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Da Responsabilidade Civil
[https://www.blogger.com/null] [https://www.blogger.com/null] CAPÍTULO I
Da Obrigação de Indenizar
[https://www.blogger.com/null] Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187
[http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art186] ), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa,
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor
do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
[https://www.blogger.com/null] Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as
pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios
suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá
lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
[https://www.blogger.com/null] Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do
inciso II do art. 188 [http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art188] , não forem
culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
[https://www.blogger.com/null] Art. 930. No caso do inciso II do art. 188
[http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art188] , se o perigo ocorrer por culpa de
terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver
ressarcido ao lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se
causou o dano (art. 188, inciso I [http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art188]
).
[https://www.blogger.com/null] Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os
empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos
danos causados pelos produtos postos em circulação.
[https://www.blogger.com/null] Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua
companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas
condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por
dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a
concorrente quantia.
[https://www.blogger.com/null] Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo
antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados
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OBS: Para a matéria de responsabilidade civil, é importante frisar que o foco do estudo será
a responsabilidade civil extracontratual, uma vez que a responsabilidade contratual (assim
como requisitos, consequências, etc.) já foi estudada no Direito Civil IV (Direito Contratual).
4.1. Responsabilidade civil subjetiva: existe a necessidade da culpa da pessoa, que atingiu o
resultado por ter agido com negligência, imperícia ou imprudência.
4.1.3. Conduta humana antijurídica: É necessário ser uma conduta humana podendo ser
uma conduta positiva (ação) ou uma conduta negativa (omissão). A conduta deve ser
antijurídica, o que significa dizer que ela deve contrariar um dever jurídico, ocasionando
ofensa ao princípio neminem leadere, ou seja, a ninguém é dado o direito de lesar a outrem.
Culpa lato sensu: A culpa não é definida e nem conceituada na legislação pátria. A regra
geral do Código Civil Brasileiro para caracterizar o ato ilícito, contida no artigo 186,
estabelece que este somente se materializará se o comportamento for culposo. Neste artigo
está presente a culpa lato sensu, que abrande tanto a dolo quanto a culpa stricto sensu.
Culpa stricto sensu: decorre da inobservância de um dever de cuidado. Nessa hipótese, não
há a intenção de provocar o dano. O que o agente quer é a conduta e não o resultado
alcançado. Os elementos causadores da culpa stricto sensu são:
- Negligência: falta de cuidado necessário.
- Imperícia: ausência de habilidade técnica daquele que pratica o ato, mas que, em tese,
deveria ter.
- Imprudência: o agente assume um risco desnecessário.
Dolo: por dolo entende-se, em síntese, a conduta intencional, na qual o agente atua
conscientemente de forma que deseja que ocorra o resultado antijurídico ou assume o risco
de produzi-lo.
OBS 01: para o Direito Civil, não existe a nítida separação entre o dolo e a culpa stricto
sensu. Os dois são espécies de culpa lato sensu.
OBS 02: não importa se o agente agiu com dolo ou culpa, o resultado será o mesmo: ele
deve reparar ou indenizar o dano.
4.1.4. Nexo Causal: para que haja responsabilização pela prática do ato ilícito, é
necessária uma violação de um dever de conduta e mais, que ocorra uma relação de causa
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e efeito entre a violação do dever jurídico e o dano. Este é o nexo causal: a relação entre a
conduta do agente e o dano.
Teoria da causalidade adequada: a causa responsável pelo evento danoso será aquela
que melhor se adequar ao resultado. O que significa dizer que a pessoa só será obrigada a
indenizar se o dano ocorrer adequadamente de sua conduta.
OBS 01: a causa é o antecedente não só necessário, mas também adequando à produção
do resultado.
OBS 02: se várias condições concorrerem para determinado resultado, nem todas serão
consideradas como causa, mas somente aquela que for a mais adequada para a produção
do evento.
Culpa concorrente: é preciso questionar a causa adequada que ensejou o resultado para
que haja a correta responsabilização. Nessa seara, o artigo 954 do Código Civil diz que “se a
vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada
tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano”.
Teoria dos danos diretos e imediatos: para esta teoria, só serão indenizados os danos
decorrentes da conduta do agente, não cabendo indenização pelos danos remotos oriundos
de outras causas, as chamadas concausas.
4.1.5.1. Excludentes do nexo causal: existe quatro excludentes o nexo causal: caso fortuito e
a força maior; o caso fortuito interno e externo; fato ou culpa exclusiva da vítima; fato de
terceiro ou culpa exclusiva de terceiro.
