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ait LEC (emote me > CEs eT | DE OUTUB ACTAS DAS 3.* JORNADAS. DE CERAMICA MEDIEVAL E POS-MEDIEVAL METODOS E RESULTADOS PARA O SEU ESTUDO TONDELA (28 a 31 de Outubro de 1997) Coordenagao de Helder Abracos e Joao Manuel Diogo CAMARA MUNICIPAL DE TONDELA. 2003 PROJECTO ARQUEOLOGICO DA CASA DO INFANTE A intervencio arqueolégica da Casa do Infante ini- jourse em 1991, na sequéncia do projecto de ampliacao edificio onde esté actualmente instalado 0 Arquivo Historico Municipai do Porto. A riqueza do seu subsolo, com vestigios ocupacionais inuos que se podem situar genericamente, entre os IV dec. e os nossos dias, justficaram @ permanéncia ‘uma equipa de arqueologia! Conhecido como Casa do Infante, uma vez que a tra- digo oral coloca neste espago © nascimento do Infante ). Henrique, 0 edificio objecto deste estudo foi durante 0 ‘periodo medieval, um dos mais importantes do burgo rtuense, tendo nele funcionado a Alfandega do Porto desde 0 séc. XIV até ao séc. XIX. em nome de D, Fer- ‘nando que so também cunhadas as primeiras moedas no Porto, precisamente nas traseiras deste espaco onde se regista, a partir dos finais do séc. XIV, a existencia de um Bairro de artesios dedicados ao fabrico de moeda. Ao edifcio da alfandega constituido por duas torres s80, por volta do séc. XV, anexadas duas alas de construcdes vira- das para um pitio central onde decorrem, durante os sécs. XV e XVI, algumas das principais operacées relacionadas ‘com o fabrico de moeda, como documenta o registo arqueo- I6gico através do aparecimento de diversas estruturas de mos. Este bairro terd subsistido até A segunda metade do séc. XVIL, altura em que se procedeu a uma profunda Teformulacio no espaco alfandegirio, passando a casa Ga moeda, a partir desta data, a funcionar no interior de ‘uma das salas da alfandega. Do espéitio relacionado com o proceso de amoe- dacio cabe-nos destacar a existéncia de um conjunto bas- tante significative de cadinhos em ceramica e copelas que * Arquedloga,Intervengio Arqueoligica da Casa do Infante, * A coordenagio deste projecto efectuada por Manuel Luis ‘Real, Director do Departamento de Arquives e a direccSe dos traba- Thos arqueolgicos esta cargo de Paulo Dordio e Ricardo Teixeira Actas das 3 Jornadas de Ceramica Medioval e Pos-Medieval (pags. 215-222) Cadinhos e Copelas da Casa do Infante — Porto Isabel Alexandra Lopes* constitui a base deste trabalho apresentado sob a forma de um poster, nas 3" jornadas de Cerimica Medieval ¢ Pos-Medieval. 2. CADINHOS E COPELAS - OBJECTOS COM FUNCIONALIDADES DISTINTAS © estudo dos Cadinhos e Copelas levantou-nos desde cedo diversos problemas, estando a principal di culdade relacionada com a quase inexistencia de fontes & trabalhos que fizessem referéncia a este tipo de objectos. Assim, pata tentar compreender a especificidade da sua utilizacio recorremos prineipalmente a dois tratados sobre metalurgia antiga (Fig, 17. Estas fontes descrevem pormenorizadamente tanto © processo de fundicao, no qual eram utilizados os mais diversos tipos de cadinhos, como 0 processo de ensaio ¢ afinacdo de ligas metélicas, onde eram usadas as copelas © mesmo tratado fornece-nos ainda algumas informacdes especificadoras do fabrico de fornos de fundicio e fornos 4ée ensaio, e um conjunto de referencias relacionadas com # modelagem e fabrico de copelas. Nao sendo este artigo uma descrigio exaustiva dos métodos de fundigfo e ensaio inerentes ao processo de amoedacio nao deixaremos, no entanto, de aqui fazer uma pequena sintese destes processos, onde incidiremos mais ‘specificamente sobre a funcionalidade de cada um dos objectos estudados. 