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Sintufrj Mulher

Ano XXVI - Encarte Especial da Edição Nº 1236 - De 19 a 25 de março


A SERVIÇO DA CATEGORIA
www.sintufrj.org.br

“Não sou livre enquanto outra


mulher for prisioneira, mesmo que
as correntes dela sejam diferentes
das minhas.”

Com esta frase, de autoria da escritora


americana negra, feminista e homossexual
Audre Lorde, Marielle Franco encerrou sua
participação no debate Jovens Negras Movendo
as Estruturas, na noite de quarta-feira, 14
de março, na Lapa. Minutos depois, Marielle
era executada com vários tiros, a maioria
apontados para sua cabeça. Na ação dos Uma semana dedicada
bandidos, foi morto também o motorista da
Câmara de Vereadores do Rio que a atendia, às mulheres da UFRJ
Anderson Pedro Gomes.
Aos 38 anos, filha do Complexo da Maré,
Marielle é exemplo de mulher guerreira,
"Mulher e Trabalho" é
destemida, libertária, ousada, que sabia se o tema da Semana da
autoidentificar – “mulher negra, bissexual, Mulher Sintufrj, que será
agora estou casada com uma mulher, mas
tenho uma filha” – e, o principal, lutava
realizada nos dias 21, 22,
ferozmente para fazer valer os direitos e a 26, 27 e 28 de março. Veja
dignidade das populações pobres da periferia. a programação completa
na página 8
2 – Ano XXVI – Encarte Especial da Edição No 1236 – De 19 a 25 de março de 2018 – www.sintufrj.org.br – sintufrj@sintufrj.org.br

MERCADO DE TRABALHO

O cotidiano de dificuldades das mulheres


As mulheres brasileiras estudam mais, ganham menos e passam mais tempo ocupadas com
tarefas domésticas do que os homens, revela estudos do IBGE, com base na Pnad Contínua

E
Foto: Divulgação
ssas são algumas das conclu- jornadas mais flexíveis, com carga
sões do estudo divulgado pelo horária reduzida. A proporção
IBGE “Estatísticas de gênero: das que trabalham em período
indicadores sociais das mulheres no parcial, de até 30 horas semanais,
Brasil”, que analisou as condições é de 28,2%, enquanto no caso dos
de vida das brasileiras a partir de um homens o percentual é de 14,1%.
conjunto de indicadores proposto Nas regiões Norte e Nordeste, a pro-
pelas Nações Unidas. porção de mulheres com jornada
Em 2016, 21,5% das mulheres flexível é de cerca de 37%.
de 25 a 44 anos de idade concluíram Considerando-se o rendimento
o ensino superior contra 15,6% dos médio por hora trabalhada, ainda
homens na mesma faixa etária, assim as mulheres recebem menos
mas o rendimento delas equivalia do que os homens (86,7%), o
a cerca de ¾ da renda masculina. que pode estar relacionado com
Enquanto a média de rendimento à segregação ocupacional a que
dos homens foi de R$ 2.306, a das as mulheres estão submetidas no
mulheres foi de R$ 1.764. Ou seja, mercado de trabalho.
em média, as mulheres recebem E quanto maior a escolaridade,
76,5% do montante recebido pelos maior a desigualdade. O diferen-
homens. Elas estudam, trabalham cial de rendimentos é maior na
fora, e ainda passam cerca de 73% categoria ensino superior completo
a mais do tempo cuidando da casa ou mais, na qual o rendimento das ALÉM da dupla jornada, a maioria das mulheres enfrenta os transportes públicos lotados
e dos filhos do que os homens. mulheres equivalia a 63,4% do que
Os dados do IBGE, baseados na os homens recebiam, em 2016. iniciativa privada, enquanto os
Pnad Contínua, mostram, ainda, As mulheres também levam homens ocupavam 62,2%. 40% dos lares são chefiados por mulheres
que, no Nordeste, a desigualdade a pior quando se compara o per- A participação das mulheres As estatísticas oficiais de ocupam essa posição cresceu
no tempo gasto pelas mulheres em centual de ocupação de cargos em cargos gerenciais era mais alta 2015 revelam que 40,9% das de 18,1% em 1991 para 24,9%
tarefas domésticas é 80% maior do públicos em 2016 levando-se entre as gerações mais jovens, va- mulheres brasileiras trabalha- em 2000, atingindo 40% no
que o dos homens, chegando a 19 em consideração a questão de riando de 43,4% entre as mulheres vam, sobretudo, fora de casa. ano de 2015, de acordo com
horas semanais. gênero. com 16 a 29 anos até 31,3% entre Os dados sobre mulheres chefes pesquisa realizada pelo Insti-
Para conciliar o trabalho Em 2016, elas ocupavam ape- as mulheres com 60 anos ou mais de família são surpreendentes. tuto Brasileiro de Geografia e
remunerado com afazeres do- nas 37,8% dos cargos gerenciais, de idade. O percentual de mulheres que Estatística (IBGE).
mésticos, as mulheres procuram tanto no poder público quanto na Fonte: Site da CUT

