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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIDADE ACADÊMICA DO CABO DE SANTO


AGOSTINHO
DISCIPLINA: FÍSICA II

ONDAS SUPERSÔNICAS
Beatriz de Paula
Eduarda Neves
Mayara Nascimento
Renata Arcelino

CABO DE SANTO AGOSTINHO - 2015


INTRODUÇÃO
As ondas são um dos principais campos de estudo da física, dentro deste contexto
está à física dos sons definida como a observação e contextualização das particularidades
das ondas sonoras que podem ser descritas genericamente como sendo qualquer onda
longitudinal, ou seja, ondas nas quais as oscilações acontecem na direção de propagação
da onda.
O estudo desses fenômenos físicos é de fundamental importância para os mais
variados campos da ciência devido a sua considerável aplicabilidade no ramo da engenharia
(biomédica, aeronáutica, mecânica, militar e acústica). Um dos nichos de observação desses
fenômenos está, por exemplo, no estrondo produzido pela ultrapassagem da barreira do
som por um avião supersônico, no deslocamento de ar que ocorre quando há uma explosão
e no barulho do trovão, todas essas manifestações são resultantes das chamadas ondas de
choque, oscilações (pulsos) de pressão que se movem através de um meio com velocidade
maior do que o meio pode transmitir som (a fonte está se movendo tão depressa que
acompanha suas próprias frentes de onda), e definir o quanto foi o aumento violento, quase
instantâneo, da pressão nos pontos que são atingidos por ela. Essa tipologia de onda possui
a capacidade de rearranjar um átomo modificando sua estrutura atômica, é um importante
produto para obtenção de altas temperaturas, participa da transformação do grafite em
diamante, é fonte de sinal elétrico em sensores industriais e está intimamente ligada a
utilização da ciência em prol das mais variadas necessidades tecnológicas humanas.
O escrito a seguir irá relatar as considerações conceituais e práticas das ondas de
choque através do aspecto matemático e físico, além de estabelecer a correlação e
aplicabilidade deste tipo de fenômeno físico com o ramo da medicina e da engenharia
aeronáutica.
ONDAS SUPERSÔNICAS

Como as ondas sonoras podem ser descritas como variações de pressões, os sons gerados
a partir da quebra da barreira do som (velocidade maior que a do som), é o resultado de uma
variação repentina de pressão. Utilizaremos aqui, o exemplo do avião supersônico para exemplificar
a onda supersônica ou de choque. Um avião subsônico produz pequenas perturbações na pressão,
que viajam na velocidade do som e ficam à frente do avião, retirando o ar da frente da aeronave e
fazendo com que ele passe em torno de sua superfície. Dessa forma, as ondas na parte frontal do
avião são comprimidas com um comprimento de onda dado pela equação:
𝑣−𝑣𝑠
𝜆= 𝑓𝑠

Em que:

v = velocidade do som em relação ao meio

vs = velocidade do avião em relação ao meio

fs = frequência

Mas se a velocidade do avião vs se aproxima da velocidade do som v, λ tenderá a zero, e as


cristas das ondas se agrupam.

Figura 01: frentes de ondas de agrupam

Assim, o avião exercerá uma força elevada para comprimir o ar que o encontra pela frente,
fazendo com que ele seja retirado de forma abrupta de seu caminho. Pela terceira lei de Newton, o
ar também exerce uma força de mesma intensidade sobre o avião (porém contrária) fazendo com
que a resistência do ar aumente.

Quando o módulo de vs é maior que v, a fonte sonora se desloca a uma velocidade


supersônica, e as equações do Efeito Doppler não são válidas para a velocidade do som na parte
frontal da fonte. À medida que o ar se desloca, uma onda de compressão súbita do ar - uma onda
de choque - é criada e lançada para os lados e o som é produzido. Muitas cristas de onda são
emitidas no nariz do avião, e cada uma delas se espalha ao longo de círculos cujos centros coincidem
com a posição do avião no momento em que ela é emitida.

