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ista Digital Art& - ISSN 1806-2962 - Ano VII - Número 11 - Outubro d... http://www.revista.art.br/site-numero-11/trabalhos/19.

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CONHECENDO A ARTE DE FILMAR E SER FILMADO: FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A UTILIZAÇÃO DE VÍDEOS EM EDUCAÇÃO
Autores: Joni A. Amorim[1] - Joni.Amorim@gmail.com, Cristina Barretto de Menezes Lopes - kitnone@yahoo.com e Irani Marchiori - iranimarchiori@yahoo.com.br

Resumo: O momento atual está marcado por fortes transições que afetam o setor educacional. Em especial, se destaca o fomento ao desenvolvimento da Educação a
Distância tanto em Instituições de Ensino Superior Privadas como em Públicas, com a criação de cursos de graduação, pós-graduação e extensão que passam a ser oferecidos
em larga escala. Em paralelo, tem início a Era da TV Digital no Brasil, com programas de incentivo para baratear os conversores que garantem o recebimento do sinal digital nos
televisores. Nesse contexto de mudança, torna-se fundamental capacitar professores na utilização de vídeos dado o potencial educacional de utilização dos mesmos via TV
Digital Interativa, via TV sob demanda na Internet e via dispositivos móveis, como celulares. Este trabalho pretende discutir tal dinâmica, inclusive apresentando um relato de
experiência de formação continuada no uso de vídeos em educação.

Palavras-chave: Educação a Distância, Formação de Professores, TV Digital Interativa.

Abstract: Powerful changes are affecting the educational sector nowadays. In special, there is an emphasis on the development of distance education both in Private and Public
Institutions of Higher Education, in this way creating undergraduate, graduate and extension programs that may be offered in large scale. In parallel, the beginning of Digital
Television in Brazil is marked by incentive programs reducing the cost of the Converters that allows the reception of the digital signal in conventional television devices. In this
ever changing scenario, it is essential to train teachers on how to use videos due to their potential to propel education through Interactive Digital Television, on demand Web TV
and TV based on portable devices like cell phones. This work intends to discuss such dynamic while presenting an experience on teacher training on the use of videos in
education.

Keywords: Distance Education, Teacher Training, Interactive Digital Television.

Resumen: La actualidad está marcada por fuertes cambios que afectan el sector educativo. Especialmente se destaca el apoyo para el desarrollo de la Educación a Distancia
tanto en Instituciones de Formación Superior Privadas como en Públicas, con la creación de cursos de pre-grado, post-grado y extensión que son ofrecidos en grande escala.
Paralelamente, comienza la Televisión Digital en Brasil, con programas de incentivo de precios para los conversores que permiten la recepción de la señal digital en aparatos de
televisión convencional. Dentro de este contexto actual de constantes cambios es fundamental capacitar a los profesores en la utilización de videos, dado el potencial educativo
de ellos, transmitidos por Televisión Digital Interactiva, TV en Internet y por medio de dispositivos móviles, como celulares. Este trabajo pretende discutir tal dinámica,
presentando también una experiencia de formación continua en el uso de videos en educación.

Palabras-clave: Educación a Distancia, Formación de Profesores, Televisión Digital Interactiva.

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ista Digital Art& - ISSN 1806-2962 - Ano VII - Número 11 - Outubro d... http://www.revista.art.br/site-numero-11/trabalhos/19.htm

1 - Introdução

O momento atual está marcado por fortes transições que afetam o setor educacional. Em especial, se destaca o fomento ao desenvolvimento da Educação a Distância tanto
em Instituições de Ensino Superior Privadas como em Públicas, com a criação de cursos de graduação, pós-graduação e extensão que passam a ser oferecidos em larga
escala. Em paralelo, tem início a Era da TV Digital no Brasil, com programas de incentivo para baratear os conversores que garantem o recebimento do sinal digital nos
televisores. Nesse contexto de mudança, torna-se fundamental capacitar professores na utilização de vídeos dado o potencial educacional de utilização dos mesmos via TV
Digital Interativa, via TV sob demanda na Internet e via dispositivos móveis, como celulares. Este trabalho pretende discutir tal dinâmica, inclusive apresentando um relato de
experiência de formação continuada, conforme se explicita a seguir.

Tanto no Brasil como no mundo, a Sociedade da Informação tem se caracterizado por uma constante obsolescência do conhecimento dado o rápido desenvolvimento de
novas soluções tecnológicas que permitem o surgimento de novos processos, produtos e serviços. Esse contexto de rápida mudança tem gerado uma demanda crescente por
educação continuada assim como tem tornado fundamental o acesso à educação de um modo geral.

Na literatura [KLIKSBERG, 1999], alguns autores defendem que a educação é um motor fundamental do crescimento econômico e da competitividade nos novos mercados
globalizados. Contar com uma mão-de-obra qualificada fomenta a incorporação de progresso tecnológico nas organizações, o que por sua vez permite a inovação e também
cria condições para avançar administrativamente para um perfil de “organizações que aprendem permanentemente”, trazendo efeitos positivos sobre a produtividade de um
modo geral. Tal autor indica que as organizações de ponta no mundo têm investido cada vez mais na capacitação de seus colaboradores, o que fez com que o conceito de
capacitação tenha se expandido e transformado em “desenvolvimento de recursos humanos”. Por estas e outras razões, a expansão do acesso à educação é vista como uma
estratégia decisiva para se romper desigualdades de diversos tipos, tais como sociais e culturais. Deve-se, assim, mobilizar as potencialidades da educação como agente de
mudança e melhoramento minimizando essas desigualdades.

