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Antonio Eduardo Alexandria de Barros

PRINCIPAIS TIPOS DE MATERIAIS MAGNÉTICOS


APLICADOS AO ENSINO DE FÍSICA.

Araguaína

2017
Antonio Eduardo Alexandria de Barros

PRINCIPAIS TIPOS DE MATERIAIS


MAGNÉTICOS APLICADOS AO ENSINO DE
FÍSICA.

Dissertação de Mestrado apresentada ao pro-

grama de Pós-Graduação em Física - MNPEF

da Universidade Federal do Tocantins, sob ori-

entação da Professora Dra. Pâmella Gonçalves

Barreto, como requisito para a obtenção do tí-

tulo de Mestre em Ensino de Física.

Araguaína

2017
Dedicatória

A minha família pelo apoio incondicional.

iii
Agradecimentos

• À Deus, por ter iluminado e guiado o meu caminho dando-me forças para continuar

em busca do conhecimento intelectual, pessoal e espiritual;

• À minha família que, com amor, carinho, paciência, presença e incansável apoio ao

longo do período de elaboração deste trabalho, soube compreender minha ausência e

superar minha falta de atenção;

• À Profa. Dra. Pâmella Gonçalves Barreto, por sua orientação, credibilidade e apoio;

• À CAPES, pelo apoio nanceiro para a realização desta pesquisa.

iv
Resumo

Este trabalho busca suprir uma inconsistência encontrada nos livros didáticos do ensino

médio sobre a origem atômica do eletromagnetismo nos materiais, através da confecção de

um produto educacional na forma de material de apoio e de uma sequência didática baseada

na aprendizagem signicativa de Ausubel e na pedagogia de Paulo Freire. A proposta traz

organizadores prévios e diversos recursos pedagógicos utilizados no ensino de Física na busca

de uma aprendizagem signicativa. Na aplicação do produto o principal papel exercido

pelo professor foi o de mediador. Buscou-se desenvolver através das atividades propostas a

interdisciplinaridade, a contextualização e reexões acerca das implicações sócio-econômicas


o
dos materiais magnéticos. A aplicação ocorreu em uma turma do 3 ano do ensino médio

de uma escola pública situada na cidade de Araguaína-TO. Os resultados obtidos através

das atividades desenvolvidas durante a aplicação do produto e mediante mapas conceituais

confeccionados pelos alunos ao nal, − cuja análise baseou-se na organização dos conceitos

apresentados por esses estudantes, sua hierarquização, suas armações válidas e ligações

cruzadas − indicam que o produto educacional se mostrou potencialmente signicativo e a

sequência didática relativamente efetiva nos moldes defendidos por Freire e Ausubel. Em

outras palavras, o produto possibilitou processos de ensino-aprendizagem mais centrados no

aluno, o que suscitou de modo mais perceptível seu interesse, sua participação ativa, sua

compreensão mais ampla e precisa dos fenômenos naturais e a apropriação menos dicultosa

de concepções cientícas.

v
Abstract

This work seeks to solve an inconsistency that is found in high school textbooks regarding

the atomic origins of electromagnetism in materials, by elaborating an educational product

in form of supporting material and a didactic sequence based on Ausubel's meaningful lear-

ning and Paulo Freire's pedagogy. This proposal presents advanced organizers and several

pedagogical resources utilized in Physics teaching in order to achieve a meaningful learning.

During the product application, mediator was the main role played by the teacher. Through

the proposed activities this work sought to develop interdisciplinarity, contextualization, and

reections concerning the socioeconomical implications of magnetic materials. This appli-

cation occurred in a High School senior class at a public institution of Araguaína town,

Tocantins state. The results obtained through the developed activities during the product

application and the concept maps elaborated by students, − whose analysis was based on

the organization of concepts presented by these learners, their hierarchization, their valid

arming, cross links-indicate that the educational product showed to be potentially mea-

ningful and the didactic sequence was relatively eective under those conditions proposed by

Freire and Ausubel. In other words, the product enabled teaching-learning processes that

were much more students − centered, what raised more noticeably their interest, their active
participation, their wider and more precise comprehension about natural phenomena, and a

less dicult appropriation of scientic conceptions.

vi
Sumário

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . v

Abstract . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vi

Lista de guras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix

Lista de tabelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . x

1 Introdução 1

2 Objetivos 5
2.1 Objetivo Primário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2.2 Objetivos Secundários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

3 Metodologia 6

4 Fundamentação Teórica 8
4.1 Histórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

4.1.1 Breve História do Magnetismo e dos Materiais Magnéticos . . . . . . 8

4.2 Pedagógica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

4.2.1 Abordagem Progressista de Freire . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

4.2.2 Aprendizagem Signicativa de Ausubel . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

4.2.3 Mapas Conceituais de Novak . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

4.3 Física . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

4.3.1 Momento Angular e Momento Magnético . . . . . . . . . . . . . . . . 17

4.3.1.1 O Elétron e o Magnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

4.3.1.2 Momento Angular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

4.3.1.3 Momento do Dipolo Magnético . . . . . . . . . . . . . . . . 21

4.3.1.4 Momento Magnético Intrínseco . . . . . . . . . . . . . . . . 23

4.3.1.5 O Momento Magnético Total . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

4.3.2 Magnetização e sua Relação com o Campo Magnético . . . . . . . . . 25

vii
4.3.3 Principais Tipos de Materiais Magnéticos . . . . . . . . . . . . . . . . 27

4.3.3.1 Diamagnéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

4.3.3.2 Paramagnéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

4.3.3.3 Ferromagnéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

4.3.3.3.1 Ponto Curie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

4.3.3.3.2 Histerese Magnética . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

4.3.3.3.3 Materiais Magnéticos Moles e Duros . . . . . . . . 34

4.3.3.4 Antiferromagnéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

4.3.3.4.1 Ponto Néel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

4.3.4 Os Materiais Magnéticos e a Tabela Periódica . . . . . . . . . . . . . 36

5 Resultados 46
5.1 Elaboração do Produto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

5.2 Conhecimentos Prévios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

5.3 Aplicação do Produto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

5.3.1 Atividade 1: Uma breve história do eletromagnetismo . . . . . . . . . 54

5.3.2 Atividade 2: Conhecendo os mapas conceituais . . . . . . . . . . . . . 54

5.3.3 Atividade 3: Momentos magnéticos: o magnetismo a nível fundamental 55

5.3.4 Atividade 4: A magnetização e o campo magnético . . . . . . . . . . 59

5.3.5 Atividade 5: Principais materiais magnéticos . . . . . . . . . . . . . . 60

5.4 Indícios de uma Aprendizagem Signicativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

5.4.1 Análise dos Mapas Conceituais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

6 Considerações Finais 79

Referências Bibliográcas 81

Apêndices 84

A Teste de vericação dos conhecimentos prévios dos alunos 85

B Produto Educacional 89

viii
Lista de Figuras

4.1 Campo magnético gerado pelo movimento de translação em torno do núcleo. . . . 18

4.2 Campo magnético gerado pelo movimento de rotação do elétron em torno do seu

eixo central. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

4.3 Regra da mão direita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

4.4 Momento angular gerado pelo movimento de rotação do elétron. . . . . . . . . . . 20

4.5 Dois elétrons em um orbital completo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

4.6 Momento angular e o momento magnético gerados pelo movimento orbital do elétron. 22

4.7 Solenoide de N voltas percorrido por uma corrente I e comprimento L e cujo meio é o

vácuo (µ0 ), onde B~0 = ~,


µ0 H sendo µ0 a permeabilidade no vácuo, 4π.10−7 W b/A.m
, (b) o meio é um material sólido (µ), onde ~
B = ~,
µH sendo a permeabilidade do

material sólido [33]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

4.8 Disposição dos momentos magnéticos nos materiais diamagnéticos quando o campo

~
magnético externo é nulo (H = 0) ~
e diferente de zero (H 6= 0). . . . . . . . . . . . 28

4.9 Disposição dos momentos magnéticos nos materiais paramagnéticos quando o campo

~
magnético externo é nulo (H = 0) ~
e diferente de zero (H 6= 0). . . . . . . . . . . . 30

4.10 Domínios magnéticos distribuídos aleatoriamente. . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

4.11 Domínios magnéticos alinhados com o campo magnético externo ~.


H . . . . . . . . 32

4.12 Curva de Histerese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

4.13 Curva de magnetização: material mole e duro [33] . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

4.14 Disposição dos momentos magnéticos nos materiais antiferromagnéticos [37]. . . . 36

4.15 Diagrama de Linus Pauling [41]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

4.16 Diagrama de Rich-Suter: 1


a série metais de transição [43]. . . . . . . . . . . . . . 39

4.17 Diagrama de Rich-Suter: 2


a série metais de transição [43]. . . . . . . . . . . . . . 40

4.18 Diagrama de Rich-Suter: 3


a série metais de transição [43]. . . . . . . . . . . . . . 40

4.19 Diagrama de Rich-Suter: Lantanídeos. Sendo que a conguração eletrônica do Ce

não é correta. [43]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

ix
4.20 Identicação dos pontos de energia dos orbitais dos subníveis 4s e 3d do Cromo no

Diagrama de Rich-Suter. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

4.21 Distribuição eletrônica da 1


a série metais de transição através do diagrama de Rich-

Suter. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

4.22 Distribuição eletrônica da 2


a série metais de transição através do diagrama de Rich-

Suter. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

4.23 Distribuição eletrônica da 3


a série metais de transição através do diagrama de Rich-

Suter. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

4.24 Materiais magnéticos na tabela periódica [44]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

5.1 Gráco da relação entre o número de alunos e as suas respostas do teste de vericação

dos conhecimentos prévios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

5.2 Experimento: construindo um eletroímã. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

5.3 Campo magnético ~


H e indução magnética ~
B em um eletroímã. . . . . . . . . . . 60

5.4 Orientação dos momentos magnéticos no interior de um material sob a ação de um

campo externo ~.
H . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

5.5 Mapa conceitual sobre materiais magnéticos apresentado aos alunos. . . . . . . . 62

5.6 Montagem do experimento Repelindo o grate". . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

5.7 Conguração dos momentos magnéticos em um material diamagnético com e sem a

presença de um campo magnético externo ~.


H . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

5.8 Montagem do experimento atraindo alumínio". . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

5.9 Conguração dos momentos magnéticos em um material paramagnético com e sem

a atuação de um campo magnético externo ~.


H . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

5.10 Mapa conceitual destacando as características dos materiais ferromagnéticos. . . . 68

5.11 Conguração dos momentos magnéticos distribuídos em domínios magnéticos em um

material ferromagnético com e sem a atuação de um campo magnético externo ~.


H 68

5.12 Conguração dos momentos magnéticos distribuídos em um material antiferromag-

nético. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

5.13 Mapa conceitual número 20 confeccionado por um aluno. . . . . . . . . . . . . . 74

5.14 Mapa conceitual número 2 confeccionado por um aluno. . . . . . . . . . . . . . . 75

5.15 Mapa conceitual número 8 confeccionado por um aluno. . . . . . . . . . . . . . . 75

5.16 Mapa conceitual número 14 confeccionado por um aluno. . . . . . . . . . . . . . 76

x
Lista de Tabelas

4.1 Suscetibilidades magnéticas χm de alguns materiais diamagnéticos para uma tem-


peratura de 20 C [29]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

4.2 Suscetibilidades magnéticas χm de alguns materiais paramagnéticos à temperatura


de 20 C [29]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

4.3 Ponto Curie de alguns materiais Ferromagnéticos [7]. . . . . . . . . . . . . . . . 32

4.4 Ponto Néel de alguns materiais [38]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

4.5 Valores para os números quânticos principal, orbital e magnético. . . . . . . . . . 37

5.1 Classicação das respostas dos alunos em incorretas, parcialmente corretas (incom-

pletas) e corretas, referente as questões do teste de vericação dos conhecimentos

prévios e suas respectivas porcentagens. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

5.2 Conhecimentos prévios que devem servir de base para o desenvolvimento de subsun-

çores necessários para uma aprendizagem signicativa sobre os materiais magnéticos. 52

5.3 Conceitos citados, o numero de ocorrências e sua respectiva porcentagem, nos mapas

conceituais elaborados pelos alunos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

5.4 Quantidade de armações corretas e incorretas presentes nos mapas conceituais

elaborados pelos alunos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

5.5 Número de ligações cruzadas presentes nos mapas conceituais dos alunos. . . . . 76
Capítulo 1

Introdução

No ensino do eletromagnetismo a nível médio, a origem das propriedades magnéticas e

dos materiais magnéticos são praticamente desprezados ou desconhecidos pelos professores,

devido a falta de uma melhor abordagem sobre este tema nos livros didáticos de Física

utilizados no Ensino Médio (EM), o que se evidencia quando analisamos alguns dos livros

mais adotados no país.

Guimarães e colaboradores e Yamamoto e colaboradores, não mencionam a existência

dos materiais magnéticos e nem tratam de assuntos relacionados a estes em suas obras para

o ensino médio [1, 2].

Pietrocola e colaboradores em seu livro exploram pouco sobre os materiais magnéticos,

dividem os materiais em ferromagnéticos e não magnéticos, onde os materiais ferromagnéticos

são os que são fortemente atraídos por ímãs e os não magnéticos os que não são fortemente

atraídos por ímãs [3]. Trata dos domínios magnéticos, mencionando que o aumento de

temperatura diminui a magnetização; não falam sobre os movimentos dos elétrons que geram

as propriedades magnéticas; não mencionam a existência dos materiais paramagnéticos e

diamagnéticos, entre outros; não discutem a temperatura Curie e de Néel; não diferenciam

o campo magnético e indução magnética; não tratam da permeabilidade e suscetibilidade

magnética; e não falam da histerese magnética e do seu ciclo.

Alvarenga e colaboradores nos falam sobre a origem das propriedades magnéticas de

forma bem restrita [4].

1
Para entendermos em que consiste essa imantação, devemos nos lembrar que,

no interior de qualquer substância, existem correntes elétricas elementares,

constituídas pelos movimentos dos elétrons nos átomos destas substancias.

Estas correntes elementares criam pequenos campos magnéticos, de modo que

cada átomo pode ser considerado um pequeno ímã, isto é, um ímã elementar

[4].

Observe que a origem atômica do eletromagnetismo é tratada supercialmente. Em

nenhum momento fala-se quais seriam os movimentos dos elétrons que produzem essas cor-

rentes elétricas fundamentais que geram esses pequenos campos magnéticos. Essa obra dene

e exemplica três tipos de materiais magnéticos, os diamagnéticos, paramagnéticos e ferro-

magnéticos, porém, não menciona sobre a existência de outros tipos de materiais magnéticos.

Trata de forma bem supercial questões relacionadas à magnetização e a temperatura; fala

supercialmente dos materiais paramagnéticos não denindo a temperatura Curie e de Néel;

basicamente somente dene a histerese magnética não explicando a curva de histerese; não

fala sobre a permeabilidade e a suscetibilidade magnética; e não diferencia o campo magnético

da indução magnética.

O livro de Hewitt fala do spin 1


e do movimento orbital do elétron em um átomo,

contudo, o trata como uma partícula clássica [5]. Não menciona os materiais diamagnéticos

e paramagnéticos, tratando apenas dos ferromagnéticos. Este livro praticamente discute, dos

assuntos relacionados, apenas a questão dos domínios magnéticos em um pedaço de ferro.

Os livros que melhor trabalham o assunto, a nível médio, dos pesquisados foram o

Ramalho e colaboradores e Gualter e colaboradores.

Ramalho e colaboradores nos trazem a associação dos fenômenos magnéticos a dois

movimentos do elétron, de translação em torno do núcleo do átomo e a de rotação ( spin )


em torno de um eixo central, porém não mencionam que farão uma abordagem clássica ou

que se apoiará no modelo atômico de Bohr [6]. Dando a falsa impressão, ao leitor, de que

a natureza atômica é um fenômeno clássico. Defendem que a maioria das substâncias não

apresenta fenômenos magnéticos externos, devido a movimentos contrários dos elétrons, seja

o de rotação ou de translação.

1É uma entidade matemática e física associada diretamente ao momento angular intrínseco das partículas

2
A maioria das substâncias não apresenta fenômenos magnéticos externos,

porque, para cada elétron girando ao redor de um núcleo em determinado

sentido, existe outro elétron efetuando giro idêntico em sentido oposto, o que

determina a anulação dos efeitos magnéticos. Por outro lado, para cada elétron

com spin em determinado sentido, há outro com spin em sentido oposto, de

modo que os efeitos magnéticos são novamente anulados [6].

A escrita dessa armação cou no mínimo confusa, pois não deixa transparecer que

é uma analogia para justicar a não existência de momentos magnéticos resultantes em

um modelo clássico, também não relaciona essa analogia com os materiais diamagnéticos,

diferentemente de como Halliday e colaboradores [8] fazem em seu livro, no qual adotam a

mesma analogia.

Posteriormente, ele conceitua os materiais magnéticos em diamagnéticos, paramagné-

ticos e ferromagnéticos, mas não deixa claro a existência de outros materiais magnéticos.

Ele dene a histerese magnética e a representa em um gráco denominado como curva de

imantação de uma substância ferromagnética, nesta relaciona os campos magnéticos ~


B e B~0
(campo magnético externo), discute a inuência da temperatura sobre a imantação e dene

o ponto Curie como sendo a temperatura na qual o material perde todas as suas proprieda-

des ferromagnéticas, traz um texto sobre os supercondutores, contudo não faz menção a um

paramagnético perfeito, nem aos materiais magnéticos envolvidos no processo, não aborda a

suscetibilidade magnética, nem a temperatura de Néel.

