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A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO NA PSICANÁLISE Jaqueline Pizutti Monografia PDF
A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO NA PSICANÁLISE Jaqueline Pizutti Monografia PDF
Ijuí (RS)
2012
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Ijuí (RS)
2012
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AGRADECIMENTOS
A Deus, em primeiro lugar, por acreditar que tudo acontece muito perfeito.
À minha querida amiga Gladis, a qual já não está mais entre nós, mas que
antes mesmo de me interessar pela Psicologia, disse que eu seria uma
psicóloga.
RESUMO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 6
INTRODUÇÃO
O primeiro capítulo trabalha a trajetória pela qual o sujeito passa para se subjetivar.
Inicia com os cuidados que a mãe tem com o filho nos primeiros momentos da vida e as
consequências que podem advir dessa relação narcísica da mãe com a constituição do seu
filho. O sujeito de que trata a Psicanálise é o sujeito da linguagem, sendo que tanto Freud
quanto Lacan fundamentam que o sujeito só pode ser atravessado pela linguagem. Ele é um
ser social que se subjetiva por meio de outro da mesma espécie que lhe transmita
significantes.
Os objetivos propostos neste trabalho é tentar entender este sujeito que a Psicanálise
nos coloca a defrontar todos os dias no trabalho clínico.
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Em seus estudos clínicos com as histéricas, Freud constatou que existia uma realidade
muito particular, e que esta realidade se expressava por meio dos sintomas que apareciam no
corpo de suas pacientes. Essa realidade, que ele denominou fantasias, instigou o rumo de suas
investigações. Assim, por meio da “associação livre” da fala das pacientes, foi descobrindo
que as fantasias eram construídas por experiências vividas na infância, e que diziam da
verdade do sujeito. A escuta dessas verdades que as pacientes relatavam sem saber levou
Freud a postular a existência do inconsciente.
[...] um ato psíquico passa por duas fases quanto a seu estado, entre as quais se
interpõe uma espécie de teste (censura). Na primeira fase, o ato psíquico é
inconsciente e pertence ao sistema Ics; se, no teste, for rejeitado pela censura, não
terá permissão para passar à segunda fase; diz-se então que foi “reprimido”, devendo
permanecer inconsciente. Se, porém, passar por esse teste, entrará na segunda fase e,
subsequentemente, pertencerá ao segundo sistema, que chamaremos de sistema Cs.
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A construção psíquica é um processo pelo qual o bebê humano precisa passar para que
venha a se constituir enquanto sujeito. Freud ([1905], 2006) explica que o infans, ao nascer,
por sua dependência, precisa do outro para lhe dar um lugar de existência e, para isso, é
necessária a linguagem.
A criança nasce como uma espécie de folha em branco, e para que nela se inscreva
algo, é preciso que outro igual, da mesma espécie, o faça por meio de significantes1. Esses
significantes é que marcam o nascente. Ao retirar o seio, a mãe constrói a falta do objeto. O
infans vai assim se subjetivando à medida do que experiencia ao ser atravessado pelos
significantes da mãe. Tendo um corpo biologicamente normal, vai estar propenso à
subjetivação por meio das marcas deixadas pelo “Outro”2. Essa falta inaugura o nascente pela
marca que a mãe imprime em seu corpo.
Para que se estruture um sujeito, a falta é necessária, pois o ato da provocação gera
nesta criança a pulsão como representante do biológico, a qual só pode ser aliviada por meio
do outro (objeto). É esse outro que pela repetição vai inscrever no filho o traço de memória.
Desta forma, a mãe amamenta seu filho aplacando sua fome (mal-estar) e ao retirar o seio
(satisfação) desperta no bebê uma tensão no sentido de desejar que esse outro (mãe) deseje
suprir o que sempre vai faltar. A marca que fica pelo objeto faltante é o que desenha no
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Parte-se do pressuposto de que a vida psíquica de um ser humano é inaugurada por um significante. Este é
fundado pelo mapeamento pulsional, que, ao ser empenhado no corpo do nascente, contorna a falta e faz a
função da apresentação do objeto. A mãe ao manusear, amamentar, suprir as necessidades do infans é que vai
deixar marcas.
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Grande Outro – expressão usada por Lacan para denominar a pessoa que virá a significar manifestações da
criança, inscrevendo no seu corpo marcas que ficam na sua memória.
