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Jornal do NEDF/AAC

4ª Edição
Editorial
Desde o último Anti-Matéria o mundo mu- e que é agora editado com periodicidade bi-
dou mais um pouco e temos um novo presi- mensal. Pretendemos assim aproximar mais a
dente dos Estados Unidos da América. Numa comunidade que o Anti-Matéria serve. Con-
corrida mais atípica do que deveria ser, os tudo, e porque a gestão de tempo é cada vez
destinos do auto-denominado mundo livre mais o desafio supremo de qualquer estu-
cairam nas mãos de Barack Obama. Conheci- dante, aguardamos ansiosamente pela vossa
do pela sua calma e ponderação, especula-se participação. Não só com artigos, mas com
se terá ele pulso para tirar o mundo da crise uma voz activa que permita à equipa editora
financeira em que o sub-prime americano do Anti-Matéria melhorá-lo sucessivamente
nos colocou, que começa agora a afectar a e ao longo do tempo. O mundo dinâmico em
economia do mundo real. Contudo tudo isto que vivemos assim o exige.
terá passado despercebido aos novos alunos,
protagonistas da Latada, tema incontornável Rafael Jegundo
deste Jornal, que se aproxima cada vez mais
Aluno de Eng. Física
de uma revista. Queremos apostar na côr, na
imagem, nas pequenas coisas que aconte-
cem e que muitas vezes passam despercebi- Ficha Técnica
das. Se por um lado a Latada está presente
(sim, o Nobel da Física também) nesta edição Redactores: Rafael Jegundo, Maria Pires,
poderão encontrar artigos tão triviais como Francisco Villalobos, Manuel Fiolhais,
Ângela Dinis, Paulo Mendes, Nuno
culinária, o primeiro mês de um caloiro na
Martins, José António Paixão, João Borba,
universidade, ou o trabalho de Voluntariado
José Oliveira, Marcos Cordeiro, Frederico
desenvolvido pela Physis. Temos também Borges, Sílvia Franklim, Alexandre Sousa
um artigo sobre fotografia digital, a arte de Grafismo e Paginação: Bruno Galhardo
coleccionar pequenos momentos mágicos Produção: Pelouro da Divulgação do NEDF/
em papel inerte, e é esse o objectivo último AAC - Rafael Jegundo, Ângela Dinis, Marco
do Anti-Matéria. Coleccionar os momentos Gilles, Pedro Melo, Bruno Galhardo
que vão decorrendo por cá, seleccionados e Revisão: João Neto, Ângela Dinis, João
colhidos por vocês, também consumidores Domingos
Propriedade: NEDF/AAC
do produto final. Este é um produto con-
Email: divulgacao@nedf.org
struído passo a passo pelos seus prosumers,
Sede: Rua Larga, Departamento de Física,
os produtores-consumidores deste objecto Sala B13, 3004-516 Coimbra
de cariz informativo, em formato transitório,

2 Novembro 2008 :: Anti-Matéria


“Briosa” regressa ao campo Santa Cruz
Sete anos de espera alimentaram a ansiedade lugar na parte superior do espaço. A utilização
dos elementos da “Briosa” para pisar de novo do campo sintético pertencerá ao futebol, base-
o Campo de Santa Cruz de Coimbra. O dia 16 bol e râguebi. Não apenas como estrutura que
do passado mês de Outubro foi assinalado pela reúne condições para albergar vários desportos,
cerimónia de reactivação, após remodelações, o campo de Santa Cruz permitirá uma maior
do espaço que serviu de palco aos espectáculos aproximação dos elementos das várias modali-
desportivos da Académica durante trinta anos, dades.
com início a 5 de Março de 1922 com a sua
inauguração oficial como campo de futebol da Como especial interveniente nesta remodelação
propriedade da Universidade de Coimbra. A es- refere-se a Associação Académica de Coimbra,
trear o campo em 1922 esteve a equipa da casa mais especificamente os órgãos do pelouro de
e o Académico do Porto embora com pouca desporto, que terá a seu cargo, juntamente com
sorte para a Académica que perdeu o jogo com a Reitoria e a Associação Social da universi-
desvantagem de um golo. dade, o cuidado do espaço.

De entre as inovações deste histórico campo


destaca-se a instalação de relva sintética e a
associação de espaços que permitem a sua Maria Daniela S. Pires
utilização para outras modalidades. Voleibol,
ténis, andebol, badminton e basquetebol são Aluna de Eng. Física
exemplos de desportos cujas actividades terão

