Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
F in a
im p re s s ã o a d u a s c o r e s em p a p el bouffant esp ecia l. F o r
m a to in -16. A d m ir á v e is tra d u çõ e s. E d iç õ e s ilu stra d a s.
R U B A IY A T , de O m a r K h á y y á m
T r a d u ç ã o de Octavio Tarquinio de Sousa
*' O J A R D I M D A S C A R ÍC IA S , de F r a n z T o u s s a i n t
T ra d u cíio de AdaUiisa Nerv
O C Â N T IC O D O S C Â N T IC O S , a trib u íd o a SAt.OMÃo
T r a d u ç ã o de Augusto Frederico Sciinudt
O “ G I T A N J A L I ” , de R a b i n d r a n a t h T a g o r e
T r a d u ç ã o de Guilherme de Almeida
O J A R D I N E I R O , d e R a b in d r a n a t h T agore
T r a d u ç ã o de Guilherme de Almeida
A L U A C R E S C E N T E , de R a b i n d r a n a t h T a g o r e
T r a d u ç ã o de Abgar Renault
A F L A U T A D E J A D E , de F r a n z T o u s s a i n t
T r a d u ç ã o de Mauro de Freitas
; O A M O R D E B I L I T I S , de P ie r r e L o u y s
T r a d u ç ã o de Guilherme de Almeida
O S G A Z É IS , de H a p iz
T r a d u ç ã o de Aurélio Buarque de Hollanda
i O J A R D IM D A S R O SA S, de Saadi
T r a d u ç ã o de Aurélio Buarque de Hollanda
O L I V R O D E JO B
T r a d u ç ã o de Lucio Cardoso
NALA E DAM AYANTI
T r a d u ç ã o de Luis Jardim
A R O N D A D A S E S T A Ç Õ E S , de K a l i d a s a
T r a d u ç ã o de Lucio Cardoso
O V E N T O D A N O IT E , de E m i l y B r o n t e
T r a d u ç ã o de Lucio Cardoso
Ilu s tr a ç õ e s de Santa Rosa
A S P O M B A S D O S M I N A R E T E S , de F r a n z T o u s s a i n t
T r a d u ç ã o de Aurélio Buarque de Hollanda
O C A N C IO N E IR O D E P E T R A R C A
T r a d u ç ã o de Jamil Almansur Haddad
C O L H E I T A D E F R U T O S , de R a b i n d r a n a t h T agore
T r a d u ç ã o de Abgar Renault
C A N T O S de W a l t W h i t m a n
T r a d u ç ã o de Oswaldinn Marques
In tr o d u ç ã o de Annibal M. Machado
V IN H O , V I D A E A M O R , de H a f i z e S a a d i
T r a d u ç ã o de Aurélio Buarque de Hollanda
P Á S S A R O S P E R D ID O S , de R a b i n d r a n a t h T a g o r e
T r a d u ç ã o de Ahgar Renault
A S P A L A V R A S DO B U D D H A
T r a d u ç ã o de Guilherme de Almeida
P O E M A S D E A M O R , de A m a r u
T r a d u ç ã o de Aurélio Buarque de Hollanda
A G R I N A L D A D E A F R O D I T E , de A . F e r d i n a n d H e ro ld
T r a d u ç ã o de Valdemar Cavalcanti
N I E T Z S C H I A N A (A n to lo g ia de tô d a a o b ra d e N ie tz s c h e )
T r a d u ç ã o de Alberto Ramos
P r e fá c io de Agrippino Grieco
P E Q U E N O S P O E M A S E M P R O S A , de C h a r l e s B a u d e l a ir e
T r a d u ç ã o de Aurélio Buarque de Hollanda
E C L E S IA S T E S , a tr ib u íd o a S a l o m ã o
T r a d u ç ã o d o P a d r e Antonio Pereira de Figueiredo
P r e fá c io de Tristão de Athayde
P R O V É R B IO S , a tr ib u íd o a S a l o m ã o
T r a d u ç ã o do P a d r e Antonio Pereira de Figueiredo
P r e fá c io d e Tristão de Athayde
SALM OS, de D avi
T r a d u ç ã o d o P a d r e Antonio Pereira de Figueiredo
Volume extra-coleção :
C A N C IO N E IR O DO AM OR (A s mais, belas poesias da
literatura brasileira)
S e le çã o e n o ta s b io -b ib lio g r á fic a s de Wilson Lousada
B A U D E L A I R E — FLORES DO MAL
T ra d u çã o , s e le çã o e n o ta s de Guilherme de Almeida
Ilu s tr a ç õ e s de Q u irin o
POEMAS DE AMOR
A U R É L IO B U A R Q U E D E H O L L A N D A :
Treduções :
A M A R U
Poemas de Amor
Tradução de
'k
1949
Livraria JOSÉ OLYM PIO Editora
Ouvidor, 110, RIO — Gusmões, 104, S. PAULO
; -Æ
■■
». r^C'V'i
AS AUGUSTAS DEVASTAÇÕES
DO AMOR
9
<>r
<
A INJUSTIÇA ^
O amor que me tens, ó Gayatri, ^
é mais inconstante, menos firm e, do
que 0 reflexo de nma palmeira na
água de um lago stdcado de barcos. *
M as 0 lago torna-se um espelho ^
depois que todos os barcos se afastam <
— e 0 teu coração ainda fica descon- (
fiado depois que me perdoas.
,!îl.
CARTA
Escrevo-te à lus da Lua. M i
nhas amigas me chamaram, mas eu
quis ficar aqui, neste quarto, onde tu
estás sempre. E ainda ch oro. . . Para
esquecer minha mágoa, contemplei o
jardim banhado pela brisa. A som
bra de uma folha de bambu traçava
na areia asul uma palavra desconhe
cida, que devia ser o teu n om e. . .
10
r <-
» O ESFÔRÇO INÚTIL
>> Quando cie me fita, ponho-me a
> contemplar a flor ou a amiga que se
acha ao pé de mim. O
Quando sua voz melodiosa me
suplica, logo os meus ouvidos zum-
byem, e não lhe ouço mais a voz li
>> sonjeira.
>> Quando um frêm ito involuntário
7ne agita, murmuro: — ^'Como faz
ò
frio aqui!’^
>>
Quando minhas faces se rubori
o9 zam, escondo-as sem demora sob as
O
9
mãos trêmulas. ..
O M as então, ó doces companheiras,
9
>> A FÔRÇA
11
V*
aÉMi
T
O TENTADOR <1
<
— Tenho medo de sentir muito
calor, meu doce amigo!
O
— Minha casa está situada à bei
ra de um regato, e é banhada de uma 0
frescura eterna. «
— Se eu fô r a tua casa, alguém
me verá, meu doce amigo!
<<
— Minha casa fica na floresda.
Somente as orquídeas te veriam pas
sar . ,. 0«
— A orquídea o diria à abelha, «
e a abelha o diria ao papagaio^ que 0
tudo repete!
