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RESUMO ABSTRACT
A introdução de ferramentas informacionais diri- The introduction of informatic tools directed to the
gidas ao apoio da Assistência e Administração pode- Assistence and Administration's support will be able
rão trazer importantes benefícios para a Enfermagem to bring important benefits to Brazilian Nursing. Ba-
brasileira. Baseando-se na literatura americana, os au- sed on American literatura the authors expose some
tores expõem algumas das aplicações específicas do specific applications of the computer in the assisten-
computador nas atividades assistenciais e administra- ce and administration's actives of nursing, demostra-
tivas de enfermagem, demostrando as várias manei- ting the various ways to these actives, in oder otimi-
ras de utilizá-lo para otimizar a assistência prestada ze the assistence rended to t he patient.
ao paciente.
forma o profissional, como está representado no cír- A introdução do computador na área assistencial
culo seguinte do esquema, deve revisar e analisar to- de enfermagem já data de algumas décadas. Mesmo
da a tecnologia que por ventura venha a ser introduzi- aqui no Brasil, vem-se utilizando já há muito tempo
da no sistema. A enfermagem deve, por tanto, avaliar equipamentos computadorizados na assistência ao pa-
e questionar o impacto de qualquer tecnologia nova ciente.
no seu campo de atuação. Nos Estados Unidos, desde os anos 60, os admi-
O último círculo externo do esquema sugere que, nistradores hospitalares têm mostrado a possibilida-
dentro de qualquer instituição, deverá haver uma co- de de automatizar as atividades de cuidados de saú-
missão para supervisionar a compra ou o desenvolvi- de; além disso, os equipamentos tornaram-se mais so-
mento da tecnologia computacional. Esta comissão fisticados, e os fabricantes têm reconhecido o poten-
deverá ser composta por membros representativos dos cial de venda no mercado de cuidados de saúde (Han·
departamentos dentro da organização. nah, 1976).
O objetivo deste trabalho é mostrar, por meio de O maior enfoque nesta década estava no uso de
revisão da leitura, os recursos informacionais existen- computadores para a pesquisa em cuidados de saú-
tes para a otimizacão da assistência e administracão de. Alguns projetos foram realizados para justificar o
em enfermagem. · · custo inicial da automação e para demonstrar as vá-
rias possibilidades de uso do computador para facili-
tar e melhorar o cuidado ao paciente.
Ao mesmo tempo, um número maior de enfermai-
ras americanas começaram a reconhecer o potencial
dos computadores para melhorar a prática da enfer-
magem e a qualidade do cuidado prestado ao pacien-
te, .especiÇtlmente para facilitar os registros ou anota-
ções, o plano de cuidado, a monitoração do paciente,
o inventário e as comunicações (Andrioli, 1985, Han-
I
/ --- ' \
nah, 1976, Knight, 1970, Labranche, 1987, Rees,
1978, Schank, 1987, Walters, 1986).
I
I Baseando-se em autores americanos, serão abor-
\ dados a seguir algumas das aplicações específicas do
' --- /
computador na prática da enfermagem.
Registro automatizado
42 Rev. Gaúcha de Enfer., Porto Aleg re, 12(1): 41-45, jan. 1991
O computador... Evora. Y. D. M. et ai.
ters (1986) consta de um formulário ramificado. Esta Estas vantagens, transferidas para a prática de en-
forma utiliza um terminal que é ativado por um tecla- fermagem, são fundamentais para um melhor plane-
do, exibindo uma lista de múltipla escolha. Por exem- jamento e avaliação mais precisa dos cuidados pres-
plo: quanto às condições da pele de um paciente (Fig. tados ao paciente.
