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APOSTILA DE METALOGRAFIA – PARTE 1

Introdução

Em diversas situações, é necessário controlar a qualidade de um material. Imagine, por exemplo,


que um novo tipo de aço será utilizado para a confecção de um amortecedor para um carro popular,
como um projetista pode garantir que este aço atenderá aos requisitos necessários e não se romperá
durante sua vida útil?

Figura 1: Ilustração de suspensão automotiva. (Fonte:


http://www.charanga.com.br/index.php/services/suspensao)

Como selecionar um material para a estrutura de um avião e garantir que o mesmo não entre em
colapso durante um voo?
Como determinar o material a ser utilizado nas colunas de um edifício de 20 andares e garantir que
ele suporte todo o peso da construção?

Qual material utilizar para construir um filtro de óleo?

Todos as situações acima requerem que seja feito um processo chamado de caracterização através
de ensaios que podem ser divididos em três tipos básicos:

- Ensaios físicos e mecânicos


- Análise química
- Exame metalográfico

Os ensaios físicos e mecânicos são responsáveis por determinar valores numéricos que caracterizam
as propriedades físicas e mecânicas do material.

A análise química determina quais são os elementos e em que proporção estão presentes no
material em análise.

O exame metalográfico enfoca o metal ou liga metálica do ponto de vista de sua estrutura
procurando relacioná-la às propriedades físicas à composição, ao processo de fabricação etc., de
modo a poder prever-se o seu comportamento num determinado emprego.

METALOGRAFIA

A metalografia é o ramo da metalurgia que preocupa-se com a caracterização estrutural dos metais e
dos materiais em geral.
Aplica-se para previsão das propriedades dos materiais, controle de qualidade de produtos,
desenvolvimento de novos materiais e aplicações, além de análise de falhas.
O desenvolvimento de técnicas de caracterização estrutural, principalmente no século XX, permitiu
ampliar o conhecimento das relações estrutura propriedades e o desenvolvimento de modelos cada
vez complexos.
Portanto, metalografia é um ramo essencial cujo desenvolvimento resulta em maior conhecimento,
que pode ser aplicado para desenvolver materiais.
Um breve histórico:
- Século XV: Ataque químico. O ataque químico já era usado pelo menos há quatro séculos antes
de Sorby, porém apenas para revelar a macroestrutura de espadas de damasco e de meteoritos.
- 1808, Widmanstatten e Schreibers: Atacaram meteoritos para mostrar padrões cristalinos. Padrões
semelhantes em aços são chamados de ferrita de Widmanstatten.

Figura 2: Ferrita Widmanstatten


- 28 de Julho de 1863, Henry Clifton Sorby. Geólogo, Petrógrafo e mineralogista, foi a primeira
pessoa a examinar amostra de metal polido e atacado no microscópio.

Figura 4: A primeira macrografia de


microestrutura de aço obtida por Sorby. Aço
pudlado atacado com ácido nítrico diluído. 9X

Figura 3: Henry Clifton Sorby


Figura 5: Esquema do microscópio óptico de Sorby. Capacidade
máxima de 400X.
- Atualmente: há microscópios eletrônicos com capacidade de aumentos maiores que 1 milhão de
vezes. Porém, em metalografia, sempre deve-se analisar a amostra sob microscópio óptico
(geralmente entre 50 e 1000X) antes de lançar mão de equipamentos mais complexos.

Tipos de Metalografia

Como vimos, a metalografia enfoca o metal ou liga do ponto de vista de sua estrutura e textura. Para
isso esse exame é desenvolvido em secções do material, polidas e normalmente atacadas com um
reativo químico apropriado.

A metalografia é subdividida em dois campos:

a) Macrografia
Faz-se o exame metalográfico à vista desarmada (olho nu) ou utilizando-se em aumento de até dez
vezes (10X) lançando-se mão de uma lupa, este exame é dito MACROGRÁFICO. Tem-se, assim, a
MACROGRAFIA.
Esses são feitos em uma secção do material devidamente plana e polida e, em regra, atacada por um
reativo químico apropriado.
Por meio do exame macrográfico obtém-se informações sobre a homogeneidade do material da
peça, determinação da natureza e da qualidade de certas impurezas os processos de fabricação da
peça, etc.

b) Micrografia

Através do exame micrográfico pode-se observar o tamanho do grão do material, a distribuição e


forma dos constituintes da estrutura do material, tipos de constituintes, presença de precipitados nos
contornos de grão, muitas vezes responsáveis pelo endurecimento do material, entre outras
informações úteis..
Em resumo, podemos dizer que o exame metalográfico fornece dados sobre como o material ou a
peça foram obtidos e também sobre sua homogeneidade.

A tabela acima relaciona qual a técnica de caracterização a ser utilizada de acordo com a escala
desejada para observação. Note que a macrografia atende a escala de 1 a 1000mm, visível a olho nu,
enquanto para escalas menores, são utilizadas técnicas de microscopia.
O metalógrafo

Metalógrafo é o profissional que possui as seguintes habilidades/conhecimento:


- Preparar amostras de metais/materiais para análise metalográfica;
- Analisar e interpretar microestruturas;
- Emitir relatórios técnicos;
- Ajudar na tomada de decisões no processo produtivo ou controle de qualidade a partir de
conhecimento das propriedades estruturais

Figura 6: Micrografia de região de fratura de peça soldada.


Detalhe da trinca na Zona Termicamente afetada. Ataque
Nital 3%, 5X.

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