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(1517-2017)
Introdução de
Jorge Teixeira da Cunha
Introdução
1517-2017
A Reforma protestante: um horizonte temporal
de cinco séculos 7
Jorge Teixeira da Cunha
A Reforma e a História
Martinho Lutero: o reformador e a sua época 9
Francisco Ribeiro da Silva
A Reforma e a Teologia
Uma releitura da Reforma luterana
numa perspetiva ecuménica 31
José Eduardo Borges de Pinho
A Reforma e a Política
Reforma protestante: relação com o Estado e a
sociedade em contextos de secularização
e pós-secularização 59
Helena Vilaça
A Reforma e as Ideias
A conjuntura ideológica e a crise religiosa
do século XVI (1517-1564) 83
José Esteves Pereira
A Reforma e a Cultura
A Reforma entre o fim da Idade Média
e o individualismo moderno 99
Arnaldo de Pinho
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A Reforma e a Arte
Uma breve síntese sobre a génese da arquitetura
religiosa da Reforma no noroeste de Portugal 123
José Ferrão Afonso
A Reforma e a Literatura
Questões de dissidência e identidade na
história do luteranismo ibérico:
de Constantino Ponce de la Fuente (+1559)
a Frei Valentim da Luz (+1562) 141
Pedro Vilas Boas Tavares
A Reforma e Portugal
A Reforma protestante em Portugal:
dos percursores aos finais da monarquia 175
António Manuel Silva
Índice 259
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Pelas qualidades e virtudes próprias mas sobretudo pelo modo corajoso como
no Concílio de Trento advogou a reforma dos costumes eclesiásticos (Cassels,
1908:16-9), não obstante o arcebispo de Braga ter sempre manifestado profunda
ortodoxia e clara aversão ao protestantismo.
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A Reforma em Portugal…, Porto, 1908, p. 10-11. O livro compila um conjunto
de estudos publicados entre 1897 e 1898 nas páginas dos periódicos religiosos O
Evangelista, de Lisboa, e Egreja Lusitana, de Vila Nova de Gaia.
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Mas onde certamente terá avultado a primeira edição integral do processo de
Damião de Góis, publicado pouco tempo antes por Guilherme J. C. Henriques
(Inéditos Goesianos, Lisboa, 1896-1898).
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Cfr., por exemplo, Michael Testa, que declara que em Portugal e Espanha «um
impressionante número de clérigos, nobres, intelectuais e diplomatas acolheram
a Reforma e abraçaram as suas doutrinas», embora logo de seguida reconheça que
quase até meados do século XIX «entre os portugueses só houve conversões à
Reforma quase exclusivamente fora do país» (Testa, 1977:9).
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Poemas Lusitanos, Lisboa, 1598.
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História da Civilização Ibérica (cit. por Ribeiro; Ribeiro, 2001: 19).
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Afonso Lopes Vieira – Gil Vicente. Conferência realizada no serão vicentino
(…) em 15 de Janeiro de 1912 (cit. por Ribeiro; Ribeiro, 2001:35).
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Por exemplo Bethencourt (2000c:75) afirma que em Roma Valentim terá convi-
vido com teólogos ortodoxos, sem indicar fonte.
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Trabalho que aqui seguimos no geral, revelando-se oportunos quer a síntese
de Eduardo e Joel Ribeiro (2001:205-8), quer os comentários de Arlindo Correia
(2013).
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O processo de Manuel Travaços foi transcrito e estudado por Isaías R. Pereira em
«O primeiro luterano português penitenciado pela Inquisição» (Cong. Luso-Brasi-
leiro sobre Inquisição, 1º- Inquisição: Comunicações... Lisboa, Edit. Universitª;
Soc. Port. Est. Séc. XVIII, 1989, vol. 1, p. 261ss.) e «O Processo de Manuel Travaços
na Inquisição de Lisboa (1570-1571) e a prisão de Damião de Góis» (Anais Soc.
