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A necr6épole tardo-romana de Alvaricga (Espiunca, Arouca) Algumas notas para uma revisao critica Anténio Manuel S. P. Silva Manuela C. S. Ribeiro Cadernos do Centro de Arqueologia de Arouca Arouca 2003 2 A NECROPOLE TARDO-ROMANA DE ALVARICA (ESPIUNCA, AROUCA) ALGUMAS NOTAS PARA UMA REVISAO CRITICA Anténio Manuel S. P. Silva* Manuela C. S. Ribeiro** Preambulo O tema com que quisemos contribuir para 0 J.” Congress sobre a Diocese do Porto ~ a necr6pole romana de Alvariga, em Arouca — por varias raz6es se alia ao sentido de homenagem ao Senhor D. Domingos de Pinho Brandao que presidiu aquela reunido cientifica. De facto, a necrépole de Espiunca foi uma das escavagdes arqueolégicas realizadas por D. Domingos no concelho da sua naturalidade, em meados dos anos “50. Trinta anos mais tarde, este prelado participaria ainda nas primeiras Jornadas de Histéria e Arqueologia do Concetho de Arouca com uma comunicagiio em que referia as estelas funerdrias daquele cemitério, tendo depois publicado nas respec- tivas Actas, de que um de nés foi co-editor, em 1987, aquele que tera sido, pro- vavelmente, 0 seu tltimo artigo de arqueologia e epigrafia. Por fim, © como sou- bemos casualmente, nas semanas que antecederam 0 seu falecimento era a revisio das notas sobre a necrépole de Espiunca um dos assuntos que ocupavam D. Do- mingos de Pinho Brandao. Da necrépole de Alvariga é proveniente um importante conjunto de estelas epigrafadas que D. Domingos de Pinho Brando estudou ¢ publicou parcialmente (Brandio 1962; 1987), para além de outro espélio cerdmico e numismitico. * Centro de Arqueologia de Arouca. Gabinete de Arqueologia Urbana da C. M. Porto. =* Centro de Arqueologia de Arouea. Gabinete de Arqueologia Urbana da C. M, Porto. ANTONIO MANUEL S. P, SILVA E MANUELA ©. S. RIBEIRO Infelizmente, as condigdes de achado das sepulturas ¢ as intervengdes de que foram objecto por parte de diferentes curiosos ¢ investigadores, entre os finais dos anos “40 ¢ a década de 1950, niio permitiram o seu estudo global. Além do mais, como € comum em trabalhos de arqueologia daquela época, 0 espélio dispersou- -se por diversas colecgées e instituigdes, sem indieagao do respectivo contexto. Com base nas referéncias publicadas, em informagdes inéditas recolhidas ¢ no estudo das epigrafes ¢ de outro espélio localizado em diversas instituigoes, & nossa intengao ensaiar uma revisdo da problematica arqueolégica daquele impor- tante cemitério tardo-romano, no quadro das estagdes congéneres de Ambito regio- nal Neste artigo abordam-se essencialmente as questes mais gerais relacionadas com a necrépole, deixando-se para posteriores trabalhos 0 catélogo completo dos achados ceramicos e do conjunto epigrifico, aspectos que aqui apenas serio aflorados. Achado e localizagao da necrépole Segundo os dados publicados, os primeiros vestigios da necrdpole terio aparecido casualmente no arroteamento de umas leiras de monte, em 1946 (Brandio © Loureiro 1991: 109) ow 1949!, se bem que indicagdes de informadores locais parecam sugerir achados anteriores. Restos de sepulturas, cerdimicas, moedas ¢ parte de uma estela funerdria epi- grafada foram entao localizados, deles tendo tomado conhecimento Manuel Rodri- gues Sim@es Jiinior, estudioso ¢ pesquisador de temas de hist6ria arouquense. E tero sido SimGes Jinior, em colaboragdo com Fernando Russel Cortez, entretanto chamado ao local, os responsdveis pelas primeiras escavagées intencionais, em Julho de 1950, tendo encontrado, segundo noticia da época, “uma sepultura quadrangular contendo um vaso de grande beleza”, concluindo-se do grande interesse arqueol6- gico do local e da conveniéneia da realizagio de trabalhos mais alargados* Desconhecemos se outras pesquisas foram efectuadas nos anos subsequentes, até que em 1954 o P». Franclim de Almeida Fernandes, entao paroco da freguesia, ' “Em Arouca, foi descoberto um cemitério romano do século IV ou V", O Comércio do Porto, 23 de Julho de 1950, p. 2 * Idem, ibidem. 