Mulheres são minoria no Congresso Nacional


Brasil ocupa a 152º posição entre 190 países neste quesito

O
Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Brasil é o último país da para bancar as campanhas eleitorais
América do Sul em presença são dois dos principais entraves para
feminina na Câmara dos aumentar a representatividade das
Deputados. Elas ocupam apenas 54 mulheres no Legislativo.
(10,5%) das 513 cadeiras da Casa. O O estudo do IBGE faz um raio-x
percentual relega o país à 152ª posi- que mostra o quanto o Brasil ainda
ção, entre 190 nações pesquisadas, no fecha portas para as mulheres, a
ranking mundial da participação das começar pela disparidade salarial
mulheres na política. Os dados foram e presença em cargos de comando.
divulgados na pesquisa “Estatísticas As mulheres ganham em média
de gênero – Indicadores sociais das três quartos do salário dos homens.
mulheres no Brasil”, divulgada pelo De acordo com a pesquisa, mesmo
Instituto Brasileiro de Geografia e com escolaridade superior à dos
Estatística (IBGE). homens, o rendimento médio
BANCADA feminina em 2015 tentou aprovar percentual de vagas para as mulheres no
A conclusão é baseada em com- mensal entre as mulheres é de R$
Legislativo. Foram 293 votos a favor da medida, mas o mínimo necessário era 308
pilação feita pela União Interpar- 1.764. Entre eles, essa média sobe
lamentar. No mundo, as mulheres ministérios em dezembro de 2017, a presença feminina. As mulheres Tocantins e Amapá têm três mulheres para R$ 2.306.
ocupam, em média, 23,6% dos apenas duas eram mulheres. Esse ocupam apenas 7 (10%) das 70 ca- (37,5%) entre seus oito representan- O índice de profissionais do
assentos nas câmaras baixas ou número diminuiu recentemente deiras ocupadas por parlamentares tes na Câmara. No Senado, o índice sexo feminino que ocupam cargos
parlamentos unicamerais. com a saída de Luislinda Valois de São Paulo. de presença feminina é um pouco gerenciais é de 37,8%. Sobrecarre-
O ranking é liderado por Ruanda da Secretaria Especial dos Direitos Em Minas Gerais, há 5 deputadas melhor, 16%. gadas pelos serviços domésticos, as
(61,3%) e traz países como Cuba Humanos. (9,4%) entre os 53 integrantes da Embora o país tenha cota de 30% mulheres que trabalham fora de casa
(48,9%), Suécia (43,6%) e Argentina Na Câmara, três estados não têm bancada. No Rio de Janeiro, são das candidaturas para mulheres, a dedicam a essas tarefas cerca de 73%
(38,1%) bem à frente do Brasil. O nenhuma deputada federal: Mato 6 (13%) entre os 46 fluminenses. concentração das máquinas partidá- a mais de horas do que os homens.
IBGE também destaca que, entre as Grosso, Paraíba e Sergipe. Entre Vêm do Norte as duas representações rias nas mãos de homens e a dificul- Fontes: Bancários do
28 autoridades que comandavam as três maiores bancadas, é tímida com maior proporção de deputadas: dade no acesso a recursos financeiros Distrito Federal/IBGE
JORNAL DO SINDICATO Coordenação de Comunicação Sindical: Kátia da Conceição (in memoriam), Luiz Otávio Silva, Marisa Araujo e Paulo César Marinho / Conselho Editorial: Coordenação
DOS TRABALHADORES Geral e Coordenação de Comunicação / Edição: L. C. Maranhão / Reportagem: Amag, Eac e Regina Rocha / Projeto Gráfico: Luís Fernando Couto / Diagramação:
EM EDUCAÇÃO DA UFRJ Luís Fernando Couto, J. Freitas e Edilson Soares / Fotografia: Renan Silva / Revisão: Roberto Azul / Tiragem: 9500 exemplares / As matérias não assinadas deste
Cidade Universitária - Ilha do Fundão - Rio de Janeiro - RJ jornal são de res­ponsabilidade da Coordenação de Comunicação Sindical / Correspondência: aos cuidados da Coordenação de Comunicação.
Cx Postal 68030 - Cep 21941-598 - CNPJ:42126300/0001-61 Tel.: (21) 3194-7100 Impressão: 3graf (21) 3860-0100.
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MERCADO DE TRABALHO

Desigualdades e injustiças
persistem na sociedade machista
A realidade não muda para as mulheres economicamente ativas, no Brasil.
Mesmo elas tendo maior grau de escolaridade que os homens, já faz tempo