Para uma melhor compreensão destas ondas é necessário algumas considerações sobre o
comportamento de uma fonte móvel de som:

i) Se a fonte é estacionária, as ondas de som se movem em uma sequência de esferas concêntricas


(frentes de onda) de perturbações na pressão, que são vistas em duas dimensões;

ii) Se a fonte se move com velocidade menor que a do som, uma onda esférica também é propagada.
Mas o som é emitido por uma sequência de pontos ao longo de um caminho, e as esferas em
sequência são empurradas na direção da propagação. A fonte emissora ainda permanece dentro
das esferas de perturbação. Um observador estacionário perceberá uma variação de frequência no
som emitido pela fonte conforme ela se aproxime ou se afaste dele (Efeito Doppler);

iii) Quando uma fonte se move mais rápido que a velocidade do som, ela ultrapassa as esferas de
propagação. As esferas emitidas por pontos sucessivos possuem uma superfície tangente comum,
um cone, chamado de onda de choque. A superfície deste cone representa uma onda de choque e
a sua direção de propagação é perpendicular à superfície dele;

Estas ondas de choque unem duas grandes frentes de ondas em forma de cone, e cada uma
destas frentes é uma região de ar comprimido que cria um nítido salto na pressão no solo. As
mudanças na pressão atmosfera podem ser ouvidas como quebras da barreira do som. Cada cone
é uma região de mudança brusca de pressão, o onde ele intercepta o solo, um estrondo é ouvido.
Na parte dianteira do cone da onda de choque não existe nenhum som. No interior do cone, um
ouvinte em repouso ouve o som com frequência deslocada pelo efeito Doppler do avião que vai se
afastando.
Figura 02: Onda de choque

Observando o triângulo retângulo formado a partir das ondas de choque, notamos que o
ângulo 𝛼 é dado por:
𝑣𝑡 𝑣
𝑠𝑒𝑛 𝛼 = =
𝑣𝑠 𝑡 𝑣𝑠

A razão 𝑣⁄𝑣𝑠 é chamada de número de Mach, e ele é maior que um para todas as
velocidades suprsônicas. O valor do seno de 𝛼 na equação é o inverso do número de Mach.

Durante o movimento, a onda de choque forma um cone em torno da direção do


movimento da fonte, quando a fonte se move com velocidade constante, o ângulo alfa também é
constante e a onda de choque se move acompanhando a fonte.

Quanto maior for o avião, mais intenso será o estrondo sônico, e se ele estiver abaixo de
13000 m será mais intenso ainda. As ondas de pressão produzidas também podem causar danos
materiais, por isso os engenheiros se preocuparam em tentar diminuir ao máximo suas
intensidades, já que como são intrínsecos e inerentes às ondas, não podem ser eliminadas. Na parte
dianteira do cone da onda de choque não existe nenhum som. No interior do cone, um ouvinte em
repouso ouve o som com frequência deslocada pelo efeito Doppler do avião que vai se afastando.
As ondas continuam a ser produzidas continuamente após a quebra da barreira do som.

Além da aviação, as ondas de choque também são utilizadas na quebra de cálculo nos rins
e na vesícula sem que haja a necessidade de cirurgias invasivas, técnica que é chamada de litotripsia
usando onda de choque extra corporal, na detecção de objetos submersos, e na geração de imagens
por ultrassom.

CONCLUSÃO
O estudo das ondas supersônicas, ou de choque é de fundamental importância para a
compreensão do processo físico que ocorre na propagação das ondas sonoras, como por exemplo,
do efeito Doppler que ocorre no interior de um cone formado pelas esferas de propagação das
ondas sonoras, a estas esferas dá-se o nome de frente de onda. A partir de uma análise, verificamos
que a equações do efeito Doppler não são válidas para fontes que sem movem acima da velocidade
do som.

Tal estudo tem sua importância reconhecida não apenas à aeronáutica, haja vista que
através dele tem-se acesso ao entendimento dos mais variados processos o que permite estudos
direcionados a solucionar questões relacionadas não apenas a essa área do conhecimento, mas
também da medicina possibilitando avanços que venham salvar e/ou garantir mais qualidade de
vida para os pacientes que conseguem usufruir dos benefícios que são consequência do estudo das
ondas de choque.

BIBLIOGRAFIA
VILELA PINTO, Maria Verônica. Ondas de Choque e Descontinuidade. Rio de Janeiro. 1985

GIANCOLI, C. Douglas. FÍSICA. Principios con aplicaciones. Sexta edição. PEARSON EDUCACIÓN.
México. 2006.

YOUNG, Hugh; FREEDMAN, Roger. Física II: Termodinâmica e Ondas. Décima edição. PEARSON. São
Paulo. 2003

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