1 CONGRESSO SOBRE A DIOCESE DO PORTO mandou também realizar escavagdes no cemitério, aparecendo mais sepulturas, cerfimicas e lipides em xisto’, Em 1956 D. Domingos de Pinho Brandao visitou o sitio, tendo nesse ano ou no seguinte dirigido uma campanha de escavag6es, durante cerca de uma semana, com 0 apoio de estudantes ¢ funciondrios do Seminario Maior do Porto. Estas terdo sido as tltimas pesquisas organizadas no local, delas procedendo porventura a maior parte do espélio conhecido ¢ as informagbes mais significativas'. O niicleo principal da necrépole situa-se numa encosta do lugar de Alvariga, cerca de quinhentos metros a Noroeste da aldeia de Vila Cova, na freguesia de Espiunca, concelho de Arouca’, No entanto, segundo indicagtio de moradores desta aldeia, um outro niicleo teri aparecido na abertura de um caminho algumas cen- tenas de metros mais a Norte, j4 na freguesia de Real do concelho de Castelo de Paiva (Estampa 1). A localizagao precisa da estagao arqueolégica, porém, levanta hoje algumas diividas, j4 por nunca terem sido publicados quaisquer dados exactos ou elementos cartogréficos, j4 porque a intensa florestacdio com eucaliptos, desde a década de *50, associada modernamente a abertura de estraddes, alteraram muito significa tivamente a topografia e 0 aspecto do local As sepulturas A noticia destes dois diferentes locais, a confirmar-se, coloca alguns proble- mas interessantes, Nao sendo porventura razo‘ivel supor uma ‘inica rea sepulcral com tal extensdo, poder efectivamente a necrépole ter tido dois niicleos, talvez até distintos na sua cronologia, para © que todavia nio dispomos de qualquer informagio. O ntimero de sepulturas encontradas, ocasionalmente € nas pesquisas arqueo- Idgicas levadas a cabo, terd ultrapassado pelo menos as quatro dezenas. Implan- tavam-se em fiadas ordenadas, relativamente préximas umas das outras, pelo menos > Agradecemos ao Pe. Franclim de Almeida Fernandes estas informagdes. Sobre 0 assunto publicow também este sacerdote uma breve nota numa publicagao paroquial (A Paréquia de Santo André de Lever.) + Aproveitamos para agradecer ao Sr. Dr. Aurélio Pinheiro, um dos participantes naqueles traba- Ihos, cujas recordagées muito iluminaram a nossa perspectiva da neerépole. 5 Carta Militar de Portugal 1: 25 000 n° 145, Coordenadas UTM 29TNF638377. ANTONIO MANUEL 5, P, SILVA E MANUELA C. S, RIBEIRO na rea escavada por D. Domingos*, Encontrando-se a pouca profundidade da superficie do solo, as sepulturas eram constitufdas por lajes de xisto que formavam pequenas caixas de planta quadrangular ou rectangular, com dimensdes que ron- dariam 03 50 ou 60 cm. de lado, ou por vezes maiores, jd que os dados que reco- Ihemos sao por ora imprecisos a este respeito. Cobertas, pelo menos em alguns casos, por lajes de idéntica natureza, cons- titui pormenor notavel nesta necrépole a presenga de estelas funerdrias in situ, isto 6, implantadas ainda na vertical num dos topos da sepultura. Nao conhecemos qualquer outra necrépole desta época em que tal tenha sido noticiado, o que confere por certo a este achado uma grande raridade. De facto, a maior parte das sepulturas escavadas possuiria ainda estas estelas, implantadas na parte mais alta, uma vez que a necrépole se situa numa zona de pendente. Pode admitir-se que em muitos casos as estelas seriam anepigrafas, dada a circunstincia de apenas se conhecerem actualmente sete lipides com os respectivos epitifios. O esp6lio incluia essencialmente pegas ceramicas, usualmente talvez umas cinco ou seis vasilhas por tumba e parecendo obedecer a uma disposi¢io seme- Ihante, com as peas menores junto estela, na cabeceira, e as formas maiores na restante drea deposicional. E referido, também, 0 aparecimento de moedas nos achados mais antigos’. Tratar-se-ia de uma necrépole de incinerago, registando- -se a ocorréncia de restos de carvoes e cinzas depositadas no interior de alguns recipientes ceramicos. O espélio sepulcral O espélio da necrépole encontra-se muito disperso por varias instituigdes ¢ particulares, conhecendo-se pecas no Museu de Arte Sacra e Arqueologia do Semindrio Maior do Porto (que tem a maior colecgiio de cermica