— Depois de haver es passado, «
as orquídeas permaneceríam muito «
tempo mudas de êxta se. . . o
«
12
•( ,t
" \ y '\ y ’ \ y ’ \^ '\ y
A CHUVA
d chuva, eu te agradeço! 0
vestido dela aderia-lhe ao corpo, e o
tecido espelhante de água desenhava-
lhe as form as p e r fe ita s ... Estavas
como nua, Sanabavi! Mas os teus
pequenos seios frem entes, quem os
aqueceu, quando o arco-íris desabro
chou?
13
H-I
A TROCA DO PRAZER
íf
Extenuada, mas ardente ainda,
■tua amiga volve para ti os belos olhos
circulados do arrebique asul da v o
lúpia. Tem a cabeleira esparsa, numa
adorável desordem; um orvalho de
suor perfumado lhe emperla as têm
poras, e os seus braços te r e tê m ...
D ize-m e: que pedes mais aos
D euses?
ííiiMi; A DISPUTA
— Então, tu lhe tens amor?
— Precisamente.
— Ignoras que eu também o
■amo?
— Desconfiava d is s o ... Mas,
assim, somos duas a amá-lo, e, mor
rendo uma de nós, êle não ficará sem
.amante.
14
iiJii
— T u . . . morrer l — exclama
logo Ampati, sem conseguir reter as
lágrimas.
— Quem sabe?
— Ó Sadahi, lu2 dos meus olhos,
então não compreendeste que eu te
amo e que sou ciumenta?
A JURA
A INUNDAÇÃO
15
’ V /• •vx *V /•V/•> /’ \y *V/ \y » ^
o HONROSO DESESPÊRO
►>
Êle está sentado junto a ela, no
mesmo sofá, e dirige-lhe ternas pa
lavras. Ela, porém, torce o rosto, e
0 injuria.
P or fim , exasperado, êle se cala.
Então a" bela caprichosa, julgando-se
ofendida com êste silêncio, pousa do-
16
cemente a fronte no ombro do ama-
>> do, e soluça.
)>
o»
AS NOITES
17
i
milha a palmeira, e a linha do sen
colo é incomparável.
Já tem os seios intumescidos da
doce ambrosia que correrá para as
libações do sacrifício do A m o r . . .
A PAZ
A FACEIRICE
18
ã
■V /*\y •s / •V /* *\ /•N/• ^ ■\/ • »
<c*
— Adorm eceste?
— Qual adormecer! Levanteu
me logo a seguir. Quebrei um ramo
de dadali, e com a seiva enrubesci
os lábios; depois azulei as pálpebras
oom o suco da ameixa silvestre.
Enfim, polvilhei os seios com o pó
len do imenso nelumbo que perfu
mava o nos^o esconderijo.
O GUARDA
19
>>
>>
>> A RESPOSTA INESPERADA
o — Êsses olhos lânguidos, úmi
> dos de amor, que se fecham e se en
> treabrem como as asas de uma pomba
> apaixonada, êsses olhos que dizem
> tão eloquentemente tudo o que se
passa em tua alma, em que feliz m or
tal irás fitá-los f
— Naquele que me falar de meu
amado. . .
:; F: i
/s/\^
» ><
•' •;%<
‘i 20
I'
E
i’ ' .'■
)'iS"
h*’ .i[ ri
«II
A HOSPITALIDADE
A NOTÍCIA DESOLADORA
— Dize-me, querida. . , A qu e
le amante insolente que eu enxotei
num momento de furor e que teve a
audácia de ir-se embora logo, que devo
fazer, se êle voltarf Estou certa de
que cometerá nova fa lta . . .
— Êle é bonito?
— É muito bonito.
21
— Gostas dele?
— Gosto das suas carícias.
— Procura atraí-lo ao teu quarto,,
e num instante será esquecida, de li íI
?;
parte a parte, a desavença. Mas'
como se chama êlef Eu poderia ser
a intermediária.. .
— Não digas o seu nome a nin
g u é m ... Chama-se Sumitrá.
— Céus! É 0 meu amante..
OS ESFORÇOS
A MANHÃ
A ÁGUIA
O INSTANTE SECRETO
24
o TRIUNFO
Com os seios amarfanhados^ a
cabeleira em desordem, os olhos cer
rados, as pernas e os braços ainda
trêmulos de voliipia, ela me pede,
numa vos; ofegante: — ''P or fa v or!
acaba. . . Não posso m ais!” E o
seu silêncio se eterniza.
Estará morta, ou simplesmente
adormecida? Estará absorta em deli
ciosa meditação, ou pensará em outro?
O TIÇÃO CONSAGRADO
L>.C.
1
V/ V/
O ESPANTO LEGÍTIMO %
c<
Ainda tremida e cheia de vergo o
nha das carícias do amado, a noiva,
<(
de olhos descidos, mal pode contar
às servas como o traidor, fingindo «
îH
i^
‘ n/ ‘ V/*N/* V/ '%✓ ‘NX
A ALTIVEZ
A s lágrimas, as recriminações, as
mais tornas instâncias, as preces:
tais são os meios que as outras mu
lheres empregam para reter o espo
so prestes a abandoná-las. 0 ’ senhor
supremo da minha vida, por mim,
apenas te digo: — Possa o destino
conceder-te dias felizes, longe de
m im . . . Vai!- Mas em breve sentirás
saudade do meu amor, este amor que
não mais iluminará tua vida.
27
18
iI
i '*■ i
A ASTÚCIA
A VISÃO
— Os galos já cantaram?
— Dorme. A noite ainda é azul.
— Não dormi. Tinha os olhos
5ÍÍ fechados, mas o espirito velava e belas
imag0ns desfilavam sob as minhas
Ji' '■ pálpebras...
28
— Que é que tu vias, bem-
amada?
— Entre as palmeiras de Rami,
uma casinha, branca de jasmins, e
na casinha, eu e tu, felis;es.
RUDRÁ
A CONVERSA INTERROMPIDA
29
k‘ *» •V /' •\y *\ /
O ARREPENDIMENTO «
<<
seus quando êle me pedia com tanto
ardor um simples beijo? P or que «
A FIDELIDADE «
ô
— Coitadinha.. . Sacrificas os C(
preciosos instantes da tua vida a um o
/ N . . A . -A.
unico ciifidiitc, que talvez fieiii te seia
fiel! Vamos, minha querida, um pouco
de ânim o. . . Para quê te orgulhares
de uma fidelidade a toda prova?
Queres que eu te faça conhecer outro
lindo rapaz?
— Cala-te! — exclama Baladiva,
assustada. — O senhor da minha vida
tá repousa, no meu coração, e vai
ouvir as tuas palavras!
A RECONCILIAÇÃO
Satisfeita de haver gravado em
minhas faces as marcas de suas
unhas, ela fugiu-me dos braços, lan
çando-me um olhar furioso.
— Aonde vais? — perguntei-lhe,
segurando-a pela túnica. ..
— D eixa-m e! — respondeu ela,
com os olhos cheios de lágrimas.
