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3239 Acompanhamentodecrianas Desenvolvimentoinfantil Manual PDF
3239 Acompanhamentodecrianas Desenvolvimentoinfantil Manual PDF
ÍNDICE
2.Psicologia e pedagogia................................................................................... 6
Bibliografia ....................................................................................................... 58
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Uns tinham uma visão negativa da infância, encarando a criança como uma espécie de
selvagem quase sem humanidade, incluindo-a na mesma categoria em que mantinham
os primitivos e os deficientes mentais. Outros consideravam que as crianças tinham
uma mente como a dos adultos, sendo a única diferença entre ambos o crescimento e
não o desenvolvimento; constituindo a criança como um adulto em miniatura.
Desta forma, o estatuto próprio da criança não era reconhecido, o que tinha reflexos
negativos na educação familiar e escolar que lhe exigiam condutas muito próximas das
do adulto, sem que ela pudesse comportar-se da forma pretendida.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Apesar destas mudanças, a maioria das crianças revela uma continuidade subjacente
ou consistência ao nível da personalidade e do comportamento. Por exemplo, cerca de
10 a 15% das crianças são tímidas e outras 10 a 15% são muito sociáveis.
Quais das características da criança têm mais tendência a persistir? Quais têm
probabilidade de mudar, e porquê? Estas são algumas das questões a que o estudo do
desenvolvimento da criança procura responder.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
2.Psicologia e pedagogia
As teorias são dinâmicas: modificam-se para incorporar novas descobertas. Por vezes,
a investigação apoia uma hipótese e a teoria na qual se baseou. As teorias ajudam,
pois, os cientistas a atingir os objetivos descritos anteriormente – descrever, explicar,
predizer e modificar o comportamento.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Comportamentalismo
O comportamentalismo é uma teoria que descreve o comportamento observado
como uma resposta previsível a uma dada experiência.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
A primeira infância parece ser o período mais rico do desenvolvimento, não deixando,
contudo de ser igualmente crítico. É, por isso, essencial compreender que a maturação
e o desenvolvimento da criança pressupõem um processo contínuo e avassalador de
mudanças.
Parece que os efeitos a longo prazo das experiências da primeira infância são, em
certa medida, reversíveis. Contudo as bases estão lançadas e tendem a manter-se
razoavelmente estáveis. As privações sofridas neste período, sobretudo ao nível
cognitivo, não parecem ser facilmente compensadas em fases subsequentes, podendo
mesmo ter efeitos adversos no desenvolvimento futuro.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
A qualidade dos cuidados prestados parece desencadear efeitos a longo prazo no tipo
de indivíduo em que o bebé se irá converter. Os bebés parecem influenciar, também,
as suas próprias vidas ao moldarem o ambiente no qual se desenvolvem, sendo
também eles afetados pela forma como a maternidade é vivenciada (ou a
paternidade), como lhes são prestados os cuidados e a forma como são acolhidos após
o nascimento.
Pode com isto dizer-se que o comportamento, após o nascimento, parece ser
fortemente influenciado pelas práticas e expectativas culturais.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
É sobre essas bases do desenvolvimento que se vai construir o espantoso ser humano
que se caracteriza pelo seu comportamento individual, inteligência, emotividade e
capacidade criativa.
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Na verdade, cada criança, sendo uma criança como as outras crianças, não deixa, por
esse motivo, de ser única em muitos aspectos. As diferenças e mudanças reveladas
pelas crianças parecem estar associadas à maturação do corpo e do cérebro,
espelhando, assim, uma manifestação natural e geneticamente estabelecida de
mutações físicas e padrões de comportamento, incluindo a propensão para o alcance e
domínio de novas capacidades ou, por outro lado, para manifestar comportamentos-
problema.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Após o nascimento, a criança deve ser acompanhada por um pediatra, ter o cartão de
vacinas atualizado, ver as suas necessidades nutricionais e de sono satisfeitas, sentir-
se segura e amada dentro do núcleo familiar e dispor de várias oportunidades de
interação social em ambientes construtivos, estimulantes e seguros.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Assim sendo, é legítimo dizer que «a criança que experiencia as principais figuras
adultas como emocionalmente acessíveis e como fontes de segurança construirá uma
representação de si positiva, instalando-se a vontade de explorar e de interagir com o
mundo». É sob o ângulo destes fundamentos que se defende o papel fundamental da
mãe, do pai, da restante família e de outras figuras de referência, na vida e no
desenvolvimento da criança.
A mãe, em especial, sempre surgiu como figura central no mundo da criança. Contudo,
em poucas décadas, o pai começou também a marcar o seu lugar envolvendo-se e
participando ativamente na educação e cuidados prestados à criança. Devido à
crescente participação da figura masculina, muitos estudos foram feitos.
