Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi a analisar da cinética de secagem e da contração volumétrica dos
frutos da acerola in natura (Malphighia emarginata DC), bem como, obter os valores de difusão
líquida durante o processo de secagem. Os frutos da acerola foram submetidos à secagem nas
temperaturas de 40ºC, 55ºC e 70°C. Ao longo da secagem foi analisado o comportamento do
fruto, como sua variação do volume e perda de água, até os frutos chegarem ao teor de água de,
aproximadamente, 0,25 b.s. Modelos matemáticos foram aplicados aos dados experimentais
para descrever o processo de secagem e contração volumétrica. Os modelos de Midilli e
Polinomial foram os que mais se adaptaram na descrição da cinética de secagem e contração
volumétrica, respectivamente. A difusão líquida aumenta com a elevação da temperatura do ar
de secagem apresentando valores entre 0,41 x 10-12 m²s-1 e 3,16 x 10-12 m²s-1.
ABSTRACT
The objective of this study was to examine the kinetics of drying and shrinkage of the the
indian cherry fruit in natura (Malphighiaemarginata DC), as well as obtaining the values of
liquid diffusion during the drying process. The fruits of the indian cherry were dried at
temperatures of 40 º C, 55 º C and 70 ° C. During the drying behavior was analyzed result, such
a change in volume and loss of water to reach the fruit moisture content of about 0.25 bs.
Mathematical models were applied to experimental data to describe the process of drying and
shrinkage. Models Polynomial and Midilli were most adapted to describe the kinetics of drying
and shrinkage, respectively. The liquid diffusion increases with increasing drying air
temperature with values between 0.41 x 10-12 m²s-1 and 3.16 x 10-12 m²s-1
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.17, n.4, p.399-408, 2015
Análise da cinética de secagem, contração volumétrica e difusão líquida da acerola “in natura” D’Andre et al. 401
em que,
em que y = valor observado experimentalmente;
Xe = teor de água de equilíbrio, decimal (b.s.); y0 = valor simulado pelo modelo;
Xm = teor de água na monocamada molecular, n = número de observações experimentais;
adimensional; GLR = graus de liberdade do modelo.
C = constante dependente da temperatura;
n = número de camadas moleculares; e A taxa de redução de água durante a secagem
aw = atividade de água. dos frutos de acerola foi determinada por
(Corrêa et al., 2001), descrito na equação (6).
Devido à inexistência na literatura de
parâmetros, para descrever as isotermas de Mao − Mai
sorção da polpa de acerola à temperatura do ar TRA = (6)
Ms (ti −to )
de 70ºC, foi utilizado o programa XYEXTRAT em que,
versão 5.1 para extrair os pontos da curva do TRA = taxa de redução de água, em kg. kg-1.h-1;
gráfico apresentado por Miyake, 2008. Ma0 = massa de água total anterior, em kg;
Com base nos dados obtidos durante a Mai = massa de água total atual, em kg;
secagem foram desenvolvidas as curvas de Ms = matéria seca, em kg;
secagem em função do tempo, que representam to = tempo total de secagem anterior, em h;
a razão de umidade em função do tempo de ti = tempo total de secagem atual, em h.
secagem.
A razão de umidade do produto foi Para determinação da contração
determinada de forma analítica, conforme volumétrica e da difusão líquida, a forma do
equação (2) (Brooker et al., 1992). fruto foi ajustada a um esferoide (Figura 1),
permitindo melhor representação do volume,
𝑋 ∗ −𝑋𝑒∗ sendo as medidas de suas dimensões, obtidas
𝑅𝑋 = =
𝑋𝑖∗ −𝑋𝑒∗ por meio de um paquímetro digital ao longo de
6 1 𝑛2 .𝜋2 .𝐷.𝑡 3 2 toda a secagem. Utilizou-se para determinar o
2
∑
𝑛=1 2
𝑒𝑥𝑝 [− .( ) ] (2) volume a Equação (7) (MOHSENIN,1986):
𝜋 𝑛 9 𝑅
em que, ( a 2 b)
V (7)
RX = razão de umidade do produto, 6
adimensional;
R = raio equivalente, m;
Xe* = teor de água de equilíbrio do produto,
decimal (b.s.);
n = número de termos;
Xi* = teor de água inicial do produto, decimal
(b.s.).
