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CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TCE-PA

PROFESSOR: PEDRO IVO

AULA 01 – APLICABILIDADE DA LEI PENAL (APLICÁVEL AOS


CRIMES PREVISTOS NO EDITAL)

Olá, Futuros Aprovados! Sejam bem vindos!

Hoje trataremos de um tema importantíssimo que é importante para a correta


compreensão do que está por vir. Estudaremos como a lei penal é aplicada e
verificaremos como a banca costuma exigir o assunto em prova.
Para começarmos esta aula, faremos uma brevíssima revisão do que foi
analisado na aula demonstrativa. Esta revisão abrangerá apenas o tema lei
penal, pois é necessário que o assunto esteja “fresco” em sua cabeça a fim de
facilitar o entendimento do que está por vir.

Dito isto, MOTIVAÇÃO TOTAL, pois vamos começar!


Bons estudos!!!
***************************************************************

REVISÃO – MUITA ATENÇÃO!!!

LEI PENAL

CONCEITO

A lei penal é a fonte formal imediata do Direito Penal e é classificada pela doutrina
majoritária em incriminadora e não incriminadora.

Dizemos “incriminadoras” aquelas que criam crimes e cominam penas.

Dizemos “não incriminadoras” as que não criam delitos e nem cominam penas. As
“não incriminadoras” subdividem-se em:

 PERMISSIVAS  Autorizam a prática de condutas típicas.

 EXCULPANTES  Estabelecem a não culpabilidade do agente ou caracterizam


a impunidade de algum crime.

 INTERPRETATIVAS  Explicam determinado conceito, tornando clara a sua


aplicabilidade.

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ANALOGIA

A analogia jurídica consiste em aplicar a um caso não previsto pelo legislador a norma
que rege caso análogo, semelhante. A analogia não diz respeito à interpretação
jurídica propriamente dita, mas à integração da lei, pois sua finalidade é justamente
SUPRIR LACUNAS DESTA.

Classifica-se em:

 Analogia in malam partem  É aquela em que se supre a lacuna legal com


algum dispositivo prejudicial ao réu. Isto não é possível no nosso ordenamento
jurídico.

 Analogia in bonam partem  Neste caso, aplica-se ao caso omisso uma norma
favorável ao réu. Este tipo de analogia é aceito em nosso ordenamento jurídico.

LEI PENAL NO TEMPO

A regra geral no Direito Penal é a da prevalência da lei que se encontrava em vigor


quando da prática do fato, ou seja, aplica-se a LEI VIGENTE quando da prática da
conduta – Princípio do “TEMPUS REGIT ACTUM”

NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA

Novatio legis incriminadora ocorre quando um indiferente penal (conduta considerada


lícita frente à legislação penal) passa a ser considerado crime pela lei posterior. Neste
caso, a lei que incrimina novos fatos é IRRETROATIVA, uma vez que prejudica o
sujeito.

LEI PENAL MAIS GRAVE – LEX GRAVIOR


Aqui não temos a tipificação de uma conduta antes descriminalizada, mas sim a
aplicação de tratamento mais rigoroso a um fato já constante como delito. Para esta
situação também não há que se falar em retroatividade, pois, conforme já tratamos
SE A NOVA LEI FOR MAIS GRAVE TERÁ APLICAÇÃO APENAS A FATOS
POSTERIORES À SUA ENTRADA EM VIGOR. JAMAIS RETROAGIRÁ, CONFORME
DETERMINAÇÃO CONSTITUCIONAL.

ABOLITIO CRIMINIS

O instituto da abolitio criminis ocorre quando uma lei nova trata como lícito fato
anteriormente tido como criminoso, ou melhor, quando a lei nova descriminaliza fato
que era considerado infração penal. Opera-se a EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
Encontra embasamento no artigo 2º do Código Penal, que dispõe da seguinte forma:

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Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.

Segundo os princípios que regem a lei penal no tempo, a lei abolicionista É NORMA
PENAL RETROATIVA, atingindo fatos pretéritos, ainda que acobertados pelo manto da
coisa julgada. Isto porque o respeito à coisa julgada é uma garantia do cidadão em
face do Estado. Logo, a lei posterior só não pode retroagir se for prejudicial ao réu.

LEI PENAL MAIS BENÉFICA

A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

A lei mais favorável é RETROATIVA. Sendo assim, somente podemos falar em


RETROATIVIDADE quando lei posterior for mais benéfica ao agente, em comparação
àquela que estava em vigor quando o crime foi praticado.

Observe:

Cabe, por fim, ressaltar a ultratividade.

Quando se diz que uma lei penal é dotada de ultratividade, quer-se afirmar que ela,
apesar de não mais vigente, continua a vincular os fatos anteriores à sua saída do
sistema.

Assim, para a situação, em que um delito é praticado durante a vigência de uma lei
que posteriormente é revogada por outra prejudicial ao agente, ocorrerá a
ULTRATIVIDADE da lei.

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1.1 APLICABILIDADE DA LEI PENAL

1.1.1 LEI PENAL TEMPORÁRIA E LEI PENAL EXCEPCIONAL

Caro (a) aluno (a), vimos até agora que a lei penal retroage para beneficiar
o réu.
Mas imagine a seguinte situação: uma lei é editada atribuindo penalização
de reclusão de 5 a 8 anos para os indivíduos que gastem uma quantidade
de água superior a 300 litros por mês durante certo período de
racionamento. Esta lei entra em vigor em 01 de janeiro de 2010 e termina
em 31 de dezembro do mesmo ano.
Tício, no mês de outubro do supracitado ano, durante a vigência da lei,
gasta 500 litros de água e tal fato só é descoberto no dia 29 de dezembro,
ou seja, dois dias antes da retirada da lei de nosso ordenamento jurídico.
Pergunto: Para este caso, dará tempo de ele ser condenado? Caso seja
condenado, podemos dizer que no dia 1º de janeiro teremos a abolitio
criminis?
Para responder a estas perguntas e evitar situações absurdas que tirariam o
sentido de determinadas leis, dispõe o Código Penal da seguinte forma:

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o


período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

LEIS TEMPORÁRIAS  SÃO AQUELAS QUE TRAZEM EM SEU TEXTO O


TEMPO DETERMINADO DE SUA VALIDADE. POR EXEMPLO, A LEI
TERÁ VALIDADE ATÉ 15 DE NOVEMBRO DE 2012 - UM PERÍODO
CERTO.

LEIS EXCEPCIONAIS  SÃO AS QUE TÊM SUA EFICÁCIA VINCULADA


A UM ACONTECIMENTO DO MUNDO FÁTICO, COMO, POR EXEMPLO,
UMA GUERRA. NELSON HUNGRIA CITA A LEI QUE ORDENAVA QUE,
EM TEMPO DE GUERRA, TODAS AS PORTAS DEVERIAM SER
PINTADAS DE PRETO, OU SEJA, A GUERRA É UM PERÍODO
INDETERMINADO, MAS, DURANTE O SEU TEMPO, CONSTITUÍA CRIME
DEIXAR DE PINTAR A PORTA. AO TÉRMINO DA GUERRA, A LEI
PERDERIA EFICÁCIA.

As leis excepcionais e temporárias são auto-revogáveis, ou seja, não há


necessidade da edição de outra lei para retirá-las do ordenamento jurídico.
É suficiente para tal o decurso do prazo ou mesmo o término de
determinada situação.

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Para que sua aplicabilidade seja plena, o legislador percebeu ser necessária
a manutenção de seus efeitos punitivos após sua vigência aos que
afrontaram a norma quando vigorava.
Desta forma, podemos afirmar que as LEIS EXCEPCIONAIS E
TEMPORÁRIAS POSSUEM ULTRATIVIDADE, pois, conforme exposto,
aplicam-se sempre ao fato praticado durante sua vigência. O fundamento
da ultratividade é claro e a explicação está prevista na Exposição de Motivos
do Código Penal, nos seguintes termos:

“É especialmente decidida a hipótese da lei excepcional ou temporária,


reconhecendo-se a sua ultra-atividade. Esta ressalva visa impedir que,
tratando-se de leis previamente limitadas no tempo, possam ser frustradas
as suas sanções por expedientes astuciosos no sentido do retardamento dos
processos penais. “

Esquematizando:

INÍCIO DA ATO
TÉRMINO DA
VIGÊNCIA CONTRÁRIO VIGÊNCIA
À LEI

LEI TEMPORÁRIA  PERÍODO DE VIGÊNCIA DEFINIDO


LEI EXCEPCIONAL  SITUAÇÃO DE ANORMALIDADE

1.1.2 LEIS PENAIS EM BRANCO

Para tratarmos deste tema, antes de tudo, cabe um importante


questionamento: “O que é uma lei penal em branco?”. Vamos entender:
Normas penais em branco são disposições cuja sanção é determinada,
permanecendo indeterminado o seu conteúdo; sua exequibilidade depende
do complemento de outras normas jurídicas ou da futura expedição de
certos atos administrativos; classificam-se em:

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A) NORMAS PENAIS EM BRANCO EM SENTIDO LATO  São aquelas


em que o complemento é determinado pela mesma fonte formal da norma
incriminadora, ou seja, o complemento tem a mesma natureza jurídica e
provém do mesmo órgão que elaborou a lei penal incriminadora.
Exemplo: Observe o art. 169, parágrafo único, I, do Código Penal:

Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu


poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo
ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
(grifei).

Mas o que é “tesouro”? Para a correta complementação do art. 169,


parágrafo único, I, do CP (norma penal em branco), devemos recorrer ao
Código Civil que em seu art. 1264 leciona que tesouro é:

Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de


cujo dono não haja memória [...].

Neste exemplo, temos uma LEI, editada pelo LEGISLATIVO,


complementando norma de mesma especificação.

B) NORMAS PENAIS EM BRANCO EM SENTIDO ESTRITO  São


aquelas cujo complemento está contido em norma procedente de outra
instância legislativa, ou seja, o complemento tem natureza jurídica diversa
e emana de órgão distinto daquele que elaborou a lei penal incriminadora.
Exemplo: Um exemplo claro são os delitos relacionados com drogas (Lei nº
11.343/2006). Pergunto: quais são as drogas que se estiverem na mochila
de um indivíduo são passíveis de caracterização de crime?
Para responder a esta pergunta, será necessário consultar a portaria
SVS/MS 344/1998, editada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Lá estão dispostas as drogas proibidas em nosso país.
Neste caso, temos uma portaria do executivo complementando lei
editada pelo legislativo.
Por fim, observe o elucidativo julgado do STJ:

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STJ, HC 98113/MS, DJ 15.06.2009

O art. 1º, I, da Lei 8.176/91, ao proibir o comércio de combustíveis em


desacordo com as normas estabelecidas na forma da lei, é norma penal
em branco em sentido estrito, porque não exige a complementação
mediante lei formal, podendo sê-lo por normas administrativas
infralegais, estas sim, estabelecidas "na forma da lei".