24. Os Cadinhos A principal fungao do cadinho seria proceder & fu- S80 dos metais’. A fim de aumentar a sua resistencia 2 Ver traballios de Georgius Agricola «De Re Metallica (De La Mineria Y los Metales)» e de Vamnoccio Biringuecio, «De La Pirotechnia». A fundigto era uma etapa bastante importante dentro do pprocesso de afinagio de metais, muitas vezes utilizada para 216 Bg ‘A-- Escorificador: B - Cadinho triangular; C - Copela. imagem, De Re Metallica). térmica, era utilizada na confecgio uma argila plastica, bastante seca a que muitas das vezes era adicionado o pé de velhos cadinhos partidos ou ladrilhos queimados e gastos. Este pé constitufa 0 elemento que conferia aos cadinhos a dureza necesséria para suportarem altas tem- peraturas sem correrem o risco de se quebrarem. Tipologicamente os cadinhos podem apresentar um bordo triangular ou um bordo circular com um pequeno bbico. Os fundos variam entre a forma plana ou cénica. Em Inglaterra, Justine Bayley apresenta como explicagao para esta diversidade o elemento temporal. Segundo esta, autora o tamanho do cadinho aumentaria ao longo do periodo medieval, estando também a sua forma em cons- tante transformacéo. No séc. X-XIl apresentariam um aspecto globular, no sée. XIII seriam hemisféricos e no séc. XIV de base plana. Esta alteragao estaria relacionada com a transfor- magio levada a cabo nos fornos de fundigdo, que evolui- riam de simples covas abertas na terra, onde o cadinho de fundo redondo seria depositado sobre uma superficie de carvao perfeitamente adequada ao fundo globular e hemisférico, até fornalhas relativamente elaboradas, onde 0 cadinho de base plana seria colocado sobre uma gretha (BAYLEY 1996: 68). 2.2. As Copelas As copelas, pequenos recipientes circulares, eram utilizados especificamente nos processos de afericao e separagio de metais nobres, como 0 ouro e prata, das restantes ligas metdlicas. Esta técnica denominada cope- lacdo foi largamente utilizada pelos mineiros com 0 intuito de conhecer a viabilidade de exploragdo de deter- minado filao, sendo também aplicada por todos quantos trabalhavam com metais preciosos, como acontecia com 05 trabalhos de ensaio e afinac3o efectuados no interior de casas da moeda. libertar 0 metal de impurezas. Através do aquecimento, o metal libertava-se de algumas impurezas, que se separavam sob a forma do eseérias. “Este processo 6 referido por Agricola no capitulo VI, sobre os métodos de provar 0s metais, do ensaio De Re Metallica, A copelagio consistia em derreter conjuntamente a) liga metélica a testar ou refinar com uma certa percenta- gem de chumbo. Desta forma essa liga era transformada, em oxido de chumbo que acabava por ser absorvido pela, copela, enquanto que os metais preciosos permaneciam depositados na sua superficie ‘Também 0 processo pelo qual eram fabricadas as copelas revestia-se de alguma complexidade ¢ morosi- dade, tornando-o desta forma bastante dispendioso. Em Inglaterra até ao séc. XIl era utilizada a cerdmica na pro- dugio destes objectos que tinha como inconveniente 0 facto de reagir com 0 metal depositado e nao absorve-to, © que nao permitia a desejada separagio (BAYLEY 1986: 70). © mesmo nio acontecia com as copelas do séc. XV- -XVI fabricadas a partir de ossos de animais. Também no tratado de Biringuccio, redigido no séc. XVI é referida 2 utilizagéo de telhas curvas com a mesma fungio que a das copelas, sendo no entanto sempre considerado como, um processo alternativo, uma vez que quebravam facil mente (SMITH 1990:138) Tal como ja foi referido, o fabrico de copelas era um Process moroso