Gualter e colaboradores apresentam em sua obra a questão do spin e da sua órbita como
a origem das propriedades magnéticas deixando claro que se trata de um modelo clássico e

enfatizando que para uma correta interpretação necessitaria de conceitos quânticos [7]. Ele

dene o momento angular e de spin corretamente, ele revisa orbitais, subcamadas e camadas.

Quanto aos materiais magnéticos, trabalha no ferromagnético os domínios magnéticos e ape-

nas comenta sobre a histerese, apresenta a questão da temperatura e dene o ponto Curie,

denomina a permeabilidade relativa e através dela classica os materiais em ferromagnéticos

e não ferromagnéticos. A maior falha é não trabalhar os conceitos de diamagnetismo e pa-

ramagnetismo, entre outros materiais, focando apenas nos materiais ferromagnéticos. Não

trabalha o conceito de suscetibilidade magnética, nem a temperatura de Néel.

Como podemos perceber, todos estes exemplares possuem de certo modo, algum tipo

de inconsistência com relação a base conceitual sobre o eletromagnetismo e seus materiais. A

falta de abordagem desses conhecimentos deixa uma lacuna na compreensão, a nível mais fun-

damental, dos fenômenos magnéticos, trazendo possíveis questionamentos, tais como: Por que

3
determinado material é atraído por um ímã e outro não? Por que em um eletroímã coloca-se

um pedaço de ferro e não de alumínio no interior da bobina? O que gera as propriedades mag-

néticas em um ímã? Um ímã pode perder suas propriedades magnéticas? O que é histerese

magnética? O spin tem alguma relação com as propriedades magnéticas? Esses questiona-

mentos, entre outros, demonstram a necessidade de se conhecer de forma mais aprofundada

sobre os principais materiais magnéticos. Outro ponto que torna essa pesquisa importante

é que os materiais magnéticos desempenham um importante papel na tecnologia moderna,

pois encontram um grande número de aplicações em produtos e processos industriais dos

mais variados setores. As aplicações vão desde dispositivos com funções muito simples, como

os pequenos ímãs permanentes usados para fechaduras de portas de móveis e utensílios, até

componentes sosticados utilizados na indústria eletroeletrônica. Neste setor, os materiais

magnéticos somente são suplantados em volume de aplicação pelos semicondutores, mas em

termos econômicos eles têm uma importância quase tão grande quanto estes [9]. Além disso,

os alunos poderão compreender fenômenos como a supercondutividade e o porquê da busca

atual por novos materiais magnéticos.

Para ir de encontro a essa deciência o produto educacional que acompanhará essa

dissertação será um material de apoio voltado ao eletromagnetismo, mais especicamente

aos principais tipos de materiais magnéticos. Este material será direcionado tanto ao aluno

quanto ao professor e juntamente com suas aplicações em sala de aula poderão contribuir

para um aprendizado mais signicativo sobre este tema.

Nos capítulos seguintes dessa dissertação serão abordados os objetivos da pesquisa, a

metodologia referente à aplicação do produto em sala de aula, a fundamentação teórica que

serviu de base para a elaboração do produto educacional divididos em subtópicos com a

fundamentação pedagógica, histórica e a teoria física relacionada, a discussão dos resultados

referente à produção do material paradidático e a sua aplicação em sala de aula e, por m,

serão feitas as conclusões.

4
Capítulo 2

Objetivos

2.1 Objetivo Primário

O propósito geral deste trabalho é proporcionar uma aprendizagem signicativa sobre

os principais tipos de materiais magnéticos, através de um produto educacional em forma de

material de apoio ao professor/aluno e sua aplicação através de uma sequência didática.

2.2 Objetivos Secundários

As nalidades especícas desta pesquisa são: (i) explanar a relação entre o spin, o

orbital e as propriedades magnéticas dos materiais com vistas à promoção do ensino de Física

no ensino médio; (ii) relacionar o estudo dos materiais magnéticos e o eletromagnetismo;

(iii) examinar o índice de motivação e de conhecimento dos discentes nas aulas de Física,

considerando as abordagens didáticas utilizadas.

5
Capítulo 3

Metodologia

A primeira parte deste trabalho consistiu de uma análise de alguns livros didáticos

a nível médio, buscando determinar como era trabalhado, dentro do eletromagnetismo, o

conteúdo associado aos materiais magnéticos. Onde foi percebido a necessidade da produção

de um material complementar que suprisse a inconsistência desses livros, possibilitando aos

professores e alunos uma melhor compreensão da origem do eletromagnetismo nos materiais.



A aplicação do produto ocorreu em uma turma de 3 ano do Centro de Ensino Médio

Benjamim José de Almeida, cujo o professor da disciplina Física é o próprio mestrando. Ele foi

aplicado no 3 bimestre do ano de 2017. Para identicar os conhecimentos prévios dos alunos

foi aplicado um teste no início da pesquisa sobre os materiais magnéticos, no qual foi formado

por questões discursivas para que o aluno pudesse responder livremente, utilizando linguagem

própria e emitindo opiniões, proporcionando uma melhor análise sobre a profundidade do

conhecimento presente no seu cognitivo e possibilitando uma melhor avaliação sobre o tipo

de conhecimento, se signicativo ou mecânico, que este possui.

Foram distribuídos aos alunos cópias do material paradidático produzido nesta pesquisa,

o qual serviu de acompanhamento das atividades desenvolvidas neste projeto de mestrado.

Como conhecimentos prévios, os alunos tiveram aulas que antecederam a aplicação do pro-

duto sobre cargas elétricas, lei de Coulomb, campo elétrico, potencial, corrente elétrica e

eletromagnetismo, além de uma revisão sobre números quânticos e o princípio de exclusão


o
de Pauli, assuntos abordados na Química do 1 ano do ensino médio. Nessas aulas buscou-

se desenvolver no aluno seu lado crítico e participativo, através de aulas contextualizadas e

dialogadas, sempre associando seus conhecimentos prévios com os novos conhecimentos.

Durante a aplicação do produto educacional foram utilizadas ferramentas pedagógicas

diversicadas, como vídeos, mapas conceituais, textos, experimentos e etc. Na nalização

6
da aplicação do produto, foi solicitado a criação de mapas conceituais, por parte dos alunos,

com o intuito de vericar se a sequência didática e o material paradidático contribuíram para

uma aprendizagem signicativa.

7
Capítulo 4

Fundamentação Teórica

4.1 Histórica
4.1.1 Breve História do Magnetismo e dos Materiais Magnéticos

O termo magnetismo, parece ter origem em uma lenda, pois se originou do nome de

um pastor de ovelhas, o grego Magnes que se surpreendeu ao perceber que a ponta de ferro

de seu cajado assim como os pregos de sua sandália, eram atraídos por certas pedras que ele

encontrava ao longo de seu pastoreio localizado, provavelmente, na Tessália, uma província

grega que passou a ser chamada, por razões óbvias, de Magnésia [11]. Essas pedras, pela

mesma razão, passaram a ser conhecidas como magnetita ou ímã natural, hoje reconhecida

quimicamente como F e3 O4 .
A primeira utilização prática do magnetismo foi à bússola, o período e o lugar de seu

surgimento é assunto de disputa entre historiadores. Parte considerável arma que o lugar foi

a China, em algum tempo entre 2637 a.C. e 1100 d.C. Outras fontes assumem que a bússola

foi introduzida na China no século XIII, e os pioneiros na sua utilização foram os Árabes.

Entretanto todos concordam que a bússola era certamente conhecida no oeste da Europa por

volta do século XII, pois a primeira referência sobre a sua utilização foi feita por Alexander

Neckma (1157-1217) [12].

A primeira e mais importante tentativa experimental de entender o magnetismo, foi

devida a Pierre Pélerin de Maricourt também conhecido como Petrus Peregrinus, que escreveu

o mais antigo tratado de Física Experimental em 1269. Este fez experiências com uma

magnetita esférica, colocando pedaços de ímãs em várias regiões, traçou as linhas de campo

magnético que se interceptavam em dois pontos. Estes pontos foram chamados de polos do

8
ímã, como analogia aos pólos (geográcos) da Terra, sendo que o polo sul de um ímã aponta

aproximadamente para o polo norte do planeta [13].

Dos lósofos naturais que estudaram magnetismo, o mais famoso foi William Gilbert de

Colchester (1544-1603), chamado de "Pai do Magnetismo", pois sistematizou as especulações

sobre o assunto. Vinte anos à frente de Sir Francis Bacon, foi um rme defensor do que nós

chamamos hoje de método experimental. De Magnete foi sua obra-prima, dezessete anos

do seu trabalho registrado, contendo todos os seus resultados. Nesta foi reunido todo o

conhecimento sobre magnetismo digno de conança de seu tempo, junto com suas maiores

contribuições. Entre outros experimentos, foram reproduzidos aqueles executados três séculos

antes por Peregrinus com a magnetita esférica que foi chamada de terrella (pequena terra),

pois Gilbert a idealizou como sendo um modelo atual da Terra e assim foi o primeiro a armar

que a Terra é um ímã, ou seja, possui um campo magnético próprio [13].

Oersted no ano de 1807 tentou, sem êxito, realizar experimentos com o intuito de

relacionar a eletricidade e o magnetismo. Contudo no inverno de 1819 - 1820, durante

um curso sobre Eletricidade, Galvanismo e Magnetismo na Universidade de Copenhagen,

descobriu a ação magnética da corrente elétrica, que o tornou famoso. Em suas primeiras

experiências, Oersted colocava o o condutor do galvânico utilizado em ângulo reto sobre

uma agulha magnética. No entanto, não registrou nenhum movimento perceptível da agulha.

Porém, ao termino de uma aula noturna daquele curso, no inicio de abril de 1820, teve a

ideia de colocar o o condutor de forma paralela a direção da agulha imantada; observando

uma razoável deexão da agulha. Estava ai a descoberta da relação entre o magnetismo e a

corrente elétrica. O resultado foi por ele próprio conrmado com aparelhos mais potentes e

o anúncio público ocorreu em julho de 1820, onde nascia o Eletromagnetismo [11].

Em setembro de 1820, o físico francês Andre-Marie Ampère (1775-1836) apresentou a

Academia de Ciências de seu país o resultado de suas experiências sobre o efeito magnético da

corrente elétrica. Nesses resultados, ele fazia distinção entre tensão elétrica, responsável pelos

efeitos eletrostáticos, e corrente elétrica ligada aos efeitos magnéticos que Oersted observara.

Nesses trabalhos apresentados Ampère chegou a importantes resultados, tais como: o da

existência da interação entre os condutores paralelos, que é atrativa se ambos conduzem

corrente no mesmo sentido e repulsiva se forem de sentidos contrários; o do comportamento

de uma bobina circular de o metálico percorrida por corrente elétrica, equivalente a um

ímã comum; o do comportamento de um o enrolado na forma de espiral como se fosse uma

barra imantada, ao qual deu o nome de solenoide, observando que Ampère denominou de

eletrostática e eletrodinâmica ao estudo das cargas elétricas em repouso e em movimento,

9
respectivamente [13].

Ainda no século XIX, o estudo do magnetismo recebeu novas contribuições, as experiên-

cias de Oersted e Ampère mostravam que as correntes elétricas produziam efeitos magnéticos.

Portanto, uma questão a ser respondida era se o magnetismo poderia gerar correntes elétricas.

Essa resposta foi fornecida por Faraday, após uma investigação planejada cuidadosamente.

Em 1831, Faraday demonstrou que para produzir uma corrente elétrica, devido à presença

de um ímã, era necessário que este se deslocasse na região onde se encontrava o o condutor.

Por outro lado, observou ainda que uma corrente variável circulando numa bobina provocava

uma corrente transitória em uma outra bobina colocada nas mediações da primeira. A esse

fenômeno deu o nome de indução eletromagnética [13].

Em Novembro de 1833, o físico germano-russo Heinrich Friedrich Emil (Emil Khris-

tianovich) Lenz (1804-1865) comunicou a Academia de Ciências de São Petersburgo um

trabalho no qual relatou suas experiências sobre fenômenos eletromagnéticos e eletrotérmi-

cos, trabalho esse que foi publicado nas Mémoires de l'Académie Impériale des Sciences de
Saint-Petersbourg (1833). Nessas experiências, Lenz observou que a corrente de auto-indução

tem sentido contrário aquela que a criou, ou seja, que os efeitos de uma corrente induzida

por forças eletromagnéticas sempre se opõem a essas mesmas forças. Esse resultado é hoje

conhecido como a lei de Lenz [13].

Apesar de não possuir quase nenhuma cultura matemática, Faraday usou sua grande

intuição para explicar os fenômenos eletromagnéticos que observara. Para ele a matéria é

onipresente, inexistindo espaço intermediário que não esteja por ela ocupado. Em vista disso,

Faraday ao observar, em 1838, a gura formada por limalhas de ferro numa folha de papel

ou lâmina de vidro, sob a qual colocara um ímã, passou a desenvolver sua Teoria Geral da

Eletricidade, segundo a qual as forças elétricas e magnéticas eram uma espécie de "tubos de

borracha"existentes no éter onipresente, e que se estendiam a partir de os condutores, ou

de ímãs, ou de corpos eletrizados, tubos aos quais denominou linhas de forças. No caso das

forças magnéticas, a visualização poderia ser feita através de limalhas de ferro, porém, no

caso das forças elétricas, a visualização era mais difícil de ser realizada experimentalmente.

Para Faraday, a visualização seria através da polarização elétrica do meio. Como essas linhas

deveriam encher completamente o espaço, este, passava, então, a constituir-se um campo de

forças. Assim, segundo essa ideia de linhas de campos de forças, explicou o aparecimento de

uma corrente induzida toda a vez que um tubo de força magnética "cortava"um o condutor

e, inversamente, que o movimento de tubos de força elétrica faz aparecer campos magnéticos,

expressão cunhada por Faraday, em 1845 [13].

10
Em 1844, Faraday preparou o trabalho intitulado Speculation Thouching Electrical Con-
duction and the Nature of Matter (Especulação sobre Condução Elétrica e a Natureza da Ma-

téria), no qual utilizou a teoria atômica proposta pelo físico, matemático e astrônomo italiano

Roger Joseph Boscovich (1711-1787), em 1758, para explicar a condução e a não-condução

da eletricidade através de corpos materiais. Para Boscovich, o átomo se comportava como o

centro de forças que variavam com a distância ao seu centro, sendo repulsivas ou atrativas,

conforme essa distancia fosse pequena ou grande, respectivamente [11].

Em 6 de Agosto de 1845, o matemático e físico escocês William Thomson (Lord Kelvin)

(1824-1907) escreveu uma longa carta a Faraday na qual descrevia seu tratamento matemático

das "linhas de força faradayanas". No nal da carta, havia uma serie de sugestões sobre

experiências que deveriam ser realizadas com o propósito de testar a teoria de Faraday. Numa

dessas sugestões, ele indicou a possibilidade de Faraday observar a ação do magnetismo sobre

a luz plano-polarizada [14].

Em 13 de Setembro de 1845, Faraday observou pela primeira vez a ação do magnetismo

sobre a luz plano-polarizada. Com efeito, colocando um vidro romboide de alto índice de

refração entre os polos de um forte eletroímã, constatou que o vidro procurava se orientar

perpendicularmente ao campo magnético. Por outro lado, fazendo passar por esse mesmo

vidro um raio de luz plano-polarizada, paralelamente as linhas de força do campo magnético,

Faraday descobriu que o plano de polarização da luz era rodado; descobriu, também, que

o ângulo de rotação era diretamente proporcional a intensidade do campo magnético. Esse

fenômeno - que cou conhecido como efeito Faraday - sugeriu-lhe a ideia de que o campo

magnético não poderia estar apenas connado no ferro, níquel e cobalto (como já era conhe-

cido) e sim, em toda a matéria. Na continuação de suas experiências, ainda em 1845, no

sentido de conrmar essa tese, vericou que nem todos os corpos reagem da mesma maneira

na presença de um campo magnético. Alguns deles, como por exemplo, o ferro, conduz bem

o campo magnético, fazendo convergir às linhas de força desse campo através de si próprio.

A esse grupo de substâncias denominou de paramagnéticas. Por outro lado, outros corpos,

dentre os quais se encontram o bismuto e o antimônio, são pobres condutores de campo

magnético, divergindo suas linhas de força através de si mesmos: tais corpos receberam de

Faraday a denominação de diamagnéticos. É oportuno dizer que foi por essa ocasião que

Faraday cunhou o termo campo magnético [11].

Entre 1845 e 1847, o físico alemão Franz Ernst Neumann (1798-1895) trabalhou na

formulação matemática da lei da indução eletromagnética. Nesse trabalho, Neumann de-

monstrou que a força eletromotriz induzida em um dado circuito é igual a variação temporal

11
do uxo magnético que o atravessa. Ainda por essa ocasião, Neumann mostrou que a mag-

netização ~
M e o campo elétrico ~
H são relacionados pela expressão: ~
M ~ , onde k é o
= kH

chamado coeciente de magnetização por indução de Neumann [13].