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No início existe um Outro, a mãe, e o desejo desta de suprir o bebê das suas
necessidades de sobrevivência. É no suprir que o infans constrói a demanda. A demanda é um
pedido recíproco tanto do filho à mãe quanto da mãe ao filho. A demanda é apresentada assim
como um atrelamento, pois o nascente projeta todos os seus desejos na mãe e pretende que ela
os realize. Para Lacan (1999, p. 96) o desejo é:
Para o autor, a demanda desperta o desejo de que o filho seja aquilo que supõe a mãe
desejar. Nessa unicidade regida pelo desejo ela permite que o filho, em um primeiro
momento, esteja atrelado a ela como um só corpo. Nesse laço libidinal entre mãe e bebê são
inauguradas as zonas erógenas do filho, definidas no manuseio das partes do seu corpo pela
mãe. Por intermédio do toque e da fala que a mãe dirige a esse que chora, respondendo ao
filho, ela supõe saber a razão do seu choro. Possuidora desse saber, a mãe investe no corpo
carne, mapeando uma zona erógena no corpo do filho e o amarrando a significantes. Ou seja,
a mãe, como Outro de linguagem, vai significando um corpo e, ao mesmo tempo, o
nomeando, dando um lugar a este pequeno ser no discurso.
A mãe amamenta o filho, suprindo sua fome e ao mesmo tempo instalando nele o
prazer. Isso significa pôr em movimento seus orifícios pulsionais, ou seja, provocar a
erotização do corpo numa antecipação de que aí se trata de um sujeito. Ela oportuniza ao bebê
o início da constituição psíquica. Essa constituição só é possível quando o infans passa a
investir em outro objeto que não só o seio materno, elegendo uma parte de seu corpo ou
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“Aqui encontramos uma coisa que se pode chamar de necessidade, mas que desde logo chamo de desejo,
porque não existe estado originário nem estado de necessidade pura. Desde a origem, a necessidade tem sua
motivação no plano do desejo, isso é, de alguma coisa que se destina, no homem, a ter uma certa relação com
o significante. Aí está a travessia pela intenção desejante do que se coloca para o sujeito como a cadeia
significante – quer a cadeia significante já tenha imposto suas exigências na subjetividade dele, quer, bem na
origem, ele só a encontre sob a forma disto: de ela estar desde logo constituída na mãe, de ela lhe impor, na
mãe, sua exigência e sua barreira. [...] depara inicialmente com a cadeia significante sob a forma do Outro, e
ela desemboca nessa barreira sob a forma da mensagem”. (LACAN, [1957-1958], 1999, p. 227).
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qualquer outra coisa que lhe proporcione prazer. Esta fase é denominada por Freud ([1905],
2006), como autoerótica.
No chuchar4 o dedo, o ato de exercer a sucção confirma que aboca foi mapeada pela
mãe como a primeira “zona erógena” (FREUD [1905], 2006, p. 172), a partir da qual passou a
alimentar o filho e por meio da qual a criança desencadeia o processo da sexualidade. O
chupar não só sacia sua fome, mas também lhe proporciona prazer. Ao sugar o seio ou
qualquer outro objeto que o nascente elege como fonte de satisfação, o ato vai lhe provocar o
desejo de repetição. Essa fase, que também se denomina “canibalesca”, é a primeira na
organização sexual infantil, e consiste em renunciar o “objeto alheio em troca de um objeto
situado no próprio corpo” (FREUD [1905], 2006, p. 187). Esse ato provoca o prazer pela
repetição, esvaziando a pulsão, e ao mesmo tempo oportuniza ao bebê o início da constituição
psíquica.
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Chuchar: “(sugar com deleite), ao qual o pediatra húngaro Lindner (1879) dedicou um excelente estudo”;
expressão usada por Freud ([1901-1905], 2006, p. 169) para explicar o chupar que a criança exerce na mais
tenra idade.
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Segundo a autora, existe um tempo para que o infans possa construir-se por meio do
outro e assim vir a fazer parte da história familiar. Esse tempo, tanto para a mãe quanto para o
bebê, é contínuo e circundante, e antecedido pelo tempo do desejo. A mãe nomeia o filho,
antes mesmo de este nascer, a partir de seu desejo. Esse desejo que a move é quase mágico. A
mãe, ao mesmo tempo em que se apresenta ao bebê como o objeto de seu desejo, vai
investindo e estruturando-o através de seus cuidados, permitindo-lhe bem-estar e
sobrevivência. Para a dimensão psíquica ser constituída, é necessário, portanto, que na relação
mãe e filho se inscreva algo como falta. Entre a presença e a ausência a mãe abrirá um
intervalo no qual a falta se coloca, tanto do lado da criança quanto da mãe.