que requeria conhecimentos especificos,, azo pela qual tanto Birnguccio como Agricola ocupam, varias paginas descrevendo minuciosamente todos os Passos relacionados com a sua produgao. Nelas adquire ‘uma importancia primordial a escolha da matéria prima utilizada, Ambos os autores privilegiam os chifres de cervo ou de veado como o material mais adequado, sen do também referides 03 0ss0s de cavalos, burros, mulas,, espinhas de peixe, raspas de couro e madeiras como a do, salgueiro, da nogueira e da videira. Todos estes materiais, seriam sujeitos a accao do fogo, até se transformarem em, cinzas que depois de emersas em Agua eram amassadas, ‘com as maos de forma a retirar todas as impurezas exis- tentes. Acabada esta primeira fase, devia-se entao verte- las novamente num segundo recipiente com agua € repetir a mesma operacao, Quando retiradas da égua as, cinzas eram secas ao sol ou num forno, para Ihes retirar toda a humidade existente ¢ ficarem preparadas para, serem moldadas. Geralmente eram utilizados moldes de latao ou bronze, sendo as cinzas neles colocadas € pret sadas com um pilio de base convexa de modo a adquiri- rem a consisténcia e forma desejadas (Fig. 2), Fig. 2: Instrumentaria utilizada na confeeso de copelas. A, B- Moldes: ,D- Pildo, (Imagem, De Re Metallica) * mare og * vom SY cermco. el Fig. 3: Planta das Areas metaltirgicas deteciadas durante a intervengio arqucolégica 217 218 3. METODOLOGIA DE ESTUDO. A metodologia utilizada na elaboracio deste estudo bascou-se na tentativa de estabelecer paralelos crono- 6gicos entre estes elementos e outros jé estudados como € 0 caso das cerimicas. Outro dos vectores explorados © da distribuigao dos objectos pela area escavada, tendo em atengao a sta relacdo com zonas onde se desen- volveram actividades metalirgicas. Para uma melhor visualizagdo do espaco ocupado pela Casa da Moeda apre- sentamos a planta (Fig. 3), onde estio localizadas as principais dreas de actividades metaltirgicas detectadas durante ae eacavagics arquestégicas. Nesta plata ple ‘mos observar a organizagao do bairro da moeda, consti- tuido por duas alas de edificios, identificados com as letras A e B, e um patio central assinalado com as iniciais, Pt, Nas dreas identificadas com Ad, A3, PTI e PT4 regis- tou-se 0 aparecimento de grandes concentragées de cadinhos e copelas, estando as duas primeiras éreas direc- tamente relacionadas com a presenca de oficinas meta- irgicas. Na Area Ad foram identificados vestigios de uma oficina pertencente a iiltima fase da Casa da Moeda do Porto. Cabe ainda destacar o aparecimento de uma estrutura rectangular construida com pedras © arga- massas que se encontrava articulada com dois tipos de pavimento, um construido em tijoleira e outro em lajes, de granito que apresentavam vestigios de uso intenso, como documentam a presenca de pingos de metal ¢ zonas de profundo desgaste. Estes vestigios associados a0 aparecimento de um grande ndmero de copelas varios fragmentos de cadinhos cénicos a par da ausén- cia de pequenas chapas nao cunhadas, aparos e moedas, permitem-nos colocar a hipétese de estarmos perante uma oficina onde se realizaria a transformacio de metais, nomeadamente operagdes de fundigio, afinacéo e copelacio. A Area A3 apesar de apresentar vestigios muito semelhantes aos descritos para o espaco anterior, como sdo exemplo uma estrutura constituida por pedras ¢ argamassas, que poder ser interpretado como a base de um forno, um pavimento de tijoleira, bastante quei- mado, e varios buracos de poste, nao regista 0 apare- cimento de copelas € cadinhos cénicos ~ mas sim um numero muito significative