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PLANO DE NEGÓCIO DO EMPREENDIMENTO ASSOCIATIVO DA

AVICULTURA Associação de Pequenos Agricultores


Ecológicos e Orgânicos de Irineópolis – APAECO

TERRITÓRIO PLANALTO NORTE ESTADO DE SANTA CATARINA

SECRETARIA DO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL-SDT/MINISTÉRIO DO


DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO-MDA

CEADS

SUZETE RODRIGUES FERRAZZA

Irenópolis, Novembro 2011

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Sumário

Apresentação (3)
Momentos Metodológicos (6)
Resumo Executivo (10)

1. Características do Projeto: Elementos e História da Memória Institucional (17)

1.1 A Concepção e Organização do Projeto do Empreendimento pela Organização Local


(18)
1.2 Objetivo e Metas do Projeto pela Organização Local (20)
1.3 Estrutura Planejada do Projeto pelo Empreendimento (21)
1.4 Metas do Empreendimento (24)

2. O Funcionamento do empreendimento pelo diagnóstico dos dados primários atuais


projetados pelo empreendimento (27)

2.1 Percepções Institucionais (28)


2.2 Funcionamento da Agroindustria (29)
2.3 A Produção nas Famílias Agricultoras (30)
2.4 A Fábrica de ração (32)

3. Plano de negócio atual em funcionamento: elementos orientadores (33)

3.1 Capacidade de produção atual projetada (33)


3.2 Custos atuais do empreendimento projetados para 2011 (34)

4. Plano de Negócio Proposto (37)

4.1 Produção de matéria prima (37)


4.2 Projeção dos Custos de Agroindustrialização (38)
4.3 Valores Produzidos (40)
4.4 Indicadores de Funcionamento do Plano de Negócio (41)
4.5 Formação potencial da renda das famílias agricultoras (42)
4.6 Projeção dos Resultados pelo Plano de Negócio (43)
4.7 Ferramentas de Gestão do Plano de Negócio (45)

5. Potencialidades, Ameaças e a Gestão do Plano de Negócio (48)

Bibliografia (55)

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Apresentação

A estratégia nacional da Secretaria de Desenvolvimento Territorial – SDT/Ministério do


Desenvolvimento Agrário - MDA de promover o desenvolvimento da agricultura
familiar a partir dos Territórios de Desenvolvimento pode ser considerada um marco em
termos de concepção sobre a regionalidade de programas de desenvolvimento
considerando os diferentes formatos adotados por diferentes governos e políticas de
planejamento.

Neste contexto as ferramentas e políticas internas do programa se deparam com o


desafio de elaboração exigido. O ambiente de desafio criado exige também novos
elementos orientadores sobre a gestão do espaço público.

Inserida nesta base de concepção outra perspectiva iniciava junto com esta proposta e se
tornava a cada momento do governo gestor desta idéia mais clara a promoção do
desenvolvimento econômico a partir de formulações alternativas de mercado solidário
estruturado a partir das relações de cooperação da organização social da agricultura
familiar.

O estudo dos empreendimentos (PNE) da agricultura familiar estruturado pelos planos


de negócio se torna uma das ferramentas adotadas pela política de desenvolvimento
territorial com a missão de orientar caminhos e apoiados principalmente pelos Planos
Territoriais - PTDRS e Planos de Cadeia – PTCP realizados anteriormente como pré-
condição.

Desta forma sua utilização deve ser acompanhada de um rigor metodológico e


pedagógico especial relacionado a natureza deste instrumento ferramenta bastante
semelhante a processos de auditoria e/ou análise de idéias de projetos. O resultado
obtido pelo plano de negócio de alguma forma julga de forma clara e objetiva seu
executor ou criador.

É uma ferramenta forte e intensa e se bem compreendida e utilizada de grande


contribuição. Assim exigente em cuidados e procedimentos para que seus resultados
sejam compreendidos pelo seu conteúdo e planejados quanto ao seu uso.

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Pela sua natureza o Plano de Negócio deveria estar inserido em projetos de
desenvolvimento com objetivos e metas bem definidas para não correr o risco de se
tornar uma ferramenta de diagnóstico sem uso e cujas conseqüências podem ser ainda
prejudiciais. A perspectiva de compor a política nacional de dinamização econômica e
de desenvolvimento dos territórios é muito importante e vislumbra uma perspectiva
inovadora o uso desta ferramenta.

Estes registros são importantes para compreender os resultados dos estudos dos
empreendimentos seus limites e desafios no contexto de uma política nacional cujo
objetivo é promover a dinamização do local por vezes regional, municipal e comunitário
quando não na unidade de produção-família.

O objetivo definido pela dinamização econômica da política nacional divide seus


esforços com o fortalecimento da capacidade de gestão das organizações do território
em parceria ampla fortalecendo a promoção do “capital social” .

O estudo do Plano de Negócio do Empreendimento Associativo APAECO – Associação


de Pequenos Agricultores Ecologistas do Território Planalto Norte do Estado de Santa
Catarina possui particularidades que demonstra os desafios da política nacional.

PARTE EXTERNA DA AGROINDÚSTRIA

Fonte: APAECO 2011.

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Localizado no município de Irenópolis a agroindústria objeto deste PNE estrutura-se na
cadeia produtiva da avicultura se não a mais complexa ou difícil talvez a mais
emblemática já que foi nesta cadeia produtiva que o complexo agroindustrial se
estruturou de forma talvez mais consolidada.

A proposta do empreendimento é de atuar no que se poderia descrever como talvez a


atividade produtiva que represente um dos maiores avanços em termos de
industrialização tecnológica na agricultura para os padrões da “moderna” agricultura do
capital agroindustrial a atividade avicultura.

O mercado oferece o produto frango comercializado pelo empreendimento de forma


ampla em termos de local, no campo e nas pequenas, médias e grandes cidades de todas
as regiões brasileiras a um preço acessível inclusive para a população de baixa renda.

Como ser competitivo neste mercado e como um empreendimento sob a administração


de famílias agricultoras poderá ter êxito neste projeto. Um desafio para os agricultores e
um desafio para o plano de negócio a ser apresentado.

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Momentos Metodológicos

Os momentos e passos metodológicos adotados e relatados neste estudo serão descritos


após uma parte introdutória sobre o caráter e natureza do empreendimento. Esta
característica comentada no início tem como objetivo destacar o desafio do
empreendimento em função das características da cadeia produtiva avicultura
qualificando a necessidade do suporte da política pública de dinamização econômica
para os empreendimentos agroindustriuais da agricultura familiar.

A primeira característica particular se relaciona a cadeia produtiva da avicultura que


representa talvez a cadeia produtiva mais estruturada da agricultura. E por esta razão as
informações sobre os dados secundários de produção, rebanho, e produtividade
estudado no PTDRS não representam condicionantes e potencialidades para o território
que necessitem de aprofundamento nesta etapa do estudo.

A segunda característica se refere ao objetivo de direcionar a comercialização para


ofertar o produto desta cadeia produtiva com características diferenciadas (orgânico e
agroecológico) e para atingir mercado não concorrente.

Assim este relatório apresenta as informações disponibilizadas pelo empreendimento


associadas aos dados de campo sobre o funcionamento e perspectivas de desempenho
técnico econômico.

As informações e percepções relatadas na descrição do projeto procurara reproduzir


documentos e propostas originais organizados de forma que a análise e elaboração do
plano de negócio possa partir da identificação da capacidade de gestão da informação e
planejamento estratégico disponível no território e assim ser propositivo na superação
de possíveis condicionantes restritivos.

O momento do empreendimento já em fase de funcionamento apesar de inicial já


acumula a concepção do projeto da agroindustria e utiliza ferramentas para planejar o
projeto final orientando o tipo de empreendimento.

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PARTE INTERNA DA AGROINDÚSTRIA

Fonte: APAECO 2011.

O empreendimento já pode ser considerado de médio porte e planeja sua estruturação


futura para produzir em escala exigindo infra-estrutura especializada de transformação e
comercialização.

Por estas características o estudo parte para examinar através do plano de negócio a
produção necessária para garantir a condição de ponto de equilíbrio e a capacidade de
remuneração dos agricultores a partir desta condição. O rigor da análise exigida pelo
plano de negócio parte de uma questão muito importante a organização local onde se
insere o empreendimento.

COMSOL
Cooperativa Regional

Fonte: APAECO 2011.

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Cinco momentos metodológicos foram seguidos para a realização do trabalho. O
primeiro de organização e análise dos dados secundários preparando o segundo
momento de pesquisa de campo foi realizada em agosto de 2011. Esta fase inclui a
análise dos estudos anteriores realizados no território complementada pelos dados
secundários necessários como preparação para realizar o trabalho de análise dos dados
primários sobre o empreendimento definido pelo território.

O segundo momento de apresentação do


plano de trabalho no território e da
pesquisa de campo. A primeira fase do
momento dois de participação em
reunião do colegiado territorial nos dias
16 e 17 de agosto de 2011.

A segunda fase de estudo do empreendimento com direção e agricultores incluindo


visita as instalações e análise da situação atual e projeto futuro. Neste momento a
análise do funcionamento econômico da agroindústria foi realizada com a direção do
empreendimento.

Esta fase do trabalho de campo é muito importante e exige procedimentos pedagógicos


bastante sensíveis. É um trabalho de auditoria de funcionamento e análise de resultados
e expõe a capacidade do empreendimento.

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A terceira fase do segundo momento
metodológico é o estudo dos sistemas
de produção nas unidades familiares de
produção. É o contato com as famílias
agricultoras analisando seus resultados e
sua relação com o empreendimento.

O terceiro momento metodológico é da análise dos dados primários e a montagem do


plano de negócio realizada no mês de agosto e setembro de 2011. Este momento
depende do momento anterior, a pesquisa de campo realizada em profundidade permite
a elaboração de qualidade do plano.

A natureza das agroindustriais familiares é diversa e complexa. As situações sempre


surpreendem com novas formas organizativas exigindo adaptações metodológicas e
procedimentos de análise.
O quarto momento metodológico é a apresentação do plano de negócio ao território para
sua validação e orientação final. A oficina de validação do PNE foi realizada nos dias
19 e 20 de outubro de 2011 no município de Irenópolis estado de Santa Catarina.

O quinto momento metodológico foi de elaboração final do Plano de Negócio do


Empreendimento Associativo PNE nos meses de outubro e novembro de 2011.

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Resumo Executivo

O estudo dos empreendimentos (PNE) da agricultura familiar estruturado pelos planos


de negócio se torna uma das ferramentas adotadas pela política de desenvolvimento
territorial com a missão de orientar caminhos e apoiados principalmente pelos Planos
Territoriais - PTDRS e Planos de Cadeia – PTCP realizados anteriormente como pré-
condição.

Pela sua natureza o Plano de Negócio deveria estar inserido em projetos de


desenvolvimento com objetivos e metas bem definidas para não correr o risco de se
tornar uma ferramenta de diagnóstico sem uso e cujas conseqüências podem ser ainda
prejudiciais. A perspectiva de compor a política nacional de dinamização econômica e
de desenvolvimento dos territórios é muito importante e vislumbra uma perspectiva
inovadora o uso desta ferramenta.

O estudo do Plano de Negócio do Empreendimento Associativo APAECO – Associação


de Pequenos Agricultores Ecologistas do Território Planalto Norte do Estado de Santa
Catarina possui particularidades que demonstra os desafios da política nacional.