desta estagao)*, © Os dados respeitantes & tipologia das sepulturas, organizagio do espago da nectépole e outros elementos a seguir indicados referem-se as escavagdes de D. Domingos e devem-se a informagées do Dr. Aurélio Pinheiro. TA noticia d'O Comércio do Porto de 1950 (cfr. nota 1) refere-se mesmo a “estas diversas mocdas romanas”, sem no entanto apresentar qualquer ilustragao. Agradecemos ao Dr. Raimundo de Castro Meireles, Director do Muscu, ¢ & nossa Colega Dra Maria Anténia Silva (Universidade Portucalense Infante D, Henrique), responsivel pelo projecto de musealizagio da colecgio arqueolégica, o acesso as pegas cerimicas de Alvariga. 1 CONGRESSO SOBRE A DIOCESE DO PORTO no Centro de Estudos D. Domingos de Pinho Brando, sediado no Mosteiro de Arouca (onde se encontra a colecgio epigrifica)’, no Centro de Arqueologia de Arouca (proveniente de um legado da familia do Dr. Simdes Jdnior)” e na resi- déncia paroquial de Lever, em Gaia, havendo também noticia de pegas existentes em outras instituigdes e particulares, que nZio pudemos ainda confirmar. Se bem que existam informages acerca do achado de moedas em algumas sepulturas, niio se conhece actualmente o paradeiro de qualquer delas e apenas uma, um antoniniano de Galieno, foi identificada (Simoes Itnior 1959: 17-8). No total, porém, apenas recenseémos oito estelas ¢ 28 vasilhas ceramicas com atribuigdo relativamente segura a Alvariga"', 0 que nos parece muito pouco significativo face ao que seria a globalidade do espélio da necrépole. De facto, se num total de 40 sepulturas (ntimero mfnimo que registamos) contabilizarmos quatro ow cinco objectos em cada uma, como recentemente foi indicado como valor médio para as necrépoles tardo-romanas deste trecho da bacia do Douro (Dias 1994), concluiremos que dispomos de pouco mais de 10% do conjunto do espélio cerfimico fornecido por aquele cemitério. Por outro lado, a procedéncia de uma boa parte das cerdmicas do Museu de Arte Sacra nao é hoje totalmente certa, pelo facto das pegas ndo estarem identificadas fisicamente. Epigrafia Constituindo as estelas funerérias em xisto um dos aspectos mais notiveis desta necrdpole, € de lamentar nunca ter sido publicado na integra 0 respectivo corpus epigrafico, Efectivamente, permanece inédito 0 estudo que sobre elas D. Domingos de Pinho Brandtio apresentou ao primeiro Congresso Nacional de Ar- queologia, em 1958. Em trabalhos posteriores, vindos a lume nas Actas do I Colé- ° Expressamos também o nosso agradecimento ao Centro de Estudos D. Domingos de Pinho Brando, na pessoa do Sr. Dr. Manuel Joaquim Moreira da Rocha, as facitidades concedidas para 0 estudo dos materiais da estacdo, designadamente da coleccio epigrafica °° Doagio da Sta. D. Alexandrina Sobrinho Sim@es, em 1991, devendo estas pegas ser expostas a0 Pablico, apis 0 seu estudo, em instituigiio com condigdes adequadas para tal ™ De acordo com o levantamento que fizemos, a distribuigio actual por institwigio das pegas cerdmicas atribuidas a Alvarica é a seguinte: Museu de Arte Sacra e Arqueologia do Seminario Maior (Porto) ~ 20 pegas: Centro de Arqueologia de Arouca — 4 pecas; Centro de Estudos D. Domingos de Pinho Brandao ~ 3 pegas: residéncia paroquial de Lever (V. N. Gaia) ~ 1 pega. ANTONIO MANUEL S. P. SILVA E MANUELA C. S, RIBEIRO quio Portuense de Arqueologia de 1961 (Brandi 1962) € nas Actas das I Jorna- das de Histéria e Arqueologia do Concelho de Arouca (Brando 1987) 0 mesmo Autor refere a existéncia de sete estelas epigrafadas, que entretanto nunca publi- cou na totalidade. Compilando as inscrigdes transcritas © as parcas refer&ncias acerca das restantes, um primeiro inventério da epigrafia de Alvariga péde entre~ tanto ser organizado (Silva 1994a), se bem que s6 agora a disponibilizagéo das pecas permita o seu adequado registo, estudo & publicacio. Sio oito as estelas funerdrias em xisto provenientes da necrépole de Alvarica, sete epigrafadas e uma anepfgrafa, cujo estudo D. Domingos deixou inconchiso que presentemente esto em depdsito no Mosteiro de Arouca, a cuidado do Centro de Estudos D. Domingos de Pinho