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JAMES LOVELOCK
(}1 Terra é um ser vivo do qual somos o sistema nervoso"
Ele é o inventor da hipótese Gaia. O homem que a comunidade científica criticou
durante décadas por ter afirmado que a Terra é um ser vivo antes de ter, discretamente,
aproveitado suas ideias. Foi ele, enfim, que enunciou a necessidade de preservar os
sistemas de regulação planetária, inspirando assim os teóricos do desenvolvimento
sustentável - embora, em seu último livro, A Vingança de Gaia, afirme que é tarde demais
para continuar a se falar de "desenvolvimento". Esse é o retrato de um verdadeiro franco
atirador da ciência e da ecologia, sempre verde aos 90 anos de idade
POR EDUARDO ARAIA

F
alar de Iames Lovelock é falar de parado- que concebera vários aparelhos engenhosos -
xos. A começar por sua reputação de teó- "naqueles tempos, os cientistas fabricavam eles
rico inflamado e visionário e por sua apa- mesmos seus instrumentos, pois ninguém tinha
rência: magrinho, olhos azuis-claros, voz dinheiro para cornprá-los nas lojas", recorda
suave e sorriso infantil. Difícilimaginar que esse ele. Alguns desses aparelhos permitiam a de-
vovô alegre e brincalhão publicou um dos livros tecção de substâncias em concentrações muito
mais sombrios dos últimos anos sobre o futuro baixas, pelo método da cromatografia gasosa, e
do planeta. Da mesma forma, é difícil acreditar interessaram à Nasa, que então desenvolvia um
que, por trás do ar inofensivo de aposentado, esse programa de exploração de Marte. Para obter
homem provocou mais de 40 anos de polêmicas esses detectores, a agência norte-americana
no mundo da ciência com sua hipótese Gaia - que trouxe seu inventor, que chegou em 1961 ao
ele batizou com o nome da deusa grega da Terra Iet Propulsion Laboratory QPL), na Califórnia,
-, segundo a qual nosso planeta seria um ser vivo. com a missão estritamente técnica de adaptar os
Foi há quase meio século que Lovelock, na aparelhos às exigências das naves espaciais.
época com 42 anos, assumiu, algo por acaso, Mas - traço indelével de seu caráter - o
o destino de teórico da ciência - bem como o inventor logo resolveu se meter onde não era
de semeador de encrencas. Ele era, então, um chamado. "Logo de cara, disse aos biólogos da
obscuro biofísico britânico, médico de formação, Nasa que as experiências que eles planejavam

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eram ridículas: implicitamente, elas partiam do compromissado o mais rapidamente possível.


princípio de que as formas de vida em Marte A Nasa ficou para trás, mas isso pouco impor-
seriam semelhantes àquelas do deserto da tava. Lovelock havia encontrado uma pista e,
Califórnial" O tom das discussões engrossou e como bom sabujo da ciência, nunca mais a aban-
Lovelock foi chamado ao escritório do diretor, donaria. Em 1965,ele publicou na revista Nature
furioso por causa do clima de conflito entre os um primeiro artigo sobre a análise a distância
biólogos que ele trouxera a peso de ouro para da vida em Marte. Dois anos depois, divulgou
o lPL. ''Você tem três dias para me trazer uma algumas das primeiras conclusões, amparadas no
proposta construtiva", ele disse a Lovelock. estudo da radiação infravermelha desse planeta
comparada à da Terra. Eram conclusões extre-
UM SISTEMA QUE FAVORECE A VIDA mamente engenhosas e inovadoras, baseadas no
Três noites em claro mais tarde, Lovelock voltou segundo princípio da termodinâmica, segundo o
ao lPL. Trazia um projeto ao mesmo tempo qual a matéria tende a uma crescente desordem,
nebuloso e preciso. Sua ideia? à qual se opõe a ação organiza-
Buscar uma "assinatura" global dora da vida.
da vida, mais Quedissecar algu-
ESTUDAR A "Expliquei Que Marte estava
mas amostras demasiadamente CHANCE DE \l\DA próximo do equilíbrio químico e
loc:ms."t, a auo'aóa Ol':sus\m'llil í::Wl Wll:\t\'ií:: I:\J'úLlu'ú UUID.'iwau'\) "eTh ~";§'~oj)"e),\) f.....,:v"'i;:,.~'\)
que, ao desvendarmos a com- de carbono (uma molécula mui-
posição química da atmosfera NA CRIAÇÃO DA to estável), enquanto a Terra
marciana pela análise da luz HIPÓTESE GAlA estava num estado de profundo
oriunda do Planeta Vermelho, desequilíbrio químico", recor-