OBSERVAÇÃO

Alguns autores referem-se à chamada lei penal em branco inversa ou


ao avesso. Trata-se de situação em que o preceito primário é completo,
mas o secundário necessita de complementação. Neste caso, o
complemento só pode ocorrer por lei sob pena de afronta ao princípio da
reserva legal.

Trata-se de uma situação bem particular e sem grande importância para


sua PROVA.

Bom, agora que você já sabe o que é uma norma penal em branco,
podemos passar a um ponto que é muito discutido na doutrina.
Imagine que Tício comete um delito cuja tipificação se enquadra no
conceito de norma penal em branco. Pergunto: Uma vez alterado o
complemento da lei penal em branco, posteriormente à realização da
conduta criminosa e beneficiando o réu, deve operar-se a retroatividade?
Seria o caso, por exemplo, do indivíduo que é preso por estar com drogas
e, dois meses depois, a substância, até então proibida, é retirada da
portaria da ANS.
Sem entrar em divergências, vou tratar do que você deve saber para a sua
PROVA, ok?
O entendimento majoritário é o de que DEVE HAVER A RETROAÇÃO DA
LEI PENAL EM BRANCO, tal qual ocorre com as demais normas.
Cabe, entretanto, ressaltar que quando o complemento se inserir em um
contexto de excepcionalidade, a sua modificação, ainda que benéfica ao
réu, não pode retroagir. Trata-se, simplesmente, da aplicação do disposto
no art. 3º do Código Penal que, como vimos, garante a ultratividade das
leis penais excepcionais. Observe o pronunciamento do STF sobre o tema:

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STF, HC 73.168-6/SP

Em princípio, o artigo 3º do Código Penal se aplica a norma penal em


branco, na hipótese de o ato normativo que a integra ser revogado ou
substituído por outro mais benéfico ao infrator, não se dando, portanto, a
retroatividade. - Essa aplicação só não se faz quando a norma, que
complementa o preceito penal em branco, importa real modificação da
figura abstrata nele prevista ou se assenta em motivo permanente,
insusceptível de modificar-se por circunstâncias temporárias ou
excepcionais, como sucede quando do elenco de doenças contagiosas se
retira uma por se haver demonstrado que não tem ela tal característica.

1.2 CONFLITO APARENTE DE LEIS

Segundo o autor Cássio Juvenal Faria em seu estudo:

"Ocorre o conflito aparente de normas penais quando o mesmo fato se amolda


a duas ou mais normas incriminadoras. A conduta, única, parece subsumir-se
em diversas normas penais. Ou seja, há uma unidade de fato e uma
pluralidade de normas contemporâneas identificando aquele fato como
criminoso."

Resumindo, o conflito aparente de leis penais ocorre quando a um só fato,


aparentemente, duas ou mais leis são aplicáveis, ou seja, o fato é único, no
entanto, existe uma pluralidade de normas a ele aplicáveis.
Como diz a própria expressão, o conflito é aparente, pois se resolve com a
correta interpretação da lei. Para Nélson Hungria:

“Não é admissível que duas ou mais leis penais ou dois ou mais dispositivos da
mesma lei penal se disputem, com igual autoridade, exclusiva aplicação ao
mesmo fato. Para evitar a perplexidade ou a intolerável solução pelo bis in
idem, o direito penal (como o direito em geral) dispõe de regras, explícitas ou
implícitas, que previnem a possibilidade de competição em seu seio.”

A doutrina, regra geral, indica 04 princípios a serem aplicados a fim de


solucionar o conflito aparente de leis penais, são eles:

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1. SUBSIDIARIEDADE;
2. ESPECIALIDADE;
3. CONSUNÇÃO;
4. ALTERNATIVIDADE

O conhecimento destes 04 princípios é importante para a sua PROVA e, para


lembrá-los, observe que juntos formam a palavra SECA!!!

Vamos conhecê-los:

1.2.1 PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE

Estabelece que a lei especial prevalece sobre a geral. Considera-se lei


especial aquela que contém todos os requisitos da lei geral e mais alguns
chamados especializantes.
Exemplo: O crime de infanticídio, previsto no artigo 123 do Código Penal,
tem um núcleo idêntico ao do crime de homicídio, tipificado pelo artigo 121,
qual seja, “matar alguém”. Torna-se figura especial, ao exigir elementos
diferenciadores: A autora deve ser a mãe e a vítima deve ser o próprio
filho, nascente ou neonato, cometendo-se o delito durante o parto ou logo
após, sob influência do estado puerperal.

ELEMENTOS COMUNS

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1.2.2 PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE

Subdivide-se em expresso e tácito.


Ocorre a subsidiariedade expressa, quando a própria norma reconhecer
seu caráter subsidiário, admitindo incidir somente se não ficar
caracterizado o fato de maior gravidade.

Como exemplo, compete citar o crime de perigo para a vida ou saúde de


outrem (art. 132, CP):

"Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e


iminente:

Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano, se o fato não constituir


crime mais grave". (grifei)

Como se retira do preceito secundário do artigo transcrito, somente "se o


fato não constituir crime mais grave" é que a pena relativa ao delito
descrito no art. 132 será aplicada ao agente.
No caso da subsidiariedade tácita a norma nada diz, mas, diante do caso
concreto, verifica-se seu caráter secundário.
Exemplo claro é o do crime de roubo em que a vítima, mediante emprego
de violência, é constrangida a entregar a sua bolsa ao agente.
Aparentemente, incidem o tipo definidor do roubo (norma primária) e o do
constrangimento ilegal (norma subsidiária), sendo que o constrangimento
ilegal, no caso, foi apenas uma fase do roubo, além do fato de este ser
mais grave.

1.2.3 PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO

Conhecido também como PRINCÍPIO DA ABSORÇÃO, é um princípio


aplicável nos casos em que há uma sucessão de condutas com existência de
um nexo de dependência. De acordo com tal princípio, o crime mais grave
absorve o crime menos grave.
Ao contrário do que ocorre no princípio da especialidade, aqui não se
reclama a comparação abstrata entre as leis penais. Comparam-se os fatos,
inferindo-se que o mais grave consome os demais, sobrando apenas a lei
penal que o disciplina. Mas como assim?
Para uma melhor compreensão, pensemos, por exemplo, no crime de furto
qualificado (art. 155, § 4º, do Código Penal). Veja:

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Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:


[...]
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o
crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da
coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

Simplesmente olhando para o tipo penal, não posso dizer que ele sofre
consunção, pois que dele, em si, nada posso aferir quanto a sua
correspondência íntima com outro crime. Assim, o que importa para sua
PROVA é que ABSTRATAMENTE É IMPOSSÍVEL SABER SE UM CRIME É,
OU NÃO, CONSUNTIVO.
No entanto, se digo que o agente Tício, com o intuito de furtar bens de uma
residência, escala o muro que a cerca e, utilizando-se de chave falsa, abre-
lhe a porta e penetra em seu interior, subtraindo-lhe os bens e fugindo logo
em seguida, posso, com toda a certeza, afirmar que o princípio da
consunção se faz presente.
Neste caso, o furto qualificado pela escalada e pelo emprego de chave falsa
(art. 155, § 4º, II, 3ª figura, e III, do Código Penal) ABSORVE a violação
de domicílio qualificada (art. 150, § 1º, 1ª figura, do Código Penal), que lhe
serviu de meio necessário.

1.2.4 PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE

Ocorre quando uma norma jurídica prevê diversas condutas,


alternativamente, como modalidades de uma mesma infração. Para estes
casos, mesmo que o infrator cometa mais de uma dessas ‘condutas
alternativas’, isto é, se, acaso, violar mais de um dever jurídico, será
apenado somente uma vez.
É comum no Direito Ambiental a norma jurídica determinar várias
modalidades de conduta para a mesma infração. Por exemplo, o artigo 11
do Decreto 3.179, de 21.9.1999, que regulamenta a Lei 9.605/1998,
estabelece:

“Art. 11. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da


fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida

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permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou


em desacordo com a obtida: multa de (...).”

O infrator será apenado apenas uma vez, ainda que realize diversos
comportamentos estabelecidos na norma. Por exemplo, se a pessoa caça e
depois mata determinado animal silvestre, sofrerá apenas uma reprimenda.
Para ficar bem claro, vamos analisar outro exemplo: Assim dispõe o artigo
193 da Lei 9.503, de 23.9.1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro:

“Art. 193. Transitar com o veículo em calçada, passeios,


passarelas, ciclovias, ciclofaixas, ilhas, refúgios, ajardinamentos,
canteiros centrais e divisores de pista de rolamento,
acostamentos, marcas de canalização, gramados e jardins
públicos: Penalidade: multa (...)”.

Ao menos em linhas gerais, se a pessoa transita com o veículo na calçada,


na ciclovia e depois no acostamento, não cometerá tantas infrações quantos
forem os deveres violados. Trata-se de ilícito administrativo de “condutas
múltiplas” e ele sofrerá única sanção em face do princípio da
alternatividade.

Finalizando este tópico, cabe pela importância ressaltar:

O CONFLITO DE NORMAS É APARENTE, OU


SEJA, SEMPRE PODE SER SOLUCIONADO
ATRAVÉS DE UMA CORRETA INTERPRETAÇÃO

1.3 TEMPO DO CRIME

Caro(a) Aluno(a), imagine que Tício atira em Mévio no dia 15 de março de


2011, quando possuía 17 anos, 28 dias e 6 horas. Mévio é socorrido, levado ao
hospital e vem a falecer no dia 03 de abril de 2011, em virtude dos disparos.
Neste caso, Tício poderá ser condenado?
Perceba que temos a ação ocorrendo em uma data (disparos) e o resultado em
outra. Como encontrar a solução para este questionamento?

