Você está na página 1de 4

Conversores Analógico-digitais e Digitais-

Analógicos
Rafael Alves Fuhrmann, Acad.
Departamento de Engenharia Elétrica
Universidade Federal de Mato Grosso, UFMT
Cuiabá, Brasil

Resumo – O seguinte trabalho apresenta


alguns princípios dos conversores analógico-
digitais e digital-analógicos, focando em suas
características operacionais bem como em
alguns exemplos de implementação. O trabalho
conclui com uma rápida consideração em
relação À relevância desses sistemas, uma vez
que são estes as interfaces entre o mundo Figura 1: Esquema de um sistema contendo conversores AD
analógico e o digital. e DA. Adaptado de Tocci et al (2011).
Abstract— The present work presents A aplicação destas topologias permite
some principles about analog-to-digital um controle flexível em sistemas, uma vez que a
converters and digital-to-analog converters, etapa de controle pode ser alterada por meio de
focusing on it’s opperational aspects as well as programação, representando uma vantagem em
some implementation examples. The paper termos de simplicidade comparativamente a
concludes with a little explanation about the sistemas com controle não
relevance of the kwnoledge about converter microprocessado/microcontrolado.
circuits and it’s place as an interface Todavia, faz-se necessária a definição
betweenthe analog and digital worlds. dos dois tipos de sinal; um sinal Analógico é
Key words: AD, DA, ADC aquele em que todos os valores dentro de um
intervalo possuem significado. Podem, no caso
I. INTRODUÇÃO da saída de um transdutor, representar
proporcionalmente alguma grandeza física.
Conversores Analógico-digitais e os Por outro lado, Sinais Digitais são
digitais-analógicos são os dispositivos tais que aqueles nos quais apenas um único par de
realizam a conversão entre os tipos de sinais valores possuem significação, a saber, bits 0 e 1.
analógicos para digital e vice-versa, de forma a Desta forma, valores amplos são uma
promover uma interface entre dispositivos como composição de vários bits.
sensores, controladores e atuadores.
Conforme esquematizado por Tocci et al II. CONVERSOR D/A
(2011), um sistema típico no qual os
conversores são utilizados é apresentado na São aqueles que recebem um sinal
Figura 1. digital e levam a sua saída um sinal analógico.
São, geralmente, presentes na etapa anterior ao
atuador num sistema controlado.
Um conversor DA de N bits possui, para
cada combinação de entrada, uma saída única
em relação a um valor de referência. Neste
sentido, pode-se argumentar que a saída não é,
de fato, analógica, uma vez que as saídas
ocorrem dentro de intervalos discretos.
Neste caso, diz-se que a saída de um nível de tensão correspondente à saída decimal
conversor DA é uma onda-escada, uma vez que do somador.
cada combinação nas entradas leva a um degrau
diferente na saída. O tamanho do passo entre um
degrau e outro é o que define o ajuste fino da
onda “analógica” de saída.
Conceitua-se a isso a ideia de Resolução
do conversor, que é ditada pelo número de bits
de entrada. Para um dispositivo com N bits, a
resolução é dada pela expressão (TOCCI et al, Figura 2: Conversor DA usando AOPs
2011): No circuito acima fez-se uso do CI
A 74LS290 contador de década para a produção da
K= N fs (1) sequência de bits aplicados ao conversor. O
2 −1
Em que Afs é a saída de fundo de escala, somador formado pelo primeiro AOP e os
ou seja, a maior tensão que o conversor resistores realizam a conversão.
consegue levar a sua saída, sendo relacionada ao Cada resistor possui um peso diferente,
caso em que todos os bits são nível alto. sendo representativos de um bit, a saber 1 kΩ, 2
Assim, pode-se afirmar que quanto kΩ, 4 kΩ e 8 kΩ. O último AOP fora
maior a resolução, melhor a proximidade da configurado como buffer inversor uma vez que
tensão de saída com a de uma grandeza o somador usado realizava a inversão de
analógica de fato. Deve-se trazer atenção, polaridade das tensões. A saída em escada para
porém, ao fato de que a resolução se torna um o circuito acima é mostrada abaixo:
fator limitante de custo, uma vez conversores de
mais bits são mais caros.
Um conversor DA de 5 bits é mostrado
esquematicamente na Figura 2. Nota-se nesta a
presença da tensão de referência – ou saída de
fundo de escala – e uma única saída analógica,
uma vez que as saídas neste domínio podem
assumir uma gama de valores significativos.
Deve-se chamar atenção ao fato de que a
saída dos conversores pode ser tanto um sinal de Figura 3: Onda escada de saída do conversor DA
tensão, como um de corrente, sendo que isto
afeta, para os CIs, a velocidade de estabilização Uma outra técnica para se conseguir um
do conversor. conversor DA com amplificadores operacionais
é a chamada R-2R. Diferenciando-se da anterior
que utiliza um somador ponderado, esta possui
uma rede de resistores intercalados, com
resistências de R ou 2R apenas.
Em termos de integração a CI, esta
técnica é mais vantajosa que a anterior, uma vez
que permite uma maior flexibilidade na escolha
dos valores de resistência, de modo que
precisões melhores podem ser obtidas nas
maiores escalas de integração.
A imagem a seguir demonstra uma
Alguns circuitos de conversores DA simulação semelhante à anterior empregada no
implementados por meio de AOPs são Multisim, utilizando-se do mesmo CI 74LS290
mostrados a seguir. O mais comum consiste para produzir a sequência de bits.
num somador com as entradas ponderadas de tal
forma que a saída do amplificador esteja num
Em outros termos, a onda analógica é
quantizada por meio da amostragem, uma vez
que seria impraticável um conversor que
conseguisse capturar todos os infinitos valore
que um sinal analógico pode assumir.
Assim, segundo o Teorema de Nyquist,
uma taxa amostragem com frequência de, no
Figura 4: Conversor DA com a técnica R-2R mínimo, duas vezes superior que a maior
frequência do sinal de entrada é suficiente para
Os resistores de 2R são aqueles que o sinal possa ser reconstruído
correspondentes às entradas lógicas, enquanto o satisfatoriamente.
de valor R são os “deitados”. O resistor de Fica claro que, quanto melhor a taxa de
realimentação negativa do AOP também possui amostragem, mais fiel a reconstrução do sinal
valor de 2R. Assim como no caso anterior, o vem a ser; todavia, questões práticas e de custos
último Amplificador Operacional exerce a representam uma limitação aos valores
função de buffer inversor. usualmente empregados.
Assim, a onda escada do circuito anterior Nos conversores AD podem ser
é dada a seguir pela Figura 5: empregados internamente conversores DA para
a operação de suas lógicas. O esquema a seguir,
adaptado de Tocci et al(2011), descreve um
sistema AD genérico e simplificado.