Brandao. Sao pegas em xisto, de uma variedade de lousa que parece perfeitamente local. A fragilidade da matéria-prima, aliada as condigées de achado e levanta- mento, fez com que algumas se encontrem bastante mutiladas. Naguelas que esto melhor conservadas, nota-se que, se bem que apresentem um contorno generica- mente subrectangular, 0 desbaste ou tratamento dado ao monumento € minimo ou inexistente, para além daquele que provém da sua fractura ou Jascamento original. Numa ow noutra percebe-se apenas que foi adelgagada a parte inferior, para criar um espigo que facilitasse a sua implantagao na vertical; ¢ somente num exemplar, um pouco mais talhado, esta base de sustentagio &, pelo contrério, mais larga que © restante corpo da pega. As suas dimensées oscilam entre os 53 e os 80 centimetros de altura, me- diando a largura entre os 18 € os 29 centimetros, se considerarmos apenas as pecas melhor conservadas, Nao apresentam ordinariamente decoragio nem o campo epigrafico evidencia qualquer tratamento ou especificidade para além da sistemé- tica presenga de linhas auxiliares ou de pauta para ordenamento e distribuigio do texto, que o lapicida grafitou na superficie das lousas com maior ou menor firmeza € seguranga mas a patentear, com toda a probabilidade, uma mesma oficina. Estando actualmente em curso o estudo integral destas epigrafes (cuja siste- matizagao, alias, fugiria aos limites deste texto), apresentamos por ora duas ins- crig6es que de algum modo ilustram o formulério tipico dos epitéfios de Alvarica e que curiosamente parecem pertencer a pai e filho, Celer ¢ um seu descendente (Estampa TV, 1 ¢ 2). | CONGRESSO SOBRE A DIOCESE DO PORTO Estela ALV.1 Epitdfio de Celer, filho de Rufino Estela funerdria em xisto. Dimenses da estela: 67,8 x 29,2 x 5,8 Campo epigrifico conservado: 17,3 x 24 1. Dis) + M(anibus) + S(acrum) CELER + RVF(i) NI (filius) AN(norum) » LXXV (septuaginta quinque) S(epultus) + EST XV K(alendas) FE 5. BRVARIAS Consagracéo aos Deuses Manes. Celer, filho de Rufinus, de 75 anos, (aqui) foi sepultado a 18 de Janeiro. Altura das letras: linha 1: 2,7/3; Intervalos das linhas auxiliar 2,1/4; 1.3: 1,9/4,1; 1.4: 1,8/2,4; 1.5: 1,8/2,5. 54,3, Esta estela € uma das melhores conservadas do nticleo epigrifico de Alvariga, preservando provavelmente a altura original (0 que permite obser- var 0 espigtio de enterramento no solo) ¢ encontrando-se mais fracturada na parte superior, 0 que afectou, aparentemente em pequena porgdo, a largura do campo epigréfico, que est truncado do lado direito. formulirio do epitifio desdobra-se em cinco linhas, enquadradas por seis tragos auxiliares de altura relativamente homogénea, & excepgdio da pri- meira linha em que o intervalo é ligeiramente maior. A gravagdo € de um modo geral segura, com tragos largos e decididos que chegam a atingir 2 mm de profundidade, mas por impericia do lapicida ou pela dureza e irregularidade da superficie algumas linhas auxiliares (sobretudo a 2.°) foram riscadas mais gue uma vez, 0 que também sucede com algumas letras. Foram utilizados alguns puncti distinguentes, no geral bem marcados e de contorno subcircular. A leitura no oferece dificuldades de maior. Na primeira, o S final da invocagiio aos Manes est truncado na parte superior da haste, se bem que a letra, em estilo quase cursivo, fosse bastante mais ténue e pequena que as anteriores, provavelmente devido & irregularidade da superficie. Na 2.* linha ANTONIO MANUEL S. P. SILVA E MANUELA ©. S. RIBEIRO nome Celer esta separado por um ponto de um patronfmico de que se 1é apenas RV, topando-se ainda o arranque de um terceiro caracter que poderia bem ser um F, permitindo a leitura RVFINI. Apés a mengdo da idade do falecido (75 anos ow talvez superior, uma vez que a inscrigio se encontra truncada desse lado) indica-se a data da depositio, segundo o calendario romano, ou seja, a 18 de Janeiro. Entre 0s elementos paleogrificos de interesse observam-se também nesta inscrigao os LL com a haste horizontal extremamente alongada e obliqua, ultrapassando a linha de pauta. Certamente pelo facto de conservar a quase