Caso fortuito ou força maior: entende-se como caso fortuito os eventos inevitáveis e
imprevisíveis que levam ao fato. Já força maior são eventos inevitáveis, mas previsíveis.
Essas excludentes devem ser levadas em conta quando o dano ocorre por obra de pessoas
comuns, nas relações entre particulares.
Artigo 393, § único: O caso fortuito ou de força maior verifica‑se no fato necessário, cujos
efeitos não era possível evitar ou impedir.
Deve-se atentar para o fato de que o Código Civil não faz distinção de caso fortuito e de
força maior. Para esse dispositivo, os dois são a mesma coisa.
Caso fortuito interno e externo: as hipóteses de caso fortuito interno e externo servem
para excluir o nexo causal nas relações empresariais.
Caso fortuito interno: o fato imprevisível está conexo com a organização e a atuação da
empresa. Exemplo: um motorista de ônibus que, durante o trabalho, passa mal e bate com o
veiculo em um outro que estava estacionado.
OBS: é importante para aferir a responsabilização do transportador, pois se for provado que
o caso fortuito é interno, ele não será usado como excludente do nexo causal.
Caso fortuito externo: há a imprevisibilidade do fato. Neste caso, não há ligação com a
organização ou com a atuação da empresa. O caso fortuito externo está mais relacionado
com os fenômenos da natureza. Exemplo: um raio cai em uma árvore e essa cai em cima de
um ônibus, causando ferimentos nos passageiros.
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Fato ou culpa exclusiva da vítima: está hipótese não está prevista no Código Civil.
Entretanto, é pacifico na doutrina e na jurisprudência que, quando a vitima é responsável
exclusivamente pelo evento danoso, haverá excludente do agente, pelo rompimento do nexo
causal e não apenas pela exclusão da culpa. Exemplo: um motorista que trafega dentro do
limite de velocidade, dentro de sua faixa correspondente da via, com a devida atenção e
atropela uma pessoa que entra de repente na frente do seu veiculo, pois estava
atravessando debaixo da passarela e sem a menor atenção.
OBS: para haver a excludente, é necessário que a culpa seja somente da vitima, pois, se
houver culpa concorrente, não estará presente a excludente de responsabilidade. Neste
caso, o que ocorrerá é a redução da indenização, com base no artigo 945 do CC/02.
Fato de terceiro ou culpa exclusiva de terceiro: o fato ou culpa exclusiva de terceiro
exclui o nexo causal, uma vez que o agente aparente foi apenas o instrumento para a
ocorrência do dano. Exemplo: André estava dirigindo e leva uma fechada de Márcio. Ao
tentar desviar-se, André bate em outro carro, que estava estacionado na rua. Nesse caso,
André não pode ser responsabilizado, pois só colidiu com o veiculo que estava estacionado
porque se desviou do carro de Márcio.
5. Dano: é a lesão sofrida pelo bem jurídico. Se esse bem jurídico for um bem patrimonial,
estaremos diante de um dano material. Por sua vez, se tratar de um bem moral, estamos
diante de um dano moral (que engloba o dano físico, o dano psicológico e o dano moral
propriamente dito). Quando se tratar de um dano de aparência física, teremos o dano
estético, embora muitos doutrinadores coloquem esse dano junto com o dano moral.
OBS 01: todas as espécies de dano moral dizem respeito aos direitos da personalidade.
OBS 02: o autor da demanda é que deverá provar o dano (artigo 333, I, CPC).
5.1. Espécies de dano: A seguir, temos o estudo das espécies de dano, quais sejam, o dano
material e o dano moral.
5.2. Dano material ou patrimonial: como o próprio nome diz, é o dano causado ao patrimônio
da vitima. O patrimônio é o conjunto de relações jurídicas de uma pessoa, apreciáveis em
dinheiro. Ou seja, patrimônio não são somente os bens móveis e imóveis, mas tudo que
pertence a uma pessoa e que pode ser transformado em dinheiro. O dano material pode ser
analisado em dois enfoques: danos emergentes e lucros cessantes.
Danos emergentes: ou dano positivo, compreende a idéia de perda patrimonial sofrida
imediatamente. É aquilo que a vitima perde imediatamente. Exemplo: um carro que bate em
um muro.
Lucros cessantes: ou dano negativo, configura-se pelo patrimônio que poderia ter sido
adquirido pela vitima, e não o foi em razão da eclosão do evento danoso. É aquilo que a
vitima deixou de ganhar. Exemplo: taxista, que além de ter o dano emergente, também
deixará de faturar com seu trabalho, vez que o carro estará parado para os consertos
necessários.