Dadas as características geográficas do Brasil, surge como tendência importante a Educação a Distância (EAD), a qual poderia vir a permitir educação de qualidade em larga
escala, inclusive fora dos grandes centros, atingindo deste modo todo o País. [EDWARDS, 1999] favorece o acesso à educação de qualidade principalmente em áreas rurais e
advoga a favor de programas de EAD para a capacitação como exemplo de possível uso das novas tecnologias voltadas à área educacional. Isso torna fundamental a
existência de projetos a nível federal, tais como as iniciativas recentes do MEC conhecidas por Pró-Licenciatura e da Universidade Aberta do Brasil. Estas e outras iniciativas
indicam um direcionamento das políticas públicas em favor da EAD e em favor da utilização das novas tecnologias em educação, seja no caso de cursos em larga escala, seja
no caso de cursos oferecidos para grupos menores dispersos pelo território nacional.

Mais especificamente no caso do Projeto Universidade Aberta do Brasil, criado pelo Ministério da Educação (MEC), está previsto o oferecimento de diversos cursos, incluindo-se
aí cursos de graduação na modalidade EAD em Engenharia, em Pedagogia e em Administração, entre outros. Este é um exemplo de projeto educacional em larga escala que
pretende oportunizar um ensino superior público de qualidade para atender a todos os cidadãos.

A eventual complexidade dos projetos educacionais em questão evidencia a necessidade de metodologias de gestão que favoreçam uma melhor utilização dos recursos
disponíveis. Além das muitas iniciativas do governo federal envolvendo EAD em larga escala, já vem sendo concebida uma iniciativa estadual, denominada Universidade Virtual
Paulista, e que envolve as três universidades estaduais paulistas, USP, UNICAMP e UNESP, além da TV Cultura, de São Paulo. De acordo com notícia [TONOCCHI, 2006]
recentemente divulgada pela Assessoria de Comunicação e Imprensa da UNICAMP, surgiria a quarta instituição de ensino superior público do Estado, com eventual transmissão
de cursos por TV Digital. Trata-se de uma iniciativa em estágio inicial de desenvolvimento, ainda que já exista pesquisa voltada a conteúdos educacionais usando a tecnologia do
vídeo digital interativo.

As fortes transições que afetam o setor educacional, como o acesso crescente de alunos e professores a tecnologias como Internet e TV Digital, favorece o uso de multimídia
em educação. Em especial, sai favorecido o vídeo, o qual hoje pode ser gerado mesmo em dispositivos relativamente simples, como máquinas fotográficas, celulares e
computadores com webcam, o que significa que qualquer cidadão com acesso a tais soluções tecnológicas pode sair da situação de espectador e passar à situação de autor e
diretor, realizando seus próprios “filmes” e publicando-os gratuitamente na Internet em portais específicos ou em blogs pessoais. Para uma melhor utilização destes recursos,
torna-se importante a formação de professores no seu uso para que estes possam direcionar o interesse e a criatividade dos alunos, seja apresentando o conteúdo tradicional
de ensino de novas formas, seja requisitando aos alunos que utilizem mídias alternativas para a realização de seus trabalhos escolares.

Assim, este trabalho apresenta inicialmente uma discussão sobre diferentes aspectos ligados a educação a distância, tecnologia e políticas educacionais no Brasil, buscando
evidenciar a sua inter-relação. Em seguida, são discutidas algumas características da TV Digital, para que depois se faça uma discussão sobre os muitos dos vários aspectos da
produção e da publicação de vídeos na Internet. Uma proposta de capacitação docente em filmagem é então detalhada dentro de um contexto de Gestão da Mudança na
Educação Mediada por Tecnologia [MISKULIN, AMORIM & SILVA, 2007], temática de interesse não apenas para a Educação a Distância, mas também para o Ensino Presencial
tradicional, o qual pode ser enriquecido pela utilização cada vez mais viável de multimídia. Depois de uma breve reflexão sobre os aspectos positivos e negativos da capacitação
realizada, apresentam-se alternativas de melhoria, com a conseqüente proposição de trabalhos futuros.

2 - Educação a Distância, Tecnologia e Políticas Educacionais no Brasil

Conforme indica o "Livro Verde" [MCT, 2000], a universalização dos serviços de informação e comunicação é condição necessária mas não suficiente para a inserção dos
brasileiros como cidadãos não "excluídos" no novo paradigma da sociedade da informação. A complexidade da vida moderna e dos sistemas computacionais traz importância
crítica à educação. Os educadores e, em especial, os educadores especializados em educação à distância, assumem um papel fundamental neste contexto. O programa
brasileiro “Sociedade da Informação” indica, como parte das grandes "Linhas de Ação", que a educação na sociedade da informação deve apoiar, inclusive, esquemas de
educação à distância baseados na Internet e na capacitação de professores, além da implementação de reformas curriculares visando o uso das novas tecnologias em
atividades pedagógicas e educacionais.

A convergência da base tecnológica que o Brasil e o mundo experimentam neste momento decorre do fato de se poder representar e processar qualquer tipo de informação de
uma única forma, a digital. A educação via Internet se compatibiliza a esta convergência, seja através do oferecimento de educação e treinamento com materiais instrucionais
totalmente dirigidos à Internet seja como apoio aos tradicionais cursos presenciais. Em um país de dimensões continentais como o Brasil, parece bastante viável oferecer a
curto prazo uma educação via Internet eventualmente acessível em qualquer localidade; o intuito básico seria o de oferecer a todos os brasileiros "conectados" a chance de
aprender sem que tenham de abandonar as suas comunidades. Com a chegada da TV Digital Interativa, o uso integrado de Internet e TV tende a potencializar enormemente os
potenciais de aprendizagem da Educação a Distância, fator fundamental para que esta atinja padrões mínimos de qualidade.