totalidade do formulétio e representar bem, como modelo, as estelas de Alvariga, esta pega foi a tnica de que D. Domingos publicou fotografia, decalque ¢ leitura (Brandao 1962; 1987), interpretacao reproduzida na Hispania Epigraphica (1990: 217, n2 743) e que no essencial foi seguida na primeira listagem integral do conjunto epigrifico (Silva 1994a). Estela ALV.3 Epitdfio de um filho de Celer Fragmento de estela funeraria em xisto. Dimensdes: 27 x 24 x 2,9 Campo epigrifico conservado: 13,1 x 19,4 L L.]VS CHLORIS + F(ilius) + AN(norum) LXXX (octoginta) S(epultus) I(st) us, filho de Celer, de 80 anos, (aqui) foi sepultado. Altura das letras: linha 2: 3,7/4,1; 1.3: Intervalos das linhas auxiliares: 3,7/4 16/4,65 1.4: 3/3,7 Esta pega é uma das mais fragmentadas do conjunto epigrafico de Alvariga, estando truncada do lado esquerdo e sobretudo na parte superior, onde se vé apenas a base do que seria possivelmente a 2.” linha da inserigao. 1 CONGRESSO SOBRE A DIOCESE DO PORTO Na primeira linha que restou nota-se a parte inferior de duas letras, que parecem ser VS, correspondendo ao final de um nome masculino; na segun- da linha observa-se ainda um pequeno segmento da curva do C inicial de Celeris, estando os EE grafados com dois Il; na terceira linha o lapicida colocou puncti antes do F e do A (e porventura, por lapso, entre o Ae oN, ‘© que no nos parece seguro); na tiltima linha mais uma vez o E final foi substituido por duplo I. As linhas auxiliares so bastante vincadas e regulares, assim como 0 desenho dos caracteres, se bem que com os indicios da paleografia tardia que so comuns neste conjunto epigrafico. Os II sao feitos com um Unico trago vertical, os LL apresentam a haste horizontal oblfqua, os $$ surgem pouco pronunciados e mais uma vez 0 E foi grafado com dois Il. O primeiro punctus € subcircular, tendo o segundo um contorno triangular. O talhe das letras e das linhas auxiliares é em bisel e, de um modo geral, profundo e bem mar- cado (max. 2 mm). Se na inscrigao anterior temos 0 epitafio de Celer, filho de Rufino, esta parece assinalar 0 local de sepultura de um filho de Celer, morto com 80 anos. A parte superior da epigrafe, que esta truncada, poderia bem ter con- tido na primeira linha a dedicagio aos Manes, como sucede em quase todas as outras estelas deste conjunto, e na segunda apenas o nome do falecido. Nao parece haver espago (sobretudo se considerarmos que 0 patronimico CELERIS da 2.* linha ocupava todo 0 campo epigrfico) para a mengao de qualquer data, Esta epigrafe encontrava-se praticamente inédita, para além de uma lei- tura, entao incompleta, que dela foi dada num estudo de conjunto (Silva 1994a). Se bem que algumas das inscrigdes estejam muito truncadas pela circunstén- cia da fractura das estelas ter atingido 0 campo epigréfico, os respectivos formu- lérios parecem acusar grandes semelhangas. A invocagio classica aos deuses Manes encabega cinco das sete estelas (estando aquelas onde isso nao é notério fracturadas no topo). Apés o nome do defunto e patronimico correspondente & quase sistema- tica a indicagdo da idade com que faleceu. Por fim, como elemento mais incomum, a mengiio do dia do Sbito ou sepultamento, segundo o calendério romano, que aparece em pelo menos cinco das sete epigrates. © facto da maioria das estelas possufrem a indicacdo do dia do més em que teve lugar © acto de sepultura, dies depositionis, levou D. Domingos de Pinho ANTONIO MANUEL S. P. SILVA E MANUELA C. S, RIBEIRO Brando a considerar que elas podem denunciar uma eventual contaminagio, por influéncia sobre o formulario, de préticas cristas vizinhas, j que 0 facto da necré- pole ser de incineragdo e a dedicatéria cldssica D.M.S. constar dos epitéfios indiciam um contexto nao cristianizado (Brandao 1962: 7-8) Efectivamente, todos os casos de epigrafes cristis hispanicas cujo formulério se inicia pela invocagio D.M. apresentam igualmente expressdes ou signos de cardcter religioso explicito (Mufioz 1995: 51), 0 que nao sucede com as de Espiunca. A referéncia & filiagao e a expresstio da idade do defunto nao introduzida por qualquer