Localizado no município de Irenópolis Território Planalto Norte do Estado de Santa


Catarina a agroindústria objeto deste PNE estrutura-se na cadeia produtiva da avicultura
se não a mais complexa ou difícil talvez a mais emblemática já que foi nesta cadeia
produtiva que o complexo agroindustrial se estruturou de forma talvez mais
consolidada.

A proposta do empreendimento é de atuar no que se poderia descrever como talvez a


atividade produtiva que represente um dos maiores avanços em termos de
industrialização tecnológica na agricultura para os padrões da “moderna” agricultura do
capital agroindustrial a atividade avicultura.

Cinco momentos metodológicos foram seguidos para a realização do trabalho. O


primeiro de organização e análise dos dados secundários preparando o segundo
momento de pesquisa de campo.

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O segundo momento de apresentação do plano de trabalho no território e da pesquisa de
campo. O terceiro momento metodológico é da análise dos dados primários e a
montagem do plano de negócio.

O quarto momento metodológico é a apresentação do plano de negócio ao território para


sua validação e orientação final. E o quinto momento metodológico foi de elaboração
final do Plano de Negócio do Empreendimento Associativo PNE.

O abatedouro não estará beneficiando somente o grupo da APAECO. Ele estará a


disposição de outros grupos da região, que já estão organizados e dependem de um
produto com inspeção sanitária para vender seus produtos nas feiras. O objetivo do
grupo é iniciar com o frango caipira e, com o tempo e formação, mudar para o
“orgânico” e chegar ao “ecológico”. Para chegar até o ecológico, primeiro tem que se
mudar o sistema de produção em toda a propriedade.

Parte dos investimentos já foram realizados pelas quatro famílias cujo orçamento inclui
recursos próprios obtidos por poupanças familiares e projetos de crédito de investimento
realizados em nome dos agricultores. Esta é uma característica do projeto que será
determinante na sua concepção e gestão futura pois o projeto precisa incluir novas
famílias para produzir sua necessidade de matéria prima as quais deverão para associar-
se investir cotas semelhantes as já investidas ou criar uma outra forma de parceria
semelhante a uma relação de integração cooperativa.

Inserido em parcerias amplas que incluem a Rede Ecovida, ONGs Locais promotoras da
Agroecologia como AS-PTA de União da Vitória PR, o projeto conforme seu presidente
Altair Ambrosio é muito importante para a região. São 18 comunidades ao redor do
empreendimento que são possíveis fornecedores de soja para ração e de frango.

Conforme relato da instituição 95% dos agricultores vinculados ao projeto trabalham


com a atividade fumo nas propriedades, com sérios problemas de saúde e possuem
propriedades pequenas com área média de 10 a 12 há pouca mão de obra e, com poucas
alternativas futuras.

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A proposta do empreendimento (agroindústria) para a organização do sistema de
produção nas unidades de produção familiares prevê a estrutura de 3 granjas (aviários)
com estrutura física de 100 m2. O sistema criaria 4 lotes de 1.000 frangos por ano
(tempo de criação de 85 dias).

O abate aos 85 dias produziria 950 frangos cada lote (5% de perda) com peso médio de
3,2 kg de peso vivo por cabeça, rendimento de carcaça de 75% e,peso vivo por cabeça
de 2,4 kg, e a produção total de 2.280 kg de carne comercializadas ao preço de R$ 6,5 o
kg totalizando o valor bruto por lote de R$ 14.820,00.

A capacidade de produção atual do empreendimento esta estruturada por 9 famílias


produzindo cerca de 6.000 kg de frango anuais. Esta produção é comercializada no
mercado local em feiras,venda direta ao consumidor e no mercado institucional
(Programa de Aquisição de Alimentos – PAA e Programa Nacional de Alimentação
Escolar - PNAE).

A projeção para o final do ano de 2011conforme plano de produção do empreendimento


(Quadro 4) é estimada em 70.000 kg não necessariamente produzidos mas instalados
conforme o sistema de produção descrito.

Quadro 4. Produção atual do empreendimento


Indicador Unidade Referência
Famílias produtoras famílias 9
Lotes produzidos lotes/ano 4
Unidade produtiva cab/lote 853
Taxa de perda de terminação % 5
Cabeças terminadas por lote cabeças 950
Peso por cabeça Kg 3,2
Rendimento de carcaça % 75
Produto por cabeça Kg 2,4
Produção total de carne de aves kg/ano 70.000,00
Fonte: PNE 2011.

Nesta condição o plano de produção prevê todos os aviários em funcionamento (4


unidades por família) mantendo esta perspectiva para 2012 e neste mesmo ano
ampliando a base de produção.

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No momento de estudo do PNE, agosto a novembro de 2011, a produção projetada para
o ano de 2011 foi reavaliada e novamente projetada para cerca de 50% do resultado
esperado até o final do mesmo ano. A avaliação sobre esta queda de resultado esperado
foi atribuída a certa estagnação da capacidade de articulação por parte das famílias
responsáveis pela direção do empreendimento e motivada pela incerteza sobre a
finalização da obra com ampliação dos equipamentos necessários.

Os valores produzidos apresentados no Quadro 8 são determinados pela capacidade da


agroindústria a partir de sua complementação de estrutura produtiva demandada pelo
empreendimento com justificativas técnicas e legais conforme legislação.

A afirmação acima não deixa de considerar que adaptações são possíveis quer sejam
motivadas pela flexibilização da legislação em vigor ou por diferentes estratégias de
gestão adotadas.

Os resultados de valores produzidos são projetados para o cenário de 5 anos conforme


quadro de projeção do plano de negócio apresentado no próximo item. É importante
considerar que a relação entre custos e valores brutos produzidos afirma que o tipo de
empreendimento pode obter resultados expressivos no mercado conforme o setor
agroindustrial da avicultura já demonstra.

A possibilidade de bons resultados está intimamente ligada aos custos de concorrência


tornando as características específicas do empreendimento de comercializar produtos
diferenciados (agroecológicos) praticamente uma condição para o resultado do projeto
ainda mais importante do que mercados alternativos como o mercado institucional cuja
escala regional do território por exemplo talvez não seja suficiente ainda que o
empreendimento abastecesse a demanda na sua totalidade.

Quadro 8. Valores Produzidos.


Indicadores Unidades Referência
Produção total de carne de aves kg/ano 1.006.848,00
Preço R$/kg 6,50
Valor da Produção R$/ano 6.544.512,00
Custos de agroindustrialização R$/ano 1.041.912,56
Margem R$/ano 5.502.599,44
Fonte: PNE 2011.
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A avaliação sobre os riscos não deve ser considerada como fator condicionante para a
aprovação ao não de projetos de apoio ao empreendimento mas como orientação de
gestão ao plano de negócio do empreendimento. Nesta perspectiva as instituições de
fomento a projetos de agroindústrias familiares devem assumir o risco garantindo
suporte técnico de apoio que dilua e/ou crie condições de gestão do risco do projeto.

Os indicadores de funcionamento estão diretamente relacionados aos resultados e


devem ser assim analisados. Duas perspectivas de resultado devem ser consideradas a
condição de renda potencial para as famílias associadas a ser promovida pelo projeto, e
o resultado de gestão do plano de negócio sobre o empreendimento que analisa taxas de
retorno e valores representando o ponto de equilíbrio para pagamento dos custos fixos e
variáveis.

Quadro 9. Indicadores de funcionamento do Plano de Negócio.


Produção total de carne de aves kg/ano 1.006.848,00
Preço R$/kg 6,50
Valor da Produção R$/ano 6.544.512,00
Custos de agroindustrialização R$/ano 1.041.912,56
Margem R$/ano 5.502.599,44
Preço recebido R$/kg 6,50
Custo R$/kg 1,03
Preço pago ao agricultor R$/kg 5,47
Margem da gestão da agroindustria %/preço 15,92
Fonte:PNE 2011.

Sobre a renda familiar sua demonstração ocorre no próximo item e sobre o plano de
negócio do empreendimento o indicador de margem de gestão ou custos de
administração de 15,92% deve ser considerado positivo. Este indicador representa o
ponto de equilíbrio para pagamento dos custos porem representa um parâmetro bastante
usual na avaliação de empresas. É freqüente a avaliação de que os custos não podem
ultrapassar 20% em muitas regiões de forte organização da agricultura familiar.

Este indicador não deve ser confundido com margem de lucro ou margem relacionada a
análise de resultados econômicos em empresas ainda que seja assim nominado no

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Quadro 9. O indicador margem deve ser considerado conceitualmente como tal um tipo
de margem de resultado.

A gestão do plano de negócio poderá trabalhar com indicador de margem dos custos
sobre o valor produzido ou comercializado bem maior e ainda ser positivo dependendo
do custo de oportunidade relacionado como importante para análise do
empreendimento.

Ou seja, pode ser importante para as famílias agricultoras e para o território conforme já
foi declarado pelas instituições e organizações do próprio território gerar alternativa a
produção de fumo na região. Sendo assim talvez com margem entre 25% e 35% de
custos em função da capacidade de preço pago ao agricultor menor pelo menor preço
obtido no mercado, ainda assim o resultado do projeto do empreendimento seja
positivo.

O plano de negócios representa a síntese registros e monitoramento dos resultados a ser


realizada entre períodos oportunos que garanta a gestão coletiva e a compreensão do
funcionamento do empreendimento. Este processo é uma condição necessária a gestão
do projeto e garante a unidade das formas de cooperação da economia solidária.

Para a elaboração de planos de negócio de planejamento e/ou de análise de resultados


são necessários ferramentas de gestão com registros periódicos e eficientes. O estudo
apresentado por este trabalho reúne um conjunto de ferramentas apresentadas que
devem ser utilizadas conforme as orientações dos momentos oficinas realizados.

O plano de metas apresentado no quadro a seguir resume os quadros anteriores do plano


de negócios na forma das orientações do Decop/SDT e sua utilização como instrumento
de registro e gestão deverá auxiliar na utilização do PNE.

Algumas considerações sobre o plano de metas:

- A variação projetada ocorreu pela produção por família associada através do número
de lotes terminados por ano: 2 lotes no ano 1; 4 lotes no ano 2; 6,5 lotes no ano 3; 7,5
lotes no ano 4;e 9,2 lotes no ano 5.

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- O preço foi mantido a partir da orientação de um planejamento conservador e assim
mantido como potencialidade positiva de gestão e resultado.

- Os custos foram mantidos variando proporcionalmente os itens diretamente


relacionados como mão de obra, embalagens, impostos, comissão de vendas e outros. A
opção de planejamento foi partir de uma proporção mais elevada de custos incluindo
itens já no primeiro ano que podem ser necessários somente no terceiro ano.

O plano de metas apresentado não pode ser considerado conservador ainda que alguns
itens como o preço foram mantidos estáveis. O plano deve ser considerado possível e de
elevado risco estratégico pela natureza do empreendimento de uma agroindústria
familiar em uma atividade bastante competitiva em termos de mercado.

A qualificação do risco relacionada a natureza do empreendimento cujo objetivo é


estrutural para a agricultura familiar um complexo de dinamização econômica com base
em empreendimentos agroindustriais e diferenciados mesmo sem a existência de um
marco legal específico e portanto sendo gestionado os empreendimentos sob as regras
de grandes empresas.

Esta qualificação sobre risco do empreendimento não exclui riscos de gestão os quais
devem ser mantidos e relacionados a todos os empreendimentos apoiados para a
agroindústria familiar.