A h ! as encantadoras injúrias que
me dirigiu, jamais poderei esquecê-las,
31
3
Lr’ 'S
A DECISÃO FRÁGIL
O INVERNO
32
\y * \ y • • v y • V /*
< c-
bre 0 leito e dirijo suplicas a Matha,
0 Deus dos sonhos dourados. Prom e
to-lhe oferendas, sacrifícios. Em vão:
ítão sonho jamais com Sirihari.. .
Quando a tormenta sacode as pa
redes da minha casinha, quedo-me a
escutar o nome de Sirihari, que o ven
to pronuncia ao passar pelos bambus :l .1
do meu jardim.
A TIMIDEZ
Saúda-me com solene lentidão, e
oculta os pequeninos pés sob a franja
do vestido. Toma do leque, e observa
com atenção as flores pintadas que
0 matizam. Se acaricio a sua gazela
domesticada, ela se põe a alisar as
penas do seu papagaio. Se me arris
co a falar, logo ela interroga uma de
suas servas. . .
Mas eu gozo mil delícias com
a sua timidez.
ss
tí «W
>} A RESOLUÇÃO
A EXPERIÊNCIA
34
Í Í
1„
E faço-m e de c r u e l,. .
— 0 quê! será que o insolente
não me vai fa la rf”
E ela se faz de zangada.
E eis-nos assim, os> dois, amuados, );I:
■l‘ ■
de olhos baixos. . . eu, sorrindo com
um sorriso afetado; ela, derramando
lágrimas verdadeiras que em breve
triunfarão do meu fingido rigor.
ii
A COLHEITA DOS FIGOS
1í •
— Que lindo fig o !
— Onde?
— N ão podes v ê-lo , . . Que
lindo fig o !
— Afinal, onde está êle?
— Entre dois ram os. . .
'•liil
— P o r aqui?
— Não.
— A lif
— Também não.
— Acim a? A baixo?
kV.
/ s/ sy ,^
35
— A h a ix o . . , 'mas não te m exas!
— Vem colhê-lo, vem !
— Espera. Eu su bo. . .
— A h ! m iserável... Mamãe?
m am ãe?. . .
I
— Que é que há, jilhinha?
— N a d a ... n a d a ... Estive a
ponto de cair.
— Como ela è fria, ó Sandati!
O CONSELHO INTERESSADO
36
J-
v/sy
v/>>>yvy\/\>x/v/Ny
\ y
\ x \ > ^ s/.
* ^ * \ /* ^ * ^ * ^ * v /* ^
N y * > y * v / * \ y
0 INVENCÍVEL AMOR
O diadema de ouro do Dvidja
€Ínge-lhe a fronte, êle possui trinta
elefantes e cem fâmulos, seu palácio
s<e eleva na encosta do Tchandana —
€, no entanto, êle chora, esta noite,
como um lavrador de arroz que vê
a sua colheita destruída pela inun
dação.
Ó Kritavyma, ó senhor de trinta
elefantes e de cem fâmulos, tua ri
queza e teu poder — hem o vês —
não intimidam o Am or. A s frechas
e as tchacras dos teus guerreiros não
teriam nenhum poder contra êle. ..
D eixa correr as tuas lágrimas.
O PERDÃO
Êle me ofendeu, bem o sei. Êle
não fa z outra coisa senão mentir^
'bem 0 s-ei. Mas quando êle implora
37
‘ *V/*sy * *V/• •V /*^ ^ ^
MAHADEVI
O CAÇADOR
S8
X ^ 'X /X ^ 'V /
— Exatamente.
— Ó meu irmão! meu irmão!
ela respondeu à tua proposta?
— Para que me vieste interrom
per! Saherias que fu i cortar-lhe jun
cos. . . Agora, não me podes mais
acreditar!
O CISNE
39
\ /*\ /*\ /*\ /*\ / >•yy’
x . sy
\ y X/
v .X ‘
<c-
dar da realidade. Ó Sarmitcha, não
me repitas outra vez que me amas,
e não me mostres mais o cusà vene
rado!
H1NO AO FOQO
Ó Tu, 0 Deus mais poderoso
depois de Indra! Ó Tu, febre da
Í.: ' J; Natureza! Ó Tu, que fazes libações
de soma, ó Agni, Agni, A g n i! Ó
Tu, que jorras da montanha coberta
de neve! Ó Tu, que emanas dos as
iiS: tros, em bólides resplandecentes! ó
Tu, que bailas sobre os açudes, em
mil lótus de luz! Ó Tu, que torces o
ferro como se fôra junco! Ó Tu, o
rival de Brama que cria e de Siva que
destrói, ó Agni, Luz e Calor, ó A g n i!
L-ÍS Ó Tu, que flamejas no sangue do
■ ' dançarino apaixonado e no sangue da
gazela que o caçador persegue! Ó
Tu, que convulsionas os braços dos
sh;
■
! .1
40
i:'n>
' ' V / • N / •V / * •N /• ^ ^
<<•
amantes que se enlaçam, ó Agni, Agni, «
A gni!
0 ENCONTRO
Ela veio, apesar da chuva. Se
tu visses, ó Matraya, as gotinhas
d’água que tombavam das flores de
caclamba que ornavam os cabelos
dela. .. Brilhavam-lhe sobre os seios
como as pérolas de um colar!
A DÚVIDA I
41
V/ \y \/ ^
<0
W — Muito bem. M as por que
choras?
— Ingrata! que sou eu para ti?
dize-m e!
— A amiga mais qu erid a...
— Não, eu não sou a tua amiga
mais querida, e esta é a causa das
minhas lágrimas!
A PUNIÇÃO
42
iíÉíl
\;
A DESORDEM MATINAL
43
c
T
A.
A AMBROSIA
Se, no momento em que ela te
repelia, tu tiveste a habilidade de Ihe
tomar os lábios e neles deixar o ves
tígio de um beijo apaixonado, podes
vctngloriar-te, ó felicíssimo mortal, de
haver saboreado essa ambrosia que
os demises enganados inutilmente pe
diram às ondas tumultuosas do mar.
A MORTE !
44
A ESCRAVIDÃO
A ESPERA
45
Í : - M
O MISTÉRIO
Bhavani e Pritha cochicham. . .
Que conversam elas? D e súbito, Pri íl
tha se põe a c o r r e r ... Aonde vai?
Já não se ouvem os guizos dos seus kï
:ki|l !
braceletes.
Olhai, lá adiante. . . Duas mo
ças arranham mútuamente o rosto, e
um rapaz despetala uma flor.
íiíit
i'î’l
1
IjfíÍ ;i';si
O SEMBLANTE DO AMOR
1|!|:í Esta manhã, o semblante dou
t 11;í.i;;
rado do A m or luzia entre as< folhas
de uma jovem bananeira.
46
— Bom dia, algoz da minha vida!
— ex cla m ei...
E Hamita nie respondeu a rir:
— Eli ia-te dizer a mesma
coisa. . .