poderíamos talvez perceber se essa atmosfera da Lovelock. "Em nossa atmosfera, o dióxido
carrega a marca de seres que nela colhem de carbono é raro. Aqui, porém, encontramos
nutrientes e nela lançam seus dejetos. Ou se, oxigênio em abundância, que coexiste com o
ao contrário, ali simplesmente nada acontece. metano e outras substâncias muito reativas."
A ideia de que um simples telescópio munido Ora, essa combinação é improvável num planeta
de um espectrofotômetro permitiria detectar a onde atuam apenas as leis da química. Para o
vida recolocava em questão todo o programa em pesquisador, uma conclusão se impõe: é a vida
curso. Os cientistas presentes imediatamente que renova sem cessar todas essas moléculas
puseram cadeados nas portas, e solicitou-se ao e afasta a Terra do equilíbrio químico visto em
sujeito que voltasse a seus instrumentos... e Marte e Vênus. Esses dois planetas, portanto,
retomasse sua condição de homem livre e des- estão mortos, enquanto a Terra está viva.

Num planeta no
qual há vida, essa
caracteristica fica
perceptível na
atmosfera, onde
seres animados
colhem nutrientes
e lançam dejetos.

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Lovelock, que quando muito jovem queria ser


médico, se debruça finalmente sobre as proprie-
dades da Terra. E verifica que sua atmosfera, de
composição química tão distante do equilíbrio,
permaneceu notavelmente estável ao longo
das eras. Um pouco como o sangue de um ser
vivo. O mesmo se observa no que diz respeito à
temperatura: à escala de centenas de milhões de
anos, ela exibe uma surpreendente estabilidade.
A radiação solar, no entanto, aumentou um terço
desde o surgimento da vida na Terra. A proprie-
dade de conservar sua temperatura constante
enquanto a do meio circundante varia, a homeo-
termia, é característica dos animais mais
complexos.
Enfim, o raciocínio chega à
terceira etapa, a mais contro-
vertida de todas. Lovelock
constata que tanto a tempe-
ratura como a composição as partes interagem, e que bió- Marte (acima), pelas
química tendem a valores logos, oceanógrafos, geólogos, análises de Lovelock,
tem uma atmosfera
quase ótimos para a criatura meteorologistas, etc. devem
próxima do equilíbrio
viva - como se o "objetivo" do trabalhar juntos para conseguir químíco. Já a da
sistema fosse favorecer a vida. antecipar seu funcionamento, Terra se encontra em
De fato, uma atmosfera com duas deve muito a Lovelock. profundo desequilíbrio
químico - fator que
vezes mais oxigênio causaria incêndios Mas, ao batizar seu objeto de estudo indica a existência
incessantes, enquanto o oxigênio mais rarefeito "Gaia", nome de uma divindade feminina (acon- de vida. Isso levou o
acarretaria vários problemas metabólicos para selhado por William Golding, Prêmio Nobel de cientista britânico a
os seres vivos. Segundo Lovelock, a causa é Literatura em 1983), o teórico foi, para muitos, criar a hipótese Gaia,
nome da deusa grega
bem clara e, após publicar artigos de grande longe demais. Passou-se a recomendar muita (à esquerda) associada
repercussão, ele resumiu esses pensamentos em prudência na leitura de seus livros, e em várias ao nossso planeta.
1979 em sua obra de referência: A Terra É um universidades ele passou a ser tratado como
Ser Vivo - A Hipótese Caia. Nela, defende a ideia místico e teleólogo, pelo fato de que sua teoria
de que a Terra é uma espécie de simbiose (uma
associação biológica favorável a todas as partes
que a compõem) gigante entre todos os seres
vivos e o meio mineral, um superorganismo que
se conserva no estado mais favorável possível à
vida por meio de mecanismos de retroação (ou
seja, o efeito agindo sobre a causa).