As Políticas Públicas para o setor educacional são de grande importância neste momento de transição, na medida em que evidenciam o compromisso público de satisfazer as
demandas da sociedade em diversas áreas. Tanto a diminuição da carga tributária relacionada à venda de computadores pessoais, como a criação de linhas de financiamento
para fornecedores de equipamentos, para empresas de radiodifusão e para produtores de programas para a TV Digital, são exemplos de iniciativas que tendem a fazer com que
estas tecnologias, o PC e a TV, passem a fazer parte do dia-a-dia dos cidadãos brasileiros. Mais especificamente no caso do PC, tem importância no cenário atual a iniciativa
conhecida por OLPC[2], ou “One Laptop per Child”, que pretende a massificação das Tecnologias de Informação e Comunicação com a distribuição gratuita de equipamentos
em escolas públicas pelos governos de países como o Brasil.

Exemplos de iniciativas governamentais de grande importância no Brasil são os portais na Internet voltados à Educação e à Cultura. Destaca-se, dentre tantos outros, o Portal
Domínio Público[3], entendido como uma biblioteca virtual que deverá se constituir em referência para professores, alunos, pesquisadores e para a população em geral; neste,
podem ser acessados gratuitamente textos, imagens, vídeos da TV Escola e programas de áudio de um modo geral. No que se refere ao acesso a conteúdos educacionais
multimídia, como animações e simulações acessíveis por hipertexto, é de importância o Portal do Programa RIVED[4], cujo acesso é totalmente gratuito. Como é evidente, a
publicação gratuita de conteúdo educacional multimídia na Internet tende a fomentar o uso crescente das novas tecnologias no ambiente escolar, seja enriquecendo o Ensino
Presencial nos diversos níveis, seja viabilizando mais facilmente a Educação a Distância.

O uso de vídeos em Educação a Distância já vem sendo considerado um sucesso pelo uso da TV em iniciativas como o Telecurso[5], que teve seu início em 1978 através de
convênio da Fundação Roberto Marinho e da Fundação Padre Anchieta, esta última sendo a matenedora da TV Cultura de São Paulo. Foi um projeto pioneiro de teleducação
com foco no Ensino Médio, que depois se desdobrou em vários outros, com a colocação no ar do Telecurso 1° Grau em 1981, desta vez também contando com o apoio do
MEC e da Universidade de Brasília, além da Fundação Bradesco. Já em 1994, em parceria com a FIESP, surgiu o talvez mais bem-sucedido projeto de Educação a Distância até
o momento no Brasil, o Telecurso 2000, voltado aos Ensinos Fundamental e Médio e acessível por meio da recepção livre na TV.

O sucesso de iniciativas em larga escala como o Telecurso passa pela constituição e pelo desenvolvimento constante de equipes multidisciplinares de profissionais. Tal fato
torna ainda mais importante a disponibilização gratuita na Internet de cursos como o Curso Mídias na Educação[6], do MEC, que inicia os interessados no uso integrado de
multimídia em educação. Cursos como esses são importantes na preparação dos futuros usuários de multimídia, cada vez mais acessível dado o constante financiamento pelo
governo da produção dos mesmos, como exemplifica a Chamada Pública para Produção de Conteúdos Educacionais Digitais Multimídia da Secretaria de Educação a Distância do
MEC[7], com orçamento de 75 milhões de reais e foco na produção de áudio, vídeo, software e experimentos para o Ensino Médio.

Os Governos Estaduais e Federal têm tido papel fundamental tanto em fomentar como em regulamentar o uso de tecnologia em Educação, em especial no caso da Educação a
Distância. Mais especificamente no caso dos cursos de graduação a distância, ainda são muitas as restrições, com instrumentos de avaliação bastante rígidos utilizados pelo
INEP para o credenciamento de instituições para oferta de EAD, para o credenciamento de pólos de apoio presencial e para a autorização de cursos na modalidade a distância.
Tais instrumentos permitirão a operacionalização do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES)[8].

As exigências no caso de cursos de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) a distância também são bastante altas, algo esperado caso se considere que tais
cursos de modo geral formam pesquisadores, situação em que muitas vezes se exige dedicação exclusiva dos alunos e/ou utilização de laboratórios para realização de
diversos tipos de atividades de pesquisa com supervisão direta de um orientador. Em especial, o credenciamento de instituições para oferta destes cursos sujeitasse à
competência normativa da CAPES.

Já no caso de cursos de pós-graduação lato sensu, ocorreu recentemente uma flexibilização [TAKAHASHI, 2008] no que tange ao oferecimento de cursos de especialização.
Neste caso, o Ministério da Educação optou por diminuir a exigência para a abertura de cursos de pós-graduação lato sensu à distância ao permitir que tais cursos sejam
oferecidos sem ter um prédio com professor, biblioteca e estrutura de apoio. Antes, havia a exigência de que a instituição tivesse tal estrutura, o chamado pólo presencial. Tal
mudança tende a acelerar a expansão das matrículas na modalidade, beneficiando em especial estudantes de regiões distantes dos grandes centros urbanos. O uso de aulas ao
vivo transmitidas a grandes distâncias, assim como o uso de aulas gravadas em estúdio, tende a ser crescente neste novo cenário, em especial com a chegada da TV Digital,
tema da próxima seção.