Antes

Depois

Novembro 2008 :: Anti-Matéria


Tradição Coimbrã, passado e presente
Tradição… ah doce tradição. Mas o que é a os pais, muitas vezes rígidos e muito conserva-
tradição? O que é este sentimento de nostal- dores. O sentimento vivido por ele à chegada,
gia que nos leva a recordar tempos passados, a devia estar muito próximo de um ganhar de
seguir ensinamentos perdidos no tempo e imitar asas e poder voar. No entanto esta imensidade
rituais cujo o significado à muito se perdeu? de oportunidades era muitas vezes nefasta, pois
não era raro o jovem estudante perder-se, neste
Não faço a mínima ideia, mas sempre soube que novo mundo que ele desconhecia, colocar os
Coimbra era um lugar muito especial, cheio de estudos de lado e deixar-se envolver por uma
tradições, rituais e nostalgia sentida por todos névoa de boémia, luxúria e despreocupação.
os que cá passaram. Terra dos estudantes, da
Universidade, da Queima e da Latada, do Pene- E talvez por isso recorreram a regras e rituais
do e do Choupal, mas que torna esta cidade tão de integração e punição para que os “caloiros”
especial? se integrassem neste novo meio sem que eles
perdessem de vista o objectivo que os levará a
Bom, numa primeira aproximação, a Universi- vir para Coimbra.
dade era pólo de conhecimento e de atracção
para os jovens que se deslocavam vindo de Também eu cheguei a Coimbra no início da
todo o país para Coimbra, a fim de terminarem década de noventa. Não era propriamente um
os seus estudos. A característica invulgar de pacóvio pois os desenvolvimentos ocorridos no
uma cidade pequena cuja população residente País ao longo do século, mas principalmente
dependia e depende muito da comunidade estu- depois da década de setenta, permitiram-me
dantil. Mas no meio de tanta diversidade de ter uma vivência que os meus antecessores do
vontades, opiniões e interesses como poderia início do século não tinham. No entanto tam-
Coimbra produzir aquele sentimento saudosista bém eu me deixei envolver pelo espírito desta
por todos os que cá passavam? Tradição… cidade, a ausência dos meus pais e as oportu-
nidades com que me deparava rapidamente me
Era assim que era a Coimbra do início do século levaram a sentir o peso da tradição…Acho que
XX, uma cidade pequena mas ao mesmo tempo fui afortunado.
deslumbrante para um pacóvio estudante que
com os seus tenros 18 aninhos chegava a Coim- Não quero transmitir aqui a ideia de que na
bra. As solicitações eram mais do que muitas, minha altura as coisas eram melhor ou pior que
para quem na sua terrinha nunca teve oportuni- hoje, mas apenas que eram diferentes. Tive o
dade de fazer nada, a não ser estudar e ajudar prazer de entrar num ano em que os caloiros do

4 Novembro 2008 :: Anti-Matéria


praia, no parque, no comboio e às vezes onde
calhava, andava de traje quer fizesse chuva ou
quer fizesse sol e no meio de tudo isto acho que
ainda fui a algumas aulas.

Não sei se tudo o que fiz era tradição se não


mas isso também não importa nada, fiz aqui-
lo que fiz não só porque gostava, mas porque
acreditava que ser estudante universitário não
se restringia à formação académica mas a um
conjunto de experiências que me acompanhas-
se para o resto da minha vida. Foram só boas
experiências? Não, longe disso, algumas delas
não as repetia e se soubesse o que sei hoje nem
sequer as fazia, mas a vida é isso mesmo: um
conjunto de experiências, umas boas outras
más, e aquilo que nos valoriza é a forma como
as vivemos e tiramos partido delas.

nosso departamento eram muito unidos, anda- Muitas vezes sou levado a pensar que hoje em
vam sempre juntos (em rebanho diria :)) e uma dia as coisas já não são bem assim, que já nin-
dúzia de doutores que nos souberam integrar e guém liga a estas coisas, muitos são os caloiros
punir decentemente. Na altura era muito raro que para não serem rapados dizem que não o
aquele que tinha carro próprio ou apartamento e são, muitos são aqueles se defendem na legit-
o telemóvel nem sequer existia, encontrávamo imidade individual da escolha, de poderem ser
– nos no café de sempre e quando não estava lá eles a decidir se podem estar ou não às seis da
ninguém sentávamo – nos e esperávamos, aca- manhã à porta do “Noites Longas”. Sim, é ver-
bava sempre por aparecer alguém. dade que a escolha de cada um deve ser tida
em conta, mas se apenas fizermos aquilo que
Não sei se a década de noventa foi uma década queremos ou aquilo que estamos habituados,
de mudança se não, mas a verdade é que duran- que experiências levamos nós quando um dia
te esses anos muita coisa se alterou, apareceram nos formos embora?
as propinas, reapareceu o movimento estudantil
de protesto contra as políticas governamentais, Acredito que hoje as experiências que cada um
alterou se o código da praxe em 93 que já não de nós leva para a vida sejam diferentes, pois
era alterado desde 1957 e o trânsito em Coim- vivemos num mundo muito diferente daquele
bra aumentou exponencialmente ao ponto ser que viviamos à dez, vinte ou cem anos atrás,
raro ter estacionamento na minha rua durante mas isso não importa nada, o que importa é que
o dia. Mas apesar de todo este turbilhão foram continuamos a levar connosco experiências de
anos inesquecíveis para aqueles que, como eu, vida e assim cada um de nós mantém a tradição,
por cá passaram. Fui rapado, fui Cão de Fila, a tradição desta cidade peculiar, da Universi-
roubei o nabo no Mercado, perdi noites ao frio dade e do legado de gerações de estudantes que
emboscado no Largo da Portagem à espera dos ao longo dos tempos por cá passaram.
caloiros que vinham da “Scotch”, levei nas un-
has por estar fora de casa depois da hora, rapei Um grande F-r-á
caloiros, emborrachei me com eles, fui vender
postais a Lisboa para ter dinheiro para mais Francisco Villalobos
copos, fui a manifs, fui corrido à bastonada,
apoiei a briosa em casa e apanhei boleia para Licenciado em Física
a ir apoiar quando esta jogava fora, dormi na