Tais estudos defendem que os pais que estão disponíveis e próximos dos seus filhos
enriquecem a autoimagem destes, e também sugerem que o envolvimento do pai
contribui para um apoio familiar mais estável à criança. Desta forma, o envolvimento
do pai traduz-se num fator positivo no desenvolvimento da criança.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
A partir da altura em que a criança ingressa num contexto de acolhimento (creche, por
exemplo), os educadores (e auxiliares ou amas) passam, igualmente, a ser figuras de
referência com grande responsabilidade aos níveis da educação e prestação de
cuidados de saúde, higiene e segurança. O bom serviço prestado e a empatia
estabelecida entre técnicos e pais farão toda a diferença. Estes adultos passam, assim,
a ser modelos a imitar e pessoas em quem se espera que a criança confie.
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DE 01 AOS 02 ANOS
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Tem uma noção mais clara das diferenças de sexo, sendo curiosa a este nível:
curiosidade pelo corpo do sexo oposto, brincar aos médicos, às casinhas, etc.;
Começa a ter memórias contínuas e mais organizadas;
Desenvolvimento das capacidades de raciocínio;
Passagem de uma aprendizagem através da observação e da experiência para
uma aprendizagem através da linguagem e da lógica;
A maioria das crianças aprende a ler e a escrever nesta idade.
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O olhar
Por volta da sexta semana o bebé torna-se capaz de fixar visualmente os olhos de
outra pessoa. O que leva o adulto a ter a certeza que o bebé está realmente a olhar
para ele. É nesta altura que muitas/os mães/pais sentem pela primeira vez, ou pelo
menos mais completamente do que antes, que o seu bebé é um ser totalmente capaz
de uma ligação afetiva próxima e que ambos estão totalmente envolvidos nessa
relação.
No fim do terceiro mês o bebé é tão capaz como um adulto de mover os olhos
rapidamente para seguir um objeto ou manter um olhar fixo; e é igualmente capaz de
adaptar os olhos para focar um objeto.
Perto dos seis meses de vida, o namoro do bebé com o rosto, a voz o tato é
parcialmente substituído por um interesse por objetos que quer apanhar. Isto é
possível entre a coordenação entre as mãos-olhar do bebé, que atingiu a maturidade.
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Posição da cabeça
Há três posições: Posição central, posição periférica, perda de contacto visual.
Nestas três posições o bebé tem uma experiência sensorial (visual) e motora (posição
da cabeça) distinta em relação à/o mãe/pai.
Estes sinais imitidos pelo bebé são interpretados de diferente maneira pela/o mãe/pai.
Alguns movimentos da cabeça dos bebés parecem pertencer a padrões de
aproximação enquanto outros de afastamento.
Expressões faciais
Os bebés conseguem produzir um elevado número de expressões faciais: esperteza,
ironia, rejeição, etc. O bebé não sente o que o adulto sente ao fazer estas expressões
mas a sua presença não deixa de ser provocatória.
O sorriso
Durante, as primeiras semanas: Sorrisos durante o sono e durante o período de
sonolência. Quase nunca se vêem quando o bebé está acordado e com os olhos
abertos. Parecem não ter nada aver com o mundo exterior (sorrisos endógenos
ou reflexos).
Entre as seis semanas e os três meses: O sorriso torna-se exógeno, solicitado
por acontecimentos exteriores. Ao tornar-se exógeno o sorriso torna-se social.
Não muda a sua morfologia mas sim o que provoca.
Por volta do terceiro mês: Torna-se um comportamento instrumental. O bebé
pode agora produzir um sorriso para obter de alguém uma reação, tal como um
outro sorriso da/o mãe/pai ou uma palavra dela/e.
Aos 4 meses: Expressões mais complexas emergem, por exemplo o sorriso com
um ligeiro franzir da testa.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Em resumo. O sorriso começa por ser uma atividade reflexa, torna-se uma resposta
social e evolui para um comportamento instrumental até um comportamento
suficientemente coordenado, a ponto de coordenar várias expressões faciais.
Ao contrário do sorriso o riso não está presente desde o nascimento. Aparece entre o
4º e o 6º mês é desencadeado por estímulos tácteis entre os 7º e 9º mês por
incidentes auditivos e entre o 10º e 12º mês por incidentes visuais. Muito cedo o riso
também se torna um comportamento instrumental.
A primeira coisa que a criança deve aprender é que tem um corpo e que este é
diferente do da sua mãe e do seu pai. Um corpo que é formado por partes e que cada
uma destas partes tem funções determinadas. A identificação das partes do corpo, a
educação dos sentidos e a melhoria do tónus muscular denomina-se educação do
esquema corporal.
