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CPV – 82% de aprovação na ESPM

ESPM – NOVEMBRO/2008 – PROVA E

REDAÇÃO
Tema 1

“As atividades que ocupam o lugar central das organizações não são mais aquelas que visam produzir ou distribuir objetos, mas
aquelas que produzem e distribuem informação e conhecimento”.
Peter Drucker – Post-Capitalist Society.

A economia baseada em conhecimento não se refere somente às indústrias de software, computação ou biotecnologia, ou, ainda, a
tecnologias de informação e à internet. Existem novas fontes de vantagens competitivas para as empresas, como a capacidade de
inovar e criar novos produtos e explorar novos mercados.

PROPOSTA: Elabore um texto dissertativo que apresente o conhecimento como fator essencial para a economia mundial
contemporânea.
Tema 2

“Quando se diz que alguém é bom trabalhador, que é comprometido com a empresa, estamos atribuindo-lhe identidades positivas.
Quando se diz que alguém é consumista ou gastador, estamos no pólo oposto, atribuindo-lhe uma identidade negativa (...). A opção
pelo olhar apocalíptico sobre o consumo transforma um fenômeno absolutamente central em nossa cultura – algo que até nomeia
nosso tempo como sociedade de consumo – em mero repositório de culpas (...). A mídia, o marketing, a publicidade, o design
interpretam a produção, socializam para o consumo e nos oferecem um sistema classificatório que permite ligar um produto a cada
outro e todos juntos às nossas experiências de vida.”
Everardo Rocha, em As faces da moeda: produção e consumo na cultura contemporânea.

PROPOSTA: A partir do texto acima e da seguinte reflexão: “A produção e o consumo, para o bem ou para o mal, são parte
integrante da sociedade moderno-contemporânea, pois sua relação é indelével: o que afeta um, afeta o outro”, elabore uma dissertação,
com argumentos lógicos e coerentes, apresentando suas considerações sobre o tema.

• Escolha um dos temas acima e desenvolva uma dissertação com o mínimo de 20 linhas e o máximo de 30 linhas, considerando-
se letra de tamanho regular.
• Assinale o tema escolhido (1 ou 2) nos quadradinhos correspondentes (próxima página).
• Dê um título sugestivo e criativo à sua redação.
• Defenda ou refute as idéias apresentadas, elaborando uma dissertação coesa, coerente, organizada e estruturada. Fundamente
suas idéias com argumentos, sem sair do tema. Fidelidade ao tema é um dos itens de avaliação.
• Importante: Não vamos questionar o seu ponto-de-vista, mas sua capacidade de análise, argumentação e competência linguística.