Novembro 2008 :: Anti-Matéria


Nobel da Física

A respeito do último Nobel da Física, que pre- ir: “Em Busca da Unificação”, Abdus Salam,
meia Yoichiro Nambu, Makoto Kobayashi e Paul Dirac e Werner Heisenberg, Colecção
Toshihide Maskawa, publicamos este texto do Ciência Aberta, nº 50, Gradiva, Lisboa. Diz
Professor Manuel Fiolhais, originalmente es- Salam: “A mesa circular está posta com um
crito para publicação no fórum Quark! . pão e um guardanapo para cada convidado de
uma forma completamente *simétrica*. Os
“Yoichiro Nambu, de origem japonesa natu- convidados sentam-se, espreitam de esguelha
ralizado norte-americano, foi galardoado com para os seus vizinhos, tentando decidir qual o
o prémio Nobel da Física de 2008 pelas con- guardanapo que vão escolher – se o colocado à
tribuições que deu à física das partículas, em sua direita ou o colocado simetricamente à sua
particular a quebra espontânea de simetria. esquerda. Subitamente, um mais corajoso faz a
Neste post procurarei explicar por palavras sua escolha e, instantaneamente (à velocidade
simples em que consiste essa quebra ou rup- da luz), estabelece-se ordem na mesa.” De uma
tura de simetria. Trata-se de uma transição, no situação inicialmente simétrica, passa-se para
fundo, tal como a que ocorre na água quando uma não simétrica – todos os comensais têm de
esta passa do estado líquido a gelo a 0 ºC. Uma escolher o guardanapo à sua esquerda. Mas se
quantidade de água possui um número de sime- o primeiro escolher o guardanapo à sua direita,
trias que não se encontram nos cristais de gelo. a simetria também se quebra espontaneamente,
De facto, se tivermos uma quantidade de água mas agora de uma outra maneira. A diminuição
líquida com forma esférica, há simetrias quanto da simetria corresponde sempre a uma situação
a rotação (a porção de água transforma-se nela onde a ordem é maior.
mesma), quanto a reflexões em planos, em
pontos, etc. Contudo, a mesma porção de água Um outro exemplo, que também é comum ser
transformada em gelo tem muito menos sim- referido para ilustrar a quebra espontânea de
etrias, embora continue a possuir umas tantas. simetria: imaginemos uma vara flexível ou uma
palhinha de sumo perfeitamente simétrica, sem
O bloco de gelo tem menos simetrias e mais quaisquer imperfeições e que é colocada ver-
ordem do que a mesma porção de água líquida. ticalmente. A palhinha é agora sujeita à acção
Contudo, o exemplo mais comum que ilustra a de forças exclusivamente verticais que a com-
quebra espontânea de simetria é a mesa de jan- primem. Insisto: a palhinha está na posição
tar circular num sítio onde as maneiras à mesa vertical e sobre ela só há forças verticais de
não estão padronizadas. Transcrevo aqui a de- compressão. A situação apresenta uma clara
scrição de Abdus Salam da situação – também simetria relativamente ao eixo vertical que pas-
ele prémio Nobel da Física, em 1979 –, retirada sa pelo centro da palhinha. Mas o que é que

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do livro da sua autoria e que eu ajudei a traduz- acontece se continuamos a compressão? Isso!

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A palhinha dobra e flecte para um lado. Qual? das (espontaneamente) é a teoria do ferromag-
Impossível adivinhar! Flecte para um dos lados netismo, elaborada por Werner Heisenberg em
e dizemos que a simetria inicial foi quebrada 1928. No seu livro acima referido – e que reco-
espontaneamente. O estado inicial com uma mendo vivamente a todos – Salam fala também
certa simetria evoluiu para um estado final com deste outro campo da física. “Os magnetes têm
*menos* simetria, apesar de as forças aplicadas pólos norte e sul, o que significa que preferem
terem a simetria do estado inicial. uma certa orientação no espaço, não são simé-
tricos. O aquecimento de uma barra magnética
O que é que isto tem a ver com a física das (que perde então as suas propriedades magné-
partículas? Tem tudo a ver! As teorias de ticas) torna-a simétrica (não há maneira de dis-
grande unificação fazem uso do conceito para tinguir um topo do outro. Quando o magnete
introduzir os bosões que intermedeiam as inter- arrefece, contudo, recupera espontaneamente
acções fundamentais. No caso das interacções a magnetização, adquirindo de novo um pólo
electrofracas, esses bosões são o fotão, o Zº norte e sul. Dizemos que a simetria é quebra-
o W+ e o W-. Ora, estes bosões que surgem da espontaneamente ou que está escondida; a
associados à quebra espontânea de simetria, simetria manifesta-se quando a barra está su-
inicialmente não têm massa. Mas existe um ficientemente quente, ocultando-se quando ar-
mecanismo (que necessita de uma partícula) refece. Tecnicamente, designamos por estado
para que alguns adquiram massa. É o chamado ordenado ou estado de simetria quebrada es-
mecanismo de Higgs e a tal partícula, que dá pontaneamente o estado em que o magnetismo
massa aos bosões das interacções fracas, é o se manifesta.
bosão de Higgs. Talvez ele apareça nas próxi-
mas experiências a realizar no novíssimo LHC, Há muitas outras situações em Física onde a
no CERN. Diz-se que se tal vier a acontecer o simetria e a sua quebra espontânea têm um pa-
escocês Peter Higgs receberá o prémio Nobel. pel fundamental.”
Nessa ocasião, o japonês Nambu será certa-
mente e justamente recordado.
Manuel Fiolhais
Mas a quebra espontânea da simetria não
aparece só na física das partículas. Um dos ex-
Professor do Dep. de Física
emplos mais conhecidos de simetrias quebra-