Este esquema corporal e a sua posterior orientação com a lateralidade, assim como os
primeiros passos nas coordenações, é vivido pela criança em três âmbitos: o seu
próprio corpo, o corpo dos outros e o mundo dos objetos.
A primeira relação que a criança terá com um adulto será através da mãe. Por meio de
carícias, o bebé relaciona-se com outra pessoa e aprenderá que ele é um corpo
diferente dos outros. Acariciar o bebé não é só uma demonstração de carinho, é
também o primeiro passo para a educação motora do bebé.
Logo que a criança se senta sem cair e domina a pinça dos seus dedos, o mundo dos
objetos é uma fascinação: qualquer objeto vistoso é para ela um possível brinquedo. A
intervenção do adulto será decisiva na escolha dos brinquedos, já que entre todos
devem reunir as seguintes características: serem de cores diferentes, de diferentes
materiais, de texturas diversas, de diversos volumes e formas, que se possam
manipular e que alguns produzam sons.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Se observarmos o desenho que uma criança faz de si própria dar-nos-emos conta, por
exemplo, que desenha uma cabeça com os olhos e a boca e uns grandes pés que
saem da própria cabeça; isto significa que a criança ainda não reconhece todas as
partes do corpo.
Nos 8 primeiros meses de vida, o bebé tem apenas consciência dos objetos que
consegue ver; se uma bola, com que tinha estado a brincar, rola e desaparece do seu
campo visual, deixa de existir para ele. Não a procura, volta-se, antes, para outra coisa
que esteja dentro do seu campo visual.
Entre os 12 e os 18 meses, a criança que começa a andar aprende que não apenas os
seus braços e as suas pernas mas ela própria está localizada no espaço. Estuda
também a forma como os objetos mudam de posição em relação uns aos outros; por
exemplo: quando deixa cair do berço o seu coelho de peluche, observa a sua queda.
Gosta também de abrir a mão da mãe ou do pai e de “descobrir” lá qualquer coisa que
viu um deles esconder.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Piaget descobriu, por exemplo, que os juízos de proximidade e separação próprios das
crianças no período pré-operatório são influenciados pela presença ou ausência de
barreiras. Uma criança pode dizer que a mesa de areia está perto da porta, até que
alguém constrói entre as duas uma grande casa com estruturas de madeira; nessa
altura, acha que a mesa de areia e a porta estão afastadas, embora a distância real
entre elas não se tenha alterado.
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seguindo os rebordos de uma mesa ou por tentativa e erro. Tentam também medir
realmente as distâncias, usando um método primitivo, como o esticar as mãos.
A ordem espacial começa, também, para elas, ater sentido. Dando-lhes uma série de
objetos ordenados em linha ou em círculo, conseguem reproduzir a mesma ordem, por
tentativa e erro, com outra série de objetos.
Quando chegam à fase das operações concretas (8-11 anos), as crianças conseguem
com êxito lidar com muitas relações espaciais. Neste período, as crianças mais novas
são capazes de interpretar e representar os aspectos projetivos e geométricos do
espaço. Sabem conservar o comprimento e a distância, isto é: apercebem-se de que o
comprimento de um objeto é independente da sua posição no espaço e que a distância
entre os dois objetos não é afetada pelas barreiras que se colocam entre eles.
Conseguem dispor objetos em linha reta alinhando-os pelo último objeto e sabem
servir-se de uma unidade padrão para medir o comprimento.
No período das operações concretas, as crianças que têm mais idade são capazes de
aplicar as medidas e um sistema coordenado de duas ou três dimensões, sabem
conservar o volume e a área e conseguem, com um notável grau de exatidão,
representar perspetivas espaciais alternativas, assim como o ângulo, o paralelismo e a
distância.
No período das operações formais, as crianças são capazes de fazer tudo o que se
disse e ainda compreender e lidar com abstrações geométricas, tais como a ideia de
extensão infinita e a divisibilidade de uma linha ou figura no espaço.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Lateralidade
Por volta dos 2 anos, a criança mostra ter preferência por um lado ou outro, e isto é
indicativo de uma orientação do corpo no espaço que posteriormente será objeto de
desenvolvimento e estruturação: trata-se da lateralidade do corpo.
A lateralidade é a capacidade que a criança tem para realizar tarefas motoras dando
preferência a um lado do corpo sobre o outro. É, afinal, a orientação no espaço deste
corpo que antes reconheceu topograficamente.
Esta evolução é dada pela própria maturação do organismo. Se observarmos bem, aos
2 anos a criança costuma utilizar indistintamente uma ou outra das mãos para pegar,
enquanto aos 6 anos a maior parte fá-lo com o seu lado dominante. Este processo de
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preferência por uma parte dá-se em todo o corpo: um braço utiliza-se mais que outro,
do mesmo modo que um olho e um pé.