Port. História, 2.ªS., 36, Lisboa, 1998, p.157-73), estudos que pontualmente não
pudemos consultar, pelo que baseámos as notas sobre esta figura em obras de
carácter geral e em Correia, 2014, que sintetiza os dados biográficos e transcreve
parcialmente os folios do processo conservado na Torre do Tombo.
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Os elementos biográficos de Damião de Góis colhem-se com facilidade na vasta
bibliografia que lhe é dedicada, com uma ou outra precisão assinalada em local
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próprio. O livro de Eduardo e Joel Ribeiro (2001), num mero registo de divulgação
e sem o aparato crítico de outros estudos, apresenta uma síntese equilibrada que
no geral seguimos.
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Simon Grynaeus (1493-1541), humanista e teólogo alemão, ocupou-se durante
alguns anos da reforma religiosa em Basileia, cidade onde também foi professor.
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Tratado que compôs o nobre e notável capitão António Galvão… Lisboa,
1563 (cit. por Pereira, 1975: 123).
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3. Emigrados e estrangeirados
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Encarregou-se de a concluir um outro pastor da mesma igreja, Jacobus op den
Akker, tardando a edição completa do Antigo Testamento até 1748-1753. A «Bíblia
de Almeida» completa viria a publicar-se em Londres em 1819 (cfr. Fernandes,
2013b e, para um estudo minucioso da tradução, Alves, 2007).
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O teólogo e canonista António Pereira de Figueiredo (1725-1797) é a figura
central de um surto de pendor reformista que se verificou em Portugal na
segunda metade do século XVIII, movimento de influência jansenista e contexto
essencialmente regalista, ligado ao governo de D. José e Pombal, aos conflitos com
os Jesuítas e aspiração à maior independência da Igreja portuguesa em relação
às prerrogativas de Roma. Não teve continuidade, mas ainda assim Pereira de
Figueiredo é reclamado como percursor da reforma católica por alguns autores
do cristianismo não romano, nomeadamente da Igreja Lusitana. Cfr. a propósito,
Santos, 1982; 2004 e Silva, 2017.
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5. As comunidades estrangeiras
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primeiro pastor regular pelo menos desde 1773, ano em que chega
a Lisboa João Muller, um erudito que em poucos anos se afirmou
nos meios católicos da capital, vindo a fazer parte da Real Mesa
Censória e a abdicar do pastorado para se ligar à Igreja Católica
(Moreira, 1958:48-56), sendo sucedido por outros pastores,
aparentemente mais ortodoxos.
Não obstante esta abertura progressiva, os atos religiosos
protestantes ou anglicanos eram severamente vigiados e quase
secretos (no Porto, os locais dos serviços de culto mudavam
todas as semanas, por razões de segurança) e se as chamadas
aos tribunais da Inquisição eram mais esporádicas, permaneciam
em uso práticas repressivas extremamente violentas, como a do
rapto de crianças inglesas, sem que os pais pudessem interferir,
para serem educadas em colégios católicos (Ribeiro, 2001:347).
Outro grave condicionamento imposto aos residentes protestantes
era o de não poderem sepultar os seus mortos em chão sagrado,
o que levava a situações indignas como a que ocorria no Porto,
onde os enterramentos eram feitos nos areais da margem fronteira
do Douro, na maré-vaza, sem registo ou identificação (Delaforce,
1982:17-9). Em finais da centúria permite-se finalmente que os
estrangeiros tivessem cemitérios próprios, murados e discretos
como se impunha; datando em Lisboa o cemitério alemão de
1761 e o britânico de 1794, enquanto no Porto os primeiros
enterramentos anglicanos (logo alargados a outros protestantes)
em local próprio datam de 1788 (Moreira, 1958:57; Delaforce,
1982:19ss.). As primeiras capelas construídas de raiz são posteriores
ao tratado luso-britânico de 1810: em Lisboa o edifício utilizado em
1815 deu lugar a novo templo em 1822; no Porto, a igreja de St.
James foi concluída em 1818 e no Funchal a presença de tropas
inglesas durante as guerras napoleónicas lançou as raízes do templo
anglicano aí erigido também em 1822.