A MORTE DELICIOSA
47
»>
X /’ V /•\ /*vy *V /• \y \y
A FELICIDADE
48
> V/ ^ V ' ^ • V *V • V
»
a 7ioite, já não sabíamos se eram os
seus olhos, ou se as estrelas, que ilu
minavam 0 rio.
A IMPOSSÍVEL RESTITUIÇÃO
A CONFIDÊNCIA DIFÍCIL
O. O . O. .
49
riso que ela conserva, tudo as pertur
ba e as> entristece.
P or fim, Nahucha se anima a
perguntar:
— Então, tinhas razão de chorar,
ontem à noite?
— Minhas queridas companhei
ras — responde Davayani — a flor
do bilva fecha as pétalas depois que
a borboleta a 'visita... ,Dir-vos-ei
somente que fui uma tola em chorar.
OS SOLUÇOS
A BELA CANÇÃO
50
;4
c|
Jï
V /• vy •\>* \/* \ /’ \y II
OS MENSAGEIROS
Onde estás? Que fazes? Aqui,
desde a tua partida, ninguém ousa
mais falar-me de ti, mas eu digo o
teu nome ao vento que passa e ao
doente que morre. Se estás morta,
o doente que morre irá contar-te que
eu não te esqueço. .. Se estás viva,
minha bem-amada, o vento que passa
te encontrará!
»
» O ULTRAJE
y
Agora mesmo êle a preveniu de
•>
que vai ahandonâ-la, porque ama outra
>y
9 midher. E sabes porque ela soluça?
>y Porque êle partiu sem felicitá-la pelo
> seu novo penteado!
>>
A CÓLERA INOPORTUNA
>>
Seu marido acaba de cometer
>y
uma leve falta. E logo ela se lembra
>>
»
dos pérfidos conselhos que as servas
>
lhe dão a cada instante e, cedendo
»>
à Índole violenta, voa no encalço do
>
« infeliz.
•>
Julga amedrontá-lo, mas não con
»
segue senão fazê-lo evocar a inalte
►>
rável doçura de certa moça de quem
>
êle em breve será o amante.
»>
o MAR
't â
P o r que não tens pena do meu
amor? Não vês que as estrelas se
dignam de mirar-se no mar?
O POEMA
O CAMINHO DO DEVER
. /N.
53
1 íf
rill i
A UMA JOVEM
's
Não conceder mais do que um
beijo ao amante que se consome de
desejo é coisa tão perigosa quanto
«
dar um grão de milho ao elefante
esfomeado.
O elefante, raivoso, pode-te es
11'i I
coicear. O amante, despeitado, pode
ilili'^i procurar esquecer-te.
■m :
A FRANQUEZA
— Tu a conheces, então, peque
na M ahiváf
— Um p o u c o ...
— Escuta: queres dizer-lhe que
a amo?
— E que meiisf :
— Não s e i . .. Que a amo, e
que gostaria que ela viesse ter comigo,
Ml esta noite, atrás do templo.
ÎLÏ
54
— A h ! para fazer o qiiê?
— Nada. Apanharemos vaga-
lumes. . .
— Ela tem medo.
— Então, nos banharemos no^
Açude S a g ra d o ...
— Ela iião sabe nadar.
— Eu lhe ensinaria. . .
— É só 0 que lhe queres ensinar?'
— Que é que ela ignora?
— Evidentemente, não muita-
coisa. .. Mas, dize-me, será que teu
amante te obrigou a apanhar vaga-
lumes, no primeiro encontro contigo?'
— És bem curiosa!
— Sinto muito, mas, se o per
mites, Tchaturica não irá encontrar-se
contigo atrás do tem plo. . . A esscr m
hora, todas as noites, ela me repete^
que os meus beijos sempre lhe bas ■ã
tarão.
55
APENAS UMA M A N H A ...
>>
Aurora, a floresta te aprisionava!
>> Os troncos das árvores eram as ver O
>> gas da tua gaiola. .. Aurora, para ti
as fontes cantavam um canto mais
alegre! Para ti os musgos se haviam
t
toi'htado mais brandos. .. Mas tu
partiste! Partiste inundando de luz
>> a tua gaiola!
Ò E eu penso em Mahadahi, que
me amou apenas uma m an h ã...
o
>>
9
AS DUAS AMIGAS <,
>
> Ela insistira comigo ternamente:
9
O AMOR
O SONO INTERROMPIDO
— Quem é f
— Sou eu, que há muito tempo
bato à tua p o r ta ...
— Como te chamas?
— Mahadeva. Bem que reco-
nheces a minha voz. . .
— A h ! pois eu estava sonhando
contigo, agora mesmo!
— Agradece aos Deuses. Aqui
Hi '
estou e u . ..
'ii-V — Não deves entrar. M eu belo
sonho me basta.
A VENDEDORA DE JASMINS
1
58
I ' P ’' ! i
& 'll. li
> • 11
w m ■ jf -!-
■ m
!JB
' •JvVíír
l ^
il,.il:
\y. \y^\y ’ \y ■A-'
A PARTIDA
59
yy \y
< c-
exércitos de Richi! Ó tu, que viste «
a luz do dia no mais encantador dos
O
jardins, o jardim de Lumbini, eter
namente rumorejante de abelhas! «
Grande árvore da Ciência, eternamen O#
te res^peitada pelos mortais e Ipelos
íIí:i Deuses! Ó tu, o mais doce dos sa c
bores! Ô meu esposo, de lábios pur
púreos como a açofeifa, de dentes
brilhantes como a geada, de olhos de 4
A IMPRUDÊNCIA
O DOENTE
61
' ij'
SOB A ÁRVORE
Uma nuvem negra, imensa, in-
‘vadiu 0 céu. A escuridão é quase
absoluta. A o longe, o carro do tro-
-vão rola com estrondo sobre as nu-
•vens. A chuva! Vem -te refugiar
sob a minha árvore, Dahadcãi. .. Se
<assim te falo, é por causa dessa tua
túnica nova e, sobretudo, déss£ pássaro
que saltita em minha árvore. A té
.hoje êle ainda não viu — bem o sabes
62
— um rapas e uma moça não se
aproveitarem de uma tempestade. . .
— A i de mim! Não posso dei-
A'ar de obedecer-te. . .
Discreto, o pássaro voou.
A MENTIRA
0 ungüento das tuas faces está
intacto, 0 pó de açafrão não te caiu
■dos seios, 0 hinnah dos teus olhos não
se deliu, o cosmético não se diluiu
sôbre o coxim dos teus lábios. P or
que me dizes que acabas de amarf
Teu esposo, ó bela indolente, seria
^então alguma criOnçaf
A ALCOVITEIRA FEIA
— Êle possui oinqüenta reba
nhos. Tem o rosto oval como a amei
xa de Asauka, e um corpo incom-
-> >
/N ./V ./N .
6S
.5
N V
_jï. '
>> << ■ 1
>> parável. Quando sai do lago onde se' CO
banha todas as tardes, faz pensar na
>> P l
Lua emergindo da n o it e ... Vamosf
» decide-te! 1
» — Tens pressa? 1
>
é
A BONECA DE FÔLHAS
>
> Recordas-te do tempo em que-
fazias- bonecas com folhas molhadas?