A opção foi manter os resultados projetados neste plano de negócio com metas cujos
indicadores permitem através do monitoramento a percepção de novos resultados e suas
justificativas de forma bastante sensível. Os resultados poderiam projetar metas com
custos mais elevados ou em amplitudes maiores de resultado operacional podendo
dificultar a análise do que seria o resultado. Assim estamos afirmando que resultados
diferentes dos projetados pelo plano de metas deverão indicar de forma bastante clara as
variáveis que os determinaram e exigir nova estratégia de gestão para o
empreendimento.

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1. Características do Projeto: Elementos e História da Memória Institucional

Este primeiro capítulo procurou resgatar documentos e impressões da memória do


empreendimento. O objetivo foi apresentar na forma original a capacidade de memória
e elaboração da gestão do empreendimento atual e assim fundamentar a necessidade de
planos de negócio e do acompanhamento necessário ou seja da importância do EPE na
gestão da dinamização econômica dos territórios.

A Associação de Pequenos Agricultores Ecológicos e Orgânicos de Irineópolis –


APAECO – tem como finalidade a formação, articulação e organização de pequenos
agricultores de Irineópolis e região.

A associação surgiu na comunidade de Colônia Escada – Irineópolis, SC, no ano de


2002. Os associados pertencentes ao grupo de jovens da comunidade na PJR (Pastoral
da Juventude Rural) resolveram assumir esse projeto. A associação integra-se a
Cooperativa Regional COMSOL.

Após conhecer várias experiências a associação decidiu criar frangos caipiras, como
uma alternativa a este contexto, onde o objetivo é uma produção ecológica e construção
de um abatedouro, onde a associação pudesse produzir e comercializar um produto de
qualidade.

Muitas dificuldades foram enfrentadas, em 2002 no primeiro lote de frangos, devido à


falta de experiência na criação, mas em especial na comercialização, exigências
sanitárias tiveram procurar mercado fora do município.

Três anos de espera por financiamento através de bancos não saiu, então a associação
retirou seu projeto destas instituições e decidiu buscar recursos fora dos bancos oficiais.
Em dezembro de 2005, conseguimos recursos fora dos bancos oficiais, como FDR
(Fundo de Desenvolvimento Rural de SC), MDA (Ministério do Desenvolvimento
Agrario) e do MPAs sendo este o primeiro, quando já em fevereiro de 2006 iniciou-se a
construção das instalações do abatedouro.

17
O abatedouro não estará beneficiando somente o grupo da APAECO. Ele estará a
disposição de outros grupos da região, que já estão organizados e dependem de um
produto com inspeção sanitária para vender seus produtos nas feiras. O objetivo do
grupo é iniciar com o frango caipira e, com o tempo e formação, mudar para o
“orgânico” e chegar ao “ecológico”. Para chegar até o ecológico, primeiro tem que se
mudar o sistema de produção em toda a propriedade.

Logo em 2007, também consegui recursos com emenda parlamentar e financiamento


que permitiu a conclusão da estrutura física e aquisição de grande parte dos
equipamentos do abatedouro, motivando a liberação da inspeção Municipal e o pedido
de inspeção para obter o SIF o qual ainda esta em tramite.

Neste período ocorreu na comunidade um curso chamado de Escola Agroecológica


onde durante três anos todas as sextas feiras se reuniam 15 a 20 pessoas da comunidade
para estudar as diversas áreas que a agroecologia atende.

Em 2005 a 2010 as dificuldades com os investimentos na estrutura e a demora para


liberação sanitária (SIF) fez com que uma família desisti-se de continuar no projeto,
deixando a associação com somente 4 famílias.

Atualmente o abatedouro esta com a licença de inspeção municipal (SIM) e abate os


frangos criados pelos associados. Esta licença nos permitiu nestes últimos dois meses
abater 250 frangos semanais, motivando assim um exercício de trabalho em gestão
técnica e financeira muito importante para o desenvolvimento da associação.

1.1 A Concepção e Organização do Projeto do Empreendimento pela Organização Local

O grupo não vai trabalhar no sistema de integração. Não só com os grupos organizados,
vão também motivar outros grupos a começarem uma alternativa em suas propriedades,
onde sejam eles os protagonistas além de parceiros.

O objetivo de comercializar produtos orgânicos e no caso da carne de aves motivou a


associação com base no diagnóstico de qualidade nutricional das vantagens da carne da
ave criada “no quintal”, argumentando que o teor de gordura é menor em 18% e a carne

18
é rica em nutrientes, com 30% a mais de cálcio e 6% a mais de proteína. A busca por
alimentos mais saudáveis pelos consumidores, e em geral, favorece as aves de quintal,
que contribuem para por fim à imagem pejorativa estranhamente criada em torno do
frango caipira.

O frango convencional apresenta no mercado brasileiro um baixo preço relativo, que foi
fator determinante para o aumento do seu consumo nos últimos anos, substituindo
outras carnes. Mas, essas aves, criadas confinadas em galpões fechados e com alta
concentração por metro quadrado, estão sujeitas a diversos problemas, principalmente
intestinais. Por isso, o uso contínuo de medicamentos como os promotores de
crescimento antimicrobianos e os anticoccidianos são práticas rotineiras na prevenção
de doenças e melhoria da produtividade, reduzindo a idade de abate.

No caso da avicultura com frangos caipiras, em relação ao consumidor, o que se deseja


são alimentos mais naturais e livres de produtos transgênicos, resíduos de antibióticos,
dioxinas e outros, prejudiciais à sua saúde. No sistema agroecológico/orgânico de
produção de aves busca-se produzir alimentos saudáveis e de elevado valor nutricional e
isentos de contaminantes, preservando a biodiversidade em que se insere o sistema
produtivo.

Por meio deste projeto as ampliações dos processos autônomos criados e gerenciados
pelos próprios agricultores motivam alguns fatores conjunturais como: a) os bons
resultados técnicos e econômicos demonstrados em experiências anteriores; b) a busca
generalizada por alternativas técnicas que permitam baixar os custos produtivos; c)
agregação de valor e fixação dos recursos na propriedade; d) o envolvimento de famílias
que buscam sair dos sistemas impostos pelas grandes indústrias.

O projeto tem em suas propostas básicas o estímulo à convergência, à cooperação e à


ação em rede estimulando distintos atores sociais do Planalto Norte Catarinense – cujas
os objetivos convergem para o enfrentamento da crise socioambiental da região e a
promoção do manejo agroecológico dos agroecossistemas de base familiar.

19
1.2 Objetivo e Metas do Projeto pela Organização Local

Proporcionar e promover o incremento da renda da familiar através da criação e


beneficiamento de frangos caipiras estimulando assim praticas voltadas a manejo
sustentável dos agroecossistemas envolvidos neste processo.

- Objetivos Específicos:

a) Diversificar as atividades geradoras de renda das propriedades;


b) Desenvolver através do associativismo um elo forte que viabilize esta atividade
para mais famílias da comunidade e da região;
c) Estimular a produção agroecologica de produtos que estejam ligados à criação
de frangos caipiras;
d) Ampliar as alternativas a cultura do fumo;
e) Evitar êxodo rural.
f) Produzir alimentos mais saudáveis.

Metas: Atingir três categorias de público, sendo fornecedores, produtores e


consumidores.

– Fornecedores: Agricultores familiares e assentados da reforma agrária que em parceria


poderão fornecer insumos para ração, onde serão beneficiados diretamente entorno de
200 famílias da região.

- Produtores: Agricultores familiares e assentados da reforma agrária que estão


diretamente envolvidos na produção e agroindustrialização, serão beneficiados
diretamente cerca de 45 famílias

- Consumidores: Pretende-se atingir consumidores em geral, mas especialmente os


mercados institucionais ligados ao PNAE e PAA, da região do Planalto Norte
Catarinense.

- Ampliar o leque de alternativas a cultura do fumo para 100 famílias.

20
- Conseguir a licença sanitária ligada ao SIF, para assim ampliar o numero de famílias
envolvidas com o processo.

- Disseminar praticas que estimulem a biodiversidade e reduzam o impacto ambiental


sobre os remanescentes ecológicos na região.

1.3 Estrutura Planejada do Projeto pelo Empreendimento

- Produção:

Galpão (100 m2) para criar as aves com custo de R$ 10.000,00 cada um. Cada produtor
com um galpão (ou granja) poderá criar 4 lotes de aves por ano de 1.000 aves cada lote.
Cada lote deve permanecer 25 dias em galpão e após solto usando 3 metros quadrados
por ave. Idade de abate 85 dias. Raças Label Rouge, Pesadão, Superpeso, Paraiso Pedêz.
Gramíneas recomendadas: Estrela afrinaca, Hermartria, Missioneira gigante.

- Infraestrutura e Equipamentos da Agroindustria

O projeto do empreendimento possui particularidades que serão determinantes na gestão


futura e concepção do projeto em relação a agricultura familiar. Os quadros a seguir
expressam a projeção de 4 famílias de jovens agricultores sobre o projeto futuro
incluindo equipamentos já adquiridos e outros restantes para a conclusão do projeto.

O projeto original orçou o valor de R$ 1.574.937,70 para a conclusão final do projeto


com planta e equipamentos em funcionamento. A montagem da lista de equipamentos e
obra necessária é um esforço difícil e via de regra orientados por projetos industriais de
larga escala.

A projeção de necessidades para agroindústrias de menor porte para a agricultura


familiar exige capacidade de adaptação geralmente questionada pelas exigências da
legislação montada para grandes projetos.

21
Descrição Unidade Quantdade Valor unitário R$ Total R$
Construção de um prédio para abatedouro Unid. 1 150.000,00 150.000,00
Construção de escritório e sanitários Unid. 1 50.000,00 50.000,00
Licença Ambiental IBAMA/FATMA Unid. 1 8.000,00 8.000,00
Construção de tratamento de esgoto Unid. 1 10.000,00 10.000,00
Cercas da agroindústria Metros 160 50,00 8.000,00
Câmara fria Unid. 4 35.000,00 140.000,00
Caminhão com câmera fria Unid. 1 155.000,00 155.000,00
Caldeira Unid. 1 25.000,00 25.000,00
Equipamentos internos do abatedouro Unid. 691.937,70
Poço artesiano Unid 1 25.000,00 25.000,00
Fabrica de ração Unid 1 60.000,00 60.000,00
Instalação de água, luz Valor final 20.000,00
Caminhão p/ transporte p/ abate Unid 1 120.000,00 120.000,00
Estrutura p/ caixa de água e fabrica de ração M. 120 12.000,00
Diversos Valor final 100.000,00
TOTAL 1.574.937,70

Parte dos investimentos já foram realizados pelas quatro famílias cujo orçamento inclui
recursos próprios obtidos por poupanças familiares e projetos de crédito de investimento
realizados em nome dos agricultores.

Esta é uma característica do projeto que será determinante na sua concepção e gestão
futura pois o projeto precisa incluir novas famílias para produzir sua necessidade de
matéria prima as quais deverão para associar-se.

A associação de novas famílias ao empreendimento implica em investir cotas


semelhantes ou parciais definidas por critérios a serem estabelecidos. Esta condição
exigirá a criação de nova forma de parceria talvez baseada em um sistema de integração
cooperativa.

O contexto de organização associativa do empreendimento exige a construção de novos


contratos entre as famílias. Esta situação não deve ser vista como característica restritiva
ou que qualifique deforma negativa o empreendimento. É uma situação real para a qual
a organização no território está buscando alternativa e poderá encontrar novos desenhos
e formas de gestão contribuindo como forma de gestão.

22
É necessário analisara a situação valorizando as complexas formas que a agricultura
familiar tem encontrado para se manter como organização social e produtiva. Estes
novos elementos formam mais um momento histórico e pode gerar referências.