SEMENTE DA DISCÓRDIA
Um dos mais eminentes climatologistas norte-
americanos da atualidade, David Archer, comen-
ta: "Durante meu primeiro curso de biogeoquími-
ca, fizeram-me ler os primeiros capítulos desse
livro. Desde então, impus sua leitura a todos os
alunos dos quais me tornei orientador." A ideia,
hoje mundialmente aceita, de que é preciso
pensar a Terra como um sistema no qual todas

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ambiente

A independência de
pensamento de Lovelock tam como criacionismo e partem para o ataque.
incomoda muita gente. Além disso, fazem-no usando as próprias armas
Os ambientalistas, por dos religiosos, um pouco como se A Origem das
exemplo, apreciam a Espécies, de Darwin, fosse a nova Bíblia. Não
metáfora de Gaia, mas
se irritam com a defesa estou minimamente em desacordo com o darwi-
histórica que seu criador nismo. Minha teoria o engloba, mas em um IÚVe1
faz da energia nuclear superior. Um pouco como a teoria da relatividade
- para o cientista, supera, sem a contradizer, a física newtoniana."
a principal fonte
energética do futuro. Mas, assim sendo, o planeta vivo é apenas uma
metáfora? "Claro, ele não é vivocomo nós ou uma
bactéria, e, nesse sentido, é mesmo uma metáfo-
ra", admite Lovelock. "Mas acho que a definição
de vida dada pelos biólogos é demasiado restriti-
va. Afinal, falta a Gaia apenas a reprodução!"
Pode-se apostar que se, em vez de lançar mão
do termo Gaia, ele tivesse batizado sua tese de
"teoria biogeoquímica", como lhe fora aconselha-
do, teria evitado muitos aborrecimentos e gozaria
de todas as merecidas honras de grande cientista.
Mas, como um Dom Quixote da ciência, o obsti-
nado doutor recusa baixar o tom de seus escritos,
não admite a retirada de uma única vírgula e
parece conferir um sentido para a vida e a evo- se mantém em permanente disputa com seus
lução. Imperdoável, para um cientista! Jovens adversários. Isso lhe valeu um estatuto original
pesquisadores foram inclusive advertidos de que de "cientista independente", fora das grandes
o uso do nome "Gaia" num título de artigo ou instituições, inteiramente consagrado à defesa e
trabalho científico podia arruinar ou macular se- à consolidação de sua teoria - mas não o impediu
riamente uma carreira de cientista. Os biólogos, de publicar em sua carreira mais de 200 artigos,
sobretudo Richard Dawkins, acusaram-no com 30 dos quais na Nature, e de fazer várias desco-
virulência de questionar o darwinismo. Como bertas importantes. Por exemplo, a do DMS, ae-
caracteres "altruístas", favorecendo a biosfera rossóis sulfurosos emitidos pelas algas e capazes
em seu conjunto, e não o indivíduo ou a espécie, de esfriar a atmosfera oceânica. Eles constituem
poderiam ter sido selecionados pela evolução? um bom exemplo de retroação "à moda de Caía":
Quer-se introduzir aqui uma mão divina, argu- se a temperatura aumenta, as algas proliferam,
mentavam, indignados. E não faltaram sequer produzem mais aerossóis ... o que, por sua vez,
aqueles que lembravam que o segundo nome faz baixar a temperatura do oceano.
de Lovelock, Ephraim, dá testemunho de suas
origens familiares rigidamente protestantes ... TARDE DEMAIS?
A simples menção dessas críticas consegue Em relação fria com a maioria das instituições
apagar o luminoso sorriso de Lovelock. "Os científicas, Lovelock poderia ter se refugiado no
biólogos tornaram-se exageradamente belicosos seio de uma nova família que lhe estendia os bra-
por causa dos repetidos ataques desferidos contra ços: o movimento ecológico. Entusiasmados pela
James eles pelos criacionistas. Assim que alguma coisa metáfora de Gaia, os ecologistas dos anos 1970
Lovelock em sai do seu padrão de pensamento, eles a interpre- piscam os olhos para seu inventor. Mas desde o
poucas linhas