O mercado de trabalho para


as mulheres no Brasil con-
tinua sendo um problema.
Mesmo representando 52,3% da
população em idade ativa, as mu-
mulheres (65% daqueles nesta
ocupação no terceiro semestre de
2014 eram mulheres).
Também a participação da
ocupação de empregador é menor
médio feminino e o masculino.
As diferenças salariais
– Entre os ocupados com ensino
superior completo, o rendimen-
to médio feminino equivale a
estruturados, nos quais há grande
dispersão de rendimentos.
“Assim, a estrutura do mercado
de trabalho retratada pelo terceiro
trimestre de 2014 indica uma
Aumento da
participação feminina
Pela análise da economista, os
dados do terceiro trimestre de 2016
indicam um aumento da taxa
lheres representam apenas 43,3% entre as mulheres do que entre os apenas 58,1% do rendimento inserção no mercado de trabalho de participação feminina, o que
da população economicamente homens. Esta é a ocupação com médio masculino. Isso reflete, bastante diferenciada entre os não ocorre com a masculina. “As
ativa. Este maior número de ina- maior remuneração entre os não de certa forma, destaca Rolim, sexos. Com a recessão da econo- mulheres entraram no mercado
tivas está relacionado a donas de assalariados (o rendimento médio no fato de aqueles com maior mia em 2015 e 2016, há algumas de trabalho possivelmente para
casa, mulheres grávidas ou mães dos empregadores é 346,2% daque- instrução exercerem atividades modificações nessa estrutura”, compensar a queda do rendimento
solteiras que optam por não estar le dos trabalhadores por conta-pró- mais complexas em setores mais ressalva a estudiosa. familiar”, avalia.
no mercado de trabalho. pria). No caso dos assalariados,
Quem analisa a questão para a nas ocupações de empregador e de
revista CartaCapital é a economis-
ta Lilian Nogueira Rolim, mestra
conta própria, o rendimento médio
do homem é maior do que o da Recessão atinge a todos e reduz salários
em economia pela Unicamp e mulher (respectivamente, 33,5%
Universidade de Paris XIII e douto- e 36,9% maior). Mas a recessão resultou em cipação das mulheres e comprime possibilidades e formas de entra-
randa em economia na Unicamp. menores taxas de ocupação e as diferenças de renda, mas isto se da nesse mercado, passam pelas
Ela utiliza como base para suas Influência na maiores taxas de desemprego para dá em uma estrutura em regressão ocupações exercidas e culminam
análises a Pesquisa Nacional por desigualdade de renda ambos os sexos. “Além de levar e não indica uma melhora efetiva nos rendimentos médios.
Amostra de Domicílios (Pnda) Segundo Rolim, a diferen- a uma redução da dispersão dos do mercado de trabalho para as “Isso coloca o mercado de
para o terceiro trimestre de 2014. ça na inserção de homens e rendimentos na economia, que se mulheres”, explica a economista. trabalho como um campo de
De acordo com a economista, mulheres nas ocupações não manifesta também na diferença luta das mulheres e, portanto,
a menor taxa de participação, assalariadas tem importantes entre os sexos: o rendimento Conclusão objeto das demandas colocadas
somada à maior taxa de desem- implicações para a desigualdade médio mensal feminino passa a Ela conclui a análise afir- no 8 de Março e ao longo do ano,
prego feminino, leva a uma taxa de renda entre os sexos, já que a representar 77,6% do masculino”, mando que as diferenças entre com o intuito de maior igualdade
de ocupação menor das mulheres. categoria de não assalariados é a destaca Rolim. mulheres e homens no mercado entre os sexos e liberdade para
Entretanto, entre os ocupados, a de maior dispersão e assimetria, “Portanto, a recessão econô- de trabalho se materializam em as mulheres”, aponta Lilian
taxa de assalariamento (aqueles apresentando rendimento médio mica demanda uma maior parti- diversos níveis: começam pelas Nogueira Rolim.
cuja remuneração é na forma de superior ao dos assalariados. Há, Fotos: Internet
salários) das mulheres é maior do portanto, uma grande diferença
que a dos homens. na inserção de homens e mu-
A situação dos assalariados lheres no mercado de trabalho,
indica uma inserção mais com- sendo uma de suas formas de
plicada das mulheres. A taxa expressão a desigualdade de
de formalização (com carteira rendimentos médios. Assim, a
assinada) é mais baixa para as média do rendimento mensal
mulheres (71,1%) do que para feminino representou 73,9% da
os homens (76,8%), indicando média masculina no terceiro
uma inserção mais precária das semestre de 2014.
mulheres assalariadas. Além disso,
as mulheres estão mais inseridas Menor salário,
nas ocupações que apresentam mesmo mais instruídas
remuneração menor, como tra- Isto reflete tanto a menor
balho doméstico, especialmente inserção das mulheres nas ocupa-
o sem carteira. ções de maior rendimento médio
E os rendimentos médios são quanto o menor rendimento
menores para as mulheres do médio das mulheres em cada
que para os homens em todas as ocupação. Essa diferença, diz a
ocupações, sendo mais próximos economista, se dá apesar do maior
no trabalho doméstico com car- nível de instrução das mulheres
teira (média feminina equivale a ocupadas. A porcentagem de
87,8% da média masculina) e mais mulheres com instrução a partir
distantes no setor público com do ensino médio completo ou
carteira (média feminina equivale equivalente é maior do que a dos
a 67,4% da média masculina). homens (60,5% e 46%, respecti-
Também entre os não assala- vamente).
riados, a situação das mulheres Na prática, a diferença de
é relativamente pior que a dos instrução não se materializa em
homens. Uma parcela maior das maior participação das mulheres
mulheres do que dos homens nas ocupações com maior rendi-
ocupa-se com o trabalho familiar mento. Além disso, à medida que
auxiliar, que é não remunerado e, cresce o nível de instrução, cresce
historicamente, executado pelas a diferença entre o rendimento
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ESTATÍSTICAS Leis em vigor