»#
Em vão as acalentavas: elas chora
•>
vam sempre. Uma vez, eu te havia
O aconselhado a expores a tua boneca:
» ao sol. ..
T-
O RAMALHETE
Ela pusera à cinta boninas- cujas
pétalas se haviam fechado bem cedo.
— Que aconteceu? < — pergun
tou-me.
— P or que olhaste essas flores
com os teus grandes olhos negros?
— respondi-lhe. — • Elas acreditaram
que era a n o it e ...
O ÊXTASE
Não foles mais! Tuas palavras
amorosas nada acrescentam à minha
65
^A» '
>
> felicidade. Não fales mais! Só peço
> que te sentes à luz deste raio de
> sol. . .
p
> Como extinguir a chama do amor
> que arde até no pólen do lótus reco
> berto é e água, até na essência do
I
sãndalo e nas gotas de orvalho que
>
escorrem dos< raios gelados da Lua?
» tll;"
o CABRITO
»
— Estava-te procu rand o..,
— Estou aqui há um bocado de
o tem po!
» — Desculpa-me! Um dos meus
cabritos tinha fu g id o . . .
— Não mintas! Eu te v i . . .
Estavas com Madadari.
— Eu lhe perguntava se ela vira
0 meu cabrito.
— E fôste procurá-lo junto com
> ela?
t
— Fui.
>
» — Durou muito a procura?
>
» — Bastante.
>
»
— A h ! Então compreendo por
> que ela caminha com tanta dificulda
t
> de. .. Olha para ela!
»
>
>
» O AMANTE OUSADO
>
— Embora teu esposo ainda não
>
» tenha chegado, lá vem a doce n oite. . .
>
. O . /N. /N .
&
67
‘s/* V /*»• •V/•V /*\y • *\/*\/
t e i :
Morra eu ao despontar da aurora, se
desejo que o Sol reapareça! Nesta
o
noite divina, cada um volve o pensa
mento para o seu mais caro desejo:
0 caçador pensa em matar a gazela,
RaJiu em devorar a Lua, Siva em fid- <<
minar o Am or, e o A m or sonha su
plantar 0 esposo.
O ECLIPSE DA LUA «
<<
Cuidado, bela amiga! Entra de <<
pressa! É a hora do e c lip s e ... Se <<
0 ávido Rahu te avistasse, logo aban
donaria a Lua e se lançaria sobre ti.
O BEIJO DILACERANTE
c
— Pelas sessenta tetas da Deusa <<
Bhavatha, eu te ju ro! Outro dia, ele o
te enganou com Narayani. Eu os sur-
«
preendi. . . Ontem^ a pretexto de
•apalpar o tecido da minha túnica, ele
pegou-me nos seios. É como te digo.. .
pegou-me nos seios. E, como pareces
ainda estar duvidando, confesso-te,
envergonhada, que êle me beijou os
lábios esta manhã.
— Estás mentindo!
— Olha esta marca. ..
— Dá-me tua boca, Rohinil
A ABANDONADA
69
<<
Com as flÔ7'6s amarelas do algo
doeiro, as flores rubras da romãseira
«
e as alvas flôres da elematite, eu com
pusera, para Satahi, uma grinalda Ç
que ela ia pôr no colo de mármore <
do Deus Vidahya. O dia agonizava. <
Dentro da luz aveludada ela ia-se afas <
tando, e atrás dela uma ponta da sua
O
grinalda revolvia a poeira. Em breve
ela não era mais do que uma nau a
arrastar sobre o mar espumante a sua << •»
amarra despedaçada. ..
«
RAPARIGA APAIXONADA
A CHUVA PROPÍCIA
71
*S/ ‘ V / * \ / * > / * \ / >•yy
x *yy
v / . \\/y . x
<c-
o s PÁSSAROS
A QUEIXA DA AMANTE
. ?! :í
Que fog o me abrasa? P o r que
y; tenho a boca ressequida? P or que
está inquieto o meu coração? Que
■I. I ■■'
mal é este cujo remédio me é desco
nhecido? Cada novo amanhecer aviva
o meu secreto martírio: ainda não se
^ ergueu para mim esse outro Sol, cujos
I i! raios abrasariam a minha alma, este
M il'’' '
ipS:'
■■m 72
r^:
\y*
<<•
6'oZ olhos já não zfêem^
e que apenas conheço através das
tuas palavras, ó Pradyuinna!
A i de mim! ai de mim! Sinto-
me desfalecer. Êle não vem, aquele
por quem o meu sangue clama! Eu
dima comigo: — ‘'Eis a vida, esse
caminho juncado de lótus!. . D es
graçada que sou! N este caminho não
encontrei senão a serpente do amor,
de dentes cr u éis..,
O’ Lua! serão teus raios gelados
que me acendem no seio esta chama
devoradoraf Tu, ó brisa da tarde,
; frescura carregada de perftimes, tu me
incende.as como uma chama!
T rem o; turva-se-me a vista. . .
Vou morrer!
O ZÉFIRO
73
I
m
■V / • » • > / • V / •\ / •V / • \ y V / •X / ' \ / •> y •\y *v/ \/
A RECOMENDAÇÃO
A LAMENTÁVEL RESOLUÇÃO
— Tudo.
>> — Pensa hem! Ela deve ter tido
0 lima palavra de tristeza .. . N ós nos
0 ‘amávamos tanto! Ela hem sahe que
«
eu rompi com meu noivo, o ano pas
►> <<
sado, para conservá-la.. . A h ! pérfida
>> Sarmi! E sah es alguma coisa sôhre
•esse rapaz? É ciumento?
o — D esconfio que s im ...
>> — V ê a minha sorte! Mas, por
Sarasuati! eu o enganarei! E, se
>>
f ô r preciso, este punhal...
>
— Quem to deu, terrível Ba-
madhi?
>
» — Arrehatei-o a Sarmi, certa
> noite em que ela me queria matar.
>
»
>
'> O CANTO DA NOITE
•> Saí de casa para melhor ouvir
> aquele canto apaixonado que acari
ciava a campina. Era uma voz de
mulher, quente e grave, uma voz
75
li:li
' X /• •X /*s / ' N /• \y \À ^
A NOIVA
Quando escuto o seu nome^ inun
da-me um suor gelado, e minhas ser
vas são obrigadas a fazer-m e respirar
yani. Quando o avisto, não me posso
ter em pé e o sangue pára-me nas
veias.
O h! quando ele entrar no meu
quarto, o senhor da minha v id a !...
quando êle me estreitar amorosamente
ao coração, este resto de orgulho de xV
que me desvaneço num instante cairá
por terra.
O ROUXINOL E O PAVÃO
— P or que razão Matali, que é
tão belo, escreve tão maus versos f —
perguntou-me tima jovem .