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Para determinar o tempo do crime, a doutrina criminal tem apresentado três


teorias, quais sejam, a teoria da atividade, do resultado e da ubiquidade
(mista).

Teoria da Atividade  O crime ocorre no lugar em que foi praticada a ação


ou omissão, ou seja, a conduta criminosa. Ex.: o crime de homicídio é
praticado no lugar em que o agente dispara a arma de fogo com a intenção de
matar a vítima;

Teoria do Resultado  O crime ocorre no lugar em que ocorreu o resultado.


Ex.: o crime de homicídio é praticado no lugar em que a vítima morreu, ainda
que outro tenha sido o lugar da ação;

Teoria da Ubiquidade  Também conhecida por teoria mista, já que para


esta teoria o crime ocorre tanto no lugar em que foi praticada a ação ou
omissão (atividade) como onde se produziu, ou deveria se produzir o resultado
(resultado).

O Código Penal adota claramente, em seu artigo 4º, a TEORIA DA


ATIVIDADE para determinar o tempo do crime. Observe:

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou


omissão, ainda que outro seja o momento do resultado

Desta forma, fica claro que em nosso exemplo inicial Tício não poderá ser
condenado com base no Código Penal, pois era menor quando da ação do
delito. Serão cabíveis para o caso as disposições do Estatuto da Criança e do
Adolescente.

1.3.1 EFEITOS DA TEORIA DA ATIVIDADE PARA O TEMPO DO CRIME

A adoção da teoria da atividade para a determinação do tempo do crime


apresenta algumas consequências, dentre as quais as seguintes são
importantes para a sua PROVA:

1. Aplica-se a lei em vigor ao tempo da conduta, exceto se a do


tempo do resultado for mais benéfica.
2. Apura-se a imputabilidade NO MOMENTO DA CONDUTA.

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Antes de prosseguirmos com a próxima consequência, faz-se necessário o


conhecimento básico de alguns conceitos:

DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO

CRIME PERMANENTE  É O CRIME CUJO MOMENTO CONSUMATIVO SE


PROLONGA NO TEMPO. EXEMPLO: CP, ART. 148 - SEQUESTRO E CÁRCERE
PRIVADO.

CRIME CONTINUADO  O INSTITUTO DO CRIME CONTINUADO É UMA FICÇÃO


JURÍDICA QUE, EXIGINDO O CUMPRIMENTO DE REQUISITOS OBJETIVOS
(MESMA ESPÉCIE, CONDIÇÕES DE TEMPO, LUGAR, MANEIRA DE EXECUÇÃO E
OUTRAS SEMELHANTES), EQUIPARA A REALIZAÇÃO DE VÁRIOS CRIMES A UM
SÓ. EXEMPLO: CAIXA DE SUPERMERCADO QUE, DIA APÓS DIA, E NA
ESPERANÇA DE QUE O SEU SUPERIOR EXERÇA AS SUAS FUNÇÕES
NEGLIGENTEMENTE, TIRA PEQUENO VALOR DIÁRIO DO CAIXA, QUE PODE
TORNAR-SE CONSIDERÁVEL COM O PASSAR DO TEMPO.

CRIME HABITUAL  CONSOANTE CAPEZ, "É O COMPOSTO PELA REITERAÇÃO


DE ATOS QUE REVELAM UM ESTILO DE VIDA DO AGENTE, POR EXEMPLO,
RUFIANISMO (CP, ART. 230), EXERCÍCIO ILEGAL DA MEDICINA; SÓ SE
CONSUMA COM A HABITUALIDADE NA CONDUTA.”

Prosseguindo:

3. Nos crimes permanentes, enquanto perdura a ofensa ao bem


jurídico (Exemplo: extorsão mediante sequestro), o tempo do
crime se dilatará pelo período de permanência. Assim, se o
autor, menor, durante a fase de execução do crime vier a
atingir a maioridade, responderá segundo o Código Penal e
não segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente — ECA
(Lei n. 8.069/90).

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4. Nos crimes continuados em que os fatos anteriores eram


punidos por uma lei, operando-se o aumento da pena por lei
nova, aplica-se esta última a toda unidade delitiva, desde que
sob a sua vigência continue a ser praticado.

CAIXA CAIXA CAIXA


ROUBOU ROUBOU ROUBOU
R$100,00 R$100,00 R$100,00

A importantíssima súmula 711 do STF resume os itens 03 e 04. Observe:

SÚMULA 711 DO STF

A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO


OU AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À
CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA.

5. No Crime Habitual em que haja sucessão de leis, deve ser


aplicada a nova, ainda que mais severa, se o agente insistir em
reiterar a conduta criminosa.

1.4 LEI PENAL NO ESPAÇO

O Código Penal trata de maneira detalhada da aplicação da Lei Penal no espaço


e, assim, torna claro para a sociedade onde as normas definidas pelo
Legislador Brasileiro serão aplicadas.
A REGRA para dirimir conflitos e dúvidas é a utilização do princípio da
TERRITORIALIDADE, ou seja, aplica-se a lei penal aos crimes cometidos em
território nacional. Tal preceito encontra-se no Código Penal, observe:

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Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,


tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no
território nacional.

Há exceções que ocorrem quando o brasileiro pratica crime no exterior ou um


estrangeiro comete delito no Brasil. Fala-se, assim, que o Código Penal adotou
o princípio da TERRITORIALIDADE TEMPERADA OU MITIGADA.
Dito isto, vamos esmiuçar a regra e as exceções:

1.4.1 PRINCÍPIO DE TERRITORIALIDADE

Em termos jurídicos, território é o espaço em que o Estado exerce sua


soberania política. Para a sua PROVA você não precisa saber exatamente o
que compreende o território brasileiro, bastando apenas o conhecimento do
disposto nos parágrafos 1º e 2º do artigo 5º, que dispõe:

Art. 5º [...]
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que
se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-
mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou
em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou
mar territorial do Brasil.

Com base nos supracitados parágrafos, imagine que Tício, brasileiro, está
na Argentina e confere lesões corporais graves em um “Hermano”. Diante
de tal fato, Tício, perseguido por policiais, corre para um navio da marinha
de guerra do Brasil e o adentra. Neste caso, Tício poderá ser preso pelos
policiais Argentinos?
A resposta é negativa, pois o navio será considerado extensão do território
Brasileiro e não poderá ser penetrado peles policiais Argentinos.
Agora outra situação... Mévio, Americano, está em um cruzeiro que passará
pelas belas praias do Rio de Janeiro. Nas proximidades de Copacabana,
Mévio atira em Caio. Diante desta situação, o que fazer? Mévio pode ser
preso segundo as leis brasileiras?

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A resposta é positiva, pois, com base no parágrafo 2º do artigo 5º, para


crimes praticados a bordo de embarcações privadas estrangeiras,
achando-se estas em porto ou mar territorial do Brasil, aplica-se a lei
brasileira.
Como percebe, as regras são de fácil aplicação, mas o correto entendimento
é fundamental para sua PROVA.

1.4.2 PRINCÍPIOS QUE MITIGAM A TERRITORIALIDADE

Vimos que o Código Penal adota o princípio da territorialidade temperada ou


mitigada por haverem exceções ao princípio da territorialidade. Vamos
conhecê-las:

1.4.2.1 PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE OU DA PERSONALIDADE

Autoriza a submissão à lei brasileira dos crimes praticados no estrangeiro


por autor brasileiro ou contra vítima brasileira.
Este princípio se subdivide em outros dois:

1 – Princípio da Personalidade Ativa  Só se considera a


nacionalidade do autor do delito, ou seja, independentemente da
nacionalidade do sujeito passivo e do bem jurídico ofendido, o agente é
punido de acordo com a lei brasileira.
Encontra-se disposto no art. 7.º, I, alínea “d” e II, “b” do Código Penal:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no


estrangeiro:
I - os crimes: [...]
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro [...]
II - os crimes: [...]
b) praticados por brasileiro;

2 - Princípio da Personalidade Passiva  Considera-se somente a


nacionalidade da vítima do delito. Encontra previsão no art. 7.º, § 3º, do
Código Penal:

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por


estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
condições previstas no parágrafo anterior:
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a) não foi pedida ou foi negada a extradição;


b) houve requisição do Ministro da Justiça.

1.4.2.2 PRINCÍPIO DA DEFESA REAL OU DA PROTEÇÃO

A lei penal é aplicada independente da nacionalidade do bem jurídico


atingido pela ação delituosa, onde quer que ela tenha sido praticada e
independente da nacionalidade do agente. O Estado protege os seus
interesses além das fronteiras.
Observe o preceituado no Código Penal:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no


estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação
instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

1.4.2.3 PRINCÍPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL

As leis penais devem ser aplicadas a todo e qualquer fato punível, seja
qual for a nacionalidade do agente, do bem jurídico lesado ou posto em
perigo e em qualquer local onde o fato foi praticado.
A lei penal deve ser aplicada a todos os homens, independentemente do
local onde se encontrem.
É um princípio baseado na cooperação penal internacional e permite
a punição, por todos os Estados, da totalidade dos crimes que forem
objeto de tratados e de convenções internacionais. Fundamenta-se no
dever de solidariedade na repressão de certos delitos cuja punição
interessa a todos os povos. Exemplos: Tráfico de drogas, comércio de
seres humanos, genocídio etc.
Encontra previsão no art. 7º, II, “a”, do Código Penal:
Art. 7º [...]
[...]
II - os crimes

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a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;

1.4.2.4 PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO

Segundo este princípio, deve ser aplicada a lei penal brasileira aos
crimes cometidos em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes
ou de propriedade privada quando estiverem em território estrangeiro e
aí não sejam julgados. Está previsto no artigo 7º, II, “c”, do Código
Penal:

Art. 7º [...]
II - os crimes
[...]
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados.

1.4.3 LUGAR DO CRIME

Até agora falamos bastante da territorialidade, mas para sabermos se um


delito operou-se no território Nacional precisamos aprender como
determinar o lugar do crime.
Quando falamos sobre o tempo do crime, ou seja, o momento em que o
crime é cometido, tratamos de três teorias: ATIVIDADE, RESULTADO e
MISTA ou da UBIQUIDADE. Está lembrado?
Naquela oportunidade, afirmamos que para definir o momento do crime
adotou-se a teoria da atividade. Portanto, tem-se como praticado o crime
NO MOMENTO da ATIVIDADE.
Aqui, a questão é saber ONDE se tem como cometido o delito. O problema
é o lugar (espaço) e não o tempo. Devemos, mais uma vez, para solucionar
qualquer conflito, recorrer às três teorias:

 TEORIA DA ATIVIDADE  O CRIME É COMETIDO NO LUGAR ONDE FOI


PRATICADA A ATIVIDADE (CONDUTA= AÇÃO OU OMISSÃO).