Mulheres negras são as


Maria da Penha – Certamente você conhece a Lei 11.340, sancio-
nada em agosto de 2006 pelo presidente Lula, portanto há mais de 11
anos: a Lei Maria da Penha, considerada pela Organização das Nações
Unidas (ONU) como uma das melhores legislações no enfrentamento

maiores vítimas de violência


da violência.
Um marco e um avanço: o reconhecimento de que há questões es-
pecíficas no caso da violência doméstica contra a mulher e da absurda
realidade de que mulheres morrem em casa assassinadas geralmente
por pessoas com quem estabeleceram vínculos afetivos.
Segundo o Atlas da Violência 2017, Estudo da FGV com base A lei foi criada a partir do reconhecimento da luta de Maria da
estudo elaborado pelo Instituto de Pes-
quisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo
no Disque-Denúncia Penha Maia Fernandes, casada, que sofreu violência por 23 anos e
duas tentativas de assassinato em 1983 de seu marido, e cujo processo
permaneceu aberto por alguns anos. O caso foi denunciado na Comissão
Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Com base nas denúncias ao Disque-Denúncia Interamericana de Direitos Humanos da OEA, o que obrigou o Brasil a
divulgado em junho do ano passado, realizadas no Estado do Rio de Janeiro, a área de criar dispositivo legal para prevenção e punição da violência doméstica.
Segurança e Cidadania da Diretoria de Análise de A lei altera o Código Penal e promove medidas protetivas de urgência
no que toca aos números da violência Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas à vítima e ações contra o agressor, como supressão do porte de arma,
contra a mulher, a taxa de homicídio (FGV) realizou estudo sobre a violência contra afastamento do domicílio, proibição de aproximação.
caiu entre mulheres brancas, mas subiu mulher. Feminicídio – Outra lei, a de número 13.104, sancionada por
Entre 2006 e 2017, houve mais de 28 mil de- Dilma Rousseff em março de 2015, criou o tipo penal do feminicídio,
entre mulheres negras. núncias no Estado do Rio de Janeiro. Neste período, crime de assassinato intencional de uma mulher justamente pelo fato
Entre 2005 e 2015 houve, no Brasil, destacaram-se as denúncias classificadas especifi- de ser mulher. Um crime de ódio contra mulheres, justificado por uma
aumento de 7,5% da taxa de homicídio camente como violência contra mulher (9.906), história de dominação.
seguidas pelas denúncias de ameaça (7.322), A lei aumenta a pena por homicídio de 6 a 20 anos para 12 a 30
de mulheres (saltou de 3.887 em 2005 estupro (4.953) e tentativa de homicídio (1.869). anos. Nela, também são relacionados mecanismos de proteção previstos
para 4.621 em 2015, ou seja, uma taxa O município do Rio de Janeiro se destaca em normas de programas de Estado.
de 4,4 mortes para cada 100 mil mulhe- com 4.970 denúncias, 50,2% do total. Os demais
municípios com maior quantitativo de denúncias
res). No mesmo período em que houve
retração de 7,4% da taxa de homicídio
são, respectivamente: Nova Iguaçu (829), Duque
de Caxias (721), São Gonçalo (627), Belford Roxo
Se a lei fosse cumprida,
de mulheres não negras (3,1 casos para (407), São João de Meriti (384) e Niterói (277). feminicídios seriam evitados
Violência contra a mulher é uma categoria
cada 100 mil mulheres), houve o cres- conceitual definida pela ONU como qualquer ato de Hoje, o desafio é transpor os limites da legislação e avançar em
cimento de 22% do número de mortes violência baseado no gênero que resulte em danos políticas públicas que de fato assegurem seus reflexos na proteção das
de mulheres negras (chegando a 5,2 físicos, sexuais, psicológicos ou qualquer tipo de mulheres, e impedir o desmanche da rede de proteção em particular
sofrimento nas mulheres. “Assim, estão ligadas a com as políticas do governo golpista de restringir investimentos públicos.
casos para cada 100 mil mulheres). Em essa categoria de crimes, além de violências físicas É senso comum entre os estudiosos do tema que é preciso trabalhar
2015, 65,3% das mulheres assassinadas e de cunho sexual, condutas que visem ameaças, pela prevenção e ampliação da rede de atendimento à mulher que sofreu
eram negras. constrangimento, humilhação, manipulação, violência e superar a subnotificação.
isolamento, perseguição, chantagem, entre outras A sociedade está longe de sanar esta ferida, porque o Estado está longe
O Brasil registrou ao menos oito casos que afetem o direito de ir e vir das mulheres”, de cumprir norma/programas de proteção que poderiam dar efetividade
de feminicídio por dia entre março de ressalta o estudo. às leis e direitos.
2016 e março de 2017, segundo dados
dos Ministérios Públicos estaduais. No to-
tal, foram 2.925 casos no país, aumento
de 8,8% em relação ao ano anterior.
E, ainda, segundo levantamento do
Fórum Brasileiro de Segurança Pú-
blica, divulgado em outubro de 2017,
o Brasil registrou uma média de 135
estupros por dia, somando 49.497 casos
em 2016.

No Brasil, violência contra


a mulher cresceu 24%
nos últimos 10 anos
Estatísticas de 2015 da ONU mostram
que 14 dos 25 países que apresentam as
maiores taxas de assassinatos de mulhe-
res por feminicídio se situam na América
Latina e no Caribe, onde uma em cada
três mulheres foi, ao menos uma vez em
sua vida, vítima de violência sexual.
Estudos da Anistia Internacional,
publicados em 2017, indicam que as
taxas de violência contra a mulher, no
Brasil, apenas nos últimos dez anos,
cresceram 24%.
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ENTREVISTA

