito EIA-RIMA precede a LP.
Federal as previstas nos arts. 8o e 9o. EIA-RIMA (significativo impacto ambiental).
APA‟S - Art. 12. Para fins de licenciamento Hipóteses presumidas. Res. CONAMA 01/86.
ambiental de atividades ou empreendimentos Rol exemplificativo. Artigo 2º:
utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou “I – Estradas de rodagem com duas ou mais
potencialmente poluidores ou capazes, sob faixas de rolamento;
qualquer forma, de causar degradação II – Ferrovias;
ambiental, e para autorização de supressão e III – Portos e terminais de minério, petróleo e
manejo de vegetação, o critério do ente produtos químicos;
federativo instituidor da unidade de IV – Aeroportos, conforme definidos pelo inciso
conservação não será aplicado às Áreas de 1, artigo 48, do Decreto-Lei n.º 32, de 18.11.66;
Proteção Ambiental (APAs). V – Oleodutos, gasodutos, minerodutos,
Parágrafo único. A definição do ente federativo troncos coletores e emissários de esgotos
responsável pelo licenciamento e autorização a sanitários;
que se refere o caput, no caso das APAs, VI – Linhas de transmissão de energia elétrica,
seguirá os critérios previstos nas alíneas “a”, acima de 230KV;
“b”, “e”, “f” e “h” do inciso XIV do art. 7o, no VII – Obras hidráulicas para exploração de
inciso XIV do art. 8o e na alínea “a” do inciso recursos hídricos, tais como: barragem para
XIV do art. 9º. fins hidrelétricos, acima de 10MW, de
Poder judiciário e mérito do licenciamento saneamento ou de irrigação, abertura de
5. Se não é possível considerar o projeto como canais para navegação, drenagem e irrigação,
inviável do ponto de vista ambiental, ausente retificação de cursos d‟água, abertura de
nesta fase processual qualquer violação de barras e embocaduras, transposição de bacias,
norma constitucional ou legal, potente para o diques;
deferimento da cautela pretendida, a opção por VIII – Extração de combustível fóssil (petróleo,
esse projeto escapa inteiramente do âmbito xisto, carvão);
desta Suprema Corte. Dizer sim ou não à IX – Extração de minério, inclusive os da classe
transposição não compete ao II, definidas no Código de Mineração;
Juiz, que se limita a examinar

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X – Aterros sanitários, processamento e artigo 11, parágrafo único, da Resolução


destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; CONAMA 237/1997.
Xl – Usinas de geração de eletricidade, Sinteticamente, o conteúdo mínimo do EIA
qualquer que seja a fonte de energia primária, será: 1) o diagnóstico ambiental da área de
acima de 10MW; influência do projeto; 2) a análise dos impactos
XII – Complexo e unidades industriais e agro- ambientais e suas alternativas; 3) a definição
industriais (petroquímicos, siderúrgicos, das medidas mitigadoras dos impactos
cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, negativos; 4) a elaboração do programa de
extração e cultivo de recursos hídricos); acompanhamento; 5) o monitoramento.
XIII – Distritos industriais e zonas estritamente
industriais – ZEI; Dispositivo de constituição estadual que
XIV – Exploração econômica de madeira ou de submeta o RIMA ao crivo da Assembleia
lenha, em áreas acima de 100 hectares ou Legislativa viola o Princípio da Separação dos
menores, quando atingir áreas significativas em Poderes. STF (ADI 1505).
termos percentuais ou de importância do ponto EIA-RIMA: possibilidade de audiência pública,
de vista ambiental; Resolução 09/87 – CONAMA, sob pena de
XV – Projetos urbanísticos, acima de 100 ha ou NULIDADE. A critério do órgão ambiental, MP,
em áreas consideradas de relevante interesse entidade civil ou 50 cidadãos.
ambiental a critério da SEMA e dos órgãos ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE
municipais e estaduais competentes; PROTEGIDOS
XVI – Qualquer atividade que utilize carvão ARTIGO 225, §1º, III, DA CF:
vegetal, em quantidade superior a dez III - definir, em todas as unidades da
toneladas por dia; Federação, espaços territoriais e seus
XVII – Projetos Agropecuários que contemplem componentes a serem especialmente
áreas acima de 1.000 ha ou menores, neste protegidos, sendo a alteração e a supressão
caso, quando se tratar de áreas significativas permitidas somente através de lei, vedada
em termos percentuais ou de importância do qualquer utilização que comprometa a
ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas integridade dos atributos que justifiquem sua
de proteção ambiental; proteção
XVIII – Empreendimentos potencialmente • reserva legal;
lesivos ao patrimônio espeleológico nacional”. • áreas de preservação permanente;
Presunção relativa ou absoluta de significativa • unidades de conservação;•
degradação ambiental ? áreas verdes municipais;
Inexiste discricionariedade administrativa na áreas de uso restrito.
interpretação concreta de impacto ambiental Novo Código Florestal – Lei 12.651/12,
significativo para fins de o ente ambiental exigir publicada em 28/05/2012. Alterações pela Lei
ou não o EIA-RIMA 12.727/12.
Proponente contrata e paga a equipe técnica O artigo 2º, do novo CFlo, reproduziu
multidisciplinar. literalmente a redação do artigo 1º, do Código
RIMA é o documento que conterá as revogado, ao prever que “as florestas
conclusões do EIA, devendo ser apresentado existentes no território nacional e as demais
em linguagem objetiva e adequada à sua formas de vegetação, reconhecidas de
compreensão pela população, inclusive utilidade às terras que revestem, são bens de
podendo ter ilustrações, sendo de interesse comum a todos os habitantes do
acessibilidade pública. País, exercendo-se os direitos de propriedade,
Conclusões no RIMA. Não vincula o órgão com as limitações que a legislação em geral e
ambiental. especialmente esta Lei estabelecem”, o que
Equipe técnica poderá ser responsabilidade reflete a titularidade difusa do direito
ulterior e solidariamente com o empreendedor fundamental ao meio ambiente ecologicamente
nas esferas civil, administrativa e criminal pelas equilibrado, bem de uso comum do povo
informações apresentadas, nos termos do brasileiro.
Conteúdo do novo CFlo

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Art. 1o-A. Esta Lei estabelece normas gerais jurídicos: um de tolerância para as condutas
sobre a proteção da vegetação, áreas de lesivas ao ambiente perpetradas até o dia 22
Preservação Permanente e as áreas de de julho de 2008 e outro rígido para os atos
Reserva Legal; a exploração florestal, o praticados a partir dessa data.
suprimento de matéria-prima florestal, o Isso porque, no dia 23 de julho de 2008, foi
controle da origem dos produtos florestais e o publicado o Decreto 6.514, que dispõe sobre
controle e prevenção dos incêndios florestais, e as infrações e sanções administrativas ao meio
prevê instrumentos econômicos e financeiros ambiente, que instituiu uma série de novos
para o alcance de seus objetivos tipos administrativos para punir os infratores da
PRINCÍPIOS legislação ambiental.
Parágrafo único. Tendo como objetivo o De sua vez, insta salientar também que o novo
desenvolvimento sustentável, esta Lei atenderá CFlo traz várias disposições mais flexíveis em
aos seguintes princípios: favor do pequeno proprietário ou possuidor
I - afirmação do compromisso soberano do rural (prédio rústico de até 04 módulos fiscais),
Brasil com a preservação das suas florestas e especialmente no que concerne às áreas de
demais formas de vegetação nativa, bem como preservação permanente e reserva legal.
da biodiversidade, do solo, dos recursos Em positivação da jurisprudência consolidada
hídricos e da integridade do sistema climático, do STJ, previu o novo CFlo que “as obrigações
para o bem estar das gerações presentes e previstas nesta Lei têm natureza real e são
futuras; transmitidas ao sucessor, de qualquer
II - reafirmação da importância da função natureza, no caso de transferência de domínio
estratégica da atividade agropecuária e do ou posse do imóvel rural”. ARTIGO 2º, §2º.
papel das florestas e demais formas de Outra inovação do novo CFlo foi a previsão de
vegetação nativa na sustentabilidade, no criação do CAR – Cadastro Ambiental Rural,
crescimento econômico, na melhoria da no âmbito do Sistema Nacional de Informação
qualidade de vida da população brasileira e na sobre Meio Ambiente, registro público
presença do País nos mercados nacional e eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para
internacional de alimentos e bioenergia; todos os imóveis rurais, com a finalidade de
III - ação governamental de proteção e uso integrar as informações ambientais das
sustentável de florestas, consagrando o propriedades e posses rurais, compondo base
compromisso do País com a compatibilização e de dados para controle, monitoramento,
harmonização entre o uso produtivo da terra e planejamento ambiental e econômico e
a preservação da água, do solo e da combate ao desmatamento, devendo ser feito,
vegetação; preferencialmente, no órgão ambiental
IV - responsabilidade comum da União, municipal ou estadual. ARTIGO 29
Estados, Distrito Federal e Municípios, em ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
colaboração com a sociedade civil, na criação De acordo com o artigo 3.º, II, do novo Código
de políticas para a preservação e restauração Florestal, Área de Preservação Permanente
da vegetação nativa e de suas funções (APP) é a “área protegida, coberta ou não por
ecológicas e sociais nas áreas urbanas e vegetação nativa, com a função ambiental de
rurais; preservar os recursos hídricos, a paisagem, a
V - fomento à pesquisa científica e tecnológica estabilidade geológica e a biodiversidade,
na busca da inovação para o uso sustentável facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger
do solo e da água, a recuperação e a o solo e assegurar o bem-estar das populações
preservação das florestas e demais formas de humanas”, definição praticamente idêntica à
vegetação nativa; que constava no artigo 1.º, § 2.º, II, do antigo
VI - criação e mobilização de incentivos Código Florestal.
econômicos para fomentar a preservação e a APP‟S DO ARTIGO 4º - INCIDÊNCIA EX LEGE
recuperação da vegetação nativa e para APP‟S DO ARTIGO 6º - PRECISAM SER
promover o desenvolvimento de atividades DECLARADAS POR ATO DO PODER EX
produtivas sustentáveis PARA EXISTIREMECUTIVO
Em muitas passagens o novo HIPÓTESES DO ARTIGO 4º -
CFlo adota dois regimes I) Mata ciliar –