 TEORIA DO RESULTADO  O LUGAR DO CRIME É ONDE OCORREU O


RESULTADO, INDEPENDENTEMENTE DE ONDE FOI PRATICADA A CONDUTA.

 TEORIA MISTA (OU DA UBIQUIDADE)  CONSIDERA, POR SUA VEZ, QUE O


CRIME É COMETIDO TANTO NO LUGAR DA ATIVIDADE QUANTO NO LUGAR
DO RESULTADO.

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O Código Penal, ao tratar do tema, dispõe:

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu


a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se
produziu ou deveria produzir-se o resultado.

O Código Penal adotou a TEORIA DA UBIQUIDADE, valendo ressaltar que


na própria previsão do art. 6° do Código Penal esta incluída o lugar da
tentativa, ou seja, "[...] onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado".
Busca-se, com a teoria mista do lugar do delito, solucionar o problema dos
conflitos negativos de competência (Dentro do Território Nacional) e o
problema dos crimes à distância (Brasil - Exterior), em que ação e o
resultado se desenvolvem em lugares diversos.
Como exemplo, podemos citar o seguinte caso:
Imagine que Tício, residente no Brasil, envia uma carta bomba para um
cidadão residente na Grécia (vou parar com esse negócio de citar só
argentinos), cujo nome é Maradona. Maradona, grego, vem a falecer em
virtude da carta. Neste caso, segundo a norma penal, o lugar do crime
tanto pode ser o Brasil quanto a Grécia.
Ou seja, para que o Brasil seja competente na apuração e julgamento de
determinada infração penal, basta que porção dessa conduta delituosa
tenha ocorrido no território nacional.

ATENÇÃO!!!

EXISTEM ALGUMAS SITUAÇÕES PARA AS QUAIS NÃO SE APLICA A TEORIA DA


UBIQUIDADE. A ÚNICA QUE IMPORTA PARA A SUA PROVA DIZ RESPEITO AOS
CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA, OCORRIDOS NO TERRITÓRIO NACIONAL QUE,
SEGUNDO PACÍFICA JURISPRUDÊNCIA, A FIM DE FACILITAR A INSTRUÇÃO
CRIMINAL E A DESCOBERTA DA VERDADE REAL, SEGUE A TEORIA DA ATIVIDADE.

Sendo assim, imagine que Mévio atira em Caio em São Paulo. Este é
socorrido e levado para um hospital no Rio de Janeiro, onde vem a falecer.
Temos, para este caso, a atividade em São Paulo e o resultado no Rio
de Janeiro. Pela regra geral, seriam competentes tanto o Juízo do Rio
quanto o de São Paulo, MAAAAAS, como neste caso estamos tratando de
crime doloso contra a vida, aplica-se a teoria da ATIVIDADE e não da
UBIQUIDADE, sendo competente, portanto, o Juízo de São Paulo.

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1.4.4 EXTRATERRITORIALIDADE

Extraterritorialidade é a aplicação da legislação penal brasileira aos crimes


cometidos no exterior.
Conforme já tratamos, justifica-se pelo fato de o Brasil ter adotado,
relativamente à lei penal no espaço, o princípio da territorialidade mitigada,
o que autoriza, excepcionalmente, a incidência da lei penal brasileira a
crimes praticados fora do território nacional.
A extraterritorialidade pode ser incondicionada ou condicionada e são estas
duas espécies que veremos a partir de agora. Apresentarei primeiramente
as regras gerais e depois colocarei o que é importante em um esquema, a
fim de facilitar a assimilação.
Observação:

NÃO SE ADMITE A APLICAÇÃO DA LEI PENAL BRASILEIRA ÀS CONTRAVENÇÕES


PENAIS OCORRIDAS FORA DO TERRITÓRIO NACIONAL.

OBSERVE O DISPOSTO NA LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS:

Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território


nacional.

1.4.4.1 EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA

Como o próprio nome diz, são hipóteses em que a lei brasileira é


aplicada, independentemente de qualquer CONDIÇÃO. Encontra
previsão do art. 7º, I do Código Penal, que dispõe:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no


estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação
instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no
Brasil;

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1.4.4.2 EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA

Relaciona-se aos crimes indicados no art. 7°, II, e § 3°, do Código Penal.

Art. 7º[...]
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.

A aplicação da lei penal brasileira aos crimes cometidos no exterior se


sujeita às condições descritas no art. 7°, § 2°, alíneas “a”, “b”, “c” e
“d”, e § 3°, do Código Penal.

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende


do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira
autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí
cumprido a pena;

Tratando-se de extraterritorialidade condicionada, a lei penal brasileira é


subsidiária em relação aos crimes praticados fora do território nacional,
aqui já descritos.
Dito tudo isto sobre a extraterritorialidade, vamos esquematizar:

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HIPÓTESES:

*CRIME CONTRA A VIDA OU A LIBERDADE DO


PRESIDENTE DA REPÚBLICA.

*CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO OU A FÉ


PÚBLICA DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA OU
INDIRETA.
INCONDICIONADA
*CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA,
POR QUEM ESTÁ A SEU SERVIÇO.

*CRIME DE GENOCÍDIO, QUANDO O AGENTE FOR


BRASILEIRO OU DOMICILIADO NO BRASIL.

CONDIÇÕES:

*NÃO EXISTEM – O AGENTE É PUNIDO PELA LEI


BRASILEIRA, AINDA QUE ABSOLVIDO OU
CONDENADO NO ESTRANGEIRO.

HIPÓTESES:
EXTRATERRITORIALIDADE
*CRIMES QUE, POR TRATADO OU CONVENÇÃO, O
BRASIL SE OBRIGOU A REPRIMIR.

*CRIMES PRATICADOS POR BRASILEIRO.

*CRIMES PRATICADOS EM AERONAVES OU


EMBARCAÇÕES BRASILEIRAS, MERCANTES OU DE
PROPRIEDADE PRIVADA, QUANDO EM
TERRITÓRIO ESTRANGEIRO NÃO FOREM
JULGADOS.

*CRIMES PRATICADOS POR ESTRANGEIROS


CONTRA BRASILEIROS FORA DO BRASIL, SE,
REUNIDAS AS CONDIÇÕES: 1-NÃO FOI PEDIDA OU
NEGADA A EXTRADIÇÃO; 2-HOUVE REQUISIÇÃO
DO MINISTRO DA JUSTIÇA.

CONDICIONADA

CONDIÇÕES:
*ENTRAR O AGENTE NO TERRITÓRIO NACIONAL

*SER O FATO PUNÍVEL ONDE FOI PRATICADO

*ESTAR O CRIME INCLUÍDO ENTRE AQUELES


PELOS QUAIS A LEI BRASILEIRA AUTORIZA A
EXTRADIÇÃO

* NÃO TER SIDO ABSOLVIDO NO ESTRANGEIRO


OU NÃO TER AÍ CUMPRIDO PENA (CUMPRIMENTO
PARCIAL – ART. 8º DO CP)

*NÃO TER SIDO PERDOADO NO ESTRANGEIRO OU


EXTINTA A PUNIBILIDADE PELA LEI + FAVORÁVEL

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1.5 CONSIDERAÇÕES FINAS

1.5.1 PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO

Imaginemos que Tício cometeu um crime contra a vida da presidenta Dilma


em solo argentino e lá foi condenado à pena de seis anos de reclusão, dos
quais já cumpriu três anos. Durante uma rebelião, Tício foge e consegue
chegar ao Brasil.
Conforme já vimos, e quanto a isso não deve haver dúvidas, a sentença
estrangeira não faz coisa julgada no Brasil. Logo, o autor da infração
deverá ser novamente julgado.
Pensemos que Tício foi condenado aqui no Brasil a 15 anos de reclusão. O
que ocorrerá com aqueles três anos já cumpridos? Não valerão de nada?
Claro que valerão. E a resposta para este questionamento está no artigo 8º
do Código Penal, que, com base no já conhecido princípio do “ne bis in
idem”, dispõe:

Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta


no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é
computada, quando idênticas.

SENDO ASSIM, CONCLUÍMOS QUE A PENA CUMPRIDA NO


ESTRANGEIRO ATENUA A PENA IMPOSTA NO BRASIL PELO MESMO
CRIME, QUANDO DIVERSAS, OU NELA É COMPUTADA QUANDO
IDÊNTICAS.

1.5.2 EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA

A sentença judicial é proferida pelo ESTADO com base na sua soberania e


confere efeitos no local em que foi decidida. Assim, regra geral, uma
sentença judicial brasileira vale para o Brasil, uma sentença judicial
paraguaia vale no Paraguai, e assim por diante.
Contudo, existem determinadas situações em que decisões judiciais de
outras nações são recepcionadas pelo estado Brasileiro através de sua
homologação, mediante o procedimento constitucionalmente previsto, a fim
de constituí-la em título executivo com validade em território nacional.
Encontramos as hipóteses de possibilidade de utilização da sentença
estrangeira no art. 9º do Código Penal, que leciona:

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Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei


brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser
homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a
outros efeitos civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança.
Parágrafo único - A homologação depende:
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte
interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição
com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou,
na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.

Diante do que vimos até agora, responda-me: Imagine que Tício foi
condenado a determinada pena do estrangeiro. Esta sentença, seja ela qual
for, pode ser homologada e utilizada pelo Brasil, nos termos do art. 9º?
É claro que........NÃO!!!!!
Observe que o artigo 9º só traz duas possibilidades de homologação, que
são:

1. OBRIGAR O CONDENADO À REPARAÇÃO DO DANO, A


RESTITUIÇÕES E A OUTROS EFEITOS CIVIS.
2. SUJEITÁ-LO A MEDIDA DE SEGURANÇA.

A homologação de sentença estrangeira hoje é de competência do STJ


(artigo 105, I, i, da CF). Antes da Emenda Constitucional de número 45/04,
a competência era do STF.