OBS: a soma do dano emergente mais os lucros cessantes é conhecido como perdas e
danos. Conforme redação do artigo 402 do Código Civil “salvo as exceções expressamente
previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele
efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar”.
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5.3. Dano moral: é a ofensa à um dos direitos de personalidade, elencados no Código Civil,
nos artigos 13 a 21 (sendo que os artigos 13 a 15 referem-se a proteção física, os artigos 16
a 19 são relativos a proteção ao nome e os artigos 20 e 21 são referente à proteção a
honra). Pode se manifestar ou abrange os aspectos físicos, psíquicos e morais propriamente
ditos.
OBS 01: apesar da expressão “dano moral” sugerir a ofensa apenas a bens jurídicos
imateriais, deve-se destacar que os direitos da personalidade também abrangem os
aspectos físicos do ser humano (artigos 13 a 15 do CC/02).
Comentário 01: inicialmente, negava-se a reparação ao dano moral, por entender que o
bem jurídico lesionado era inestimável.
Comentário 02: o ressarcimento do dano não pretende alcançar a sua restituição total,
mas tão somente uma satisfação, com a qual se procura recompensar o sofrimento ou a
humilhação decorrente do dano.
OBS 02: a indenização do dano moral é independente do dano material, isto é, o valor
arbitrado como equivalente ao dano material não abrange a compensação pretendida pelo
dano moral.
Súmula 37, STJ: São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos
do mesmo fato.
Artigo 948, CC: É cabível indenização por dano moral nos crimes de homicídio.
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a
duração provável da vida da vítima.
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Ricochetear representa a colisão de algo em algum corpo de tal modo a precipitar e atingir
outro corpo. Não há dúvida de que o dano moral poderá se da por via indireta reflexa ou por
ricochete, entretanto o mesmo não pode ser dito quanto ao dano material, pois em tese é
possível visualizar o nexo, mas na prática a sua comprovação é quase impossível.
6. Dano estético
É aquele cujo bem jurídico afetado é o conjunto de qualidades externas de uma pessoa, ou
seja, é o seu aspecto físico.
Súmula 387 STF
QUESTIONARIO DE REVISÃO
1 - O que é responsabilidade subjetiva e quais os seus requisitos essenciais?
Responsabilidade Subjetiva é aquela em que se demonstra a culpa do agente, seus
principais requisitos são:
Culpa latu Sensu: culpa e o dolo.
Culpa Strito Senso: Imprudência, Imperícia, negligência.
Conduta humana antijurídica.
Nexo Causal.
Todos estes requisitos resultam no Dano propriamente dito.
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Esta teoria, desenvolvida no Brasil por Agostinho Alvim, entende como causa apenas o
antecedente fático que, ligado por um vínculo de necessariedade ao resultado danoso,
determinasse este último como uma consequência sua, direta e imediata.
TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO CIVIL
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, das várias teorias sobre o nexo causal, o nosso Código
Civil adotou a do dano direto e imediato (Carlos Roberto Gonçalves, Comentários ao novo
código civil, vol. 11, p. 272.), segundo se depreende do art. 403: “Ainda que a inexecução
resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros
cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.” No
entanto, por vezes a jurisprudência adota a causalidade adequada, no mesmo sentido.
(Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, Novo curso de direito civil, vol. 3, p. 105.)
Um exemplo facilitará a compreensão: Uma pessoa deu uma pancada leve na cabeça de
outra. Sua ação seria insuficiente para causar um grave dano, mas a vítima, portadora de
uma fraqueza particular dos ossos do crânio, veio a morrer. Pela primeira e pela terceira
teorias, o sujeito responde; pela segunda, não responderia.
A teoria da causalidade adequada exige que a relação de causa e efeito sempre exista em
casos da mesma natureza. Ou seja, uma leve pancada na cabeça de uma pessoa normal
não provocaria sua morte e, por isso, o agente não responderia. (GONÇALVES, Carlos
Roberto. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil, p. 331.)
Diferentemente do Código Civil, o Código Penal adotou a teoria da conditio sine qua non (art.
13). Atribui relevância causal a todos os antecedentes do resultado. Segundo Damásio,
porém, a teoria não leva a excessos, pois o agente não responde em face da ausência de
culpa. (JESUS, Damásio de. Direito Penal: parte geral, p. 221.)