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Latada

Foi de 22 a 29 de Outubro Mais uma vez, o Núcleo de Estudantes do De-


que decorreu mais uma partamento de Física fez questão de marcar
Festa das Latas em Coim- presença na tenda dos núcleos, nas Noites do
bra. Parque, para dar as boas vindas aos novos alu-
nos. Após o sorteio da bebida, quis o destino
Reza a história que o nome entregar aguardente ao NEDF e foi tempo de
Latada vem já desde o pensar numa decoração apropriada e apelativa
século XIX, quando os para a nossa banca. Havaiana foi a eleita e a
estudantes saíam à rua para partir daí foi por mãos à obra na construção!
fazer barulho com objectos Foi com um imenso orgulho que, Quinta-Feira
ruidosos, nomeadamente à noite, tínhamos tudo pronto para dar início
latas, a fim de festejar o fi- à Festa das Latas 2008. Com especialidades
nal do ano lectivo. como o Kunami e a Caiπ’ (Caipilinha) e um
balcão cheio de animação, fizemos desta uma
Alguns anos depois, a Latada passava a coin- Latada inesquecível não só para os que chega-
cidir com a abertura da Universidade e com ram de novo, como também para os que já por
a chegada dos estudantes, que coloriam a ci- cá andavam. A Festa terminou ao som da Bala-
dade com o negro das Capas e criavam um da de Despedida, com a tradicional destruição
fantástico ambiente académico. do cenário, choros e abraços porque estamos
em Coimbra e para quem esta foi a última…
À semelhança da Queima das Fitas, todas as “fica a esperança de um dia aqui voltar”.
Faculdades desfilam num cortejo, onde os
Doutores caracterizam os Caloiros de moti- Ângela Dinis
vos ridículos ou satíricos. O desfile termina
na Portagem onde todos os Caloiros são bap- Aluna de Eng. Biomédica

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tizados com a água do nosso Mondego.

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Fotografia Digital: 2 Técnicas Ino
A fotografia digital não só permitiu tornar a
criação de imagens mais fácil e popular mas,
graças à sua possível manipulação matemática
(afinal uma fotografia digital não passa de uma
matriz de números) abriu o fácil acesso a algu-
mas técnicas que eram mesmo impossíveis de
aplicar no tempo da fotografia analógica. Duas
destas técnicas digitais são a “Profundidade de
campo extendida” e a criação de “Panoramas
(ou mosaicos) extendidos” .

É conhecido que a profundidade de campo (a


gama de distâncias em que os objectos parecem
focados) é muito pequena na macrofotografia.
Mas, graças à manipulação digital, é possível
fazer várias fotografias deslocando um pouco o
plano de focagem entre cada uma, de maneira
a percorrer o objecto todo desde os planos mais
próximos até aos mais afastados. Depois, é pos-
sível seleccionar matematicamente os pontos
focados de cada uma das imagens e criar uma
imagem comósita com todos os planos focados.
Esta técnica foi desenvolvida inicialmente para
combinar imagens de microscópios mas de-
pressa se generalizou e pode ser usada mesmo
para fotografia de paisagens.

A outra técnica permite combinar diversas ima-


gens tiradas a partir de um ponto para criar uma
foto com uma resolução muito maior do que a Física criado utilizando as duas técnicas. Para
da máquina utilizada. No fundo trata-se de tirar se obter cada foto do mosaico foram feitas cerca
fotografias do objecto num mosaico (tendo o de 10 a 13 fotos mudando o plano de focagem.
cuidado de haver uma sobreposição da imagem Depois as 13 fotografias assim obtidas foram
entre cada uma) que depois são combinadas para combinadas para obter a imagem da direita
criar uma fotografia de tamanho muito maior. que, com o número de pixeis que tem permite
Esta é uma técnica já muito utilizada mesmo a imprimir uma imagem do “Equilibrista” com
nível documental (ver o projecto Gigapan em cerca de 1,8m de altura, ou seja, 3 vezes o seu
http://www.gigapan.org/). Uma das panorâmi- tamanho natural, mantendo um nível de detalhe
cas maiores e mais interessantes obtidas deste que não seria possível obter com uma só fo-
modo é a da “Última Ceia” de Leonardo da tografia da mesma máquina.
Vinci que se encontra no refeitório do convento
“Santa Maria delle Grazie” em Milão (http:// Referências:
www.haltadefinizione.com/). Trata-se de uma http://www.heliconsoft.com/heliconfocus.html
foto com 16 Gpixel (não é gralha, são mesmo http://www.autopano.net/
16 Giga pixel!).
Paulo Mendes
Como exemplo de aplicação destas duas téc-
nicas mostra-se seguidamente um mosaico do

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Professor do Dep. de Física
conhecido “Equilibrista” do nosso Museu da

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ovadoras

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Cinescópio
Cinescópio, o comentário do anti-matéria sobre cinema.
No segundo volume contamos com, Burn After Reading dos irmãos Cohen e Maradona by Emir
Kusturika. Para além disso fica a sugestão de cinema e a solução caseira do DVD.

Maradona by Kusturica

Diego Armando Mara-


dona. El Pibe! O Melhor
jogador de futebol de to-
dos os tempos. Mas desta
vez visto pelos olhos de
Kusturica.

Se Maradona não fosse


jogador de futebol seria
certamente um revolu-
cionário. Emir é um re-
alizador completamente
Depois de No Country for Old Men muito se político, os seus filmes
esperava do próximo filme dos irmãos Cohen. sempre foram espelho de uma realidade política
De facto surgiu uma bela surpresa. e social em especial dos países da Ex-Jugoslávia.
Desta vez não é diferente, este documentário é
Cortando totalmente com o género cru e realista um documentário político, mas suportado num
do último grande vencedor da academia, Burn dos mitos vivos do futebol.
After Reading, surge num carácter mais ligeiro.
Contando com um elenco de luxo Pitt, Clooney, A construção deste documentário é bastante
Malkovich, Swidon e por aí a diante, o estilo interessante pois está suportado pela mostra
inclina-se agora para uma comédia subtil dos momentos mais marcantes da carreira de
pautada com umas nuances de humor negro. El Pibe, quer na primeira pessoa quer por vid-
Burn After Reading mostra-se uma boa surpresa eos das jogadas fenomenais. Esta construção
e um refrescar da actual cinematografia dos acompanha ainda a “construção” de Maradona
irmãos Cohen. como um instrumento político revolucionário
da América Latina.
Vão adorar personagens como os de Clooney,
Malkovich e uma hilariante alta patente da CIA.Recomendamos:
Até mesmo Pitt, num papel que segundo o qual Nos cinemas: A primeira recomendação que
foi feito a pensar nele, consegue arrancar-nos deixo é claro, como grande fã que sou, 007
umas valentes gargalhadas. Quantum of Solace. Depois de Casino Royale,
segue-se esta sequela, que nos mostra um 007
Uma boa noite de cinema é o que vos aguarda se amargurado e vingativo. Um filme repleto de
escolherem este filme para passarem o serão. acção que nos leva desde o Haiti até à Austria,
Itália e de volta à América Latina. Um novo ex-
poente Bond está a revelar-se. Atenção a Daniel
Craig.
Nuno Martins
Em DVD: Bigger, Stronger, Faster. Uma via-
gem ao mundo dos esteróides nos USA. Uma
Mestre em Eng. Física