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Termo que continuamos a usar de forma convencional, a par de «evangélico»
ou similar, aplicado genericamente às correntes ou confissões cristãs distintas da
Igreja Católica Romana.
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Ver nota 4.
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Em particular, Moreira 1933, 1949, 1957 e 1958, além de numerosa bibliografia
dispersa pela imprensa. Veja-se, sobre este autor, Viana, 1999.
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Graças à abertura de uma linha de investigação sobre minorias religiosas nos
estudos de Mestrado da Faculdade de Letras pelo professor daquela instituição
João Francisco Marques (1929-2015), sob estímulo direto de François Guichard,
da Universidade de Bordéus (1946-2002) e na qual tivemos a honra de lecionar,
resultando dessa iniciativa académica a realização de dissertações pioneiras sobre
figuras e organizações do meio evangélico, nomeadamente as de Fernando Peixo-
to (2001) sobre Diogo Cassels, Mendes Moreira (2002), relativa à Igreja Lusitana,
Narciso Oliveira (1996) acerca de Alfredo Henriques da Silva, Zita Costa (1997)
sobre a Igreja Metodista e Albertina Viana (1999), que estudou a figura de Eduardo
Moreira. Cfr. sobre este assunto Guichard, 2002.
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Não é possível neste texto ser exaustivos, mesmo privilegiando os trabalhos em
língua portuguesa respeitantes ao protestantismo português até aos começos do
século XX. Cfr., para bibliografias complementares ou incluindo fontes ou estudos
publicados em outras línguas, Branco, 2006b; Afonso, 2009; e Leite, 2016.
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A escola dominical (sunday school) é uma instituição clássica das igrejas angli-
canas e protestantes. Surgiu na segunda metade do século XVIII, no contexto da
revolução industrial inglesa e destinava-se a proporcionar às crianças e adultos das
famílias operárias uma oportunidade de alfabetização e evangelização, uma vez
que o domingo era o único dia de descanso para os operários.
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Omitiremos, para simplificar, a maior parte das referências à restante história
dos Kalley na Madeira, baseadas em Testa, 2005 [1963], Moreira, 1958:151-96,
Fernandes, 2004 e no relato autobiográfico de Kalley, 1875 [1843].
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Contratados ou voluntários para aquela organização religiosa, os colportores
percorriam o país, vendendo Bíblias e distribuindo literatura evangélica, e embo-
ra não fosse suposto que pregassem ou defendessem qualquer corrente religiosa
particular, o seu contacto com as populações não deixava de ser uma forma de
missionação (Tavares, 2005; Leite, 2016).
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Como Cassels salienta na mesma narrativa, na verdade, posto que editadas pela
Sociedade Bíblica, tratava-se de Bíblias da tradução do padre Pereira de Figueiredo,
com a menção de estar o texto visto e aprovado pelo cardeal-patriarca de Lisboa,
mas como não tinham as notas nem os livros deuterocanónicos eram frequente-
mente consideradas como falsas ou truncadas, o que alimentou uma polémica
quase secular.
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É vasta a bibliografia sobre Cassels e o Torne. Vejam-se outros dados em Cassels,
1908; Moreira, 1949; 1958; Afonso; Lacerda, 1995; 1996; Silva, 1995a, 1995b; Gui-
chard, 1995b; Afonso, 2000, 2001a, 2001b, 2004; Peixoto, 2001a, 2001b; 2005;
Afonso; Silva, 2010; Silva; Afonso, 2015, entre outros trabalhos citados na biblio-
grafia final.
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Fletcher por posterior matrimónio com o missionário e cônsul americano no
Porto James C. Fletcher.
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O ano de 1880 corresponde ao primeiro sínodo, pois já em 1878 se constituíra
em Lisboa, a partir de três congregações locais estabelecidas desde ‘76, com suas
escolas, a Igreja Episcopal Reformada em Portugal, que passou a Igreja Lusitana
Católica Apostólica Evangélica dois anos depois, agregando-se-lhe nessa altura a
antiga Igreja Evangélica Espanhola (de Mora, morto em ‘76) e a capela do Torne
(Cassels).
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Bibliografia
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