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25/03/2018 Aplicação das Súmulas no STF :: STF - Supremo Tribunal Federal

Aplicação das Súmulas no STF

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Súmula 608

No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada.

Jurisprudência posterior ao enunciado

● Nova redação do artigo 225 do Código Penal após a Lei 12015/2009: ação penal pública incondicionada nas
hipóteses de violência sexual contra menor de 18 anos

"13. O art. 225 do Código Penal, na redação anterior à Lei nº 12.015/09, enunciava que os crimes contra a liberdade sexual,
praticados contra crianças ou adolescentes, só se processavam por meio de ação penal privada. Contudo, em duas situações
específicas, ao Ministério Público caberia a tarefa de propor a ação penal: i) no caso de vítima pobre; ou ii) quando o crime
fosse praticado com abuso do pátrio poder, ou da qualidade de padrasto, tutor ou curador. 14. A possibilidade do
ajuizamento da ação penal pública nos casos envolvendo violência sexual contra criança ou adolescente sempre suscitou
intensos debates na doutrina e na jurisprudência. 15. E o fato é que a Lei nº 12.015/2009 modificou o tratamento da
matéria, passando a prever a ação penal pública incondicionada nas hipóteses de violência sexual contra menor de 18 anos.
Veja-se, a propósito, a nova redação do art. 225 do Código Penal: 'Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste
Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação. Parágrafo único. Procede-se, entretanto,
mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.' 16. Ademais,
conforme lembrado pelo Relator originário, a própria Súmula 608 do STF admitia ainda uma terceira hipótese de propositura
da ação penal pública incondicionada no caso de crime de estupro: 'No crime de estupro, praticado mediante violência real, a
ação penal é pública incondicionada'." (HC 123971, Relator Ministro Teori Zavascki, Redator do acórdão Ministro Roberto
Barroso, Tribunal Pleno, julgamento em 25.2.2016, DJe 15.6.2016).

● Conceito de "violência real"

"1. A questão diz respeito à legitimidade do Ministério Público para propor a ação penal no caso concreto. 2. É dispensável a
ocorrência de lesões corporais para a caracterização da violência real nos crimes de estupro. Precedentes. 3. Caracterizada a
ocorrência de violência real no crime de estupro, incide, no caso, a Súmula 608/STF: 'No crime de estupro, praticado
mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada'. 4. Tem a jurisprudência admitido também a posição do mero
concubino ou companheiro para tornar a ação pública incondicionada. 5. Havendo o vínculo de união estável entre o paciente
e a mãe da vítima, aplica-se o inciso II do § 1º do art. 225 do Código Penal (vigente à época dos fatos). 6. Writ
denegado."
(HC 102683, Relatora Ministra Ellen Gracie, Segunda Turma, julgamento em 14.12.2010, DJe de 7.2.2011)

"1. Estupro. Tentativa. Caracteriza-se a violência real não apenas nas situações em que se verificam lesões corporais, mas
sempre que é empregada força física contra a vítima, cerceando-lhe a liberdade de agir, segundo a sua vontade. 2.
Demonstrado o uso de força física para contrapor-se à resistência da vítima, resta evidenciado o emprego de violência real.
Hipótese de ação pública incondicionada. Súmula 608-STF. Atuação legítima do Parquet na condição de dominus litis
. Ordem
indeferida. (...) não há dúvida de que o autor da agressão empregou violência real, já que esta não se opera apenas quando
dela resultam lesões corporais, mesmo que leves, mas também diante da ocorrência de simples coação física consumada,
sobretudo se, examinada nas circunstâncias presentes, a vítima fora submetida a vexame e constrangimento públicos. Nas
palavras sempre bem-vindas de Júlio Fabbrini Mirabete, 'violência é o emprego de força física contra a vítima, causando-lhe
ou não lesões corporais'. Como ensina Nelson Hungria, 'o termo violência é usado no artigo 213 no sentido restrito de
emprego de força material. É o meio aplicado sobre a pessoa da vítima para cercear sua liberdade externa ou sua faculdade
de agir ou não agir segundo a própria vontade. É a violência que o direito romano chamava de vis corporalis vis corpori
(
illata, vis absoluta), para distingui-la da exercida mediante intimidação...'. (...) Não é a consequência que caracteriza a
violência real, mas o emprego de força física para contrapor-se à resistência. (...) Irrelevante, dessa forma, a circunstância
de não haverem provas de que do ato resultaram lesões corporais, ao que tudo indica, efetivamente não ocorrentes. A
incontroversa coação física consumada, mesmo sem consequências à saúde da ofendida, tipifica violência real, permitindo,
assim a, legítima atuação do Parquet
como dominus litis
, nos termos da Súmula 608 deste Tribunal." (HC 81848, Relator
Ministro Maurício Corrêa, Segunda Turma, julgamento em 30.4.2002, DJ de 28.6.2002)

Data de publicação do enunciado: DJ de 31.10.1984.


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Última atualização: 31.3.2017 (gls)

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