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mostra do verdadeiro herói americano!

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Música
JOHN COLTRANE
LIVE AT THE VILLAGE VANGUARD - THE MASTER TAKES

“Village Vanguard” mostra Coltrane numa fase


de transição entre o jazz modal na sequência
de “Kind of Blue”, que encontramos em dis-
cos como “My Favourite Things”, e o free jazz
de “Ascension” que caracterizaria o final da
sua carreira, prematuramente interrompida em
1967 com a sua morte aos 42 anos.

Das cinco faixas registadas neste magnífico


CD, merecem destaque especial “Chasin’ the
Trane”, “India” e “Impressions”. A primeira
composição é um blues de onde sobressai um
solo de grande fôlego de Coltrane, muito in-
spirado e de grande liberdade criativa. Em “In-
dia” a simbiose de Coltrane no saxofone sopra-
no com Dolphy em clarinete baixo é sublime,
Em Outubro de 1961 John Coltrane actuou por numa sonoridade encantadora que nos remete
duas semanas no clube de Jazz nova-iorquino para um ambiente exótico. “Impressions” viria
“The Village Vanguard”, acompanhado do seu a tornar-se um standard.
grupo da altura, Elvin Jones na bateria, Mc-
Coy Tyner ao piano e Reggie Workman no
contrabaixo. A este núcleo viriam a juntar-se, Na altura, a deriva de Coltrane para o free
para este evento, quatro novos músicos, entre jazz e, em particular, a sua colaboração com
os quais Jimmy Garrison (contrabaixo) e Eric Eric Dolphy não foi bem recebida pela crítica.
Dolphy (clarinete baixo). As actuações dos úl- Muitos não apreciaram a liberdade criativa de
timos dias no clube foram gravadas para a eti- Coltrane e os frenéticos improvisos dos seus
queta Impulse! pelo prestigiado engenheiro de longos solos – no final da gravação de “Chasin’
som Rudy van Gelder. John Coltrane seleccion- the Trane” ouve-se um espectador comentar
ou das vinte e duas “takes” cinco composições Insane!. A prestigiada revista DownBeat che-
para serem editadas em disco. “Spiritual”, gou a alcunhar o novo som da dupla Coltrane/
“Softly as a Morning Sunrise” e “Chasin’ the Dolphy como “anti-jazz” e as críticas acabaram
Trane” apareceram a público em 1962 no LP por levar os dois músicos a interromper a sua
“Live at Village Vanguard”, o primeiro disco frutuosa colaboração. Mas se, na altura, o novo
ao vivo de Coltrane. Mais tarde, em 1963, duas som de Coltrane afastou alguns dos seus fãs in-
outras composições gravadas nesse evento, condicionais, hoje podemos admirar quão mar-
“India” e “Impressions” foram incluídas no ál- cante e duradoura foi a influência desta obra.
bum “Impressions”. Em 1997 a editora reuniu
em “Live at the Village Vanguard: The Master
Takes” as cinco composições, tendo também
editado a gravação completa dos quatro dias de José António Paixão
actuação sob o título “The Complete 1961 Vil-
lage Vanguard Recordings”. Professor do Dep. Física

Novembro 2008 :: Anti-Matéria


Música
basta ouvir “Doutor, Preciso De Ajuda” ou
“Triunfo dos Porcos”. E os bons momentos
não acabam. Aproveitem para ouvir com aten-
ção a fantástica “Cola-me No Chão”, e não se
esqueçam da irónica mas brilhante “Roque &
Dão”. De qualquer forma, há alguns momen-
tos mais baixos, por exemplo “Querida”, um
intervalo de adrenalina forçado, ou “Com A
Morte Nos Calcanhares”, um autêntico filler.

Magnífico Material Inutil é um álbum de boas


Para aqueles que se queixavam que a música canções, que não tenta mudar nem inovar
nacional não andava pelos bons caminhos, a maneira para que todos olham para o rock
levaram em 2008 uma autêntica chapada de português, cantado em português. O objectivo
luva branca. Tivemos este ano um dos mel- da banda era estabelecerem-se como headlin-
hores anos na música Made In Portugal, desde ers de uma nova (e necessária) vaga. E cum-
a lufada de ar fresco chamada Deolinda, ou o priram, se calhar com demasiada classe. A
romantismo cinemático de Rita Redshoes, ou seguir com atenção. Para quando uma visita
mesmo a estreia auspiciosa dos Riding Panico. a Coimbra?
Isto sem esquecer os regressos em grande dos
Linda Martini, do nosso fadista Camané e da João Borba
internacionalização merecida dos Buraka Som
Sistema. Aluno de Eng. Biomédica