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.17, n.4, p.399-408, 2015
Análise da cinética de secagem, contração volumétrica e difusão líquida da acerola “in natura” D’Andre et al. 403
Tabela 3 – Parâmetros obtidos para os modelos de cinética de secagem da acerola nas temperaturas do
ar de secagem de 40, 55 e 70°C.
Temperatura 40ºC
2
Modelo R P SE X2 A B K K0 K1 N
Newton 98,25 12,97 0,0426 0,00181 - - 0,01913 - - -
Page 99,81 5,14 0,0141 0,0009 - - 0,0064 - - 1,281
Page
99,81 5,14 0,0141 0,00019 - - 0,01956 - - 1,281
Modificado
Thompson 98,25 12,98 0,0430 0,00184 -1504,6 5,3655 - - - -
Verna 99,84 4,74 0,0132 0,00017 -1,7786 - - 0,0444 0,0317 -
Wang e Singh 99,61 6,19 0,0202 0,00040 -0,0155 0,00006 - - - -
Midilli 99,89 2,90 0,011 0,00012 0,9827 0,0004 0,0040 - - 1,419
Logaritmo 99,11 7,27 0,0307 0,00094 1,0941 -0,0411 0,0193 - - -
Exponencial
de dois 98,20 13,13 0,043 0,00184 0,0019 9,6115 - - -
termos
Dois termos 98,87 9,81 0,035 0,00122 0,5263 0,5263 0,0204 0,0204 -
Aproximação
99,84 4,74 0,013 0,00016 -1,7636 0,7114 0,0445
da difusão
Temperatura 55ºC
2
Modelo R P SE X2 A B K K0 K1 N
Newton 96,62 21,10 0,0591 0,0034 - - 0,0528 - - -
Page 99,75 4,31 0,0164 0,00026 - - 0,0160 - - 1,4087
Page Modificado 99,81 4,31 0,0141 0,00019 - - 0,0531 - - 1,4088
Thompson 96,62 21,10 0,0598 0,00357 -3077,2 12,616 - - - -
Verna 96,62 21,10 0,0605 0,00366 -0,1381 - - 0,0528 0,0528 -
Wang e Singh 99,40 8,36 0,0253 0,00064 -0,0395 0,0003 - - - -
Midilli 99,86 0,07 0,0055 0,00003 0,9658 0,0004 0,0104 - - 1,5471
Logaritmo 99,35 0,07 0,0051 0,00002 1,4660 -0,4338 0,0307 - - -
Exponencial de
99,61 5,96 0,0205 0,00042 1,9164 - 0,0818 - - -
dois termos
Dois termos 97,75 16,54 0,0500 0,0025 0,5399 0,5400 - 0,0578 0,0578
Aproximação da
99,70 5,05 0,0181 0,00032 -127,63 0,9933 0,1071 - - -
difusão
Temperatura 70ºC
2
Modelo R P SE X2 A B K K0 K1 N
Newton 98,13 12,86 0,0439 0,00192 - - 0,1007 - - -
Page 99,83 5,07 0,0137 0,00018 0,0552 - - 1,2659
Page Modificado 99,83 5,07 0,0137 0,00018 0,1015 - - 1,2659
Thompson 98,13 12,86 0,0448 0,00200 -2329,1 15,348 - - - -
Verna 98,13 12,86 0,0458 0,00209 -0,1000 - - 0,1007 0,1007 -
Wang e Singh 99,60 5,64 0,0207 0,00042 -0,0810 0,0017 - - - -
Modelo R2 P SE X2 A B K K0 K1 N
Midilli 99,93 0,07 0,0044 0,00001 0,9794 0,0027 0,0421 - - 1,4200
Logaritmo 99,39 0,16 0,0089 0,00007 1,1837 -0,1412 0,0083 - - -
Exp. dois termos 99,86 4,53 0,0123 0,00015 1,8290 - 0,1489 - - -
Dois termos 98,95 8,70 0,0351 0,00123 0,5342 0,5342 - 0,1092 0,1092 -
Aproximação da