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São consideradas áreas de preservação VI) As restingas, como fixadoras de dunas ou


permanente as faixas marginais de qualquer estabilizadoras de mangues
curso d‟água natural perene e intermitente,
excluídos os efêmeros, desde a borda da calha A restinga é o depósito arenoso paralelo à linha
do leito regular, em largura mínima de: da costa, de forma geralmente alongada,
30M produzido por processos de sedimentação,
cursos d‟água de menos de 10 metros de onde se encontram diferentes comunidades
largura que recebem influência marinha, com cobertura
50m vegetal em mosaico, encontrada em praias,
cursos d‟água que tenham de 10 a 50 metros cordões arenosos, dunas e depressões,
de largura apresentando, de acordo com o estágio
100m sucessional, estrato herbáceo, arbustivo e
cursos d‟água que tenham de 50 a 200 metros arbóreo, este último mais interiorizado.
de largura VII) Os manguezais, em toda a sua extensão
200m
cursos d‟água que tenham de 200 a 600 O manguezal é o ecossistema litorâneo que
metros de largura ocorre em terrenos baixos, sujeitos à ação das
500 marés, formado por vasas lodosas recentes ou
para os cursos d‟água que tenham largura arenosas, às quais se associa,
superior a 600 metros predominantemente, a vegetação natural
II) Entorno de lagos e lagoas naturais conhecida como mangue, com influência
Atualmente, consideram-se áreas de fluviomarinha, típica de solos limosos de
preservação permanente as áreas no entorno regiões es-tuarinas e com dispersão
dos lagos e lagoas naturais, em faixa com descontínua ao longo da costa brasileira, entre
largura mínima de: os Estados do Amapá e de Santa Catarina.
VIII) Bordas de tabuleiros ou chapadas
a) 100 metros, em zonas rurais, exceto para o
corpo d‟água com até 20 hectares de Assim como seu verificou na legislação
superfície, cuja faixa marginal será de 50 anterior, o novo CFlo considera como APP as
metros; bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha
b) 30 metros, em zonas urbanas. de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a
III) Entorno de reservatórios d‟água artificiais, 100 metros em projeções horizontais.
decorrentes de barramento ou represamento Tabuleiro ou chapada é a paisagem de
de cursos d‟água naturais, na faixa definida na topografia plana, com declividade média
licença ambiental do empreendimento inferior a dez por cento, aproximadamente seis
IV) Entorno de nascentes e olhos d‟água graus e superfície superior a dez hectares,
terminada de forma abrupta em escarpa,
Neste caso o novo CFlo seguiu a mesma caracterizando-se a chapada por grandes
sistemática do anterior. Considera-se APP as superfícies a mais de seiscentos metros de
áreas no entorno das nascentes e dos olhos altitude.
d‟água perenes, qualquer que seja a sua
situação topográfica, no raio mínimo de 50
metros.
A nascente é o afloramento natural do lençol
freático que apresenta perenidade e dá início a
um curso d‟água, ao passo que o olho d‟água é
o afloramento natural do lençol freático, mesmo
que intermitente.
V) Encostas ou partes destas com declividade
acima de 45º, equivalente a 100% na linha de
maior declive

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VI - formar faixas de proteção ao longo de


rodovias e ferrovias;
VII - assegurar condições de bem-estar
público;
VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a
critério das autoridades militares.
IX – proteger áreas úmidas, especialmente as
de importância internacional.
Seção II
Do Regime de Proteção das Áreas de
Preservação Permanente
Art. 7o A vegetação situada em Área de
Preservação Permanente deverá ser mantida
pelo proprietário da área, possuidor ou
IX) Topo de morros, montes, montanhas e ocupante a qualquer título, pessoa física ou
serras jurídica, de direito público ou privado.
X) Áreas em altitude acima de 1.800m § 1o Tendo ocorrido supressão de vegetação
situada em Área de Preservação Permanente,
XI) Veredas o proprietário da área, possuidor ou ocupante a
Faixa marginal, em projeção horizontal, com qualquer título é obrigado a promover a
largura mínima de 50 metros, a partir do limite recomposição da vegetação, ressalvados os
do espaço brejoso e encharcado usos autorizados previstos nesta Lei.
§ 2o A obrigação prevista no § 1o tem natureza
real e é transmitida ao sucessor no caso de
transferência de domínio ou posse do imóvel
rural.
§ 3o No caso de supressão não autorizada de
vegetação realizada após 22 de julho de 2008,
é vedada a concessão de novas autorizações
de supressão de vegetação enquanto não
cumpridas as obrigações previstas no § 1o.
Art. 8o A intervenção ou a supressão de
vegetação nativa em Área de Preservação
Permanente somente ocorrerá nas hipóteses
de utilidade pública, de interesse social ou de
baixo impacto ambiental previstas nesta Lei.
APP‟S DO ARTIGO 6º, DO NOVO CFLO § 1o A supressão de vegetação nativa protetora
Art. 6o Consideram-se, ainda, de preservação de nascentes, dunas e restingas somente
permanente, quando declaradas de interesse poderá ser autorizada em caso de utilidade
social por ato do Chefe do Poder Executivo, as pública.
áreas cobertas com florestas ou outras formas § 2o A intervenção ou a supressão de
de vegetação destinadas a uma ou mais das vegetação nativa em Área de Preservação
seguintes finalidades: Permanente de que tratam os incisos VI e VII
I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de do caput do art. 4o poderá ser autorizada,
enchentes e deslizamentos de terra e de rocha; excepcionalmente, em locais onde a função
II - proteger as restingas ou veredas; ecológica do manguezal esteja comprometida,
III - proteger várzeas; para execução de obras habitacionais e de
IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora urbanização, inseridas em projetos de
ameaçados de extinção; regularização fundiária de interesse social, em
V - proteger sítios de excepcional beleza ou de áreas urbanas consolidadas ocupadas por
valor científico, cultural ou histórico; população de baixa renda.
§ 3o É dispensada a autorização do órgão
ambiental competente para a execução, em