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3 - Entendendo a TV Digital

O processo de implantação da TV Digital começou a ser planejado no Brasil em 1991, com a criação da COM-TV (Comissão Assessora de Assuntos de Televisão) pelo
Ministério das Comunicações, que tinha como intento propor uma política para HDTV no país. Em setembro de 1994, a SET (Sociedade de Engenharia de Televisão) e a ABERT
(Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) formam um grupo com o objetivo de pesquisar a HDTV e a televisão digital. Três anos depois, em 1997, é criada a
ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), que passa a ser responsável pelas pesquisas e discussões sobre a televisão digital e criação de centro de pesquisa que será
fundamental para o gerenciamento do Sistema Brasileiro de TV Digital. O CPqD, ou Centro de Pesquisas e Desenvolvimento em Telecomunicações [ROSA, 2005], que tem sua
sede em Campinas, tornou-se um dos principais protagonistas do setor.

Mas foi só em 2006 com o decreto presidencial 5.820[9], que dispõe sobre a implantação do sistema de televisão digital para o Brasil, que fica estabelecida a criação de um
Fórum de TV Digital para assessorar o Comitê de Desenvolvimento acerca de políticas e assuntos técnicos referentes à aprovação de inovações tecnológicas, especificações,
desenvolvimento e implantação do sistema de televisão digital no Brasil. O objetivo do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre[10], formalmente instaurado em
novembro daquele mesmo ano, é de auxiliar e estimular a criação e melhoria do sistema de transmissão e recepção de sons e imagens digitais no Brasil, propiciando padrão e
qualidade compatíveis com as exigências dos usuários.

O padrão de qualidade esperado do sistema digital é definido por termos técnicos que surgiram conforme o desenvolvimento dessas tecnologias e fazem parte do glossário
disponível no Fórum de TV Digital, já citado. No parágrafo seguinte alguns deles são brevemente apresentados.

Entende-se por TV ISDB Digital aquela que se utiliza da transmissão em sinal aberto; seria o sinal de TV terrestre transmitido de forma digital onde não há perda da qualidade no
processo de transmissão e a imagem e o áudio permanecem com a qualidade do sinal original, eliminando os ruídos e as interferências característicos do sistema analógico. A
TV Analógica, por sua vez, faz uso da transmissão em sinal aberto; é o sinal de TV terrestre que varia continuamente no tempo para representar as imagens e os sons sendo
que, neste caso, há perda de qualidade causada por ruídos e interferências durante o processo de transmissão/recepção. Um televisor digital pode ser entendido como o
aparelho que possui um sintonizador interno que permite receber as transmissões digitais sem necessidade de um conversor digital, sendo que também pode receber
transmissões analógicas. Um televisor analógico, por sua vez, é todo televisor que possui um sintonizador interno que permita receber as transmissões analógicas; este não
recebe transmissões digitais se não estiver acoplado a um conversor digital, conhecido como set-top box. Pixel pode ser entendido como o menor ponto em uma imagem; a
combinação de muitos pixeis gera uma imagem e quanto maior o número deles, mais definida é a imagem. O HDMI, ou “High Definition Multimedia Interface”, se refere a uma
interface multimídia para alta definição, sendo um tipo de conexão que futuramente vai ser o padrão para reprodução audiovisual, permitindo juntar as informações digitais de
imagem e som para serem transmitidas sem perda de dados.

Para cumprir as normas definidas pelo Fórum de TV Digital, as emissoras de TV estão realizando mudanças, entre elas, investimentos com aquisição de equipamentos que
atendam as demandas da tecnologia digital. Os setores técnicos como vídeo, áudio, iluminação, fotografia, cenografia, maquiagem e figurino são os mais contemplados – e
custosos. É nesse contexto que podemos entender a TV Digital como uma nova tecnologia que está revolucionando todo o conceito de televisão. Os principais diferenciais
dessa “nova mídia” são a qualidade da imagem e do som e a possibilidade de um grau maior de interatividade por parte dos usuários, além da mobilidade na recepção dos
sinais (a programação pode ser acessada via Web e/ou equipamentos de recepção portáteis).

Com relação a imagem em alta definição na TV Digital, a diferença na qualidade é significativa. Os monitores de TV analógicos apresentam uma resolução de 640 x 480 e vêm
no formato 4:3. Já os monitores preparados para receber os sinais digitalizados, ou seja, em alta definição, vem com resolução de 1.080 x 1.920 em formato 16:9. O ganho
na qualidade da imagem só é possível se a mesma tiver sido captada e tratada também com equipamentos digitais. O mesmo vale para o som: na TV analógica o som é
estéreo, reproduzido por apenas dois canais e na TV Digital usa o sistema Dolby AC3[11] ou o AAC, uma tecnologia que reproduz no espectador a sensação de estar dentro de
uma sala de cinema.

Outro diferencial significativo com relação à imagem é que na tecnologia analógica a emissora transmite pelo ar, da torre para a casa do telespectador, em ondas
eletromagnéticas que ocupam uma freqüência de 6MHz. Já com a tecnologia digital, imagens, sons e dados são digitalizados ou seja, transformados em bits[12]. Os sinais
continuam a percorrer o ar diretamente da torre para a casa do usuário porém, não sofrem tanta interferência. O único inconveniente desse processo por enquanto, é a
necessidade de um caixa decodificadora, que aqui no Brasil recebe a denominação de set-top box e ainda tem um custo relativamente alto. Além dos sinais não sofrerem
interferências, com a compressão sobra espaço para que coexistam outros canais onde antes só cabia um. Isso é muito importante quando se pensa em mobilidade (um canal
de baixa definição só para mídias móveis) e em diversidade (mais canais abordando temas com objetivos educativos por exemplo).

