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Abrúcio, Fernando. Os Barões da Federação.

Capítulo II : Passagem do modelo unionista-autoritário para o federalismo estadualista

Modelo unionista-autoritário. Expurgo e crise econômica (medidas orthodoxas).


Eleições de 1965 para governador (endurecimento do regime). Restringir a autonomia
federativa e fortalecer a união.

Aspecto financeiro: controle da transferência de recursos para os estados e municípios.


O governo retirou os poderes do legislativo em matéria orçamentária (propor e aprovar
gostos públicos). Código tributário: concentração dos impostos na união. Dependência
dos municípios dos estados para a união.

Aspecto administrativo: planejamento administrativo para todo o país. Intervenção nos


estados através de orgãos de administração direta e indireta. Alinhamento entre os
projetos da união e dos estados. Não eram dois centros de poder (estados e união)
negociando estratégias, mas a imposição dos planos da união sobre os estados.

Aspecto político: controle das eleições estaduais. Eleições indiretas para governador em
1966 e 1970. Governadores técnicos. Acomodação das elites locais, porque o regime
precisava de apoio nas eleições para o congresso. Patronagem.

Abolição. Descontentamento das elites estaduais com os governadores biônicos.


Dependencia do regime dessas elites para as eleições do congresso e dos governadores.
Mesmo a elite local aliada com o regime se sentia alijada do poder. O governo federal
continuou levando em conta as demandas das elites estaduais. Crescimento da
administração direta dos estados. Quando esses centros administrativos sairam do poder
do regime, eles fortaleceram o poder dos governadores. O poder de patronagem saia do
regime para os governadores.

Abertura. Busca de legitimação para o projeto do governo Geisel por meio de alianças
com civis. Governadores com perfil mais político, mas desvinculados das elites locais
no estados. Eleições de 1974. Apoio das elites locais a candidatos do MDB por
descontentamento. Aumento da dependência do regime pelos governadores para o
processo de liberalização, porque eles tinham influência no congresso e com grupos
econômicos importantes. Fortalecimento dos governadores. Também fortalecimento da
oposição nos estados. Busca de apoio de governadores de outros estados (II PND).
Eleições de 1982. Multipartidarismo. Eleição para governador, prefeito e deputado no
mesmo ano (esquema de patronagem – programa de ajuda aos municípios –, política
clientelística do PDS nos municípios dos estados menos desenvolvidos). Extinção do PP
e adesão ao PMDB. Fortalecimento dos estados do nordeste por meio do
estabelecimento de um número máximo de deputados no colégio eleitoral por estado. A
oposição venceu nos estados do sudeste. Legitimidade por votação direta: os
governadores não mais dependiam da legitimidade do governo militar, mas da votação.

Diarquia. Regime militar: controle do federativo e das administrações diretas e indiretas


espalhadas por todo o país. Governadores: controle das máquinas estaduais, muito
importantes na política clientelística e com influência nas estratégias da classe política.
Por exemplo: criação de cargo em troca de apoio. Apoio da oposição.

Aumento do poder dos governadores. 1) Estado varguista-desenvolvimentista:


regulação do desenvolvimento capitalista nacional. Agredação de demandas: a
sociedade em corporações (diversificação social e dificuldade em atender essas
demandas). Enfraquecimento do regime militar e do estado varguista-
desenvolvimentista. 2) Aumento da participação das unidades subnacionais no
orçamento nacional da união. Emenda Passos Porto. O regime precisava de apoio e
negociava maior participação nas receitas. 3) Os governadores influenciaram o processo
de transição: manifestação das diretas-já. A posição privilegiada de um governador em
uma transição controlada. 4) Eleição para governador: eleição fundadora. Governadores
se estabelecendo como elo entre eleições majoritárias e proporcionais. 5)
Enfraquecimento da presidência.

Crise do estado desenvolvimentista. Não formação de um novo pacto político de


sustentação. Descontentamento com o padrão de distribuição de recursos e tentativa das
unidades subnacionais de pegar mais recursos para as suas coisas. Isso se encontrava na
constituição de 1988, como na parte em que destinava mais recursos para as unidades
federativas. Mas a CF 88 não estabelecia muitos encargos para os estados, e sim para os
municípios. Ultrapresidencialismo estadual permitiu aos governadores maior
autonomia.

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