Entre tanta promessa e confirmação definitiva


surgem vindos dos arredores de Queluz, Os
Pontos Negros. Com um estilo bem definido,
vagueando entre o rock orelhudo e directo e
o pop adolescente, cantam (em português!)
ao longo deste seu primeiro álbum Magnifico
Material Inútil uma pequena viagem à idade
das borbulhas. Ao ouvir o lead single “Conto
de Fadas de Sintra a Lisboa”, é notório que
os riffs simples e melódicos transpiram The
Strokes por todos os lados enquanto se canta
sobre uma história de amor dos tempos moder-
nos. “Tempos de Glória” traz consigo Johnny
Cash e António Variações para um excelente
momento, e até há momentos mais avant garde
como no final de “Cobras & Xadrez”. E para
quem pensa que normalmente um rock deste
estilo não consegue ter letras ao nível do in-
strumental, está bem enganado. Letras repletas
de ironias e metáforas inocentes, acompanha-
das de um registo vocal descontraído, acabam

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com o fantasma. Se ainda persistem dúvidas,

Novembro 2008 :: Anti-Matéria


Pós-Curso
José Oliveira, 26 anos, licenciou-se em Engen- – Departamento de Física da Universidade de
haria Física na Universidade de Coimbra em Coimbra, e na empresa Eneida – IPN Incuba-
2006. Desde então esteve em Aveiro, na em- dora, onde desenvolve redes de sensores sem
presa Micro I/O – sistemas de electrónica, a fios para indústrias de processo.
desenvolver um sistema de localização de pes-
soas baseado em redes de sensores sem fios, no Profile:
âmbito de um projecto da rede TELESAL – o
projecto LOPES – coordenado pelo Instituto José Oliveira foi presidente do NEDF/AAC
de Telecomunicações e pela Universidade de no ano 2004/2005, e presidente da Comissão
Aveiro. Este projecto terminou com a instala- organizadora do ENEF’2005 em Coimbra. No
ção do sistema demonstrador na Fábrica – Cen- ano internacional da Física foi ainda membro
tro de Ciência Viva de Aveiro, onde pode ser da Comissão organizadora da ICPS’ 2005, que
visitado. Durante este período, José Oliveira teve lugar também em Coimbra. Foi membro
completou também o mestrado em Engenharia da direcção da Physis e da coordenação do pro-
Física, pela Universidade de Aveiro, realizan- jecto “aprender a brincar” no Hospital Pediátri-
do um estudo sobre o impacto da interferência co de Coimbra.
electromagnética em sistemas de localização
quando em coexistência com outros sistemas José Oliveira participou também em dois man-
de redes sem fios a operar na mesma banda de datos da Direcção Geral da AAC e foi represen-
frequências, em particular na banda livre ISM tante dos estudantes no Senado Universitário.
2,4GHz, estudo apresentado em Setembro pas-
sado na IEEE ETFA 2008, em Hamburgo. José Oliveira

Neste momento, José Oliveira é investigador e Mestre em Eng. Física


candidato a doutoramento em Empresa no LAII

NEDF na Cozinha
Bifinhos com natas fresca para poder saborear o resto durante a
refeição :). Quando a cerveja apurar tem duas
Ingredientes: hipóteses:

* 300g de bifinhos de perú ou porco Hipótese A. Retire os bifinhos para um prato e


* 1 Pacote de natas junte à sertã os cogumelos e natas. Deixe apu-
* 1 Lata de cogumelos rar e sirva com arroz ou massa.
* 1 Cerveja Hipótese B. Junte directamente os cogumelos e
* Sal q.b. as natas à sertã sem retirar a carne. Deixe apu-
* Massa ou arroz rar e sirva com arroz ou massa.

Modo de Preparação Bom apetite e dá a tua opinião sobre a melhor


Primeiramente tempere a carne num alguidar hipótese.
com sal a gosto, pode juntar um pouco de sumo
de limão, mas não é estritamente necessário (não
aconselho). Coloque uma sertã anti-aderente ao
lume e quando esta estiver quente, coloque-lhe Marcos Cordeiro
directamente os bifinhos e deixe-os aloirar dos
dois lados. Entretanto junte-lhe um pouco de Aluno de Eng. Física
cerveja, natural ou fresca, no entanto aconselho

Novembro 2008 :: Anti-Matéria


Falta aqui o teu artigo!!

* *

divulgacao@nedf.org

16 Novembro 2008 :: Anti-Matéria


1º Mês de Caloiro
Depois do Ensino Secundário chega o Ensino Su- NEDF a tentar fazer uma coisa parecida com dan-
perior… Com as frequências quase semanais, os çar e, no final da noite, faço uma pequena demon-
exames semestrais que vão decidir se passamos o stração de esgrima. Fui expulso todos as noites
ano ou não, as aulas em auditórios com quase cem de cima do balcão da Banca às 6 da manhã. (Será
alunos e as noites passadas em branco a estudar. necessário referir se fui às aulas? :-)...). Na sema-
Isto seria o que aconteceria se eu estivesse a es- na da Latada ia ainda apanhando uma pneumonia
crever esta crónica numa qualquer Universidade durante o Cortejo, fui visto a roubar carrinhos de
em Portugal. No entanto, estou a escrever sobre compras no Lidl, etc, etc, etc.
o meu primeiro mês em Coimbra. Assim sendo,
vamos começar a crónica escrita como Caloiro na
Durante este mês, os dias parecem semanas. E
Universidade de Coimbra. não fica por aqui... existem inúmeras histórias
mas não as posso contar todas. Portanto, se és um
Depois do Ensino Secundário chega o Ensino Caloiro que não vive a vida Coimbrã não passas
Superior… Com os FINOS, as saídas à noite, as de um Caloiro, e se o fazes és um Caloiro da UC
discotecas, as directas e às vezes as aulas. e esse é o melhor Caloiro do Mundo.