A família nunca deve forçar a criança a utilizar uma das mãos em detrimento da outra.
Os adultos terão de jogar com as crianças jogos que lhes tornem possível a
diferenciação entre a sua parte dominante e a não dominante, como por exemplo:
Em crianças de 2 anos, pô-las-emos sentadas no chão e jogaremos à bola
empurrando-a pelo chão, primeiro com uma das mãos e depois com a outra.
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Isto deve-se fazer no início sem mencionar sequer que uma das mãos chama
esquerda e a outra direita, já que aprender o nome dos lados é um processo
mais na lateralidade, mas não é o único.
Em crianças de 3/4 anos, brincaremos a atirar diferentes objetos, primeiro com
a mão e com um pé de um lado e depois do outro.
Em crianças de 5/6 anos faremos o mesmo, mas atirando a bola ou lançando-a
ao ar e apanhando-a.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
O trabalho inicial de Jean Piaget com os primeiros testes de QI, convenceu-o de que
tais testes estandardizados (reduzidos a um só tipo) deixam escapar muito do que é
especial e importante acerca dos processos de pensamento da criança.
Para analisar estes processos, Piaget observou, desde a infância, os seus próprios
filhos assim como outras crianças. O pensamento da criança, conclui o autor, é
qualitativamente diferente (diferente na forma) do pensamento adulto.
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utilizando, para tal, não só a ação do próprio corpo, como fazia anteriormente,
mas também outros objetos;
No final deste estádio: surge a capacidade de representação mental e de
simbolização (representação mentalmente não só a permanência do objeto,
mas também as relações que se estabelecem entre os objetos); a inteligência
centrada na ação dá lugar ao pensamento (representação mental) - o
pensamento é ação interiorizada.
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segundo copo parece maior, porque é mais alto, a criança pensa que tem mais
água);
O pensamento é pré-operatório - a criança não consegue efetuar operações
mentais. No exemplo acima, não percebeu que, durante a passagem da água
do primeiro copo de água para o segundo (alto e fino), houve algo que não
mudou: a quantidade de água permaneceu sempre a mesma. Também não
tem consciência de que as transformações na aparência da água (passagem de
um copo baixo para um copo alto) são reversíveis (pode logo a seguir deitar a
água do copo alto e fino para o copo mais baixo).
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8.Desenvolvimento da linguagem
Os seres humanos não têm de falar para comunicar, mas não há dúvida de que as
palavras clarificam muito melhor a transmissão de informações e pensamentos. Nos
primeiros anos de vida, a linguagem corporal desempenha um papel mais importante.
Não é só o rosto que revela emoções, são também os gestos. Podemos abrir os braços
por nos sentirmos alegres ou tristes. Talvez nem sequer percebamos que lemos muitos
destes sinais. Mas toda a gente sabe ler os sinais mais elaborados, como as expressões
faciais, os abraços e os beijos.
As crianças começam a fazer estes sinais nas primeiras semanas de vida, embora não
se apercebam disso. Começam a usar sinais para comunicar intenções cerca dos 7 ou
8 meses.
Um bebé que chora e deixa de o fazer quando um adulto chega está a mostrar que
tem presente um sinal comunicativo com que chama a atenção de outra pessoa e a
que esta responde. Nós os adultos atribuímos intenções de comunicação às expressões
dos bebés, mesmo que estes sejam muito pequenos.
A importância deste facto é que facilita as interações entre crianças e adultos. A ação
constante de interpretação que os adultos fazem das expressões das crianças permite
que a interação continue e que a criança tenha acesso aos significados.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Aos 9 meses, o António aponta para um objeto, por vezes, produzindo um ruído para
mostrar que deseja esse objeto. Entre os 9 e os 12 meses ele aprendeu alguns gestos
sociais convencionais: acenar adeus, abanar com a cabeça para significar sim, abanar
com a cabeça para significar não.
Por volta dos 13 meses, ele usa gestos representacionais mais elaborados; por
exemplo, é capaz de levar uma chávena vazia à boca ou levantar os braços para
mostrar que quer ser pegado ao colo.
Gestos simbólicos, tais como soprar para significar “quente”, geralmente emergem na
mesma altura em que os bebés pronunciam as suas primeiras palavras; estes gestos
revelam que as crianças compreendem que os objetos e as ideias têm nomes e que os
símbolos podem referir-se a objetos, acontecimentos, desejos e circunstâncias
específicas do quotidiano.