É, então, pela demanda de amor, ou seja, pela falta, que a mãe, aplacando o mal-estar
sentido pelo nascente pela fome, registra neste uma marca. A partir dessa ocorre o registro de
imagens mnêmicas, associadas umas às outras, que vão formar os traços mnêmicos, os traços
de memória (Erinnerzeichen).
Percebe-se que o ser humano precisa do Outro para se constituir como sujeito:
Diante dos estímulos endógenos do bebê é preciso um Outro encarnado que atribua
intenção de comunicação ao seu grito e, por meio de uma interpretação, produza
uma ação específica capaz de satisfazê-lo. Se há interpretação é porque já há
linguagem ali. Mas é evidente que a linguagem não se inscreve por si. Não basta
colocar um bebê na frente do rádio ou da televisão. Para que o gozo do bebê se
atrele ao Outro, como instância da linguagem, é preciso um endereçamento, é
preciso um Outro que, ao tomar o bebê desde um desejo não anônimo e a partir do
saber simbólico que a linguagem lhe permitiu constituir, opere corte e costura do
funcionamento corporal do bebê, levando em conta o que o afeta e fazendo borda a
seu gozo. Se isto atrela o bebê ao campo do Outro, para que ele possa chegar a
situar-se na condição de falante, e não como um mero repetidor ecolálico do que lhe
é dito, será preciso que esse desejo não anônimo opere no laço mãe-bebê enquanto
um enigma diante do qual, para a mãe, o bebê se situa como sujeito que
supostamente deteria um saber. (JERUSALINSKY, 2009, p. 68).
Para a autora, por meio da fala a mãe vai marcar o corpo do nascente, e essas marcas
deixadas pelo outro vão imprimir os significantes, unindo linguagem e corpo. Como
consequência, despertará o desejo no nascente. É o desejo que o outro demanda ao bebê que
permite a este passar de carne e osso a um sujeito.
Esse sujeito de que trata a Psicanálise só pode ser pertencente à espécie humana. Não
basta, no entanto, ter um corpo carne para ser sujeito; é preciso que esteja aos cuidados de
outro da mesma espécie e inserido em uma organização familiar e social. Depende,
necessariamente, da significação do Outro, e é esse outro que apresenta o mundo ao nascente.
“A essa condição Freud deu o nome de desamparo fundamental (Hilflosigkeit) do ser humano
[...]” (ELIA, 2004, p. 39). O bebê humano nasce carente de todos os cuidados, e para que
venha a se subjetivar, precisa de alguém que o suporte tanto física quanto psiquicamente,
através de inscrições de certas operações.
Assim, o que é vivido pela mãe e pelo filho opera registros simbólicos, marcas
deixadas pelo significante no corpo do filho, as quais:
[...] no sistema de signos de percepção vai ficando inscrito somente o que chegou a
ser diferenciado em função do valor que adquire para o organismo. As marcas se
estabelecem uma a uma, segundo o aparelho perceptivo que as registre. (CORIAT,
1997, p. 282).
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Coriat (1997, p. 281), que trabalha também a questão da estruturação da criança, faz
uma leitura que concorda com Jerusalinsky (2009). Para a autora, o que o bebê recebe pela
percepção é o que vai marcá-lo, pois esse é “carente de todo o traço”.
[...] o outro que se encarrega do infans é decisivo no que ficará marcado, já que dele
depende a apresentação do objeto [...] a libidinação do objeto começa do lado do
adulto, na própria escolha dos objetos a oferecer desde os significantes inconscientes
daquele que estiver exercendo, o que Winnicott chama função materna. (CORIAT,
1997, p. 283).
É a partir da linguagem, da forma como a mãe fala, que o nascente põe em cena não a
palavra em si, mas o significado que ele dá a esta ao vivenciar prazer ou desprazer. A mãe
marca o filho simbolicamente pelo tom da sua voz ao perguntar e responder, ao supor a
necessidade do filho. Assim como na valsa um primeiro passo dá o ritmo da dança ao
bailarino, a mãe ao doar seu peito ao nascente que chora ensaia o desejo de suprir a falta do
filho. No vai e vem da falta e da satisfação, a repetição marca os buracos que a mãe inaugura
no corpo da criança. Esta, por sua vez, convoca a mãe a preenchê-los. Esses buracos são as
portas que vão marcar o simbólico, e que permitem ao ser “bruto” demarcar as bordas do
objeto de gozo5.