1919 Anos 1940 e 1950 1961 1972 1979


Nascimento em Estudos de medicina, química e Ingressa na Nasa Artigo sobre a hipótese Publicação da obra
Letchworth Garden biofisiologia. Primeiros trabalhos e na Universidade Gaia é publicado na A Terra É unrser Vivo
City (Inglaterra). de pesquisa nessas áreas. de Houston (EUA). revista Nature. - A Hipótese Gaia.

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•••

o aquecimento
global afetará
profundamente a
agricultura mundial,
deixando-a inviável
em diversas regiões
do mundo.

Fazer as
pazes com
a Terra
Em seu último livro,
A Vingança de Gaia
(Editora Intrínseca),
Lovelock traça
um prognóstico
pessimista, julgando
início o paradoxal Ephraim não pôde ser digerido um catastrofismo muito em moda nos meios
que nosso planeta
pelo movimento verde. É que o homem, que não ecologistas. Para ele, Gaia é bem mais forte que
está febril e que sua
hesita em se declarar ecologista, é ao mesmo os homens e, no fundo, apenas superficialmente
saúde declina. Ele
tempo um tecnófilo decidido. Claro, ele manifesta atingida por seus caprichos, mesmo os mais
pede uma reação
hostilidade à poluição e à excessiva intrusão hu- insanos. Ou, melhor dizendo, ele pensava assim:
enérgica para salvar
mana no funcionamento normal de Gaia. Mas isso recentemente, mudou quase que radicalmente
aquilo que ainda
não o impede de ser, por exemplo, um defensor de posição e, em sua última obra, A Vingança de
pode ser salvo -
histórico da energia nuclear - e isso muito antes Caia, dá um verdadeiro grito de alarme.
"fazermos as pazes
de a questão do aquecimento global aflorar. "Esse livro", diz ele, "nasceu de uma visita ao
com Gaia enquanto
"Numerosos verdes franceses, donos de belas Hadley Centre (centro de estudos do clima britâni-
ainda somos fortes
mansões na Dordonha (sudoeste do país), vêm a co) em janeiro de 2005.À medida que passava de
o bastante para
mim para elogiar as vantagens do TGY,o trem ul- departamento a departamento, dos especialistas
negociar, e não
trarrápido", conta o cientista. "Então, digo a eles: da banquisa polar aos do oceano, e depois aos da
quando tivermos
'Mas vocês sabem que se trata de um transporte floresta, o repicar do sino era sempre o mesmo: as
nos tornado uma
nuclear?' Eles, claro, soltam gritos de protesto. coisas se degradam e a retroação será positiva.Ou
multidão dividida
Mas isso é verdade! A maior parte dos verdes é seja:por exemplo, o desaparecimento da banquisa
e vencida, em via
feita de burgueses urbanos e bem posicionados oceânica no Ártico irá acelerar o aquecimento do
de extinção".
na vida. São cheios de boas intenções, mas não oceano, o oceano não conseguirá mais absorver
entendem nada de ciência nem da realidade." o carbono, o aquecimento da floresta irá liberar
Embora sempre denunciando as ações ainda mais CO2 ••• O perigo é mortalmente sério."
poluidoras e os atentados aos ciclos naturais, Gaia, portanto, está em perigo? "Gaia, preci-
Lovelock tem se mantido a boa distância de samente, não", estima Lovelock, "mas, se o au- a vingança
de gaia
~ • ..;., f

1990 2000 2006 2007


Publicação da obra Colóquio cientifico internacional na Publicação de A Publicação de Gaia -
As Eras de Gaia Universidade de Valência (Espanha) Vingança de Gaia Cura para um Planeta
(Editora Campus). consagrado à hipótese Gaia. (Editora Intrínseca). Doente (Editora Cultrix). --------=--~~.