1.5.3 CONTAGEM DE PRAZO

O artigo 10 do Código Penal trata da contagem do PRAZO PENAL nos


seguintes termos:
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.

Vamos analisá-lo por partes:

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1. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo  Imaginemos


que determinado indivíduo é preso no dia 15 de janeiro, às 23:59h,
após sua condenação a 01(UM) dia de prisão. Pergunto: Quando ele
será liberado?

Ele estará livre às 00:00h do dia 16, ou seja, ficará UM MINUTO preso
e isto será considerado UM DIA.

“Mas como assim, professor? Só um minuto???”

É exatamente isso!!!
Como o dia do começo inclui-se no cômputo do prazo e, segundo o
artigo 11 do Código Penal, não há que se falar em frações de dia,
teremos 1 minuto valendo 24 horas. Observe o disposto no citado art.
11 do CP:

Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas


restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa,
as frações de cruzeiro. (leia-se real). (grifo nosso)

PARA CÁLCULOS EM PROVA, É IMPORTANTE OBSERVAR A SEGUINTE REGRA:


SEMPRE DEVE SER CONSIDERADA NA OPERAÇÃO A DIMINUIÇÃO DE UM DIA EM
RAZÃO DE SER COMPUTADO O DIA DO COMEÇO. DESTA FORMA, SE A PENA É DE
UM ANO E TEVE INÍCIO EM 20 DE SETEMBRO DE 2009, ESTARÁ INTEGRALMENTE
CUMPRIDA EM 19 DE SETEMBRO DE 2010.

2. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum


 No prazo penal, os dias, os meses e os anos são contados de
acordo com o calendário comum, também chamado de gregoriano.
Os meses são calculados com o número de dias característicos de
cada um deles, e não como um período de 30 dias. Assim, se um
indivíduo é preso por um mês em 10 fevereiro, quando será solto? Em
9 de março. E se for preso em 10 de março? Será liberado em 9 de
abril. Bem fácil, concorda?!

Para finalizar este tópico, faz-se necessário tecer um importante


comentário: O prazo sempre terá natureza penal quando guardar
pertinência com o jus puniendi, ou seja, a pretensão punitiva do Estado.
É o caso, por exemplo, da prescrição e da decadência. Como a sua
ocorrência importa na extinção da punibilidade, está relacionada com a

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contagem de prazo penal que difere do prazo processual, definido no Código


de Processo Penal e que, obviamente, não importa para a sua PROVA.

1.5.4 LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Segundo o Código Penal:

Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos


incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo
diverso.

As regras gerais do Código Penal devem ser aplicadas às leis especiais


quando estas não tratarem de modo diverso. Assim, as regras gerais do CP
têm caráter subsidiário. Serão elas aplicadas quando a legislação especial
não dispuser de forma diversa.

************************************************************

Companheiros de estudos,

Chegamos ao final de nossa primeira aula e agora é hora de consolidar os


conceitos aqui aprendidos.

Como disse, este tema é questão quase certa em sua prova e, portanto,
não deixe pontos pendentes.

Releia o Código Penal do artigo 1º ao 12 e pratique com os exercícios.

Abraços e bons estudos,

Pedro Ivo

“O êxito na vida não se mede pelo que você conquistou, mas


sim pelas dificuldades que superou no caminho.”

Abraham Lincoln
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PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA

DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Lei penal no tempo


Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da
sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado.
Lei excepcional ou temporária
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de
sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao
fato praticado durante sua vigência.
Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e
regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território
nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a
serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-
mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo
de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-
se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
Lugar do crime
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação
ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado.
Extraterritorialidade
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;

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b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de


Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira,
ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do
concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza
a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido
a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo,
não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas
no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Pena cumprida no estrangeiro
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil
pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
Contagem de prazo
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os
dias, os meses e os anos pelo calendário comum.

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PONTOS PRINCIPAIS TRATADOS NA AULA

DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL

01) Princípio da legalidade (reserva legal): não há crime sem lei que o defina;
não há pena sem cominação legal. (AULA 00)

02) Princípio da anterioridade: não há crime sem lei “anterior” que o defina; não
há pena sem “prévia” imposição legal. (AULA 00)

Eficácia Temporal da Lei Penal

03) Tempo do crime: Tempo do crime é o momento em que ele se considera


cometido.

04) Teoria da atividade (art.4º): Atende-se ao momento da prática da ação (ação


ou omissão); Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda
que seja outro o momento do resultado.  É a teoria adotada pelo CP.

05) Teoria do resultado: Considera o tempo do crime o momento da produção do


resultado.

06) Teoria mista (ubiquidade): Considera o momento da ação ou do resultado.

Eficácia da Lei Penal no Espaço

07) Princípio da territorialidade: A lei penal só tem aplicação no território do


Estado que a determinou, sem atender à nacionalidade do sujeito ativo do delito ou
do titular do bem jurídico lesado.

08) Princípio da nacionalidade: A lei penal do Estado é aplicável a seus cidadãos


onde quer que se encontrem; divide-se em:

a) Princípio da nacionalidade ativa (aplica-se a lei nacional ao cidadão que comete


crime no estrangeiro, independentemente da nacionalidade do sujeito passivo);

b) Princípio da personalidade passiva (exige que o fato praticado pelo nacional no


estrangeiro atinja um bem jurídico do seu próprio Estado ou de um co-cidadão).

09) Princípio da defesa: Leva em conta a nacionalidade do bem jurídico lesado pelo
crime, independentemente do local de sua prática ou da nacionalidade do sujeito
ativo.

10) Princípio da justiça penal universal: Preconiza o poder de cada Estado de


punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do delinqüente e da vítima ou o

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local de sua prática.

11) Princípio da representação: Nos seus termos, a lei penal de determinado país
é também aplicável aos delitos cometidos em aeronaves e embarcações privadas,
quando realizados no estrangeiro a aí não venham a ser julgados.

* O CP adotou o princípio da territorialidade como regra; os outros como exceção.

12) Lugar do crime: Lugar do crime é o lugar onde ele se considera praticado.

13) Teoria da atividade: De acordo com ela, é considerado lugar do crime aquele
em que o agente desenvolveu a atividade criminosa, onde praticou os atos
executórios.

14) Teoria do resultado: O local do crime é o lugar da produção do resultado.

15) Teoria da ubiquidade (art. 6º, CP): Nos termos dela, lugar do crime é aquele
em que se realizou qualquer dos momentos do iter criminis, seja da prática dos atos
executórios, seja da consumação. É a teoria adotada pelo Código Penal.

16) Extraterritorialidade: ressalva a possibilidade de renúncia de jurisdição do


Estado, mediante “convenções, tratados e regras de direito internacional”; o art. 7º
prevê uma série de casos em que a lei penal brasileira tem aplicação a delitos
praticados no estrangeiro. Não esqueça de rever o citado artigo.

Disposições Finais do Título I da Parte Geral

17) Contagem de prazo: O art. 10 do CP estabelece regras a respeito.

Determina a primeira regra que o dia do começo inclui-se no cômputo do prazo;

Já a segunda determina que no prazo penal, os dias, os meses e os anos são contados
de acordo com o calendário comum, também chamado de gregoriano.

Os meses são calculados com o número de dias característicos de cada um deles, e


não como um período de 30 dias.

PARA CÁLCULOS EM PROVA, É IMPORTANTE OBSERVAR A SEGUINTE REGRA:


SEMPRE DEVE SER CONSIDERADA NA OPERAÇÃO A DIMINUIÇÃO DE UM DIA EM
RAZÃO DE SER COMPUTADO O DIA DO COMEÇO. DESTA FORMA, SE A PENA É DE
UM ANO E TEVE INÍCIO EM 20 DE SETEMBRO DE 2009, ESTARÁ INTEGRALMENTE
CUMPRIDA EM 19 DE SETEMBRO DE 2010.

18) Frações não computáveis da pena: Desprezam-se, nas penas privativas de


liberdade e nas restritivas de direito, as frações de dias e, na pena de multa, as

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frações de cruzeiro (art. 11).

19) Legislação especial: As regras gerais do CP são aplicáveis aos fatos


incriminados por lei especial, se esta não dispõe de modo diverso; regras gerais do
Código são as normas não incriminadoras, permissivas ou complementares, previstas
na Parte Geral ou Especial (art. 12).

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EXERCÍCIOS

1. (CESPE / Agente - Polícia Federal / 2014) No que se refere à


aplicação da lei penal o item abaixo apresenta uma situação hipotética,
seguida de uma assertiva a ser julgada.

Sob a vigência da lei X, Lauro cometeu um delito. Em seguida, passou


a viger a lei Y, que, além de ser mais gravosa, revogou a lei X. Depois
de tais fatos, Lauro foi levado a julgamento pelo cometimento do
citado delito. Nessa situação, o magistrado terá de se fundamentar no
instituto da retroatividade em benefício do réu para aplicar a lei X, por
ser esta menos rigorosa que a lei Y.

GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIOS: Questão que gerou alguns recursos na prova, mas que
demonstra a posição do CESPE. A questão trata do instituto da Ultratividade.
Retroatividade: A lei nova retroage para fatos que aconteceram antes de sua
vigência.
Ultratividade: A lei anterior (mais benéfica) continua em vigor para fatos que
ocorreram durante sua vigência.

2. (CESPE / Procurador - TCE-PB / 2014) Os crimes praticados no


exterior ficarão sujeitos à lei brasileira quando forem cometidos contra
a fé pública municipal.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: Nesta situação aplica-se a lei brasileira, independentemente
de onde seja cometido o crime, pois cuida-se de hipótese de
extraterritorialidade incondicionada. (Art. 7º, CP).

3. (CESPE / Procurador - TCE-PB / 2014) Sobrevindo lei que torne o


ato atípico, cessará a execução da pena imposta ao condenado, exceto
quando se tratar de crime praticado contra a administração pública ou
contra a paz pública

GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIOS: Caso sobrevenha lei que torne o fato atípico, deve-se ocorrer
a extinção de punibilidade do agente em qualquer situação, ainda que seja um
crime grave ou ainda seja um crime praticado contra a administração pública
ou contra a paz pública, como prevê a alternativa. Ocorre abolitio criminis.

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4. (CESPE / Procurador - TCE-PB / 2014) Sobrevindo lei mais benéfica,


aplica-se esta aos fatos que lhe sejam anteriores, mesmo na hipótese
de trânsito em julgado da sentença penal condenatória, salvo se, no
mínimo, dois terços desta já tiverem sido cumpridos.

GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIOS: Sobrevindo lei mais benéfica, aplica-se ao agente,
independentemente da sentença já ter transitado em julgado. Ademais, aplica-
se a lei mais benéfica mesmo que o sujeito ainda não tenha começado a
cumprir a pena.

5. (CESPE / Procurador - TCE-PB / 2014) Considera-se praticado o


crime sempre no momento em que ocorre o resultado delituoso
desejado pelo agente

GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIOS: De acordo com a Teoria da Atividade, considera-se praticado
o crime no momento da ação ou omissão, e não do momento em que ocorre o
resultado delituoso.

6. (CESPE / Procurador - TCE-PB / 2014) Considera-se ocorrido o


crime somente no lugar onde tenha ocorrido o resultado ilícito
almejado pelo agente, embora a ação ou a omissão tenha se dado em
local diverso.

GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIOS: Art. 6º, CP - Considera-se praticado o crime no lugar em que
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu
ou deveria produzir-se o resultado. Lembre-se que esse art. 6º não tem
qualquer relevância para fixar o lugar da competência (utilizamos a regra do
art. 70 do CPP), uma vez que o art. 6º, aplica-se tão somente aos crimes a
distância ou de espaço máximo, que são aqueles que percorrem vários países
igualmente soberanos, despertando o interesse de punir de todos estes.

7. (CESPE / Promotor - MPE-SE / 2010) De acordo com a lei penal


brasileira, o território nacional estende-se a embarcações e aeronaves
brasileiras de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro,
onde quer que se encontrem.

GABARITO: CERTA

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COMENTÁRIOS: Esta em conformidade com o disposto no parágrafo 1º do


art. 5º do CP.

8. (CESPE / Analista - TRE-MT / 2010) A lei excepcional ou temporária


aplica-se aos fatos praticados durante a sua vigência, salvo quando
decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que
a determinaram.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: A lei excepcional ou temporária aplica-se aos fatos
praticados durante a sua vigência, MESMO quando decorrido o período de sua
duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram.

9. (CESPE / Analista - TRE-MT / 2010) Com relação ao lugar do crime,


aplica-se a teoria da atividade, considerando-se praticado o crime no
lugar em que ocorreu a ação ou omissão, não onde se produziu ou
deveria se produzir o resultado.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: Como vimos, aplica-se a teoria da UBIQUIDADE.

10. (CESPE / DETRAN-DF / 2009) A lei penal admite interpretação


analógica, recurso que permite a ampliação do conteúdo da lei penal,
através da indicação de fórmula genérica pelo legislador.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: A analogia é admitida em nosso ordenamento jurídico
quando utilizada a favor do réu. Entretanto, a banca não é específica e
simplesmente afirma que a interpretação analógica é cabível.
Para esse tipo de questão, deve-se partir do pressuposto que a cobrança é no
sentido de verificar se o candidato sabe que há alguma hipótese existente para
a qual é cabível o questionado.
Como, no caso em tela, trata-se da interpretação analógica e esta tem ao
menos uma hipótese de cabimento (a favor do réu) a assertiva está correta.

11. (CESPE / DETRAN-DF / 2009) O princípio da legalidade veda o uso


da analogia in malam partem, e a criação de crimes e penas pelos
costumes.

GABARITO: CERTA

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COMENTÁRIOS: A questão está perfeita, pois a analogia in malan partem não


é admitida em nosso ordenamento jurídico.
No que respeito aos costumes, embora estes possam de forma mediata
influenciar no direito penal, não possuem a força de definir crimes e criar
penas.

12. (CESPE / OAB-SP / 2008) Ninguém pode ser punido por fato que
lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a
execução e os efeitos penais e civis da sentença condenatória.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: Essa questão, embora fácil, derruba aqueles candidatos
apressados que ao lerem a primeira linha da assertiva já acreditam saber a
resposta.
Perceba que a assertiva praticamente reproduz o art. 2º do Código Penal,
todavia acrescenta os efeitos civis como também cessando em virtude da
abolitio criminis.
Tal afirmação está incorreta, pois os efeitos civis permanecem operando-se
somente a extinção da punibilidade.

13. (CESPE / OAB-SP / 2008) Considera-se praticado o crime no lugar


em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como
onde se produziu o resultado, sendo irrelevante o local onde deveria
produzir-se o resultado.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: O art. 6º do Código Penal, ao definir o LOCAL do crime,
deixa claro a relevância jurídica do local onde deveria produzir-se o resultado.
Observe:

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou


omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado.

14. (CESPE / OAB-SP / 2008) A lei excepcional ou temporária, embora


tenha decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado
durante a sua vigência.

GABARITO: CERTA

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COMENTÁRIOS: A questão está perfeita, pois cita a característica particular e


necessária das leis excepcionais e temporárias.
Como vimos, para essas duas espécies, opera-se a ultratividade, ou seja,
basta que o fato tenha sido praticado na vigência da lei para que a norma seja
aplicada, não importando qualquer revogação ou atenuação posterior.

15. (CESPE / OAB-SP / 2008) Considera-se praticado o crime no


momento da produção do resultado.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: Ao tratar do tempo do crime o legislador penal achou por
bem aplicar a teoria da ATIVIDADE. Segundo esta corrente teórica, considera-
se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado.
Como a assertiva enuncia a teoria do RESULTADO, está incorreta.

16. (CESPE / MPE-RR / 2008) A lei temporária, após decorrido o


período de sua duração, não se aplica mais nem aos fatos praticados
durante sua vigência nem aos posteriores.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: Contraria o art. 3º do Código Penal segundo o qual:

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua


duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante sua vigência.

17. (CESPE / MPE-RR / 2008) Aplica-se a lei penal brasileira aos


crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras
de propriedade privada que estejam em território nacional.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: A questão está correta, pois, segundo o art. 5º, parágrafo 2º
do Código Penal, é também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada,
achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço
aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

18. (CESPE / TJ-DFT / 2008) Considere a seguinte situação hipotética.


Entrou em vigor, no dia 1.º/1/2008, lei temporária que vigoraria até o

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dia 1.º/2/2008, na qual se preceituou que o aborto, em qualquer de


suas modalidades, nesse período, não seria crime. Nessa situação, se
Kátia praticou aborto voluntário no dia 20/1/2008, mas somente veio
a ser denunciada no dia 3/2/2008, não se aplica a lei temporária, mas
sim a lei em vigor ao tempo da denúncia.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: A situação descrita é a seguinte:

01/01/2008 20/01/2008 01/02/2008 03/02/2008

No caso em tela fica claro que o aborto foi cometido na vigência da lei e,
portanto, em nada importa o dia da denúncia. As leis temporárias e
excepcionais aplicam-se aos fatos ocorridos na sua vigência operando-se a
ultratividade penal.

19. (CESPE / TJ-DFT / 2008) Aplica-se a lei penal brasileira ao crime


praticado a bordo de aeronave estrangeira de propriedade privada, em
vôo no espaço aéreo brasileiro.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: Conforme já visto, tanto as embarcações quanto as
aeronaves estrangeiras de propriedade privada, no espaço brasileiro (seja este
marítimo ou aéreo), estarão sujeitas à lei penal brasileira.

20. (CESPE / TCM-GO / 2007) É aplicado o princípio real ou o princípio


da proteção aos crimes praticados em país estrangeiro contra a
administração pública por quem estiver a seu serviço. A lei brasileira,
no entanto, deixará de ser aplicada quando o agente for absolvido ou
condenado no exterior.
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GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: Segundo o citado princípio a lei penal é aplicada
independente da nacionalidade do bem jurídico atingido pela ação delituosa,
onde quer que ela tenha sido praticada e independente da nacionalidade do
agente. O Estado protege os seus interesses além fronteiras.

21. (CESPE / Auditor-ES / 2008) Lei posterior que, de qualquer modo,


favoreça o réu aplica-se a fatos anteriores, ainda que tais fatos já
tenham sido julgados por sentença penal condenatória transitada em
julgado.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: A assertiva reproduz o parágrafo único do art. 2º do Código
Penal que dispõe:

Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,


aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória
transitada em julgado.

22. (CESPE / PC-TO / 2008) Considere que um indivíduo seja preso


pela prática de determinado crime e, já na fase da execução penal,
uma nova lei torne mais branda a pena para aquele delito. Nessa
situação, o indivíduo cumprirá a pena imposta na legislação anterior,
em face do princípio da irretroatividade da lei penal.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: A regra quanto ao direito penal realmente é a
irretroatividade da lei penal. Todavia tal regra é excetuada nas situações em
que lei nova favorece o réu. Consequentemente, incorreta a assertiva.

23. (CESPE / PC-TO / 2008) Na hipótese de o agente iniciar a prática


de um crime permanente sob a vigência de uma lei, vindo o delito a se
prolongar no tempo até a entrada em vigor de nova legislação, aplica-
se a última lei, mesmo que seja a mais severa.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: No caso dos crimes permanentes, conforme a súmula 711 do
STF:

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A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME


PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA
CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA.

Diante do exposto, fica claro que se uma lei mais grave entra em vigor durante
a permanência, mesmo que mais severa, esta será aplicada.

24. (CESPE / Fiscal de Tributos / 2008) A hierarquia entre a


Constituição e o direito penal ocorre na medida em que as disposições
deste somente valem e obrigam quando se prestem à realização dos
fins constitucionais e prestigiem valores socialmente relevantes, que
se prestam ao fim de possibilitar a convivência social, assegurar níveis
mínimos, toleráveis, de violência, por meio da prevenção e repressão
de ataques a bens jurídicos constitucionalmente relevantes.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: A questão trata, predominantemente, do fato de o Código
Penal estar sujeito as normas constitucionais e do princípio da intervenção
mínima segundo o qual o direito penal só deve interferir em bens
juridicamente relevantes.

25. (CESPE / Fiscal de Tributos / 2008) O princípio da estrita


legalidade ou da reserva legal e o da irretroatividade da lei penal
controlam o exercício do direito estatal de punir, ao afirmarem que
não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: Nesta questão a banca se refere ao art. 1º do Código Penal:

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.

Segundo a supracitada norma o Estado está estritamente sujeito à legislação


penal na aplicação do seu “poder de punir”. Obviamente que tal fato limita a
atuação do agente público e reforça o princípio constitucional da legalidade.