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caráter de urgência, de atividades de rurais consolidadas, observadas as condições


segurança nacional e obras de interesse da estabelecidas no CFlo;
defesa civil destinadas à prevenção e d) a regularização fundiária de assentamentos
mitigação de acidentes em áreas urbanas. humanos ocupados predominantemente por
§ 4o Não haverá, em qualquer hipótese, direito população de baixa renda em áreas urbanas
à regularização de futuras intervenções ou consolidadas, observadas as condições
supressões de vegetação nativa, além das estabelecidas na Lei nº 11.977, de 7 de julho
previstas nesta Lei. de 2009 (Programa Minha Casa, Minha Vida);
Art. 9o É permitido o acesso de pessoas e e) implantação de instalações necessárias à
animais às Áreas de Preservação Permanente captação e condução de água e de efluentes
para obtenção de água e para realização de tratados para projetos cujos recursos hídricos
atividades de baixo impacto ambiental. são partes integrantes e essenciais da ati-
São hipóteses de utilidade pública: vidade;
a) as atividades de segurança nacional e f) as atividades de pesquisa e extração de
proteção sanitária; areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas
b) as obras de infraestrutura destinadas às pela autoridade competente;
concessões e aos serviços públicos de g) outras atividades similares devidamente
transporte, sistema viário, inclusive aquele caracterizadas e motivadas em procedimento
necessário aos parcelamentos de solo urbano administrativo próprio, quando inexistir
aprovados pelos Municípios, saneamento, alternativa técnica e locacional à atividade
gestão de resíduos, energia, proposta, definidas em ato do Chefe do Poder
telecomunicações, radiodifusão, instalações Executivo federal;
necessárias à realização de competições Atividades eventuais ou de baixo impacto
esportivas estaduais, nacionais ou ambiental:
internacionais, bem como mineração, exceto, a) abertura de pequenas vias de acesso interno
neste último caso, a extração de areia, argila, e suas pontes e pontilhões, quando
saibro e cascalho; necessárias à travessia de um curso d‟água, ao
c) atividades e obras de defesa civil; acesso de pessoas e animais para a obtenção
d) atividades que comprovadamente de água ou à retirada de produtos oriundos das
proporcionem melhorias na proteção das atividades de manejo agroflorestal sustentável;
funções ambientais nas APP‟s; b) implantação de instalações necessárias à
e) outras atividades similares devidamente captação e condução de água e efluentes
caracterizadas e motivadas em procedimento tratados, desde que comprovada a outorga do
administrativo próprio, quando inexistir direito de uso da água, quando couber;
alternativa técnica e locacional ao empreen- c) implantação de trilhas para o d
dimento proposto, definidas em ato do Chefe d) construção de rampa de lançamento de
do Poder Executivo federal. barcos e pequeno ancoradouro;esenvolvimento
São casos de interesse social: do ecoturismo;
a) as atividades imprescindíveis à proteção da e) construção de moradia de agricultores
integridade da vegetação nativa, tais como familiares, remanescentes de comunidades
prevenção, combate e controle do fogo, quilombolas e outras populações extrativistas e
controle da erosão, erradicação de invasoras e tradicionais em áreas rurais, onde o
proteção de plantios com espécies nativas; abastecimento de água se dê pelo esforço
b) a exploração agroflorestal sustentável próprio dos moradores;
praticada na pequena propriedade ou posse f) construção e manutenção de cercas na
rural familiar ou por povos e comunidades propriedade;
tradicionais, desde que não descaracterize a g) pesquisa científica relativa a recursos
cobertura vegetal existente e não prejudique a ambientais, respeitados outros requisitos
função ambiental da área; previstos na legislação aplicável;
c) a implantação de infraestrutura pública h) coleta de produtos não madeireiros para fins
destinada a esportes, lazer e atividades de subsistência e produção de mudas, como
educacionais e culturais ao ar sementes, castanhas e frutos, respeitada a
livre em áreas urbanas e

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legislação específica de acesso a recursos 20% nas áreas de floresta ou vegetação nativa
genéticos; em outras regiões do Brasil.
i) plantio de espécies nativas produtoras de O proprietário ou possuidor de imóvel com
frutos, sementes, castanhas e outros produtos Reserva Legal conservada e inscrita no
vegetais, desde que não implique supressão da Cadastro Ambiental Rural, cuja área ultrapasse
vegetação existente nem prejudique a função ao mínimo exigido pelo novo CFlo (80%, 35%
ambiental da área; ou 20%, a depender), poderá utilizar a área
j) exploração agroflorestal e manejo florestal excedente para fins de constituição de servidão
sustentável, comunitário e familiar, incluindo a ambiental e Cota de Reserva Ambiental.
extração de produtos florestais não Com propriedade, a CRA – Cota de Reserva
madeireiros, desde que não descaracteri-zem a Ambiental, inovação do novo CFlo, é um título
cobertura vegetal nativa existente nem nominativo representativo de área com
prejudiquem a função ambiental da área; vegetação nativa, existente ou em processo de
k) outras ações ou atividades similares, recuperação, nas seguintes hipóteses:
reconhecidas como eventuais e de baixo I. Sob regime de servidão ambiental, na forma
impacto ambiental em ato do Conselho do artigo 9º-A, da Lei 6.938/81;
Nacional do Meio Ambiente - CONAMA ou dos II. Correspondente à área de Reserva Legal
Conselhos Estaduais de Meio Ambiente. instituída voluntariamente sobre a vegetação
ÁREAS DE USO RESTRITO que exceder os percentuais mínimos exigidos;
Art. 10. Nos pantanais e planícies pantaneiras III. Protegida na forma de Reserva Particular do
é permitida a exploração ecologicamente Patrimônio Natural (espécie de unidade de
sustentável, devendo-se considerar as conservação a ser estudada);
recomendações técnicas dos órgãos oficiais de IV. Existente em propriedade rural localizada
pesquisa, ficando novas supressões de no interior de Unidade de Conservação de
vegetação nativa para uso alternativo do solo domínio público que ainda não tenha sido
condicionadas à autorização do órgão estadual desapropriada.
do meio ambiente, com base nas A pequena propriedade ou posse rural familiar
recomendações mencionadas neste artigo. terá um tratamento diferenciado. Isso porque a
Art. 11. Em áreas de inclinação entre 25° e 45°, CRA poderá ser expedida em razão da
serão permitidos o manejo florestal sustentável vegetação da reserva legal, mesmo que esta
e o exercício de atividades agrossilvipastoris, não supere aos limites mínimos legais.
bem como a manutenção da infraestrutura O titular da CRA terá o direito de utilizá-la para
física associada ao desenvolvimento das compensar Reserva Legal de imóvel rural
atividades, observadas boas práticas situado no mesmo bioma da área à qual o título
agronômicas, sendo vedada a conversão de está vinculado, na hipótese de não atingir os
novas áreas, excetuadas as hipóteses de percentuais mínimos legais, devendo ser
utilidade pública e interesse social. averbada na matrícula do imóvel no qual se
RESERVA LEGAL situa a área vinculada ao título e na do imóvel
artigo 3.º, inciso III, do novo CFlo (Lei beneficiário da compensação.
12.651/2012), que o define como a “área Redução da RL
localizada no interior de uma propriedade ou
posse rural, delimitada nos termos do art. 12, Existem hipóteses excepcionais que o novo
com a função de assegurar o uso econômico Código Florestal permite a redução dos
de modo sustentável dos recursos naturais do percentuais mínimos de reserva legal (80% na
imóvel rural, auxiliar a conservação e a floresta amazônica – 35% do cerrado na
reabilitação dos processos ecológicos e Amazônia Legal – 20% demais coberturas
promover a conservação da biodiversidade, florestais):
bem como o abrigo e a proteção de fauna - Nos casos de imóveis rurais localizados na
silvestre e da flora nativa”. Amazônia Legal, em áreas de floresta, o Poder
80%, nas áreas de floresta situadas na Público poderá reduzir a reserva legal de 80%
Amazônia Legal; para até 50%, para fins de recomposição,
35%, nas áreas de cerrado quando o Município tiver mais de 50% da área
situadas na Amazônia Legal; ocupada por unidades de conservação da

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natureza de domínio público e por terras III - a formação de corredores ecológicos com
indígenas homologadas outra Reserva Legal, com Área de Preservação
- Nos casos de imóveis rurais localizados na Permanente, com Unidade de Conservação ou
Amazônia Legal, em áreas de floresta, o Poder com outra área legalmente protegida;
Público estadual poderá reduzir a reserva legal IV - as áreas de maior importância para a
de 80% para até 50%, ouvido o Conselho conservação da biodiversidade; e
Estadual de Meio Ambiente, quando o Estado V - as áreas de maior fragilidade ambiental.
tiver Zoneamento Ecológico-Econômico Insta registrar que, protocolada a
aprovado e mais de 65% do seu território documentação exigida para análise da
ocupado por unidades de conservação da localização da área de Reserva Legal, ao
natureza de domínio público, devidamente proprietário ou possuidor rural não poderá ser
regularizadas, e por terras indígenas imputada sanção administrativa, inclusive
homologadas; restrição a direitos, por qualquer órgão
ambiental competente integrante do SISNAMA,
- Nos casos de imóveis rurais localizados na em razão da não formalização da área de
Amazônia Legal, em áreas de floresta, o Poder Reserva Legal.
Público federal poderá reduzir a reserva legal Agora, por força do artigo 15, do novo CFlo,
de 80% para até 50%, quando indicado pelo será admitido o cômputo das Áreas de
Zoneamento Ecológico-econômico estadual, Preservação Permanente no cálculo do
exclusivamente para fins de regularização, percentual da Reserva Legal do imóvel, desde
mediante recomposição, regeneração ou que:
compensação da Reserva Legal de imóveis I - o benefício previsto neste artigo não
com área rural consolidada, excluídas as áreas implique a conversão de novas áreas para o
prioritárias para conservação da biodiversidade uso alternativo do solo (novos
e dos recursos hídricos. desmatamentos);
Elevação da RL II - a área a ser computada esteja conservada
Excepcionalmente, também será possível a ou em processo de recuperação, conforme
ampliação dos percentuais mínimos de reserva comprovação do proprietário ao órgão estadual
legal em até 50% em qualquer Bioma integrante do SISNAMA; e
brasileiro, a critério do Poder Público federal, III - o proprietário ou possuidor tenha requerido
quando indicado pelo Zoneamento Ecológico- inclusão do imóvel no Cadastro Ambiental
econômico estadual, para cumprimento de Rural.
metas nacionais de proteção à biodiversidade Dispensa da RL
ou de redução de emissão de gases de efeito
estufa. O novo Código Florestal também inovou ao
Localização da RL prever expressamente a não exigência da
reserva legal para determinados
A reserva legal é criada pelo só efeito do artigo empreendimentos:
12 do Código Florestal, tendo existência ex
lege. Contudo, evidentemente a sua A) empreendimentos de abastecimento público
localização deverá ser definida de água e tratamento de esgoto;
casuisticamente, de acordo com o melhor B) áreas adquiridas ou desapropriadas por
interesse ambiental, cabendo ao órgão detentor de concessão, permissão ou
estadual integrante do SISNAMA ou instituição autorização para exploração de potencial de
por ele habilitada aprovar a localização da energia hidráulica, nas quais funcionem
Reserva Legal após a inclusão do imóvel no empreendimentos de geração de energia
Cadastro Ambiental Rural. elétrica, subestações ou sejam instaladas
. Deverão ser observados os seguintes critérios linhas de transmissão e de distribuição de
para a sua relimitação: energia elétrica;
C) áreas adquiridas ou desapropriadas com o
I - o plano de bacia hidrográfica; objetivo de implantação e ampliação de
II - o Zoneamento Ecológico- capacidade de rodovias e ferrovias.
Econômico

