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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL

Curso: Ciências Econômicas


Disciplina: Macroeconomia I - 4ª fase
Professora: Deise Maria Bourscheidt
Aluno: Jonathan Barbosa dos Santos

Resumo das notícias: Descrença numa recuperação consistente / O mercado vê


menos riscos / Impulso privado / Fator político.

1. DESCRENÇA NUMA RECUPERAÇÃO CONSISTENTE

Pesquisas realizadas com analisas heterodoxos, pela Revista Conjuntura


Econômica, apontam incertezas a respeito de recuperação econômica. Para Luiz
Fernando de Paula, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj)
e ex-presidente da Associação Keynesiana Brasileira, espera-se um crescimento
melhor do que o atual em 2017, mas isto ainda é algo tênue. Ele ainda diz que a
conjuntura internacional é benigna, e que em 2015 durante o governo Dilma, isso
não acontecia devido à elevação dos juros, desvalorização cambial, aumento das
dívidas, ajuste fiscal. Circunstancias, estas, agravadas pela Operação Lava Jato.
Com a liberação do FGTS foi possível realizar pagamento de dívidas e outros
consumos, entretanto com o cenário externo favorável e efeitos negativos do
passado, não se obteve aproveitamento da queda da inflação e choque de
alimentos, sendo esta a principal causa a demora em reduzir a taxa de juros.
O economista Ricardo Carneiro, professor da Universidade de Campinas
(Unicamp), também descarta a opção de uma recuperação consistente da
economia, avaliando o cenário como estagnado, e prevendo um crescimento de
1% em 2018 e 0,5% para este ano. E ainda ressalta que o PIB per capita deste ano
pode ser negativo e se mantêm estagnado no próximo ano. “A economia brasileira
tem, por si só, mecanismos de estabilização”, incluindo os gastos públicos e, no
caso presente, a safra agrícola, entretanto verifica-se a dificuldade de um
crescimento a curto e longo prazo.
Ipea também indica dados de crescimento de 0,7% do PIB em 2017, e
de 2,6% em 2018.
Para Carneiro, o cenário externo também é favorável, apesar de alguns
fatores negativos. Ele conclui que o comercio mundial perdeu sua elasticidade que
tinha no passado e hoje cresce no mesmo nível que o PIB mundial. Prevê liquidez
internacional provocada pelos juros baixos nos Estados Unidos e o consequente
enfraquecimento do dólar.
2. O MERCADO VÊ MENOS RISCOS

O mercado financeiro encontra-se otimista quanto a melhoria do atual


cenário econômico, no qual destacam-se a alta da bolsa e valorização do real.

Figura 01 – Como funcionam os pontos do índice Bovespa (Ibovespa), 2017.


Tabela 01 – Histórico de cotações da IBOVESPA.

Igor Velecico, economista do Departamento de Estudos e Pesquisas


Econômicas do Bradesco, analisou que a economia mostrou-se mais resiliente do
que se esperava, pois, alguns riscos que existiam, ou se extinguiram ou se
reduziram. Contudo, Velecico explica que analistas temem a possibilidade de
demora de crescimento no Brasil, mesmo com queda dos juros. O economista
ainda destaca a importância da criação da TLP (taxa usada nos empréstimos
concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – BNDES), que
substitui a atual TJLP, dando maior horizontalidade ao crédito, reduzindo os juros
de equilíbrio e ampliando a oferta de recursos.
A taxa de desemprego, retomada pelo economista, foi 4,3% em dezembro
de 2013 e de 4,8% em 2014. A inflação em alta fechou 2014 em 6,41% e 2015 em
10,67%, levando a Selic a 14,25% em julho de 2015. Como consequência, as
vendas desabaram, as empresas e famílias entraram em ciclo de ajustes para se
desalavancarem. As famílias passaram a poupar mais e as vendas do comércio
descolaram dos salários.
Do ponto de vista das famílias, a queda da inflação, especialmente dos
alimentos, aumentou o poder de compra, especialmente no segmento de baixa
renda, e o consumo foi também estimulado pela liberação do FGTS, usado para
abater dívidas, mas também para suprir carências. “Andamos para a frente”,
resume.
Segundo o economista-chefe da Home Broker Modalmais do Banco Modal,
Álvaro Bandeira, o cenário político dos últimos meses não prevaleceu tanto sobre
o cenário econômico, podendo ser identificado em indicadores como a inflação,
taxa de juros, emprego e atividade industrial.
Concorda com avaliações que preveem um alcance de cem mil pontos no
Ibovespa, entretanto, diz que essa meta poderá ser alcançada caso se tenha uma
certeza acerca das reformas, como a previdenciária.

3. IMPULSO PRIVADO

Um levantamento realizado pelo Centro de Estudos do Instituto Ibmec


(Cemec) com empresas não financeiras mostra que o investimento das companhias
abertas, desconsiderando a Petrobras, Eletrobras e Vale, aumentou 1,5 ponto
percentual nos últimos 12 meses em comparação com o ano anterior. Esse
aumento pode ser evidenciado pela trajetória do endividamento das companhias
abertas.
A relação das obrigações com terceiros (dívida bruta) sobre o capital próprio
(património líquido) evidencia uma queda para 1,09 em relação a 2016, depois de
uma alta acentuada iniciada em 2013, quando saiu de 0,87 para 1,11. Lauro
Modesto, superintendente técnico do Cemec, afirma que essa melhora se
concentra nas grandes empresas, nas quais também houve muita renegociação de
dívida. Parte das empresas abertas ainda tem dificuldades para quitar suas
despesas financeiras. Em levantamento anterior, o Cemec apontou que, levando
em conta os 12 meses encerrados no primeiro trimestre de 2017, 46,4% das
empresas abertas não tinham gerado caixa suficiente para cobrir as despesas.
A taxa Selic, no mês de outubro, registrava 8,25%, e no dia 25 mesmo mês
o Copom decidiu pela sua redução, indo para 7,5% ao ano, correspondendo
a uma queda de 0,75 pontos percentuais.
G0ráfico 01 – Histórico das Taxas Selic – 2005 a 2017.