76
'í':
s
J' i'll
A IMPRECAÇÃO
77
, J
■'S
<. H,
i
> Ó tu, que um dia cantarás este
> 'verso, procura saber por que razão
.eu suspirei ao escrevê-lo!
>
I
>
I
>
» O CANTO DA DANÇA
>
» Somos apenas três, mas somos
> iquatro, pois o A m or dança conosco!
> É noite já, porém os seios de
> Narani nos ilum inam ... A s lamba-
> nas fecharam suas pétalas, mas o há
»
78
Il- '
O MEIO
79
•V / ' V / * *V / *% ✓ *\y* x / * N / * v / ' V / ‘V / \y \x \/
if-
ou que não é invencível o exército <(
de Kamatrasu, e deixa que se exal
tent os nervos de teus companheiros. . .
Não tardará que seus gritos abalem
as m uralhas... Então, sem esperar
que eles vão às pancadas, fase sinal
ifli dançarina, passa com ela a sala
vizinha, e retorna antes do fim do
tumulto.
AS MOÇAS DO DAÇAPUR
OS ANÉIS
— Teu nom e?
— Vatravati.
— Es linda. . .
80
Pequenina e trêmula, ela sorria.
— Queres? . . . — perguntou êle.
Ela murmurou:
— Eu te am o. . .
Êle a conduziu. Vatravati era
leve como uma braçada de flores.
— Que é isso? Que é isso? —
gritaram os convivas. — Deixa-nos
Vatravati!
o Ela atirou-lhes os seus tépidos
anéis.
O BANHO
O IRREPARÁVEL
^ .o ./N
81
:
I Hl
s.
A PRECAUÇÃO
^'Tu estás no meu coração —
escreves-me, banalmente. Envio-te,
82
I
por intermédio de Gayatri, uma fôlha
de malica, de inefável aroma. Faze-a
deslizar da timica até o colo, para
que o seu perfume chegue ao teu co
ração e me embriague.
O DESPEITO
83
■■j>*
t
:
>>
A LUA DISCRETA
Ò
>>
*
A noite silenciosa os acariciava.
>> Suas mãos se estreitaram; depois as
>>
bocas... Só então a Lua surgiu no
céu.
>
>
> AS CABRAS
•>
— Minha mãe ainda não se le~
» vaniou... Se queres que eu te dê
►> esse beijo, apressa-te em transpor a
O sebe.
» — Bem vês que me é impossível
afastar estes ramos espinhosos! Já
r' .ÎÎ;V i>
\-r- ■i'T ;!
M
84
f.'y /
i
tenho as mãos a sangrar. .. Mas
espera! Aonde vais?
— Vou à procura das minhas
cabras.
— Tuas cabras?
— Sim. Desde ontem de noite
que elas não comem nada... Num
instante comerão estes ramos com s<eus
espinhos. Eu serei repreendida por
não as ter vigiado, mas em compen
sação terei o teu beijo.
O ROUXINOL
85
A FLOR DE LÓTUS .
O TEMPO
.0 .0 . o.o.o.o.o• o.o.o.<'>./^./^./^.
86
Mas eu não direi que o dia c belo
antes de \saher se estás fdegre ou
triste.
A VOLTA . ,ii
87
EU TE D IZ IA ...
«
A ALEGRIA
88
\ "
í!1
CANÇÃO DO OUTONO
89
•X / • • X / *\ y ' • s / • N / •\ y .V / V / . \vy . \ x .\ y v .:
V / \y \y ^
RUDRÁ
90
j
*N/'
A DOLOROSA RECORDAÇÃO
— E ele te d e u f. . .
—• Dois rebanhos, uma lira de
tartaruga, um espelho de prata.
— É muito pouco!
— É muito, pois êle me deu tam
bém o prazer. . .
— És jovem !
— Qíie culpa tenho eu se Devaká
só te deu uma cabra, e se da tua
noite não conservas mais' que uma
dolorosa recordação?
1
O REGATO
Um camelo que se dessedentava
num pântano engoliu uma pequenina
rã. Passado muito tempo, o dono
deste camelo, em viagem por um de
serto, estando a morrer de sede, ou
viu o canto da rãzinha cativa. Prestí
gio do amor! Logo esqueceu o sofri
mento e acreditou-se transportado à
91
yy\ys/sc
vy ’ V /*\ /*\ / *\ / *\ /•\ /•^ *^ *>/• \ / V/ \y \y y \
<0
beira do regato de Napaii, onde sua 0
amada costumava encher o cântaro. c<
<<
O COLAR <(
<<
Vede como o Oriente das suas c
pérolas lhe banha de lus os s<eios!
<
Vede como os seus seios lhe aque~
cem 0 colar!
Se é tal 0 apanágio de uma sim
«
ples jóia, qual não será o meu quando
ela me abrir os braços?
«
<<
A RENÚNCIA <<
«
If
1. ;^v- 92
t
yysryysc
banha, aqui, todas as coisas, corre
sobre minha alma à 'feição de um
mel que o Sol houvesse preado nos
jardins de Kailaça. Eu era uma fo
lha morta que apodrecia na campina
da Vida... Por vezes, ao som das
flautas sagradas, eu redemoinhava,
mas para tornar a cair, e aos amigos
que acorriam a levantar-me do chão,
repelia-os, consciente da minha fra
queza. Agora, tenho o vigor deste
bordo CUJO cimo toca os céus!
A CRUELDADE
A PREFERÊNCIA
Bhavani, Ambalika e Rohini di-
vertiam-se a mirar no regato os seus
rostos sorridentes — três discos de
ouro sôbre o espelho das águas.
— Como tenho sede! — excla-
tnou de repente Bhavani.
Inclinou-se sôbre o disco de ouro
que era o rosto de Rohini e beijou
demoradamente a nióbil imagem. Am
balika se pôs a soluçar.
A AURORA DA PRIMAVERA
94
■I
de caniços sobre a quai choraste, todo ;0
este inverno!
A HIPOCRISIA
— Damodava não passa de uma
criança — disse Y açoda com afetada
indiferença.
As raparigas de Vraja contem-
piaram o belo corpo do adolescente,
e um sorriso lhes adejou sobre os
lábios...
A PRIMEIRA NOITE
— Êle dorme. E tu, adormece
também. ..
Assim me disseram minhas ser
vas, e deixaram-me.
Embriagada de amor, roço doce
mente os lábios na face do meu jovem
espôso. Sinto-o logo estremecer, e
95
tm
vejo assim que o traidor fingia dor
mir. Que vergonha a minha! Mas'
êle chega a fazer-me smpirar de
felicidade...
O INDIFERENTE
96
ii' >■'
|;'tl
íííl
lí'!-' : ^
^ V^
'
RUDRÁ
■i4 *
Flautas que se calam, raparigas
a correr, lírios partidos. A tem
pestade.
a;-
O ARRUFO
A UTILIDADE
DAS LÁGRIMAS
97
jovem a quem amas, mas ante a qual,
por uma terrível desgraça, acabas de
tornar-te culpado. Podes crer: o único
remédio que te resta, embora te pese
ao coração, é deixar que tua amante
dê livre curso às suas lágrimas. . .