Em geral, os bebés começam pelos nomes. Entre os mais vulgares contam-se o nome
que a criança dá à pessoa que cuida dela e a palavra que usa para se referir a gatos,
cães, chávena ou biberão e comida. Umas vezes, estas palavras aproximam-se das
verdadeiras; outras vezes, não conseguem distinguir-se.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Muitas crianças usam os sons que os animais fazem para se referirem a eles; seja qual
for a linguagem que uma criança ouça à sua volta, um cão será sempre “au-au” e
comida será sempre qualquer coisa como “papa”. Não tente corrigi-la. Isto é mesmo
assim, e a criança aprenderá as palavras certas a seu tempo. Para já, do que ela mais
precisa é de estímulo e de reações às suas atitudes. Precisa saber que você a entende.
Por isso, diga: “Sim, é um cão” ou “Papa, é o jantar”. Isto permite continuar a
conversa, e a criança sente-se recompensada quando você lhe mostra que a percebeu
e lhe diz a palavra certa. Esta reação é perfeita e incentiva o bebé a desenvolver as
suas aptidões recém-descobertas.
As crianças escolhem as primeiras palavras escutando a sílaba tónica, e é por isso que
muitas chamam “fante” ao elefante e “rafa” à girafa. Uma palavra como esta que
exprime uma ideia completa denomina-se holofrase.
Mas embora diga “fante”, a criança pode estar à espera que você pronuncie a palavra
corretamente.
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Quase todas as crianças percebem muitas mais palavras do que sabem dizer e
conseguem obedecer a instruções precisas, apesar de dizerem poucas palavras. Outras
dizem uma palavra quase ao mesmo tempo que sabem o que ela significa. A variação
na rapidez com que as crianças aprendem novas palavras e a nitidez da sua primeira
fala advém da sua capacidade de articular as palavras com clareza.
Com cerca de 13 meses, as crianças olham para os objetos a que os pais dão nome.
Por outro lado, os adultos tendem a olhar para aquilo de que estão a falar. Por isso, é
que as crianças começam a olhar para aquilo em que você se concentra e assumem
que os sons que você faz se referem ao que elas vêem.
Tal como as primeiras “palavras” são de facto sinais, também as primeiras frases são
combinações de sinais e de palavras. Ao apontar para um cão, a criança diz “au-au”. O
que ela está a querer dizer é muito claro: “Olhem, está ali um cão!” Se estender as
mãos e disser a palavra “bolacha”, isso significa “Dá-me uma bolacha”.
A criança também pode usar palavras como se fossem frases, apesar de dizer uma
palavra de cada vez. Por exemplo, pode dizer “carro” e, depois ter repetido a palavra,
“vai”.
A maioria das crianças domina cerca de 200 palavras antes de começar a falar por
frases, o que acontece cerca dos 21 meses. É mais importante o número de palavras
do que a idade. Assim que o processo está em marcha, avança rapidamente. Não é
raro que uma criança use 100 novas frases de duas palavras num mês.
As combinações que ela faz exprimem posse (“casaco mamã”), ação (“carro vai”),
localização (“cadeira ali”), pedidos (“dar bolacha”), nome e ênfase (“aquela casa”) e
fazem perguntas (“o que é isto?”). a isto chama-se discurso telegráfico – forma
primitiva de frase que consiste apenas em algumas palavras essenciais, como a
maioria dos telegramas.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Muitas vezes, a ordem das palavras é utilizada para indicar qual é o sujeito e o
complemento numa frase, e as crianças que aprendem a falar seguem uma ordem
rígida das palavras para exprimir significado. Assim, dizem por exemplo, “mamã
empurra carro”, realçando que “mamã” é o sujeito, e “empurra carro” para
sublinharem que o carro é o objeto a empurrar.
Por volta dos 3 anos, o discurso é fluente, mais extenso e complexo, apesar das
crianças muitas vezes omitirem partes do discurso, elas conseguem manter o seu
significado. Por volta dos 5 ou 6 anos, as crianças falam através de frases mais longas
e mais complicadas.
Aos 6 anos, a criança entende em média mais de 14000 palavras, tendo aprendido em
média 9 palavras novas por dia, desde o ano e meio de idade. Aparentemente as
crianças conseguem isto por mapeamento rápido, o que lhes permite absorver o
significado de uma nova palavra após a terem ouvido apenas uma ou duas vezes numa
conversa. Tendo como base o contexto, as crianças parecem elaborar uma hipótese
rápida acerca do significado da palavra e armazená-la na memória.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
9.Desenvolvimento sócio-afectivo
9.1.Interacção mãe/filho
Importância da vinculação
A vinculação é uma ligação emocional recíproca e duradoura entre o bebé e a figura
parental, em que cada um contribui para a qualidade da relação. A vinculação tem um
valor adaptativo para o bebé, assegurando-lhe que as suas necessidades psicossociais
e físicas são satisfeitas.
