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Casa do tesouro
C
23 DE ABRIL DE 2012
Conta a história de um grupo de cegos que tentou descrever como era um elefante. Um
deles após apalpar o lado musculoso do elefante, chegou à conclusão que ele era como
um muro. O segundo cego após tocar nas pernas grossas e roliças, protestou dizendo:
“Não, o elefante tem uma forma diferente. Ele se parece com uma coluna.” O terceiro
abordou o elefante de outra forma. Após apalpar a tromba, disse: “Vocês dois estão
enganados, o elefante se parece com uma grande cobra.” E, assim cada um dos seis teve
uma concepção diferente do mesmo elefante.
As vezes por desinformação ou por conhecerem apenas uma parte da verdade algumas
pessoas agem como estes cegos, enfatizando um aspecto das coisas em detrimento de
outros.
Heresia não é apenas uma doutrina errada, mas pode ser também um assunto ou
doutrina em que apenas é enfatizado apenas um lado. Um dos exemplos desta distorção
é a interpretação de Malaquias 3:10 que diz: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro,
para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o
Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós
uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.”
A expressão “Casa do Tesouro” tem em nossos dias sido interpretada como sendo a
igreja local e onde os dízimos e ofertas devem ser administrados e distribuídos.
Mas, o que realmente quer dizer a expressão “Casa do Tesouro”, onde Deus pediu para
os israelitas trazerem os seus dízimos e ofertas? Estaria o texto de Malaquias discutindo
ou aprovando uma prática congregacionalista de governo eclesiástico?
Bem, em primeiro lugar temos que compreender o que significava a expressão “Casa do
Tesouro”.
Quando Salomão construiu o templo, várias salas ou câmaras foram construídas para
diversos fins. (I Reis 6:5) Estas dependências, por exemplo, eram usadas como abrigo
para os cantores que apresentariam suas músicas (Ezequiel 40:44). Os guardas
ocupavam uma destas salas(I Reis 14:28) Em uma ocasião uma delas foi usada como
esconderijo para Joás (II Reis 11:2 e 3)
Uma destas salas era usada como o lugar onde o dízimo que não era composto apenas
de moedas, mas também de produtos agrícolas era entregue e guardado. Neemias usa a
expressão “Casa do Tesouro” para falar de uma destas câmaras ou salas onde eram
depositados os dízimos (ver Neemias 10:38)). Uma espécie de tesouraria do templo.
Portanto, “Casa do Tesouro” é uma expressão para designar primariamente o lugar (ou
espaço) onde o dízimo deveria ser guardado.
Precipitadamente alguns tem dito que a expressão “Casa do Tesouro” indica que a igreja
local deve administrar os recursos do dízimo. Na prática, porém, os que defendem esta
aplicação do texto não estão fazendo isto.
Quando dão o dízimo eles mesmos administram dentro do seu ponto de vista, e sequer
consultam a igreja local.
Em Gênesis 14:20 lemos que Abraão entregou o dízimo a Melquisedeque que era não
apenas um rei, mas também sacerdote do Senhor. O ato de Abraão revela que o receptor
do dízimo deve ser alguém separado por Deus para uma tarefa santa. Abraão obedeceu
(e note bem, ele poderia usar o dízimo para o que quisesse, mas não o fez. Ele cria no
plano de Deus) e deu o dízimo a quem de direito.
No sistema israelita Deus estabeleceu regras ainda mais claras a respeito do dízimo. O
dízimo foi dado aos levitas como herança e deveria ser administrado por eles(Números
18:21 a 32). Tanto é que o doador não podia manipular a décima parte. A pessoa não
devia separar o bom do defeituoso ou fazer qualquer substituição (Levítico 27:33). Por
exemplo em um rebanho o décimo animal que passasse sob o cajado do pastor pertencia
ao Senhor, não importando a sua condição. O israelita também não dava seus dízimos e
ofertas para simplesmente “pagar” o salário dos levitas. O dízimo era na verdade não
oferta para os levitas, “mas para o Senhor” (Números 18:26)
Esta verdade é reforçada em Malaquias 3:8 quando Deus diz: “… vós me roubais”. O
roubo não é contra os levitas ou sacerdotes, mas contra Deus.
Tendo isto como base, o dízimo era uma oferta para o Senhor a qual Ele deu para o
sustento e administração dos levitas e do sacerdócio. E um aspecto que tem sido
ignorado é que este ministério levítico era global, ou uma corporação. Não eram células
isoladas (congregações independentes) mas um corpo. O centro administrativo da
religião de Israel estava no templo. Eles eram o que hoje chamamos de administração da
igreja. Esta centralização no templo permitia que dali saísse o sustento necessário para
os homens que faziam a obra de Deus naquela época.
Paulo era uma espécie de presidente de campo. As igrejas não decidiam tudo sozinhas.
Mesmo empiricamente se percebe que havia uma organização central que dirigia a obra
naquela região do mundo.(Tito 1:5, II Timóteo 4:5, Tito 2:15)
É claro que as igrejas locais devem ter dinheiro para fazer face às suas despesas. Mas,
deveriam elas usar todo o dinheiro e esquecer da missão mundial que a igreja tem?
A RAIZ DO PROBLEMA
Os que defendem a idéia de que a igreja local ou eles mesmos devam administrar e
distribuir todo o dízimo estão amparados muito mais em idéias pessoais e textos
distorcidos do que no “Assim diz o Senhor”.
Alguns trazem uma certa revolta por causa do erro de um ou outro pastor ou
administrador, e então tentam fazer a Bíblia concordar com suas ideias pessoais. Não
podemos misturar as coisas. Se alguém na organização erra na aplicação do dízimo deve
ser corrigido e deve arcar com as consequências. Mas, jamais devemos usar este
precedente para desestimular a devolução da parte pertencente a Deus e que deve ser
usada no ministério evangélico.
Aqueles que têm dúvidas sobre a eficácia deste método deveriam conhecer um pouco
mais sobre os problemas de igrejas congregacionais, e verão que a crítica feita ao
sistema representativa na maioria das vezes é infundada. Todavia se há algum desvio na
igreja ele deve ser corrigido conforme manda a palavra de Deus.