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AULA PRÁTICA – FIT 490 – 05/08/15

ASSUNTO: COMPOSTAGEM

Introdução:
A compostagem é um processo aeróbico (na presença de oxigênio), onde
microorganismos de solo (fungos, bactérias, protozoários, actinomicetos, entre outros)
transformam materiais orgânicos (vegetal e animal) em húmus, que é um adubo
orgânico de excelente qualidade. No processo de compostagem, ocorrem várias
transformações bioquímicas realizadas pelos microrganismos do solo, assim, para que o
processo ocorra adequadamente, temos que fornecer aos microorganismos condições
ideais para o seu desenvolvimento, ou seja, substrato (mistura de materiais orgânicos)
apetitoso para os microorganismos, ou seja, com boa relação entre carbono e nitrogênio
(próxima de 30/1), umidade (40 a 60%), temperatura (40 a 70ºC) e aeração (presença de
oxigênio).
Os materiais orgânicos são fontes de carbono, energia e nutrientes para os
microorganismos de solo, logo a compostagem pode ser considerada um processo de
troca, ou seja, os microorganismos se alimentam dos materiais orgânicos e nos
fornecem o húmus.

O húmus é uma substância estável, que libera os nutrientes de forma lenta e


gradual, o que resulta em menores perdas por lixiviação. Além do fornecimento gradual
de macro e micronutrientes para as plantas, o composto orgânico melhora as
propriedades físicas do solo, ou seja, a matéria orgânica compostada (húmus) se liga às
partículas do solo (areia, limo e argila), formando pequenos grânulos que ajudam na
retenção e drenagem da água e melhoram a aeração,permitindo um melhor
desenvolvimento do sistema radicular das plantas. Além disso, a presença de matéria
orgânica no solo aumenta a CTC (Capacidade de Troca Catiônica) e o pH do solo.
. A qualidade final do composto orgânico irá depender da qualidade dos materiais
utilizados no processo de compostagem. De modo geral, quanto maior a diversidade
materiais orgânicos utilizados na compostagem, maior será a variedade de nutrientes
presentes no composto.

A compostagem é uma prática simples, que pode ser realizada em campo aberto
e onde o agricultor pode utilizar os mais diversos materiais disponíveis em sua
propriedade, como: restos de alimentos, restos de culturas (palhadas), estercos animais,
aparas de grama, folhas secas, galhos provenientes de podas, dentre outros materiais. A
maior parte destes materiais é inadequada para o emprego direto na adubação das
plantas, pois, geralmente são pobres em nitrogênio e de difícil decomposição.
Microorganismos: fungos, bactérias, protozoários, actinomicetos, etc

Produtos do processo de compostagem:


- gás carbônico
- calor
- água
- húmus
Humus: substâncias não-húmicas (ácidos orgânicos, carboidratos, proteínas, lipídeos,
etc) + substâncias húmicas (ácido húmico, ácido fúlvico e humina).
Humus: composto orgânico estável, que libera lentamente os nutrientes. A qualidade
final do composto orgânico irá depender da qualidade dos materiais utilizados no
processo de compostagem. De modo geral, quanto maior a diversidade materiais
orgânicos utilizados na compostagem, maior será a variedade de nutrientes presente no
composto.
Observação: Pelo menos um dos resíduos orgânicos deve ser rico em microorganismos
para atuar como inoculante e permitir que o processo se inicie de imediato (estercos ou
o próprio composto). Restos de culturas que geralmente entram em contato com o solo,
também são ricos em microorganismos decompositores.
Materiais orgânicos: fonte de carbono, energia e nutrientes para os microorganismos
de solo, logo a compostagem pode ser considerada um processo de troca, ou seja, os
microorganismos se alimentam dos materiais orgânicos e nos fornecem o húmus
(amigos invisíveis).

Vantagens:
- aproveitamento de resíduos orgânicos de relação C/N alta na adubação de plantas
(evitar a imobilização de nutrientes pelos microorganismos do solo)
- destinação correta de resíduos orgânicos (plano de gestão ambiental – PI – Brasil)
- evitar disseminação de pragas e doenças (compostagem de resíduos agrícolas
contaminados: folhas de morangueiro)
- ativa a microbiota do solo (> ciclagem de nutrientes, > proteção das plantas contra
microorganismos patogênicos de solo, > resistência das plantas, etc)
- reduz a incidência de doenças provocadas por fungos de solo
- melhora a qualidade física e química do solo (agregação, aeração, porosidade, retenção
de umidade, fertilidade, etc)
- estimula o crescimento das raízes
- corrige a acidez do solo
- aumenta a CTC e capacidade tampão dos solos
- Humus: fonte de macro e micronutrientes
Desvantagens:
- Mão de obra (processo trabalhoso)
- Solução: compostagem rústica (com poucos revolvimentos) – processo demora mais
tempo, mas dá menos trabalho.