de moedas, chapas nao cunhadas ¢ aparos -, o que permite relacioné-la com a presenca de uma oficina onde se processavam as tarefas de cunhagem. Ainda que nao apresente uma relagio directa com estruturas metaltirgicas, cabe-nos destacar a importincia da rea Ptl pela quantidade e homogeneidade dos mate- riais exumados, nomeadamente o aparecimento de um grande conjunto de copelas, fragmentos de paredes de fornos e escérias, Estes materiais foram detectados em niveis datados do séc. XV (Ptla) e da 1° metade do séc. XVII (1607-1628), correspondendo estes tiltimos a demo- ligéo dos edificios que constituiam a ala norte da Casa da Moeda. A ultima dea, Pt4 corresponde a. um nivel de obra (1628-1656) relacionado com a expansio das instalagdes, la alfandega, 0 que provocou a demoligao das estruturas articuladas com a Casa da Moeda. 4, CARACTERIZACAO DOS DIFERENTES GRUPOS DE CADINHOS E COPELAS 4.1. Os Cadinhos Os cadinhos exumades na Casa do Infante podem genericamente agrupar-se em 2 grupos morfologicamente distintos (Fig. ). © grupo I (Triangular) constitui-se por fragmentos de pasta castanha clara, bem depurada e consistente a ‘que pertencem principalmente pecas de pequenas dimen- s0es (20-32 mm) com um fundo circular e um bordo de torma triangular. Hé no entanto a destacar dois fragmentos de fundo que se apresentam com dimensdes minimas 36,5 mm e 59,5 mm. 4 De um total de 29 fragmentos foi possivel identifi car 9 pecas, cuja altura pode variar entre os 14 ¢ 08 365 mm. Estes fragmentos encontravam-se distribuidos pelas. seguintes dreas: PT2 doze fragmentos, Al um fragmento, A3 onze fragmentos, PT! tres fragmentos. Analisando espacial e estratigraficamente estas ‘concentracées observamos que a maioria dos fragmen- tos exumados se encontram em nivelamentos de obras € valas de fundacao. Dos onze fragmentos recolhidos nna rea A3, dez pertencem ao enchimento de uma vala de fundagao de uma parede construida durante as obras de expansio da alfandega para Este, atribuivel a segunda metade do sée. XVIII, que corresponde a uma. fase de abandono destruicao do espaco da casa da moeda do Porto. CADINHOS ‘Triangulares Fig. 4: Cadinhos ~ Quadro tipolégico, Todos estes indicios levam-nos a colocar a hipétese de estas pecas poderem ja nao estar associadas a activi- dades relacionadas com a Casa da Moeda, mas sim com ‘outros oficios que posteriormente se desenvolveram nes- te espaco, © grupo 2 (cénico) apresenta como caracteristica individualizadora o facto do fundo possuira forma coniea fe ser relativamente espesso. A pasta apresenta um grau relativamente alto de dureza e é de cor castanho-acin- zentada. A maioria dos fragmentos apresentam-se vidra- dos pelo exterior, elemento que pode estar relacionado ‘com a sua utilizacio. Este grupo € constituido por dezas- sete fragmentos dos quais seis correspondem a fundos de peca. Devido a fragmentacio da maioria destes objec. fos, nfo foi possivel reconstituir nenhum perfil na sua totalidade, no entanto € de admitir a existéncia de um pequeno bico pelo qual pudesse ser vertido o metal em fusto. Contrariamente ao quie acontece com 0 grupo 1, os cadinhos cénicos que constituem 0 grupo 2 permitem- -nos uma abordagem mais conclusiva sobre a sua dist buicdo espacial ¢ cronolégica. Espacialmente a maioria destes fragmentos, em niimero de 8, encontravam-se con- centrados na area Ada. Neste espaco foi identificada a existéncia de uma oficina correspondente a ultima fase dda Casa da Moeda com uma cronologia atribuida ao séc. XVI. Estes cadinhos encontravam-se associados a um sig. hificativo mimero de copelas e articulados com os dois tipos de