Em 1846, o físico alemão Wilhelm Eduard Weber (1804-1891) publicou o livro intitu-

lado Electrodynamic Measurements (Medidas Eletrodinâmicas), no qual propôs o sistema

de unidades elétricas. Em 1847, Weber tentou explicar as propriedades diamagnéticas e

paramagnéticas de alguns corpos usando as correntes amperianas. Assim, para explicar o

diamagnetismo (no qual a polarização magnética induzida nos corpos por um campo magné-

tico externo é contrária a direção deste), Weber postulou a existência de circuitos moleculares

amperianos nos quais a resistência ôhmica é nula, de modo que um campo magnético externo

causa correntes induzidas nesses circuitos. No entanto, embora o uxo magnético através dos

circuitos moleculares permaneça nulo, as correntes induzidas, cujas direções são dadas pela

lei de Lenz (1834), explicam o diamagnetismo. Essa explicação, contudo, apresentava dicul-

dades, uma vez que, segundo a mesma, todos os corpos seriam diamagnéticos. Weber admitiu

que no ferro e nas outras substâncias magnéticas existiam correntes moleculares permanentes

cujos planos eram orientados pelo campo magnetizante externo. Tais correntes assim orien-

tadas, tinham sentido contrário as correntes induzidas pelo fenômeno do diamagnetismo.

Portanto, o efeito resultante seria o paramagnetismo. Assim, para Weber, as substâncias

paramagnéticas seriam aquelas para as quais o paramagnetismo seria forte o bastante para

mascarar o diamagnetismo [11].

Em 1847, o siologista e físico alemão Hermann Ludwig Ferdinand von Helmholtz

(1821-1894) publicou o ensaio intitulado Essay on the Conservation of Force (Ensaio sobre a

Conservação da Forças) no qual demonstrou que as correntes elétricas induzidas poderiam ser

matematicamente deduzidas das descobertas de Oersted e de Ampère, feitas em 1820, pela

aplicação do Princípio da Conservação da Energia. Entre Junho de 1849 e Julho de 1850,

William Thomson (Kelvin) completou seus estudos matemáticos do magnetismo, iniciados

em 1847, principalmente os relacionados com o cálculo da força magnética sobre "polos mag-

néticos"situados no centro de várias formas de cavidades feitas cticiosamente no interior de

materiais magnéticos. Foi ainda por essa ocasião que Thomson apresentou a famosa relação

entre os vetores (na linguagem de hoje) indução magnética ~ , campo magnético H


B ~ e magneti-

zação ~,B
M ~ = ~
H ~ . Alias, é oportuno destacar que Thomson distinguiu os dois vetores
+ 4π M

~
B e ~,
H para os quais chamou de força magnética de acordo com a denição eletromagnética

e força magnética de acordo com a denição polar, respectivamente. Ainda nessas pesquisas,

Thomson introduziu a suscetibilidade magnética χ para representar a relação entre ~


H e ~
M

12
~ =
(M ~
χH ) e a permeabilidade magnética µ para representar a relação entre ~
B e ~ (B
H ~ =

~
µ H ) (registre-se que foi o físico e matemático escocês James Clerk Maxwell (1831-1879)

quem denominou de indução magnética ~


B e de campo magnética ~)
H [13].

No nal do século XIX, diversos fenômenos já eram compreendidos e tinham aplicações

tecnológicas importantes, tais como motores e geradores elétricos. É oportuno destacar que

com o desenvolvimento da Mecânica Quântica, a partir de 1925, abriu caminho para novas

pesquisas e tecnologias referentes as propriedades magnéticas da matéria [11].

Na década de 1930, as denominadas ligas de alnico, constituídas de ferro (Fe), níquel(Ni)

e cobalto (Co) e dotadas de pequenas quantidades de alumínio (Al), cobre (Cu) e titânio (Ti),

a palavra que vem da junção das siglas dos elementos químicos alumínio, níquel e cobalto,

permitiram a fabricação de ímãs com produto energético em torno 43kJ/m3 de liga. Outro

material muito importante é a liga de samário e cobalto (Sm-Co), descoberta no início da

década de 1960, que possibilitou o surgimento, na década seguinte, de ímãs comercialmente

disponíveis com produto energético em torno de 150kJ / m3 [15].

No ano de 1983, ocorreu uma descoberta que é um exemplo do enorme progresso da

tecnologia de materiais magnéticos, os ímãs chamados de magnetos duros ou permanentes

de neodímio-ferro-boro. Sendo cerca de 100 vezes mais potentes que os ímãs de aço-carbono,
esses novos ímãs possibilitaram que muitas aplicações tecnológicas (em especial motores

e alto-falantes) tivessem uma drástica redução de peso e tamanho e grande aumento na

eciência [15].

Outra descoberta que agitou os meios acadêmico e tecnológico, foi de um fenômeno que

cou conhecido como magnetorresistência gigante (MRG), em 1988. Esta descoberta, que

deu o Prêmio Nobel de Física de 2007 para Albert Fert e Peter Grünberg, ocorreu na França

e Alemanha, respectivamente e de forma independente. Ela contou com a colaboração do

pesquisador brasileiro Mário Baibich, atualmente professor pesquisador do Instituto de Física

da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Apesar de ser uma descoberta rela-

tivamente recente, o fenômeno já é utilizado na enorme maioria dos cabeçotes de leitura dos

discos rígidos de computadores e toda uma nova área da Física, conhecida como spintrônica,

tem se desenvolvido a partir desta descoberta [15, 16].

4.2 Pedagógica
4.2.1 Abordagem Progressista de Freire

13
De acordo com Paulo Freire, o conhecimento não pode ser inserido no educando pelo

educador, já que ele se equilibra entre a teoria e a prática, entre a liberdade e a autoridade.

Nesse contexto, a gura do professor é a de mediador, que busca a produção do conhecimento

a partir do diálogo, tratando o discente com dignidade e respeito. O educando é agente,

construtor crítico e criativo da sua história, procura o conhecimento quando se envolve nas

discussões e participa reexivamente do processo de aprendizagem. Essa abordagem didática

freiriana também possui um alicerce democrático, valoriza o diálogo como ponto principal de

reexão da ação social. Segundo ele, os debates devem ser originados de temas estruturadores,

experiências e assuntos de interesse cientíco e/ou político-social. Desse modo, as reexões

devem proporcionar uma intervenção na prática social ou uma alteração na compreensão dos

educandos a respeito de aspectos do mundo ao seu redor [17].

A saber, tema estruturador é uma espécie de área de interesse, que apresenta um ordena-

mento sistêmico interno, com linguagens, conceitos, procedimentos e objetos próprios. Cada

tema pode ser dividido em unidades temáticas, que seriam subdomínios mais ou menos autô-

nomos, altamente adaptáveis à função do plano pedagógico de cada docente ou instituição,

às realidades de cada estudante, e às especicidades de cada tempo e espaço de aprendizagem

[18]. Sob essa perspectiva os temas estruturadores adquirem uma extrema importância. Eles

não somente promovem uma articulação mais lógica de ideias, procedimentos e conteúdos,

mas também viabilizam o desenvolvimento das diversas competências e habilidades exigidas

pela vida em sociedade. À semelhança dos temas geradores de Freire, não obstante suas

distinções, os temas estruturadores também envolvem a apreensão da realidade, sua análise,

organização, e sistematização [19]. É claro que, diferentemente dos últimos, os primeiros

consideram como fundamental o diálogo com os aprendizes, tanto para conhecer os educan-

dos (sua percepção da realidade, suas necessidades desejos e aspirações), quanto para formar

programas de ensino.

4.2.2 Aprendizagem Signicativa de Ausubel

A Teoria da Aprendizagem Signicativa de Ausubel é primordialmente cognitivista.

Nela, a aprendizagem signicativa é um processo de organização e interação do material na

estrutura cognitiva do ser que aprende.

14
[...] aquela em que ideias expressas simbolicamente interagem de maneira

substantiva e não arbitrária com aquilo que o aprendiz já sabe. Substantiva

quer dizer não-literal, não ao pé da letra, e não arbitrária signica que a

interação não é com qualquer ideia prévia, mas sim com algum conhecimento

especicamente relevante já existente na estrutura cognitiva do sujeito que

aprende [20].

Para Ausubel um subsunçor, é um prévio conhecimento necessário à nova aprendiza-

gem, servindo de âncora para novos conhecimentos. No entanto, o processo de aprendizagem

signicativa é dinâmico e ao passo que o subsunçor serve de base para o novo conhecimento

ele também se modica, tornando-se mais elaborado. Ausubel destaca que o mais importante

para uma aprendizagem signicativa é o conhecimento prévio do aluno e que tudo deve partir

dele [20].

É importante reiterar que a aprendizagem signicativa se caracteriza pela

interação entre conhecimentos prévios e conhecimentos novos, e que essa

interação é não-literal e não arbitrária. Nesse processo, os novos conhecimentos

adquirem signicado para o sujeito e os conhecimentos prévios adquirem novos

signicados ou maior estabilidade cognitiva[21].

Para que ocorra uma aprendizagem signicativa, devem-se ter as seguintes condições:

um material didático potencialmente signicativo e uma disposição positiva do indivíduo

em relação à aprendizagem. Pode-se propor, de acordo com a aprendizagem signicativa,

que o ensino de Física tenha como base a contextualização do fenômeno a ser estudado e a

organização de um ambiente de aprendizagem diferente do tradicional, com a participação

de professores mediador-orientadores e de alunos interessados [22].

No caso dos novos conceitos não se relacionarem com subsunçores da estrutura cogni-

tiva do aprendiz, haverá neste momento o que Ausubel chama de Aprendizagem Mecânica.

Moreira complementa essa armação: Na aprendizagem mecânica, o novo conhecimento é

armazenado de maneira arbitrária e literal na mente do indivíduo. O que não signica que

esse conhecimento seja armazenado em um vazio cognitivo, mas sim que ele não interage de

forma signicativa com a estrutura cognitiva preexistente, não adquire signicado. Durante

certo período de tempo, a pessoa é inclusive capaz de reproduzir o que foi aprendido me-

canicamente, mas não signica nada para ela. Porém, nem sempre existem subsunçores na

estrutura cognitiva do aprendiz, no que tange o novo assunto que será tratado [22]. As-

15
sim, Ausubel propõe uma solução chamada de organizador prévio, sendo um recurso que

servirá de ponte cognitiva entre aquilo que o aluno já sabe e o que ele deveria saber para

a possível ocorrência da aprendizagem signicativa [23]. O organizador prévio pode ser um

enunciado, um texto, uma gura, uma imagem, um lme, uma simulação computacional, um

experimento, uma situação-problema ou a combinação deles, devendo sempre ser um recurso

instrucional apresentado num nível mais alto de abstração, generalidade e inclusividade em

comparação ao material de aprendizagem. Um ponto importante na construção desse traba-

lho é colocado por Moreira onde deixa claro que, sobre o ensino de física, apenas um tipo

de abordagem dicilmente levara a uma aprendizagem signicativa devido às limitações de

cada vertente [24].

4.2.3 Mapas Conceituais de Novak

De acordo com Novak, os mapas conceituais são ferramentas que possibilitam a orga-

nização e representação do conhecimento, hierarquizando conceitos, usualmente colocados

dentro de guras geométricas, como elipses, retângulos, círculos, conectados por linhas e

palavras (conectores) que representam as relações entre esses conceitos [25].

Podem ser traçados para toda disciplina, subdisciplina ou um tópico especíco, reu-

nindo os conceitos relevantes para representação do conteúdo, mas devem ser introduzidos

quando os alunos já tiveram contato com o material a ser aprendido. Além disso, não

são auto-explicativos, necessitam ser apresentados ou, no mínimo, acompanhados de um

texto explicativo, pois existem diversas maneiras de expor conceitos e suas relações em um

mapa conceitual. Os mapas conceituais podem ser usados como instrumentos de ensino e/ou

aprendizagem, assim como instrumentos de avaliação e organização/consecução curricular.

Contudo, em cada uma dessas aplicações, mapas conceituais sempre podem ser interpretados

como instrumentos para a negociação de signicados. A técnica do mapeamento conceitual

foi criada por Novak como uma forma de aplicação da teoria de aprendizagem de David

Ausubel [25].

16
4.3 Física
4.3.1 Momento Angular e Momento Magnético
4.3.1.1 O Elétron e o Magnetismo

Uma questão pouco abordada pelos professores no ensino do eletromagnetismo, porém

essencial para que os alunos possam ter uma compreensão da ligação entre os fenômenos mag-

néticos e elétricos são o spin do elétron e o seu orbital, que a nível atômico nos dão a relação

entre campo elétrico e campo magnético, mostrando que mesmo em um nível fundamental,

temos unicado o magnetismo e a eletricidade em apenas um campo da física conhecido como

eletromagnetismo.

Do ponto de vista clássico, a causa do campo magnético de um ímã, entretanto,

continua sendo correntes elétricas: são pequeníssimas correntes devidas ao

movimento dos elétrons dos átomos que constituem o ímã [3].

Quanto ao spin do elétron é importante destacar que conhecemos pouco sobre o seu

signicado [26]. Porém para tentar compreender fenômenos relacionados ao magnetismo

recorremos a um análogo baseado na mecânica clássica e que nos possibilita de maneira

pedagógica relacionar o spin ao magnetismo, facilitando o aprendizado desse conteúdo no

ensino médio.

Segundo Ramalho, os fenômenos magnéticos são explicados pelos movimentos das car-

gas elétricas [6]. Portanto, em um ímã as propriedades magnéticas são provenientes do

comportamento de alguns de seus elétrons. Um elétron origina, em uma visão clássica que

considera o átomo como sendo constituído de um núcleo central formado por prótons (carga

elétrica positiva) e nêutrons (carga elétrica nula) no qual giram ao redor elétrons (carga elé-

trica negativa), um campo magnético de dois meios diferentes: um seria através do movimento

de translação em torno do núcleo (Figura 4.1).

17
Figura 4.1: Campo magnético gerado pelo movimento de translação em torno do núcleo.

Esse fenômeno é conhecido como efeito spin -órbita e sendo o outro o movimento de

rotação em torno do seu eixo central (denição clássica de spin conforme a Figura 4.2).

Figura 4.2: Campo magnético gerado pelo movimento de rotação do elétron em torno do seu eixo

central.

No primeiro caso (Figura 4.1), o movimento do elétron equivale a corrente elétrica

percorrendo uma espira circular, onde a direção e o sentido das linhas de indução podem

ser denidos pela regra da mão direita (polegar no sentido da corrente e os outros dedos

circundando o o e nos fornecendo o sentido do campo magnético) na Figura 4.3. No segundo

caso (Figura 4.2), o elétron pode ser visualizado como uma pequena nuvem esférica de carga

negativa girando ao redor de um eixo. Esse movimento gera, novamente, um campo magnético

semelhante ao de uma espira circular percorrida por corrente elétrica. Em ambos os casos,

geram pólos norte e sul equivalendo a um pequeno imã, denominado ímã elementar.

18
Figura 4.3: Regra da mão direita.

4.3.1.2 Momento Angular

Gualter e colaboradores dene uma grandeza vetorial denominada de momento angular

de um corpo [7]. No caso de uma partícula de massa m, movendo-se com velocidade ~v em

uma circunferência de raio ~r, seu momento angular ~


L em relação ao centro é dado por:

~ = m~r × ~v
L (4.1)

No caso de uma órbita circular de raio r = |~r| e velocidade v = |~v |, o vetor momento

angular é perpendicular ao plano da órbita, e seu módulo é:

L = mvrsen90◦ = mvr (4.2)

Um corpo em movimento de rotação em torno de um eixo que passa por ele também

possui um momento angular em relação a esse eixo (Figura 4.4).

19
Figura 4.4: Momento angular gerado pelo movimento de rotação do elétron.

Em uma visão clássica, quando uma partícula gira em um movimento de rotação, esta

possui uma grandeza associada chamada de momento angular e quando esse eixo é bem de-

nido ele passa a ser denominado de momento angular intrínseco. O spin é uma propriedade

intrínseca das partículas quânticas, na qual se pode fazer uma analogia com a visão clássica.

O momento angular de um objeto girando em torno de um eixo bem denido

(como a Terra girando em torno de um eixo que passa pelos polos) é chamado

de momento angular intrínseco. No caso de partículas quânticas temos uma

grandeza equivalente, chamada de spin, que é uma propriedade intrínseca

dessas partículas, e que, no entanto tem pouca semelhança com o que acontece

classicamente [27].

De acordo com Gualter e colaboradores, podemos nos desligar um pouco do modelo

atômico clássico e nos apoiar num conceito quântico, o conceito de orbital. Sendo os orbitais,

regiões dentro da eletrosfera onde há maior probabilidade de encontrar elétrons [28]. Porém

cada orbital pode haver no máximo dois elétrons. Quando isto acontece dizemos que ele está

completo (Figura 4.5).

20
Figura 4.5: Dois elétrons em um orbital completo.

Um ponto importante que se deve atentar é que os elétrons dentro de um orbital com-

pleto possuem spins contrários, fazendo com que eles não inuenciem no campo magnético

do átomo do qual fazem parte. Porém, se estiverem sozinhos em orbitais incompletos, con-

tribuem magneticamente para o átomo.