Figura 5: Escada do circuito R-2R

Numa rápida comparação com a Figura


3, percebe-se que houve menos overshoot com o
emprego desta técnica.

III – CONVERSOR AD

O conversor AD realiza a operação


contrária ao DA, no sentido de que sua entrada é
um sinal analógico – tensão ou corrente – e sua
saída é uma sequência digital de bits.
Diferentemente do primeiro caso, os
conversores AD são mais complexos que os
Figura 6: Conversor AD esquemático. Adaptado de
DA, de forma que uma grande gama de técnicas Tocci et al(2011)
distintas foi desenvolvida para implementá-los,
buscando-se aumentar a resolução e, Na topologia acima, uma unidade de
principalmente, os tempos de conversão, que controle recebe o clock para a temporização do
são superiores aos dos conversores DA. circuito, bem como o sinal de comando e o
Em termos práticos, um conversor AD valor amostrado.
realiza uma amostragem da onda analógica O sistema acima baseia-se no princípio
aplicada a sua entrada. Entende-se por de que uma onda escada vai sendo gerada até
amostragem o processo de, em intervalos que seu valor de topo seja ligeiramente inferior
regulares de tempo, fazer-se a leitura de um ao valor real, enviando um sinal ao controlador
valor da onda analógica. que interrompe a amostragem.
No circuito mostrado abaixo, também Uma das técnica mais usadas neste
adaptado de Tocci et al(2011), mostra-se uma contexto é a das aproximações sucessivas que,
versão daquele apresentado na Figura 6 diferenciando-se da Rampa Digital, “flutua” em
utilizando-se de uma porta AND como sistema torno do valor real, sendo decrescida ou
de controle. Este circuito é nomeado como acrescida conforme um comparador analisa a
Conversor de Rampa Digital. magnitude dos dois sinais.
Por ser muito usada, esta técnica é
largamente encontrada em CIs, como no
ADC0804.

IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conversores AD e DA são, basicamente,


as interfaces mais práticas entre sistemas
analógicos e digitais, uma vez que por meio
destes se consegue amostrar sinais, analisá-los
por técnicas computacionais e, então, transmiti-
los por meios analógicos para outras partes do
sistema, como atuadores.
Neste sentido, nota-se a importância do
conhecimento destes sistemas, uma vez que
estão presentes na maioria dos sistemas de
Figura 7: Conversor AD do tipo Rampa Digital.
Adaptado de Tocci et al(2011) controle, bem como são parte integrante dos
microcontroladores, microprocessadores e
Sua operação tem início com a aplicação outros dispositivos correlatos.
do pulso de start, que realiza a limpeza do
contador levando nível alto ao pino de reset, e
inibindo o clock na porta AND controladora.
Passado o pulso, a porta AND permite a
passagem do clock, que provoca a contagem de REFERÊNCIAS
bits no contador. Cada valor de bit é enviado ao
conversor DA, que é aplicado como referência [1] SEDRA, Adel S., SMITH, Kenneth C.
MICROELECTRONIC CIRCUITS. Oxford
ao comparador positivo. Este terá como saída o University Press, 5º Ed. New York: 2004.
nível alto conquanto a tensão de entrada Va seja
[2] BOYLESTAD, Robert L., NASHELSKY, Louis.
superior à tensão de referência produzida pelo ELECTRONIC DEVICES AND CIRCUIT
conversor DA. THEORY. Pearson, 11° Ed. Cidade: 2011
Todavia, quando Vax > Va, a saída do [3] TOCCI, Ronald J.; WIDMER, Neal S.; MOSS,
comparador vai a zero, inibindo a porta AND e Gregoy. SISTEMAS DIGITAIS: princípios e
parando o contador; a sequência de bits presente aplicações. Pearson. 10o Ed. 2011.
na saída deste neste momento corresponde ao
valor digital correspondente ao sinal Va.
Um dos problemas ligados a esta técnica
é o tempo de conversão ser muito lento em
comparação a outras técnicas, tornando-o
inviável para aplicações como em DSPs, que
exigem alta velocidade na amostragem.

Você também pode gostar