pavimentos que demonstravam vestigios de uma actividade metalirgica. Tendo como excepgio estes depdsitos, todos os outros niveis onde foram detectads cadinhos do grupo 2 mostraram-se inconclusivos devido a dispersao dos fragmentos, Estes foram recolhidos em dreas distintas, sendo dois fragmentos provenientes da rea A2, de niveis atribulveis & segunda metade do séc. XVTI; dois do espaco ocupado pelos armazéns da alfaindega (Torre Norte), e um da érea BI. Na zona A3 foram detectados 3 fragmentos em niveis estr com camadas dos finais do do séc. XVII 4.2. As Copelas Bos materiais relacionados com as actividades de fabrico de ligas metalicas, as copelas sio sem duvida os que se encontram em maior nimero. A sua totalidade (193), contrasta com o ntimero de fragmentos (46) apre- sentados no grupo dos cadinhos, Apesar de se caracterizarem genericamente pela ‘mesma forma ¢ constituigto, estas foram sujeitas a dois, tipos de analises que privilegiam as pequenas dife- Tengas ao nivel da forma e marcas de uso. Relativamente 4 forma, foram criadas 3 categorias designadas por TI, Perfil que apresenta uma ligeira abertura ao nivel do bordo; T2, perfil recto, e 73, perfil de forma arredon- dada (Fig. 5). No segundo tipo de andlise foram distinguidas 3 espécies de marcas. A marea MI, que corresponde a Copelas que apresentam restos metélicos agregados 29 4 superficie exterior; a marca M2, que mostra um slevado grau de desgaste no fundo da pega, e a marca M3, associada a um elevado grau de desgaste no bordo. Num universo de 193 copelas 6 foi possivel classi- ficar 157 dentro dos parametros por nés definidos, uma vez que as restantes 36 se encontravam fragmentadas ou desgastadas de tal forma que se tornou imposstvel estabe- lecer qualquer paralelo com a sua forma original. Deste universo constituido por 157 pecas, 131 pertencem ao tipo TI (Fotos 0 e 1), 16 a0 tipo T2 e 10 ao tipo TS. No que diz respeito a0 Tipo 1 (T!), se analisarmos a sua dispersio por zonas observamos que a maior concentracio, 86, regista- -se na rea Ad e em depdsitos com ela relacionados. Tal como tem vindo a ser relerido é nesta érea onde existe uma associagdo directa entre copelas, fornos e outras estrutu- ras associadas ao fabrico de moeda. Destes 86 fragmen- tos, 27 foram encontrados in situ, isto é, em niveis do sée. XVI correspondentes a iiltima fase de abandono da Casa dda Moecia (Ada). Os restantes 59 estaviam depositados na vala de fundacio de uma parede da 2* metade do séc XVIL(A4b) que foi tesponsivel pela destruigéo e revol mento desses niveis. COPELAS m1 ar (@ (@ €@: & ( Fig. 5: Copelas — Quadro tipolégico. 220 Estes depésitos, embora diferenciados estratigrafica- mente permitem uma relacao uniformadora, expressa elas caracteristicas morfoldgicas muito semelhantes dos 86 fragmentos de copelas provenientes de um e outro local, permitindo-nos assim considera-los como representantes de uma mesma realidade, Devera ainda ser salientade 0 aparecimento de 25 fragmentos na area Ptla, em niveis atribuiveis a0 séc. XV. As restantes 36 copelas encontravam-se dissemi- nadas por varias areas, ndo havendo uma associacko directa entre estas e zonas de actividade metaliirgica Fotos 0 €1 Copelas do tipo 1 Outra relagdo que sera necessério estabelecer diz res- peito a articulagéo entre copelas ¢ os objectos que terao servido para o seu fabrico. Entre os exemplos do tipo TL, da drea Ad, mais de metade possuem um didmetro exte- ior de fundo que varia entre os 30 ¢ os 33 mm, Se tiver- ‘mos em consideracao que a maioria destes objectos foi alvo de uma utilizagdo que thes pode ter desgastado 0 fundo num didmetro maximo