Mas o que realmente está revolucionando a relação produtor-espectador na TV Digital é a possibilidade de interatividade. De acordo com o Art. 1º do Decreto N° 4.901[13], de
26 de novembro de 2003 que instituiu o Sistema Brasileiro de TV Digital – SBTVD, a finalidade da implantação sistema deve alcançar, entre outros, os seguintes objetivos:

“...promover a inclusão social, a diversidade cultural do País e a língua pátria por meio do acesso à tecnologia digital, visando a democratização da informação; propiciar a
criação de uma rede universal de educação à distância; estimular a pesquisa e o desenvolvimento e propiciar a expansão de tecnologias brasileiras e da indústria nacional
relacionadas à tecnologia de informação e comunicação.”

A interatividade na TV Digital vai além da possibilidade de escolha de um programa dentre poucos disponíveis ou ainda da decisão de um final para um episódio com opções
pré-gravadas. Com a TV Digital essas possibilidades se expandem. Apesar do processo de transição não ser imediato, as expectativas com a implantação do novo sistema são
grandes. Acesso a e-mails, consulta ao Portal da Receita Federal, publicação de vídeos em servidores específicos, compras através do controle remoto e cursos de Educação a
Distância são algumas das possibilidades que a TV Digital pode proporcionar. Além disso, há a possibilidade dessa mídia proporcionar integração com outros bancos de dados
como videolocadoras virtuais, o que aumenta consideravelmente o repertório de informações disponíveis para os usuários.

Além de filmes produzidos para cinema e da programação clássica de TV, vídeos produzidos especificamente para Web estão cada vez mais presentes na rede, principalmente
como ferramenta em Educação a Distância e é nesse contexto que vamos dar destaque aqui às principais etapas do processo de produção e publicação de vídeos na Internet.

4 - Produção e Publicação de Vídeos na Internet

Com a popularização das câmeras de vídeo, máquinas fotográficas digitais e celulares, produzir pequenos filmes passou a ser uma tarefa capaz de ser cumprida por qualquer
pessoa. Com algumas noções básicas de produção e edição é possível criar, produzir e distribuir filmes autorais pela Web, para um número específico de pessoas ou
disponibilizar para qualquer outro usuário on line. Vamos analisar alguns passos desse processo a seguir, onde são discutidas brevemente algumas características da
Roteirização, da Pré-produção, da Produção ou Gravação e da Pós-produção ou Edição.

No caso da Roteirização é preciso ter uma idéia ou um tema e em seguida desenvolver essa idéia ou tema em etapas. A primeira etapa pode ser a sinopse. [COMPARATO,
1995], roteirista brasileiro, organiza as idéias seguindo a seguinte divisão: idéia, conflito, personagens, ação dramática, tempo dramático e unidade dramática. Já [FIELD,
1994], roteirista norte-americano, prefere utilizar o conceito de story line (a idéia em uma, duas ou até três linhas), seguida da sinopse, (uma apresentação objetiva da história
ou tema com começo, meio e fim), e do argumento, (o desenvolvimento da sinopse já com descrição de personagens, cenas e ações). Só então o roteirista vai escrever o
roteiro literário que possibilita a organização do texto em ações já definidas (seqüências, locações, personagens) e por último, o roteiro técnico, elaborado com outros
integrantes da equipe, onde são definidas algumas orientações técnicas em formato padrão.

Há formatações diferentes de roteiro para cinema e TV. Em cinema os roteiros são menos detalhados e as histórias são mais longas por isso a lauda utilizada é corrida e não
há uma divisão espacial rígida entre áudio e imagem. Já em roteiros desenvolvidos para TV, a lauda é formatada diferente. A folha é dividida em duas colunas: do lado esquerdo
ficam as indicações de imagem (cenário, personagens, ação) e do lado direito, indicações de áudio (diálogos, sons, música). O que é importante no processo de elaboração do
roteiro é que ele esclarece a idéia, não apenas para o seu autor como também para todos os envolvidos na equipe de trabalho que deverão produzir o filme.

Com o roteiro pronto, tem início a fase da Pré-produção. Nessa fase está incluso todo o processo necessário para que as gravações ocorram dentro do cronograma. Contato
com atores (casting), organização de transporte, alojamento, alimentação, cenários, locação de cenários, figurinos, objetos de cena, equipamentos e contratação das equipes,
são algumas das funções dos profissionais envolvidos nessa etapa . A pré-produção começa com a definição da equipe e termina somente no dia da gravação. Esse processo
exige uma decupagem minuciosa do roteiro, ou seja, é preciso separar as cenas, contar quantas locações serão necessárias, quantos e que perfil de atores deverão entrar no
casting, onde serão gravadas as cenas etc.

A decupagem técnica do roteiro também exige a presença do diretor do filme e do diretor de fotografia num segundo momento. Eles vão definir planos, movimentos de cena e
enquadramentos e decidir quais os equipamentos serão necessários para determinadas cenas. É importante lembrar que a imagem deve ser captada sempre com boas
condições de luz e também da necessidade de respeitar cores e contrastes: tudo na tela é informação - a cor da roupa, o estilo, a maquiagem, o cenário, as pessoas. Saber
utilizar de forma adequada esses elementos traz diferenças significativas no produto final. Outro elemento de extrema importância e que jamais deverá ser esquecido é a
captação de som. O áudio de um filme é responsável por uma quantidade enorme de informações e o processo de captação de som direto deve ser acompanhado com muita
atenção.