Praticamente qualquer atividade levada a cabo pelo bebé, que provoque uma resposta
de um adulto poderá ser um comportamento de procura de vinculação: chupar, chorar,
sorrir, abraçar e olhar para a figura parental.
Logo na oitava semana de vida, os bebés dirigem alguns desses comportamentos mais
à mãe do que a outra pessoa. Estas aproximações são bem-sucedidas quando a mãe
responde calorosamente, expressa contentamento e oferece ao bebé contacto físico
frequente e liberdade para explorar.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Esta sequência parece ser comum nas sociedades ocidentais, mas não se aplica
necessariamente a bebés de culturas nas quais se verifica a existência de várias figuras
parentais desde o nascimento.
Muitos estudos revelam que as mães de bebés com uma vinculação segura tendem a
ser sensíveis e responsivas. No entanto, a sensibilidade não é o único fator importante.
Igualmente importantes são os aspectos da atividade maternal como a interação
mútua, a estimulação, uma atitude positiva, calor humano e aceitação e apoio
emocional.
Quanto mais segura for a vinculação da criança ao adulto que dela cuida, mais fácil
parece ser para a criança, por fim, se tornar independente desse adulto e desenvolver
boas relações com os outros. A relação entre a vinculação e as características
observadas anos mais tarde sublinha a continuidade do desenvolvimento e inter-
relação entre o desenvolvimento emocional, cognitivo e físico.
As crianças pequenas com uma vinculação segura são mais sociáveis com os pares e
com adultos não familiares do que as crianças inseguras.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Dos 3 aos 5 anos, as crianças seguras são mais curiosas e têm mais tendência para
formar relações de amizade próximas. Interagem mais positivamente com os pais, com
as educadoras no jardim-de-infância e com os pares e são capazes de resolver
conflitos. São também mais independentes, procurando a ajuda dos professores
apenas quando dela necessitam.
No período pré-escolar atendem a ter uma nova autoimagem mais positiva. Estas
vantagens continuam no período escolar e na adolescência.
Algumas mães parecem conseguir uma ligação mais forte com os bebés depois de um
contacto precoce mais alargado, tal como é conseguido em hospitais que oferecem
uma antecâmara ou quando o parto é em casa; mas não têm sido demonstrados
resultados a longo prazo. Este resultado tem atenuado a preocupação e a culpa por
vezes sentida por pais adotivos e pais que tiveram de ser separados dos seus filhos a
seguir ao nascimento.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Os pais tal como as mães formam ligações íntimas com os seus bebés pouco depois do
nascimento. Pais pela primeira vez, orgulhosos, admiram e pegam nos seus bebés. Os
bebés contribuem simplesmente fazendo coisas que os bebés normalmente fazem:
abrindo os olhos, apertando os dedos do pai ou mexendo-se nos seus braços.
A ligação entre pais e bebé ajuda-os a reconhecer as necessidades deste último. Uma
forma importante de os recém-nascidos exprimirem a sua individualidade e a sua
imprevisibilidade é através dos padrões de sono e vigília e de atividade quando
acordados.
Todos os recém-nascidos vivem os mesmos estados de alerta mas o ciclo de cada bebé
é diferente e varia de dia para dia. Em geral, os bebés recém-nascidos dormem cerca
de 16 horas por dia, mas um pode só dormir 11 horas enquanto outro dorme 21 horas.
Por volta dos 3 meses, os bebés tornam-se mais despertos ao fim da tarde e ao
princípio da noite e começam a dormir pela noite dentro. Aos 6 meses, mais de metade
do sono dos bebés ocorre durante a noite.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
O quanto o bebé dorme ou rabuja, e não tanto o quanto o bebé chora, pode ser
indicador de temperamento. À medida que os bebés se tornam mais despertos, alertas
e ativos, o seu padrão comportamental individual provoca respostas diversas por parte
das figuras que lhes prestam cuidados.
Os bebés, por sua vez, respondem à forma como são tratados. Esta influência
bidirecional pode ter efeitos duradouros no tipo de pessoa em que o bebé se tornará.
Assim, desde o princípio, as crianças influenciam as suas próprias vidas ao moldarem o
ambiente no qual se desenvolvem.
Processo de separação/individualização
A ansiedade de separação e ansiedade face a estranhos tendiam a ser consideradas
marcos emocionais e cognitivos, refletindo a vinculação à mãe. Contudo, a
investigação sugere que apesar da ansiedade face a estranhos e a ansiedade da
separação serem relativamente típicas, não são universais.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Quando a criança reage com ansiedade, agarra-se à sua mãe e chora no momento em
que tenta deixá-la, como se lhe estivessem a arrancar uma parte de si mesmo, é
preciso esperar uma melhor oportunidade e prepará-la adequadamente. No entanto, a
criança segura e confiante, que foi habituada a sair com os seus pais, não apresenta
nenhuma dificuldade e aceita como natural esta separação temporal.