99,86 4,47 0,0125 0,00015 -0,6727 0,4941 0,2929 - - -
difusão
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.17, n.4, p.399-408, 2015
404 Análise da cinética de secagem, contração volumétrica e difusão líquida da acerola “in natura” D’Andre et al.
-1
0,90 40ºC Experimental 0,45
Razão do Teor de Água
0,80 0,4
40ºC Estimado
0,70 0,35
(adimensional)
0,60 0,3
Taxa de Redução de Água (40ºC)
0,50 0,25
0,40 0,2
0,30 0,15
0,20 0,1
0,10 0,05
0,00 0
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0110,0120,0
Tempo (h)
1,00 2
Taxa de Redução de Água (kg.kg .h )
-1
-1
0,80 1,6
55ºC Estimado
(adimensional)
0,70 1,4
0,60 Taxa de Redução de Água (55ºC) 1,2
0,50 1
0,40 0,8
0,30 0,6
0,20 0,4
0,10 0,2
0,00 0
0 10 20 30 40
Tempo (h)
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.17, n.4, p.399-408, 2015
Análise da cinética de secagem, contração volumétrica e difusão líquida da acerola “in natura” D’Andre et al. 405
1,00 2
-1
0,80 1,6
70ºC Estimado
(adimensional)
0,70 1,4
0,60 1,2
Taxa de Redução de Água (70ºC)
0,50 1
0,40 0,8
0,30 0,6
0,20 0,4
0,10 0,2
0,00 0
0 5 10 15 20 25
Tempo (h)
Bala & Woods Adaptado 0,7845 0,3076 0,0022 9,91 0,0512 0,0026 95,87
Corrêa Adaptado - - - - - - -
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.17, n.4, p.399-408, 2015
406 Análise da cinética de secagem, contração volumétrica e difusão líquida da acerola “in natura” D’Andre et al.
1
0,9
40ºC Experimental 40ºC Estimado
0,8
Contração Volumétrica
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0
Tempo (h)
Figura 5. Gráfico de contração volumétrica para temperaturas 40ºC, 55ºC e 70ºC em função do tempo,
em horas.
1,2
40ºC Experimental 40ºC Estimado
Contração Volumétrica (adminesional)
0,6
0,4
0,2
0
0 2 4 6 8 10 12
água, mas também ocorre uma relação de dos Frutos de Café Durante o Processo de
dependência com as condições do processo e da Secagem. Revista Brasileira de Engenharia
geometria do produto. O comprimento, largura, Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.
a espessura e o diâmetro geométrico médio dos 6, n. 3, p. 466-470, 2002.
frutos sofrem redução de suas magnitudes com
a redução do teor de água. Na simulação, o Corrêa, P.C.; Resende, O.; Goneli, A.L.D.;
modelo Polinomial, dentre os seis modelos Botelho, F.M.; Nogueira, B.L. (2006).
testados, foi o que melhor representou o Determinação do coefiente de difução
fenômeno da contração volumétrica unitária dos líquida dos grãos de feijão. Brasileira De
frutos de acerola. Produtos Agroindustriais , VIII (2), 117-126.