[14] [15]
Depois de gravadas todas as cenas é preciso passar as imagens para o computador. Há softwares para iniciantes como o Windows Movie Maker ou Virtual Dub para
[16] [17] [18] [19]
Windows e Kino para Linux ou Imovie para Macintoch, e mais sofisticados para quem já tem mais experiência como o Adobe Premiére para Windows , Cinelerra
[20]
para Linux e Final Cut para Mac. Os softwares para iniciantes são mais limitados, mas é possível fazer edições simples e interessantes com eles. Na web há diversos
trabalhos disponíveis que foram realizados com os softwares citados acima com resultados muito interessantes.

Depois de editado o filme, há necessidade de comprimir e exportar o vídeo para a Internet. Os vídeos que serão disponibilizados para web devem manter um tamanho
pequeno de modo que tornem-se acessíveis para o maior número de usuários possível. Algumas versões de softwares para edição já vem com algumas configurações
prontas. O Windows Movie Maker, por exemplo, sugere compressões com 320x240, 15 frames por segundo e bit rate de 117 kbps para vídeos leves com baixa definição. A
escolha da compressão depende do objetivo do filme e em que mídia ele será visualizado.

5 - Proposta de Capacitação Docente em Filmagem em um Contexto de Gerenciamento da Mudança

Na transição para o novo contexto de uso massivo de multimídia, em especial no que se refere a vídeos, é necessário capacitar os docentes para melhor prepará-los para a
mudança. A literatura acadêmica [CONNER, 1992; BATES, 1999] indica que há uma tendência natural do ser humano a contrapor-se a mudanças na sua organização, mesmo

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que elas sejam uma exigência de toda a coletividade. O sucesso na realização de uma mudança ocorre quando as partes interessadas apresentam a capacidade de se ajustar
rápida e apropriadamente aos novos problemas e situações mobilizando-se e descondicionando-se sempre que for necessário, o que permitiria aceitar conceitos novos.
Conclui-se, portanto, que um dos maiores desafios atuais (e futuros) da EAD se refere a garantir uma mudança apropriadamente gerenciada de modo que a sociedade se
beneficie das tecnologias no fomento à educação de qualidade.

Um curso de capacitação em filmagem para EAD foi elaborado pela instituição no intuito de oportunizar ao seu corpo docente uma ambientação ao mundo cada vez mais
presente da multimídia em educação. Em suas partes presenciais, a capacitação em filmagem envolveu 16 horas/aula; soma-se a isso mais 14 horas/aula de interação no
Ambiente Virtual de Aprendizagem TelEduc, totalizando, portanto, 30 horas/aula. A capacitação em filmagem teve sua parte presencial no estúdio da própria instituição. Com a
utilização do AVA TelEduc ocorreu a interação dos alunos com os docentes e o acesso ao material de leitura. A metodologia envolveu apresentar aspectos teóricos da
produção audiovisual através de aulas expositivas assim como envolveu a realização de exercícios práticos dentro do já citado estúdio de gravação.

A experiência envolveu dois professores regentes, um da área de educação a distância e outro da área de multimídia, com formação em rádio e TV. Como resultado desses
encontros foram produzidos vídeos de até 10 minutos (1 vídeo para cada professor participante) a partir de um tema pertinente à disciplina de cada um deles, com o objetivo
sendo a utilização posterior de tais vídeos como complemento a aula presencial. Todos os professores cursistas gravaram seus vídeos seguindo a lógica de produção
apresentada acima (roteiro, produção, edição e finalização do vídeo comprimido para Web). Foram passados aos professores cursistas alguns conceitos de educação a
distância e de produção audiovisual através da visita guiada a diferentes portais com informações na Internet, sempre tomando por base o material que compunha a apostila
elaborada com base, fundamentalmente, na bibliografia seguinte: Produção e Direção para TV e Vídeo, de C. Kellison[21]; Televisão - Manual de Produção e Direção, de V.
Bonásio[22]; e textos gratuitos da ABED, desenvolvidos e traduzidos ao Português em conjunto com a Commonwealth of Learning[23].

Também foi trabalhado com os professores cursistas durante os encontros, técnicas de apresentação diante da câmera (pouca movimentação corporal respeitando o cenário,
olhar firme para a câmera, gestos contidos, voz projetada, organização de idéia no discurso e elaboração de slides). Na seção seguinte, são destacados alguns aspectos
positivos e negativos da capacitação em questão.

6 - Aspectos Positivos e Negativos da Capacitação Realizada

Entre os resultados positivos encontrados, destaca-se o grande interesse dos professores cursistas pela utilização de áudio e vídeo no enriquecimento do ensino presencial.
Também ficou evidente o interesse pela EAD enquanto nova modalidade educacional. A equipe responsável pela edição dos vídeos também se mostrou altamente motivada a
trabalhar em conjunto com os professores regentes, não somente apresentando dicas para melhoria na captação das imagens, mas também oferecendo diversas alternativas
de pós-produção.

Entre os resultados negativos encontrados, sobressaiu a falta de tempo e/ou de interesse dos professores cursistas relativamente à realização das atividades virtuais do curso,
fato curioso diante do interesse manifestado pelos mesmos por atuar como docentes em cursos a distância. Outro aspecto negativo bastante relevante se refere ao tempo
muito grande dedicado à edição das aulas filmadas, em especial pela não definição a priori de padrões de roteirização, gravação e edição.

Apesar de algumas dificuldades no processo de desenvolvimento do curso (falta de intimidade de alguns professores participantes com a câmera dentre outros), os resultados
puderam ser avaliados de forma positiva. Todos os professores apresentaram mudanças significativas tanto no desempenho diante das câmeras quanto na organização do
planejamento de aulas, principalmente se considerarmos que uma aula gravada apresenta um ritmo bastante diferente de uma aula presencial. Entendemos que ainda há alguns
avanços a serem realizados, tanto por parte da instituição na aquisição de equipamentos apropriados ao projeto, quanto na elaboração de material didático pelos professores
envolvidos.