Com seu saber, a mãe investe e inscreve no corpo carne deste ser bruto, fazendo
mapeamento por meio de seus significantes. O significante descortina ao infans a satisfação
de poder gozar. A estruturação psíquica de um bebê só se dá a partir do momento em que é
inscrito pelo desejo da mãe na linguagem. A mãe oferece a essa criança a oportunidade de
existir, possibilitando-lhe ser sujeito.
Este outro (mãe), pelos seus cuidados e providências, vai permitir ao filho metaforizar
sua realidade, fundando pelo seu discurso, o “Outro” simbólico no nascente. Este é
emergencial no que tange à realidade psíquica no processo constitutivo, processo que só se
configura a partir da libidinação por parte do adulto, que costura a borda do objeto.
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Gozo é uma possibilidade de satisfação.
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Essa borda, marcada pela mãe ou por quem faça a sua função, é que constrói o sujeito
em suas representações, do que é vivido por ele na relação com a mãe e com o meio. Na
Interpretação dos Sonhos Freud ([1900], 2006) elucida a existência de algo que é vivido e
recalcado, e que se pode compreender a partir desse processo do inconsciente, de que as
formações desse é que eram responsáveis nas significações do sujeito em constituição.
Lacan (1999, p. 195) afirma que “[...] não há sujeito se não houver um significante que
o funde”. É pela via da simbolização que ele explica a subjetivação do sujeito. O autor,
tomando o exemplo de Freud sobre o jogo da criança do carretel, afirma: “É na medida em
que existem as primeiras simbolizações, constituídas pelo par significante do Fort-Da, que o
primeiro sujeito é a mãe”. Nesse sentido, é o que a princípio acomete a criança na sua
realidade, mas isso não significa que ela não possa transformar e no poder brincar ao atirar o
carretel possa significar a falta. Esse momento de assujeitamento em que ainda está na
dependência da mãe se transforma. Ao se dar conta de que onde reinava o prazer agora se
encontra a falta, é por essa articulação movida pelo desejo do Outro que vai buscar algo para
voltar a sentir prazer. O ato de puxar o carretel pode ser ativo e, com essa intenção (demanda),
ao ser atravessada por significantes, vai poder se deslocar do objeto materno.
Para Coriat (1997), é nessa experiência que o infans vai construir as diferenças entre o
“eu” e o “outro” a partir dos significantes já marcados em seu corpo. O infans encontra outra
forma de sentir prazer, é o momento em que a criança pode ressignificar, trocar o objeto e,
finalmente, “para se constituir no ato da palavra, são necessários pelo menos dois
significantes para poder combiná-los, deslizar, e remetê-lo um ao outro (função metonímica)”
(VOLNOVICH, 1991, p. 28).
De tal modo, “sem dúvida alguma, o jogo do fort-da, descrito por Freud, dá a
ilustração mais explícita da realização da metáfora do Nome-do-Pai6 no processo de acesso ao
simbólico na criança, ou seja, o controle simbólico do objeto perdido” (DÖR, 1990, p. 89).
Quando a criança tem o objeto representado pela linguagem, ela pode substituir o
objeto. E neste vai e vem do “Fort-Da (Do, Aa) o brincar da criança com o carretel”, segundo
Freud ([1920], 2006), em Mais Além do Princípio do Prazer, ela passa a trabalhar essa
estrutura em uma busca que lhe permite sair da passividade, reconhecer a ausência ao
distanciar-se do objeto e elaborar a falta pela significação internalizada imaginariamente do
real.
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Termo usado por Lacan para designar o terceiro.
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O movimento de lançar o objeto e o trazer para perto de si vai marcar a criança fora do
corpo da mãe, por isso:
O importante não é que a criança diga as palavras FortIDa, o que, na sua língua
materna, é LongeIAqui – ela as pronuncia aliás de maneira aproximativa. É que há
aí, desde a origem, uma primeira manifestação da linguagem. Nessa oposição
fonemática, a criança transcende, introduz num plano simbólico o fenômeno da
presença e da ausência. Torna-se mestre da coisa, na medida em que, justamente,
destrói. (LACAN, 1994, p. 200).