“Se aposta muito em leis “Vivemos num país


profundamente
machista. O

e pouco em políticas públicas” nosso machismo


é violento,
sanguinário. Não se
Fotos: Divulgação
pode criar a ilusão
da Sociologia Jurídica, que, entre Mas este é um problema que ONU, afirma a professora, não de que com leis isso
outros temas, apresenta estudo tem que ser tratado por diversas aconselha a adoção no caso de se resolve.”
sobre o perfil feminista de acordo frentes, destaca a professora. “Uma violência doméstica, tampouco a
com sentenças judiciais recentes. delas é a lei, o direito pelos quais, ONU Mulher.
Segundo a especialista, a Lei apesar dos limites, não se pode O projeto acabou abandonado,
Maria da Penha foi aprovada por abrir mão”, enfatiza. Entre os mas volta agora. "Veja o que é o
diversos fatores, fruto do espaço caminhos que ela aponta está, por machismo no Brasil: o Conselho
“Se o Brasil é
conquistado pelo movimento exemplo, trabalhar no sentido de Nacional de Justiça resolve retomar
feminista, pelo crescimento das educar as pessoas e de criar disci- a Justiça Restaurativa, mas no caso machista, seria
famílias brasileiras chefiadas por plina obrigatória sobre igualdade da Lei Maria da Penha", critica. ilusão achar que,
mulheres (41%, segundo dados entre homens e mulheres. De acordo com a professora, justo no Judiciário,
recentes), mas também pela Sabadell acrescenta que, se um dos seus alunos, no Fórum do
o Brasil é machista, seria ilusão Centro do Rio de Janeiro, relatou
onde as pessoas
pressão internacional diante das
estatísticas negativas e do cresci- achar que, justo no Judiciário, que a média de ocorrência é de são conservadoras,
mento da participação da mulher onde as pessoas são conservado- dois mil casos de violência por haveria uma
na esfera pública. ras, haveria uma vanguarda do mês. “Imagine quanto tempo vanguarda do
“Lógico que a Lei Maria da movimento feminista. Cita como seria preciso se fosse tentada a
exemplo que, depois de 12 anos mediação nestes casos? E o risco
movimento
Penha é importante. Há pesquisa
que aponta que as mulheres da Lei Maria da Penha em vigor, (para a mulher)?” Para essas feminista.”
começaram a procurar mais a recentemente houve recomenda- indagações de Sabadell, não há
delegacia e a Justiça depois desta ção da presidente do Conselho respostas precisas.
lei. Mas não se pode acreditar que Nacional de Justiça (CNJ) e da “Estudos internacionais in-
ela, por si só, resolverá a questão. presidenta do Supremo Tribunal dicam que o feminicídio em
Federal, ministra Cármen Lúcia, geral é decorrência da violência
“Na hora em que
As pessoas têm, em seu imaginário,
a ideia de que, ao se criar uma lei, de adoção da Justiça Restaurativa doméstica. Na hora em que o o homem rompe o

A na Lucia Sabadell é pro- as coisas podem melhorar. Isso é em caso de violência doméstica. homem rompe o limite e passa limite e passa da
fessora titular de Teoria do um equívoco. Vivemos num país Segundo Sabadell, no caso da da violência psicológica para a violência psicológica
Direito da Faculdade Na- profundamente machista. O nosso violência doméstica, a resolução física, é um precedente que pode
autoriza que agressor e vítima desaguar em feminicídio”, diz
para a física, é um
cional de Direito da UFRJ (FND) e machismo é violento, sanguinário.
sua produção acadêmica é voltada Não se pode criar a ilusão de que fiquem frente a frente na tentativa ela, que questiona se em uma ou precedente que
para teorias feministas do Direito, com leis isso se resolve”, diz ela, de resolver o conflito sem a neces- duas sessões de mediação se pode pode desaguar em
Sociologia Jurídica e História do avaliando que se aposta muito em sidade de uma ação judicial, o que “arrancar” uma mentalidade feminicídio.”
Direito. Ela é autora do Manual lei e pouco em políticas públicas. preocupa especialistas. A própria machista de um homem.

“São necessárias políticas efetivas”


rio de Direitos Humanos (Ladih/ do na perspectiva dos gastos”, bela, recatada e do lar”, ressalta. “Estão falhando em
UFRJ) e coordenadora do Grupo de acrescenta. A Lei Maria da Penha, segundo relação às mulheres
Pesquisas em Política de Drogas e Luciana antecipou que preten- Luciana, é importantíssima e
Direitos Humanos, considera que de fazer uma avaliação desses últi- trouxe uma grande contribuição mais pobres.”
este é um momento de reavaliação mos dados para aferir o impacto da para o debate da cultura jurídi-
dos avanços legislativos sobre os redução dos investimentos sociais ca, retirando da invisibilidade a
direitos das mulheres e sobre o nas políticas contra a violência violência contra a mulher como “A Lei Maria da
combate à violência doméstica. sofrida pelas mulheres. “O que esfera doméstica e o conceito de Penha encontra
Segundo a pesquisadora, dados chamam de gastos, chamamos de que “briga de marido e mulher bastante resistência
do Atlas da Violência Contra as investimento social com políticas não se mete a colher”, tornando
Mulheres, publicado em 2017 pelo que atingem essencialmente a a violência contra a mulher como
no Judiciário, na
Instituto de Pesquisa Econômica classe trabalhadora e as mulheres uma questão pública. Mas, alerta, polícia e demais
Aplicada (Ipea) e pelo Fórum mais pobres, que são negras”, a lei encontra bastante resistência órgãos que
Brasileiro de Segurança Pública, ensina. no Judiciário, na polícia e demais deveriam atuar
indicam que, embora tenha havido Segundo a professora, entre órgãos que deveriam atuar nesta
redução do número de mulheres os retrocessos observados estão a demanda.
nesta demanda.”
brancas vitimadas, houve aumen- redução dos serviços de atendi- “Acho que a gente precisa
to do de mulheres negras. mento às vítimas de violência e ampliar ainda mais esta rede pro-
“Isso demonstra que foram im- o fechamento de vários espaços tetiva, inclusive a jurídica. Temos “Na prática, só leis
portantes os avanços legislativos, da mulher. que avançar na garantia do acesso não adiantam na
mas também que são necessárias “Acho que também podemos de mulheres aos espaços de poder defesa contra a
políticas efetivas de concretização fazer uma leitura de que depois para se conseguir legislações que
violência à mulher; é
dos projetos sociais, que são os que do golpe (de 2016 e a entrada garantam direitos às mulheres,
têm alguma forma de intervenção do governo Temer) houve uma especialmente políticas públicas. necessário também