Descrição Unidade Quantidade Valor unitário Recursos Recursos Total R$


R$ APAECO MDA
Construção de um prédio para Unid. 1 150.000,00 150.000,00 150.000,00
abatedouro
Construção de escritório e sanitários Unid. 1 50.000,00 50.000,00 50.000,00
Licença Ambiental Unid. 1 8.000,00 8.000,00 8.000,00
IBAMA/FATMA
Construção de tratamento de esgoto Unid. 1 10.000,00 10.000,00 10.000,00
Cercas da agroindústria Metros 160 50,00 8.000,00 8.000,00
Instalação de água, luz Valor final 20.000,00 20.000,00
Diversos: (burocracia e Valor final 100.000,00 100.000,00
equipamentos).
Estrutura caixa e fabrica de ração Metros 120 12.000,00 12.000,00
Caldeira Unid. 1 25.000,00 3.000,00 22.000,00 25.000,00
Nórea Unid. 1 12.000,00 19.000,00 31.000,00
Nórea Unid. 1 3.000,00 3.000,00
Nórea Unid. 1 24.800,00 24.800,00
Chiller Unid. 1 24.900,00 24.900,00 24.900,00
Poço artesiano Unid 1 25.000,00 10.219,99 14.780,01 25.000,00
Fabrica de ração Unid 1 30.000,00 6.500,00 23.500,00 30.000,00
Câmara fria Unid. 1 28.500,00 28.500,00 28.500,00
Câmera fria estacionária Unid. 1 28.000,00 28.000,00 28.000,00
câmera fria p/ caminhão Unid. 1 33.000,00 33.000,00 33.000,00
Mesa de embalagem Unid. 1 2.100,00 2.100,00 2.100,00
Mesa de evisceração Unid. 1 2.749,00 2.749,00 2.749,00
Caixas plásticas Unid. 400 29,90 4.000,00 11.960,00 15.960,00
Construção para as câmeras frias Metros 90 5.000,00 31.997,70 36.997,70
Microcomputador com impressora Unid. 1 3.200,00 3.200,00 3.200,00
Balança Unid. 1 1.380,00 1.380,00 1.380,00
Serra fita Unid. 1 1.800,00 1.800,00 1.800,00
Esterilizador de facas Unid. 1 3.420,00 3.420,00 3.420,00
Bomba alta pressão Unid. 1 1.290,00 1.290,00 1.290,00
Lona Geomembrana Metros 164 2.542,00 2.542,00 2.542,00
Depenadeira Unid. 1 8.999,00 8.999,00 8.999,00
Total 401.719,99 289.917,71 691.637,70

Os novos investimentos necessários relacionados no quadro a seguir exigem definições


sobre a forma de cooperação do projeto associativo em estruturação. A associação atual
possui 4 famílias componentes e necessita ampliar uma rede de famílias cooperadas.

23
Descrição Unidade Quantidade Valor unitário R$ Total R$
01 Câmera fria Unid. 3 35.000,00 105.000,00
02 Pré-chiller Unid. 1 25.000,00 25.000,00
03 Chiller miúdos Unid. 6 4.000,00 24.000,00
04 Máquina de gelo Unid. 1 90.000,00 90.000,00
05 Lavatório de mãos Unid. 9 3.000,00 27.000,00
06 Esterilizador de facas Unid. 6 4.500,00 27.000,00
07 Mesa inox Unid. 3 1.500,00 4.500,00
08 Tanque de escaldagem e depilador de pés na linha Unid. 1 12.500,00 12.500,00
09 Tanque (Drip Test) Unid. 1 7.500,00 7.500,00
10 Caixas p/transporte frango vivo Unid. 1.000 60,00 60.000,00
11 Esteira Unid 1 10.000,00 10.000,00
12 Conjunto de eviceração Unid. 1 200.000,00 200.000,00
13 Bomba com estágio Unid. 1 5.000,00 5.000,00
14 Caminhão p/ câmera fria Unid. 1 120.000,00 120.000,00
15 Veículo p/ assistência as propriedades Unid, 1 33.000,00 33.000,00
16 Embaladora de caixas Unid. 1 40.000,00 40.000,00
17 Depenadeira Unid. 1 38.000,00 38.000,00
18 Lavador de frangos Unid. 1 4.000,00 8.000,00
19 Lavador de botas Unid. 2 1.500,00 3.000,00
20 Espátula de eventração Unid. 2 150,00 300,00
21 Pistola de pulmão Unid. 1 11.000,00 11.000,00
22 Processador de moelas Unid. 1 25.000,00 25.000,00
23 Cortador de patas Unid. 1 7.500,00 7.500,00
Total 883.300,00

1.4 Metas do Empreendimento

Metas para 2011: 500 frangos por mês; Para produzir 500 frangos por mês no ano; 2
granjas com 1000 frangos; 600 sacas de milho; 240 sacas de soja; 6 hectares de milho;6
hectares de soja; Com este movimento fará um giro entre estas famílias de R$
45.000,00.

Para 2012: 200 frangos por hora, 32.000 frangos por mês trabalhando 20 dias; no
processo de industrialização precisa de 30 pessoas; para produzir 200 frangos por hora
no ano precisa de 96 granjas com 1000 frangos; 38.400 sacas de milho; 15.360 sacas de
soja; 384 hectares de milho; 384 hectares de soja; com este movimento fará um giro
entre estas famílias de R$ 5.700.000,00.

Para 2013: 300 frangos por hora, 48.000 frangos por mês trabalhando 20 dias; no
processo de industrialização precisa de 40 pessoas; para produzir 300 frangos por hora
no ano precisa de 144 granjas com 1000 frangos; 57.600 sacas de milho; 23.400 sacas
de soja; 576 hectares de milho; 576 hectares de soja; com este movimento fará um giro
entre estas famílias de R$ 8.640.000,00.

24
Para 2014: 500 frangos por hora, 80.000 frangos por mês trabalhando 20 dias; no
processo de industrialização precisa de 50 pessoas; para produzir 500 frangos por hora
no ano precisa de 240 granjas com 1000 frangos;96.000 sacas de milho; 38.400 sacas de
soja; 960 hectares de milho; 960 hectares de soja; com este movimento fará um giro
entre estas famílias de R$14.400.000,00. Para produzir o milho orgânico, produz em
média 100 sacas de milho por hectare. Para produzir o soja orgânico, produz em média
40 sacas de soja por hectare.

A criação e abate de frangos caipira ou orgânico pode motivar outras iniciativas como:
Cama para os aviários (maravalha, capim elefante, palha de trigo, etc.); Esterco;Peixe
(aproveitar as sobras da industrialização); Frutas (criar o frango junto); Novas
agroindústrias; Erva mate (criar o frango junto); Aumento de áreas orgânica;
Diminuição do plantio transgênico; Produção de sementes (milho, soja e adubação
verde); Outras atividades para alimentação dos frangos que podem substituir a soja e
milho como: abobra, mandioca, triticale, trigo mourisco, guandu e ervilha, etc.

- Custo de produção projetado:

Descrição Valor p/ 1.000 frangos


Ração 7.000,00
Pintinho 1.500,00
Maravalha 400,00
Aquecimento 150,00
Agricultor 1.000,00
Assistência técnica 150,00
Transporte 400,00
Outros 200,00
Sub-total 10.800,00
Imposto 7% 1.050,00
Industrialização 2.000,00
Venda/transporte 450,00
Depreciação e lucro 1.500,00
Total 15.800,00

O Preço de venda do quilo do frango caipira é de R$ 6,50. Cada frango industrializado


produz em média 2.44 quilos.

25
- Justificativa técnica:

A criação de aves é atividade tradicional dos colonizadores. A denominação de frango


caipira caracteriza um tipo de criação marcada pelo contato das aves com a natureza.
Apesar de amplamente divulgada na mídia a criação de frango caipira se assemelha com
os criatórios de aves para subsistência praticados por nossos pais, avós etc.

Portanto, a tecnologia conhecida como frango caipira, apóia-se em pesquisas da


Embrapa e outras instituições de pesquisa que desenvolveram referências tecnológicas
suficientes para produção em pequenas propriedades.

O produto, por ter um modo de criação diferenciado, apresenta características que


satisfazem consumidores mais exigentes e, que buscam alimentos com algum
diferencial de qualidade. Isso evidencia a tendência de produtos com melhor
remuneração. As propriedades produzirão o milho necessário ao criatório de frangos
caipiras, agregando valor aos produtos gerados.

O projeto possibilitará a geração de renda para as famílias diretamente envolvidas e para


futuros grupos parceiros na atividade. A possibilidade de melhoria da renda resulta na
fixação das famílias em suas comunidades, com qualidade de vida nos aspectos sociais,
econômico, ambiental, político e cultural.

Observa-se ainda a possibilidade da prestação de serviços no abate de aves para


terceiros, visto que a capacidade de abate é de até 500 frangos/hora. Cada família que
deixa de plantar fumo economiza 120 metros de lenha que resulta em média 300 árvore
a menos ser retirada da natureza.

26
2. O Funcionamento do empreendimento pelo diagnóstico dos dados primários atuais
projetados pelo empreendimento

As informações, descrições e caracterização sobre o funcionamento do empreendimento


deste relatório parcial são apresentadas na sua forma original conforme documentos e
entrevistas realizadas além de algumas considerações incluídas pelo técnico responsável
pelo estudo.

Esta postura metodológica foi seguida valorizando a memória de gestão do


empreendimento situação atual de forma que alem do resultado o estudo possa valorizar
o diagnóstico da condição dos empreendimentos em suas variadas situações e neste caso
em particular em início de funcionamento e em vias de ampliar o investimento e a
escala de produção.

O estudo assim construído poderá manter a perspectiva de concepção de elaboração


metodológica e ferramentas de análise para o programa de dinamização dos territórios
de desenvolvimento em uma perspectiva mais ampla.

O destaque mais importante relacionado ao item anterior de registro sobre a memória


institucional se refere a condição de planejamento estratégico sobre a inexistência de um
plano de negócio ou de ferramentas semelhantes que fosse apresentada pelo
empreendimento no início dos trabalhos o qual permitisse a análise por parte da
consultoria do PNE em estudo.

As ferramentas disponibilizadas pelo empreendimento incluindo a apresentação oral


realizada pela diretoria da agroindústria não revela o uso de ferramenta de
acompanhamento e projeção de resultado que orientasse a tomada de decisão do
empreendimento.

As ferramentas utilizadas na situação atual pelo empreendimento incluem a relação dos


equipamentos e da planta industrial justificadas principalmente pelas exigências da
legislação um plano de produção estimando a produção de matéria prima para
determinada meta a ser comercializada, os custos de produção da matéria prima e uma
imagem não sistematizada da possibilidade de renda das famílias.

27
Neste cenário de administração e gestão do projeto é possível afirmar que a necessidade
de suporte de gestão para o empreendimento é uma condição absolutamente necessária e
no caso específico deste empreendimento, além de reafirmar que esta é uma necessidade
da política pública de apoio a empreendimentos da agricultura familiar, a seqüência do
trabalho pós plano de negócio disponibilizado pela SDT deve orientar esforços para
criar condições de acompanhamento.

2.1 Percepções Institucionais

No município de Canoinhas João Altamir Grein coordenador municipal do sindicato dos


trabalhadores rurais afirma que o abatedouro hoje e a saída pois hoje não tem mais a
tradição de suíno e gado além do impacto para o meio ambiente o frango se torna saída.