Neste sentido, para Lacan, não é a palavra que a criança balbucia que importa e sim o
que simboliza o espaço da falta. Um sentimento outrora desprazeroso pode ser transformado
em algo prazeroso no sentir da criança.
De fato, a criança transformou a situação, posto que de agora em diante é ela que
abandona sua mãe simbolicamente. A inversão simbólica operada é a justificativa
mais evidente da atualização de um processo de controle: a criança fez-se mestre da
ausência graças a uma identificação. Era a mãe que a repelia ausentar-se; agora é ela
que repele a mãe ao arremessar o carretel. Daí a jubilação intensa da criança ao
descobrir seu controle da ausência do objeto perdido(a mãe). (DÖR, 1990, p. 89).
Dör (1990) reconhece que a criança elabora a falta com o brincar do vai e vem, do
estar e não estar, mas pode retornar, passando a ativo desejante. Já reconhece que a mãe é o
outro que não ele. “Ocorre que nesta criança o Outro operou uma separação que o distanciou
de seu corpo real [...]. Neste corte, seu corpo passou a residir como imagem
(JERUSALINSKY, 1999, p. 27). Assim, as marcas que este ser total, a “mãe”, imprime no
filho cedem lugar a outro na relação. Esse outro “é quem assegura na criança a função
simbólica da palavra. Sem substituição do desejo da mãe pela palavra do pai (metáfora
paterna)” (VOLNOVICH, 1991, p. 35), a criança não entra no simbólico nem na cultura. O
que lhe possibilita entrar é a castração. A marca que permite ao filho sair de uma posição
narcísica e se reconhecer como ser faltante.
Retornando ao sujeito e ao Outro, estes termos não pertencem a Freud, eles expressam
concepções de Lacan. São as teorias de Lacan que explicam a constituição do sujeito da
Psicanálise, o qual é atravessado por um significante no campo da linguagem.
Lacan (1994, p. 89) explica que sem o “imaginário, o simbólico e o real” não é
possível compreender a teoria freudiana. Na sua concepção, o simbólico é linguagem.
Segundo o autor, é a relação do sujeito com o mundo da linguagem que permite a este
entrar no simbólico. O nascimento do sujeito é a mais pura relação do nada. Dito de outro
modo, nada está ali a não ser um amontoado de células em um pedaço de carne. A palavra e o
desejo mediados pelo outro é que fundam o sujeito. O suposto sujeito para Lacan é aquele que
ainda não foi marcado pelos significantes e que, ao ser tocado pelo discurso do outro, desperta
a pulsão. Ao libidinar o corpo, a mãe permite ao recém-nascido se colocar numa posição
objetal. A mãe e o bebê entram numa relação narcísica em que um está para o outro no desejo
de completude, cujo desejo move o filho às primeiras operações ou sistemas psíquicos.
Lacan situa um tempo para que a criança reconheça sua própria imagem. Isso é
possível mediante o olhar que o outro devolve ao bebê, na relação simbiótica do desejo fálico.
Ao investir neste desejo de que ele esteja ali refletido como outro – “metáfora do espelho” é
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que a mãe vai permitir ao filho se reconhecer como um sujeito outro que não ela. Esse
reconhecimento só será possível se:
Esse Outro que remete a significantes é decisivo pelas marcas que deixa no corpo do
infans. E são as significações que este dá a essas marcas que possibilitarão o processo de
constituição do sujeito psíquico. Ao se sentir como “Eu” no espelho percebe-se como um
outro diferente da mãe, embora ainda dependa da sustentação desta mãe, que o suporta no
corpo, nas palavras e nos gestos.
Dör (1990, p. 122) utiliza o termo fases para explicar o Estádio do Espelho:
Esse processo ortopédico pode ser entendido como a costura que a mãe faz das partes
do corpo do filho para dar-lhe o sentido de totalidade. E “a marca põe em ato a inscrição do
traço unário” (COSTA, 2003, p. 54). Este traço, num primeiro tempo da experiência “[...]
testemunha em favor de uma confusão primeira entre si e o outro, confusão amplamente
confirmada pela relação estereotipada que a criança tem com seus semelhantes [...]” (DÖR,
1990, p. 79).
[...] a captação pela imago da forma humana [...] que, entre seis meses e dois anos
meio, domina toda a dialética do comportamento da criança em presença de um
semelhante. Durante todo esse período, registraremos as reações emocionais e os
testemunhos articulados de um transitivismo normal. A criança que bate diz ter sido
batida, a que vê a outra cair, chora. (apud DÖR, 1990, p.79).