L uciana Boiteux, professora social, com apoio, campanhas e redução de prioridade sobre Para mim, na condição de pro- políticas públicas
da Faculdade Nacional de conscientização”, diz ela. “Estão o tema da violência contra a fessora do Direito, na prática, não que afirmem
Direito (FND) e do Programa falhando em relação às mulheres mulher. O golpe traz também adiantam só leis; mas políticas que
mais pobres e, para mim, também uma retomada de uma visão afirmem e concretizem direitos”,
e concretizem
de Pós-Graduação em Direito da
UFRJ, pesquisadora do Laborató- nestes últimos anos, estão falhan- conservadora sobre a mulher: concluiu. direitos.”
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OPINIÃO

“A violência contra as mulheres é,


sim, um problema da Universidade” *Cristina Riche

Quem não quer ser Sherazade, A realidade comprova que dos seus canais de comunicação e que contribua para a autodeter- são as questões de gênero, o que
a narradora, a figura central das em muitas áreas a paridade e a para o recebimento de manifesta- minação das estudantes. significam; o que são violências
Mil e Uma Noites, uma mulher igualdade são uma mera aspiração ções e de denúncias que indiquem É preciso oferecer às e aos de gênero; o que é crime sexual;
forte, inteligente, perspicaz, so- de nossas sociedades democráticas o desrespeito aos direitos das estudantes a oportunidade de o que é assédio moral.
lidária, que sabia ouvir e sabia e há, ainda, muitos obstáculos mulheres. Pois a intolerância é, refletirem criticamente sobre estas
falar, que sabia inspirar com a
sua empatia e amorosidade e se
a serem enfrentados e vencidos
para concretizar, na prática, a tão
ainda, muito comum!
A Universidade pública não está
questões, de modo a formarmos
pessoas mais bem preparadas para
Ações da
atreveu a mudar a sua realidade
e a das mulheres!
desejada e merecida igualdade.
Na atualidade, embora o percen-
isenta de ser mecanismo opressor,
frequentada por homens e mulhe-
as relações humanas, com um Ouvidoria
olhar e uma prática empática e éti-
Toda mulher tem uma histó- tual da população de mulheres res, mesmo que, indiretamente, ca, que atuem efetivamente para a A violência contra as mulheres
ria para contar, as narrativas são brasileiras seja de 51,1%, o Brasil possa dar espaço às violências: construção de uma sociedade mais é, sim, um problema da Univer-
libertadoras, a palavra salva, não está longe de atingir o patamar violências são passíveis de ocorre- sidade; é um problema de todas
justa, igualitária, comprometida
somente por ser palavra: importa de igualdade de gênero; por isso, rem fora dos limites geográficos da nós que a integramos. E, por
com a erradicação das violências.
como ela foi ouvida, importa como não podemos esquecer o que dizia Universidade e ainda assim podem isso, a Ouvidoria da UFRJ – um
ela foi sentida, importa como ela a sempre atual Simone de Beau- guardar ligação com ela, como é o organismo de defesa de direitos
será interpretada. voir: “Nunca se esqueça que basta caso das festas, dos trotes indignos “A desigualdade de e garantias – vem cumprindo
Sem dúvida, Clara Zetkin uma crise política, econômica ou e vexatórios. gênero não pode com a sua missão de preservar,
(1857-1933) foi uma das Shera- religiosa para que os direitos das
fazer das salas de promover e proteger o respeito
zade do século XX, se notabilizou mulheres sejam questionados. Es- “A Universidade aula universitárias aos direitos humanos, realizando
com a proposta de criação do Dia ses direitos não são permanentes.
Internacional da Mulher, apresen- Você terá que manter-se vigilante
precisa intensificar um espaço hostil às
ações com o objetivo de proteger e
a sua comunicação promover os direitos das mulhe-
tada em 1910 na 2ª Conferência durante toda a sua vida”. mulheres” res, ampliando a sua cidadania e
Internacional de Mulheres. Tal sobre as questões a dignidade humana, visando à
proposta foi aprovada por acla- de gênero e da A desigualdade de gênero construção de relações mais igua-
mação e tinha por objetivo im- “A intolerância mulher, de forma não pode fazer das salas de aula litárias, solidárias e respeitosas no
pulsionar o movimento de defesa
dos direitos laborais, políticos, é, ainda, muito permanente e
universitárias um espaço hostil
às mulheres. O que esperar das
ambiente universitário.
pedagógica”
sociais, econômicos e culturais
das mulheres. Depois de 108 anos comum” pessoas que ferem os direitos hu-
manos e seguem impunemente?
*Professora do Núcleo de
Estudos de Políticas Públicas
daquela convocação, ainda hoje O surgimento de várias verten- A Universidade deve dar visi- A instituição não pode manter os em Direitos Humanos da UFRJ,
existem desigualdades, discrimi- tes feministas, o “empoderamen- bilidade aos conflitos e confrontos agressores em formação isentos do curso de Gestão Pública
nações e condutas preconceituosas to” feminino como pauta de mo- que possam implicar diminuição de responsabilidade, e a desin- para o Desenvolvimento Eco-
e violentas contra as mulheres que vimentos sociais, a visibilidade dos de direitos das mulheres, diminui- formação sobre os direitos das nômico e Social e do Instituto
impedem o avanço do seu desen- casos de desigualdade de gênero, ção dos direitos humanos. Precisa mulheres não pode servir como de Pesquisa e Planejamento
volvimento e limitam o exercício raça e etnia, preconceitos sexuais intensificar sua comunicação desculpa. É necessário que o Urbano e Regional. Criou e im-
pleno de seus direitos. e dos casos de violência ganham sobre as questões de gênero e da conhecimento seja cada vez mais plementou a Ouvidoria-Geral
cada vez mais visibilidade nas mulher, de forma permanente e democratizado, mais difundido. da Universidade Federal do Rio
“Nunca se esqueça universidades, que precisam estar pedagógica. Deve promover in- Que todo o corpo social da Uni- de Janeiro, é ouvidora-geral
que basta uma crise atentas ao pleno funcionamento formação que gere conhecimento versidade tenha em mente o que da UFRJ.
política, econômica
ou religiosa para
que os direitos das
mulheres sejam
questionados.
Esses direitos não
são permanentes.
Você terá que
manter-se vigilante
durante toda a sua
vida.”
Simone de Beauvoir