Escolha da área para o pátio de compostagem:


- facilidade de acesso
- áreas afastadas de mananciais de água
- área livre no entorno para manobra de caminhões e tratores com carreta
- disponibilidade de água
- terreno plano ou ligeiramente inclinado (2 a 3% no máximo de declividade)
- evitar baixadas com drenagem deficiente (possibilidade de encharcamento)
- distantes de moradias
- áreas protegidas de ventos fortes e mais sombreadas (áreas de face sul)
- compostagem em ambiente protegido: galpões com laterais abertas, com
aproximadamente 12 m de largura, 5,0 m de altura e comprimento variável, com piso
concretado, com pequeno desnível para as laterais, de forma a permitir o escorrimento
do excesso de umidade.

Condições favoráveis ao processo de compostagem:


- presença dos microorganismos de solo
- materiais orgânicos apetitosos (saborosos) para os microorganismos: C/N próxima de
30:1 (microorganismos utilizam cerca de 30 vezes mais carbono que nitrogênio)
- umidade entre 40 e 60% (água não escorre entre os dedos da mão)
- boa aeração (presença de oxigênio)
- temperatura entre 40 a 70ºC

Materiais orgânicos de relação C/N alta (rico em carbono):


- capim “passado”
- restos de culturas agrícolas (palhadas, cascas e sabugo de milho)
- restos de podas de parques e jardins
- restos de cocho de alimentação de animais
- folhas secas
- resíduos agroindustriais ( bagaço de cana-de-açucar, casca de frutas, etc)

Materiais orgânicos de relação C/N baixa (rico em nitrogênio)


- estercos de animais
- biomassa de leguminosas (plantio em áreas marginais e cercas vivas)
- capim verde
- restos de comida
- folhas de hortaliças
- urina de animais

Observações:
- Do total do nitrogênio ingerido pelos bovinos, cerca de 70% é excretado pela urina e
10 a 15% pelas fezes, logo, a utilização de pisos com palhas (“camas”) em estábulos
para reter a urina, torna-se uma excelente forma de enriquecimento do composto
orgânico. Em geral, para a total retenção da urina produzida por uma vaca adulta são
necessários 5 kg a 6 kg de palha seca por dia de estabulação.
- Quanto mais triturado os materiais utilizados e maior a freqüência das reviradas, mais
rápido será o término do processo de compostagem. Materiais com diâmetro inferior a
2,0 cm é o ideal.
- A pilha irá reduzir seu volume em até um terço do volume inicial, em função do
acamamento do material e perda de CO2.
- Não utilizar materiais orgânicos provenientes de propriedades que utilizam a capina
química (uso de Tordon) das pastagens, resíduos de madeira tratada, couro, papel, etc.

Proporção entre os materiais utilizados na compostagem:

A pilha de composto deverá ser montada com uma mistura de materiais


orgânicos ricos em carbono (capins, palhas, bagaços, sabugo, etc.) com materiais ricos
em nitrogênio (estercos animais, biomassa de leguminosas, biomassa de capim novo,
etc). As palhadas e os estercos animais são naturalmente ricos em microorganismos de
solo, logo, na maioria dos casos não há necessidade de adicionarmos uma fonte
específica de microorganismos, inclusive quando misturamos apenas biomassas
vegetais (ex.: palhas + biomassa de leguminosa), ou seja, quando não se utiliza estercos
de animais na compostagem. As biomassas geralmente entram em contato com o solo
(fonte dos microorganismos decompositores) em algum momento, seja quando são
recolhidas no campo ou durante o armazenamento nos pátios de compostagem.
Contudo, quando porém for necessária a utilização de uma fonte de microorganismos,
as mais utilizadas são: estercos de animais, terriço de mata, bokashi ou o próprio
composto preparado anteriormente.
O uso de material picado possibilita acelerar o processo de compostagem e
facilita o manejo da pilha, porém na falta de uma picadeira o capim inteiro poderá ser
utilizado sem grandes prejuízos.
Existem cálculos específicos para a correta definição da relação entre os
materiais rico em carbono (de relação C/N alta) e os materiais rico em nitrogênio (de
relação C/N baixa) a serem utilizados na montagem da pilha. Contudo, quando se utiliza
capim picado ou restos de culturas (palhadas) e estercos de animais, a proporção entre
estes materiais (palhadas:estercos) varia de 3:1 a 5:1 (em volume), dependendo do tipo
de plhada e de esterco utilizado, ou seja, se for utilizada uma mistura de esterco mais
pobre em nitrogênio (esterco de ovino) com palhada rica em carbono (alta relação C/N
como o capim) utiliza-se a proporção 3:1, ou seja, durante a montagem da pilha, a cada
03 carrinhos de mão de capim adiciona-se um carrinho de mão de esterco de ovino.
Entretanto, se for utilizada uma mistura de esterco rico em nitrogênio (esterco de aves)
com palhada com relação C/N menor (ex.: palha de café) utiliza-se a proporção 5:1 (em
volume), conforme descrito anteriormente. Essa mistura dos materiais é feita para que a
relação entre carbono e nitrogênio (relação C/N) fique inicialmente em torno de 30:1,
condição (substrato) ideal para o desenvolvimento dos microorganismos
decompositores. Se a relação C/N inicial for maior que 30/1, o processo torna-se mais
demorado, se menor que 30/1, ocorre perdas de nitrogênio. Quando se utiliza apenas
biomassas vegetais, por exemplo, pilhas formadas com palhadas ou capim + biomassa
de leguminosas, essa relação deve ser mais estreita, ou seja, deve ficar próxima de 2:1
(palhada : leguminosa).
Para saber se a relação entre os materiais está adequada, temos que monitorar
diariamente a temperatura da pilha de compostagem. Esta deve atingir cerca de 50ºC
dentro do prazo de uma semana, caso as condições de umidade e aeração da pilha
estejam também adequadas. Se a temperatura da pilha não subir, temos que adicionar
mais material rico em nitrogênio (esterco ou biomassa de leguminosa).

Formação e manejo da pilha:


- dimensão:
-largura: 2 a 3 m
- altura: 1,5 a 2,0 m
- comprimento: depende da disponibilidade de material
- pilhas muito estreitas dificulta a sobreposição das camadas até a altura desejada (1,5
m) e permite uma rápida perda de calor e umidade
- relação em volume entre materiais de relação C/N alta e baixa: 4 : 1
- 1ª e última camada: material de relação C/N alta (diminui a perda de nitrogênio e
outros nutrientes para o solo e para o ar )
- revolvimentos: ideal (revolvimento semanal no primeiro mês e mais 3 a cada 15 dias)
- finalidades dos revolvimentos: homogeneizar os materiais, eliminar gás carbônico,
incorporar ar dentro da pilha, dissipar calor e corrigir a umidade
- tempo de compostagem vai depender da qualidade dos materiais compostados e da
freqüência dos revolvimentos.
- sempre dispor de lonas plásticas resistentes para cobrir o composto em épocas de
chuvas intensas

Enriquecimento da pilha de composto:

A qualidade final do composto orgânico irá depender da qualidade dos materiais


utilizados na montagem da pilha. Assim, os teores finais de nutrientes presentes no
composto orgânico variam de acordo com a qualidade dos materiais orgânicos
utilizados. De modo geral, o teor de nitrogênio dos compostos orgânicos não varia
muito (fica entre 1,5 a 2,0%), quando se estabelece inicialmente uma relação de carbono
e nitrogênio próximo de 30/1. Contudo, os teores dos demais nutrientes varia bastante,
em função principalmente da qualidade do material palhoso (de relação C/N alta)
utilizado. Verifica-se no Quadro 1, que palhas de arroz e aveia são pobres em fósforo e
potássio e casca e palha de café são pobres em fósforo, mas ricas em potássio. Assim,
composto orgânico proveniente da mistura de palhas de arroz e aveira com esterco
bovino será mais pobre nestes nutrientes que composto orgânico proveniente da mistura
de casca ou palha de café com esterco bovino. Quando o composto organico é formado
por uma mistura de biomassas vegetais (ex.:compostagem de palhadas ou capim +
biomassa de leguminosas), o composto irá apresentar baixo teor de fósforo, pois de
modo geral, as biomassas são pobres em fósforo.

No enriquecimento das pilhas de composto são utilizados vários produtos como:


cinza de madeira, pós de rocha (calcário, fosfato natural, etc.), resíduos agroindustriais (
tortas, farinha de osso, borra de café, etc.), dentre outros. As cinzas constituem fontes
de cálcio, potássio e magnésio e os fosfatos naturais constituem fontes de fósforo e
cálcio.