2 O COMPLEXO DE ÉDIPO
O mito narra que o filho (Édipo) mata seu pai (Laio) e toma a mãe (Jocasta) como
esposa. Ao descobrir que esta é sua mãe, ele fura os olhos como uma punição pela culpa. A
mãe, ao descobrir a verdade, se suicida. Mesmo ao desposar a mãe sem saber, ele se culpa e
vai ao isolamento. Assim, na teoria de Freud, a problemática edipiana está escrita como um
destino.
Freud vale-se deste mito para explicar como a lei do incesto se instala e que é
necessária a constituição psíquica. O complexo de Édipo é um dos pilares da Psicanálise, do
qual nenhuma criança escapa ao se constituir como sujeito. O Édipo é a explicação que Freud
usa para elucidar a sexualidade e para explicar como se funda o sujeito.
Para Freud, a ideia central do Édipo é o sentimento de ambivalência, amor e ódio, que
permeia a relação mãe, filho, pai. Esta relação edipiana expressa a ameaça da castração e a
problemática fálica. O complexo de Édipo nada mais é do que a referência à ameaça de
castração, que desorganiza a relação entre mãe e filho de poder gozar de um prazer único e
completo. Esta relação é de desejo incestuoso pela mãe. Em contrapartida, há a rivalidade
com o pai, pois este é quem barra o desejo, que é constitutivo e determinante para a vida
psíquica “normal”.
nem por isso deixa de estar numa relação de indistinção quase fusional com a mãe.
Esta relação fusional é suscitada pela posição particular que a criança mantém junto
a mãe, buscando identificar-se com o que supõe ser o objeto de seu desejo. Esta
identificação, pela qual o desejo da criança se faz desejo do desejo da mãe, é
amplamente facilitada, e até induzida pela relação de imediação da criança com a
mãe, a começar pelos primeiros cuidados e a satisfação das necessidades. Em outras
palavras, a proximidade dessas trocas coloca a criança em situação de se fazer objeto
do que é suposto faltar à mãe. Este objeto suscetível de preencher a falta do outro é,
exatamente, o falo. A criança depara-se, assim, com a problemática fálica em sua
relação com a mãe, ao querer constituir-se ela mesma como falo materno. (DÖR,
1990, p. 81).
Para o autor, o primeiro momento é aquele em que a relação entre mãe e filho se
encontra numa indistinção quase fusional. O filho está no lugar de falo materno, o objeto que
permite à mãe ser possuidora do falo. É necessário ao filho se colocar nesse lugar de ser o
objeto faltante da mãe. Assim “o desejo da criança permanece radicalmente assujeitado ao
desejo da mãe” (DÖR, 1990, p. 81). Ela está para o bebê no lugar de onipotência, agora é
completa.
O pai aparece neste momento da relação, de “forma velada”. Ele está ali, presente, mas
é como se não estivesse para a criança, ele só existe pelo discurso da mãe, quando a mãe fala
ao filho que existe um outro, assim o pai se torna simbólico, “lei do símbolo” (LACAN, 1999,
p. 200), mesmo quando não está, ele existe.Não é o pai real que se inscreve como Nome-do-
Pai, e sim a função que este exerce no imaginário do filho. “O pai acha-se numa posição
metafórica, na medida e unicamente na medida em que a mãe faz dele aquele que sanciona,
por sua presença, a existência como tal do lugar da lei” (LACAN, 1999, p. 202).
Nesse segundo tempo do Édipo entra na relação mãe-filho um terceiro que enlaça a lei
da interdição – o pai. Assim, o filho internaliza essa lei e a toma como privadora da mãe, já
não podendo mais satisfazer-se pela via do seu corpo. A criança, então, entra na ordem
simbólica do “Nome-do-Pai”. Com esse deslocamento, que se dá a partir da castração, a mãe
transfere seu olhar do filho para o pai e convoca esse filho a imaginar que o falo da mãe passa
a ser o pai. Esse castrador, que interdita o filho e o priva do prazer, é o pai imaginário. Com
isso, “o sujeito posicionou-se de certa maneira, num momento de sua infância, quanto ao
papel desempenhado pelo pai no fato de a mãe não ter o falo” (LACAN, 1999, p. 191). Ao
castrar a mãe e privá-la da criança pela interdição do incesto, instaura a lei, e o pai se afirma
como privador do desejo da mãe e do filho. Nesse momento, a criança passa ao
Para o autor, no terceiro tempo do Édipo, o pai pode dar à mãe o que ela deseja, ele é
potente, possuidor do falo. Já não importa para a criança ser o falo, mas sim ter o falo ou não
tê-lo, o que passa a ser simbólico, pois já circula na cadeia significante como objeto fálico.