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Registro imobiliário e inscrição no Cadastro órgãos integrantes do Sisnama deverão


Ambiental Rural estabelecer procedimentos simplificados de
elaboração, análise e aprovação de tais planos
O antigo Código Florestal (Lei 4.771/65) previa de manejo.
que a reserva legal deveria ser sempre 3o É obrigatória a suspensão imediata das
registrada no Cartório de Imóveis mediante atividades em Área de Reserva Legal
averbação. Entretanto, essa obrigatoriedade foi desmatada irregularmente após 22 de julho de
extinta pelo novo Código Florestal. 2008.
Com propriedade, foi instituído o dever de o § 4o Sem prejuízo das sanções administrativas,
proprietário de registrar a reserva legal no cíveis e penais cabíveis, deverá ser iniciado o
Cadastro Ambiental Rural no órgão ambiental processo de recomposição da Reserva Legal
competente, sendo vedada, em regra, a em até dois anos contados a partir da data da
alteração de sua destinação, nos casos de publicação desta Lei, devendo tal processo ser
transmissão, a qualquer título, ou de concluído nos prazos estabelecidos pelo
desmembramento, salvo disposição legal em Programa de Regularização Ambiental – PRA,
sentido contrário. de que trata o art. 59
Logo, o registro no CAR irá desobrigar o Considera-se manejo sustentável a
proprietário de averbar a reserva legal no administração da vegetação natural para a
Cartório de Registro de Imóveis, sendo mais obtenção de benefícios econômicos, sociais e
uma inovação do novo CFlo. ambientais, respeitando-se os mecanismos de
No caso de posse, a área de Reserva Legal é sustentação do ecossistema objeto do manejo
assegurada por termo de compromisso firmado e considerando-se, cumulativa ou
pelo possuidor com o órgão competente do alternativamente, a utilização de múltiplas
SISNAMA, com força de título executivo espécies madeireiras ou não, de múltiplos
extrajudicial, que explicite, no mínimo, a produtos e subprodutos da flora, bem como a
localização da área de Reserva Legal e as utilização de outros bens e serviços.
obrigações assumidas pelo possuidor, sendo No caso da reserva legal na pequena
que a transferência da posse implica a sub- propriedade ou posse rural, poderão ser
rogação das obrigações assumidas no termo computados os plantios de árvores frutíferas,
de compromisso. ornamentais ou industriais, compostos por
Para a pequena propriedade ou posse rural, a espécies exóticas, cultivadas em sistema
inscrição da reserva legal no CAR será intercalar ou em consórcio com espécies
gratuita, devendo apresentar os dados nativas da região em sistemas agroflorestais.
identificando a área proposta de reserva legal, Art. 18. A área de Reserva Legal deverá ser
cabendo o órgão ambiental competente, ou registrada no órgão ambiental competente por
instituição por ele habilitada, realizar a meio de inscrição no CAR de que trata o art.
captação das respectivas coordenadas 29, sendo vedada a alteração de sua
geográficas. destinação, nos casos de transmissão, a
Seção II qualquer título, ou de desmembramento, com
Do Regime de Proteção da Reserva Legal as exceções previstas nesta Lei.
Art. 17. A Reserva Legal deve ser conservada Art. 19. A inserção do imóvel rural em
com cobertura de vegetação nativa pelo perímetro urbano definido mediante lei
proprietário do imóvel rural, possuidor ou municipal não desobriga o proprietário ou
ocupante a qualquer título, pessoa física ou posseiro da manutenção da área de Reserva
jurídica, de direito público ou privado. Legal, que só será extinta concomitantemente
§ 1o Admite-se a exploração econômica da ao registro do parcelamento do solo para fins
Reserva Legal mediante manejo sustentável, urbanos aprovado segundo a legislação
previamente aprovado pelo órgão competente específica e consoante as diretrizes do plano
do Sisnama, de acordo com as modalidades diretor de que trata o § 1o do art. 182 da
previstas no art. 20. Constituição Federal.
2o Para fins de manejo de Reserva Legal na INDENIZAÇÃO NA DESAPROPROPRIAÇÃO
pequena propriedade ou “2. A área de reserva legal de que trata o § 2.º
posse rural familiar, os do artigo 16 do Código Florestal é restrição

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imposta à área suscetível de exploração, de legalmente instituído pelo Poder Público, com
modo que não se inclui na área de preservação objetivos de conservação e limites definidos,
permanente. Não se permite o corte raso da sob regime especial de administração, ao qual
cobertura florística nela existente. Assim, essa se aplicam garantias adequadas de proteção”
área pode ser indenizável, embora em valor (artigo 2º, da Lei 9.985/2000).
inferior ao da área de utilização irrestrita, desde SNUC
que exista plano de manejo devidamente Art. 6o O SNUC será gerido pelos seguintes
confirmado pela autoridade competente” órgãos, com as respectivas atribuições:
(RESP 867.085/2007). I – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho
Explorações consolidadas na RL Nacional do Meio Ambiente - Conama, com as
A disciplina de transição das explorações atribuições de acompanhar a implementação
consolidadas em área de reserva legal é do Sistema;
regulada pelos artigos 66, 67, 68 e 69 do novo II - Órgão central: o Ministério do Meio
Código Florestal, tendo sido tomado como Ambiente, com a finalidade de coordenar o
marco legal divisor do regime jurídico o dia 23 Sistema; e
de julho de 2008, quando foi publicado o III - órgãos executores: o Instituto Chico
Decreto 6.514, que dispõe sobre as infrações e Mendes e o Ibama, em caráter supletivo, os
sanções administrativas ao meio ambiente, que órgãos estaduais e municipais, com a função
instituiu uma série de novos tipos de implementar o SNUC, subsidiar as
administrativos para punir os infratores da propostas de criação e administrar as unidades
legislação ambiental. de conservação federais, estaduais e
As áreas verdes urbanas são definidas no novo municipais, nas respectivas esferas de atuação
Código Florestal como os espaços, públicos ou GRUPO DE PROTEÇÃO INTEGRAL
privados, com predomínio de vegetação, Estação ecológica – é a UC que se destina a
preferencialmente nativa, natural ou preservação da natureza e a realização de
recuperada, previstos no Plano Diretor, nas pesquisas científicas, sendo de propriedade
Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do pública, sendo proibida a visitação pública,
Município, indisponíveis para construção de exceto para fins educativos.
moradias, destinados aos propósitos de
recreação, lazer, melhoria da qualidade Reserva biológica – é a UC que tem como
ambiental urbana, proteção dos recursos objetivo a preservação integral da biota e
hídricos, manutenção ou melhoria paisagística, demais atributos naturais existentes, sem a
proteção de bens e manifestações culturais. interferência humana direta, sendo de
Deveras, os municípios poderão se valer dos propriedade pública, proibida a visitação
seguintes instrumentos para a criação de pública, exceto para fins educativos. Poderá
novas áreas verdes urbanas: haver pesquisa científica se autorizada.
Parque nacional – é a UC de propriedade
A) o exercício do direito de preempção para pública que tem o fito de preservar
aquisição de remanescentes florestais ecossistemas naturais de grande relevância
relevantes, conforme dispõe o Estatuto da ecológica e beleza cênica, podendo haver
Cidade; pesquisas se autorizadas e turismo ecológico.
B) a transformação das reservas legais em Monumento natural – é a UC que busca
áreas verdes nas expansões urbanas; preservar sítios naturais raros, singulares ou de
C) o estabelecimento de exigência de áreas grande beleza cênica, admitida a visitação
verdes nos loteamentos, empreendimentos pública, podendo a área ser pública ou
comerciais e na implantação de infraestrutura; particular, se compatível.
D) aplicação em áreas verdes de recursos Refúgio da vida silvestre – é a UC que tenta
oriundos da compensação ambiental. preservar ambientes naturais típicos de
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO reprodução de espécies ou comunidades da
“é o espaço territorial e seus recursos flora local e da fauna residente ou migratória,
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, podendo ser constituído por áreas particulares,
com as características admitida a visitação pública.
naturais relevantes, GRUPO DE USO SUSTENTÁVEL