26. (CESPE / Fiscal de Tributos / 2008) O princípio da anterioridade,


no direito penal, proíbe que uma lei penal seja aplicada a um delito

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cometido menos de um ano após a publicação da norma incriminadora


que passou a prever o fato como criminoso.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: Nesta questão a criatividade do examinador foi grande.
Vamos analisar:
Na legislação brasileira, o princípio da anterioridade penal está previsto no
Art.5º, XXXIX da Constituição Federal, e no Art.1º do Código Penal.
Segundo o princípio da anterioridade, em concomitância com o da legalidade,
não há crime sem lei anterior que o defina nem pena sem prévia cominação
legal.
Perceba, portanto, que a definição apresentada pela banca para o princípio da
anterioridade penal está completamente errada, portanto, incorreta a
assertiva.

27. (CESPE / TCM-GO / 2007) Quando lei nova que muda a natureza
da pena, cominando pena pecuniária para o mesmo fato que, na
vigência da lei anterior, era punido por meio de pena de detenção, não
se aplica o princípio da retroatividade da lei mais benigna.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: A pena privativa de liberdade é considerada a mais rígida
das penas. Deste modo, como a pena pecuniária é mais branda, aplica-se o
princípio da retroatividade da lei mais benigna.

28. (CESPE / Defensor Público-AL / 2003) A lei penal mais benéfica é


retroativa e ultrativa, enquanto a mais severa não tem extratividade.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: A assertiva está perfeita. A norma penal mais severa não é
retroativa e nem ultrativa, logo não possui qualquer extratividade.
Diferentemente, a lei penal mais benéfica excepciona a regra da
irretroatividade penal cabendo a retroatividade e a ultratividade.

29. (CESPE / Defensor Público-AL / 2003) A lei posterior, que de


qualquer modo favoreça o agente, aplicar-se-á aos fatos anteriores,
decididos por sentença condenatória, desde que em trâmite recurso
interposto pela defesa.

GABARITO: ERRADA

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COMENTÁRIOS: No caso de lei mais benéfica não há necessidade da


interposição de qualquer forma de recurso cabendo a auto-aplicação da nova
norma.

30. (CESPE / Defensor Público-AL / 2003) A lei penal excepcional ou


temporária aplicar-se-á aos fatos ocorridos durante o período de sua
vigência, desde que não tenha sido revogada.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: Mais uma sobre o tema (O CESPE ADORA!!!). Como já
tratamos exaustivamente, no caso das leis temporárias e excepcionais NÃO
IMPORTA se ocorreu ou não revogação, cabendo sempre a ultratividade.

31. (CESPE / Defensor Público-AL / 2003) Pertinentes à eficácia da lei


penal no espaço, destacam-se os princípios da territorialidade,
personalidade, competência real, justiça universal e representação.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: Como vimos em nossa aula, a assertiva apresenta os quatro
princípios que atenuam a territorialidade.

32. (CESPE/Agente da Polícia Federal – PF/2012) Conflitos aparentes


de normas penais podem ser solucionados com base no princípio da
consunção, ou absorção. De acordo com esse princípio, quando um
crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação ou
execução de outro crime, aplica-se a norma mais abrangente. Por
exemplo, no caso de cometimento do crime de falsificação de
documento para a prática do crime de estelionato, sem mais
potencialidade lesiva, este absorve aquele.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: Pelo princípio da consunção o fato mais grave absorve o
menos grave, que funciona como meio de preparação ou execução de outro
crime. Em outras palavras, o crime-fim consome o crime-meio. A Súmula 17
do Superior Tribunal de Justiça dispõe que quando o falso se exaure no
estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.

33. (CESPE/Inspetor - PC - CE/2012) Considere que Lúcio, mediante o


uso de faca do tipo peixeira, tenha constrangido Maria a entregar-lhe o
valor de R$ 2,50, sob a justificativa de estar desempregado e
necessitar do dinheiro para pagar o transporte coletivo. Nesse caso,

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segundo entendimento do STF quanto ao princípio da insignificância,


Lúcio, se processado, deverá ser absolvido por atipicidade da conduta.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: O crime de roubo, artigo 157 do Código Penal, é um delito
complexo. Ele não protege apenas o patrimônio, mas também a integridade da
pessoa. Pelo motivo exposto, é praticamente pacífico na jurisprudência dos
Tribunais Superiores que não é possível considerar insignificante a conduta
que, embora com pequeno prejuízo patrimonial, ofenda a integridade da
vítima.

34. (CESPE/Analista Ministerial – MPE - PI/2012) O princípio da


consunção, consoante posicionamento doutrinário e jurisprudencial,
resolve o conflito aparente de normas penais quando um crime menos
grave é meio necessário, fase de preparação ou de execução de outro
mais nocivo, respondendo o agente somente pelo último. Há incidência
desse princípio no caso de porte de arma utilizada unicamente para a
prática do homicídio.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: É posicionamento doutrinário e jurisprudencial que o fato
mais amplo consome o menos amplo pelo princípio da consunção ou absorção.
Quando um fato definido por uma norma incriminadora é meio necessário ou
normal fase de preparação ou execução de outro crime, como no caso de porte
de arma utilizada unicamente para a prática do homicídio, há a aplicação deste
princípio. O legislador evita o bis in idem, respondendo o agente pelo crime
mais danoso.

35. (CESPE / Analista - TJ-ES / 2011) Uma das funções do princípio da


legalidade refere-se à proibição de se realizar incriminações vagas e
indeterminadas, visto que, no preceito primário do tipo penal
incriminador, é obrigatória a existência de definição precisa da
conduta proibida ou imposta, sendo vedada, com base em tal princípio,
a criação de tipos que contenham conceitos vagos e imprecisos.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: Conforme observa Bittencourt "Em termos de sanções
criminais são inadmissíveis, pelo princípio da legalidade, expressões vagas,
equívocas ou ambíguas."

36. (CESPE / Analista judiciário - TRE-MS / 2013) O princípio da


legalidade ou princípio da reserva legal não se estende às

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consequências jurídicas da infração penal, em especial aos efeitos da


condenação, nem abarca as medidas de segurança.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: O Princípio da legalidade, enunciado em sua expressão
"nullum crimen nulla poena sine previa lege", invalida a questão.
Como vimos, não há crime nem pena sem lei prévia. Assim, tanto o crime
como a pena, que é uma consequência jurídica da infração penal (medida de
segurança), têm que estar previstos em lei formal.

37. (CESPE / Analista - TJ-ES / 2011) Considere que um indivíduo


pratique dois crimes, em continuidade delitiva, sob a vigência de uma
lei, e, após a entrada em vigor de outra lei, que passe a considerá-los
hediondos, ele pratique mais três crimes em continuidade delitiva.
Nessa situação, de acordo com o Código Penal, aplicar-se-á a toda a
sequência de crimes a lei anterior, por ser mais benéfica ao agente.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: Apesar de a questão tratar do Código Penal, devemos buscar
a resposta na súmula 711 do STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação
da continuidade ou da permanência”.

38. (CESPE / Analista Judiciário - TRE-ES / 2011) A lei penal que


beneficia o agente não apenas retroage para alcançar o fato praticado
antes de sua entrada em vigor, como também, embora revogada,
continua a reger o fato ocorrido ao tempo de sua vigência.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: Como vimos na aula a lei mais benéfica é retroativa e
ultrativa.

39. (CESPE / Analista Judiciário - TRE-ES / 2011) Lugar do crime, para


os efeitos de incidência da lei penal brasileira, é aquele onde foi
praticada a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como aquele
onde se produziu ou, no caso da tentativa, teria sido produzido o
resultado.

GABARITO: CERTA

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COMENTÁRIOS: Segundo o art. 6º do Código Penal, considera-se praticado o


crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

40. (CESPE / Analista - STM / 2011) O direito penal brasileiro adotou


expressamente a teoria absoluta de territorialidade quanto à aplicação
da lei penal, adotando a exclusividade da lei brasileira e não
reconhecendo a validez da lei penal de outro Estado.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: O legislador brasileiro adotou a teoria da territorialidade
temperada.

41. (CESPE / Técnico - ABIN / 2010) Dado o reconhecimento, na CF,


do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica como garantia
fundamental, o advento de lei penal mais favorável ao acusado impõe
sua imediata aplicação, mesmo após o trânsito em julgado da
condenação. Todavia, a verificação da lex mitior, no confronto de leis,
é feita in concreto, cabendo, conforme a situação, retroatividade da
regra nova ou ultra-atividade da norma antiga

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: A aplicação do direito penal brasileiro é regida pelo princípio
tempus regit actum, de acordo com o qual deve ser aplicada a lei vigente à
época da conduta criminosa. No entanto, caso uma lei mais benéfica (lex
mitior) ao acusado de um crime entre em vigência após a realização da
conduta, essa lei posterior deverá ser aplicada, excetuando-se a regra geral.

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LISTA DOS EXERCÍCIOS APRESENTADOS

1. (CESPE / Agente - Polícia Federal / 2014) No que se refere à


aplicação da lei penal o item abaixo apresenta uma situação hipotética,
seguida de uma assertiva a ser julgada.

Sob a vigência da lei X, Lauro cometeu um delito. Em seguida, passou


a viger a lei Y, que, além de ser mais gravosa, revogou a lei X. Depois
de tais fatos, Lauro foi levado a julgamento pelo cometimento do
citado delito. Nessa situação, o magistrado terá de se fundamentar no
instituto da retroatividade em benefício do réu para aplicar a lei X, por
ser esta menos rigorosa que a lei Y.

2. (CESPE / Procurador - TCE-PB / 2014) Os crimes praticados no


exterior ficarão sujeitos à lei brasileira quando forem cometidos contra
a fé pública municipal.

3. (CESPE / Procurador - TCE-PB / 2014) Sobrevindo lei que torne o


ato atípico, cessará a execução da pena imposta ao condenado, exceto
quando se tratar de crime praticado contra a administração pública ou
contra a paz pública

4. (CESPE / Procurador - TCE-PB / 2014) Sobrevindo lei mais benéfica,


aplica-se esta aos fatos que lhe sejam anteriores, mesmo na hipótese
de trânsito em julgado da sentença penal condenatória, salvo se, no
mínimo, dois terços desta já tiverem sido cumpridos.

