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O USO DE JOGOS EDUCATIVOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Lílian Lopes Paiva – Universidade Federal Rural da Amazônia


Márcia C. B. do V. de Assunção – Universidade Federal Rural da Amazônia
Fabrício do Nascimento Moreira – Universidade Federal Rural da Amazônia
Raimunda Maria da Luz Silva – Universidade Federal Rural da Amazônia
Cláudia Waléria da Silva Ferreira – Universidade Federal Rural da Amazônia
E-mail para contato: moreiranet@yahoo.com.br
Agência Financiadora: Plano Nacional de Formação de Professores da
Educação Básica – PARFOR da UFRA, campus Belém.

Eixo Temático: Eixo 10 - Formação Docente Inicial e Continuada

Categoria: pôster

RESUMO
O trabalho intitulado: “O jogo educativo na Educação Infantil, numa creche-
escola no município de Curuçá no Pará” tem como objetivo investigar como as
professoras da educação infantil desenvolvem atividades com jogos
educativos. A metodologia da pesquisa é de abordagem qualitativa,
bibliográfica e utilizou-se na primeira fase da pesquisa de campo o uso de
questionário junto às professoras. Na segunda fase, far-se-á visitas às turmas
durante suas atividades e, por meio de observações, buscar-se-á realizar
novas inferências acerca da realidade investigada. A base teórica do estudo
teve como referência os seguintes autores: RCNEI (BRASIL, 1998), as quais
afirmam que a rotina pode ser favorável ou não à prática pedagógica,
dependendo de como se configura; Maluf (2012), conceitua a ludicidade, bem
como enfatiza sua importância ao processo de ensino-aprendizagem;
Friedmann (2012), destaca os benefícios que as atividades lúdicas
proporcionam ao indivíduo; Antunes (2012), salienta a importância do jogo à
formação do educando e ao fazer pedagógico e Kishimoto (2011), que se
refere às características dos jogos que aguçam o imaginário infantil. A pesquisa
mostrou que as docentes utilizam como métodos diversos jogos educativos,
incentivando, valorizando o ambiente e a singularidade das crianças.
Compreendeu-se que, os jogos e as brincadeiras contribuem no processo de
aprendizagem da criança, visto que a diversidade de atividades lúdicas
favorece o desenvolvimento do indivíduo nos aspectos cognitivos, emocionais,
afetivos e sociais.

Palavras-chave: Educação infantil. Jogos educativos. Aprendizagem.


1 INTRODUÇÃO
É na educação infantil que se inicia o processo de formação de
personalidade da criança, pois através de um trabalho sistemático, o qual
envolve-se o lúdico, a mesma se desenvolve no aspecto cognitivo, social e
afetivo, bem como em suas habilidades e potencialidades, por isso, torna-se
indispensável o estudo do lúdico enquanto ferramenta pedagógica, com o
intuito de proporcionar uma aprendizagem inovadora, dinâmica e prazerosa.
Sendo assim, se priorizou trabalhar com jogos educativos na presente
pesquisa, pois se trata de uma estratégia lúdica que contribui para o
desenvolvimento da criança.
O interesse pelo tema se deu no período do Estágio Supervisionado
em Educação Infantil, no qual foi possível perceber algumas situações. O que
chamou a atenção foi a ausência dos jogos educativos na referida turma, já
que se pensa que os mesmos contribuem para com uma formação inovadora e
diferenciada. Diante de tal situação, surgiram indagações como: Quais
recursos e estratégias o professor da educação infantil tem utilizado em sala de
aula com o intuito de colaborar com a aprendizagem de seus alunos? Quais
são os métodos lúdicos utilizados em sala de aula com o intuito de favorecer o
processo de aprendizagem?
Nessa perspectiva, a pesquisa objetiva-se em investigar como vem
sendo desenvolvida as atividades que envolvem jogos educativos pelos
professores da educação infantil, tendo como objetivos específicos: Identificar
os instrumentos e recursos utilizados pelos professores no que compete ao uso
do jogo; verificar as condições técnicas e pedagógicas dos professores no que
diz respeito a possibilidade da implementação dos jogos; elucidar a importância
dos jogos no processo de aprendizagem.