Estimativas apontam que o percentual ainda caia para 7% no final do ano. A


queda da taxa e a retomada da confiança são os principais vetores de melhora do
quadro do investimento privado, pois impulsionam a retenção de lucro das
empresas, que representa 75% da poupança nacional, e o investimento em
produção para atender à demanda. “Com a Selic baixa e sinais de retomada da
atividade, o investidor que emprestava para o governo com risco baixo voltará a
analisar a viabilidade de projetos produtivos”, diz.
O executivo do Cemec ressalta que nos últimos anos a queda do lucro das
empresas foi proporcionalmente maior que a da distribuição de dividendos. “Se
observar a evolução do retorno sobre capital investido (ROI) em relação ao custo
de capital de terceiros, verá que a partir de 2012 esse custo ficou mais alto que o
retorno, ou seja, endividar-se para investir em produção passou a tirar valor do
acionista”, diz.
Modesto ainda retoma sobre os sinais da recuperação lenta de alguns
setores, afetados pela política econômica dos últimos anos, e do efeito
multiplicador, como o elétrico, petróleo, e mesmo o automobilístico, depois do
desequilíbrio gerado pela redução de IPI, que resultou em uma antecipação de
demanda, que ao final do benefício afetou fortemente as vendas.
4. FATOR POLÍTICO

A conjunção de problemas políticos e econômicos tem dificultado o campo


de visão de analistas para traçar estimativas sobre os rumos das eleições
presidenciais de 2018. As campanhas acontecerão num período de recuperação
econômica, fazendo com que os políticos e eleitores se posicionem melhor em
relação à continuidade da pauta de reformas estruturais, e em relação aos reflexos
nas urnas – após um longo período de denúncias de corrupção.
O cientista político Marcus André Melo, professor da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE), acredita que a grande quantidade de denúncias de
corrupção resulte em um voto mais consciente. Alega que o efeito da corrupção
sobre o voto, no sentido de aumentar a probabilidade de este ser usado como
punição ao corrupto, é linear até certo nível. “Nos últimos anos, o brasileiro foi
submetido a um tsunami informacional sobre corrupção que se disseminou sem
respeitar cores partidárias, atendendo a esse limite”, afirma.
Nesses casos, aponta Melo, a escolha do eleitor passa a privilegiar outras
prioridades, como a garantia de seu bem-estar econômico. Isso justificaria, por
exemplo, o elevado índice de intenções de voto no ex-presidente Lula, já que o
discurso empunhado pelo PT ressalta o crescimento econômico observado em seu
mandato. “Isso obviamente não vale para todo mundo, mas vale para parcelas
importantes da população”, ressalta.
Daniela Campello, professora da FGV Ebape, lembra, entretanto, que a
insatisfação da sociedade quanto as lideranças políticas ainda é notória e que esse
descontentamento não está sendo canalizado pela classe política.
Consequentemente isso se refletirá em 2018.
Melo afirma que analistas apontam o aumento da aceitação de outsiders,
que é o indivíduo não marcado pelas práticas tradicionais da política, se apresenta
como o não político. Apesar dessa simpatia crescente por propostas alternativas, o
cientista político alerta para o fato de que, no sistema brasileiro, ao contrário de
países como a França, o êxito de um candidato de fora é impactado por diversas
barreiras de entrada.
Mesmo com tais entraves, Melo considera que hoje há uma janela de
oportunidade única para arejar a política do país. Marco Antonio Carvalho Teixeira,
professor da FGV EAESP, conta que em debate com representantes do PT, PSDB,
Partido Novo e PSOL, a necessidade de renovação foi consenso. “Todos
reconheceram a necessidade de se criarem novas lideranças, atualizar atuação
partidária, criar mecanismos de consulta a militantes e simpatizantes que levem em
conta atualizações tecnológicas e promovam outra forma de diálogo com a
sociedade”, disse.
Retomando alguns conceitos:

 Heterodoxos: categoria que se refere a abordagens ou escolas de


pensamento econômico que são consideradas fora da economia ortodoxa.
 Índice Bovespa (IBOVESPA): O Ibovespa é o resultado de uma carteira
teórica de ativos, elaborada de acordo com os critérios estabelecidos em sua
metodologia.
 TJLP: Taxa de Juros de Longo Prazo. É definida como o custo básico dos
financiamentos concedidos pelo BNDES.
 TLP: Taxa de Longo Prazo. Será a taxa usada nos empréstimos concedidos
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), o banco de
fomento do governo brasileiro. Ela substituiria a atual Taxa de Juros de
Longo Prazo (TJLP).
 Cemec: É uma entidade de natureza técnica do Instituto Brasileiro de
Mercado de Capitais – IBMEC dedicado à análise, monitoramento e geração
de conhecimento sobre o Mercado de Capitais.
 Taxa Selic: Taxa de financiamento no mercado interbancário para
operações de um dia, ou overnight, que possuem lastro em títulos públicos
federais, títulos estes que são listados e negociados no Sistema Especial de
Liquidação e Custódia, ou Selic.
 Outsider: Perfis fora da política.
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