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Universidade Federal do Paraná

Ecologia

Ecologia de Comunidades
Comunidade: Conjunto de populações de um ambiente, que
mantém relações ou não.
Biodiversidade: número e abundância de diferentes espécies
Organismos
Plantas – Animais - Microorganismos

Relações Alimentares e Outras

Fluxos de Energia e Processos populacionais


ciclagem

Comunidade Biológica
Debate histórico que persiste até hoje

Comunidades são um sistema organizado ou


uma coleção de espécies com mínima
integração?

Visão organísmica vs visão individualista


Frederic Clements (1916):
• considera as comunidades unidades
fundamentais

• faz uma analogia entre o conceito de comunidade


e espécie – classificação das comunidades
• comunidades vistas como organismos
• “balanço da natureza”

• VISÃO ORGANÍSMICA ou HOLÍSTICA


Henry Gleason (1926):

• enfatiza o princípio da continuidade


das espécies no espaço

• enfatiza a individualidade das espécies


• Cada população se desenvolve para maximizar o
sucesso reprodutivo dos seus membros, não para
beneficiar a comunidade

• VISÃO INDIVIDUALISTA
Visão atual:
• este exemplo aponta para idéias de Gleason
• as espécies se agrupam de forma individual, de
acordo com suas características genéticas
• as populações tendem em mudar gradualmente ao
longo de gradientes
Limites entre comunidades
Quais são suas fronteiras?
se as comunidades são unidades discretas, espera-se um
limite acentuado entre duas comunidades
Associação 1 Associação 2

Comunidades Abertas x Comunidades Fechadas


Estrutura e composição
• Riqueza de espécies: mais espécies nos trópicos
•Guildas: grupo funcional alimentar

• Formação: termo aplicado no início dos estudos


ecológicos para um tipo de vegetação com uma
forma típica de crescimento (Ex. florestas, campos,
cerrados, etc.)
Composição de espécies: quais são as espécies?
floresta savana

savana semi-árida campos


Campos gerais – Ponta Grossa
Floresta Atlântica – Serra da Graciosa
• em geral, respondem a fatores climáticos
Análise de gradientes
• na maior parte dos casos, os limites não são visíveis
Análise de gradientes
• na maior parte dos casos, os limites não são visíveis
floresta ripária

Planície
(“varjão”)

Rio

Ecótonos
Gradiente ambiental

Ecótonos: locais onde as espécies atingem os limites de suas distribuições,


são as fronteiras entre duas comunidades
Solo enxarcado Solo seco
Análise de gradientes
• na maior parte dos casos, os limites não são visíveis

Comunidades Abertas x Comunidades Fechadas


Análise de gradientes
Conceito de Continuum
• ambientes aquáticos

Dentro de habitats amplamente


definidos, florestas, campos ou
estuários, as populações se
substituem ao longo de
gradientes de condições físicas
Quão estáveis são as comunidades em uma
escala ecológica?
• não há consenso; são colocadas as seguintes questões:

• as comunidades encontram-se em equilíbrio ou não


equilíbrio?

• as comunidades são sistemas fechados ou abertos?

Comunidades são sistemas que se alteram; são sistemas


abertos e que podem permanecer em condições
transitórias (em não equilíbrio) por longos períodos de
tempo.
Pensando sobre a DIVERSIDADE

Teoria da Biogeografia de Ilhas


1963, 1967

Edward Wilson Robert MacArthur


Harvard University Pennsylvania University

Diversidade
O que diz a teoria
“O número de espécies de uma ilha é determinada pelo equilíbrio entre
IMIGRAÇÃO de novas espécies e a EXTINÇÃO daquelas já presentes”

“As taxas de IMIGRAÇÃO e EXTINÇÃO dependem do TAMANHO da ilha e da


DISTÂNCIA de um reservatório continental”
Com o aumento de sps na ilha, a taxa
de migração diminui, com mais
colonizadores se estabelecendo,
menos ind. de novas sps chegam
Estado estacionário

Se uma sp desaparecer a taxa de


extinção aumentaria com o número
de sps presentes
Pensando sobre a DIVERSIDADE

Daniel Simberloff

Experimento nas Ilhas Flórida Keys


Fumigou 4 ilhas inteiras

O número espécies numa ilha se equilibram por processos


regionais (imigração) e locais (extinção)

Objetivo: Acompanhar a recolonização de


invertebrados e verificar quando a diversidade
atinge o equilíbrio
Ilhas pequenas e próximas Depois de um ano, ilhas
ao continente tinham mais A fumigação com mais próximas
espécies do que ilhas metilbrometo matou recuperaram mais espécies
distantes todos os artrópodes mais rapitamente
Onde haverá mais espécies?