Em muitas ocasiões, a grande maioria dos problemas que as crianças apresentam são
consequência de questões não resolvidas por parte dos pais. Assim, algumas mães não
têm consciência de que são elas que se agarram aos seus filhos, embora
aparentemente dêem impressão de que desejam levá-los para o jardim-de-infância. As
lágrimas e os gritos da criança surgem como resposta à ansiedade que percebe na sua
mãe.
Também se podem dar situações de sinal contrário, como as das mães que desejam
que os seus filhos se tornem mais velhos antes da devida altura, o que pode provocar
neles ansiedade ao terem a perceção de uma certa rejeição. As crianças têm grande
consciência das atitudes da mãe para com elas e podem entendê-las perfeitamente,
sem necessidade de palavras.
Contudo, mesmo nessa altura, um bebé pode reagir positivamente a uma pessoa
desconhecida, sobretudo se a mãe falar de um modo positivo sobre esta ou se a
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Quando a criança nunca esteve num lugar separado da sua mãe e na presença de
pessoas, até à altura, desconhecidas, convém pouco a pouco, visitar com ela o lugar,
levando-a esporadicamente antes de começar a frequentá-lo de forma regular.
Quanto mais familiarizada se encontra uma criança com as pessoas e os lugares com
os quais entra em contacto, mais segura se sente e mais livremente pode desfrutar,
explorando o ambiente que a rodeia.
9.2.Entrada no grupo
Começo do grupo
As crianças gostam de estar juntas e são tolerantesumas para as outras. Podem dizer
algumas palavras, oferecer e tirar os brinquedos, mas raramente se zangam. Mesmo
que uma criança bata noutra, pouco depois começam a brincar.
Pouco depois dos 2 anos, na sua maioria, as crianças começam a interagir e a brincar
umas com as outras. Podem, por exemplo, reunir-se num canto da casa ou junto à
lareira a brincar em grupo. Além disso, as conversas são simples e, muitas vezes, as
crianças fazem exatamente a mesma coisa.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
São agora menos tolerantesumas para as outras. Podem não partilhar o que lhes
pertence e, se lhes tirarem um brinquedo, protestam. Podem bater, dar pontapés e
morder umas nas outras. Deste modo, a prendem a interagir e a provocar reações.
As crianças fazem amigos tal como os adultos. Se são eficientes, aproximam-se dos
estranhos com toda a abertura; as que são menos hábeis rondam a brincadeira até
que alguém vá ao seu encontro. Na fase em que se formam grupos de crianças em
torno de uma atividade, a entrada num grupo é relativamente simples.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Mais tarde, isto torna-se mais fácil. Quando todos estão envolvidos em determinadas
atividades, um corpo estranho perturba. Quando as crianças desempenham vários
papéis, qualquer outra que entre no jogo tem de conseguir um papel que seja
aceitável para as outras. As crianças menos populares podem ser excluídas.
Estudos realizados neste domínio permitem concluir que as crianças populares são:
• Amigáveis. As crianças gostam daquelas que as arrastam para uma
brincadeira.
• Extrovertidas. As crianças sociáveis são mais populares do que as tímidas; as
crianças que falam sempre e que nunca ouvem não são populares.
• Brilhantes. A inteligência ajuda a criança a compreender rapidamente
qualquer coisa e explicar os pormenores às outras.
• Hábeis. Os talentos específicos são sempre admirados.
• Atraentes. Quanto mais imponente é o físico de uma criança, mais ela é
admirada pelos seus pares.
Cooperação e a autonomia
A independência dá confiança e autoestima às crianças. “Eu posso” soa melhor do que
“eu não posso”, sobretudo quando mais alguém pode.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Para ser independente, uma criança tem de saber cuidar de si própria nos aspectos
básicos: comer, vestir-se, servir-se da casa de banho e lavar-se. Mais importante
ainda, tem de conseguir motivar-se para a ação, seja qual for a tarefa.
Uma criança que sabe vestir as calças, mas só o faz quando lho dizem, continua a
depender de si. Se você permitir que este tipo de dependência impregne todos os atos
da criança, a vida dela longe de si será difícil. Nem os professores nem as outras
crianças têm tempo para organizar todos os atos dela.