Inserido em parcerias amplas que incluem a Rede Ecovida, ONGs Locais promotoras da
Agroecologia como AS-PTA de União da Vitória PR, o projeto conforme seu presidente
Altair Ambrosio é muito importante para a região. São 18 comunidades ao redor do
empreendimento que são possíveis fornecedores de soja para ração e de frango.

Conforme relato da instituição 95% dos agricultores vinculados ao projeto trabalham


com a atividade fumo nas propriedades, com sérios problemas de saúde e possuem
propriedades pequenas com área média de 10 a 12 há pouca mão de obra e, com poucas
alternativas futuras.

O projeto estrutura-se para atender 5 municípios próximos a sede em Ireanopolisdos 14


municípios do território. O projeto possui 6 famílias associadas. Cada família investiu
elevada quantidade de recursos financeiros. Entrou em funcionamento em agosto de
2010. Para a viabilização do funcionamento do projeto cada associado financiou 2 lotes
de 1.000 frango no valor de R$ 50.000,00. No total de 10 lotes de frango cada
associado. Hoje a estrutura possui capacidade para abater 10.000 frangos/mês e abate
apenas 500 frangos.

A definição estratégica de estruturar-se para o mercado orgânico determina desafios


para a organização local. Um destes desafios é a produção de ração orgânica que exige

28
estrutura de produção com garantia, a compra da produção e sua transformação com
estrutura de moagem elevando custos, a terceirização deste serviço parece ser a melhor
opção.

A escala de produção ampliada para os associados é o objetivo e pode determinar para o


projeto elevados custos. O recurso já investido pelo quadro social é elevado e seleciona
novos sócios, grande parte das famílias interessadas não conseguiria investir proporções
de recursos semelhantes.

2.2 Funcionamento da Agroindustria

O abate aos 85 dias produziria 950 frangos cada lote (5% de perda) com peso médio de
3,2 kg de peso vivo por cabeça, rendimento de carcaça de 75% e,peso vivo por cabeça
de 2,4 kg, e a produção total de 2.280 kg de carne comercializadas ao preço de R$ 6,5 o
kg totalizando o valor bruto por lote de R$ 14.820,00.

O custo de produção projetado pelo empreendimento seria de R$ 4,73 para o agricultor


da etapa de produção e entrega na agroindústria (conforme memória de cálculo do
empreendimento item 1 deduzido valores do agricultor e assistência técnica) totalizando
R$ 9.650,00 por lote. O Agricultor receberia assim R$ 5.170,00 por lote e R$ 20.680,00
anuais da venda de quatro lotes.

O custo de produção para a agroindustrialização (conforme memória de cálculo do


empreendimento item 1 deduzido os valores referentes a lucro e depreciação) seria cerca
de R$ 1,53 por kg de frango comercializado totalizando R$ 3.500,00 por lote,o
correspondente a cerca de 67,7% da margem do agricultor por lote.

A produção atual planejada para 2011 é de 500 frangos por mês (representando 20% da
capacidade de produção atual da planta industrial) ou 6.000 frangos por ano exigiria
pouco mais de 6 lotes terminados e 1,5 agricultores. Para produzir 10.000 frangos por
mês (capacidade atual) e 120.000 frangos anuais a agroindústria necessita de 30 famílias
de agricultores produzindo.

29
O projeto proposto para o empreendimento é ampliar a capacidade atual para até 500
frangos por hora, ou cerca de 100.000 frangos por mês o que significaria ampliar a
escala em mais de 10 a 15 vezes a capacidade atual. Ou ainda para uma base social de
famílias agricultoras para 300 ou 450 famílias.

2.3 A Produção nas Famílias Agricultoras

A proposta do empreendimento (agroindústria) para a organização do sistema de


produção nas unidades de produção familiares prevê a estrutura de 3 granjas (aviários)
com estrutura física de 100 m2. O sistema criaria 4 lotes de 1.000 frangos por ano
(tempo de criação de 85 dias).

O abate aos 85 dias produziria 950 frangos cada lote (5% de perda) com peso médio de
3,2 kg de peso vivo por cabeça, rendimento de carcaça de 75% e,peso vivo por cabeça
de 2,4 kg, e a produção total de 2.280 kg de carne comercializadas ao preço de R$ 6,5 o
kg totalizando o valor bruto por lote de R$ 14.820,00.

O custo de produção projetado pelo empreendimento seria de R$ 4,73 para o agricultor


da etapa de produção e entrega na agroindústria (conforme memória de cálculo do
empreendimento item 1 deduzido valores do agricultor e assistência técnica) totalizando
R$ 9.650,00 por lote.

O Agricultor receberia assim R$ 5.170,00 por lote e R$ 20.680,00 anuais da venda de


quatro lotes dos quais dedem ainda ser deduzidos os custos de funcionamento da
agroindústria.

Para produzir 10.000 frangos e necessário: ração 57.000 kg; Soja 32.000 kg; Milho
15.000 kg. A criação dos frangos prevê 3 granjas por família (cerca de 4000 metros para
1000 frangos soltos no mato) e estrutura física de 100 metros quadrados.

A produção de frango orgânico exige custo de ração de elevado custo. O farelo de soja é
comprado a R$ 85,00 o saco com frete incluído determinando custo acima de R$ 2,00 o
kg. A soja orgânica sendo comercializada a R$ 50,0 e comprada a valores semelhantes
caracteriza o elevado custo da ração.

30
Estudos de caso realizado a campo em duas unidades de produção familiares descrevem
a estruturação da atividade no sistema de produção em sua fase inicial. Os quadros a
seguir descrevem informações sobre o funcionamento destes sistemas.

O quadro 1 a seguir apresenta a produção anual, o preço e o valor bruto da produção


anual de duas famílias agricultoras integrantes da base social e produtiva do
empreendimento, a produção ainda é parcial e define sua quantidade pela fase inicial e
pela demanda de mercado das feiras e canais diretos ao consumidor complementados
nos anos recentes pelos programas institucionais.

Quadro 1.Funcionamento do sistema de produção nas unidades de produção familiares


Agricultores A B
Unidades de trabalho Ut 0,20 0,30
Peso médio kg/cabeça 3,20 3,00
Produção anual Cabeças 2.500,00 1.200,00
Preço recebido R$/kg 6,50 5,67
Valor bruto da venda R$/kg 16.250,00 6.804,00
Fonte: PNE 2011.

O agricultor A produziu 2.500 cabeças no ano e o agricultor B 1.200 cabeças. O peso


médio por cabeça e os preços diferenciados determinam diferentes valores vendidos no
ano agrícola 2010/2011.

Quadro 2.Funcionamento do sistema de produção nas unidades de produção familiares


Agricultor Unidade A B
Pintos R$ 3.500,00 1.680,00
Ração R$ 117,00
Soja R$ 135,00 924,00
Milho R$ 2.500,00 850,00
Energia R$ 120,00 80,00
Pastagem R$
Comercialização R$ 2.300,00
Premix R$ 235,00
Transporte R$ 600,00
Palha de trigo R$ 20,00
Manutenção R$ 150,00 80,00
Total R$ 8.842,00 4.449,00
Fonte: PNE 2011.

31
Os custos de produção de cada sistema parece seguir a proporção relativa ao volume de
produção de cada unidade de produção. E o quadro seguinte apresenta o resultado final
a partir da margem obtida para cada unidade de produção.

O agricultor A consegue melhor resultado considerando a sua escala, seu melhor


rendimento por cabeça terminada, e o melhor preço.

Quadro 3.Funcionamento do sistema de produção nas unidades de produção familiares


Agricultor A B
Margem R$/ano 7.408,00 2.355,00
Margem proporcional % 45,59 34,61
Preço unitário R$/kg 6,50 5,67
Custo Unitário R$/kg 3,54 3,71
Margem unitária R$/kg 2,96 1,96
Margem R$/mês 617,33 196,25
Fonte: PNE 2011.

A importância dos estudos de caso apresentados relaciona-se principalmente a


referência gerada sobre a produção de matéria prima para a análise do plano de negócio
do empreendimento dimensionando sua possibilidade de geração de renda na formação
dos sistemas de produção combinados com outras atividades.

2.4 Fábrica de ração:

Componentes da ração soja, milho, suplemento vitamínico e basalto para os minerais.


Possui um silo com capacidade para 90 toneladas e secador com capacidade
proporcional. Dificuldades como a transformação da soja em farelo apontam para a
possibilidade de terceirizar a fábrica de ração através da empresa INCOOPA. A fabrica
de ração custou R$ 6.000,00 instalada com recurso do Pronaf.

32
3. Plano de negócio atual em funcionamento: elementos orientadores

O funcionamento da agroindústria está em processo inicial de organização, algumas


ocorrem de forma mais intensa e outras ainda são realizadas pelas famílias agricultoras
em função dos canais de comercialização acessados como as feiras, a venda direta ao
consumidor, e o mercado institucional.

Um exemplo desta condição se refere a embalagem do produto entregue ao Programa de


Aquisição de Alimentos – PAA sem exigências de armazenamento e embalagem
individual.

3.1 Capacidade de produção atual projetada

A capacidade de produção atual do empreendimento esta estruturada por 9 famílias


produzindo cerca de 6.000 kg de frango anuais. Esta produção é comercializada no
mercado local em feiras,venda direta ao consumidor e no mercado institucional
(Programa de Aquisição de Alimentos – PAA e Programa Nacional de Alimentação
Escolar - PNAE).

A projeção para o final do ano de 2011conforme plano de produção do empreendimento


(Quadro 4) é estimada em 70.000 kg não necessariamente produzidos mas instalados
conforme o sistema de produção descrito.

Quadro 4. Produção atual do empreendimento


Indicador Unidade Referência
Famílias produtoras famílias 9
Lotes produzidos lotes/ano 4
Unidade produtiva cab/lote 853
Taxa de perda de terminação % 5
Cabeças terminadas por lote cabeças 950
Peso por cabeça Kg 3,2
Rendimento de carcaça % 75
Produto por cabeça Kg 2,4
Produção total de carne de aves kg/ano 70.000,00
Fonte: PNE 2011.

33
Nesta condição o plano de produção prevê todos os aviários em funcionamento (4
unidades por família) mantendo esta perspectiva para 2012 e neste mesmo ano
ampliando a base de produção.

No momento de estudo do PNE, agosto a novembro de 2011, a produção projetada para


o ano de 2011 foi reavaliada e novamente projetada para cerca de 50% do resultado
esperado até o final do mesmo ano. A avaliação sobre esta queda de resultado esperado
foi atribuída a certa estagnação da capacidade de articulação por parte das famílias
responsáveis pela direção do empreendimento e motivada pela incerteza sobre a
finalização da obra com ampliação dos equipamentos necessários.

3.2 Custos atuais do empreendimento projetados para 2011

Os custos de produção apresentados no Quadro 4 foram projetados parcialmente (alguns


itens estavam previstos e outros se tornaram necessários sem previsão inicial) pelo
empreendimento e finalizados no processo de estudo e montagem do plano de negócio.
Quadro 5. Custos administrativos e técnicos do empreendimento projetados para 2011.
Preço
Tipo Unidade Quantidade Unitário Total Anual
Água mês 12 30,00 360,00
Luz mês 12 550,00 6.600,00
Telefone/fax mês 12 150,00 1.800,00
Internet mês 12 50,00 600,00
Material escritório mês 12 35,00 420,00
Contador mês 12 320,00 3.840,00
Funcionários mês 13 900,00 12.117,85
Guarda mês 0 900,00 -
Material de limpeza mês 12 100,00 1.200,00
Insumos agroindustriais mês 1 1.500,00 1.500,00
Embalagens c/rotulo anual 29173 0,08 2.333,81
Manutenção de Maquinas e
Equipamentos anual 2.000,00
Manutenção instalações anual 650,00
Impostos anual(%) 7 189.621,90 13.273,53
Despesas financeiras anual(%) 0,3 37.024,98 125,97
Combustível mês 12 200,00 2.400,00
Manutenção de veículo mês 12 200,00 2.400,00
Técnico p/ controle de qualidade mês 3 1.000,00 3.000,00
Total 54.608,96
Fonte: PNE 2011.