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Área de proteção ambiental – é a UC que pode XVII - plano de manejo: documento técnico
ser formada por áreas públicas ou particulares, mediante o qual, com fundamento nos
em geral extensas, com certo grau de objetivos gerais de uma unidade de
ocupação humana, com atributos bióticos, conservação, se estabelece o seu zoneamento
abióticos ou mesmo culturais, visando e as normas que devem presidir o uso da área
promover a diversidade e assegurar a e o manejo dos recursos naturais, inclusive a
sustentabilidade do uso dos recursos. implantação das estruturas físicas necessárias
Área de relevante interesse ecológico – é a UC à gestão da unidade;
que pode ser formada por áreas públicas ou XVIII - zona de amortecimento: o entorno de
particulares, em geral de pouca extensão, com uma unidade de conservação, onde as
pouca ou nenhuma ocupação humana, com atividades humanas estão sujeitas a normas e
características naturais extraordinárias ou que restrições específicas, com o propósito de
abriga exemplares raros da biota nacional, minimizar os impactos negativos sobre a
visando manter a manter ecossistemas unidade; e
naturais de importância regional ou local. XIX - corredores ecológicos: porções de
Floresta nacional – é a UC de propriedade ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando
pública, composta por uma área coberta de unidades de conservação, que possibilitam
vegetação predominantemente nativa, com o entre elas o fluxo de genes e o movimento da
objetivo de manter o uso sustentável dos biota, facilitando a dispersão de espécies e a
recursos e desenvolver a pesquisa científica, recolonização de áreas degradadas, bem como
sendo permitida a ocupação por populações a manutenção de populações que demandam
tradicionais. para sua sobrevivência áreas com extensão
Reserva Extrativista – é a UC de propriedade maior do que aquela das unidades individuais.
pública utilizada pelas populações extrativistas As unidades de conservação poderão ser
tradicionais como condição de sobrevivência, criadas por ato do Poder Público (lei ou
que têm o uso concedido pelo Poder Público, decreto), mas apenas extintas ou reduzidas por
podendo haver agricultura e criação de animais lei, nos termos do artigo 225, § 1.º, III, da
de pequeno porte, sendo permitida a visitação CRFB.
pública e a pesquisa. Outrossim, a desafetação de uma unidade de
Reserva da fauna – é a UC de propriedade conservação também depende de lei, mesmo
pública, composta por área natural com que ela tenha sido instituída por decreto,
animais nativos, adequada ao estudo científico, consistindo no ato da Administração Pública
ligada ao manejo dos recursos faunísticos, que altera o regime jurídico de um bem público,
permitida a visitação pública e proibida a caça. que passará a integrar a classe dominial.
Reserva de desenvolvimento sustentável – é a As unidades de conservação poderão ser
UC de propriedade pública composta por área compostas por áreas públicas ou particulares,
natural e que abriga populações tradicionais, a depender da modalidade. Caso o Poder
cuja existência baseia-se em sistemas Público institua uma UC pública em área
sustentáveis de exploração transmitidos por particular, salvo se o particular fizer a doação
gerações, protegendo a natureza, permitida a do espaço, será necessária a sua
visitação pública e a pesquisa. desapropriação, na modalidade utilidade
Reserva particular do patrimônio natural – é a pública, nos termos do Decreto-lei 3.365/1941
UC de propriedade privada, gravada com (artigo 5.º, alínea k), devendo ser indenizadas
perpetuidade, com o objetivo de conservar a em pecúnia a terra nua e a cobertura florística
diversidade biológica, apenas sendo permitida explorável, e não em títulos públicos, pois essa
a pesquisa e a visitação. Ressalte-se que esta intervenção estatal supressiva da propriedade
modalidade, apesar de ser formalmente é não sancionatória.
considerada como de USO SUSTENTÁVEL,
tem o regime jurídico de proteção integral, pois Frise-se que o artigo 45, da Lei do SNUC,
o inciso III, do §2º, do artigo 21, da Lei 9985/00 exclui da indenização as espécies arbóreas
foi vetado pelo Presidente, e previa o declaradas imunes ao corte, os lucros
extrativismo na área. cessantes, os juros compostos e as áreas que
ARTIGO 2º

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não tenham prova inequívoca do domínio naturais ali existentes, vedado o corte raso da
anterior à criação da unidade de conservação. vegetação nativa, salvo atividades
A criação de uma unidade de conservação agropecuárias, obras públicas ou outras
deverá ser precedida de estudos técnicos e de atividades econômicas já em desenvolvimento
consulta pública que permitam identificar a licenciadas.
localização, a dimensão e os limites mais Vide artigo 22-A da Lei 9.985/2000.
adequados para a unidade, sendo dispensável
este último requisito para as estações COMPENSAÇÃO AMBIENTAL
ecológicas e reservas biológicas, pois foi Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental
presumido legalmente o interesse público. de empreendimentos de significativo impacto
“Quando da edição do Decreto de 27.02.2001, ambiental, assim considerado pelo órgão
a Lei 9.985/2000 não havia sido ambiental competente, com fundamento em
regulamentada. A sua regulamentação só foi estudo de impacto ambiental e respectivo
implementada em 22 de agosto de 2002, com a relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é
edição do Decreto 4.340/2002. O processo de obrigado a apoiar a implantação e manutenção
criação e ampliação das unidades de de unidade de conservação do Grupo de
conservação deve ser precedido da Proteção Integral, de acordo com o disposto
regulamentação da lei, de estudos técnicos e neste artigo e no regulamento desta Lei.
de consulta pública. O parecer emitido pelo § 1o O montante de recursos a ser destinado
Conselho Consultivo do Parque não pode pelo empreendedor para esta finalidade não
substituir a consulta exigida na lei. pode ser inferior a meio por cento dos custos
O Conselho não tem poderes para representar totais previstos para a implantação do
a população local. Concedida a segurança, empreendimento, sendo o percentual fixado
ressalvada a possibilidade da edição de novo pelo órgão ambiental licenciador, de acordo
decreto” (STF, MS 24.184, de 13.08.2003). com o grau de impacto ambiental causado pelo
A ampliação dos limites territoriais de unidade empreendimento.
de conservação também necessita de consulta ADI 3378 – 09.04.2008
pública e estudos técnicos no que concerne ao EMENTA: AÇÃO DIRETA DE
acréscimo, conforme ratificado pela Suprema INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 36 E SEUS
Corte: §§ 1º, 2º E 3º DA LEI Nº 9.985, DE 18 DE
“Unidade de conservação. Estação ecológica. JULHO DE 2000. CONSTITUCIONALIDADE
Ampliação dos limites originais na medida do DA COMPENSAÇÃO DEVIDA PELA
acréscimo, mediante decreto do Presidente da IMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS DE
República. Inadmissibilidade. Falta de estudos SIGNIFICATIVO IMPACTO AMBIENTAL.
técnicos e de consulta pública. Requisitos INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO §
prévios não satisfeitos. Nulidade do ato 1º DO ART. 36.
pronunciada. Ofensa a direito líquido e certo. 1. O compartilhamento-compensação
Concessão do mandado de segurança. ambiental de que trata o art. 36 da Lei nº
Inteligência do artigo 66, §§ 2.º e 6.º, da Lei 9.985/2000 não ofende o princípio da
9.985/2000. legalidade, dado haver sido a própria lei que
Votos vencidos. A ampliação dos limites de previu o modo de financiamento dos gastos
estação ecológica, sem alteração dos limites com as unidades de conservação da natureza.
originais, exceto pelo acréscimo proposto, não De igual forma, não há violação ao princípio da
pode ser feita sem observância dos requisitos separação dos Poderes, por não se tratar de
prévios de estudos técnicos e consulta pública” delegação do Poder Legislativo para o
(MS 24.665, de 1.º.12.2004). Executivo impor deveres aos administrados
Antes da criação de uma UC, será possível a 2. Compete ao órgão licenciador fixar o
instituição de limitações administrativas quantum da compensação, de acordo com a
provisórias durante o trâmite dos estudos compostura do impacto ambiental a ser
técnicos, com prazo de até sete meses, dimensionado no relatório - EIA/RIMA. 3. O art.
improrrogável, a fim de proteger cautelarmente 36 da Lei nº 9.985/2000 densifica o princípio
a área, se houver risco de usuário-pagador, este a significar um
dano grave aos recursos mecanismo de assunção partilhada da