4.3.1.3 Momento do Dipolo Magnético

Outra grandeza associada ao movimento do elétron em torno do núcleo é o momento

do dipolo magnético ou momento angular magnético orbital. Considerando uma corrente

elétrica i que circunda uma área A, observando que o vetor ~


A tem orientação perpendicular

a superfície e módulo igual à área A, o momento magnético orbital será dado por µ ~ [29].
~ = iA
Considerando o elétron com massa m, carga q e a uma distância r do núcleo e descrevendo

uma trajetória circular, seu momento magnético será dado por:

µ = iA = iπr2 (4.3)

Sendo o módulo da velocidade do elétron v, temos que:

v = 2πr/∆t =⇒ ∆t = 2πr/v (4.4)

Onde ∆t é o tempo de uma volta completa em torno do núcleo, percorrendo uma

distância 2πr. Sendo a corrente:

21
i = q/∆t (4.5)

Substituindo 4.3 em 4.4, teremos:

i = qv/2πr (4.6)

Substituindo 4.5 em 4.2 , obtemos:

µ = qvr/2 (4.7)

Como vimos o momento angular é dado por L = mvr, logo:

vr = L/m (4.8)

Substituindo 4.8 em 4.7, obtemos que:

µ = qL/2m (4.9)

Considerando a carga elétrica do elétron q = −e, sendo e a carga elementar, teremos:

−e ~
µ
~= L (4.10)
2m

Figura 4.6: Momento angular e o momento magnético gerados pelo movimento orbital do elétron.

22
~ ) é quantizado, isto é, pode
Segundo a mecânica quântica, o momento angular orbital (L

assumir apenas valores discretos [30]. Esses valores devem ser múltiplos inteiros de ~ = h/2π
onde h = 6, 63.10−34 Js é a constante de Planck. Assim, temos em módulo que:

L = mvr = n~ = nh/2π (4.11)

Logo teremos que:

vr = nh/2πm (4.12)

Substituindo 4.12 em 4.8 na equação 4.9, ela se torna:

µ = n(he/4πm) (4.13)

Para n=1 (estado fundamental), o momento magnético associado ao elétron é denomi-

nado de magnéton de Bohr (µB ), cujo módulo é dado por:

µB = eh/4πm = (1, 6.10−19 C)(6, 64.10−34 Js)/4π(9, 11.10−31 kg) = 9, 27.10−24 J/T (4.14)

Usando o modelo clássico e considerando que os elétrons descrevem movimentos em

órbitas bem denidas em volta do núcleo, o que na realidade não ocorre, e que a órbita tenha

raio r = 5, 3.10−9 m e que tenha uma velocidade com intensidade v = 2, 2.106 m/s, obtêm-se

se que:

µ = erv/2 = (1, 6.10−19 C)(5, 3.10−9 m)(2, 2.106 m/s)/2 ≈ 9, 3.10−24 J/T (4.15)

As equações 4.14 e 4.15 demonstram matematicamente a coincidência entre os valores

obtidos clássica e quanticamente para o momento de dipolo magnético orbital [31].

4.3.1.4 Momento Magnético Intrínseco

23
O momento magnético intrínseco ou de spin (S~ ) de um átomo é denido por:

−e ~
µ~s = S (4.16)
m
Onde ~
S é o momento angular intrínseco dos elétrons. Sendo que ~
S não pode ser aferido.

Contudo, sua projeção em qualquer eixo pode ser medida. Observando que uma componente

medida de ~ é
S quantizada.

~z
Sendo S uma componente do momento angular intrínseco, no eixo z. Sua quantização

será dada por:

Sz = ms ~ (4.17)

1
ms = ± (4.18)
2

h
~= (4.19)

Onde ms é o número quântico de spin. Logo, o momento magnético de spin na primeira

órbita de um átomo é:

   
1 e h eh
µs = = = µB = 9, 27.10−24 JT −1 (4.20)
2 m 2π 4πm
Onde se verica que o momento magnético do spin é idêntico ao magnéton de Bohr (µB ).

Analisando classicamente o momento magnético de rotação, imaginamos o elétron como

uma esfera de raio r = 3.10−15 m e conhecendo o magnéton de Bohr, temos que a intensidade
da velocidade do elétron sobre o seu próprio eixo é:

3µB
v= = 3(9, 27.10−24 Am2 )/(1, 6.10−19 C)(3.10−15 m) ≈ 6.1010 m/s (4.21)
er
Fica evidente uma inconsistência Física nesse resultado, pois a maior velocidade na

natureza, segundo a relatividade Einsteiniana, é a velocidade da luz que corresponde a apro-

ximadamente 3.108 m/s. Conclui-se que a abordagem clássica não é correta para o momento

magnético do spin. Ou seja, não podemos considerar o elétron como uma esfera com distri-

buição uniforme de carga e tendo um momento magnético devido a rotação [31].

24
4.3.1.5 O Momento Magnético Total

O momento magnético total do átomo é a soma dos momentos orbital e do spin. O

momento orbital é normal ao plano da órbita e o do spin é paralelo ao eixo de rotação [32].

O momento associado a esses movimentos é uma quantidade vetorial e pode ser escrito como:

e ~ ~
~ + µ~s = −
µ~t = µ (L + 2S) (4.22)
2m

Observe que o momento magnético total é decorrente de uma soma vetorial, o que

implica dizer que pode existir uma posição em que o átomo não apresente momento magnético

total, como no caso dos materiais diamagnéticos. Existe também a possibilidade em que

o átomo possui momento magnético resultante diferente de zero, caracterizando materiais

magnéticos como os paramagnéticos, ferromagnéticos e antiferromagnéticos.

4.3.2 Magnetização e sua Relação com o Campo Magnético

As correntes elétricas geram campos magnéticos, sendo o vácuo o meio que circunda os

condutores [29]. Contudo, bobinas existentes em transformadores, motores, geradores e ele-

troímãs quase sempre usam núcleos de ferro para aumentar o campo magnético e conná-lo

em determinadas regiões. Os ímãs permanentes, as tas de gravação magnética e os discos

dos computadores estão ligados diretamente as propriedades magnéticas dos materiais. Por

exemplo, quando você armazena informações no disco de um computador, na verdade você

está criando uma rede de ímãs microscópicos no interior do disco. Portanto, é importante exa-

minar alguns aspectos das propriedades magnéticas dos materiais, tais como a magnetização

e a suscetibilidade magnética.

A magnetização é uma propriedade macroscópica que representa a soma dos momentos

magnéticos dos átomos no material. A susceptibilidade magnética é um parâmetro caracte-

rístico de cada material e representa a resposta deste ao campo magnético aplicado.

O campo magnético que é gerado por um circuito de corrente ou por um ímã de barra é

um campo magnético externo denido por ~


H [33]. As unidades de ~
H é o ampère por metro.

A indução magnética, ou densidade do uxo magnético, indicada por ~ , representa a magni-


B
tude da força do campo interno no interior de uma substância que é submetida a um campo

25
~.
H As unidades para ~
B é o tesla. Tanto ~
B como ~
H são vetores de campo, sendo caracteri-

zados não somente pela sua magnitude, mas também pela sua direção no espaço. A força do

campo magnético e a densidade do uxo estão relacionadas de acordo com ~ = µH


B ~, onde µ
é a permeabilidade, que é uma propriedade do meio especíco através do qual o campo ~
H
passa e onde ~ é medido.
B Observe a indução magnética gerada por um solenoide (Figura 4.7):

Figura 4.7: Solenoide de N voltas percorrido por uma corrente I e comprimento L e cujo meio é o

vácuo (µ0 ), onde B~0 = ~,


µ0 H sendo µ0 a permeabilidade no vácuo, 4π.10−7 W b/A.m , (b) o meio é

um material sólido (µ), onde ~


B = ~ , sendo a permeabilidade do material sólido [33].
µH

~ ) é dado por
A intensidade (módulo) do vetor campo magnético (H H = N I/L, como

~ = µH
B ~, a intensidade do vetor indução magnética é:

B = N µI/L (4.23)

Quando um material se submete a presença de um meio magnético tanto o campo ~


H
quanto a indução ~
B será inuenciado pela magnetização ~
M do meio. A magnetização vista

microscopicamente é o resultado da soma dos momentos magnéticos por unidade de volume,

sendo esta soma diferente de zero.

X
~ =
M µ
~ /V (4.24)

Para que haja magnetização é necessário que a média dos momentos magnéticos aponte

para a mesma direção. Os momentos de dipolo magnético que consideramos como correntes

26
microscópicas são fontes da indução magnética ~.
B O vetor campo magnético está associado

somente com as correntes macroscópicas. Vale ressaltar que ~


M e ~
B têm a mesma dimensão.

Sendo assim, podemos relacionar essas três grandezas da seguinte maneira:

~ = µ0 (H
B ~ +M
~) (4.25)

Através da experimentação encontra-se a relação entre a magnetização e o campo mag-

nético externo [34], dada por:

~ = χm H
M ~ (4.26)

Essa grandeza que surge dessa relação χm é adimensional e foi chamada de susceptibili-

dade magnética e indica a capacidade que um material ou partícula possui de se magnetizar.

Pode-se relacionar a permeabilidade com a susceptibilidade, onde:

µ= µ0 (1 + χm ) (4.27)

Sendo a permeabilidade relativa denida por µr = µ/µ0 , tem-se que:

µr = (1 + χm ) (4.28)

A equação 4.27 indica que quando a suscetibilidade magnética é nula χ = 0 a per-

meabilidade do meio ca igual a do vácuo (onde não há partículas para se magnetizarem)

µ = µ0 .

4.3.3 Principais Tipos de Materiais Magnéticos

Praticamente todos os livros a nível médio que trazem informações referentes aos mate-

riais magnéticos, abordam apenas os materiais ferromagnéticos e quase nada, quando trazem,

os diamagnéticos e paramagnéticos. Existem outros tipos de materiais magnéticos, como por

exemplo os antiferromagnéticos.

27
4.3.3.1 Diamagnéticos

O diamagnetismo é uma forma muito fraca de magnetismo que não é permanente e

que persiste somente enquanto um campo magnético externo está sendo aplicado [33]. Ele

é induzido através de uma alteração no movimento orbital dos elétrons, onde não há contri-

buição efetiva do efeito do spin, devido à aplicação de um campo magnético. A magnitude

do momento magnético induzido é extremamente pequena e em uma direção oposta àquela

do campo que foi aplicado.

Os materiais diamagnéticos apresentam uma suscetibilidade magnética negativa [29],

como indica a Tabela 4.1 e uma permeabilidade relativa µr ligeiramente menor do que um, em

geral da ordem de 0,99990 até 0,99999 para sólidos e líquidos. As suscetibilidades magnéticas

dos diamagnéticos são quase independentes da temperatura.

Figura 4.8: Disposição dos momentos magnéticos nos materiais diamagnéticos quando o campo
~
magnético externo é nulo (H = 0) ~
e diferente de zero (H 6= 0).

28
Tabela 4.1: Suscetibilidades magnéticas χm de alguns materiais diamagnéticos para uma tempera-

tura de 20 C [29].

Material Diamagnético χm (10−5 )


Bismuto - 16,6

Mercúrio - 2,9

Prata - 2,6

Carbono (diamante) - 2,1

Chumbo - 1,8

Cloreto de Sódio - 1,4

Cobre - 1,0

Outros exemplos são os gases nobres (He, Ne, Ar, Kr, Xe) e os sólidos que formam

ligação iônica, como NaCl, KBr, LiF e CaF2 , cujos átomos trocam elétrons para completar

suas camadas.

4.3.3.2 Paramagnéticos

Os materiais paramagnéticos apresentam magnetização nula na falta de campos mag-

néticos externos, ou seja, os momentos magnéticos dos átomos estão distribuídos de forma

aleatória [33]. Contudo, em presença de um campo magnético externo, criam uma pequena

magnetização de mesma direção e sentido, ou seja, paralela ao campo aplicado. Como os

dipolos se alinham com o campo externo, eles o aumentam, dando origem a uma permea-

bilidade relativa µr maior que uma unidade e uma suscetibilidade magnética relativamente

pequena e positiva.

29
Figura 4.9: Disposição dos momentos magnéticos nos materiais paramagnéticos quando o campo
~
magnético externo é nulo (H = 0) ~
e diferente de zero (H 6= 0).

Os materiais paramagnéticos têm susceptibilidade magnética com ordem de grandeza

entre 10−5 e 10−2 no Sistema internacional (SI) e que as permeabilidades relativas cam entre

1 e 1, 01 [12], conforme a Tabela 4.2. Ele também nos diz que a tendência ao alinhamento

encontra oposição na agitação térmica, assim a susceptibilidade magnética deve depender da

temperatura (T), diminuindo quando esta aumenta nestes materiais.

Tabela 4.2: Suscetibilidades magnéticas χm de alguns materiais paramagnéticos à temperatura de



20 C [29].

Material Paramagnético χm
Alumínio 2, 2.10−5
Gás oxigênio 1, 9.10−4
Platina 2, 6.10−4
Sódio 7, 2.10−6
Urânio 4.10−4

A maioria das substâncias são paramagnéticas [6], por exemplo, manganês, cromo,

estanho, alumínio, ar, platina, etc.

30
Em algumas literaturas [6, 33] os materiais diamagnéticos e paramagnéticos são consi-

derados não-magnéticos, pois, eles somente exibem magnetização quando estão na presença

de um campo magnético externo.

4.3.3.3 Ferromagnéticos

Os materiais ferromagnéticos são aqueles que se imantam consideravelmente na pre-

sença de um campo magnético sendo atraídos fortemente por ímãs [7], tais como o ferro, o

níquel e o cobalto.

O termo ferromagnetismo é usado para caracterizar um comportamento


fortemente magnético, como a forte atração de um material por um ímã per-
manente. A origem deste forte magnetismo é a presença de uma magnetização
espontânea produzida por um alinhamento paralelo de spins. [35].

Nos ferromagnéticos, existem regiões, mesmo na ausência de campo magnético externo,

onde os spins estão espontaneamente orientados [6]. Regiões denominadas de domínios de

Weiss ou simplesmente domínios magnéticos. Sendo que estes domínios podem estar distri-

buídos aleatoriamente, conforme a Figura 4.10, fazendo com que o campo magnético total

desses domínios em qualquer direção seja nulo. Porém, quando submetidos a um campo

magnético externo de intensidade H , os domínios giram e se dispõem na direção e no sentido


de ~,
H conforme a Figura 4.11, originando um campo resultante mais intenso que o campo

original.

Figura 4.10: Domínios magnéticos distribuídos aleatoriamente.

31
Figura 4.11: Domínios magnéticos alinhados com o campo magnético externo ~.
H

4.3.3.3.1 Ponto Curie

Quando se aumenta a temperatura de um material ferromagnético, a agitação térmica

provoca o desagregamento dos domínios magnéticos, até que atinjam o ponto Curie, onde está

é a temperatura em que um material deixa de ser ferromagnético e passa a ser paramagnético

[7]. Vale a pena destacar que o desempenho de um ímã pode ser comprometido por altas

temperaturas e através de choques mecânicos, devendo-se evitar quedas e pancadas, para que

a imantação de um ímã permanente continue forte.

Observa-se na Tabela 4.3 que os materiais Gadolínio e Disprósio, em temperatura am-


o
biente, em torno de 25 C, são paramagnéticos.

Tabela 4.3: Ponto Curie de alguns materiais Ferromagnéticos [7].


Material ferromagnético Ponto Curie ( C)

Ferro 770

Cobalto 1130

Níquel 358

Magnetita 580

Nicromo 300

Gadolíneo 16

Disprósio -168

32
4.3.3.3.2 Histerese Magnética

Quando se retira o campo magnético externo dos materiais ferromagnéticos, as frontei-

ras dos domínios magnéticos não retornam exatamente as posições originais [7]. Persistindo

uma imantação residual, na qual é desprezível no caso do ferro doce, ferro praticamente

puro, mas é signicativa no caso do aço e pode ser muito intensa no caso do alnico (liga de

alumínio, níquel, cobalto, cobre e ferro), do permalloy (liga de ferro e níquel), etc. Ramalho

e colaboradores denominam essa propriedade de permanecer imantado com o m do campo

magnético externo como histerese magnética [6]. Essa retenção de campo magnético é que

permite a fabricação de ímãs permanentes.

A Figura 4.12 traz o gráco denominado de curva de histerese, que relaciona a mag-

netização de materiais ferromagnéticos pela variação de um campo magnético externo ~


H
aplicado. Neste gráco, os domínios magnéticos tendem a se alinhar com o campo magnético

aplicado a medida que este aumenta de intensidade. Quando o alinhamento é máximo, a

magnetização do material também é máxima, chamada de magnetização de saturação (Ms).

Reduzindo-se o campo aplicado a zero, nota-se que ainda resta uma magnetização residual no

material, denominada de magnetização remanescente (Mr), invertendo o sentido do campo ~


H
até atingir a saturação novamente. O campo magnético externo que anula a magnetização é

chamado de campo coercitivo (Hc). A coercividade caracteriza a capacidade de um material

ferromagnético saturado de resistir à sua desmagnetização [36].

33
Figura 4.12: Curva de Histerese

A forma e o tamanho da curva de histerese é uma característica de grande importância,

pois a área dentro da curva representa a perda de energia magnética por unidade de volume

do material pelo ciclo de magnetização e desmagnetização. Esta perda de energia se manifesta

com o calor gerado dentro da espécie magnética e é capaz de elevar sua temperatura [33].

Os materiais ferromagnéticos são classicados como moles ou duros, com base nas suas

características de histerese.

4.3.3.3.3 Materiais Magnéticos Moles e Duros

Os materiais magnéticos moles são usados em dispositivos que são submetidos a campos

magnéticos alternados e onde as perdas de energia têm que ser baixas; um exemplo familiar

consiste nos núcleos de transformadores. Por esse motivo, a área relativa no interior do ciclo

de histerese deve ser pequena; ela é caracteristicamente na e estreita, como está representado

na Figura 4.13. Consequentemente, um material magnético mole deve possuir uma elevada

permeabilidade inicial, além de uma baixa coercibilidade. Um material que possui essas

propriedades pode atingir a sua magnetização de saturação com a aplicação de um campo

relativamente pequeno (isto é, é facilmente magnetizado e desmagnetizado) e ainda possui

baixas perdas de energia por histerese [33].