34
A avaliação sobre os custos praticados no exercício 2011 com base no Quadro 4
também não ocorreu na integra. Os custos relativos ao pagamento de mão de obra no
item funcionários por exemplo assim como a manutenção de máquinas, equipamentos,
instalações, combustível e manutenção de veículos foram de alguma forma subsidiados
pelas famílias diretoras do empreendimento. Não ocorreram também os custos relativos
ao item técnico para controle de qualidade, e de forma parcial os custos sobre impostos
comercializados com nota de produtor

O funcionamento da agroindústria ainda em fase inicial e dependendo de


complementação do projeto determinam um momento de muita instabilidade em termos
de planejamento e execução e conseqüentemente definindo resultados diferentes
daquele planejado.

A descrição até o momento sobre o planejamento e funcionamento atual do


empreendimento teve como objetivo demonstrar o processo de funcionamento
condicionado por inúmeras variáveis e particularmente justificar as dificuldades
encontradas pelo empreendimento para sua gestão em termos de desafios a serem
superados pela agroindústria familiar.

Esta não é uma condição deste empreendimento apenas é da natureza dos desafios da
estratégia de promoção dos empreendimentos agroindustrias familiares justificando
desafios para as políticas públicas cuja missão é promover o desenvolvimento
econômico superando apoios justificados por causas sociais e realizar a transição para
um programa de desenvolvimento efetivo.

O empreendimento em estudo por este PNE conforme descrição até o momento revela a
inexistência de ferramentas disponíveis e metodologia apropriada para sua utilização
ainda que exista uma relação equipamentos e planta industrial montada, a memória de
produção e custos estes itens formam um conjunto de fragmentos de ferramentas
necessárias utilizadas parcialmente e de forma desconectada.

Nestas condições as decisões necessárias para coordenar ações do cotidiano e planejar


ações de curto e médio prazo são tomadas em contexto de dúvida podendo determinar

35
resultados negativos e aquém das possibilidades reais do empreendimento. Esta
condição conduz o processo de gestão sob tensão inclusive de relações internas entre os
associados.

Os projetos gestados pelas associações e cooperativas da agricultura familiar ainda que


sejam concebidos e executados em ambiente de forte parceria como é o caso do
empreendimento em estudo e reúnam competências técnicas ainda assim encontram
imensas dificuldades pela inexistência de relação de trabalho entre as instituições
geralmente pontuais mas principalmente pela falta de domínio técnico e método para
planejar e acompanhar projetos cuja natureza exige aptidões não disponíveis através dos
processos formais de formação de profissionais como são os empreendimentos
associativos da agricultura familiar.

36
4. Plano de Negócio Proposto

O plano de negócio proposto apresentado a seguir foi definido pela oficina final de
validação do PNE. A proposta é a síntese projetada a partir da adequação da capacidade
projetada da agroindústria de 500 cabeças de frango por hora definida pela capacidade
de resfriamento rápido do equipamento projetado e exigido pela legislação para i tipo de
agroindústria.

A definição do plano de negócio com base na capacidade máxima de produção da planta


industrial exige a caracterização da condição de risco e sua análise considerando o
desafio de gestão a ser assumido pelo projeto do empreendimento.

4.1 Produção de matéria prima

A associação proponente do projeto definiu a participação de 48 famílias como


organização da capacidade de produção de matéria prima. Cada família deverá produzir
em média cerca de 9,2 lotes com a capacidade de produção projetada no Quadro 6 a
seguir.

Quadro 6. Produção projetada do empreendimento


Indicador Unidade Referência
Famílias produtoras famílias 48
Lotes produzidos lotes/ano 9,2
Unidade produtiva cab/lote 1.000
Taxa de perda de terminação % 5
Cabeças terminadas por lote cabeças 950
Peso por cabeça Kg 3,2
Rendimento de carcaça % 75
Produto por cabeça Kg 2,4
Produção total de carne de aves kg/ano 1.006.848
Fonte: PNE 2011.

O número de famílias formando a base de produção associativa foi considerado em


função de garantir a unidade de cooperação necessária. O empreendimento definiu esta
meta pelas dificuldades de ampliação para um número maior de famílias pela
dificuldade de organização mantendo aberto o processo dependendo da capacidade
futura de organização no território.
37
4.2 Projeção dos Custos de Agroindustrialização

Os custos de produção projetados no Quadro 7 a seguir representam a organização de


diferentes fontes de referência incluindo parâmetros técnicos definidos a partir da
capacidade instalada pelas diferentes fases de transformação/beneficiamento da matéria
prima mediadas pelo acúmulo de experiência na gestão de organizações econômicas da
agricultura familiar acessadas pela consultoria e pelos dirigentes do empreendimento
associativo.

Quadro 7. Custos de agroindustrialização projetados do empreendimento.


Tipo Unidade Quantidade Preço Unitário Total Anual
Água mês 12 70,00 840,00
Luz mês 12 2.000,00 24.000,00
Telefone/fax mês 12 300,00 3.600,00
Internet mês 12 70,00 840,00
Material escritório mês 12 100,00 1.200,00
Contador mês 12 300,00 3.600,00
Funcionário mês 120 550,00 66.000,00
Guarda mês 1 900,00 900,00
Material de limpeza mês 12 90,00 1.080,00
Insumos agroindustriais mês 3 1.500,00 4.500,00
Embalagens com rótulo anual 419.520 0,03 12.585,60
Manutenção Maquinas e
Equipamentos anual 1.000,00
Manutenção instalações anual 500,00
Vendedor %valor 10 5.235.609,60 523.560,96
Impostos anual(%) 13 2.726.880,00 354.494,40
Despesas financeiras anual(%) 0,3 272.688,00 818,06
Combustível mês 12 1.300,00 15.600,00
Manutenção de veículo mês 12 180,00 2.160,00
Técnico para controle de qualidade mês 5 1.000,00 5.000,00
Taxa administrativa de gestão anual(%) 0,3 6.544.512,00 19.633,54
Total 1.041.912,56
Fonte: PNE 2011.

O momento metodológico de validação final do PNE através da oficina territorial pode


ser definido como momento síntese de definição dos indicadores de custos. Cada item
representa a projeção provável dos custos ou seja um parâmetro representando certa
variação possível a qual se definirá pelo acompanhamento do plano de negócio.

38
Itens como água, luz, telefone fax, material de escritório, internet, contador por exemplo
devem apresentar pequena variação não sendo determinantes na formaçãodo resultado
dos custos totais.

Outros custos como funcionários representando a mão de obra contratada podem variar
de forma significativa tanto pelo valor que representam na composição final dos custos
como pela possibilidade de sua gestão associativa gerar menores custos e crescer em
termos de resultado final componente da renda.

Se o processo de cooperação entre as famílias associadas crescer esta tarefa poderá ser
executada pelas famílias particularmente pelos filhos o que permite considerar os custos
como componente da renda familiar.

Os custos relacionados a manutenção da estrutura agroindustrial tanto para prédio como


para máquinas e equipamentos podem crescer a medida que passem os anos produtivos
determinando o crescimento dos custos. A capacidade de cuidado de manutenção pode
determinar crescimentos menores.

Os custos relativos ao pagamento de comissão de vendas (vendedor) pode também ser


modificado a medida que o produto se torne conhecido e passe a compor custos de
logística. Estes custos podem ainda ser transformados em renda se a tarefa for executada
por membros das famílias agricultoras associadas semelhante portanto aos custos de
mão de obra.

Os custos relacionados aos impostos são outro exemplo característico vaiando


dependendo do mercado ou tipo de canal de comercialização ou ainda variando
conforme a legislação caso a reivindicação de constituição do marco legal para o
cooperativismo da agricultura familiar avance.

Diante destes cenários a projeção do plano de negócio para os custos de


agroindustrialização deve ser considerada uma projeção dependendo de monitoramento
periódico conforme a estrutura e concepção proposta de uma ferramenta de trabalho a
ser utilizada na gestão do empreendimento.

39
4.3 Valores Produzidos

Os valores produzidos apresentados no Quadro 8 são determinados pela capacidade da


agroindústria a partir de sua complementação de estrutura produtiva demandada pelo
empreendimento com justificativas técnicas e legais conforme legislação.

A afirmação acima não deixa de considerar que adaptações são possíveis quer sejam
motivadas pela flexibilização da legislação em vigor ou por diferentes estratégias de
gestão adotadas.

Os resultados de valores produzidos são projetados para o cenário de 5 anos conforme


quadro de projeção do plano de negócio apresentado no próximo item. É importante
considerar que a relação entre custos e valores brutos produzidos afirma que o tipo de
empreendimento pode obter resultados expressivos no mercado conforme o setor
agroindustrial da avicultura já demonstra.

A possibilidade de bons resultados está intimamente ligada aos custos de concorrência


tornando as características específicas do empreendimento de comercializar produtos
diferenciados (agroecológicos) praticamente uma condição para o resultado do projeto
ainda mais importante do que mercados alternativos como o mercado institucional cuja
escala regional do território por exemplo talvez não seja suficiente ainda que o
empreendimento abastecesse a demanda na sua totalidade.

Quadro 8. Valores Produzidos.


Indicadores Unidades Referência
Produção total de carne de aves kg/ano 1.006.848,00
Preço R$/kg 6,50
Valor da Produção R$/ano 6.544.512,00
Custos de agroindustrialização R$/ano 1.041.912,56
Margem R$/ano 5.502.599,44
Fonte: PNE 2011.

A avaliação sobre os riscos não deve ser considerada como fator condicionante para a
aprovação ao não de projetos de apoio ao empreendimento mas como orientação de
gestão ao plano de negócio do empreendimento. Nesta perspectiva as instituições de
40
fomento a projetos de agroindústrias familiares devem assumir o risco garantindo
suporte técnico de apoio que dilua e/ou crie condições de gestão do risco do projeto.

4.4 Indicadores de Funcionamento do Plano de Negócio

Os indicadores de funcionamento estão diretamente relacionados aos resultados e


devem ser assim analisados. Duas perspectivas de resultado devem ser consideradas a
condição de renda potencial para as famílias associadas a ser promovida pelo projeto, e
o resultado de gestão do plano de negócio sobre o empreendimento que analisa taxas de
retorno e valores representando o ponto de equilíbrio para pagamento dos custos fixos e
variáveis.

Quadro 9. Indicadores de funcionamento do Plano de Negócio.


Produção total de carne de aves kg/ano 1.006.848,00
Preço R$/kg 6,50
Valor da Produção R$/ano 6.544.512,00
Custos de agroindustrialização R$/ano 1.041.912,56
Margem R$/ano 5.502.599,44
Preço recebido R$/kg 6,50
Custo R$/kg 1,03
Preço pago ao agricultor R$/kg 5,47
Margem da gestão da agroindustria %/preço 15,92
Fonte:PNE 2011.