3
1
Continente

1
Continente

2
Onde haverá mais espécies?

1
Continente

2
Aplicação da Teoria

•Planejamento de Reservas Naturais

•Ecologia da Conservação;
•Ecologia da Paisagem.

•Funciona bem para ilhas isoladas,


•mas em fragmentos florestais?
Fragmentos Florestais
Tamanho e Forma

> Mortalidade das árvores; Efeito de Borda


> Taxas de substituição
Taxas de recrutamento
Alterações microclimáticas (oC, ventos)

Relação PERÍMETRO / ÁREA


Maior R  maior borda
Menor R  menor borda
Fragmentos Florestais
Ações antrópicas nas bordas

Fogo

Caça

Animais domésticos

Exploração de Recursos

Invasão de Espécies
A partir de certo estágio de desmatamento a perda de
diversidade de espécies cresce em ritmo acelerado
Fragmentos Florestais
Tamanho e Forma
Fragmentos Florestais
Tamanho e Forma

Corredores Ecológicos

Um corredor corresponde a uma grande área de


extrema importância biológica, composta por uma rede
de unidades de conservação entremeadas por áreas
com variados graus de ocupação humana e diferentes
formas de uso da terra, na qual o manejo é integrado
para garantir a sobrevivência de todas as espécies, a
manutenção de processos ecológicos e evolutivos e o
desenvolvimento de uma economia regional forte,
baseada no uso sustentável dos recursos naturais
(Sanderson et al., 2003; Ayres et al., 2005).
Tamanho x Riqueza
Metapopulação

Uma subpopulação dividida em subpopulações discretas


Diversidade
• Medidas da diversidade de espécies:
• número de espécies (S = riqueza de espécies)
• é a medida mais simples e possui algumas
vantagens:
i) o conceito de espécie captura a essência da
biodiversidade
ii) seu significado é amplamente compreendido
iii) é um parâmetro mensurável
iv) existem vários bancos de dados a respeito
Duas medidas da diversidade
(Purvis & Hector, 2000 - Nature)

a amostra A mais “diversa”, na amostra B existe menor chance


pois há mais espécies do que de escolher dois indivíduos da
a amostra B mesma espécie, ao acaso
• Limitações do uso da S:
• dificuldades na definição e discriminação de
espécies
• dependência da escala amostral

Gaston (1996)
• Limitações do uso da S:
• status da espécie – transitórias vs. residentes
• dependência do esforço de amostragem

Gimenes & Anjos (2004)


Gaston (1996)
• Limitações do uso da S:

• dependência do esforço de amostragem


25 Palotina 25 Toledo
B
Number of species

20 20
15 15
10 10
Sobs
5 5 Ace
Chao1
0 0
1 2 3 4 1 2 3 4

Número de amostras
Amostras com mesma S mas diferentes equitabilidades

Amostra A Amostra B
Espécie A 198 100
Espécie B 2 100
Medidas de Diversidade Biológica
Questões em Ecologia de Comunidades

Porque variam as espécies??? Biologia da


Conservação

Entre Locais

Diversidade
Tropical
“tema central em
x
Ecologia
Temperado

No tempo
Questões em Ecologia de Comunidades
Questões em Ecologia de Comunidades

Endemismo

Plantas 44%

Vertebrados* 35%
*exceto peixes

Medidas e 25 hotspots
tomadas de decisões
conservacionistas
Conhecimento
sobre a
riqueza e
distribuição
Heterogeneidade e Riqueza de Espécies

Espécies raras

Espécies mais comuns

Quando parar de amostrar???

Quando S atingir um platô

Comparação entre áreas Obter o mesmo no de amostras


ou diferentes comunidades (tempo, área, transceto, quandrante)
Heterogeneidade e Riqueza de Espécies

PROBLEMAS:
Aves da floresta  Fácil amostragem
Todos os animais da floresta  Difícil amostragem

Mensurar plantas da floresta (raízes, galhos, folhas???)