Assim se dá a identificação, que é a estruturação do “ideal do eu”, marcando a saída do
complexo de Édipo. E isso só acontece pelo “valor estruturante desta simbolização” (DÖR,
1990, p. 88) que a criança dá na determinação do lugar ao objeto do desejo da mãe.
A identificação que pode ser feita com a instância paterna realiza-se aqui, portanto,
nesses três tempos.
Em primeiro lugar, a instância paterna se introduz de uma forma velada, ou que
ainda não apetece. Isso não impede que o pai exista na realidade mundana, ou seja,
no mundo, em virtude de nesse reinar a lei do símbolo. Por causa disso, a questão do
falo já está colocada em algum lugar da mãe, onde a criança tem de situá-la.
Em segundo lugar, o pai se afirma em sua presença privadora, como aquele que é o
suporte da lei, e isso já não é feito de maneira velada, porém de um modo mediado
pela mãe, que é quem o instaura como aquele que lhe faz a lei.
Em terceiro lugar, o pai se revela como aquele que tem. É a saída do complexo de
Édipo. Essa saída é favorável na medida em que a identificação com o pai é feita
nesse terceiro tempo, no qual ele intervém como aquele que tem o falo. Essa
identificação chama-se ideal do eu. Ela vem inscrever-se no triângulo simbólico no
pólo em que está o filho, na medida em que é no pólo materno que começa a se
constituir tudo o que depois será realidade, ao passo que é no nível do pai que
começa a se constituir tudo o que depois será o supereu. (LACAN, 1999, p. 200).
É assim, segundo Lacan (1999), que se constitui a metáfora paterna. Esta se inicia para
os dois sexos, tanto para a menina como para o menino, desde o início do recalque originário7
até a constituição no complexo de Édipo. O complexo de Édipo é, então, um processo
normativo, que instaura a lei paterna, que é construtora do supereu, mas, ao mesmo tempo, é
também patogênico. Ao ter a lei instaurada, a criança passa a uma condição de sujeito do
desejo, mas também da neurose.
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Recalque originário – “um mecanismo originário, primordial – quer vocês o entendam como etapa histórica ou
como subjacência, fundamento –, sobre o qual alguma coisa diferente teve de se desenvolver. Ele seria uma
espécie de base, de profundeza psíquica, ou, entendido no sentido lógico, um ponto de partida obrigatório da
reflexão. Em resposta a incitação pulsional, haveria sempre, no sujeito humano – é evidente que não poderia
tratar-se de outra coisa, mas esse ponto não é lá muito definido –, uma tendência para a satisfação alucinatória
do desejo. Essa seria uma possibilidade virtual e como que constitutiva da posição do sujeito perante o mundo.
[...] uma experiência primitiva, baseada num modelo do arco reflexo. Antes mesmo de corresponder a uma
incitação interna do sujeito, que desencadeia o ciclo instintivo, o movimento, mesmo descoordenado, do
apetite e, em seguida, a busca e a orientação na realidade – a necessidade satisfaz-se através dos traços
mnêmicos daquilo que já respondeu ao desejo. A satisfação tende, assim, a se reproduzir, pura e simplesmente,
no plano alucinatório”. (LACAN, 1999, p. 223).
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isso este prazer é uma busca nunca totalmente satisfeita. Já a neurose é herdeira da promessa:
“[...] que lhe seja permitido ter um pênis para mais tarde. Aí está o que é efetivamente
realizado pela fase de declínio do Édipo” (LACAN, 1999, p. 212).
A via da neurose não é a única possibilidade que o sujeito humano tem de existir. Para
Freud ([1905], 2006), pode-se produzir um desfecho diferente do que a neurose no percurso
do desenvolvimento das psiconeuroses:
[...] Não é só que os próprios neuróticos constituam uma classe muito numerosa, há
também que levar em conta que séries descendentes e ininterruptas ligam a neurose,
em todas as suas configurações, à saúde; por isso Moebius pôde dizer, com boas
justificativas, que todos somos um pouco histéricos. Assim, a extraordinária difusão
das perversões força-nos a supor que tampouco a predisposição às perversões é uma
particularidade rara, mas deve, antes, fazer parte da constituição que passa por
normal. (FREUD [1905], 2006, p. 162).