CPV espm08NOV 1
2 espm – 16/11/2008 cpv – especializado na espm
COMENTÁRIO DE REDAÇÃO
Possibilidades de abordagem:
Tema 01
O tema 01 solicitava a elaboração de um texto dissertativo sobre o conhecimento como fator essencial para a economia mundial contemporânea.
Como base, a Banca ofereceu ao candidato um excerto da obra Post-Capitalist Society, de Peter Drucker. A leitura desse fragmento evidenciava que,
atualmente, as atividades centrais das organizações constituem aquelas que produzem e distribuem informação e conhecimento. Além disso, a
proposta apresentava uma consideração sobre o fato de o conhecimento não se restringir mais às indústrias de software, computação ou
biotecnologia, ou ainda, a tecnologias de informação e à internet. Ao contrário, o conhecimento representa uma fonte de vantagens competitivas
para as empresas, pois otimiza a capacidade de inovar e criar novos produtos e explorar novos mercados.
O candidato deveria destacar que, atualmente, a sociedade mundial, induzida pela globalização econômica e pelo desenvolvimento das tecnologias
de comunicação, enfrenta uma série de rupturas em seus paradigmas. Esse processo acabou por caracterizar o momento como a Era do Conhecimento
e da Informação. A realidade dessa nova Era estabelece, por premissa, que as novas fontes de riqueza são o conhecimento e a comunicação, e não
mais os recursos naturais ou o trabalho físico. Soma-se a isso o fato de a abertura de mercado ter trazido atrelado um aumento significativo de
concorrentes que, ao lado da disseminação da tecnologia da informação e das redes, contribuiu para a destruição de parcela significativa do emprego,
tal como o que se conhece na Era Industrial. Não se trata mais apenas de máquinas que fazem o trabalho de dezenas, centenas de homens; trata-
se do intangível — um software, por exemplo — gerando produtos e serviços que podem não ter realidade física: a informação que gera o
conhecimento que produz inovação que se traduz em competitividade.
Nesse contexto, a tecnologia deve viabilizar as mudanças necessárias para que as empresas sobrevivam em um mercado cada vez mais competitivo
e agressivo. Para atender a essa demanda, segundo o próprio Drucker, os trabalhadores se dividirão em duas categorias: trabalhadores do
conhecimento e trabalhadores de serviços. Esse fato cria, para o trabalhador, a necessidade de estudar continuamente, pois o conhecimento está
se renovando muito rapidamente.
Assim, os novos modelos de gestão, as novas tecnologias e a globalização econômica estão produzindo muitos reflexos e oportunidades de
mudanças em todos os setores da nossa sociedade. A economia mundial vive um processo de intensificação na competitividade e na capacidade de
gerar inovação tecnológica. Hoje, processos que permitem o ganho de tempo no acesso a informação e à capacidade de aprender são valorizados
e tornam-se aliados na vida dos indivíduos e das organizações, na medida em que se vive um momento em que está imposto a todos um ritmo
vertiginoso em prol da competência.
Tema 02
O tema 02 solicitava a elaboração de um texto dissertativo sobre o caráter indelével da produção e do consumo como parte integrante da
sociedade moderno-contemporânea. Como base, a Banca ofereceu ao candidato um excerto de As faces da moeda: produção e consumo na
cultura contemporânea, de Everardo Rocha. A leitura desse fragmento evidenciava que, atualmente, falar de consumo e de produção é falar de
fenômenos que marcam o espírito do nosso tempo. Na vida cotidiana, esses são temas usuais e recorrentes. Porém, de modo geral, nesses debates,
a produção é sempre classificada como algo positivo, enquanto que o consumo caracteriza-se como algo negativo.
O candidato deveria destacar que esses assuntos — produção e consumo — perpassam diferentes grupos e classes socioeconômicas, pois são
temas que atuam como parte de um repertório essencial e amplamente disponível no imaginário da cultura contemporânea. Produção e consumo
são como códigos através dos quais um imenso conjunto de representações e práticas ganha sentido. Entretanto, ainda que produção e consumo
sejam assuntos comuns, é interessante ver que geram diferenças significativas se aplicados ao comportamento humano. Segundo o texto, “quando
se diz que alguém é bom trabalhador ou que é comprometido com a empresa, que veste a camisa, que se dedica, estamos atribuindo-lhe identidades
positivas. Quando se diz que alguém é consumista ou gastador, estamos no pólo oposto, atribuindo-lhe uma identidade negativa”. Essa diferença
indica, de forma eloqüente, a superioridade moral que a produção e os seus temas — trabalho, empresa, profissão — possuem quando
comparados ao consumo e aos seus temas — marcas, compras, gastos. É como se a produção fosse nobre e valorosa, e o consumo, do outro
lado, fosse superficial e fútil. A idéia do consumo como consumo desenfreado, vício compulsivo, doença, problema ou superficialidade tem
grande apelo ideológico. É comum que variações sobre essa idéia apareçam em artigos de jornal, reportagens de revistas ou debates televisivos.
Nesses fóruns, geralmente, o consumo é julgado e condenado como responsável por boa parte das mazelas do mundo. O consumo é sempre um
culpado disponível, um dos réus favoritos, um bom argumento para sustentar a superioridade moral da produção. Porém, o consumo, através de
um complexo sistema de representações, define também capitais sociais, expressa identidades, diferenças, subjetividades, projetos, comportamentos,
relações e oferece um mapa classificatório que regula várias esferas da experiência social na cultura contemporânea.
Por isso, segundo o próprio Everardo Rocha: “é importante indicar alguns pontos que podem ser bons para pensar o consumo como um
fenômeno central na sociedade contemporânea. O primeiro é que o consumo é um sistema de significação e a principal necessidade que supre
é uma necessidade simbólica. O segundo é que o consumo é como um código, e, através desse código, são traduzidas muitas das nossas relações
sociais. O terceiro é que esse código, ao traduzir relações sociais, permite a classificação de coisas e pessoas, produtos e serviços, indivíduos
e grupos. O consumo é um sistema de classificação do mundo que nos cerca a partir de si mesmo e, como é próprio dos códigos, pode ser sempre
inclusivo. E inclusivo em dois sentidos: de um lado, inclusivo de produtos e serviços que a ele se agregam e são por ele articulados aos demais, de
outro, inclusivo de identidades e relações sociais que são definidas, em larga medida na nossa vida, a partir dele. Através do consumo e da narrativa
midiática que lhe dá sentido, são reproduzidas formas de sociabilidades, modos de vida e experiências sensíveis que definem produtos e serviços
como necessidades; explica-os como modos de uso; confecciona desejos como classificação social.”
É essencial, portanto, entender a natureza das relações entre produção e consumo. Nem uma nem outra deve ser desenfreada. O consumo não é
culpado; é parte integrante de um processo articulado à esfera da produção. Na verdade, vive-se, hoje, um modelo de sociedade iniciada com a
Revolução Industrial e no qual produção e consumo são duas faces da mesma moeda. Sem consumo, a produção não tem razão de existir. E o mundo
seria outro. Assim, para chegar ao equilíbrio, deve haver consumo consciente, mas também produção consciente. Não se deve colocar a compra
como valor absoluto ou buscar a felicidade simplesmente pela obtenção de bens de consumo. A esperança é de que, cada vez mais, consumidores,
de um lado, e forças produtivas, de outro, tomem consciência de que responsabilidade é fundamental tanto no consumo quanto na produção.
CPV espm08NOV

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