2 METODOLOGIA
No intuito de alcançar os objetivos propostos a investigação foi
realizada numa Creche Escola do Município de Curuçá no estado do Pará, em
04 turmas de Pré escolar II, da Educação Infantil. Teve início em janeiro de
2017, com previsão de término para maio do mesmo ano.
A metodologia utilizada para esta pesquisa é de cunho qualitativo, por
ser indicado para analisar, investigar e interpretar a realidade social dos
indivíduos, uma vez que trabalha com o universo das relações e/ou
representações.
O estudo foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica, pautada em
literaturas que ancoram a pesquisa de campo. De acordo com Lakatos e
Marconi (2011, p.66):

Trata-se do levantamento, seleção e documentação de toda


bibliografia já publicada sobre o assunto que está sendo pesquisado,
em livros, revistas, jornais, boletins, monografias, teses, dissertações
(...) com o objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com
todo material já escrito sobre o mesmo.

Para atender aos objetivos da pesquisa utilizou-se para a coleta de


dados o questionário. Segundo Melo e Urbanetz, (2011, p. 95), ”O questionário
é definido [...] como um conjunto de questões formuladas pelo pesquisador
diretamente respondidas pelos informantes”. Nesse sentido, compreende-se a
importância do mesmo para se obter as informações necessárias e facilitar a
compreensão dos dados.

Na segunda fase da pesquisa, far-se-á novas visitas às turmas por


meio de observações durante as aulas e atividades das turmas a fim de realizar
novas inferências acerca da realidade investigada.

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO ACERCA DOS RESULTADOS PARCIAIS


Os sujeitos da pesquisa foram quatro professoras da educação infantil,
do Pré-II, as mesmas serão identificadas pelas letras em ordem alfabética:
Professora A, Professora B, Professora C e Professora D. A análise a partir da
coleta de dados possibilita compreender a importância das atividades lúdicas
no processo de construção e formação do indivíduo.
3.1 Procedimentos iniciais para a utilização dos jogos
Para se compreender a utilização dos jogos na educação infantil,
perguntou-se sobre os procedimentos iniciais para que os jogos sejam
utilizados em sala de aula.
Com base nas respostas das docentes pode-se perceber a importância
do planejamento do professor, para que se ministre uma aula dinâmica e
prazerosa, bem como apresentar o jogo ou a brincadeira antes de se
desenvolver em sala de aula, pois não se pode brincar por brincar, sem
objetivos predeterminados, conforme trata o RCNEI (BRASIL, 1998, vol. 3,
p.211), ao referir-se sobre a necessidade do professor ter em mãos um bom
planejamento.
3.2 Frequência da utilização de jogos em sala de aula
Com intuito de sondar se os jogos fazem parte da rotina das
respondentes, questionou-se sobre a frequência de utilização dos mesmos em
sala de aula.
Ao analisar as respostas, constata-se que os jogos estão presentes no
cotidiano escolar, porém, a frequência regularmente é perceptível apenas na
prática pedagógica da professora A, que demonstrou sistematização em sua
rotina. As professoras B, C e D afirmaram utilizar o recurso, mas a frequência
ficou incerta. De acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998, vol. 1, p.73):

A rotina na educação infantil pode ser facilitadora ou cerceadora dos


processos de desenvolvimento e aprendizagem. Rotinas rígidas e
inflexíveis desconsideram a criança, que precisa adaptar-se a ela e
não o contrário, como deveria ser; desconsideram também o adulto,
tornado seu trabalho monótono, repetitivo e pouco participativo.

Diante do exposto, percebe-se a importância da flexibilidade na rotina,


visando atender as necessidades tanto da criança quanto do professor.
3.3 O uso dos jogos na avaliação do desenvolvimento da criança
Para obter-se a percepção das educadoras acerca da importância que
o jogo exerce no desenvolvimento da criança, questionou-se como as mesmas
avaliam o desenvolvimento dos educandos a partir do uso dos jogos.
Foi possível observar que as professoras B e C percebem que a
utilização do jogo em sala de aula promove o desenvolvimento da criança,
porém notou-se a preocupação das professoras A e D no que diz respeito a
forma de avaliá-la no decorrer do processo de aprendizagem. Dessa forma,
percebe-se que as respondentes B e C consideram o uso dos jogos na
avaliação do desenvolvimento da criança de acordo com a teoria de Maluf, que
diz:
As atividades lúdicas são instrumentos pedagógicos altamente
importantes, mais do que apenas divertimento, são um auxilio
indispensável para o processo de ensino-aprendizagem, que propicia
a obtenção de informações em perspectivas e dimensões que
perpassam o desenvolvimento do educando. A ludicidade é uma
tática insubstituível para ser empregada como estimulo no
aprimoramento do conhecimento e no progresso das diferentes
aprendizagens. (MALUF, 2012, p. 42)