34
Figura 4.13: Curva de magnetização: material mole e duro [33]

Os materiais magnéticos duros são utilizados em ímãs permanentes, pois possuem uma

alta resistência à desmagnetização. Em termos de comportamento de histerese, um material

magnético duro possui remanência, coercibilidade e uxo de densidade de saturação elevados,

bem como uma baixa permeabilidade inicial e grandes perdas de energia por histerese. As

características da curva de histerese apresentadas por materiais magnéticos duros e materiais

magnéticos moles estão comparadas na Figura 4.13 [33].

4.3.3.4 Antiferromagnéticos

O pareamento (alinhamento) do momento magnético entre átomos também pode ocor-

rer em materiais que não são ferromagnéticos. Em um desses grupos, esse pareamento resulta

em um alinhamento antiparalelo; o alinhamento dos momentos de spin de átomos ou íons

vizinhos em direções exatamente opostas é chamado de antiferromagnetismo. Esse arranjo

está representado esquematicamente na Figura 4.14. Obviamente, os momentos magnéticos

opostos se cancelam uns aos outros, e, como consequência, o sólido como um todo não possui

qualquer momento magnético líquido [33].

35
Figura 4.14: Disposição dos momentos magnéticos nos materiais antiferromagnéticos [37].

4.3.3.4.1 Ponto Néel

O antiferromagnetismo também é afetado pela temperatura. Esse comportamento de

pareamento visto na Figura 4.14 desaparece quando o material deste tipo atinge uma tempe-

ratura conhecida como temperatura Néel. Nas temperaturas acima desse ponto, os materiais

antiferromagnéticos se tornam paramagnéticos [33].

Tabela 4.4: Ponto Néel de alguns materiais [38].


Material Antiferromagnético Ponto de Néel ( C)

Crômio 39

Manganês - 173

4.3.4 Os Materiais Magnéticos e a Tabela Periódica

Na mecânica quântica, a equação de Schorödinger indica os níveis de energia que podem

ser ocupados pelos elétrons. A caracterização de cada elétron no átomo se dá por meio dos

números quânticos [39].

Sendo n, l, m, associados ao momento de spins, denominados de números quânticos.

Onde n representa o número quântico associado aos níveis de energia En permitidos aos

elétrons em um átomo, este é representado por um número inteiro (n = 1, 2, 3,...).

36
O número quântico l , chamado de número quântico orbital ou azimutal, é o módulo do

momento angular orbital L, podendo assumir valores l = 0, 1, 2,..., n − 1, onde 0 corresponde


ao subnível de energia s, 1 é referente à p, 2 ao d e assim por diante.

Os valores permitidos para os componentes do vetor momento angular ~


L em determi-

nadas direções, digamos o componente Lz ao longo do eixo z é dado por Lz = ml ~. Para

cada valor de l , o número quântico ml apresenta valores inteiros entre −l ≤ ml ≤ +l, ou seja,
os valores de ml podem ser nulos, positivos ou negativos, porém, o módulo desse número é

no máximo igual a l , ou seja, ml ≤ l , onde ml é o número quântico magnético [40].

Tabela 4.5: Valores para os números quânticos principal, orbital e magnético.

n l ml
1 0 0

2 0 0

2 1 -1,0,1

3 0 0

3 1 -1,0,1

3 2 -2,-1,0,1,2

4 0 0

4 1 -1,0,1

4 2 -2,-1,0,1,2

4 3 -3,-2,-1,0,1,2,3

O número quântico ms especica o momento angular de spins S~ . Podendo assumir

valores de +1/2 ou -1/2.

Para o preenchimento da estrutura eletrônica dos átomos pode-se utilizar três regras

[40, 41]:

- Dois elétrons em um átomo não podem ter os quatro números quânticos iguais. Este

é conhecido como o princípio de exclusão de Pauli.

- As órbitas são preenchidas de acordo com o aumento de sua energia.

- Os elétrons devem ser distribuídos de tal modo que seus spins estejam o mais paralelos

possíveis (Regra de Hund) para minimizar a energia. Para isso, distribui-se primeiro os spins
para cima até completar todas subcamadas ml possíveis e posteriormente inicia-se a colocação
dos spins para baixo.

37
Um esquema feito para auxiliar na distribuição dos elétrons pelos subníveis da eletros-

fera é o diagrama de Linus Pauling (Figura 4.15).

Figura 4.15: Diagrama de Linus Pauling [41].

Verica-se que um número considerável de elementos não seguem a distribuição de-

terminada pelo diagrama de Linus Pauling. Os que nalizam em d4 e d9 , apresentam uma

conguração diferenciada de distribuição, tendo um elétron deslocado do subnível s para

d apresentando uma conguração s 1 d5 e s1 d10 . Ainda se tem outros elementos que não se

enquadram nesta regra, como a Platina (Pt), o Nióbio (Nb), o Urânio (U), entre outros.

Observe a conguração eletrônica correta de alguns elementos a seguir, onde a distri-

buição, seguindo o diagrama de Pauling, falha.

24 Cr : 1s2 , 2s2 , 2p6 , 3s2 , 3p6 , 4s1 , 3d5


29 Cu: 1s2 , 2s2 , 2p6 , 3s2 , 3p6 , 4s1 , 3d10
41 N b: 1s2 , 2s2 , 2p6 , 3s2 , 3p6 , 4s2 , 3d10 , 4p6 , 5s1 , 4d4
42 M o: 1s2 , 2s2 , 2p6 , 3s2 , 3p6 , 4s2 , 3d10 , 4p6 , 5s1 , 4d5
47 Ag : 1s2 , 2s2 , 2p6 , 3s2 , 3p6 , 4s2 , 3d10 , 4p6 , 5s1 , 4d10
79 Au: 1s2 , 2s2 , 2p6 , 3s2 , 3p6 , 4s2 , 3d10 , 4p6 , 5s2 , 4d10 , 5p6 , 6s1 , 4f 14 , 5d10
78 P t: 1s2 , 2s2 , 2p6 , 3s2 , 3p6 , 4s2 , 3d10 , 4p6 , 5s2 , 4d10 , 5p6 , 6s1 , 4f 14 , 5d9

38
92 U : 1s2 , 2s2 , 2p6 , 3s2 , 3p6 , 4s2 , 3d10 , 4p6 , 5s2 , 4d10 , 5p6 , 6s2 , 4f 14 , 5d10 6p6 , 7s2 , 5f 3 , 6d1

Além desses temos o Rutênio, o Ródio, o Paládio. Além de uma grande número de

Lantanídeos e Actinídeos.

Uma alternativa para o diagrama de Pauling que determina corretamente a congura-

ção eletrônica em muitos casos onde Pauling falha é o diagrama de Rich-Suter. Observando

que este também tem diculdades de determinar a distribuição dos elementos Cério (Ce),

Protactínio (Pa), Urânio (U), Neptúnio (Np) e Cúrio (Cm), devido possuírem congurações

muito especiais decorrente da mistura de varias congurações eletrônicas [42].

A discussão das congurações de elétrons de Ce, Pa, U, Np e Cm é um assunto


adicional que leva a uma compreensão mais ampla e profunda das congurações
de elétrons. Isso ajuda os alunos a substituir o dogma das congurações de
elétrons pela visão correta de que a conguração eletrônica de um elemento é
a descrição da estrutura eletrônica atômica com base em um modelo teórico,
que se destina a explicar os espectros de linha experimentais. Como esses
espectros tornam-se mais complexos para elementos mais pesados, o modelo
precisa considerar que, para esses átomos, o nível de energia fundamental é
uma mistura de várias congurações de elétrons [43].

Figura 4.16: Diagrama de Rich-Suter: 1


a série metais de transição [43].

39
a série metais de transição [43].
Figura 4.17: Diagrama de Rich-Suter: 2

a série metais de transição [43].


Figura 4.18: Diagrama de Rich-Suter: 3

40
Figura 4.19: Diagrama de Rich-Suter: Lantanídeos. Sendo que a conguração eletrônica do Ce não

é correta. [43].

Os diagramas de Rich-Suter relacionam o número atômico (Z) com a energia, sendo

que cada curva representa a energia dos orbitais. Dos grácos tiramos que quanto maior

o número atômico do elemento menor será as energias dos seus orbitais, tornando-os mais

estáveis. Observe que os orbitais d se estabilizam de forma mais acentuada que os orbitais s,

uma explicação plausível decorre da inuência do núcleo ser maior nos orbitais d, que estão

mais próximos do que os orbitais s. Nota-se que em determinado ponto as curvas se cruzam,

ocorrendo uma inversão, onde o orbital d torna-se menos energético que o orbital s, sendo

preenchido primeiro, diferenciando-se do diagrama de Linus Pauling.

Um ponto interessante desse modelo é que a energia dos elétrons de spins contrários
não são a mesma, logo temos uma energia para spins +1/2 (α) e outra para spins -1/2 (β )

no mesmo orbital.

Através da Figura 4.16 vamos fazer a distribuição eletrônica do Cromo. Inicialmente

vamos identicar os pontos de energia dos orbitais na Figura 4.20.

41
Figura 4.20: Identicação dos pontos de energia dos orbitais dos subníveis 4s e 3d do Cromo no

Diagrama de Rich-Suter.

Deve-se seguir a ordem crescente de energia, logo se terá a sequência 4sα, 3dα, 4sβ e

3dβ . Lembrando que o cromo possui nos orbitais 4s e 3d um total de 6 elétrons a serem

distribuídos, onde 4sα suporta 1 elétron ( spin para cima) - recebe 1 elétron, 3dα suporta 5

elétron ( spins para cima) - recebe 5 elétrons, observe que já foram distribuídos os 6 elétrons,

assim os orbitais 4sβ que suporta 1 elétron ( spin para baixo) e o 3dβ que suporta 5 elétron

( spins para baixo), caram vazios, logo tem-se, 4s1 3d5 .


Ficando a conguração eletrônica do Cromo de acordo com o diagrama de Rich-Suter.

24 Cr : 1s2 , 2s2 , 2p6 , 3s2 , 3p6 , 4s1 , 3d5

O mesmo pode ser feito para os demais elementos da tabela periódica tais como podemos

ver nas Figuras 4.21, 4.22 e 4.23.

42
Figura 4.21: Distribuição eletrônica da 1
a série metais de transição através do diagrama de Rich-

Suter.

Figura 4.22: Distribuição eletrônica da 2


a série metais de transição através do diagrama de Rich-

Suter.

43
Figura 4.23: Distribuição eletrônica da 3
a série metais de transição através do diagrama de Rich-

Suter.

Como os materiais paramagnéticos se caracterizam por apresentarem elétrons desempa-

relhados nos subníveis mais energéticos e os diamagnéticos por possuírem orbitais completos,

ou seja, não apresentam elétrons desemparelhados nos subníveis de maior energia. Pode-se,

através da distribuição eletrônica dos elementos que compõe a tabela periódica, classicá-los

em paramagnéticos e diamagnéticos. Observando que os ferromagnéticos e antiferromagné-

ticos se tornam paramagnéticos acima das temperaturas de Curie e de Néel respectivamente.

Como exemplo, observe a gura 4.21, nas distribuições eletrônicas apenas os elementos

químicos Cobre (Cu) e Zinco (Zn) apresentaram o subnível d completo, ou seja, com todos

os orbitais preenchidos com um total de 10 elétrons, portanto são materiais diamagnéticos,

os outros por apresentarem o subnível d incompleto são materiais paramagnéticos.

44
Figura 4.24: Materiais magnéticos na tabela periódica [44].

45
Capítulo 5

Resultados

5.1 Elaboração do Produto

Ao vericar-se a não abordagem ou uma abordagem supercial e incompleta por parte

dos livros didáticos utilizados no ensino médio sobre os materiais magnéticos [1, 3, 4, 5,

6, 7], buscou-se elaborar um material que suprisse essa deciência. Para isso, foi necessário

realizar uma promoção para o ensino médio de alguns assuntos encontrados apenas nos livros

acadêmicos [8, 29, 33, 34, 45], tais como: a diferenciação do campo indução magnética ~
B e

do campo magnético ~,
H que no ensino médio são apresentados como sinônimos; o conceito

de histerese magnética com a compreensão de sua curva; a suscetibilidade magnética; relação

entre o momento angular e o momento magnético; a compreensão da magnetização através dos

momentos magnéticos; o movimento orbital e do spin do elétron como origens do magnetismo


nos materiais, entre outros.

Este produto educacional foi organizado em atividades partindo do mais geral para o

mais especíco, valorizando sempre os conteúdos anteriormente abordados para que possam

fazer parte do cognitismo do leitor e servir de ancoragem para os novos assuntos que vi-

rão posteriormente, possibilitando que, pelo menos, em um determinado grupo de leitores

possuam um conhecimento prévio sobre uma determinada atividade possa iniciar seus estu-

dos na atividade seguinte sem prejudicar sua aprendizagem como um todo. No início, de

cada atividade possui uma pequena apresentação sobre os assuntos que serão abordados e no

fechamento é disponibilizado a bibliograa para uma eventual consulta.

Outro cuidado na elaboração deste material foi a diversicação das ferramentas de en-

sino, tais como a história das ciências, aplicações no cotidiano, experimentos de baixo custo,

46
simulações computacionais, etc., possibilitando ao educador escolhas de ferramentas que me-

lhor se enquadram a sua realidade escolar, potencializando o aprendizado.

Ao longo dos cinquenta anos, enfocados nesta rápida retrospecção sobre o

ensino de Física em escolas de nível médio, não se pode deixar de mencionar

iniciativas e contribuições importantes como Física do cotidiano, equipa-

mento de baixo custo, ciência, tecnologia e sociedade, história e losoa da

ciência e, recentemente, Física Contemporânea e novas tecnologias. Creio

que cada uma destas vertentes tem seu valor, mas também suas limitações

e, até mesmo, prejuízos para o ensino da Física, na medida em que forem

exclusivas. Julgo que é um erro ensinar Física sob um único enfoque, por

mais atraente e moderno que seja. Por exemplo, ensinar Física somente sob a

ótica da Física do cotidiano é uma distorção porque, em boa medida, aprender

Física é, justamente, libertar-se do dia-a-dia. De modo semelhante, ensinar

Física apenas sob a perspectiva histórica, também não me parece uma boa

metodologia porque para adquirir/construir conhecimentos o ser humano,

normalmente, não precisa descobri-los, nem passar pelo processo histórico

de sua construção. Tampouco o microcomputador será um bom recurso

metodológico, se for usado com exclusividade, dispensando a interação pessoal,

a troca, ou negociação, de signicados que é fundamental para um bom ensino

de Física[24].

Observa-se que neste material não foi desprezado o formalismo matemático, porém, foi

dado enfase aos aspectos qualitativos referentes ao estudo conceitual. No desenvolver deste

material, houve a preocupação de se utilizar uma linguagem clara e simples na busca de uma

melhor interação entre as novas informações e o cognitismo dos leitores.

Quanto aos conteúdos trabalhados nas atividades temos:

Atividade 1: Explora uma abordagem histórica com conceitos relacionados ao eletro-

magnetismo, fonte dos principais conhecimentos prévios necessários para a compreensão dos

materiais magnéticos, Observando que, a princípio, essa abordagem é uma revisitação a esse

conteúdo.

Atividade 2: Apresenta aos alunos os mapas conceituais, suas aplicações e como construí-

los.

Atividade 3: Compreende a nível fundamental o surgimento das propriedades magné-

ticas, explorando conceitos como spin, spin -órbita, momento angular e momento magnético.
Atividade 4: Procura diferenciar o campo magnético ~,
H campo indução ~
B e a magne-

tização de um material. Além de denir permeabilidade e suscetibilidade magnética.

47
Atividade 5: Dene e identica as características dos principais materiais magnéticos,

relacionando-os com a tabela periódica e com algumas das suas possíveis aplicações.

5.2 Conhecimentos Prévios

Para Ausubel, o ponto mais importante para que se chegue a uma aprendizagem sig-

nicativa são os conhecimentos que o aluno possui, cabendo ao professor determinar estes

e ensinar de acordo [46]. Para isso foi elaborado um teste com o intuito de vericar qual

a bagagem cognitiva dos alunos com relação aos materiais magnéticos e consequentemente

contribuir para o desenvolvimento e aplicação do produto educacional.

Na aplicação do teste, houve a necessidade de um diálogo com a turma, visto que ao

falar de teste automaticamente era associado a ideia de nota bimestral. Por isso foi informado

aos alunos que este não valeria nota e que deveriam responder apenas o que realmente sabiam

ou julgavam ser correto.

Este teste foi composto de 11 questões abertas e conceituais procurando abranger vá-

rios conhecimentos relacionados aos principais materiais magnéticos. As respostas foram

classicadas em três categorias, para uma melhor vericação de possíveis erros conceituais.
a
- 1 categoria: correta;
a
- 2 categoria: resposta incompleta ou parcialmente correta;
a
- 3 categoria: resposta incorreta (aqui se enquadram as questões não respondidas).

48
Tabela 5.1: Classicação das respostas dos alunos em incorretas, parcialmente corretas (incom-

pletas) e corretas, referente as questões do teste de vericação dos conhecimentos prévios e suas

respectivas porcentagens.