Sobre a renda familiar sua demonstração ocorre no próximo item e sobre o plano de
negócio do empreendimento o indicador de margem de gestão ou custos de
administração de 15,92% deve ser considerado positivo. Este indicador representa o
ponto de equilíbrio para pagamento dos custos porem representa um parâmetro bastante
usual na avaliação de empresas. É freqüente a avaliação de que os custos não podem
ultrapassar 20% em muitas regiões de forte organização da agricultura familiar.

Este indicador não deve ser confundido com margem de lucro ou margem relacionada a
análise de resultados econômicos em empresas ainda que seja assim nominado no
Quadro 9. O indicador margem deve ser considerado conceitualmente como tal um tipo
de margem de resultado.

41
A gestão do plano de negócio poderá trabalhar com indicador de margem dos custos
sobre o valor produzido ou comercializado bem maior e ainda ser positivo dependendo
do custo de oportunidade relacionado como importante para análise do
empreendimento.

Ou seja, pode ser importante para as famílias agricultoras e para o território conforme já
foi declarado pelas instituições e organizações do próprio território gerar alternativa a
produção de fumo na região. Sendo assim talvez com margem entre 25% e 35% de
custos em função da capacidade de preço pago ao agricultor menor pelo menor preço
obtido no mercado, ainda assim o resultado do projeto do empreendimento seja
positivo.

4.5 Formação potencial da renda das famílias agricultoras

O Quadro 10 a seguir apresenta o resultado de renda projetado pelo projeto do


empreendimento para uma família produzindo 4 lotes anuais. Este projeto inicial
exigiria mais de 100 famílias associadas para garantir a produção necessária. O projeto
atual que planeja 48 famílias conforme o Quadro 6 necessita da produção anual de 9,2
lotes por família.

Quadro 10. Formação da renda das famílias agricultoras


Indicadores Unidade Referência
Famílias produtoras famílias 1
Lotes produzidos lotes/ano 4
Unidade produtiva cab/lote 1000
Taxa de perda de terminação % 5
Cabeças terminadas por lote cabeças 950
Peso por cabeça kg/cab 3,2
Rendimento de carcaça % 75
Produto por cabeça kg/cab 2,4
Produção anual de carne kg/ano 9.120
Preço recebido R$/kg 5,47
Valor da produção R$/ano 49.842,39
Custo anual total R$/ano 14.800,00
Margem anual total R$/ano 35.042,39
Margem mensal R$/mês 2.920,00
Fonte: PNE 2011.

42
A projeção de 9,2 lotes anuais por família dobra a renda analisada e considerando esta a
demanda de mercado conquistada exigiria um meio de produção importante e
condicionante a mão de obra disponível a qual foi considerada existente na região
justificada inclusive pela característica da região de produtora de fumo exigente em mão
de obra e geralmente característica de regiões de pequena propriedade sem alternativas
de escala de área produtiva para outras atividades que exigem esta condição.

A potencialidade de renda do projeto é real e em muitas regiões de forte organização da


agricultura familiar na região Sul encontramos projetos semelhantes obtendo resultados
positivos. Estes projetos geralmente são de menor escala com características artesanais e
voltados para o mercado local municipal e de poucas famílias. Projetos elaborados para
trabalhar em escala maior, regional encontraram dificuldades fato que justifica a
afirmação de que é necessário garantir apoio de gestão ao empreendimento em estudo
por este PNE.

4.6 Projeção dos Resultados pelo Plano de Negócio

O plano de negócios representa a síntese registros e monitoramento dos resultados a ser


realizada entre períodos oportunos que garanta a gestão coletiva e a compreensão do
funcionamento do empreendimento. Este processo é uma condição necessária a gestão
do projeto e garante a unidade das formas de cooperação da economia solidária.

Para a elaboração de planos de negócio de planejamento e/ou de análise de resultados


são necessários ferramentas de gestão com registros periódicos e eficientes. O estudo
apresentado por este trabalho reúne um conjunto de ferramentas apresentadas que
devem ser utilizadas conforme as orientações dos momentos oficinas realizados.

O plano de metas apresentado no quadro a seguir resume os quadros anteriores do plano


de negócios na forma das orientações do Decop/SDT e sua utilização como instrumento
de registro e gestão deverá auxiliar na utilização do PNE.

43
Algumas considerações sobre o plano de metas:

- A variação projetada ocorreu pela produção por família associada através do número
de lotes terminados por ano: 2 lotes no ano 1; 4 lotes no ano 2; 6,5 lotes no ano 3; 7,5
lotes no ano 4;e 9,2 lotes no ano 5.

(I) Plano de Metas:

Ordem Metas Unidade de Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5


medida
1 Matéria prima processada kg de frango 273.600, 547.200, 889.200, 1.026.000, 1.254.000,
2 Produto comercializado Kg de frango 218.880, 437.760, 711.360, 820.800, 1.006.448,
3 Faturamento Bruto R$/ano 1.422.720, 2.845.440, 4.623.840, 5.335.200, 6.544,512
4 Custos de produção R$/ano 328.883, 526.447, 774.526, 873.558, 1.041.912,
5 Resultado Operacional R$/ano 1.093.836, 2.318.492, 3.849.313, 4.461.641, 5.502.599,
6 Remuneração dos R$/kg 6,50 6,50 6,50 6,5 6,50
empreendedores
7 Reservas do R$/ano 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
empreendimento
8 Índices Operacionais e
Financeiros
-(1)Rendimento da matéria % 75 75 75 75 75
prima em produto
-(2)Margem de preço % 76,88 81,48 83,24 83,62 84
-(3)Preço praticado R$/kg 5,00 5,30 5,41 5,44 5,47
-(4)Margem de custo %/preço 23,12 18,52 16,75 16,37 15,92

- O preço foi mantido a partir da orientação de um planejamento conservador e assim


mantido como potencialidade positiva de gestão e resultado.

- Os custos foram mantidos variando proporcionalmente os itens diretamente


relacionados como mão de obra, embalagens, impostos, comissão de vendas e outros. A
opção de planejamento foi partir de uma proporção mais elevada de custos incluindo
itens já no primeiro ano que podem ser necessários somente no terceiro ano.

O plano de metas apresentado não pode ser considerado conservador ainda que alguns
itens como o preço foram mantidos estáveis. O plano deve ser considerado possível e de
elevado risco estratégico pela natureza do empreendimento de uma agroindústria
familiar em uma atividade bastante competitiva em termos de mercado.

A qualificação do risco relacionada a natureza do empreendimento cujo objetivo é


estrutural para a agricultura familiar um complexo de dinamização econômica com base
em empreendimentos agroindustriais e diferenciados mesmo sem a existência de um
marco legal específico e portanto sendo gestionado os empreendimentos sob as regras
de grandes empresas.
44
Esta qualificação sobre risco do empreendimento não exclui riscos de gestão os quais
devem ser mantidos e relacionados a todos os empreendimentos apoiados para a
agroindústria familiar.

A opção foi manter os resultados projetados neste plano de negócio com metas cujos
indicadores permitem através do monitoramento a percepção de novos resultados e suas
justificativas de forma bastante sensível. Os resultados poderiam projetar metas com
custos mais elevados ou em amplitudes maiores de resultado operacional podendo
dificultar a análise do que seria o resultado. Assim estamos afirmando que resultados
diferentes dos projetados pelo plano de metas deverão indicar de forma bastante clara as
variáveis que os determinaram e exigir nova estratégia de gestão para o
empreendimento.

4.7 Ferramentas de Gestão do Plano de Negócio

A seguir são apresentados os outros cinco quadros componentes da proposta de uso do


plano de negócios como ferramenta de gestão estratégica do empreendimento. A
importância do uso das ferramentas componentes do plano de negócio já analisada
anteriormente indica para o empreendimento sua necessidade e condição necessária.
(II) Balanço Mensal

1. Situação no início do mês Valor (R$)


1.1 Bens fixos e semi-fixos
1.2 Estoque
1.3 Recursos financeiros
1.3.1 Conta corrente
1.3.2 Aplicações
1.3.3 Caixa
1.4 Dívidas a receber
1.5 Dívidas a pagar
2. Movimento do mês
2.1 Aquisição de bens fixos e semi-fixos
2.2 Aquisição de bens de consumo
2.3 Receitas de venda
2.4 Despesas operacionais
3. Situação no fim do mês
3.1 Bens fixos e semi-fixos
3.2 Estoque
3.3 Recursos financeiros
3.3.1 Conta corrente
3.3.2 Aplicações
3.3.3 Caixa
3.4 Dívidas a receber
3.5 Dívidas a pagar

45
O balanço patrimonial pode ser utilizado em duas perspectivas a primeira como
instrumento disciplinador da rotina a ser construída para a administração do
empreendimento pela sua exigência de registro e organização das informações. E a
segunda como instrumento de avaliação em períodos maiores (anuais, bianuais) sobre a
capacidade do empreendimento de manutenção e ampliação do patrimônio.

O controle de estoque é uma ferramenta de rotina disciplinadora dos registros que se


tornam a condição para o planejamento de curto,médio e longo prazo.
(III) Controle de Estoque:

Mercadoria:
Data Especificação E/S Q Saldo

- E=entrada; S=Saída; Q=Quantidade


- O controle de estoque pode criar diversas especificações conforme a necessidade e as características do
empreendimento descrevendo, por exemplo, estoques perdidos (estragados). Entre as especificações
podem ser criadas fichas por etapa de produção que dependam de tempo de armazenagem para reiniciar o
processo de beneficiamento.

O movimento financeiro (Quadros IV e V) é a rotina da conta bancária do


empreendimento que deve estar atualizado e informado aos associados de forma
periódica.

(IV) Movimento Financeiro:

Data Especificação D/C Valor (R$) Saldo (R$)


01/03/2012 Disponibilidade financeira no início do mês

30/03/2012 Disponibilidade financeira no dinal do mês


- D=débito; C=crédito

Caso não se estabeleça procedimentos de rotina de acompanhamento podem se


caracterizar situações difíceis de compreender e retomar a rotina de controle.

(V) Movimento Mensal das Disponibilidades Financeiras:

Ordem Agente Tipo de Número da Saldo Entrada Saída Saldo


financeiro conta conta inicial final

Caixa
Total Geral

46
O controle de contas a receber e a pagar representa instrumentos e procedimentos sem
os quais a gestão de um empreendimento não funciona. É comum bons projetos
perderem o controle interno fato que determina o descontrole externo e compromete a
confiança no empreendimento.
(VI) Controle Mensal de Contas a Receber:

Ordem Devedor Valor (R$) Data do vencimento

(VI) Controle Mensal de Contas a Receber:

Ordem Credor Valor (R$) Data do vencimento

47
5. Potencialidades, Ameaças e a Gestão do Plano de Negócio

O quadro das potencialidades e ameaças do empreendimento associativo da Cooperativa


COOPERQUINTAL apresentado a seguir possui a especificidade de um plano de
negócio e de uma associação da agricultura familiar estruturado por um grupo de
famílias (4) a qual pode ser descrita nos tempos atuais como jovens empreendedores
com uma característica muito importante e relacionada ao processo avançado de ação
para a implementação do projeto.

Esta característica não encontra em muitos momentos as respostas sob a forma de


parcerias ampliadas de novas famílias e da institucionalidade existente de parceiros e de
gestoras de políticas de apoio necessárias.

Esta característica no momento histórico do empreendimento e das políticas existentes


para a agroindústria familiar exige grande capacidade de superação. Uma das questões
fundamentais esta relacionada ao caminho já trilhado pelas famílias dirigentes do
empreendimento que já realizaram investimentos próprios orientando o
empreendimento com características de empresa diferenciando-se no processo das
associações e cooperativas conduzidas em menor velocidade de organização e gestão.