5. (CESPE / Procurador - TCE-PB / 2014) Considera-se praticado o


crime sempre no momento em que ocorre o resultado delituoso
desejado pelo agente

6. (CESPE / Procurador - TCE-PB / 2014) Considera-se ocorrido o


crime somente no lugar onde tenha ocorrido o resultado ilícito
almejado pelo agente, embora a ação ou a omissão tenha se dado em
local diverso.

7. (CESPE / Promotor - MPE-SE / 2010) De acordo com a lei penal


brasileira, o território nacional estende-se a embarcações e aeronaves
brasileiras de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro,
onde quer que se encontrem.

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8. (CESPE / Analista - TRE-MT / 2010) A lei excepcional ou temporária


aplica-se aos fatos praticados durante a sua vigência, salvo quando
decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que
a determinaram.

9. (CESPE / Analista - TRE-MT / 2010) Com relação ao lugar do crime,


aplica-se a teoria da atividade, considerando-se praticado o crime no
lugar em que ocorreu a ação ou omissão, não onde se produziu ou
deveria se produzir o resultado.

10. (CESPE / DETRAN-DF / 2009) A lei penal admite interpretação


analógica, recurso que permite a ampliação do conteúdo da lei penal,
através da indicação de fórmula genérica pelo legislador.

11. (CESPE / DETRAN-DF / 2009) O princípio da legalidade veda o uso


da analogia in malam partem, e a criação de crimes e penas pelos
costumes.

12. (CESPE / OAB-SP / 2008) Ninguém pode ser punido por fato que
lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a
execução e os efeitos penais e civis da sentença condenatória.

13. (CESPE / OAB-SP / 2008) Considera-se praticado o crime no lugar


em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como
onde se produziu o resultado, sendo irrelevante o local onde deveria
produzir-se o resultado.

14. (CESPE / OAB-SP / 2008) A lei excepcional ou temporária, embora


tenha decorrido o período de sua duração ou cessadas as
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado
durante a sua vigência.

15. (CESPE / OAB-SP / 2008) Considera-se praticado o crime no


momento da produção do resultado.

16. (CESPE / MPE-RR / 2008) A lei temporária, após decorrido o


período de sua duração, não se aplica mais nem aos fatos praticados
durante sua vigência nem aos posteriores.

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17. (CESPE / MPE-RR / 2008) Aplica-se a lei penal brasileira aos


crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras
de propriedade privada que estejam em território nacional.

18. (CESPE / TJ-DFT / 2008) Considere a seguinte situação hipotética.


Entrou em vigor, no dia 1.º/1/2008, lei temporária que vigoraria até o
dia 1.º/2/2008, na qual se preceituou que o aborto, em qualquer de
suas modalidades, nesse período, não seria crime. Nessa situação, se
Kátia praticou aborto voluntário no dia 20/1/2008, mas somente veio
a ser denunciada no dia 3/2/2008, não se aplica a lei temporária, mas
sim a lei em vigor ao tempo da denúncia.

19. (CESPE / TJ-DFT / 2008) Aplica-se a lei penal brasileira ao crime


praticado a bordo de aeronave estrangeira de propriedade privada, em
vôo no espaço aéreo brasileiro.

20. (CESPE / TCM-GO / 2007) É aplicado o princípio real ou o princípio


da proteção aos crimes praticados em país estrangeiro contra a
administração pública por quem estiver a seu serviço. A lei brasileira,
no entanto, deixará de ser aplicada quando o agente for absolvido ou
condenado no exterior.

21. (CESPE / Auditor-ES / 2008) Lei posterior que, de qualquer modo,


favoreça o réu aplica-se a fatos anteriores, ainda que tais fatos já
tenham sido julgados por sentença penal condenatória transitada em
julgado.

22. (CESPE / PC-TO / 2008) Considere que um indivíduo seja preso


pela prática de determinado crime e, já na fase da execução penal,
uma nova lei torne mais branda a pena para aquele delito. Nessa
situação, o indivíduo cumprirá a pena imposta na legislação anterior,
em face do princípio da irretroatividade da lei penal.

23. (CESPE / PC-TO / 2008) Na hipótese de o agente iniciar a prática


de um crime permanente sob a vigência de uma lei, vindo o delito a se
prolongar no tempo até a entrada em vigor de nova legislação, aplica-
se a última lei, mesmo que seja a mais severa.

24. (CESPE / Fiscal de Tributos / 2008) A hierarquia entre a


Constituição e o direito penal ocorre na medida em que as disposições
deste somente valem e obrigam quando se prestem à realização dos
fins constitucionais e prestigiem valores socialmente relevantes, que
se prestam ao fim de possibilitar a convivência social, assegurar níveis

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mínimos, toleráveis, de violência, por meio da prevenção e repressão


de ataques a bens jurídicos constitucionalmente relevantes.

25. (CESPE / Fiscal de Tributos / 2008) O princípio da estrita


legalidade ou da reserva legal e o da irretroatividade da lei penal
controlam o exercício do direito estatal de punir, ao afirmarem que
não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal.

26. (CESPE / Fiscal de Tributos / 2008) O princípio da anterioridade,


no direito penal, proíbe que uma lei penal seja aplicada a um delito
cometido menos de um ano após a publicação da norma incriminadora
que passou a prever o fato como criminoso.

27. (CESPE / TCM-GO / 2007) Quando lei nova que muda a natureza
da pena, cominando pena pecuniária para o mesmo fato que, na
vigência da lei anterior, era punido por meio de pena de detenção, não
se aplica o princípio da retroatividade da lei mais benigna.

28. (CESPE / Defensor Público-AL / 2003) A lei penal mais benéfica é


retroativa e ultrativa, enquanto a mais severa não tem extratividade.

29. (CESPE / Defensor Público-AL / 2003) A lei posterior, que de


qualquer modo favoreça o agente, aplicar-se-á aos fatos anteriores,
decididos por sentença condenatória, desde que em trâmite recurso
interposto pela defesa.

30. (CESPE / Defensor Público-AL / 2003) A lei penal excepcional ou


temporária aplicar-se-á aos fatos ocorridos durante o período de sua
vigência, desde que não tenha sido revogada.

31. (CESPE / Defensor Público-AL / 2003) Pertinentes à eficácia da lei


penal no espaço, destacam-se os princípios da territorialidade,
personalidade, competência real, justiça universal e representação.

32. (CESPE/Agente da Polícia Federal – PF/2012) Conflitos aparentes


de normas penais podem ser solucionados com base no princípio da
consunção, ou absorção. De acordo com esse princípio, quando um
crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação ou
execução de outro crime, aplica-se a norma mais abrangente. Por
exemplo, no caso de cometimento do crime de falsificação de

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documento para a prática do crime de estelionato, sem mais


potencialidade lesiva, este absorve aquele.

33. (CESPE/Inspetor - PC - CE/2012) Considere que Lúcio, mediante o


uso de faca do tipo peixeira, tenha constrangido Maria a entregar-lhe o
valor de R$ 2,50, sob a justificativa de estar desempregado e
necessitar do dinheiro para pagar o transporte coletivo. Nesse caso,
segundo entendimento do STF quanto ao princípio da insignificância,
Lúcio, se processado, deverá ser absolvido por atipicidade da conduta.

34. (CESPE/Analista Ministerial – MPE - PI/2012) O princípio da


consunção, consoante posicionamento doutrinário e jurisprudencial,
resolve o conflito aparente de normas penais quando um crime menos
grave é meio necessário, fase de preparação ou de execução de outro
mais nocivo, respondendo o agente somente pelo último. Há incidência
desse princípio no caso de porte de arma utilizada unicamente para a
prática do homicídio.

35. (CESPE / Analista - TJ-ES / 2011) Uma das funções do princípio da


legalidade refere-se à proibição de se realizar incriminações vagas e
indeterminadas, visto que, no preceito primário do tipo penal
incriminador, é obrigatória a existência de definição precisa da
conduta proibida ou imposta, sendo vedada, com base em tal princípio,
a criação de tipos que contenham conceitos vagos e imprecisos.

36. (CESPE / Analista judiciário - TRE-MS / 2013) O princípio da


legalidade ou princípio da reserva legal não se estende às
consequências jurídicas da infração penal, em especial aos efeitos da
condenação, nem abarca as medidas de segurança.

37. (CESPE / Analista - TJ-ES / 2011) Considere que um indivíduo


pratique dois crimes, em continuidade delitiva, sob a vigência de uma
lei, e, após a entrada em vigor de outra lei, que passe a considerá-los
hediondos, ele pratique mais três crimes em continuidade delitiva.
Nessa situação, de acordo com o Código Penal, aplicar-se-á a toda a
sequência de crimes a lei anterior, por ser mais benéfica ao agente.

38. (CESPE / Analista Judiciário - TRE-ES / 2011) A lei penal que


beneficia o agente não apenas retroage para alcançar o fato praticado
antes de sua entrada em vigor, como também, embora revogada,
continua a reger o fato ocorrido ao tempo de sua vigência.

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39. (CESPE / Analista Judiciário - TRE-ES / 2011) Lugar do crime, para


os efeitos de incidência da lei penal brasileira, é aquele onde foi
praticada a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como aquele
onde se produziu ou, no caso da tentativa, teria sido produzido o
resultado.

40. (CESPE / Analista - STM / 2011) O direito penal brasileiro adotou


expressamente a teoria absoluta de territorialidade quanto à aplicação
da lei penal, adotando a exclusividade da lei brasileira e não
reconhecendo a validez da lei penal de outro Estado.

41. (CESPE / Técnico - ABIN / 2010) Dado o reconhecimento, na CF,


do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica como garantia
fundamental, o advento de lei penal mais favorável ao acusado impõe
sua imediata aplicação, mesmo após o trânsito em julgado da
condenação. Todavia, a verificação da lex mitior, no confronto de leis,
é feita in concreto, cabendo, conforme a situação, retroatividade da
regra nova ou ultra-atividade da norma antiga

GABARITO

1-E 2-C 3-E 4-E 5-E 6-E

7-C 8-E 9-E 10-C 11-C 12-E

13-E 14-C 15-E 16-E 17-C 18-E

19-C 20-E 21-C 22-E 23-C 24-C

25-C 26-E 27-E 28-C 29-E 30-E

31-C 32-C 33-E 34-C 35-C 36-E

37-E 38-C 39-C 40-E 41-C *****

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