Assim, faz-se necessário que os educadores percebam quais os


benefícios oriundos das atividades lúdicas, dentre elas os jogos, são
proporcionados ao desenvolvimento da criança.
3.4 Dificuldades no uso dos jogos pedagógicos
Visando compreender como se desenvolve o trabalho das docentes
envolvendo os jogos pedagógicos, questionou-se quais as dificuldades
encontradas para se desenvolver um trabalho satisfatório através dos jogos.
As docentes B e D salientam a necessidade de material didático para
que possam implementar em suas práticas pedagógicas atividades
diferenciadas. A professora A destaca a dificuldade de selecionar os jogos de
acordo com interesse de todos os alunos, uma vez que os mesmos se
encontram em níveis distintos apesar de estarem na mesma turma. Enquanto
que a professora C relata a superlotação, bem como a falta de entendimento
das crianças referente aos jogos apresentados.
Nas palavras das respondentes se vê a importância de o docente estar
atento aos interesses e necessidades dos alunos, como no caso da professora
A em que os jogos são adaptados de acordo com o interesse e a faixa etária
dos discentes, pois caso contrário, pode ocorrer situações semelhantes a da
professora C, em que os alunos não se sentem motivados e tampouco
participam das atividades, por não entenderem o comando do jogo, que pode
estar alheio a sua realidade.
3.5. Os jogos que despertam o interesse das crianças
Ao buscar compreender quais jogos despertam o interesse das
crianças perguntou-se às professoras sobre os jogos que utilizam em sala de
aula e quais despertam o interesse das crianças, sugerindo que
exemplificassem.
O jogo está presente no cotidiano das turmas pesquisadas, porém,
nem todos estão de acordo com a realidade da educação infantil, como por
exemplo: o jogo palavra dentro de palavras e o jogo trilha, estando ausentes os
jogos de construção, uma vez que os mesmos devem ser utilizados com o
intuito de despertar na criança o imaginário infantil, a criatividade, bem como
aprimorar as habilidades. Como é enfatizado por Kishimoto (2011, p. 45).
Nesse sentido, observa-se a ausência dos jogos de faz-de-conta dentre os
jogos supracitados pelas respondentes, mas observa-se também, a variedade
de jogos utilizados no ambiente escolar, fator de suma importância para
motivar a participação ativa das crianças no desenvolvimento das atividades.
3.6 A visão docente sobre os jogos como estratégia pedagógica
Com intuito de saber qual a visão docente sobre os jogos como
estratégia pedagógica, perguntou-se: Você considera os jogos educativos
como suporte pedagógico? Por quê?
Por meio das respostas, percebe-se que todas as respondentes veem
os jogos como suporte pedagógico, por considerá-los importantes e
favorecedores à aprendizagem, à relação interpessoal, à organização do fazer
pedagógico, ao cumprimento de regras, bem como possibilita o
desenvolvimento da aprendizagem de forma lúdica e prazerosa.
Para que haja melhor compreensão remete-se ao pensamento de
Friedmann (2012, p. 45) “por meio das atividades lúdicas, não somente se abre
uma porta para o mundo social e para as culturas infantis, como se encontra
uma rica possibilidade de incentivar seu desenvolvimento”, uma vez que os
jogos proporcionam aprendizagens significativas, possibilitando às crianças
vivenciar as aprendizagens de sala de aula no contexto social.
3.7 Incentivo e participação nas atividades lúdicas
Considerando que a participação ativa do educando nas atividades
propostas é de suma importância para a construção do conhecimento, indagou-
se às professoras: Você incentiva seus alunos quanto a participação ativa nas
atividades que envolvem jogos? Quais estratégias você utiliza?
De acordo com as respostas, notou-se que há o incentivo aos alunos
quanto a participação nas atividades propostas. Referente as estratégias
utilizadas destacam-se que a professora A prioriza o ambiente, o esforço, as
diferenças e o potencial de cada criança. As professoras B e C utilizam como
estratégia a premiação, enquanto que a professora D diversifica os jogos, pois
considera a singularidade do educando. Segundo Antunes (2012, p. 36):

O jogo ajuda-o a construir suas novas descobertas desenvolvendo e


enriquecendo sua personalidade e simboliza um instrumento
pedagógico que leva ao professor a condição de condutor,
estimulador e avaliador da aprendizagem.