Entende-se que o importante dessa experiência foi observar que a vídeo-aula é um elemento de grande utilidade não somente para a Educação a Distância mas também como
complemento para as aulas presencias, seja como material de apoio que pode ser disponibilizado na Web, seja como apresentação em aula, com possibilidade envolvimento
dos alunos em aula presencial. Com base nesta discussão, apresenta-se a seguir uma proposta de melhoria da capacitação.

7 - Proposta de Melhoria da Capacitação e Trabalhos Futuros

Uma proposta de melhoria da capacitação, supondo que se mantenha a infra-estrutura atual do estúdio utilizado, envolveria apresentar aos professores um guia simplificado
explicando passo a passo como fazer as filmagens. Além disso, notou-se a necessidade de se melhorar cenário para que o resultado final da captura das imagens tivesse maior
apelo, passando uma imagem mais dinâmica e afim ao mundo virtual que se associa à EAD. Também notou-se a necessidade de se aumentar a cobrança relativa à parte virtual
do curso, dado que os professores cursistas muitas vezes não cumpriam todas as etapas sugeridas, as quais envolviam muitas leituras dirigidas.

Uma proposta de melhoria da capacitação, supondo que se melhore a infra-estrutura atual do estúdio utilizado, com investimentos na compra de equipamentos, por exemplo,
envolveria a aquisição de teleprompter assim como a aquisição de uma mesa de corte. No primeiro caso, professores cursistas interessados em “ler” seus próprios roteiros,
poderiam fazê-lo sem a necessidade de uso de software de apresentação de slides para acompanhamento; no segundo caso, a compra de uma mesa de corte permitiria a
edição em tempo real das gravações segundo roteiro pré-estabelecido, o que significaria menos tempo de pós-produção. A eventual compra de câmeras digitais assim como a
melhoria do isolamento acústico seriam um próximo passo em direção à TV Digital e seus mais altos padrões de qualidade na captação de imagem e som.

Uma reformulação da apostila e das atividades virtuais, na parte teórica, também traria melhorias. No caso da apostila elaborada, parte do material poderia ser transformado
em vídeo-aulas, tornando assim o curso ainda mais dinâmico e possivelmente mais adequado a um público de professores cursistas com pouco tempo livre para a realização
de leituras. Uma revisão das atividades práticas poderia envolver uma reformulação que fomentasse maior interação entre os professores cursistas, com maior troca de
experiências e com a discussão de temas atuais via fóruns e chats.

Além da reformulação do curso em si, os trabalhos futuros deverão envolver a definição de uma estratégia que viabilize capacitar todos os docentes da instituição em EAD, em
especial nos aspectos relacionados à utilização de multimídia.

8 - Considerações Finais

A pesquisa interdisciplinar incentiva uma maior comunicação entre os saberes compartimentados para que a unidade e as interações do todo voltem a ser respeitadas como
princípio metodológico. Hoje já se debate o desaparecimento das fronteiras na ciência contemporânea, o que faz com que a interdisciplinaridade passe a ser vista como
pré-requisito da produção científica no século 21. Ao tratar dos grandes desafios da pesquisa em computação no Brasil, a Sociedade Brasileira de Computação indica que a
integração de diferentes linhas e áreas deve ocorrer para conduzir a aplicações que possam beneficiar o contexto sócio-econômico-cultural do País. O fato de estar ocorrendo
um crescimento exponencial de dados multimídia pode vir a afetar a criação de aplicações dependentes de escalabilidade em todos os setores da sociedade. A Sociedade
Brasileira de Computação [SBC, 2006] também ressalta que a integração deve ser almejada, beneficiando inclusive as ações relativas à criação de conteúdo multimídia para
atividades educacionais (“e-learning”):

O grande desafio é a integração de todas essas linhas e áreas para conduzir a aplicações que possam beneficiar o contexto sócio-econômico-cultural do País. Embora haja
resultados de pesquisa em cada uma das áreas isoladas, alguns ainda incipientes, não existem propostas que consideram a sua integração. O presente desafio é importante
porque, além de estimular a pesquisa em áreas básicas em Computação, sua integração pode influir no desenvolvimento de inúmeras aplicações chave em vários setores da
sociedade. Exemplos são: criação de conteúdo para atividades educacionais (e-learning), gestão eficiente da informação visando apoio a governo eletrônico (e-gov), extração
de subconjuntos inter-relacionados de dados para apoio à pesquisa científica (e-science), disponibilização de informações relevantes para diagnóstico médico à distância
(telemedicina), bibliotecas digitais e entretenimento digital. Das aplicações estratégicas acima mencionadas, o entretenimento digital é um bom exemplo dos problemas
existentes, e vem ganhando crescente relevância pedagógica, econômica e social.

Tal discussão evidencia a necessidade da realização de pesquisas interdisciplinares voltadas ao oferecimento de cursos com o apoio da tecnologia, seja em maior ou em menor
escala. A Gestão da Mudança na Educação Mediada por Tecnologia deve, portanto, considerar aspectos pedagógicos, tecnológicos e de gestão, mas deve também ter como
prioridade uma solução equilibrada em termos de escopo de projetos que favoreça a qualidade almejada pelos envolvidos.

Ao tratar de sistemas de qualidade em educação, [TRIBUS, 1994] indica que a mudança das escolas tradicionais, com um professor em sua sala com seus alunos, para uma
escola moderna, baseada no uso de computadores, deveria demandar também uma mudança nos métodos, possibilitando a contínua melhoria de todos os processos,
processos estes que seriam impactados por mudanças nas tecnologias em uso. [TRIBUS, 1994] cita Deming, teórico da qualidade que defende a necessidade de teorias que
ofereçam ferramentais para o entendimento de experiências. Em outras palavras, a investigação da qualidade deve se alicerçar tanto em experiências como em fundamentos
teóricos.