Na perspectiva de compreender as especificidades do projeto não devemos atribuir a


esta característica como um fator restritivo o que poderia ser até convencional em
termos de projetos da agricultura familiar mas apoiar a iniciativa e contribuir para sua
formatação talvez diferenciada.

A gestão futura do empreendimento conforme análise anterior sobre o seu


funcionamento sugere a possibilidade de formar um sistema de integração entre grupos
associativos de famílias onde um destes grupos cumpra um papel de gestor de um
contrato de negócio formalizado entre diferentes sujeitos associativos.

A natureza do empreendimento em estudo por este PNE orientou a montagem e análise


do quadro síntese das potencialidades e ameaças considerando esta perspectiva sobre os
temas considerados relevantes pelos representantes do território.

48
Para o empreendimento as características relacionadas a parceria são determinantes, o
território possui forte presença da agricultura familiar o rural é determinante na
economia do território, possui forte produção de grãos para a produção de carne de
frango e possui um complexo de organizações voltadas para a produção agroecológica
fato determinante para o empreendimento.

Quadro 11. Quadro síntese, elaborado na oficina final de validação do PNE, Matriz FOFA.
Fortalezas Oportunidades Fraquezas Ameaças
Mão de obra familiar Produto Diferenciado Instabilidade da rede de Gestão do negócio
energia elétrica
Matéria prima regional de Mercado Institucional Forma de comercialização Transgênicos
milho e soja com baixo
custo de produção
Agroecologia na região Alternativa de Renda Comprometimento dos
agricultores
Parcerias no território Envolvimento dos Jovens Instabilidade do mercado
Sistemas de produção Localização do território e Legislação (burocracia e
diversificados das famílias mercado custos)
Projeto do Custos de logística
empreendimento
estruturado
Fonte: PNE 2011.

Os temas componentes da matriz FOFA orientam ações para a gestão do plano de


negócio. A orientação a partir deste momento é estruturar um conjunto de ações
estratégicas que devem ser assumidas pelo território e empreendimento

Quadro 12. Quadro síntese de diretrizes e ações orientadoras a partir da matriz FOFA.
Diretrizes Ações
Gestão do negócio - Montagem de um plano de serviço de ATER para gestão de
planos de negócio
Forma de comercialização - Construção de ferramentas e método de serviço de ATER
Custos de logística - Construção de ferramentas e método de serviço de ATER
Legislação (burocracia e custos) - Construção de ferramentas e método de serviço de ATER
- Agenda pró Marco Legal do Cooperativismo da Agricultura
Familiar
Instabilidade do mercado - Construção de ferramentas e método de serviço de ATER
Comprometimento dos agricultores - Gestão do empreendimento para cooperação
Transgênicos - Agenda temática estratégica do território
Fonte: PNE 2011.

49
Ação Estratégica 1: Montagem de um plano de serviço de ATER para gestão de planos
de negócio.

O presente plano de negócio apresentado para o empreendimento em estudo orientou


sua análise considerando o desafio de gestão de projetos desta natureza para a
agricultura familiar e a condição necessária para alcançar os resultados projetados dos
serviços de acompanhamento de gestão.

Ao propor esta condição este estudo argumentou sobre a necessidade da política


nacional criar condições deste serviço como complementação ás ferramentas
dinamizadoras da economia dos territórios.

Nesta perspectiva a ação1 passa a ser condicionante para a execução deste plano de
negócio e, portanto para o apoio ao empreendimento. As ações propostas devem ser
seguidas na perspectiva mais imediata possível.

- A cooperativa deverá solicitar formalmente ao grupo de trabalho (GT) responsável


pela dinamização da cadeia produtiva no território a montagem de um plano de serviço
de ATER reunindo as competências para apoio a empreendimentos agroindustriais da
agricultura familiar.

- O GT da cadeia produtiva deverá analisar a solicitação do empreendimento e


coordenar a montagem deste serviço de ATER disponibilizando de forma imediata
ainda que parcial tempo de apoio a execução do plano de negócio do empreendimento
realizado por este PNE. A parceria comas instituições de ATER do território devem ser
buscadas debatendo esta proposta e estruturando se possível um plano de trabalho.

Ação Estratégica 2: Construção de ferramentas e método de serviço de ATER

A ação estratégica “Construção de Ferramentas e Método de Serviço de ATER”


pressupõe a necessidade de elaboração de indicadores e referências em processo de
acompanhamento do plano de negócio e gestão de empreendimentos agroindustriais da
agricultura familiar. Esta ação deve fazer parte da ação 1.

50
Desta forma este serviço de ATER concebe que o domínio de competências para a
prestação deste serviço exige a construção de conhecimento não disponível no âmbito
das instituições afins e não disponível nos processos formais de formação técnica.

- A definição do tempo de ATER destinada para a execução deste serviço especializado


por parte das parcerias possíveis e de projetos futuros de ATER para o território
possibilitados inclusive pela nova lei de ATER deverá planejar a memória e
sistematização do processo de acompanhamento por parte dos técnicos responsáveis.

- A construção destas ferramentas deverá correr através da participação ativa das


famílias gestoras pelo empreendimento como orientação metodológica.

- A ação técnica deverá ocorrer através de metas de planejamento do plano de negócio


orientada portanto por resultado projetado por tempo definido.

- É função dos GTs responsáveis pela gestão da cadeia produtiva no território e pela
implementação das diretrizes contidas nos estudos PTDRS, PTCP, e PNE coordenar a
estruturação deste núcleo de serviço de ATER.

- A direção do empreendimento deverá participar da montagem deste núcleode serviço


de ATER.

Ação Estratégica 3: Agenda pró Marco Legal do Cooperativismo da Agricultura


Familiar.

Esta ação estratégica está relacionada ao marco legal da lei do cooperativismo e da


agroindústria familiar. A dimensão desta ação é de composição de uma agenda política
do território articulado as instancias estadual e federal.

A agenda política sobre o tema é estratégica e define o resultado dos empreendimentos


da agricultura familiar. O marco legal atual não considera as especificidades necessárias
para pequenos empreendimentos da agricultura familiar e orientada pela empresa
agroindustrial condiciona de forma restritiva o funcionamento e os resultados.

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As restrições impostas pela atual legislação são responsáveis pelos resultados e definem
o fim de muitos projetos bem estruturados e com grande capacidade de promover o
desenvolvimento e a melhoria da renda das famílias agricultoras.

- O território deverá encaminhar ao conselho estadual e acompanhar o processo de


reivindicação assim como os projetos de lei que de alguma forma possam avançar na
criação de legislação específica sobre o tema.

Ação Estratégica 4: Gestão do empreendimento para cooperação.

A ação estratégica 4 assim como as demais é uma demanda do território formalizada


pela oficina territorial de validação deste plano de negócio. O tema revela os desafios do
empreendimento e responsabilidades dos parceiros e gestores do desenvolvimento no
território.

Ao afirmar sobre as necessidades de adquirir competências de gestão pelos dirigentes do


empreendimento não estamos afirmando serem estes incompetentes mas que estes não
tiveram a oportunidade de se capacitarem e quando o fazem encontram dificuldades
pela falta de ferramentas e método apropriados para sua demanda.

Nesta perspectiva é necessário que os gestores responsáveis pelo empreendimento


assumam compromissos de planejamento de gestão:

- Implantar o plano de negócio definindo a pessoa responsável pelo registro da


informação necessária demandada pelos diferentes quadros de acompanhamento
propostos por este plano.

- Definir agenda de trabalho da equipe diretora para organização da informação na


forma dos indicadores de gestão e realizar a análise dos resultados definindo mudanças
se necessário.

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- Planejar a forma de divulgação entre as famílias associadas e consorciadas pelo
projeto também de forma periódica não deixando acumular longos períodos sem a
análise dos resultados.

Considerações sobre as Ações:

As ações propositivas apresentadas formam a agenda de compromissos complementar


ao PNE assumidas pelo empreendimento e parceiros. As 4 propostas de ação estratégica
possuem dois destaques o primeiro sobre a assistência técnica - ATER necessária e que
depende de condições externas ao território da política nacional complementada pela
necessidade metodológica da construção de nova estrutura metodológica e de concepção
para este serviço.

É importante afirmar sobre a tarefa de capacitação e aglutinação de competências para


oferecer de forma ágil e imediata este serviço. O acompanhamento técnico para este tipo
de empreendimento incluindo a produção, transformação e comercialização ainda
desconsiderando a integração entre as etapas da cadeia produtiva é frágil, as instituições
responsáveis pela formação de técnicos com estas habilidades não possuem marcos
teóricos e técnicos para responder por estas tarefas.

O desafio é imenso e a necessidade é de urgência. A alternativa é criar estratégias


metodológicas estreitando relações entre empreendimentos e redes de ATER que
constroem conhecimento em processo solidário.

Os empreendimentos econômicos inseridos na dinâmica de mercado são dinamizados


por grande velocidade e exigem decisões em tempo de urgência normalmente não
compatíveis com o tempo de gestão de processos democráticos e transparentes da
organização social da agricultura familiar.

É necessário criar mecanismos e programar a agenda periódica (trimestral) de


informação e análise de resultados para não permitir que as decisões e correções de
planejamento ocorra de forma transparente e ágil.

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O objetivo destas considerações finais é registrar as preocupações estratégicas e deixá-
las na memória para seu uso cotidiano aconselhando os gestores e parceiros do
empreendimento. A cada momento de planejamento estratégico sugere-se avaliar o
quadro dos sonhos pelas fragilidades e assim orientar as ações e tomadas de decisão.

O plano de negócios apresentado por este PNE necessita de ações de acompanhamento


de funcionamento e análise de resultado periódico rígido. As ações propostas são
apresentadas a partir de comentários realizados durante os momentos oficina e outros,
como produto de análise dos consultores responsáveis por este plano.

As ações assim como o plano são instrumentos de apoio sua utilização é uma decisão do
empreendimento e do processo de gestão do território. Esta perspectiva de compromisso
com o estudo realizado deve ser qualificada e ampliada no futuro: uma medida muito
eficaz seria um termo de compromisso a ser assumido oficialmente entre o PNE através
de consultoria técnica disponibilizada e do empreendimento e território com a execução
e avaliação dos resultados determinando ações futuras.

A seguir as principais recomendações que se tornam relevantes como produto síntese do


estudo do Plano de Negócio:

1) Atualizar o plano de negócio (Quadros) a cada mês durante o primeiro ano de gestão.

2) Manter os quadros mensalmente preenchidos e analisados como rotina de gestão.

3) Apresentar os resultados periodicamente a cada três meses para os associados.

4) Encaminhar a demanda de um projeto de ATER do empreendimento ao colegiado


territorial. Negociar este projeto vinculado aos novos projetos de ATER de editais
públicos do governo federal. Incluir nas metas deste projeto a assessoria de gestão.

5) Buscar a formação de um fundo de capital de giro. Esta tarefa exige a articulação de


forma direta pela busca de projetos de apoio.

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Bibliografia

- Estudo Propositivo para a Dinamização do Território Rural do Centro.

- Plano de Desenvolvimento Rural Sustentável Território Central Estado do Rio Grande


do Sul. 2009.

- Estudo da Cadeia do Mel e Derivados Território Central RS. Luis Fernando Fleck e
João Alberto Belinaso. Santa Maria. 2010.

- IBGE, Censo Agropecuário 2006.

- IBGE, Planejamento Pecuário Municipal 2009.

- IBGE, Planejamento Agrícola Municipal 2009.

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