Questões Corretas Incompletas Incorretas % Corretas % Incompletas % Incorretas

1 0 3 19 - 13,64 86,36

2 0 20 2 - 90,91 9,09

3 4 8 10 18,18 36,36 45,45

4 5 3 14 22,73 13,64 63,64

5 0 1 21 - 4,55 95,45

6 0 0 22 - - 100,00

7 1 4 17 4,55 18,18 77,27

8 0 0 22 - - 100,00

9 0 0 22 - - 100,00

10 0 0 22 - - 100,00

11 0 0 22 - - 100,00

Figura 5.1: Gráco da relação entre o número de alunos e as suas respostas do teste de vericação

dos conhecimentos prévios.

a
Quanto a análise da 1 questão, cujo enunciado era O que você entende por materiais

magnéticos?, para se considerar como uma resposta correta ela deveria estar relacionada

49
com o momento magnético do átomo, constituinte de toda a matéria.

Observou-se que a maioria dos alunos não conseguiu responder de forma coesa o questio-

namento. Os que tentaram responder, foram incoerentes com a pergunta. Entre as respostas,

um dos alunos ligou o conceito de material magnético ao de campo magnético são mate-

riais que possuem campos magnéticos, outros ligaram a propriedade de atrair materiais,

outro aluno relacionou os materiais magnéticos à questão atômica, mais especicamente aos

elétrons, prótons e nêutrons. O aluno respondeu da seguinte maneira: material que tem

seus recursos envolvendo elétrons, prótons e nêutrons. Nenhum aluno respondeu de forma

satisfatória a pergunta, signicando que o tema é desconhecido pelos estudantes.

Na segunda questão, cujo enunciado era Você poderia citar exemplos de materiais mag-

néticos?, as respostas dos alunos foram classicadas de acordo com as categorias denidas

anteriormente. Sendo que a resposta seria considerada correta se fosse dado, pelo menos, um

exemplo de cada um dos principais materiais magnéticos.

Observou-se que a maioria dos alunos associou os materiais magnéticos aos ímãs por

estes apresentarem propriedades magnéticas facilmente vericáveis pelos sentidos. Algumas

respostas se mostraram interessantes para analise, entre elas a de um aluno que de certa

maneira diferenciou o ímã natural do articial, além de citar o alumínio como material

magnético. Dois alunos associaram uma aplicação no lugar do material, no caso a bússola no

lugar do ímã. Outro aluno citou como material magnético a luz. Essa relação possivelmente

é decorrente de um conhecimento prévio na qual a luz é uma onda eletromagnética, ou seja,

associada a um campo magnético. Outros alunos associaram os materiais magnéticos ao ferro

e similares.

De forma geral, os alunos associaram materiais magnéticos aos ferromagnéticos, prin-

cipalmente o ferro e o ímã. Esse conhecimento prévio será útil para que os alunos alcancem

um aprendizado signicativo do conceito e da identicação dos materiais magnéticos.

A terceira questão procurou vericar se os alunos sabem onde são utilizados os materiais

magnéticos no seu cotidiano. Considerando a questão, Onde você pode encontrar materiais

magnéticos no seu dia-a-dia?, para que esta seja considerada correta a resposta deveria conter

objetos do cotidiano do aluno que possuam materiais magnéticos. Caso seja dado apenas um

exemplo a questão será considerada incompleta, visto a grande quantidade de objetos que

utilizam materiais magnéticos.

Observou-se que a maioria dos alunos tem uma noção sobre a aplicabilidade dos mate-

riais magnéticos no seu cotidiano. Isso pode ser vericado pela soma das respostas corretas

e parcialmente corretas que superam as incorretas. Os que responderam com coerência,

50
associaram os materiais magnéticos à fenômenos relacionados à ímãs e a indução eletromag-

nética, entre as respostas destacam-se objetos como computadores, geladeira, celulares, auto-

falantes, televisão, fone de ouvido. Houve alunos que responderam de forma mais abrangente

usando o termo eletrodomésticos como resposta. Porém, o número de questões incorretas

não pode ser desconsiderado, visto que esta apresentou maior porcentagem em comparação

as outras.

Na quarta questão, cujo enunciado era Você conhece alguma aplicação tecnológica que

utiliza materiais magnéticos? Caso conheça cite-as., a resposta seria considerada correta se

fosse dado pelo menos um exemplo de aplicação que envolva indução eletromagnética e que

seja relevante para a sociedade como um todo.

Dois pontos, referentes a análise dos dados, destacam-se: primeiro o desconhecimento da

maioria dos alunos sobre o uso dos materiais magnéticos e sua importância para a tecnologia

atual, o outro é que entre todas as questões foi a que teve o maior número de acertos. Pode-se

destacar entre as respostas a de um aluno que citou os trens-balas, Sim, trens que utilizam

ímãs e assim conseguem alcançar altas velocidades por não haver atrito. outro aluno deu

como exemplo as hidrelétricas, outro citou os eletroímãs dos ferro-velhos e a máquina de

ressonância magnética.

Na quinta questão, de enunciado A principal fonte de produção de energia no Brasil

são as hidrelétricas. Você saberia dizer qual a importância dos materiais magnéticos para a

produção de energia nas hidrelétricas?, a resposta seria considerada correta desde que rela-

cionasse os materiais magnéticos aos geradores, mesmo que supercialmente. Nenhum aluno

acertou a questão, na melhor das respostas, o aluno relacionou a variação do campo magnético

à geração de energia, A partir do movimento do campo magnético se gera energia..

Na sexta questão, de enunciado Você sabe o que gera as propriedades magnéticas em

um ímã? Em caso armativo explique.. A resposta para ser considerada correta deveria

relacionar o alinhamento dos momentos magnéticos as propriedades magnéticas. Quanto as

respostas dos alunos não se teve respostas corretas nem parcialmente corretas, mostrando

total desconhecimento pela origem das propriedades magnéticas dos ímãs.

A sétima questão cujo enunciado Os desenhos abaixo representam as congurações

atômicas dos materiais diamagnéticos, paramagnéticos, ferromagnéticos e antiferromagnéti-

cos sob a ação de um campo magnético ~,


H associe a conguração com o respectivo material

magnético.. Para que seja considerada correta, todas as relações deveriam ser certas e ape-

nas duas para as parcialmente corretas. A maioria das respostas dos alunos foi incorreta,

mostrando um desconhecimento das congurações que caracterizam os materiais magnéticos.

51
Nas questões seguintes, da oitava a décima primeira, cujos os enunciados são respecti-

~ ) e o campo magnético
vamente Qual a diferença entre o campo de indução magnética (B

~ )?; Já ouviu falar sobre a temperatura Curie? Em caso armativo comente.; Já ouviu
(H

falar sobre a temperatura Néel? Em caso armativo comente.; Você sabe o que é Histerese

magnética? Em caso armativo comente., os alunos não tiveram aproveitamento, tendo um

total de 100 % de respostas incorretas em todos esses questionamentos. Demonstrando total

desconhecimento dos conceitos abordados.

Baseados nos resultados do teste, foi possível vericar que se trata de um assunto novo

para os alunos e que estes associam instintivamente os materiais magnéticos aos materiais

ferromagnéticos e aos ímãs, devido ao fato destes possuírem propriedades magnéticas mais

visíveis e próximas de seus cotidianos.

Essas observações indicam que a aplicação do produto deve se basear fortemente em

organizadores prévios que facilitem o diálogo entre o conhecimento prévio dos alunos e o novo

conhecimento a ser ensinado.

5.3 Aplicação do Produto

Este capítulo trata dos aspectos relacionados à aplicação do produto, relatando as ati-

vidades desenvolvidas nas aulas. Destacando que anteriormente a aplicação da sequência

didática relacionada ao produto, os alunos tiveram contato com assuntos que serviram de

subsunçores para a aprendizagem sobre os materiais magnéticos. Assuntos estes essenciais e

que se encontram relacionados na Tabela 5.2. Observa-se que o produto educacional traz mais

informações do que as exploradas nesta sequência didática, visto que o produto deve apresen-

tar ferramentas diversicadas que possibilitem suas utilizações nas mais diversas realidades

educacionais. Esta sequência foi realizada na escola Centro de Ensino Médio Benjamim José

de Almeida no estado do Tocantins no qual a disciplina Física possui três aulas semanais com

duração de 50 minutos cada. Além disso, a instituição educacional disponibiliza datashow,

caixa de som e laboratório de informática e de física, o que difere da realidade de outras

instituições de ensino.

Tabela 5.2: Conhecimentos prévios que devem servir de base

para o desenvolvimento de subsunçores necessários para uma

aprendizagem signicativa sobre os materiais magnéticos.

52
Número Tópicos Objetivos Tempo (no de au-
las)
1 Cargas elétricas e Conhecer as cargas 2

força elétrica. elétricas e suas propri-

edades e a força entre

elas.

2 Campo elétrico. Compreender a ideia 2

de campo como medi-

ador de interações a

distância.

3 Corrente elétrica. Entender o conceito 2

de corrente elétrica,

relacionando-o com a

tensão (ddp) e com o

campo elétrico.

4 Magnetismo, Polos Estudar os polos 4

magnéticos, Campo magnéticos, suas

magnético, Campo interações e as repre-

magnético da Terra, sentações geométricas

Linhas de Força e dos campos magné-

Força de Lorentz. ticos, partindo de

representações de

campos de ímãs.

Discutir sobre campos

magnéticos e o campo

magnético terrestre.

5 Campo magnético ge- Compreender a gera- 4

rado por corrente elé- ção de campo mag-

trica. nético em condutores

percorridos por cor-

rente elétrica.

6 Indução Eletromagné- Compreender as leis 3

tica de Faraday e de Lenz.

53
Em seguida se fará uma descrição das aulas relacionadas à sequência didática referente

à aplicação do produto sobre os materiais magnéticos.

5.3.1 Atividade 1: Uma breve história do eletromagnetismo

Este primeiro encontro teve a duração de duas horas-aulas. Nele, houve uma conversa

com os alunos relacionada à aplicação do produto sobre os materiais magnéticos, destacando

sua importância para a compreensão a nível mais fundamental sobre o eletromagnetismo e

para o seu desenvolvimento na tecnológica e na economia. Procurou-se também conscientizá-

los sobre a necessidade do comprometimento pessoal para se obter uma aprendizagem sig-

nicativa e que esta somente ocorreria se o próprio aluno tivesse o interesse em aprender.

Ressaltou-se a importância da troca de ideias com os colegas e professor a respeito dos textos,

experimentos, simulações, desenhos e analogias presentes nas aulas. Apresentada a proposta,

a turma foi consultada sobre o interesse em participar, como resposta houve uma aceitação

unânime. Em seguida foi distribuído aos alunos cópias do material de apoio desenvolvido

nesta pesquisa e lhes foi dito que este serviria de consulta e que as atividades desenvolvidas

em sala de aula estariam presentes neste material. Neste momento foi explicado aos alu-

nos que a Atividade 1: Uma breve história do eletromagnetismo, presente no material de

apoio, não seria trabalhada nas aulas do projeto, pois esses assuntos já tinham sido vistos

em aulas anteriores e que este capítulo serviria de consulta, possibilitando revisá-los a qual-

quer momento e utilizá-los como subsunçores. Na aula seguinte foi realizado um teste com

o intuito de vericar os conhecimentos prévios dos alunos a respeito dos materiais magnéticos.

5.3.2 Atividade 2: Conhecendo os mapas conceituais

O objetivo desta atividade foi capacitar os alunos a criarem e utilizarem os mapas

conceituais como uma ferramenta educacional. Esta teve a duração de duas horas-aulas.

Inicialmente foram apresentados aos alunos os mapas conceituais, onde foi discutido sua

construção e utilização no processo ensino-aprendizagem. Em seguida foi assistido um vídeo

de autoria de Rene de Paula Junior cujo título é aprenda a fazer mapas conceituais, dis-

ponível no endereço eletrônico < https : //www.youtube.com/watch?v = uwzvJp4KOj4 >,

54
com duração de aproximadamente 12 minutos. Este vídeo orienta como utilizar o programa

computacional gratuito CmapTools, programa criado pelo Instituto Florida para Cognição

Humana e de Máquina (IHMC) e que possibilita aos usuários construir e compartilhar mapas

conceituais. Posteriormente foi construído um mapa conceitual coletivo sobre eletromagne-

tismo. Para a construção desse mapa conceitual, foi criado uma lista de conceitos relacio-

nados a esse tema. Sendo os alunos orientados a pegarem os conceitos mais gerais e através

de conectivos interligarem os conceitos mais especícos, hierarquizando-os. Nesta aula foram

utilizados como recursos didáticos: data-show, computador, caixa de som, pincel e quadro.

Vale destacar o interesse e participação, dos alunos, na construção do mapa conceitual

coletivo e pelo programa CmapTools. No nal da aula um grupo de alunos comentou que

teriam uma apresentação em forma de seminário, em outra disciplina, e que eles a fariam

utilizando os mapas conceituais.

5.3.3 Atividade 3: Momentos magnéticos: o magnetismo a nível


fundamental

O objetivo desta atividade foi apresentar os movimentos dos elétrons em um átomo e

sua relação com a grandeza física momento angular e momento magnético, esta atividade

teve a duração de quatro horas-aulas.

Esta atividade se iniciou com a apresentação de um vídeo da palestra Ímãs per-

manentes: A força que impulsiona o desenvolvimento, disponível no endereço eletrônico

< https : //www.youtube.com/watch?v = w − 0W 9izRP Zo >, com 30 minutos de duração,

ministrada pelo professor adjunto Dr. Antônio Marcos Helgueira de Andrade do Instituto

de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IF − U F RGS). Este vídeo traz:

a origem do eletromagnetismo nos materiais, associando-o aos movimentos dos elétrons nos

átomos; uma abordagem histórica do desenvolvimento do eletromagnetismo; o experimento

do freio magnético para exemplicar a lei de Lenz; a importância do eletromagnetismo e

dos materiais magnéticos na revolução industrial e sua utilização nos aparelhos de telégrafos,

motores e geradores elétricos; fala dos avanços da indústria magnética, abordando a utili-

zação dos materiais magnéticos durante a segunda guerra mundial, nas minas marinhas e

nos radares; explica a utilização dos materiais magnéticos na tecnologia Stealth (invisibili-

dade aos radares) e nas tecnologias de informação, das tas magnéticas até os discos rígidos

dos computadores atuais; cita as aplicações dos materiais magnéticos nos ímãs de geladeira,

55
cartões de crédito, alto-falantes, motores elétricos, celulares, guindastes eletromagnéticos,

montanhas russas, nos maglevs (trens-bala), nos carros modernos e na produção de ener-

gia; Destaca a China como maior potência na indústria magnética da atualidade e trás a

movimentação nanceira do mercado dos ímãs permanentes e sua projeção para 2020. Por

todo esse contexto, esta palestra em vídeo se enquadra, de acordo com a teoria de Ausubel,

como um organizador prévio para o desenvolvimento das atividades subsequentes. Ao nal

da apresentação deste vídeo-palestra, foi ressaltada a importância dos materiais magnéticos

para o avanço das tecnologias e para a economia, onde foi destacado que esta era uma área

de grandes investimentos, principalmente nos países considerados de primeiro mundo e que

no Brasil, infelizmente, o incentivo a pesquisa é mínimo e que isso colabora para um aumento

da dependência do nosso país referente às grandes potências econômicas mundiais.

Quanto aos alunos, estes caram surpresos com os valores que envolviam esse mercado,

pela China ter um domínio tão grande e com o grande número de aplicações tecnológicas

relacionadas aos materiais magnéticos.

Essa abordagem veio de encontro à pedagogia de Paulo Freire procurando através do

diálogo estabelecer uma análise crítica da nossa realidade e de fatores que nos tornam sub-

jugados dentro de um contexto sócio-econômico-político-cultural.

Na aula subsequente foi explicado aos alunos que eles entenderiam melhor a origem das

propriedades magnéticas e que para isso utilizariam um modelo atômico mais familiar para

eles, no caso o modelo semi-clássico de Rutherford-Bohr que consiste de um núcleo formado

por prótons e nêutrons e em volta orbitando, em uma região denominada de eletrosfera,

temos os elétrons. Foi destacado que este não é o modelo atômico adotado atualmente, pois

o atual não fala de orbitas bem denidas e sim de regiões de maior probabilidade de encontrar

elétrons.

Através de slides, foram trabalhados os movimentos de translação do elétron ( spin -


spin )e associados a eles o conceito de momento angular.
órbita) e o seu movimento de rotação (

O encontro seguinte iniciou-se com a demonstração de um experimento relacionado com

o funcionamento de um eletroímã, constituído de um parafuso grande no qual foi enrolado em

forma de bobina um o de cobre, ligando-se nas extremidades duas pilhas grandes em série

e aproximando de alguns clipes, observou-se que estes foram atraídos. Em seguida soltou-se

os os da pilha e os clipes também se soltaram.

56
Figura 5.2: Experimento: construindo um eletroímã.

Após esse primeiro momento foi solicitado aos alunos que se dividissem em grupos de

no máximo, cinco membros para que realizassem uma leitura do Texto 1: Eletroímã do

material de apoio para que respondessem as seguintes questões:

1. Como construir um eletroímã?

2. Como surgem as propriedades magnéticas do eletroímã?

3. O que você entende por ímã elementar?

Os alunos também foram informados que suas respostas seriam compartilhadas junto

à turma.