Cristina Riche 27 DE MAIO/2016: Estudantes e trabalhadoras da UFRJ fazem manifestação na Cidade Universitária contra toda a
forma de violência à mulher e em apoio ao movimento "Me avisa quando chegar", da Universidade Rural do Rio de
Janeiro, onde ocorreram vários casos de estupro
Ano XXVI - Encarte Especial da Edição Nº 1236 - De 19 a 25 de março – www.sintufrj.org.br – sintufrj@sintufrj.org.br – 7

MEIO ACADÊMICO

Elas são maioria nos bancos universitários, mas


minoria à frente de turmas no ensino superior
Segundo o IBGE, tomando como base a população de 25 anos ou mais com ensino superior
completo em 2016, as mulheres somam 23,5% e os homens, 20,7%
A maioria do corpo discente dos cursos de gradu- Deborah Thomé Sayão aponta em sua tese “Re-
ação é do sexo feminino, conforme dados do Censo lações de Gênero e Trabalho Docente na Educação
da Educação Superior de 2012 coletados pelo Insti- Infantil: Um Estudo de Professores em Creche” o
tuto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais fenômeno da androfobia ao se atribuir a responsa-
Anísio Teixeira (Inep). Em todo Brasil são 3.286.415 bilidade da educação à mulher, que seria possuidora
matrículas femininas contra 2.637.423 masculinas. de dons naturais para cuidar.
De acordo com o relatório Sinopse Estatística da
Educação Básica, com base no Censo Escolar 2017,
de aproximadamente 2,2 milhões de professores que Por quê?!
lecionam no fundamental I ao ensino médio, cerca
de 1,8 milhão são mulheres. Apesar de maioria no ensino básico, o número
Na educação infantil, as mulheres chegam a ser de docentes mulheres nas universidades, justo onde
quase a totalidade dos profissionais de educação. Dos o salário é mais alto, é inferior.
320.321 professores da pré-escola, apenas 16.193 Segundo o Censo da Educação Superior de 2016,
são homens. tanto no ensino privado quanto na rede pública a
Na creche, há 266.997 professoras e 6.642 pro- maioria do corpo docente é composta por homens,
fessores. com idade entre 34 e 36 anos.

Mulheres têm 20% das bolsas de pesquisa


científica em Exatas no Brasil
A presença das mulheres no meio acadêmico no Brasil de Ciências (ABC), e os projetos científicos que conseguiram com as bolsas no período, contra 269 pedidos aceitos
é escassa nos níveis de pesquisa, especialmente na área de alto financiamento no programa do Ministério da Ciência, feitos por homens.
Ciências Exatas, segundo um estudo que analisou a distri- Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), junta- Uma das autoras do estudo foi a professora Jaroslava
buição das chamadas Bolsas de Produtividade de Pesquisa mente com o CNPq. Varella Valentova, doutora em Antropologia pela Univer-
do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico Do total de 4.859 bolsas no período para áreas de sidade Carolina de Praga, na República Tcheca, e docente
e Tecnológico). conhecimento dentro das Ciências Exatas, apenas 976 no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
A pesquisa, publicada em artigo na revista científica (20,08%) foram para pesquisadoras. Em alguns casos, as (USP). “Infelizmente, isso é o que a gente encontra todos
PeerJ, observou a distribuição de mais de 13,6 mil bolsas mulheres representam, proporcionalmente, menos de 5% os dias, essas desigualdades de gênero. O nosso artigo não
entre 2013 e 2014 por sexo na área de conhecimento, além do total de pesquisadores, como é o caso dos bolsistas em é o único que mostrou essa questão”, afirmou a professora.
da divisão por gênero dos membros da Academia Brasileira engenharia elétrica; são apenas 13 mulheres agraciadas Fonte: Instituto Patrícia Galvão