O BEIJO
Minha sede recrudesce desde o
dia em que, sequioso de amor, bebi
em seus lábios a divina ambrosia.
Mas que razão tenho para me espan
tar f Havia tanto sal naquele beijo!
O TIGRE E O PAPAGAIO
Com fingida doçura, um tigre
revolvia pela terceira ves o ôvo que
a fêmea de tim papagaio acabava de
pôr estouvadamente num monte de
fôlhas secas. Empoleirados no 7nais
alto ramo de uma árvore visinha, o
/X . ^
98
papagaio e sua companHeira obser
vavam o senhor tigre. il 1
Cobrando ânimo^ o papagaio gri
tou à fera :
— Não vês que é o nosso filhi-
nho? Breve êle terá penas multicores,
um bico afiado, olhos brilhantes, e
ornará talves os aposentos de uma
bela...
— Eu não vejo senão uma pedra
de forma estranha — disse o tigre.
E partiu, esmagando o ôvo.
Ó Ar dj uni, ó bem-amada, teu m
amor ainda não é mais do que um
ôvo que eu toco cheio de religioso
cuidado. Não jures, porém, \qite
dêle sairá um maravilhoso pássaro
cujas asas me abrigarão por tôda a
vida; não me digas que o nosso amor
fará ciúme ao Deus Vidura e è Deusa
Pathi... Por enquanto, ó cruel, êle
é apenas um amor como há cem mil
entre o monte Meru e o lago Suna. IIP
Sabes que eu me poderia enfastiar,
e fazer como o tigre?
99
iíJâ
RUDRÁ
A PROMESSA
^Com que amargura ela se lem
bra da tarde em que, sob uma amei-
xeira em flor, ele jurava amá-la por
toda a vida! Êle dizia: — ''Quando
as ameixeiras tornarem a florir, tu
serás minha mulher. . . "
Ela pensa em tudo quanto êle
lhe fe z depois. Evoca-lhe as trai
ções, as mentiras, a partida brutal,
e regozija-se por haver escapado àque
le homem. M a s. . . Ei-la a contem
plar, chorando, um galho de ameixei-
ra em flo r que se recorta sobre a
Lua. . .
100
y V/-
o TEMPLO
Quando tua cabeleira se despenha
£ te inunda as espaduas, eu penso na
floresta de Viçamadyta, que abriga
o templo dourado de Misrakesi.
CONSOLÁVEL
P o r que soluças assim f Estás
louco? Só porque ela não te deixou
penetrar em sua morada? Enxuga
£ssas lágrimasy coroa-te de jasmins
e canta uma das canções do país de
sua serva. Esta jovem é linda. É m
talvez mais linda que V ad ih á... Ela
chegará num instante, e decerto
assentira em consolar-te dos rigores
de sua ama.
— D eixa-m e! deixa-me! Eu amo
V adihá.. ,
— Ouve bem: sua serva é mais
linda. . .
— Basta! por f a v o r ...
101
V /' ’ v> *>>*>>• V /•v> •^
V
O OLHAR DA BEM-AMADA
O FELIZ EXPEDIENTE
102
V/* ' V /* ^ \ / \ /'\ yvy*vy*"
A INQUIETAÇÃO
103
A EDUCAÇÃO
Ela me ensina todos os seus se^
gredos. Mostra-me, por exemplo, que
<é preferível dissolver na água de neve
o bétele que espalhamos nas faces.
Mostra-me, também, que a raiz da
usira, reduzida a pó, dá aos dentes
uma incomparável brancura, e que
nada é melhor para enrijecer os seios
4 o que o suco das framboesas ainda
verdes. Ela me dirá, porém, como
poderei esquecer aquela que me ouviu
chorar atrás de sua porta, durante
uma noite inteira?
o JASMIM COLHIDO
104
X /'V /'N /’ V /'V /* V/* A y\ y\ ys^
COM O TEMPO
Eli te vi em tua nascente, ó rio!
Uma criança transpunha-te de um
salto, um ramilhete de flores te des
viaria 0 c u r s o ... Aqui, és um rio
imenso, e poderias tragar esta nau
que carregas em teu dorso!
Penso em meu amor a Dayarnati.
O CASAMENTO
— Onde está êlef
— Na caça.
— Longe?
— Do outro lado da montanha.
— Vou entrar.
— Poderias perguntar-me se te
dou licença. ..
— Bem-amada, dás-me licença
de entrar em tua casa?
— Bem-amado, que farás?
— Vê-lo-ás depois...
105
.V /.V W X .
‘ *V /' \ / *V/•N/’ *^ *\ / *\ / \y NX \/ ^
— logo. . .
— Beijarei teus pés. ..
— Êles não estão laqueados.
— Beijarei teus s<eios. ..
— Êles não estão empoados.
— Beijarei teus lábios...
— Êles não estão pintados.
— E teu coração cantará. . .
— Êle já não sabe cantar!
Il
A PROCURA (F ragm ento)
r.'í! tpy
. . . e aquelas que despedaçaram
suas flautas vão cismar ao pé das
fontes musicais.
106
>>
funesto a visitou. Ela sonhou que
em hreve amarei outra mulher, e eu
estou à procura do lótus vermelho, i'i ÏJ.,:
esse talismã esquivo... Mas, que
vejo! Tpdos os lótus se averme
lham... Obrigado, aurora!
0 LÓTUS branco
NUNCA
Quando o bambu se cobrir de
flores, quando a andorinha fizer seu
107
^ \> \> \ > V/ ^
r-’
iii ninho nos juncos, quando o seixo
flutuar na corrente — então poderei
li' ' amar-te.
O TESOURO
— O desastrado! — exclamou
Narati.
'I! '■ — O idiota! — disse Damatyva.
E rebentaram a rir.
Mas o que Amhati não lhes dirá
é que tem quinze anos, os mais belos
olhos deste mundo e uma bôca que
os melros deviem bicar quando ele
está adormecido num jardim. ..
>>
A EXPLICAÇÃO
I^V!
108
A Ú L T IM A V E Z
!l
O D E S P O N T A R DO SO L
109
X*í .
A CANÇÃO DAS FLECHAS O
c
o nosso grito, igual ao do vento que
deslizava sôhre 7iós quando éramos u
0
ramos? «
a
<
destro guerreiro, ouvis os nossos estre i
mecimentos, iguais ao tatalar de asas O.
que nos envolvia, ao entardecer, quan o
<•
do éramos ramos?
0
A TRISTEZA
— Determina com o piscar dos
olhos o número de dias que deverá
durar a minha viagem.
— Hoje, ^ainda me é possível
baixar as pálpebras, mas sinto que
110
não terei mais força para levantá-las
quando houveres partido...
— Mas não sabes que voltarei?
Na noite do meu regresso, juro-te,
baterei à tua porta.
— Aqueles que chorarem sobre
meu cadáver te agradecerão.