verbo (vixit, complevit, etc.), como também se vé nestas inscrigdes, cons- tituem igualmente fendmenos estranhos nos epitafios cristios da Lusitania (Idem: 143). Sopesando estes elementos de tradiga0 pagi com a redugio dos elementos de identificagio onoméstica e sobretudo a explicitagao da data de inumagio, esta Gltima pouco habitual fora dos circulos da nova fé, Teresa Muftoz sugeriu “o cardcter cristo ou, pelo menos, de transigao”, desta nectépole (Ibid.: 217, 231), Outros autores, como José d’Enearnaco, vao mais longe, considerando mesmo as estelas de Alvariga plenamente cristas (1984: 206), 0 que na realidade & dificil de aferir, se bem que a transcrigdo e desdobramento integral dos sete epitifios possa futuramente vir a langar alguma luz sobre esta questio. Atestando ou nao com maior clareza a cristianizagao deste limite da Lusitania tardo-romana que era 0 vale do Paiva, por todo este conjunto de circunstancias e pelas caracteristicas paleogrificas, a cronologia destas estelas tem sido fixada nos séculos IV ou mesmo V, 0 que parece relativamente pacifico. A cerémica Numa visio global do espélio cerimico encontramos essencialmente lougas comuns de mesa ou cozinha, de superficies claras, frequentemente engobadas e, em menor proporgio, de superficies cinzentas. O repertério formal parece idéntico aquele que se identifica habitual mente nas necrépoles tardias. Temos, assim, quer pegas abertas de servir ow ir ao lume, como pratos, frigideiras e tigelas (por vezes imitando formas de lougas finas como a terra sigillata), quer copos, potes, cantaros, bilhas e jarros de boca trilobada. Enconiram-se ainda algumas cermicas ostentando grafitos, como D. Domingos fizera j4 notar (Brando 1962, nota 1). Hustramos neste trabalho as quatro pegas em depésito no Centro de Arqueologia de Arouca, designadamente um jarro de 10 | CONGRESSO SOBRE A DIOCESE DO PORTO boca trilobada, um cAntaro, um pequeno pote cinzento e uma tigela (Estampa V). Na colecgao de cer’imica do Museu do Seminério Maior do Porto conserva- -se uma taga de sigillata Drag. 27, sem marca, com um grafito de posse na super- ficie externa, cuja proveniéncia era dada como incerta, Curiosamente, entre a ceriimica procedente da colec¢io pessoal de D. Domingos” encontra-se um prato de sigillata, muito deteriorado, do tipo Drag. 15/17 com grafito similar: RF segui- do do que parece ser um nexo com um Ce um E, Naturalmente, as duas pecas, que formam servigo, deverao ser provenientes da mesma sepultura, E muito hipo- tético tentar decifrar a inscrigao: Rufinus? Celer? Tendo em conta que um dos epitéfios que apresentdmos como exemplo é de um tal Celer, filho de Rufino, nao deixa de ser uma hipétese tentadora!... Mas 0 mais importante deste servigo de sigillata hispanica € que 0 mesmo ndo coincide de todo, sobretudo a pequena taga Drag. 27, com a cronologia tardia que se atribui & necrépole, parecendo documentar um caso singular de uma extraor- dindria pervivéncia de uma pega cerfmica, mesmo de excepgiio. A menos que se coloque a possibilidade de recuar um pouco a datagdo daquele cemitétio, © que por ora nao € sustentado com seguranga por qualguer outro elemento. A necrépole e a regiiio Contextualizando esta estagao arqueoldgica num quadro regional mais am- plo, deve notar-se que é bastante lacunar a informago disponivel sobre as necré- poles e sepulturas romanas do Entre Douro e Vouga. Com poucas excepgées, os dados conhecidos decorrem de noticias antigas e sumérias em que estas sepulturas “lusitano-romanas” ~ como entiio As vezes se designavam ~ aparecem descritas em breves tracos, sendo igualmente vago o inventério dos espélios ¢ nula a sua arti- culagdo com os sepulcros. Os préprios mobiliatios funeratios encontram-se usual- mente perdidos ou dispersos e por norma descontextualizados. Nos tiltimos anos, porém, alguns trabalhos tém tentado iluminar um pouco mais esta vertente fundamental da sociedade e da cultura dos primeiros séculos da nossa era que € a do mundo funerério romano. Destacam-se a este propésito a °° E que sem diivida é proveniemte de Espiunca, pois nessa qualidade esteve exposta, por indicagiio do falecido Bispo, numa mostra temporitia do Centro de Arqueologia de Arouca, em 1986. 