Os alunos ao lerem e interpretarem o texto, responderam a questão 1 da seguinte

maneira:

- Grupo 1: É possível construí um eletroímã, com os seguintes materiais: uma barra

de ferro, o de cobre e uma fonte de energia. Montagem: enrole o o de cobre sobre a barra

de metal, formando uma bobina, depois aplique a fonte de energia nos polos do o de cobre.

- Grupo 2: Pegue um parafuso e enrole um o de cobre, onde o parafuso serve como

núcleo que gera mais intensidade, coloque as pontas de cobre em uma pilha e seu eletroímã

estará pronto.

- Grupo 3: Para construir um eletroímã você precisa de um prego de ferro grande, o de

cobre, pilhas grandes, clipes e pregos de ferro pequenos, raspe com uma faca as extremidades

do o de cobre para que haja contato com a pilha.

- Grupo 4: Material: 2 pilhas, o de cobre, 1 parafuso. Você pega o o e enrola no

parafuso, pega a pilha e liga nas extremidades do o.

- Grupo 5: Enrolar o o de cobre em volta do parafuso, formando um solenoide, e ligar

57
nas pilhas.

As respostas da questão 2 foram as seguintes:

- Grupo 1: As propriedades magnéticas do eletroímã surgem através da fonte de energia

aplicada sobre os polos da bobina.

- Grupo 2: Eletroímã com um núcleo de metal ligado a uma bateria, tem polos como

um ímã forte.

- Grupo 3: Quando o o é submetido a uma tensão, o mesmo é percorrido por uma

corrente elétrica que gerará um campo magnético.

- Grupo 4: A pilha gera uma ddp que gera uma corrente elétrica que gera um campo

magnético.

- Grupo 5: Um solenoide, quando percorrido por corrente elétrica, cria um campo

magnético, apresentando assim uma conguração de campo magnético, então dizemos que

ele se constitui um eletroímã, ou seja, um ímã obtido por meio de corrente elétrica.

As respostas da questão 3 foram as seguintes:

- Grupo 1: Está ligado aos elétrons dos átomos.

- Grupo 2: Os ímãs elementares são os campos magnéticos criados por cada átomo.

- Grupo 3: É o movimento dos elétrons no interior da matéria, onde produz campo

magnético semelhante a de um minúsculo ímã denominado de ímã elementar.

- Grupo 4: São os átomos, eles estão orientados, pelo movimento desses átomos se tem

a origem de um campo magnético.

- Grupo 5: Ímãs elementares são constituídos por átomos orientados.

Observa-se pelas respostas obtidas que os alunos tiveram uma boa compreensão do

assunto, conseguindo unir a prática (experimento) com a teoria (texto) e consequentemente

esses conceitos abordados servirão de ancoragem, segundo a teoria de Ausubel, para um

aprendizado do conceito de momento magnético. Destacando que as respostas dos grupos

foram compartilhadas e discutidas pela turma.

Na aula seguinte, o conceito de ímã elementar foi retomado e relacionado aos movi-

mentos do elétron em um átomo. Nesse momento foi apresentado o conceito de momento

magnético associado ao movimento de spin -órbita. Posteriormente foi aberto às contas e

se obteve a equação que dene o momento magnético orbital, a partir desta demonstração

matemática foi feito alguns questionamentos aos alunos, tais como: O momento magnético

depende de que grandezas físicas?; Se o momento angular de um átomo aumentar, o mo-

mento magnético aumenta ou diminui?; Qual o signicado do sinal negativo da equação?.

Em seguida foi apresentado o momento magnético associado ao spin dos elétrons, neste ponto

58
foi explicado que o spin do elétron é uma propriedade intrinsecamente quântica. Foi refor-

çado que a ideia do elétron como uma bolinha girando é apenas um análogo, pois o elétron

no formalismo quântico é visto como uma onda de probabilidades.

O momento magnético total também foi abordado como sendo a soma vetorial do

momento orbital mais o de spin e que este seria a forma mais fundamental de magnetismo,

ou seja, que cada átomo que apresenta momento magnético resultante se comporta como um

ímã fundamental, muitas vezes chamado de ímã elementar.

No desenvolver desta atividade procurou-se desenvolver uma metodologia participativa

onde o professor exerce o papel de mediador entre o conhecimento e os alunos, buscando uma

aprendizagem a partir do diálogo e compartilhamento de ideias, destacando-se o envolvimento

e a participação dos alunos durante as aulas de forma igualitária.

5.3.4 Atividade 4: A magnetização e o campo magnético

Como objetivo, esta atividade procurou conhecer e diferenciar os campos ~, B


H ~ e a

magnetização ~
M em um material e relacioná-los com a permeabilidade e a suscetibilidade

magnética. Esta aplicação foi realizada em uma hora-aula.

A aula iniciou com a apresentação da Figura 5.3 referente a um eletroímã presente

no material de apoio, que serviu de organizador prévio, através dela foi reforçado que a

diferença de potencial ou tensão (ddp) gera uma corrente elétrica e que associado a esta temos

um campo magnético ~,
H ou seja, um campo externo ao material, Também foi explicado

que este campo gera dentro do material um outro campo denominado de campo indução

magnética representado por ~


B e que temos outra grandeza física envolvida associada a soma

dos momentos magnéticos, a grandeza chamada de magnetização representada pelo vetor ~.


M
Foi enfatizado que quanto mais orientado estiverem os momentos magnéticos maior será a

magnetização do material. Foi estabelecida a relação entre os campos magnéticos através

da equação ~ = µH
B ~ onde µ é chamado de permeabilidade magnética e que esta é uma

propriedade do meio especíco onde ~


B é medido.

Em seguida foi trabalhado a relação entre o campo ~


H e a magnetização ~
M através da

equação ~ = χm H
M ~ onde foi destacado que o χm é a suscetibilidade magnética, que esta é

uma grandeza adimensional e indica a capacidade que um material ou partícula possui de se

magnetizar.

59
Figura 5.3: Campo magnético ~
H e indução magnética ~
B em um eletroímã.

Ao nal da aula, foi trabalhado a equação ~ = µ(H


B ~ +M~ ), que relaciona as grandezas
~ ), campo indução magnética
magnetização (M ~ ) e o campo magnético H
(B ~ , destacando que
~
B depende de ~
H e ~
M e que tanto H como M são diretamente proporcionais a B.

5.3.5 Atividade 5: Principais materiais magnéticos

Esta atividade teve a duração de nove horas-aulas. Tendo como objetivos conhecer e en-

tender sobre os principais materiais magnéticos, determinando suas principais características,

aplicações e exemplos.

Inicialmente, buscou-se relembrar aos alunos alguns conceitos trabalhados anterior-

mente, para isso foi apresentado, através de slide, a Figura 5.4 que representa o esquema de

uma barra sob a ação de um campo externo ~


H e a orientação dos momentos magnéticos em

seu interior, revisitando conceitos como campo magnético ~,


H campo indução ~,
B magneti-

zação ~,
M momento magnético associado aos movimentos dos elétrons e ao nal concluindo

que todo material por ser constituído de átomos possuem momentos magnéticos atômicos e

consequentemente podem ser considerados materiais magnéticos.

60
Figura 5.4: Orientação dos momentos magnéticos no interior de um material sob a ação de um

campo externo ~.
H

Essa aula se desenvolveu em parte através de questionamentos direcionados aos alunos,

questionamentos como: O que é um material magnético?; O que provoca o aparecimento

de um campo magnético em um material? e em parte através da associação de elementos

presentes na gura apresentada e seus respectivos conceitos. Quanto a participação dos

alunos, estes procuraram responder aos questionamentos participando efetivamente da aula.

Na aula seguinte foram exibidos um vídeo, disponível no endereço eletrônico: < https :
//www.youtube.com/watch?v = KmQ2cN KQaiQ >, do professor Dr. Kaled Dechoum, da

Universidade Federal Fluminense (UFF), cujo título é Materiais para, ferro e diamagnéti-

cos: visões macro e microscópica, com duração de aproximadamente 9 minutos. Este vídeo

aborda, de forma conceitual, as principais características dos materiais magnéticos diamagné-

ticos, paramagnéticos e ferromagnéticos. Posteriormente foi exibido através de slide, o mapa

conceitual referente aos pontos abordados no vídeo e trazendo a mais algumas características

dos materiais antiferromagnéticos não tratados no vídeo. A Figura 5.5 traz o mapa conceitual

exibido aos alunos.

61
Figura 5.5: Mapa conceitual sobre materiais magnéticos apresentado aos alunos.

62
Em sequência os alunos se dividiram em duplas e responderam, baseados no vídeo e no

mapa conceitual, os seguintes questionamentos:

1. Dena materiais magnéticos.

2. Quais são principais materiais magnéticos apresentados no mapa conceitual?

3. Se um material for aproximado a um ímã de neodímio (super-ímã) e este for repelido,

pode-se armar que este é um material .

4. Quais os materiais magnéticos que apresentam uma forte magnetização na presença

de um campo externo ~?
H
5. Quais os materiais magnéticos que apresentam uma fraca magnetização na presença

de um campo externo ~?
H
6. Qual material que não apresenta magnetização na presença de um campo externo

~?
H
Em seguida as duplas se uniram em grupos maiores de, no máximo, seis alunos e troca-

ram informações a respeito de suas respostas chegando a uma resposta em comum, as quais

compartilharam com a turma, tendo o professor como mediador. Quanto as respostas dos

alunos, estas foram satisfatórias, chamando a atenção as respostas relacionadas à primeira

questão, onde a maioria relacionou corretamente os materiais magnéticos aos momentos mag-

néticos e onde tivemos outras respostas interessantes, tais como: É formado por partículas

que podem gerar campo magnético. e são todos os materiais que possuem magnetização

podendo ela ser forte ou fraca.. Esse primeiro contato dos alunos com os materiais magnéti-

cos e a possibilidade destes interpretarem o mapa conceitual para extraíram as respostas, se

mostraram interessantes e válidas, possibilitando a criação de subsunçores necessários para

um aprofundamento sobre o tema.

Na aula subsequente foi trabalhado os materiais diamagnéticos de forma mais apro-

fundada. Inicialmente foi realizado o experimento Repelindo o grate, que consiste de um

grate de lapiseira ligado a um suporte por uma linha de costura na qual se aproxima um

ímã de neodímio, como pode ser observado no produto educacional. Sendo que os alunos

tiveram a oportunidade de interagir com o experimento.

63
Figura 5.6: Montagem do experimento Repelindo o grate".

Após a realização do experimento foi destacado que o grate era um material diamag-

nético e portanto era repelido fracamente pelo campo externo gerado pelo ímã de neodímio.

Sequencialmente foi projetado a Figura 5.7 do material educacional, que retrata a congu-

ração dos momentos magnéticos no interior de um material diamagnético quando atua um

campo magnético externo ~


H e na ausência deste.

Figura 5.7: Conguração dos momentos magnéticos em um material diamagnético com e sem a

presença de um campo magnético externo ~.


H

64
Foi destacado que na ausência de um campo magnético externo ~
H o momento magnético

resultante no interior de cada um dos átomos era nulo e consequentemente os materiais

diamagnéticos não apresentam momentos magnéticos resultantes. Sendo que ao aplicar um

campo magnético externo sobre um material diamagnético os seus átomos passam a ter

momentos magnéticos induzidos que se alinham em sentido contrário ao campo magnético

externo. Também foi abordado que os materiais diamagnéticos não possuem a contribuição

do spin do elétron para a sua magnetização, pois apresentam, nos subníveis de maior energia,

orbitais completos, ou seja, dois elétrons por orbital.

No slide seguinte foi projetada a tabela referente aos valores das suscetibilidades mag-

néticas dos materiais diamagnéticos, onde foi explorada a questão dos valores das susce-

tibilidades magnéticas, serem negativos e pequenos, da ordem de 10−5 , associando a uma

magnetização contraria ao campo externo e desta ser muito fraca.

A aula posterior inicia-se com a seguinte pergunta: será que os diamagnéticos possuem

alguma aplicação?. Através desse questionamento foi trabalhado a supercondutividade as-

sociada ao diamagnetismo. Para uma melhor compreensão deste fenômeno foi passado três

vídeos relacionados aos maglev (trens bala que utilizam a levitação eletromagnética). O

primeiro vídeo cujo título é Supercondutores Cerâmica e Eletromagnetismo, disponível no

endereço eletrônico < https : //www.youtube.com/watch?v = lepiBY cirOc&t = 910s >


com duração de aproximadamente 25 minutos, aborda conceitos físicos relacionados a levi-

tação magnética. O segundo vídeo disponibilizado pela TV Brasil, tem como título Público

pode viajar no trem que funciona por levitação magnética, na UFRJ, disponível no endereço

eletrônico < https : //www.youtube.com/watch?v = sS6sm ET eAI > com duração de apro-

ximadamente 3 minutos e que descreve algumas características do Maglev-Cobra desenvolvido

no Brasil. O ultimo vídeo cujo título é Trem bala MAGLEV em Shangai, disponível no

endereço eletrônico < https : //www.youtube.com/watch?v = 4T 5iuaD7Ibg > com duração

de 6 minutos, traz a sensação de uma viagem realizada no interior do maglev chinês.

Após os vídeos foi discutido sobre a importância da implantação de meglevs nos gran-

des centros urbanos, onde foi levantado à questão ambiental; a rapidez dos deslocamentos e

como uma solução para a questão dos engarrafamentos cada vez mais frequentes e maiores

nos grandes centros. Também foram abordados quais seriam as barreira para a implantação

desse projeto, onde foi levantado a questão do interesse político e que poderia ocorrer super-

faturamento e desvio de dinheiro. Ao nal foi discutida a importância do voto consciente

como ferramenta de mudança dessa realidade de corrupção em nosso país.

Esse dialogo foi importante, pois incorporou outras questões como a ambiental, a social

65
e a política, indo de encontro a pedagogia de Paulo Freire. Além disso, seguindo a teoria de

Ausubel, procurou-se utilizar vários recursos didáticos que serviram de organizadores prévios,

como os vídeos, o mapa conceitual, as guras, o experimento, recursos utilizados como ponte

cognitiva entre aquilo que o aluno já sabe e o que ele deveria saber para a possível ocorrência

da aprendizagem signicativa dos assuntos abordados.

Na aula seguinte, iniciou-se o estudo dos materiais paramagnéticos. Inicialmente foi

realizado o experimento atraindo o alumínio, descrito no produto educacional, onde foi

destacado que o alumínio era um material paramagnético, por isso apresentava uma magne-

tização fraca quando interagia com um campo magnético externo ~.


H

Figura 5.8: Montagem do experimento atraindo alumínio".

Posteriormente, foi apresentado a Figura 5.9, presente no produto educacional, a par-

tir desta, foi trabalhado a questão da não magnetização deste material na ausência de um

campo externo, onde foi destacado que os momentos magnéticos eram grandezas vetoriais e

que se anulavam quando tinham direções contrarias e foi relembrado que a magnetização é

uma grandeza dada pela soma vetorial dos momentos magnéticos, logo essa soma tendia a

zero. Também foi explicado que quando age um campo magnético externo sobre o material

paramagnético seus momentos magnéticos tendem a ser alinhar produzindo uma pequena

magnetização no sentido deste campo.

66
Figura 5.9: Conguração dos momentos magnéticos em um material paramagnético com e sem a

atuação de um campo magnético externo ~.


H

Em seguida foi apresentado uma tabela relacionando os materiais paramagnéticos e suas

respectivas suscetibilidades magnéticas, nesta foi destacado os pequenos valores positivos das

suscetibilidades, da ordem de 10−5 a 10−2 , que indicam uma pequena magnetização no sentido
do campo externo. Também foi colocado que os valores das suscetibilidades magnéticas

dependiam da temperatura, pois esta inuenciava na magnetização desses materiais.

Na aula subsequente iniciou-se o estudo dos materiais ferromagnéticos com a exibição

do mapa conceitual referente a Figura 5.10. Onde foi destacado que os materiais ferromag-

néticos, diferentemente dos materiais diamagnéticos e paramagnéticos que apresentam uma

fraca magnetização, apresentam uma forte magnetização quando na presença de um campo

magnético externo ~
H e que os principais materiais magnéticos eram o ferro, o cobalto e o

níquel.

67
Figura 5.10: Mapa conceitual destacando as características dos materiais ferromagnéticos.

No momento seguinte foi aproximada uma barra de ferro de um ímã de neodímio,

destacando que os materiais ferromagnéticos eram atraídos pelo material que origina o campo

externo. Posteriormente foi apresentado a Figura 5.11 presente no produto educacional.

Figura 5.11: Conguração dos momentos magnéticos distribuídos em domínios magnéticos em um

material ferromagnético com e sem a atuação de um campo magnético externo ~.


H

Através destas foi abordado o conceito de domínios magnéticos presente nos ferromag-

néticos e seu comportamento sem e sob a ação de um campo externo e que a interação entre

68
os momentos magnéticos dessas regiões eram responsáveis pela forte magnetização desses

materiais. Em seguida foi trabalhada a questão da suscetibilidade magnética nos ferromag-

néticos, onde foi explicado que estes materiais possuem suscetibilidades com valores altos,

porém que variavam de acordo com a intensidade do campo externo.

Posteriormente foi denido o Ponto Curie como a temperatura na qual o material

ferromagnético se torna paramagnético e em sequência foi apresentado o ciclo de histerese,

onde foi denido o conceito de histerese de um material ferromagnético e posteriormente foi

explicado os principais pontos na construção deste ciclo.