de 3mm, poder-se-a concluir ue estas copelas foram fabricadas a partir de um mesmo molde. Como na Casa do Infante nio existem evidéncias ‘materiais que comprovem a presenga de uma oficina, possivel admitir como hipotese uma importagio a partir de um tinico centro produtor. ‘© mesmo se pode dizer das copelas do tipo T2 (Fotos 2 © 3), que apresenta um total de 16 pecas, das quais 6 pertencem a area Pt# e revelam alteragdes dos valores de didmetro do fundo que variam entre 3940 mm. A nivel formal consideram-se de média dimensio, bastante seme- Ihantes entre si, apresentam algum desgaste do bordo, embora o fundo nao evidencie qualquer marca de utili. zacio. Cronologicamente inserem-se numa fase relacio- Fotos 2. 3: Copelas do tipo 2, nada com as obras efectuadas na alfindega durante a segunda metade do século XVI. As copelas do tipo 3 (Fotos 4 e 5) vém mais uma vez confirmar a associagio estabelecida entre os dois depési- tos acima referidos da drea A4, ou seja os niveis de des- truigio da Casa da Moeda (Ada) e os niveis da vala da parede Este da alfandega (Adb), uma vez que 8 dos 10 fragmentos existentes se encontravam distribuidos equitativamente por estes depésites. O tipo 3 apresenta como caracteristica individualizadora um perfil arredon- dado com uma ligeira quebra a meio da peca. Relativamente a classificagio, e tendo em conta as marcas de uso existentes, de um total de 23 copelas com restos de metal na superficie exterior (MI) (Foto 6), ape- nas 3 pertencem a depésitos nao relacionados com a area PL. Dos restantes 20 fragmentos, 17 encontravam-se em niveis do séc. XV (Pt1a) e 3 em niveis da 1° metade do 6c. XVII (PETb), Os outros fragmentos apresentam pouca expressividade uma vez. que se encontravam associados a valas do sée. XIX. Ao analisarmos as marcas de uso M2 (Foto 7) (des gaste no fundo) e M3 (Foto 8) (desgaste no bordo) verifi camos que ambas se encontram quase sempre associada® entre sie que na sua maioria provém do depési (M2, 79 pecas e M3, 106 pegas). Podemos relacioné+las com uma actividade de copelagio que tinha como princi pal caracteristica 0 desgaste das pecas. Fotos 4 ¢ 5: Copelas do tipo 3 T Foto 6: Copelas do tipo 1, com restos de metal agragado ao furelo (M1) ees a Foto 7: Copela bastante desgastada no funclo, 2a ey Foto 8: Copelas do tipo 1, com marcas de desgaste no bordo (M3) Gritico de dispersio de tipos de copelas por dreas | ae CONCLUSOES Neste artigo temos vindo a agrupar os objectos do nosso estudo pelas suas principais caracteristicas indi- vidualizadoras, tendo privilegiado a sua relagao com os depésitos em que foram encontrados. Trataremos de expor estas linhas de uma forma muito sucinta as principais conclusdes a que chegamos. Relativamente aos aspectos em estudo podemos fazer 3 tipos de associagdes: 1 ~ As copelas do tipol, com metal agregado no seu exterior, provém dos depésitos mais antigos relacionados com a casa da moeda do séc. XV. 2~ As copelas do TI, com o fundo e 0 bordo des- {gastados, e que foram encontradas associadas a Cadinhos cénicos e a copelas do tipo 3, perten- ‘cem aos niveis de destruigio da tiltima fase da Casa da Moeda cuja cronologia se situa entre finais do sée. XV e inicios do sée. XVI 3- Os restantes materiais, copelas do Tipo 2 e cadinhos triangulares, provem de niveis de obra relacionados com a expansio da alfandega para 222 Este, datados da segunda motade do século XVII podem ja nao se encontrar associadas a acti- vidades relacionadas com a Casa da Moeda do Porte. BIBLIOGRAFIA BARREIRA, P.; DORDIO, P.; TEIXEIRA, R. (1998) ~ 200 anos de

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