CONCAUSAS PREEXISTENTES E CAUSA SUPERVENIENTE
As concausas preexistentes (ou seja, as que já existiam no momento da conduta do
agente) não eliminam o nexo causal. Assim, as condições pessoais de saúde da vítima
(p. ex., saúde debilitada) não diminuem a responsabilidade do agente.
A causa superveniente, em regra, também não favorece o agente, ainda que o resultado
tenha sido agravado por ela. Assim, por exemplo, a inexistência de um determinado fármaco
no hospital poderá dificultar o tratamento da vítima, mas isso não livrará o causador do dano
da responsabilidade pelo ato praticado. A causa superveniente só será útil ao agente se
romper o nexo causal, provocando, por si só, o resultado: por exemplo, se a vítima,
internada no hospital, vier a morrer diante de um erro médico.
EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE
Entre as excludentes de responsabilidade, são importantes, nesse estudo, aquelas que
afastam o dever de indenizar por romperem o nexo causal. Nesse sentido, a culpa exclusiva
da vítima, o fato de terceiro, o caso fortuito e a força maior.
SÚMULA 187 [http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?
s1=187.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas] STF
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CC/02 Art. 952. Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição da coisa,
a indenização consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a título de
lucros cessantes; faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado.
Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa,
estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se
avantaje àquele.
447) Art. 927. As agremiações esportivas são objetivamente responsáveis por danos
causados a terceiros pelas torcidas organizadas, agindo nessa qualidade, quando,
de qualquer modo, as financiem ou custeiem, direta ou indiretamente, total ou
parcialmente.
452) Art. 936. A responsabilidade civil do dono ou detentor de animal é objetiva,
admitindo-se a excludente do fato exclusivo de terceiro.
Entre os entendimentos, há questões controversas, como os enunciados 532 e 533. O
primeiro diz que “é permitida a disposição gratuita do próprio corpo com objetivos
exclusivamente científicos, nos termos dos artigos 11 e 13 do Código Civil”. Na justificativa
desse ítem, o CJF explica que pesquisas com seres humanos vivos são feitas todos os dias,
sem as quais não seria possível o desenvolvimento da Medicina e de áreas afins.
"Esse entendimento é de grande valia visto que há casos ímpares que, por conta das leis,
não podem ser estudados, uma vez que até então não poderia haver tal colaboração por
parte do indivíduo disposto a ajudar nas pesquisas", explica o advogado Augusto Fauvel de
Moraes, do escritório Fauvel e Moraes Sociedade de Advogados.
O segundo enunciado diz que “o paciente plenamente capaz poderá deliberar sobre todos os
aspectos concernentes a tratamento médico que possa lhe causar risco de vida, seja
imediato ou mediato, salvo as situações de emergência ou no curso de procedimentos
médicos cirúrgicos que não possam ser interrompidos”. A aprovação é justificada diante do
crescente reconhecimento da autonomia da vontade e da autodeterminação dos pacientes
nos processos de tomada de decisão sobre questões envolvidas em seus tratamentos de
saúde.
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A justificativa é que, nesse caso, o artigo 15 do Código Civil deve ser interpretado na
perspectiva do exercício pleno dos direitos da personalidade, especificamente no exercício
da autonomia da vontade. Segundo o CJF, o risco de vida será inerente a qualquer
tratamento médico, em maior ou menor grau de frequência. Por essa razão, não deve ser o
elemento complementar do suporte fático para a interpretação do referido artigo.
O advogado Renato Moraes, do escritório Moraes Pitombo Advogados, explica que a
importância dos enunciados é seu caráter orientador da interpretação dos artigos. “Servem
como um norte para interpretação. Há no Código Civil conceitos mais difíceis, como o do
abuso de direito, por exemplo, que precisam dessa orientação para não serem lidos de
maneira equivocada.”
O abuso de direito foi um dos temas abordados. De acordo com enunciado 539, “o abuso de
direito é uma categoria jurídica autônoma em relação à responsabilidade civil. Por isso, o
exercício abusivo de posições jurídicas desafia controle independentemente de dano”.
Os enunciados 553 e 554 também eliminam dúvidas da jurisprudência. Eles dizem
respectivamente o seguinte: “Constituem danos reflexos reparáveis as despesas suportadas
pela operadora de plano de saúde decorrentes de complicações de procedimentos por ela
não cobertos” e “Nas ações de responsabilidade civil por cadastramento indevido nos
registros de devedores inadimplentes realizados por instituições financeiras, a
responsabilidade civil é objetiva”.