Agora falando por experiência própria:


Frederico Borges
Chega a primeira semana onde estamos sem-
pre, com cautela, a olhar para trás por causa da Aluno de Eng. Física
Praxe. Mas a Praxe, para mim, é um elemento de
integração onde transformamos os Doutores e os
Caloiros nos nossos novos amigos. Claro que aí,
chega a altura de beber Finos e de sair quase to-
das as noites. A segunda semana é basicamente
a mesma coisa, ou seja, mais finos e continuar a
sair à noite.

Chega o COPO e chega a primeira grande bebe-


deira. Normalmente os Caloiros fogem das
Trupes, mas eu tinha ouvido dizer que ser trupado
era uma experiência muito engraçada! Assim, de- Disclaimer:
pois do COPO e de uns finos (bem, muitos), fui
ter com uma Trupe e disse: “Eu sou caloiro e que-
ro ser trupado!”, mas eles disseram que ainda não O testemunho deste aluno
estavam formados e eu respondi: “Não faz mal não representa uma atitude
que eu espero!”. Eles foram formar-se, depois patrocinada pelo
vieram ter comigo, rodearam-me e truparam-me.
Deram-me umas quarenta vezes em cada unha NEDF/AAC
e depois cortaram-me o cabelo durante quinze
minutos. Escusado será dizer que ficou selvatica-
mente cortado, e a única salvação foi ser rapado
em máquina zero. De resto, da noite do COPO,
não me lembro de nada, mas sei que adormeci à
porta do Noites Longas.

Passaram mais duas semanas de Finos e chegou a


Latada, a Festa dos Caloiros. Na Latada compra-
se o Bilhete Geral e vai-se todos os dias para o
Parque. Fico todos os “dias” em cima da banca do

Novembro 2008 :: Anti-Matéria


Physis
Porque a física é imaginação e curiosidade! ham pôr um brilhozinho nos olhos (como di-
ria o grande Sérgio Godinho!) dos meninos do
Se há coisa que nos une, a nós estudantes de pediátrico aguçando-lhes a curiosidade!
física, é a curiosidade que em nós é despertada
pelos fenómenos da natureza: porque é o céu Acção de formação para Voluntários
azul, porque é que tudo cai, porque brilham as Pediátrico
estrelas... Se pensarmos com atenção, é fácil
reconhecer que esta característica nos une en- Na passada quarta-feira, dia 5 de Novembro,
quanto estudantes de física e, é bem verdade, a PHYSIS organizou aqui no departamento de
enquanto seres humanos! De facto, todos so- física, uma acção de formação para voluntários
mos curiosos, uns mais outros menos, mas o no projecto “Aprender a Brincar”. A formação
olhar de todos nós é abrilhantado quando se contou com a presença do enfermeiro chefe
nos é proposto um desafio, quando nos é feita do Hospital Pediátrico de Coimbra e de Luísa
uma pergunta relativamente a alguma coisa que Simão, a psicóloga do mesmo hospital. Apesar
desconhecemos. É aqui que entra a imagina- de não ter tido uma adesão em massa, (como
ção! Quando tentamos dar resposta às questões gostávamos que tivesse acontecido..) a iniciati-
que para nós constituem ainda um enigma, va angariou alguns voluntários novos! Tu tam-
usamos a imaginação. É assim que nascem as bém podes ser um deles, basta entrares em con-
experiências científicas, é assim que todos os tacto comigo através do número: 917400836.
dias, milhares de físicos em todo o mundo ten-
tam desvendar os grandes mistérios da ciência A PHYSIS vai a Águeda!
e da natureza.
A convite de Helena Marques, a PHYSIS deslo-
É com base neste pressuposto de que o ser hu- car-se-á a Águeda no próximo dia 24 de No-
mano é curioso por natureza, que a PHYSIS vembro para mostrar a cerca de 200 crianças de
te lança um desafio. No âmbito do projecto escolas do concelho algumas experiências que a
“Aprender a Brincar”, o projecto de voluntari- associação tem construído para explicar alguns
ado no Hospital Pediátrico de Coimbra já por fenómenos e conceitos físicos. Durante todo o
vós sobejamente conhecido, a PHYSIS vai pro- dia, os meninos e meninas que forem passando
mover no próximo ENEF, a acontecer do dia pelas bancas das experiências, poderão encher
27 de Fevereiro a dia 1 de Março de 2009 no balões com vinagre, ver de perto os planetas do
Porto, um concurso de experiências para cri- nosso sistema solar, ouvir com os dentes, meter
anças. O objectivo de quem participa é criar palitos dentro de balões sem os fazer rebentar,
uma actividade experimental com materiais fazer música com campos magnéticos, etc. Se
do dia-a-dia que explique, de forma simples, quiseres vir connosco, serás muitíssimo bem-
um fenómeno natural, um conceito físico, uma vindo! Irão cerca de 10 voluntários e tu podes
reacção química, etc. Os temas são variados, ser um deles, bastando, para isso, fazeres a tua
desde a termodinâmica ao electromagnetismo, inscrição ligando para o 91740036. Os trans-
passando pela astronomia e a mecânica. A data portes e a alimentação estão ao encargo da PH-
do concurso, regulamento do mesmo, prémios YSIS. Participa!!
a atribuir, estão ainda a ser definidos e serão
divulgados atempadamente. Estas experiências Contactos:
serão depois usadas no projecto “Aprender a Sílvia Franklim: 917400836
Brincar” e farão, de certeza, a alegria dos mais e-mail: physis.pysis@gmail.com
pequenos!
Sílvia Franklim
Venham ao ENEF 2009, participem neste con-
curso ou no concurso de palestras. Atrevam-se Aluna de Física