Teores de macronutrientes de compostos orgânicos enriquecidos com diferentes


materiais. (Composto: Aparas de grama + esterco bovino – proporção 3,5:1)
Produto para N P K Ca Mg S
enriquecimento %
(dose: 4,0 kg/m3)

Cinza de 2,06 0,78 1,60 4,42 0,91 0,39


eucalipto

Fosfato natural 1,91 0,85 0,88 2,59 0,37 0,47

Testemunha
(composto sem 2,34 0,51 1,12 1,00 0,42 0,39
enriquecimento)
Fonte: Dados de experimento desenvolvido na UFV, em aulas práticas da disciplina
FIT 490 – Agroecologia

Verifica-se, que o enriquecimento do composto com cinza de eucalipto foi mais


efetivo que o enriquecimento com fosfato natural. A adição de cinza à pilha
proporcionou aumentos nos teores de potássio, magnésio e especialmente de cálcio e a
adição de fosfato natural proporcionou aumentos nos teores de fósforo, cálcio e enxofre.
Os menores teores de nitrogênio observados nos compostos enriquecidos foram devido
à adição de materiais praticamente isentos de nitrogênio às pilhas de composto.
O material de enriquecimento deve ser adicionado ao composto, durante o
revolvimento da pilha, a partir do segundo revolvimento, quando o composto já
apresenta uma maior capacidade de retenção dos materiais adicionados. Se adicionados
durante a montagem da pilha, os materiais de enriquecimento são facilmente lavados.

Problemas mais comuns na compostagem e medidas corretivas:

Durante a compostagem, a pilha de composto pode apresentar alguns problemas,


tais como: baixa temperatura inicial, quando deveria estar alta; cheiro forte de amônia;
presença de muitas moscas no local de compostagem, dentre outros. Para cada um
destes problemas existe uma ou mais medidas corretivas.
Problemas mais comuns durante o processo de compostagem e medidas corretivas
passíveis de serem adotadas.

Problema Causa possível Solução

Material muito seco Revire a pilha e adicione água

Revire a pilha deixando que ela


Material com excesso de umidade
seque naturalmente

Adicionar material rico em


Muito material rico em carbono
nitrogênio como esterco e revire a
(falta de nitrogênio)
pilha.
Pilha com baixa
temperatura, Pilha muito compactada Revire a pilha
quando deveria
estar com alta.

Baixa quantidade de Adicionar material rico em


microorganismos microrganismos (terriço de mata,
esterco, bokashi, etc)

Aumente o tamanho da pilha, ou


Pilha pequena
isole-a lateralmente

Umidade em excesso Revire a pilha


Cheiro a podre
Compactação Revire a pilha

Adicione material palhoso (rico


Cheiro de amônia Excesso de nitrogênio
em carbono)

Excesso de água
Atração de Revire a pilha deixando-a secar
moscas e
mosquitos
Falta de oxigênio Revire a pilha

Compacte a pilha batendo com a


Temperatura muito Pilha muito aerada ou com enxada
elevada relação C/N < 30/1
Adicione material palhoso
Características do composto orgânico:

O composto pronto (maduro) apresenta as seguintes características:


- coloração escura e aspecto graxoso (facilmente moldado na mão)

- cheiro agradável (cheiro de terra úmida)

- materiais usados não são facilmente identificados

- pH próximo de 7,0

- relação C/N entre 10/1 e 15/1

- teor de matéria orgânica próximo de 50%

- teor de nitrogênio entre 1,5 a 2,5%

- teores variáveis dos demais nutrientes

- estabilidade, ou seja, não esquenta e libera lentamente os nutrientes

Observações:
- Composto pronto não deve ficar exposto à ação do tempo, ou seja, deve permanecer
umidecido e protegido do sol e da chuva.
- Controle de qualidade: misturar uma porção de composto em um copo de água, após
a mistura, a solução irá ficar escura como se fosse uma tinta preta e presença de
partículas em suspensão. Caso contrário, ou seja, se a água não for colorida e o material
se depositar no fundo do copo, indica que o processo de compostagem ainda não
terminou.

Adubação com composto orgânico:


- fraca: 5 a 10 toneladas por hectare
- média: 20 a 30 toneladas por hectare
- forte: 40 a 50 toneladas por hectare

Produção de substrato:
- custo de produção: R$ 0,10/kg
- preço de venda: R$ 0,30 a R$ 0,40/kg

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