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responsabilidade social pelos custos a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-


ambientais derivados da atividade econômica. estar da população;
4. Inexistente desrespeito ao postulado da b) criem condições adversas às atividades
razoabilidade. Compensação ambiental que se sociais e econômicas;
revela como instrumento adequado à defesa e c) afetem desfavoravelmente a biota;
preservação do meio ambiente para as d) afetem as condições estéticas ou sanitárias
presentes e futuras gerações, não havendo do meio ambiente;
outro meio eficaz para atingir essa finalidade e) lancem matérias ou energia em desacordo
constitucional. Medida amplamente com os padrões ambientais estabelecidos;
compensada pelos benefícios que sempre ARTIGO 14, LEI 6.938/81:
resultam de um meio ambiente ecologicamente § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades
garantido em sua higidez. previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
5. Inconstitucionalidade da expressão "não independentemente da existência de culpa, a
pode ser inferior a meio por cento dos custos indenizar ou reparar os danos causados ao
totais previstos para a implantação do meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
empreendimento", no § 1º do art. 36 da Lei nº atividade. O Ministério Público da União e dos
9.985/2000. O valor da compensação- Estados terá legitimidade para propor ação de
compartilhamento é de ser fixado responsabilidade civil e criminal, por danos
proporcionalmente ao impacto ambiental, após causados ao meio ambiente.
estudo em que se assegurem o contraditório e ARTIGO 225, DA CONSTITUIÇÃO
a ampla defesa. Prescindibilidade da fixação de § 3º - As condutas e atividades consideradas
percentual sobre os custos do lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
empreendimento. 6. Ação parcialmente infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
procedente sanções penais e administrativas,
Com o advento do novo Código Florestal, os independentemente da obrigação de reparar os
proprietários localizados nas zonas de danos causados.
amortecimento de Unidades de Conservação § 2º - Aquele que explorar recursos minerais
de Proteção Integral são elegíveis para receber fica obrigado a recuperar o meio ambiente
apoio técnico-financeiro da compensação degradado, de acordo com solução técnica
ambiental, com a finalidade de recuperação e exigida pelo órgão público competente, na
manutenção de áreas prioritárias para a gestão forma da lei.
da unidade. ARTIGO 21, INCISO XXIII:
Poderá ser cobrada taxa de visitação quando d) a responsabilidade civil por danos nucleares
se tratar de unidade de conservação de independe da existência de culpa;
proteção integral, cujos recursos deverão ser Os últimos precedentes do STJ, inclusive da
aplicados nas áreas (artigo 35 da Lei do sua 2.ª Turma, declararam a responsabilidade
SNUC). Contudo, não foram definidos objetiva do Estado por danos ambientais,
pressupostos básicos para a cobrança de um mesmo em se tratando de omissão na
tributo pela lei, a exemplo da base de cálculo, fiscalização ambiental. Nesse sentido, vale
alíquota e sujeitos ativo/passivo. colacionar passagem do julgamento do REsp
RESPONSABILIDADE CIVIL 1.071.741, de 24.03.2009:
ARTIGO 3º, LEI 6.938/81 “4. Qualquer que seja a qualificação jurídica do
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de degradador, público ou privado, no Direito
direito público ou privado, responsável, direta brasileiro a responsabilidade civil pelo dano
ou indiretamente, por atividade causadora de ambiental é de natureza objetiva, solidária e
degradação ambiental; ilimitada, sendo regida pelos princípios do
II - degradação da qualidade ambiental, a poluidor-pagador, da reparação in integrum, da
alteração adversa das características do meio prioridade da reparação in natura, e do favor
ambiente; debilis, este último a legitimar uma série de
III - poluição, a degradação da qualidade técnicas de facilitação do acesso à Justiça,
ambiental resultante de atividades que direta entre as quais se inclui a inversão do ônus da
ou indiretamente: prova em favor da vítima ambiental.
Precedentes do STJ.

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5. Ordinariamente, a responsabilidade civil do degradador direto não cumprir a obrigação,


Estado, por omissão, é subjetiva ou por culpa, "seja por total ou parcial exaurimento
regime comum ou geral esse que, assentado patrimonial ou insolvência, seja por
no art. 37 da Constituição Federal, enfrenta impossibilidade ou incapacidade, por qualquer
duas exceções principais. Primeiro, quando a razão, inclusive técnica, de cumprimento da
responsabilização objetiva do ente público prestação judicialmente imposta, assegurado,
decorrer de expressa previsão legal, em sempre, o direito de regresso (art. 934 do
microssistema especial, como na proteção do Código Civil), com a desconsideração da
meio ambiente (Lei 6.938/1981, art. 3.º, IV, c/c personalidade jurídica, conforme preceitua o
o art. 14, § 1.º). art. 50 do Código Civil" (REsp 1.071.741/SP,
Segundo, quando as circunstâncias indicarem 2.ª T., Min. Herman Benjamin, DJe de
a presença de um standard ou dever de ação 16.12.2010).
estatal mais rigoroso do que aquele que jorra, LEI 9605/98
consoante a construção doutrinária e Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa
jurisprudencial, do texto constitucional”. jurídica sempre que sua personalidade for
Mesmo que o Estado se enquadre como obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
poluidor indireto por sua inércia em evitar o causados à qualidade do meio ambiente.
dano ambiental, após a reparação deverá RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ENTRE
regressar contra o poluidor direto. Nesse POLUIDORES:
sentido, colaciona-se passagem do Informativo “Ação civil pública. Dano causado ao meio
388 do STJ: ambiente. Legitimidade passiva do ente estatal.
Assim, sem prejuízo da responsabilidade Responsabilidade objetiva. Responsável direto
solidária, deve o Estado – que não provocou e indireto. Solidariedade. Litisconsórcio
diretamente o dano nem obteve proveito com facultativo. Art. 267, IV, do CPC.
sua omissão – buscar o ressarcimento dos Prequestionamento. Ausência. Súmulas 282 e
valores despendidos do responsável direto, 356 do STF. [...]
evitando, com isso, injusta oneração da 5. Assim, independentemente da existência de
sociedade. Com esses fundamentos, deu-se culpa, o poluidor, ainda que indireto (Estado-
provimento ao recurso. Precedentes citados: recorrente) (art. 3.º da Lei n.º 6.938/1981), é
AgRg no Ag 973.577-SP, DJ 19.12.2008; REsp obrigado a indenizar e reparar o dano causado
604.725-PR, DJ 22.08.2005; AgRg no Ag ao meio ambiente (responsabilidade objetiva).
822.764-MG, DJ 02.08.2007, e REsp 647.493- 6. Fixada a legitimidade passiva do ente
SC, DJ 22.10.2007. REsp 1.071.741-SP, Rel. recorrente, eis que preenchidos os requisitos
Min. Herman Benjamin, julgado em 24/3/2009”. para a configuração da responsabilidade civil
Contudo, apesar de ser solidária, a atual (ação ou omissão, nexo de causalidade e
jurisprudência dominante no STJ (1.ª e 2.ª dano), ressalta-se, também, que tal
Turma) é no sentido de que a responsabilidade responsabilidade (objetiva) é solidária, o que
civil do Poder Público é de execução legitima a inclusão das três esferas de poder
subsidiária, na hipótese de omissão de no pólo passivo na demanda, conforme
cumprimento adequado do seu dever de realizado pelo Ministério Público (litisconsórcio
fiscalizar que foi determinante para a facultativo)” (RESP 604.725, DJ 22.08.2005).
concretização ou o agravamento do dano INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
causado pelo seu causador direto: “2. A Ação Civil Pública deve discutir,
1. A jurisprudência predominante no STJ é no unicamente, a relação jurídica referente à
sentido de que, em matéria de proteção proteção do meio ambiente e das suas
ambiental, há responsabilidade civil do Estado conseqüências pela violação a ele praticada.
quando a omissão de cumprimento adequado [...]
do seu dever de fiscalizar for determinante para 3. Incabível, por essa afirmação, a
a concretização ou o agravamento do dano denunciação da lide.
causado pelo seu causador direto. 4. Direito de regresso, se decorrente do
Trata-se, todavia, de responsabilidade fenômeno de violação ao meio ambiente, deve
subsidiária, cuja execução ser discutido em ação própria” (REsp 232.187,
poderá ser promovida caso o de 23.03.2000).