Sendo assim, compreende-se a necessidade da utilização do jogo em


sala de aula, visto que o mesmo além de contribuir no processo de
aprendizagem do indivíduo, proporciona ao professor a oportunidade de
sistematizar sua prática considerando a realidade do aluno.
3.8 Uso dos jogos como ferramenta pedagógica, o que é preciso?
Questionou-se às docentes o que é necessário para que de fato ocorra
a implementação dos jogos como ferramenta pedagógica.
Na visão das professoras, torna-se fundamental o investimento em
políticas públicas que viabilizem recursos didáticos e formação pedagógica não
apenas aos professores, mas a todos os envolvidos no processo educativo,
uma vez que todos precisam compreender a necessidade do uso dos jogos
educativos para contemplá-los na elaboração do Projeto Político Pedagógico
da instituição, visto que essa proposta pedagógica proporciona à criança
autonomia, criatividade, curiosidade, bem como seu desenvolvimento físico,
social, motor, emocional e cognitivo.

4 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
A pesquisa teve o intuito de investigar como são utilizados os jogos
educativos, enquanto suporte pedagógico direcionados aos discentes da
educação infantil, já que a diversidade de atividades lúdicas favorece para que
o indivíduo se desenvolva nos aspectos cognitivos, emocionais, afetivos e
social.
Neste sentido, pode-se dizer que as docentes da realidade pesquisada
se preocupam em desenvolver suas atividades pedagógicas de forma
organizada e sistematizada, através de um planejamento flexível.
A interação professor/aluno e aluno/aluno foi um fator positivo
observado e, deduziu-se que os jogos estão presentes no cotidiano dos
educandos, mas precisam ser selecionados por algumas educadoras, pois para
a educação infantil deve-se priorizar atividades lúdicas que despertem o
imaginário infantil.
As professoras utilizam métodos que favorecerem o processo de
aprendizagem, através de diversos jogos educativos, bem como incentivam,
valorizam o ambiente, a singularidade das crianças, escolhendo jogos
condizentes ao nível da turma, entre outros.
Durante a investigação a dificuldade encontrada foi acompanhar de
perto a realidade pesquisada, oriunda da falta de tempo, pois adentrar
novamente o espaço escolar seria importante à formação docente. Para tanto
numa segunda fase, far-se-á novas visitas às turmas para realizar por meio de
observações novas inferências acerca da realidade investigada.
Em suma, a pesquisa não se esgota. Portanto, sugere-se que outras
investigações sejam realizadas, em especial no que se refere a gestão escolar,
visando desvelar quais as concepções os gestores e coordenadores possuem
acerca da importância da ludicidade para a formação de seus educandos, já
que a consecução dos melhores resultados dentro de uma sala de aula
demanda um trabalho coletivo no âmbito escolar.
5 REFERÊNCIAS
ANTUNES, Celso. Jogos para estimulação das múltiplas inteligências. 20ª.
ed. Vozes: Petrópolis, 2012.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da educação
fundamental. Referencial curricular para a educação infantil. V1, V2 e V3
Brasília: MEC/SEF, 1998.
FRIENDMANN, Adriana. O brincar na educação infantil: observação,
adequação e inclusão. São Paulo: Moderna, 2012.
KISHIMOTO, T. M. (Org) Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 14ª.
ed. – São Paulo: Cortez, 2011.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de
metodologia cientifica. São Paulo: Atlas, 2011.
MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar: Prazer e aprendizado. 3ª ed.
Petrópolis RJ: Vozes, 2012.
MELO, Alessandro; URBANETZ, Sandra Terezinha. Fundamentos de
didática. 20ª ed. Curitiba: IBPEX, 2011.

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