2 ), o enfermeiro seleciona sua resposta e a indica pres-
sionando SIM ou NÃO, no teclado; se a pele estiver Plano de cuidado computadorizado
intacta, nenhuma outra questão complementar sobre
a sua integridade aparece no visor, e o enfermeiro po- O plano de cuidado computadorizado ajuda os en-
de começar a registrar as observações de outros as- fermeiros a avaliar a qualidade dos cuidados ao pa-
pectos acerca do paciente. Procedimento diferente é ciente.
realizado se a pele não estiver intacta, ou seja, o ter- Na maioria das instituições de saúde, o plano de
minal exibe uma lista de novas opções - por exem - cuidado de enfermagem está colocado no Kardex, ou
plo, o computador apresenta opções de escolha entre em alguma ferramenta similar, sistemas que apresen-
úlcera e ferida. Novamente o profissional seleciona sua tam algumas desvantagens, pois as anotações nele
resposta e continua o procedimento para o registro de contidas podem estar desatualizadas, ilegíveis, ou ser
informações complementares até ter dados suficien- inconsistente ou incompletas. Acresça-se que, na
tes sobre o problema do paciente maioria das vezes, esta atividade realizada pelo enfer-
meiro não fica registrada nos prontuários dos pacien-
tes, não retratando a evolução do plano de cuidado.
I 1 11 rc 1 o De acordo com Hannah (1976) e Walters (1986),
t existem dois tipos gerais para a automação do plano
I CONDIÇÕES DA PELE de cuidados de enfermagem. No primeiro modelo, exis-
te um arquivo de dados no c·omputador com os cui-
t
I IIHACTA
dados de enfermagem que podem ser prescritos para
um paciente. O enfermeiro, diante desta listagem, as-
t t sinala, as ações de enfermagem a serem realizadas pa-
ra determinado paciente. Estas informações são, en-
GJGJ tão, processadas pelo computador, e a impressão do
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plano de cuidados é efetivada. A outra alternativa é
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estruturar um plano de cuidados único que reúna as
necessidades dos pacientes, guardá-lo no banco de
t + t
,....(J_L_CE_R...:.A'II F ER I DA I ....
, E-SC_O_R_IA_Ç_Ao,l
memória do computador e, então, adaptá-lo individual-
mente para cada paciente. Walters (1986), juntamen-
te com uma comissão composta por quatro enfermei-
ros, desenvolveu vários planos de cuidados específi-
+ t t t t t cos para cada patologia. Assim, ao se internar um pa-
0 00 G0 0 ciente diabético, por exemplo, os enfermeiros já têm
t um plano-de-cuidado-padrão que será então .adapta-
do às necessidades do paciente recém-admitido,
LO CAL I
fazendo-se desta forma, as modificações necessárias.
Em ambos os modelos, o enfermeiro é quem pla-
Fig 2 Questionário ramificado.
neja e avalia o plano de cuidados, que deverá ser exe-
cutado por toda a equipe de enfermagem.
Pode-se também automatizar outros tipos de re- É importante acrescentar que, segundo Hannah
gistros de enfermagem, como o histórico ou anamne- (1976), quando o plano de cuidados é computadori-
se para levantamento de problemas e de inf ormação zado, os enfermeiros ficam liberados para dispender
sobre o paciente, tais como: condições de habitação, mais tempo junto aos pacientes, além de poderem in-
situação familiar, higiene, hábitos, alimentação e ou - cluir dados complementares em suas prórias inven-
tros, onde as questões já estão estruturadas com res- ções, bem como revisar e imprimir o plano de cuida -
postas de múltiplas escolha. dos a qualquer hora.
Estas formas de registros apresentam algumas
vantagens, como o aumento do número de observa- Sistema de monitoração computadorizada
ções à beira do leito; a maior precisão e confiabilida-
de das observações; a maior leg ibilidade (uma vez que O monitor de variáveis fisiológicas é o mais anti ·
as anotações tomam menos tempos para serem lidas, go computador com aplicação na medicina que os en·
são interpretadas com maior precisão e melhor utili- fermeiros tiveram maior interação. Na maioria dos ca-
zadas); a rapidez na escrita das anotações; o foneci- sos, os sistemas de monitoração de pacientes são aná-
mento imediato de análise estatística, podendo ainda logos aos sistemas do computador que automatica-
ser utilizada como ferramenta de ensino por fornecer mente mede e registra numerosos sinais vitais atra-
um guia para observações (Knight, 1970, Rosenberg, vés do uso de instrumento e dispositivos unidos dire-
1986). tamente ao paciente (Andrioli, 1985).