Centros de Referência de Mulheres da UFRJ


CRM da Maré Carminha Rosa CRM Suely Souza de Almeida
Endereço: Rua 17, Vila do João, Maré (anexo ao Posto de Saúde). Telefone: (21) Endereço: Praça Jorge Machado Moreira - Cidade Universitária, Rio de Janeiro.
3104-9896. E-mail: equipe.crmm@cfch.ufrj.br Telefone: (21) 3938-0623.
Horário de atendimento: de segunda a quinta-feira, das 9h às 16h30. Horário de atendimento: de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h30.
Este Centro é aberto a qualquer mulher que necessite de ajuda, não só da UFRJ ou
dos bairros da região. Não é necessária a apresentação de documento ou qualquer outra
condição para receber atendimento da equipe de plantão, que conta com assistentes
sociais e psicólogos.
Os Centros de Referência da UFRJ oferecem atendimento individual e atividades em
grupo, como oficinas de dança e de letramento, e programas culturais, como a exibição
de filmes e debates.

Encontro debaterá expectativas para as mulheres


“Século XXI: quais os desafios e as expectativas para violência sexual, e direitos das mulheres. Segundo Riche, e tem como missão na universidade “formar cidadãos
as mulheres?” Este é o tema do encontro que a Ouvidoria- a Ouvidoria-Geral da UFRJ trabalha em permanente responsáveis, capazes de abandonar o próprio egoísmo
-Geral da UFRJ realizará no dia 16 de abril. Segundo parceria com o Centro de Referência da Mulher (CRM), para abraçar o bem comum, expressar solidariedade,
a ouvidora-geral, Cristina Riche, a proposta é realizar vinculado ao Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em defender a tolerância, reivindicar a liberdade, proteger a
também este ano audiências públicas sobre assédio e Direitos Humanos Suely Souza de Almeida (NEPP-DH), natureza, defender a justiça”.
Assédio
moral no
trabalho e
assédio
sexual
*Dra. Terezinha Martins
dos Santos Souza

A violência nas relações de trabalho,


neste início do século XXI, está for-
temente marcada pela ocorrência
do assédio moral e do assédio sexual.
Discute-se quais as interfaces exis-
tentes entre o assédio moral e o assédio
sexual e o que significam para a ma- Atividades
nutenção de uma sociedade classista e
sexista, bem como se representam uma
Roda de Conversas, Feira de Economia Solidária e Produtos Agroecológicos,
mesma forma de violência ou se é pos- Corrida Feminista, Plantão Jurídico Especial e Show com Mulheres de Chico.
sível distingui-las.
O assédio moral caracteriza-se por
humilhar sujeitos na sua relação de
trabalho; o assédio sexual também. O
Parcerias
assédio moral recai sobre homens e mu- Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Economia Solidária, Marcha
lheres de forma diferenciada; o assédio
sexual recai majoritariamente, mas não Mundial de Mulheres (MMM), Centro de Tecnologia/UFRJ e Sisejufe.
exclusivamente, sobre as mulheres. O
assédio moral é uma forma de gestão do
trabalho, iniciada com a reestruturação
produtiva. Já o assédio sexual encontra
Programação
suas raízes no patriarcado, anterior à
sociedade capitalista. Em ambos os casos Quarta-feira, 21/3, às 10h – Sintufrj itinerante campus Xerém
ocorrem relações de poder e relações que Roda de Conversa sobre assédio moral e sexual na UFRJ.
constroem novas formas de adoecimento.
Identificar suas especificidades é um Quinta-feira, 22/3, às 13h – Campus Praia Vermelha
passo necessário na construção de um
Roda de Conversa sobre assédio moral e sexual na UFRJ e Cardápio de Poesias.
mundo onde o trabalho construa a vida
e não adoecimento e morte.
Segunda-feira, 26/3 – Campus UFRJ-Macaé (o dia todo) Plantão jurídico;
*Professora adjunta do Departa- Espaço Saúde Sintufrj e Roda de Conversa sobre assédio moral e sexual na UFRJ.
mento de Saúde Coletiva da Unirio,
Terezinha Martins dos Santos Souza
Terça-feira, 27/3 – Centro de Tecnologia (CT) - Bloco H.
coordena o Núcleo de Estudos em
Trabalho, Gênero e Raça (Negrem); 9h às 17h – Feira de Economia Solidária e Produtos Agroecológicos.
coordena o Projeto de Extensão “O 10h – Café da manhã com produtos do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
Combate ao assédio moral no traba- 11h – Roda de Conversa sobre assédio moral e sexual na UFRJ.
lho” e a pesquisa “O assédio moral na
universidade pública”, e é membro
Quarta-feira, 28/3
fundador do www.assediomoral.org.br.
9h – Corrida Feminista. Concentração: Espaço Saúde Sintufrj.
16h – Prata da Casa.
17h – Show de encerramento da Semana da Mulher Sintufrj com
Mulheres de Chico, no Espaço Cultural do Sindicato.

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