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ambiente
.........................................................................................• - ...
mento da temperatura que prevejo, de 6 a 8 graus todas as batalhas, mas a verdade é que avança-
centígrados, se produzir, a civilizaçãopoderá ser mos demais, temos demasiadas bocas para ali-
ameaçada: teremos uma extinção em massa de mentar e o inverno se aproxima ..." E o Protocolo
espécies e a agricultura se tornará impossível em de Kyoto? Nova metáfora: "É como os acordos
boa parte da superfície do planeta. O alimento de Munique que vivi na minha juventude. O
será insuficiente, haverá migrações de populações mundo inteiro percebe o perigo que se aproxima
inteiras, conflitos,a humanidade se concentrará ao e os políticos pronunciam belas frases e fazem
redor das regiões polares ..." Esse prognóstico se de conta que estão fazendo alguma coisa."
justifica, segundo Lovelock, pelo fato de modelos
A humanidade
representa uma grande atuais subestimarem as retroações. MEDICINA PLANETARIA
oportunidade para Gaia, O momento atual, para ele, é o de uma "reti- Diante da gravidade do momento, e fiel a seu
diz Lovelock. "Somos, de rada sustentável", mais que de um "desenvolvi- gosto pela tecnologia, Lovelock concebe sem
certa forma, seu sistema mento sustentável". Para ilustrar a situação, ele reticências uma "medicina planetária". Ela inclui
nervoso", ressalta o
cientista. "Ela perderia costuma usar a metáfora de Napoleão às portas estratégias para refrescar artificialmente o pla-
muito se nos perdesse." de Moscou em 1812: "Acreditamos ter vencido neta, seja na forma de aerossóis sulfurosos, seja
na de espelhos gigantes instalados em órbita
no espaço, e várias outras soluções paliativas.
Ele preconiza uma nuclearização maciça da
eletricidade mundial e sugere inclusive que
uma parte de nossa alimentação seja produzida
artificialmente, em fábricas, para minimizar
nossa utilização do espaço natural. Programa
surpreendente, que demonstra a independência
de pensamento de um homem que, apesar de
quase meio século de uso da palavra livre, é ago-
ra recebido pelos grandes do planeta, como AI
Gore, ex-presidente norte-americano e Prêmio
Nobel da Paz de 2007.
E como estão as relações entre o homem e
Gaia? Será preciso ver nossa espécie como um
tipo de câncer do planeta, paralisando pouco a
pouco suas funções reguladoras? "A aparição da
humanidade constituiu uma grande oportunida-
de para Gaia", protesta o cientista. "Somos, de
certa forma, seu sistema nervoso. Em todo caso,
é graças a nós que ela de algum modo tomou
consciência de si mesma e inclusive conseguiu
se ver a partir do espaço exterior. Ela perderia
muito se nos perdesse." E conclui com uma
última metáfora: "Gaia, vocês sabem, é como
uma avó que recolheu em sua casa um bando de
adolescentes demasiado indisciplinados e turbu-
lentos. Ela poderá - talvez com a morte na alma
- trancar a porta e deixá-Ios do lado de fora." _

James Lovelock é doutor honoris causa de uma dezena


de universidades ao redor do mundo. Ganhou prêmios
científicos de vários organismos, tais como a Organização
Mundial de Meteorologia, a Academia de Ciências da
Holanda, a Sociedade Norte-Americana de Química
e o Laboratório Marinho de Plymouth.

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