Conclui-se também que a difusão
líquida aumenta com a elevação da temperatura Freire, J.L.O.; Lima, A.N., Santos, F.G.B, João
com valores entre 0,41 x 10-11 m2s-1 e 3,16x10-11 Marinu, V..L. Características Físicas de
m2s-1. Frutos de Acerola Cultivada em Pomares de
Diferentes Microrregiões do Estado da
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS Paraíba. Agropecuária técnica. Areia, PB,
CCA UFPB.v.27, n.2,p. 105-110,2006.
Almeida, C. A. Estudo da Cinética de Secagem
da Acerola. Universidade Federal de Freitas, C.A.S.; Maia, G.A.; Costa, J.M.C.;
Campina Grande. Campina Grande: UFCG. Figueiredo R.W.; Sousa, P.H.M.. Acerola:
2006. (Dissertação de Mestrado). Produção, Composição, Aspectos
Nutricionais e Produtos. Revisão
Alves, G. E.; Isquierdo, E. P.; Borém, F. M.; Bibliográfica. Revista Brasileira
Siqueira, V. C., Oliveira, P. D.; Andrade, E. Agrociência, Pelotas, v. 12, n. 4, p. 395-400,
T. Cinética de secagem de café natural para out-dez, 2006
diferentes temperaturas e baixa umidade
relativa. Coffee Science, Lavras, v. 8, n. 2, Goneli, A. L. D.; Corrêa, P. C.; Magalhães,F. E.
p. 238-247, 2013. A.; Baptestini, F. M. Contração Volumétrica
e Forma dos Frutos de Mamona Durante a
Borém, F. M. Pós-Colheita do Café. Lavras Secagem. Acta Scientiarum. Agronomy,
MG: UFLA, 2008. 631p. Maringá, v. 33, n. 1, p. 1-8, 2011.
Brooker, D.B.; Bakker-Arkema, F.W.; Hall. Instituto Adolfo Lutz. Normas Analíticas do
C.W. Drying and storage of grains and Instituto Adolfo Lutz. [S.l.]: [s.n.], 1985.
oilseeds. New York: Van Nostrand Reinold,
1992. 450p. Lang, W.; Sokhansanj, S. Bulk Volume
Shrinkage During Drying of Wheat and
Chen, C.; Morey, V. Equilibrium relativity Canola. Journal of Food Process
humidity (ERH) relationships for yellow- Engineering, Trumbull, v.16, n.4, p.305-314,
dente corn.Transactions of ASAE, St. Jo- 1993.
seph, v.32, n.3, p.999-1006, 1989
Madamba, P. S.; Driscoll, R. H.; Buckle, K. A.
Chen, C.; Jayas, D.S. Evaluation of the GAB Thin-layer drying characteristics of garlic
equation for the isotherms of agricultural slices.Journal of Food Engineering, Essex, v.
products.Transactionsof ASAE, St. Joseph, 29, n. 1, p. 75-97, 1996.
v.41, n.6, p.1755-1760, 1998.
Manica, I.; Icuma, I.M.; Fioravanço, J.C.;
Corrêa, P. C.; Resende, O.; Garin, S. A.; Jaren, Paiva, J.R. De; Paiva, M.C.; Junqueira,
C.; Oliveira, G. H. H. Mathematical models N.T.V. Acerola: tecnologia de produção,
to describe the volumetric shrinkage rate of pós-colheita, congelamento, exportação,
red beans during drying. Revista Engenharia mercados. Porto Alegre: Cinco continentes,
Agrícola, Jaboticabal, v. 31, n. 4, p. 716- 2003. 397 p.
726, 2011
Marino Neto, L.Acerola : A Cereja
Corrêa, P. C.; Afonso Júnior, P. C.; Queiroz, D. Tropical. São Paulo: Nobel, 1986. 94p. il.
M.; Sampaio, C. P.; Cardoso, J. B. Variação
das Dimensões Características e da Forma
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.17, n.4, p.399-408, 2015
408 Análise da cinética de secagem, contração volumétrica e difusão líquida da acerola “in natura” D’Andre et al.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.17, n.4, p.399-408, 2015