Este trabalhou buscou apresentar uma experiência envolvendo a capacitação docente em uma Instituição de Ensino Superior, ao mesmo tempo em que também considerou
parte dos muitos elementos teóricos hoje relevantes, buscando inter-relação com o novo cenário que hoje se forma, relativo ao uso crescente de multimídia em educação,
destacando-se aí a EAD com apoio da TV Digital Interativa. Em linhas gerais, pode-se afirmar que a capacitação já está atingindo seus objetivos principais, dentro das
expectativas da instituição; contudo, ainda pode melhorar, em especial por ser hoje de interesse estratégico para qualquer Instituição de Ensino Superior capacitar seu corpo
docente para uma Sociedade da Informação cada vez mais dependente da tecnologia.

Pode-se concluir, deste modo, que a gestão da mudança na educação mediada por tecnologia torna-se de importância fundamental em um contexto marcado pelas mudanças
constantes, conforme se nota nas diferentes experiências em andamento no cenário educacional atual. Espera-se que esta pesquisa fomente a discussão em torno da
necessidade e da viabilidade do oferecimento de capacitações para aqueles direta ou indiretamente envolvidos em iniciativas de EAD em um contexto de crescente utilização da
tecnologia, fato que por sua vez torna fundamental a gestão da mudança na educação mediada por tecnologia [MISKULIN, AMORIM & SILVA, 2007] enquanto tema de
investigação.

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TRIBUS, M. Total Quality Management in education: the theory and how to put it to work. Developing Quality Systems in Education - Geoff Doherty (Editor) - Taylor & Francis.
ISBN 0415098297. 1994.

Notas:

[1] Os três autores são professores das Faculdades Integradas Metropolitanas de Campinas – METROCAMP - Av. Júlio de Mesquita, 840 - Cambuí - Campinas, SP.

[2] Disponível em http://laptop.org/. Acesso em: 19 fev. 2008.

[3] Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/. Acesso em: 19 fev. 2008.

[4] Disponível em http://www.rived.mec.gov.br/. Acesso em: 19 fev. 2008.

[5] Disponível em http://www.telecurso2000.org.br/telecurso/index.html. Acesso em: 19 fev. 2008.

[6] Disponível em http://webeduc.mec.gov.br/. Acesso em: 19 fev. 2008.

[7] Disponível em http://portal.mec.gov.br/. Acesso em: 19 fev. 2008.

[8] Disponível em http://www.inep.gov.br/superior/sinaes/. Acesso em: 19 fev. 2008.

[9] Disponível em http://www.indecs.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=85&Itemid=46. Acesso em: 19 fev. 2008.

[10] Disponível em http://www.forumsbtvd.org.br/institucional.php. Acesso em: 19 fev. 2008.

[11] Nota: Dolby Digital (AC3) é uma tecnologia de codificação e decodificação de áudio baseado na tecnologia MPEG-4 que contém até 6 canais de áudio digital e apresenta
maior taxa de compressão sem perda significativa de qualidade. Disponível em http://www.dolby.com. Acesso em: 19 fev. 2008.

[12] Nota: A menor unidade de medida de armazenamento de dados informatizados. BIT vem de BInary digiT, podendo assumir os valores zero ou um. Um combinação de
bits pode indicar um caracter alfabético, um algarismo, sinais ou funções diversas. Um conjunto de 8 bits é chamado de BYTE. Disponível em http://www.npd.ufes.br
/gloss_2.htm. Acesso em: 19 fev. 2008.

[13] Disponível em http://www.mc.gov.br/TV_digital_decreto4901_27112003.htm. Acesso em: 19 fev. 2008.

[14] Disponível em http://www.microsoft.com/windowsxp/downloads/updates/moviemaker2.mspx. Acesso em: 19 fev. 2008.

[15] Disponível em http://www.virtualdub.org. Acesso em: 19 fev. 2008.

[16] Disponível em http://www.kinodv.org. Acesso em: 19 fev. 2008.

[17] Disponível em http://www.apple.com/ilife/imovie. Acesso em: 19 fev. 2008.

[18] Disponível em http://www.adobe.com/products/premiere. Acesso em: 19 fev. 2008.

[19] Disponível em http://cv.cinelerra.org/about.php. Acesso em: 19 fev. 2008.

[20] Disponível em http://www.apple.com/br/finalcutstudio/finalcutpro. Acesso em: 19 fev. 2008.

[21] Produção e Direção para TV e Vídeo - Uma Abordagem Prática. Cathrine Kellison. ISBN: 978-85-352-2202-9. URL: http://www.campus.com.br.

[22] Televisão - Manual de Produção e Direção. Valter Bonásio. ISBN: 8573584785. URL: http://www.editoraleitura.com.br.

[23] Textos gratuitos da ABED: Apoio ao Aluno no Ensino a Distância; Conceber Materiais de Ensino Aberto e a Distância; Curso de Formação e Desenvolvimento Profissional
em EaD - Livro de Leituras 1; Curso de Formação e Desenvolvimento Profissional em EaD - Livro de Leituras 2; Guia Prático para o Desenvolvimento de Projetos de Ensino a
Distância; Planejamento de Sistemas de Educação a Distância - Um Manual para Decisores; Tutoria no EaD - Um Manual para Tutores. COL (Commonwealth of Learning). URL:
http://www2.abed.org.br.

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