A reparação por dano moral também foi discutida durante a Jornada. O enunciado 550 diz
que “a quantificação da reparação por danos extrapatrimoniais não deve estar sujeita a
tabelamento ou a valores fixos”. De acordo com a justificativa, cada caso deve ser analisado
separadamente. “A análise do caso concreto deve ser sempre priorizada. Caso contrário,
corremos o risco de voltar ao tempo da Lei das XII Tábuas, em que um osso quebrado tinha
um valor e a violência moral, outro”, diz a justificativa.
O CJF lembra ainda que, no caso de dano moral, o juiz não pode eximir-se do seu dever de
analisar, calcular e arbitrar a indenização dentro daquilo que é pretendido entre as partes.
“Limitar o valor de dano moral é absurdo. É inadmissível fixar um teto para a dor que a
pessoa está sentindo”, comenta Renato Moraes. Na Câmara dos Deputados há diversos
projetos que tratam do dano moral e limitam valores. Um deles é o PL 523/2011, do
deputado Walter Tosta (PMN-MG), que dispõe sobre os casos em que é cabível indenização
por dano moral e fixa o valor entre 10 e 500 salários mínimos.
Veja abaixo os enunciados aprovados na VI Jornada de Direito Civil:
Parte Geral
Enunciado 530 – A emancipação, por si só, não elide a incidência do Estatuto da Criança e
do Adolescente.
Artigo: 5°, parágrafo único, do Código Civil
Enunciado 531 – A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui
o direito ao esquecimento.
Artigo: 11 do Código Civil
Enunciado 532 – É permitida a disposição gratuita do próprio corpo com objetivos
exclusivamente científicos, nos termos dos arts. 11 e 13 do Código Civil.
Artigos: 11 e 13 do Código Civil
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Enunciado 533 – O paciente plenamente capaz poderá deliberar sobre todos os aspectos
concernentes a tratamento médico que possa lhe causar risco de vida, seja imediato ou
mediato, salvo as situações de emergência ou no curso de procedimentos médicos
cirúrgicos que não possam ser interrompidos.
Artigo: 15 do Código Civil
Enunciado 534 – As associações podem desenvolver atividade econômica, desde que não
haja finalidade lucrativa.
Artigo: 53 do Código Civil
Enunciado 535 – Para a existência da pertença, o art. 93 do Código Civil não exige elemento
subjetivo como requisito para o ato de destinação.
Artigo: 93 do Código Civil
Enunciado 536 – Resultando do negócio jurídico nulo consequências patrimoniais capazes
de ensejar pretensões, é possível, quanto a estas, a incidência da prescrição.
Artigo: 169 do Código Civil
Enunciado 537 – A previsão contida no art. 169 não impossibilita que, excepcionalmente,
negócios jurídicos nulos produzam efeitos a serem preservados quando justificados por
interesses merecedores de tutela.
Artigo: 169 do Código Civil
Enunciado 538 – No que diz respeito a terceiros eventualmente prejudicados, o prazo
decadencial de que trata o art. 179 do Código Civil não se conta da celebração do negócio
jurídico, mas da ciência que dele tiverem.
Artigo: 179 do Código Civil
Enunciado 539 – O abuso de direito é uma categoria jurídica autônoma em relação à
responsabilidade civil. Por isso, o exercício abusivo de posições jurídicas desafia controle
independentemente de dano.
Artigo: 187 do Código Civil
Obrigações e Contratos
Enunciado 540 – Havendo perecimento do objeto da prestação indivisível por culpa de
apenas um dos devedores, todos respondem, de maneira divisível, pelo equivalente e só o
culpado, pelas perdas e danos.
Artigo: 263 do Código Civil
Enunciado 541 – O contrato de prestação de serviço pode ser gratuito.
Artigo: 594 do Código Civil
Enunciado 542 – A recusa de renovação das apólices de seguro de vida pelas seguradoras
em razão da idade do segurado é discriminatória e atenta contra a função social do contrato.
Artigos: 765 e 796 do Código Civil
Enunciado 543 – Constitui abuso do direito a modificação acentuada das condições do
seguro de vida e de saúde pela seguradora quando da renovação do contrato.
Artigo:765 do Código Civil
Enunciado 544 – O seguro de responsabilidade civil facultativo garante dois interesses, o do
segurado contra os efeitos patrimoniais da imputação de responsabilidade e o da vítima à
indenização, ambos destinatários da garantia, com pretensão própria e independente contra
a seguradora.
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