Solução: biomassa / espécie / área


Heterogeneidade e Riqueza de Espécies
Índices de Diversidade

Índices são medidas comparativas

DIVERSIDADE = RIQUEZA + REPARTIÇÃO


S (abundância relativa Pi)

Medidas de S desconsideram sps raras e comuns


Índices de Diversidade

A B

Sps A B C D E Sps A B C D E
N 110 10 10 10 10 N 30 30 30 30 30
Alta Dominância Baixa Dominância

S+E

Maior diversidade
Índices de Simpson (D)

Pi = proporção de cada espécie em relação


ao total de todas as espécies (ni/N)

Sps A B C D E Total

N (ni) 110 10 10 10 10 150

Pi 0,73 0,06 0,06 0,06 0,06


(ni/n)
Pi2 0,5329 0,0036 0,0036 0,0036 0,0036 1,8271
Atribui peso a espécies comuns  eleva ao quadrado ni/N, gerando valores muito pequenos
Índices de Shannon-Wiener

H prediz a quantidade de incerteza ao predizer


corretamente a espécie a que pertence o
próximo indivíduo coletado em uma amostra

Derivado da teoria da informática;


Mais utilizado
Atribui peso maior a espécies raras

Sps A B C D E Total

N 110 10 10 10 10 150

Pi 0,73 0,06 0,06 0,06 0,06

Ln(Pi) -0,315 -2,813 -2,813 -2,813 -2,813

PiLn(Pi) -0,229 -0,169 -0,169 -0,169 -0,169 0,905

Qual índice escolher????


Índices de Equitabilidade “evenness”
Uniformidade

Quantificar a desigualdade
apresentada opostamente por uma
comunidade em que todas as
espécies são igualmente comum

ou

A B
Impacto mais acentuado na
zona lacustre
Maior cobertura por
macróficas  maior riqueza
de peixes
Impacto da barragem
sobre a diversidade
de peixes
Lêntico Lótico
Maior impacto sobre a
diversidade de peixes na zona
lacustre
Espécies indicadoras em comunidades:
• sua presença ou alterações de densidade refletem
mudanças nos demais membros da comunidade
• facilita o trabalho dos profissionais da biologia da
conservação
Influência da urbanização sobre as assembléias
de peixes em três córregos de Maringá, Paraná
Cunico et al. 2006 (Rev. Bras. de Zoo. 23(4):1101-1110)
Uso do conceito na biologia da conservação:
Espécie guarda-chuva:
• necessitam de amplas áreas
• sua proteção protege várias outras espécies
• Exemplo: dourado, pintado
Espécie bandeira:
• é carismática e popular
• serve como símbolo para a conservação
• Exemplo: mico-leão-dourado, panda
Espécie chave:
• é importante para manter a estrutura da
comunidade

A idéia básica que envolve o conceito é de que a


espécie-chave é crítica para a manutenção da
estrutura da comunidade, uma vez que previne a
monopolização de recursos decorrente de intensa
competição nos níveis tróficos inferiores
Relações Ecológicas

Positivas Neutras Negativas

0
Dentro da população Entre populações
Intraespecíficas Inter-específicas
Relações Ecológicas

+ Dentro da população
Intraespecíficas
Sociedades Colônias
Associação de Formam uma unidade
indivíduos

Volvox
Relações Ecológicas

+ Entre populações
Inter-específicas
Mutualismo Protocoperação
Ambas se beneficiam Não é obrigatória, mas
ambas se beneficiam

+ +

+ +
Vivem separadamente
Relações Ecológicas

+ Entre populações
Inter-específicas
Comensalismo
0
Uma espécie se
beneficia usando restos
0
alimentares da outra

+
Relações Ecológicas

+ Entre populações
Inter-específicas
Inqulinismo /
0
epifitismo
Uma spp se fixa ou se
abriga em outra
+
0
Relações Ecológicas – Desarmônicas

- Entre populações
Inter-específicas
Competição
-
Concorrem pelo mesmo
recurso (alimento)
Relações Ecológicas – Desarmônicas

+ Entre populações
Inter-específicas
Predação e
-
Parasitismo
Uma spp se alimenta da
outra
Chupim

+
- +
-
Relações Ecológicas – Desarmônicas

0 Entre populações
Inter-específicas
Amensalismo
Penicillim
-
Uma spp inibi o
crescimento da outra

Bactérias

-
o
Equilíbrio - homeostase
Sucessão Ecológica
Desenvolvimento de uma Comunidade
Ecese: Comunidade
pioneira. Comunidade Sere: Comunidade em Clímax: árvores de
simples, organismo de transição. Sementes grande porte, mais
pequeno porte, ajudam a trazidas pelo vento, espécies, estabilidade.
formar o solo, matéria gramíneas, arbustos, Clima, flora e fauna
orgânica. pequenos animais adaptados
Espécies pioneiras
Sucessão na praia

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