— Criança que és. . . Dize-me,
que poderei trazer-te?
— Um pouco de água apanhada
nos Açudes Sagrados.
8
0 A ILUSÃO
>>
> Para contemplar a Lua, a melan
> cólica rapariga acaba de seiitar-se à
> sombra de uma macieira-canela. Sus
»>
pira, e arfam-lhe os seios; chora;
depois, cede ao sono. Porém a brisa,
> que se levantou, chove-lhe sôbre as
►> faces as flores da macieira-canela.. .
E ela sonha que mãos queridas
lhe enxugam docemente as lágrimas.
»
>> HINO
o
Ó Morte de semblante de aurora!
►>
Ó Morte coroada de flores e ébria
> de haver estreitado nos braços, desde
> o começo do Tempo, todos os homens
•> e tôdas as mídheres! Ó Morte de
lábios selados! Ó Morte, s-erva da
» Trimúrti! Ó Morte surda aos rogos
dos dançarinos aterrados! Ó Morte
compassiva ante os apelos dos Budas!
Ó Aniquilamento criador! Ó
Morte de semblante de aurora!
112
1 . - .i -t w W M t i i e ií ) . .v ijífíín í.lV ííU r fj!'
o CREPÚSCULO
['
IIS
AS CORTESÃS DE K A M YÁ
(Pag. 20)
O IN V E N C ÍV E L AMOR
(Pág. 37)
A AMBROSIA
(Pág. 44)
116
»lhes de pilão o monte Mandara, e de corda a serpente
Vasuki, que pôs o pilão em movimento. Os deuses e os
titãs puxavam alternativamente, pela cabeça e pela cauda,
o imenso réptil, que assim deu lugar à rotação da mon
tanha. Agitado por essa rotação imprimida ao Mandara,
o mar então produziu várias coisas preciosas, entre as
quais a am rita (licor da imortalidade). Travou-se entre
os deuses e os titãs violento combate pela posse da am
brosia, que terminou pertencendo aos primeiros.
A P A R T ID A
(Pag. 59)
A BRUTAL C O N F IS S Ã O
(Pág. 61)
O AM AN TE OUSADO
(Pág. 67)
117
;jrii
■ri
misturou-se aos deuses para obter sua parte do licor que
dava a imortalidade. N o instante em que levava aos lá
bios uma taça de ambrosia, o Sol e a Lua o descobriram,,
denunciando-o a Vichnu, que, com um golpe de seu disco
(tc h a c r a ), lhe decepou a cabeça. O licor divino, porém,,
tornara Rahu imortal. P or vingança, de vez em quando-
sua cabeça investe contra o Sol e a Lua para devorá-los.
Tal é, conform e a mitologia hindu, a origem dos eclipses.
Na astronomia, Rahu é um planêta.
(Pág. 74)
A A L E G R IA
(Pág. 88)
118
o OLHAR DA B E M -A A IA D A
(Pág. 102)
A T R IS T E Z A
IrM
(Pág. 110)
:
I n d i c e
H in o d a e sp o sa do E u te d i z i a ............... 88
Buda ........................ 59 A a le g r ia ................... 88
R u drá .......................... 60 C a n çã o d o o u to n o . 89
A b ru ta l c o n fis s ã o . . 61 R udrá .............................. 90
A im p ru d ê n cia ......... 61 A d o lo r o s a r e c o r d a ç ã o 91
O d oen te ..................... 61 O r e g a to ...................... 91
S ob a á r v o r e ............ 62 O c o la r .......................... 92
A m e n tira .................. 63 A re n ú n cia ................. 92
A a lc o v ite ir a fe ia . . 63 A cr u e ld a d e ................. 93
A b o n e ca de fo lh a s . 64 A p r e fe r ê n c ia ............ 94
O r a m a lh e te ............. 65 A a u r o r a d a p r im a
O ê x ta se ..................... 65 vera ............................... 94
O o r v a lh o d a s lá g r i A h ip o c r is ia ................. 95
m as ........................ 66 A p rim e ira n oite . . . 95
A ch a m a d o a m o r . . 66 O in d ife re n te ............ 96
O c a b r ito ...................... 67 R u drá ............................... 97
O a m a n te o u sa d o . . . 67 O a r r u fo ...................... 97
O eclip se d a L u a . . 68 A u tilid a d e d a s lá g r i
O b e ijo d ila c e ra n te . 68 m a s ................................. 97
A a b a n d o n a d a ......... 69 O b e ijo .......................... 98
A g r in a ld a ................ 70 O tig re e o p a p a g a io 98
A r a p a r ig a a p a ix o R u drá ............................. 100
nada ........................ 70 A p ro m e s s a ................. 100
A c h u v a p r o p íc ia . . 71 O te m p lo ...................... 101
O s p á s s a r o s .............. 72
C o n so lá v e l .................... 101
A q u e ix a d a a m a n te. 72
O o lh a r d a b e m -a m a -
O Z é fir o ..................... 73
da .................................. 1 02
A recom en dação . . . 74
A la m e n tá v e l re s o lu O fe liz e x p e d ie n te . . 102
çã o .......................... 74 A in q u ie ta çã o ............ 103-
O c a n to d a n oite . . . 75 A e d u c a ç ã o ................. 104
A n o iv a ........................ 76 O ja s m im c o lh id o . . • 104
O ro u x in o l e o p a v ã o . 76 C om o t e m p o ................. 105
A im p r e c a ç ã o ............ 77 O casam jento ............... 105
O tra n q u ilo rio d o céu 77 A p r o c u r a ................... 106
O ca n to d a d a n ça . . 78 O ló tu s v e rm e lh o . . 106
O m eio .......................... 79 O ló tu s b r a n c o .......... 107
A s m oças do D açap u r 80 N u n ca ............................. 107
O s a n é is ...................... 80 O te s o u ro ...................... 108
O b a n h o ..................... 81 A e x p lic a ç ã o ............... 108
O irr e p a r á v e l ........... 81 A ú ltim a v ez ............ 109
A p r e c a u ç ã o .............. 82 O d e sp o n ta r d o S ol . 109
O d e sp e ito ................... 83 A c a n ç ã o d a s fle c h a s . 110
A L u a d is cr e ta . . . . 84 A tr is te z a ................... 110
A s c a b r a s ................... 84 O c o r r e d o r ................... 111
O ro u x in o l ................. 85 A ilu s ã o ........................ 112
A f l o r de lótu s . . . . 86 H in o ................................ 112
O te m p o ..................... 86 O c r e p ú s c u lo ................. 113
A v o lta ........................ 87 Notas ................... .. . . . 115
122
i'll
» . )■
h M: < - t.
..- f.î'
jVii
'1-!
H
- 0 ûi/>n.iri I
\ ^ J .x a 'a : ^
f i t ’" "
M
■■•k , ■...dér^^^lm
-Itj'
; Jv-
■<>
.A
■V
t- : i-
1.%' ■'.ii
N.
■. ■)
if
n«
4
.1 .
• #
. /