18
a imaginar, atrevam-se a ser curiosos! Ven-

Novembro 2008 :: Anti-Matéria


Furo Jornalístico
Foi com grande emoção que acompanhei o der- volver-se em guerras. Tem de facto lógica, visto
radeiro final destas eleições dos estados uni- que o McDonalds é um sítio onde se vende fast
dos. O senhor Obama lá conseguiu uma vitória food, principalmente hambúrgueres e batatas
épica, fez um discurso todo patriótico, daque- fritas... Coincidência? Não me parece!
les com direito a uma senhora gorda a cantar e
tudo, e assumirá o poder como primeiro presi- Por cá também se têm dado desenvolvimentos
dente negro dos estados unidos. políticos à boa maneira portuguesa. A minis-
tra da educação foi recebida em Fafe com uma
Em todo o lado foi sentido este fenómeno, e chuva de ovos lançados por estudantes em fúria.
parece que toda a gente simpatiza com esta Quando os estudantes se envolvem em manifes-
nova figura política. Houve festejos um pou- tações em França atiram pedras e queimam car-
co por todo o mundo, não sei se por Barack ros com cocktails molotov, aqui atiram-se ovos.
Obama ter ganho ou por finalmente George W. Não, a sério, qual era a ideia? Panar a ministra
Bush ter que abandonar o cargo. Surpreendent- até ela acabar com o regime das faltas?
emente um dos sítios onde mais se festejou esta
vitória foi no Afeganistão, neste caso não pelo Na Madeira um deputado do PND desfraldou
abandono do Bush, mas porque no Afeganistão a bandeira nazi em pleno parlamento, e acusou
não sabem falar Inglês e em vez de Obama per- o governo regente de fascismo, e de nunca se
ceberam Osama. ter celebrado o 25 de Abril naquela casa. Eu
acho compreensível que isso tenha acontecido,
No Afeganistão ainda não cessaram os se repararmos o senhor Alberto João Jardim to-
agradáveis festejos com tiros para o ar em hon- mou as rédeas da região autónoma da Madeira
ra de Osama Bin Laden, o novo presidente dos há tanto tempo que depois de ter ultrapassado
Estados Unidos da América. No final destes acontecimentos como a revolução industrial, o
festejos que vão ser encerrados com a famo- renascimento e a extinção dos dinossauros, o
sa “queima do turbante”, teme-se que muitos 25 de Abril não é mais que um dia bem passado
bombistas suicidas se matem por ficarem no com uma garrafinha de poncha à cabeceira.
desemprego, agora que o principal foco de in-
fiéis está controlado. Mais uma vez a equipa do Anti-matéria foi sa-
ber a opinião de algumas pessoas da academia:
Este tipo de confusões sempre foram recor-
rentes na vida de Obama, vejamos que este Academista Nazi – «Hail !»
senhor, chama-se nada menos do que Barack
Hussein Obama, em três nomes um é parecido Secção de Gastronomia – «Com esses ovos fa-
com o de um dos maiores terroristas de sempre, zia-se um belo “Rouget barbet au foie gras” !!»
outro é o nome de um ditador. Era a típica cri-
ança que podia dizer que os pais não gostavam Reitor – Se em vez de atirarem os ovos fora
assim muito dele, e se a isto acrescentarmos o mos dessem, já podiam comer ovos estrelados
facto de ele provavelmente ser uma criança es- nos Grelhados!»
canzelada que dizia que queria ser presidente,
não deve ter tido uma infância fácil. Aquelas Galinha do Reitor – «cóó córó có cóó»
crianças a quem roubam o lanche na escola
roubavam o lanche do Obama. Presidente do NEDF/AAC – «Se achas que os
ovos custam a sair [CENSURADO]»
No entanto, Obama terá agora uma vida calma,
e espera-o até um mandato pacífico em termos
militares, visto que um senhor chamado Thom- Alexandre Sousa
as Friedman lançou uma teoria chamada “The
golden arches theory” onde diz que os países Aluno de Eng. Biomédica
que têm McDonalds são menos propícios a en-

Novembro 2008 :: Anti-Matéria


Passatempos
Novidades
Ecrãs de enrolar

Um dispositivo portátil equipado com um ecrã


enrolável que chega aos 13 centimetros aberto
(cellular book) vai ser lançado pela Polymer
Vision (anuncio feito o ano passado). Este dis-
positivo é um ecrã táctil de baixo consumo,
que permite a uma visualização até dezasseis
níveis de cinzento, mesmo em ambientes muito
luminosos . Este aparelho é construído com um
polimero com um décimo de milimetro de es-
pessura e possui uma entrada USB, 4 GB de
memória e acesso às redes celulares e de Wi-Fi.
Só falta memso incorporar a cor e as animações
tecnológicas

O Papel electrónico

O ideal seria termos uma folha de papel proida


de um ecrã táctil dobrável , que pudesse mostrar
conteúdos multimédia, ligar-se à internet, dan-
do a impressão que se tratasse de uma folha de
papel comum, e que actualizasse a informação
sem termos que mudar de suporte. Até aos dias
de hoje tínhamos dispositivos muito volumo-
sos, mas houve uma revolução neste campo
com a introdução no final de 2005 de pelícu-
las flexíveis Plastic logic e Philips e com a ch-
egada do cellular book da Polymer Vision. O
funcionamento do papel electrónico baseia-se
no uso de uma espécie de “tinta electrónica”,
composta por milhões de microcápsulas , que
contêm particulas brancas com carga positiva e
particulas pretas com carga negativa suspensas
num fluido. Estas particulas movimentam-se,
aplicando-se um campo electrico. As brancas
movimentam-se para a parte superior da mi-
crocápsula, dando a sensação da formação de
um ponto branco na folha, o contrario acontece
com as pretas, formando assim os caracteres.

20 Novembro 2008 :: Anti-Matéria

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