Sabe-se que diversos hospitais, tanto nos Esta- Além disso, o computador também pode ser uti-
dos Unidos como no Canadá, já estão implementan- lizado no Centro Cirúrgico (no controle diário das sa-
do sistemas de auditoria computadorizados (Cietto, las de operações), no controle de infecções hospita-
1986). lares, na educação em serviço e treinamento de pes-
soal, bem como na educação do paciente.
Classificação de pacientes, escalas e distribuição
de serviços
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estas atividades geralmente tomam grande parte
do tempo dos enfermeiros e supervisores que o fazem Diante de todo este contexto, o enfermeiro
manualmente. encontra-se face a um desafio decisivo: conquistar sua
Há vários sistemas de classificação de pacientes independência através da sistematização de seus co-
e de escalas de pessoal que levam em consideração nhecimentos embasados no conhecimento técnico-
a gravidade ou grau de dependência do paciente, a científico e nas atuais mudanças tecnológicas.
quantidade de trabalho na Unidade e pessoal neces- As atividades de enfermagem estão sujeitas a um
sário, de acordo com o seu nível de qualificação e es- constante processo de renovação e de adaptação, im-
pecialização profissional. O mais antigo e o mais usa- pulsionado por novas descobertas; por isso, seus pro-
do sistema de classificação de pacientes distribuiu os fissionais devem ser sempre orientados para um aper-
recursos de enfermagem para grupos de pacientes. Es- feiçoamento de métodos e técnicas, de normas e ro-
sencialmente, um sistema de classificação de pacien- tinas de modo a atingir seu objetivo primordial: pres-
tes agrupa os pacientes para um número de catego- tar assistência de alta qualidade.
rias de cuidados comumente expressas como inten- Espera-se que a introdução de um sistema auto-
siva, intermediária e mínima, de acordo com os requi- matizado de informação e comunicação resulte em
sitos de cada grupo. Desde 1960, os sistemas de clas- uma evidente melhoria da racionalidade organizacio-
sificação de pacientes vem sendo adaptados, modifi- nal, dos serviços e dos mecanismos de controle ge-
cados e ampliados (Schank, 1987). rencial em benefício do paciente.
A escala de pessoal automatizada, para Cietto Para Brisiebois (1986), a i~formática deverá ser
(1986), apresenta muitas vantagens, tais como: faci- percebida como um instrumento confiável, capaz de
lidade no recrutamento e maior satisfação no traba- assessorar o enfermeiro no acompanhamento de suas
lho; economia de tempo; imparcialidade na atribuição atividades clínicas, educativas, administrativas e de
das folgas e mudanças de plantões; possibilidade de pesquisa. Tal tecnologia representará, seguramente,
documentar as relações entre quantidade de pessoal, um papel determinate na atualização da enfermagem
grau de dependência dos pacientes e qualidade da como profissão.
assistência prestada.
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ternas, ava liação de pessoal, entre outras. 11 ROSEMBERG, M., CARRIKER, D., Automating nurses notes. Ame-
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Outras funções administrativas 12 SCHANK, M.J., DONEY, L.D. General-purpose microcomputer
software: new tools for nursing professionals. Nursing Mana-
Considerando que, de um modo geral, a aplica- gemenr, v.18, n.7, p. 26-28, July, 1987.
cão do computador na administração em enfermagem 13 WALTERS, S. Computerized care plans help nurses achieve qua-
ábrange também o grupo de funções "tomada de de- lity patient care. Jona, v.16, n.11, p.33-39, Nov, 1986.
cisão'', pode-se incluir o amplo uso da informática na
Endereço do autor: Yolanda Dora Martinez Êvora
administração de materiais, requisições e controle de Author's address: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP
medicamentos, bem como no controle da manuten- Campus Universitário
ção de equipamentos. CEP 14049 - Ribeirão Preto - SP