11 ANTONIO MANUEL S. P, SILVA E MANUELA C. 5, RIBEIRO revisio cientifica da importante necrépole gaiense de Gulpilhares, feita por Maria José Lobato (1995) e, num quadro mais vasto, os ensaios de sfntese feitos por um de n6s para os achados do Entre Douro ¢ Vouga (Silva 1994a) ¢ 0 trabalho de Lino T. Dias sobre as necrépoles da drea de influéncia de Tongobriga (Dias 1994). A localizagao das necrépoles conhecidas na margem esquerda da bacia ter~ minal do Douro revela uma acentuada polarizagio em dois micleos (Estampa II). Um deles situa-se no Baixo Douro, ¢ € constitufdo pelos dois cemitérios gaienses referenciados no sopé do Monte Murado (Aradjo 1920; Lima 1989; Silva 1994a) e pelas necrépoles do Alto da Vela, em Gulpilhares (Fortes 1909; Lobato 1995), e do Sameiro, em Valadares (Correia 1924; Veloso 1987; Guimardes 1993). Um segundo grupo concentra-se na rea compreendida entre os rios Paiva e Arda (Estampa III), e integra, de Poente para Nascente, as necr6poles de Folgoso (Aguiar 1944), Valbeird (Dias 1994), Campo da Torre (Gongalves 1984; 1989), Vales (Pinho 1947), Valdemides (Freire 1965; Almeida 1972), Paulinhos (Silva er al. 1996), todas no actual concelho de Castelo de Paiva, bem como as necrépoles de Cancelhé, em Cinfiies (Silva 1986; Pinho e Pereira 1997) e Alvatiga em Arouca". Se bem que 0 quadro das necrépoles deste tiltimo grupo necessite ainda de ser afinado, tendo em conta a imprecisio das noticias sobre algumas delas e mes- mo a localizagio incerta de outras, € notavel e de assinalar tio grande concentra- gio de cemitérios num raio de apenas oito quilémetros. A informagao disponivel sobre estas necrépoles situadas entre 0 Paiva e 0 Arda é bastante escassa, mas parece verificar-se, todavia, grande semelhanga entre elas. Eram constitufdas, na sua maior parte, por sepulturas estruturadas com lajes (maioritariamente de xisto), correspondiam ao rito de incineracio e pertencem a época tardia, muito embora algumas inumagdes sejam também sugeridas, pelo menos para a de Valdemides (Almeida 1972: nota 93). A presenga das estelas de xisto em Alvariga é uma circunstancia que colhe paralelos em estela similar localizada na necr6pole de Folgoso™. Trata-se do epi- téfio de um tal Avitianvs, que se inicia com a tradicional invocagdo aos Manes mas inclui duas f6rmulas curiosas: farvm foncset (cumpriu 0 seu destino) e o voto final viere felix (sé feliz), expressdes de sabor paleocristio — se bem que incomuns na Chr, Silva 1994a para bibliografia mais exaustiva sobre as necr6poles romanas do Entre Douro © Vouga \E nao em Valdemides, como registou, aparentemente por equivoco, Carlos Alberto F. Almeida (1972: 24). 12 1 CONGRESSO SOBRE A DIOCESE DO PORTO epigrafia cristi hispanica (Mufioz 1995) — cuja semantica Carlos Alberto Ferreira de Almeida aprofundou na éptica das crencas priscilianistas do Noroeste, ambiéncia da qual aproxima a epigrafe (Almeida 1972: 26-7). Mas é facto mais significativo, ainda, a evidéncia de provirem a estela de Paiva e as de Arouca de uma mesma officina, patente no uso de idéntica matéria-prima e na estreita similaridade do ductus & da dispositio das inscrigdes (Ibidem: 25). Esta escola de lapicidas do xisto parece relacionar-se de algum modo, alias, com 0 meio geolégico envolvente e possuir antecedentes ainda no Alto Império, se tivermos em conta a estela funerdria também aberta em xisto proveniente de Valongo (Area de similar litologia) e depositada no Museu Nacional de Soares dos Reis'5. Mas 0 que poderé explicar tio significativo mimero de necrépoles entre os ios Paiva e Arda? Podemos ter em conta numa andlise do povoamento regional diversos facto- res. A relativa proximidade de pelo menos dois castros (Fornos ¢ Sardoura, este Ultimo pelo menos romanizado); as referéncias de Pinho Leal (1874: 242; 1876: 88) que parecem apontar para a existéncia de algumas villae na érea; a passagem. de uma via de certa importincia, a carraria antiqua, que cruzaria 0 Paiva preci- samente em Espiunca (Lima 1993); e a riqueza mineral da regido paivense, desig- nadamente em ouro aluvial, como as Memérias Paroquiais de 1758 ainda teste- munham: “tem avido tempo que pello dito Rio Payva das suas areias se bandejar 0 ouro” (Rocha e Loureiro 1988: 48). Mas talvez, como sugeriu Carlos Alberto F. Almeida, se possa também pen- sar, em articulag&o com aqueles elementos, num modelo de povoamento rural intenso mas disperso, de comunidades agricolas (e aqui porventura também minei- ras) cuja estratégia de ocupagio do espago nada devia nem aos modelos proto- -hist6ricos indigenas nem aos escassos focos urbanos remanescentes no Entre Douro e Minho, sendo imagem, pelo contririo, da “romanizagio tardia e peculiar” (Almeida 1972: 9) que parece ter afectado esta regido, como se tem vindo a com- provar (Silva 1994a). "© Cf. a ilustragao da capa do n° 1 (1985) de Vallis Longus, publicagtio cultural da Camara Municipal de Valongo. Aliés, tal tradigio de arte funerdria resistiv até & contemporaneidade, mutatis ‘mutandis, nos meios mais serranos de Arouca, como dutas estelas populares do cemitério de Janarde demonstram explicitamente, evidenciando a mesma técnica epigrafica do grafitado, os puncti alternan- do com as abreviaturas, idénticas linhas « apoiar o lapicida na dispositio do texto (Silva 1994b).. 13 ANTONIO MANUEL S. P. SILVA E MANUELA €. S. RIBEIRO O tema das necrdpoles romanas desta regio apresenta um potencial elevado para a compreensiio da sua romanizagdo mas requer esforgos renovados, quer na localizagio e estudo de espélios dispersos, quer sobretudo em trabalho de campo € na escavagao arqueolégica do que resta de muitas delas, impedindo especialmen- te que possam vir a ser destrufdas sem registo por desconhecimento da sua implan- tagao e significado. No que respeita ao importante cemitério de Alvariga, tora-se urgente a publicagio dos trabalhos ou apontamentos inéditos de D. Domingos de Pinho Brando sobre as pesquisas que af conduzin, cumprindo um propésito que ele proprio nao teve tempo de realizar mas que é essencial para uma reavaliacao desta singular necrépole A luz das actuais metodologias € propostas interpretativas, ao mesmo tempo que poderd contribuir para a salvaguarda do que dessa rea arqueo- légica possa ainda subsistir entre os eucaliptais que formam hoje a paisagem dominante daquela regiao. Bibliografia Geral AGUIAR, J. MONTEIRO DE (1944), “Epitéfio romano de Folgoso (Castelo de Paiva)”, Trabalhos de Antropologia e Etnologia, 10(2), Porto, SPAE, 1943-44, p. 167-9. ALMEIDA, CARLOS ALBERTO FERREIRA DE (1972), Notas sobre a Alta Idade Média no Noroeste de Portugal, sep. “Revista da Faculdade de Letras ~ Série de Histéria”, 3, Porto, FLUP. ARAUJO, JOSE R. DE (1920), Perosinho — Apontamentos para a sua monografia, [reimp.. 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RIBEIRO ROCHA, MANUEL J. M. ¢ LOUREIRO, OLIMPIA M. C. (1988), Memdrias Paroquiais de Castelo de Paiva e outros documentos, Castelo de Paiva, CMCP. SILVA, ANTONIO MANUEL S. P. (1994a), Proto-historia e Romanizagao no Entre Douro ¢ Vouga Litoral. Elementos para wna avaliagdo critica. (Diss, meste. Fac, Letras Univ. Porto), Porto, policop. Idem (1994b), “Estelas funeritias em xisto em cemitérios de Arouea, Blementos para a iconologia sepulcral da época contemporanea”, Poligrafia, 3, Arouca, CEDPB, 1994, p. 115-128, SILVA, EDUARDO J. L (1986), “Intervengaio de emergéncia na sepultura de Cancelhd — Souzelo, Cinfiies”, Revista de Ciéncias Histéricas, 1, Porto, Univ. Portucalense, p. 89-99, SILVA, EDUARDO J. L. et al. (1996), Carta Arqueoldgica do Concelho de Castelo de Paiva, Porto, Univ. Portucalense SIMOES JUNIOR. MANUEL RODRIGUES (1959), “Arouca, Subsidios para a sua monografia”, in Pereira, Vergilio, Cancioneiro de Arouca, Porto, p. 7-97. VELOSO, MANUEL P. 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Santos). 20 Separata das Actas do 1.° Congreso sobre a Diocese do Porto. Tempos e Lugares de Meméria (Homenagem a D. Domingos de Pinko Brandao). Volume 1, Porto/Arouca, 2002, p. 523-542

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