Quanto aos alunos, estes demonstraram diculdade para compreender a construção do

ciclo de histerese, sendo necessária a retomada de cada passo na construção deste ciclo até

que todas as dúvidas fossem sanadas.

No encontro seguinte foi exibido a Figura 5.12 sendo discutido sobre a disposição dos

momentos magnéticos nestes materiais e também sobre a temperatura de Néel.

Figura 5.12: Conguração dos momentos magnéticos distribuídos em um material antiferromagné-

tico.

Na aula subsequente foi trabalhado a classicação dos elementos da tabela periódica

em paramagnéticos e diamagnéticos, para isso foi realizado uma revisão sobre os números

quânticos e a distribuição eletrônica de átomos através do diagrama de Linus Pauling. Em

seguida, foram exibidas distribuições eletrônicas onde o diagrama de Linus Pauling falha e

foi apresentada aos alunos uma solução para a maioria dos casos, através do diagrama de

Rich-Suter. Nesse momento foram projetados estes diagramas e feita a distribuição eletrônica

do elemento químico Cromo (Cr), também foi distribuídos os elétrons em seus respectivos or-

bitais, destacando que no Cromo o subnível de maior energia ca incompleto, foi relembrado

aos alunos que os materiais paramagnéticos possuem orbitais incompletos em seu subnível

de maior energia, tendo, portanto contribuição do spin do elétron para sua magnetização,

logo o Cromo é um material paramagnético. Em seguida foi dado outro exemplo, no caso o

69
Cobre (Cu), novamente foi feita a distribuição eletrônica e em seguida a representação dos

elétrons em seus orbitais, desta vez foi observado que nos orbitais de maior energia todos esta-

vam completos, características dos materiais diamagnéticos e que dessa maneira era possível

classicar qualquer elemento da tabela periódica em paramagnéticos ou diamagnéticos, des-

tacando que os ferromagnéticos e os antiferromagnéticos se tornavam paramagnéticos acima

das temperaturas de Curie e de Neél respectivamente.

Na aula seguinte foi solicitado aos alunos que zessem mapas conceituais relacionados

aos materiais magnéticos e que estes deveriam ser entregues ao nal da aula.

5.4 Indícios de uma Aprendizagem Signicativa


5.4.1 Análise dos Mapas Conceituais

Buscou-se nesta análise indícios de uma aprendizagem signicativa dos conteúdos mi-

nistrados referentes aos principais materiais magnéticos, ou seja, vericar como estes estão

organizados na estrutura cognitiva dos alunos e a partir desta denir conceitos que devem ser

novamente revisitados e discutidos para uma melhor compreensão e aprendizagem. Observa-

se que neste dia não houve faltas e consequentemente todos os alunos criaram seus mapas

conceituais e que esta atividade foi realizada individualmente e sem consulta.

Os Mapas conceituais são dinâmicos, reetem o entendimento presente de quem o fez,

logo, faz-se necessário um momento para serem apresentados e discutidos. Dessas acepções,

podemos ressaltar que, ao construir e discutir um mapa conceitual, o aluno explicita relações

de subordinação, ordenação de determinado conceito, que certamente afetarão a aprendiza-

gem signicativa de conceitos.

O importante é que o mapa seja um instrumento capaz de evidenciar signica-

dos atribuídos a conceitos e relações entre conceitos no contexto de um corpo

de conhecimento de uma disciplina de uma matéria de ensino. Por exemplo, se

o individuo que faz um mapa, seja ele, digamos, professor ou aluno, une dois

conceitos, através de uma linha, ele deve ser capaz de explicar o signicado da

relação que vê entre esses conceitos. [22].

Baseado nisto além da confecção dos mapas conceituais se tornou necessário uma aula

para discutir sobre a construção destes mapas, até para uma troca de informações entre os

70
estudantes e consequentemente uma modicação e consolidação de conceitos presentes na

estrutura cognitiva desses alunos.

Quanto aos mapas, construídos pelos alunos, estes foram analisados, segundo Mendonça

[47], de acordo com o número de conceitos, hierarquização, pelas preposições e ligações cru-

zadas.

Iniciaremos a analise vericando a frequência das aparições dos principais conceitos,

relacionados aos materiais magnéticos, nos mapas conceituais, a Tabela 5.3 abaixo mostra

exatamente os conceitos citados pelos alunos, o número de ocorrências e sua respectiva por-

centagem.

Tabela 5.3: Conceitos citados, o numero de ocorrências e

sua respectiva porcentagem, nos mapas conceituais elabora-

dos pelos alunos.

Principais Conceitos Cita- No de ocorrências % das ocorrências


dos de um total de 22
mapas
Materiais diamagnéticos 22 100

Materiais paramagnéticos 22 100

Materiais ferromagnéticos 22 100

Materiais antiferromagnéticos 16 72,73

Campo indução magnética ~


B 3 13,64

Campo Magnético ~
H 13 59,09

Magnetização 13 59,09

Suscetibilidade magnética 5 22,73

Histerese Magnética 15 68,18

Momentos Magnéticos 18 81,82

Domínios Magnéticos 13 59,09

Temperatura Curie 15 68,18

Temperatura Néel 14 63,64

71
Nesta primeira analise ca claro que, de forma geral, conceitos como suscetibilidade e

permeabilidade magnética devem ser revisitados. Como ponto positivo destaca-se um bom

número de conceitos utilizados nos mapas, que indica que estes termos especícos fazem parte

do vocábulo da maioria dos alunos e consequentemente do seu cognitismo.

Na Tabela 5.4 temos a quantidade de armações corretas e incorretas de cada um dos

mapas conceituais, para isso cada mapa recebeu um número de 1 à 22.

Tabela 5.4: Quantidade de armações corretas e incorretas

presentes nos mapas conceituais elaborados pelos alunos.

Mapa Concei- No de arma- No de arma- Observações


tual ções válidas ções inválidas

1 14 0 Este mapa não apresentou

palavras de ligações entre os

conceitos.

2 9 2 Este mapa não apresentou

palavras de ligações entre

os conceitos, além de usar

algumas frases longas. As

armações inválidas estão

relacionada a temperatura

de Curie e a temperatura de

Néel.

3 12 2 As armações inválidas es-

tão relacionada a tempera-

tura de Curie e a de Néel.

4 15 0 - Apresenta falhas na hierar-

quização dos conceitos

5 15 0 -

6 13 0 -

7 11 0 -

72
8 6 0 Este mapa apresentou pou-

cos conceitos principais, po-

rém foi o que apresentou

maior número de exemplos

de aplicações dos materiais

magnéticos.

9 11 0 -

10 15 0 -

11 10 0 -

12 10 0 Apresentou frases longas

que poderiam ser abertas

em outras armações.

13 8 0 Este mapa não apresentou

palavras de ligação entre os

conceitos, além de usar fra-

ses longas que poderiam ser

abertas em outras arma-

ções.

14 16 0 Este mapa não apresentou

palavras de ligação entre os

conceitos, além de usar al-

gumas frases longas que po-

deriam ser abertas em ou-

tras armações.

15 15 0 Usou algumas frases longas

16 10 0 -

17 15 0 Usou algumas frases longas

18 4 0 Utilizou frases longas que

poderiam ser desmembra-

das em outras armações.

73
19 8 0 Utilizou frases longas que

poderiam ser desmembra-

das em outras armações.

20 19 0 -

21 10 0 Apresenta frases longas que

poderiam ser desmembra-

das em outras armações.

22 7 0 -

Verica-se que a maioria dos mapas apresentam ligações corretas indicando uma boa

compreensão da relação entres conceitos pela maioria dos alunos. observando que alguns

mapas apresentaram deciências, indicando que alguns assuntos devem ser revisitados como

as temperaturas Curie e de Néel. As guras a seguir são de alguns mapas confeccionados

pelos alunos.

Figura 5.13: Mapa conceitual número 20 confeccionado por um aluno.

O mapa conceitual apresentado pela Figura 5.13, traz como conceito principal os ma-

teriais magnéticos, trazendo uma estrutura hierárquica bem organizada, apresenta varias

ligações cruzadas, além de um considerável número de conceitos, apresentou as principais

características de cada material magnética citados de forma coesa.

74
Figura 5.14: Mapa conceitual número 2 confeccionado por um aluno.

Quanto ao mapa da Figura 5.14, traz como conceito principal os materiais magnéticos,

dene como principais materiais os ferromagnéticos, paramagnéticos e os diamagnéticos,

da enfase as propriedades dos ferromagnéticos. Apresenta uma ligação cruzada associando

os materiais magnéticos a presença de momentos magnéticos, apresenta falhas quanto a

estrutura de construção do mapa em si, pois, não apresentou conectivos entre os conceitos e

frases em algumas caixas.

Figura 5.15: Mapa conceitual número 8 confeccionado por um aluno.

75
O mapa conceitual apresentado pela Figura 5.15, parte do conceito de cargas elétricas,

trazendo uma boa hierarquização, apresenta um número pequeno de conceitos principais,

porém, apresentou um número considerável de aplicações dos materiais magnéticos e exemplos

dos ferromagnéticos.

Figura 5.16: Mapa conceitual número 14 confeccionado por um aluno.

Quanto ao mapa da Figura 5.16, traz como conceito principal os materiais magnéticos,

apresenta uma boa hierarquização e um bom número de conceitos, não utilizou conectivos

entre os conceitos e trouce frases em algumas caixas que poderiam ser abertas em novas

armações.

A Tabela 5.5 a seguir nos traz o número de ligações cruzadas presentes nos mapas

confeccionados, sendo estas muito importantes num mapa conceitual, pois de certa forma os

conceitos abordados em um determinado conteúdo estão interligados entre si, mesmo estando

em domínios diferentes.

Tabela 5.5: Número de ligações cruzadas presentes nos

mapas conceituais dos alunos.

76
Mapa Conceitual No de ligações cruzadas válidas
1 -

2 1

3 -

4 1

5 -

6 2

7 2

8 -

9 -

10 -

11 -

12 -

13 1

14 1

15 2

16 2

17 2

18 -

19 -

20 3

21 -

22 1

Metade dos mapas confeccionados apresentaram ligações cruzadas válidas, indicando

que estes conseguiram interligar conceitos de grupos de diferentes assuntos, demonstrando

indícios da consolidação do signicado desses conceitos no cognitismo dos alunos.

De forma geral foi possível perceber a exposição das ideias dos alunos de forma organi-

zada, como também vericar que eles conseguiram fazer as interconexões entre os conceitos

nos mapas, a quantidade e a qualidade dos conceitos, as relações e ramicações entre os

mesmos, indicam um desenvolvimento na estrutura cognitiva dos alunos, indicativos de um

77
aprendizagem signicativa.

78
Capítulo 6

Considerações Finais

Este trabalho procurou suprir uma inconsistência encontrada nos livros didáticos, do

ensino médio, referente à origem atômica do eletromagnetismo nos materiais, além disso, traz

uma proposta de aplicação baseada em duas correntes pedagógicas, a abordagem progressista

de Freire e a aprendizagem signicativa de Ausubel. Procurando conciliar a parte crítica com

a construtivista. Para isso buscou-se o processo ensino-aprendizagem mais centrado no aluno

e tendo o professor como mediador.

Procurou-se usar diversos recursos pedagógicos utilizados no ensino de Física e organi-

zadores prévios. Dentre estes destacaram-se os vídeos; a utilização de experimentos; guras;

textos; atividades em grupo e os mapas conceituais.

Quanto à aplicação do produto, vericou-se através de um teste os conhecimentos pré-

vios dos alunos e através deste foi possível perceber que os conhecimentos sobre os princi-

pais materiais magnéticos estavam associados principalmente às características dos materiais

ferromagnéticos, devido estes manifestarem suas propriedades magnéticas de forma mais

aparente e consequentemente mais presente no cotidiano dos alunos. Este fato possibilitou

com que as propriedades destes materiais servissem de base para o aprendizado dos demais

materiais magnéticos abordados neste trabalho.

Foi trabalhado a interdisciplinaridade principalmente com a Química, através da clas-

sicação dos elementos da tabela periódica em diamagnéticos e paramagnéticos, para isso

foi trabalhado junto aos alunos, os números quânticos, o diagrama de Linus Pauling e foram

apresentados aos alunos os diagramas de Rich-Suter.

Outro ponto importante foi à utilização dos mapas conceituais. Em um primeiro mo-

mento os alunos foram instruídos sobre a utilização e construção de um mapa conceitual e

participaram da construção de um mapa coletivo. No decorrer da aplicação do produto, os

79
mapas conceituais zeram parte de atividades desenvolvidas e ao nal serviram de analise

para vericar indícios de uma aprendizagem signicativa por parte dos alunos. Quanto aos

pontos positivos podemos destacar as várias opções de utilização dos mapas conceituais, sua

capacidade de vericar a associação de conceitos presentes no cognitismo dos alunos e por ser

uma fantástica ferramenta de aprendizado. Fatores negativos relacionados aos mapas nesta

aplicação, a impossibilidade de dedicar mais tempo a construção de mapas conceituais, fato

que provavelmente dicultou uma melhor estruturação dos mapas conceituais que serviram

de analise nal e a falta de tempo para uma nova elaboração dos mapas conceituais nais,

que poderiam ter cado com mais signicado ao incorporar novos conceitos além de servir

como ferramenta de aprendizagem.

Quanto a analise dos mapas conceituais nais, apesar de alguns apresentarem deciên-

cias quanto à estrutura, como frases grandes demais, ou falta de conectivos entre os conceitos,

de forma geral seus resultados foram satisfatórios, dando indícios de uma aprendizagem sig-

nicativa, pois praticamente todos os mapas apresentaram uma boa hierarquia, um número

considerado de conceitos e armações validas, além da metade terem apresentado ligações

cruzadas.

Devido aos resultados obtidos, podemos armar que o produto educacional se mos-

trou potencialmente signicativo e a sequência didática relativamente efetiva nos moldes

defendidos por Freire e Ausubel. Em outras palavras, o produto possibilitou processos de

ensino-aprendizagem mais centrados no aluno, o que suscitou de modo mais perceptível seu

interesse, sua participação ativa, sua compreensão mais ampla e precisa dos fenômenos natu-

rais e a apropriação menos dicultosa de concepções cientícas. Destacando que a sequência

utilizada nesta dissertação é apenas um modelo, cabendo ao professor adequá-la a sua reali-

dade.

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83
[41] CARVALHO, F. Química Geral. IFES, Santa Teresa, 2010.

[42] FLORENCIO, O Diagrama de Pauling sempre é válido?


A. Conheça o
Digrama de Rich-Suter. Universidade da Química, 2015. Disponível em:
<http://universidadedaquimica.com.br/artigos/diagrama-pauling-rich-suter/> Acesso

em: 17 fev. 2017.

[43] OROFINO, H., MACHADO, S. P., FARIA, R. B. The Use of Rich and Suter Diagrams
to Explain the Electron Congurations of Transition Elements. Química Nova, N◦ 6,
maio 2013, p. 894-896.

[44] BARROS, A.E.A., BARRETO, P.G. Eletromagnetismo: uma viagem do macro ao mi-
cro. São Paulo: Livraria da Física, 1a. Ed., 2017.

[45] GRIFFITHS, D. J. Introduction to Electrodynamics. Prentice Hall, Englewood Clis,

3a. Ed., 1999.

[46] AUSUBEL, D.P.; NOVAK, J.D.; HANESIAN, H. Psicologia educacional. Rio de Janeiro:
Interamericana, 1980.

[47] MENDONÇA, C. A. S. O uso do mapa conceitual progressivo como recurso facilitador


da aprendizagem signicativa em Ciências Naturais e Biologia. 2012. 349 f. Tese
(Programa internacional de doctorado Enseñanza de las ciencias) - Departamento de

Didácticas Especícas, Universidad de Burgos, Burgos, 2012.

84
Apêndice A

Teste de vericação dos conhecimentos


prévios dos alunos

85
Professor: Antonio Eduardo Alexandria de Barros

Aluno:

Data: Turma:

Disciplina: Física

Obs.:
- Este teste visa vericar quais conhecimentos prévios que você possui sobre materiais mag-

néticos.

- NÃO há respostas corretas. O importante é que sua resposta reita sua opinião verdadeira

em cada questão.

- O resultado desta avaliação NÃO será somado em sua nota bimestral.

Teste de vericação de conhecimentos prévios sobre materiais magnéticos.

1. O que você entende por materiais magnéticos?

2. Você poderia citar exemplos de materiais magnéticos?

3. Onde você pode encontrar materiais magnéticos no seu dia-a-dia?

4. Você conhece alguma aplicação tecnológica que utiliza materiais magnéticos? Caso co-

nheça, cite-as.

5. A principal fonte de produção de energia no Brasil são as hidrelétricas. Você saberia dizer

qual a importância dos materiais magnéticos para a produção de energia nas hidrelétricas?

86
6. Você sabe o que gera as propriedades magnéticas em um ímã? Em caso armativo expli-

que.

7. Os desenhos abaixo representam as congurações atômicas dos materiais diamagnéticos,

paramagnéticos, ferromagnéticos e antiferromagnéticos sob a ação de um campo magnético

~,
H associe a conguração com o respectivo material magnético.

~ ) e o campo magnético (H
8. Qual a diferença entre o campo de indução magnética (B ~ )?

9. Já ouviu falar sobre a temperatura Curie? Em caso armativo comente.

87
10. Já ouviu falar sobre a temperatura Néel? Em caso armativo comente.

11. Você sabe o que é Histerese magnética? Em caso armativo comente.

88
Apêndice B

Produto Educacional

89

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