Entrar na escola significa que uma criança tem de passar a maior parte do dia sem as
interações a dois a que está habituada em casa. Se ela tem de se repartir alegremente
entre a casa e a escola, tem de conseguir inserir-se num grupo maior e ser capaz de
continuar uma atividade quando não é o centro das atenções. Deve ter a competência
necessária apara pedir o que precisa, confiança pessoal para tentar qualquer coisa
mesmo que seja difícil e ego para enfrentar as críticas.
Faz parte da independência de uma criança que se sabe vestir, ir à casa de banho
sozinha e vestir o casaco e calçar os sapatos na escola. Se não o fizer, os amigos
olharão para ela como se fosse um bebé. O facto de ela saber vestir-se reduz o
trabalho da mãe, da educadora e do pessoal auxiliar.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
As crianças não percebem a diferença que existe entre trabalho e brincadeira; o que
lhes interessa é saber se uma tarefa é divertida. Tal como os trabalhos escolares, as
atividades de ajuda devem ter uma estrutura e um objetivo. Estimulam a criança a
fazer planos. “Ajudar” envolve uma sequência de atividades que começam pelo
princípio e se encaminham para um determinado fim.
9.3.Criança e o adulto
Os juízos e os atos que têm lugar no seio da família não devem criar diferenças
significativas nem demarcar-se excessivamente em relação aos parâmetros sociais
vigentes; gerar-se-ia uma duplicidade e controvérsia prejudiciais nos critérios
educacionais básicos.
A influência exercida pelo núcleo familiar condiciona, facilita e pode mesmo alterar o
desenvolvimento da criança. No seio da família verifica-se a primeira aprendizagem dos
valores essenciais e travam-se relações afetivas indispensáveis no amadurecimento
global do indivíduo.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Como consequência, pode afirmar-se que a educação compete ao mesmo tempo a pais
e educadores. Há, portanto, necessidade de uma estreita colaboração, que se reflita
em ações conjuntas e coordenadas.
A assistência às crianças nos seus primeiros anos de vida fora do âmbito familiar está
ligada às mudanças de hábitos de vida da sociedade, como consequência da revolução
industrial. O conceito de assistência educativa intencional é mais recente. Há, contudo,
uma oposição de critérios na opinião da sociedade em relação às instituições
responsáveis pelas primeiras fases do sistema educativo.
Os centros que recebem as crianças dos 3 meses aos 5 anos satisfazem, em primeiro
lugar, as necessidades fundamentais, de forma a permitirem o correto
desenvolvimento do indivíduo, pois parte-se do princípio que, até à fase compreendida
entre os 6 e os 12 anos, os modelos de aquisição e aprendizagem variam muito. Este
falso raciocínio deriva da diminuta importância que há já muito tempo a sociedade
atribui a esta fase da vida.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
Embora continue a ser uma fase não obrigatória, o facto de se definirem quer os
ensinamentos e as competências próprias deste período quer as características
académicas e profissionais dos educadores e dos centros implicados nesta tarefa
reforça a nível social e importância da educação durante os primeiros anos de vida da
criança.
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Acompanhamento de crianças: desenvolvimento infantil
desenvolvimento são baseadas no conhecimento que o adulto tem das crianças; nas
expectativas do comportamento adequado à idade; na consciência que os adultos
devem ter da existência de diferenças individuais entre as crianças.
Resumindo, os adultos são sempre responsáveis por todas as crianças a seu cargo e
planeiam a sua progressiva independência à medida que elas vão adquirindo
competências.
Os adultos devem vigiar e prestar atenção constante e de perto a cada criança com
idade inferior a 3 anos. Devem estar perto para pegar nos bebés quando estes
acordam, segurar uma criança de 1 ano que está a trepar antes que ela caia, estar
consciente de cada movimento de uma criança de 2 anos e estarem suficientemente
perto para oferecer outro brinquedo quando uma criança de 2 anos tem dificuldades
em partilhar.
Os adultos devem ser sempre responsáveis pelas crianças entre os 3 e os 5 anos, num
meio suficientemente aberto que permita tal responsabilização. As crianças com idade
superior a 5 anos podem, numa base individual, ser julgadas suficientemente maduras
para deixar a sala de aula e fazer um recado dentro do edifício. Isto só deve acontecer
com a autorização e conhecimento específico do adulto.
Deve haver cuidadosa e aturada supervisão das zonas de jogo ao ar livre, e ordens que
exijam que os adultos que fazem uma visita passem pela secretaria antes de entrar
nas áreas das crianças. Uma constante vigilância por parte do adulto é necessária com
crianças entre os 0 e os 8 anos. Não deve ser dada a responsabilidade às crianças de
se protegerem dos adultos.
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Bibliografia
Fachada, Maria Odete, Psicologia das relações interpessoais, Edições Sílabo, 2010
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