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Impede salientar que o STJ passou a admitir a propter rem, por isso que a Lei 8.171/1991
inversão do ônus da prova nas ações de vigora para todos os proprietários rurais, ainda
reparação dos danos ambientais, com base no que não sejam eles os responsáveis por
interesse público da reparação e no Princípio eventuais desmatamentos anteriores, máxime
da Precaução, sendo uma ótima técnica de porque a referida norma referendou o próprio
julgamento na hipótese de dúvida probatória Código Florestal (Lei 4.771/1965) que
(non liquet), pois poderá ser carreado ao estabelecia uma limitação administrativa às
suposto poluidor o ônus de comprovar que propriedades rurais,
inexiste dano ambiental a ser reparado, ou, se obrigando os seus proprietários a instituírem
existente, este não foi de sua autoria. áreas de reservas legais, de no mínimo 20% de
REsp 972.902, de 25.08.2009; REsp cada propriedade, em prol do interesse
1.060.753-SP, de 1º/12/2009. coletivo. Precedente do STJ: REsp
Vale destacar que a inversão do ônus da prova 343.741/PR, Relator Ministro Franciulli Netto,
não deverá se proceder apenas por ocasião da DJ de 07.10.2002.
sentença, e sim anteriormente, 3. Tal obrigação, aliás, independe do fato de ter
preferencialmente no despacho saneador, em sido o proprietário o autor da degradação
respeito ao Princípio do Contraditório, para que ambiental, mas decorre de obrigação propter
o réu saiba perfeitamente que terá a missão de rem, que adere ao título de domínio ou posse.
desconstituir a presunção de veracidade dos Precedente: (AgRg no REsp 1206484/SP, Rel.
fatos declinados pelo autor, não sendo Min. Humberto Martins, 2.ª T. j. 17.03.2011,
surpreendido apenas na sentença, consoante DJe 29.03.2011).
acertada jurisprudência do STJ (REsp 802.832, Uma questão que merece uma análise
j. 13.04.2011). diferenciada é o regime jurídico de reparação
Novo Código Florestal do dano ambiental em unidades de
§ 2o As obrigações previstas nesta Lei têm conservação, nos casos em que o
natureza real e são transmitidas ao sucessor, empreendedor já honrou previamente com o
de qualquer natureza, no caso de transferência pagamento da compensação ambiental de que
de domínio ou posse do imóvel rural. trata o artigo 36, da Lei 9.985/2000, nos casos
“PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL – AÇÃO de atividade apta a gerar significativa
CIVIL PÚBLICA – DANO AMBIENTAL – degradação ambiental, consoante previsto no
CONSTRUÇÃO DE HIDRELÉTRICA – EIA-RIMA.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA E Entende-se que a resposta demanda uma
SOLIDÁRIA – ARTS. 3º, INC. IV, E 14, § 1º, análise casuística, sendo necessário se
DA LEI 6.398/1981 – IRRETROATIVIDADE DA verificar se o dano ambiental causado foi
LEI – PREQUESTIONAMENTO AUSENTE: previsto ou não no EIA-RIMA. Caso a resposta
SÚMULA 282/STF – PRESCRIÇÃO – seja positiva, fica demonstrado que a
DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO: compensação ambiental paga pelo proponente
SÚMULA 284/STF – INADMISSIBILIDADE. do projeto já abarcou o dano ambiental, não
1. A responsabilidade por danos ambientais é sendo possível uma nova responsabilização
objetiva e, como tal, não exige a comprovação civil, sob pena de bis in idem.
de culpa, bastando a constatação do dano e do Inclusive, esta também foi a linha de
nexo de causalidade. pensamento seguida pelo STJ:
2. Excetuam-se à regra, dispensando a prova 3. A compensação tem conteúdo reparatório,
do nexo de causalidade, a responsabilidade de em que o empreendedor destina parte
adquirente de imóvel já danificado porque, considerável de seus esforços em ações que
independentemente de ter sido ele ou o dono sirvam para contrabalançar o uso de recursos
anterior o real causador dos estragos, imputa- naturais indispensáveis à realização do
se ao novo proprietário a responsabilidade empreendimento previsto no estudo de impacto
pelos danos. Precedentes do STJ. (REsp. ambiental e devidamente autorizados pelo
1056540, de 25.08.2009). órgão competente.
Obrigação propter rem - TRADICIONAL 4. O montante da compensação deve ater-se
2. A obrigação de reparação àqueles danos inevitáveis e imprescindíveis ao
dos danos ambientais é empreendimento previsto no EIA/RIMA, não se

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incluindo aqueles que possam ser objeto de e interações de ordem física, química e
medidas mitigadoras ou preventivas. biológica, que permite, abriga e rege a vida em
5. A indenização por dano ambiental, por seu todas as suas formas;
turno, tem assento no artigo 225, § 3.º, da II – degradação da qualidade ambiental, a
Carta da República, que cuida de hipótese de alteração adversa das características do meio
dano já ocorrido em que o autor terá obrigação ambiente;
de repará-lo ou indenizar a coletividade. Não III – poluição, a degradação da qualidade
há como se incluir nesse contexto aquele que ambiental resultante de atividades que direta
foi previsto e autorizado pelos órgãos ou indiretamente:
ambientais já devidamente COMPENSADO a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-
6. Os dois institutos têm natureza distinta, não estar da população;
havendo bis in idem na cobrança de b) criem condições adversas às atividades
indenização, desde que nela não se inclua a sociais e econômicas;
compensação anteriormente realizada ainda na c) afetem desfavoravelmente a biota;
fase de implantação do projeto. d) afetem as condições estéticas ou sanitárias
(REsp 896.863, j. 19.05.2011). do meio ambiente;
IMPRESCRITIBILIDADE DA PRETENSÃO e) lancem matérias ou energia em desacordo
5. Tratando-se de direito difuso, a reparação com os padrões ambientais estabelecidos;
civil assume grande amplitude, com profundas 2. Destarte, é poluidor a pessoa física ou
implicações na espécie de responsabilidade do jurídica, de direito público ou privado,
degradador que é objetiva, fundada no simples responsável, direta ou indiretamente, por
risco ou no simples fato da atividade danosa, atividade causadora de degradação ambiental;
independentemente da culpa do agente 3. O poluidor, por seu turno, com base na
causador do dano. mesma legislação, art. 14 – „sem obstar a
6. O direito ao pedido de reparação de danos aplicação das penalidades administrativas‟ é
ambientais, dentro da logicidade hermenêutica, obrigado, „independentemente da existência de
está protegido pelo manto da culpa‟, a indenizar ou reparar os danos
imprescritibilidade, por se tratar de direito causados ao meio ambiente e a terceiros,
inerente à vida, fundamental e essencial à „afetados por sua atividade‟.
afirmação dos povos, independentemente de 4. Depreende-se do texto legal a sua
não estar expresso em texto legal. responsabilidade pelo risco integral, por isso
7. Em matéria de prescrição cumpre distinguir que em demanda infensa a administração,
qual o bem jurídico tutelado: se eminentemente poderá, inter partes, discutir a culpa e o
privado seguem-se os prazos normais das regresso pelo evento” (REsp 442.586, de
ações indenizatórias; se o bem jurídico é 26.11.2002)
indisponível, fundamental, antecedendo a No dia 08 de fevereiro de 2012, ao manter
todos os demais direitos, pois sem ele não há condenação de danos patrimoniais e morais
vida, nem saúde, nem trabalho, nem lazer, contra a Petrobrás por derramamento de óleo
considera-se imprescritível o direito à que prejudicou um pescador, mais uma vez
reparação. afirmou o STJ (2ª Seção) que a
8. O dano ambiental inclui-se dentre os direitos responsabilidade civil objetiva ambiental
indisponíveis e como tal está dentre os poucos fundamenta-se na Teoria do Risco Integral:
acobertados pelo manto da imprescritibilidade
a ação que visa reparar o dano ambiental. A alegação de culpa exclusiva de terceiro pelo
REsp 1.112.117, de 10.11.2009 acidente em causa, como excludente de
TEORIA DO RISCO INTEGRAL ? responsabilidade, deve ser afastada, ante a
“Administrativo. Dano ambiental. Sanção incidência da teoria do risco integral e da
administrativa. Imposição de multa. Execução responsabilidade objetiva ínsita ao dano
fiscal. ambiental (art. 225, § 3º, da CF e do art. 14, §
1. Para fins da Lei n.º 6.938, de 31 de agosto 1º, da Lei nº 6.938/81), responsabilizando o
de 1981, art. 3.º, entende-se por: degradador em decorrência do princípio do
I – meio ambiente, o conjunto poluidor-pagador” (REsp 1.114.398).
de condições, leis, influências COMINAÇÃO DE PEDIDOS

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É plenamente possível a cominação de ambiental, poderá dirigir representação às


obrigação de reparação com a indenização autoridades relacionadas no parágrafo anterior,
pecuniária cumulativamente, até que haja a para efeito do exercício do seu poder de
recuperação total do dano, se possível. Nesse polícia.
sentido, o entendimento do STJ, divulgado pelo § 3º A autoridade ambiental que tiver
Informativo 427: conhecimento de infração ambiental é obrigada
“MEIO AMBIENTE. REPARAÇÃO. a promover a sua apuração imediata, mediante
INDENIZAÇÃO. processo administrativo próprio, sob pena de
O princípio da reparação in integrum aplica-se co-responsabilidade.
ao dano ambiental. Com isso, a obrigação de § 4º As infrações ambientais são apuradas em
recuperar o meio ambiente degradado é processo administrativo próprio, assegurado o
compatível com a indenização pecuniária por direito de ampla defesa e o contraditório,
eventuais prejuízos, até sua restauração plena. observadas as disposições desta Lei.
Contudo, se quem degradou promoveu a Art. 71. O processo administrativo para
restauração imediata e completa do bem apuração de infração ambiental deve observar
lesado ao status quo ante, em regra, não se os seguintes prazos máximos:
fala em indenização. I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou
Já os benefícios econômicos que aquele impugnação contra o auto de infração,
auferiu com a exploração ilegal do meio contados da data da ciência da autuação;
ambiente (bem de uso comum do povo, II - trinta dias para a autoridade competente
conforme o art. 225, caput, da CF/1988) devem julgar o auto de infração, contados da data da
reverter à coletividade, tal qual no caso, em sua lavratura, apresentada ou não a defesa ou
que se explorou garimpo ilegal de ouro em impugnação;
área de preservação permanente sem qualquer III - vinte dias para o infrator recorrer da
licença ambiental de funcionamento ou decisão condenatória à instância superior do
autorização para desmatamento. Sistema Nacional do Meio Ambiente -
Com esse entendimento, a Turma deu parcial SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas,
provimento ao recurso para reconhecer, em do Ministério da Marinha, de acordo com o tipo
tese, a possibilidade de cumulação de de autuação;
indenização pecuniária e obrigações de fazer IV – cinco dias para o pagamento de multa,
voltadas à recomposição in natura do bem contados da data do recebimento da
lesado, o que impõe a devolução dos autos ao notificação.
tribunal de origem para que verifique existir Art. 72. As infrações administrativas são
dano indenizável e seu eventual quantum punidas com as seguintes sanções, observado
debeatur. Precedente citado: REsp 1.120.117- o disposto no art. 6º:
AC, Dje 19/11/2009. REsp 1.114.893-MG, Rel. I – advertência;
Min. Herman Benjamin, julgado em 16/3/2010. II - multa simples;
INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS III - multa diária;
AMBIENTAIS IV - apreensão dos animais, produtos e
Art. 70. Considera-se infração administrativa subprodutos da fauna e flora, instrumentos,
ambiental toda ação ou omissão que viole as petrechos, equipamentos ou veículos de
regras jurídicas de uso, gozo, promoção, qualquer natureza utilizados na infração;
proteção e recuperação do meio ambiente. V - destruição ou inutilização do produto;
§ 1º São autoridades competentes para lavrar VI - suspensão de venda e fabricação do
auto de infração ambiental e instaurar processo produto;
administrativo os funcionários de órgãos VII - embargo de obra ou atividade;
ambientais integrantes do Sistema Nacional de VIII - demolição de obra;
Meio Ambiente - SISNAMA, designados para IX - suspensão parcial ou total de atividades;
as atividades de fiscalização, bem como os
agentes das Capitanias dos Portos, do X – (VETADO)
Ministério da Marinha. XI - restritiva de direitos.
§ 2º Qualquer pessoa, § 1º Se o infrator cometer, simultaneamente,
constatando infração duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas,

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cumulativamente, as sanções a elas Art. 74. A multa terá por base a unidade,
cominadas. hectare, metro cúbico, quilograma ou outra
§ 2º A advertência será aplicada pela medida pertinente, de acordo com o objeto
inobservância das disposições desta Lei e da jurídico lesado.
legislação em vigor, ou de preceitos Art. 75. O valor da multa de que trata este
regulamentares, sem prejuízo das demais Capítulo será fixado no regulamento desta Lei
sanções previstas neste artigo. e corrigido periodicamente, com base nos
§ 3º A multa simples será aplicada sempre que índices estabelecidos na legislação pertinente,
o agente, por negligência ou dolo: sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais)
I - advertido por irregularidades que tenham e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta
sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo milhões de reais).
assinalado por órgão competente do SISNAMA Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos
ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Estados, Municípios, Distrito Federal ou
Marinha; Territórios substitui a multa federal na mesma
II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos hipótese de incidência.
do SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do NOVO CÓDIGO FLORESTAL – ARTIGO 59
Ministério da Marinha. § 4o No período entre a publicação desta Lei e
§ 4° A multa simples pode ser convertida em a implantação do PRA em cada Estado e no
serviços de preservação, melhoria e Distrito Federal, bem como após a adesão do
recuperação da qualidade do meio ambiente. interessado ao PRA e enquanto estiver sendo
§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cumprido o termo de compromisso, o
cometimento da infração se prolongar no proprietário ou possuidor não poderá ser
tempo. autuado por infrações cometidas antes de 22
§ 6º A apreensão e destruição referidas nos de julho de 2008, relativas à supressão
incisos IV e V do caput obedecerão ao disposto irregular de vegetação em Áreas de
no art. 25 desta Lei. Preservação Permanente, de Reserva Legal e
§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX de uso restrito.
do caput serão aplicadas quando o produto, a 01 ano para adesão ao PRA após a sua
obra, a atividade ou o estabelecimento não criação
estiverem obedecendo às prescrições legais ou § 5o A partir da assinatura do termo de
regulamentares. compromisso, serão suspensas as sanções
§ 8º As sanções restritivas de direito são: decorrentes das infrações mencionadas no § 4o
I - suspensão de registro, licença ou deste artigo e, cumpridas as obrigações
autorização; estabelecidas no PRA ou no termo de
II - cancelamento de registro, licença ou compromisso para a regularização ambiental
autorização; das exigências desta Lei, nos prazos e
III - perda ou restrição de incentivos e condições neles estabelecidos, as multas
benefícios fiscais; referidas neste artigo serão consideradas como
IV - perda ou suspensão da participação em convertidas em serviços de preservação,
linhas de financiamento em estabelecimentos melhoria e recuperação da qualidade do meio
oficiais de crédito; ambiente, regularizando o uso de áreas rurais
V - proibição de contratar com a Administração consolidadas conforme definido no PRA.
Pública, pelo período de até três anos. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente
Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento ecologicamente equilibrado, bem de uso
de multas por infração ambiental serão comum do povo e essencial à sadia qualidade
revertidos ao Fundo Nacional do Meio de vida, impondo-se ao Poder Público e à
Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de coletividade o dever de defendê-lo e preservá-
julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo lo para as presentes e futuras gerações.
Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932, § 1º - Para assegurar a efetividade desse
fundos estaduais ou municipais de meio direito, incumbe ao Poder Público:
ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o I - preservar e restaurar os processos
órgão arrecadador. ecológicos essenciais e prover o manejo

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ecológico das espécies e ecossistemas; discriminatórias, necessárias à proteção dos


(Regulamento) ecossistemas naturais.
II - preservar a diversidade e a integridade do § 6º - As usinas que operem com reator
patrimônio genético do País e fiscalizar as nuclear deverão ter sua localização definida em
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação lei federal, sem o que não poderão ser
de material genético; instaladas.
III - definir, em todas as unidades da
Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente
protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção; (Regulamento)
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de
obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se
dará publicidade; (Regulamento)
V - controlar a produção, a comercialização e o
emprego de técnicas, métodos e substâncias
que comportem risco para a vida, a qualidade
de vida e o meio ambiente; (Regulamento)
VI - promover a educação ambiental em todos
os níveis de ensino e a conscientização pública
para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na
forma da lei, as práticas que coloquem em
risco sua função ecológica, provoquem a
extinção de espécies ou submetam os animais
a crueldade. (Regulamento)
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais
fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica
exigida pelo órgão público competente, na
forma da lei.
§ 3º - As condutas e atividades consideradas
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os
danos causados.
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata
Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-
Grossense e a Zona Costeira são patrimônio
nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da
lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive
quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou
arrecadadas pelos Estados, por ações

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