Com relação à perversão, Freud ([1905], 2006) afirma que o pai castra, mas o perverso
desmente esta castração. Embora ela exista, ele não a considera, toma-a como lei, negando-a.
Não se vendo castrado, supõe-se não faltante, e o falo lhe é acessível. A mãe do perverso
também não é vista como castrada, ela é fálica. Esta estrutura em que o perverso se encontra
coloca-o numa divisão do eu “Clivagem”, em que há duas realidades contrapostas no
inconsciente: a que lhe remete à castração e a negação da mesma. Pode-se dizer, então, que a
estrutura perversa tem o registro do falo, só que, como o neurótico perde o direito de gozo
pela culpa, o perverso tem outro registro.
Freud mostra essa divisão a partir do perverso, o qual está diante da descoberta da
castração no Outro sexo, da constatação de que a mãe não tem pênis, se divide. Por
um lado, o sujeito dá crédito, por outro, nega, desmente: “não, ela tem, ela tem sim,
eis aqui o pênis da mãe, transformado num fetiche”. Ora, na verdade, a questão da
castração é da ordem do insuportável para todo mundo e, “esboço da psicanálise”,
Freud generaliza a divisão do sujeito. Diante da castração não há como não negá-la:
o perverso desmente, o neurótico recalca e o psicótico rejeita completamente
(foraclui). Mas a questão da verdade da castração retorna ao sujeito: o neurótico
recalca e sintomatiza, o perverso desmente e fetichiza e o psicótico foraclui e alucina
e/ou delira. Spaltung,que significa divisão, clivagem, fenda, esquize é a própria
característica do sujeito do inconsciente, pois sua definição inclui a castração. Ela
coloca por terra todo e qualquer ideal de harmonia em que o sujeito seja inteiro (ou
seja, inteiro) em alguma situação.
Com relação à psicose pode-se dizer que algo no curso normal da constituição
psíquica não acontece, ocorrendo uma problemática. Assim, ao se problematizarem os tempos
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do Édipo, quando a mãe não desvia o olhar do seu bebê, e assim não permite o corte, a criança
entra na psicose. Esta se dá pela falta de inscrição no simbólico. Com a metáfora do
Complexo de Édipo, Freud explica como se dá esse processo de subjetivação e faz entender
que a não inscrição da Lei Paterna, o Nome-do-Pai, priva o filho do campo do simbólico.
Ficando este colado à mãe, não constrói sua própria imagem. É como se, ao não construir sua
imagem, seu corpo ficasse sem bordas.
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Dito meu referente à Homem social escrito pela cultura.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tanto Freud quanto Lacan demonstraram por meio de suas obras literárias que o
sujeito se constitui e não nasce pronto. Freud afirma que o sujeito referido pela Psicanálise é
fundado na linguagem por já existir na história e no desejo dos pais de ter um filho. Lacan, ao
tomar a teoria de Freud, avança na noção de sujeito, e afirma que ele depende de um Outro
para a sua constituição, o qual é essencialmente discursivo.
O sujeito, ao ser inserido no discurso dos pais já está na linguagem, pois estes são os
que perpassam e transmitem a seus filhos os significantes de suas histórias familiares e que
vão fundar o sujeito.
O bebê humano nasce carente de tudo, e seus pais vão lhe permitir iniciar a via da
subjetivação mediante cuidados com sua sobrevivência. Este processo será possível,
simultaneamente, pelo manuseio das partes do corpo desse filho e pela fala que a mãe lhe
dirige. A mãe, ao tocar e ao falar com o filho, vai mapeando esse corpo ao mesmo tempo em
que vai dando nome às suas angústias: – “Meu bebê está com fome” e lhe dá o peito; – “Ele
está com frio”, e o troca. Ao supor o que o filho deseja vai fazendo com que este se reconheça
com frio ou com fome, mas ao mesmo tempo supõe aí um sujeito, que demanda e, portanto,
em falta. É nessa sequência de acontecimentos na relação mãe e filho que vão se inscrevendo
as primeiras marcas que irão determinar os significantes que representam o sujeito.
infans inicie sua subjetivação. A falta da mãe no momento em que ela se afasta para qualquer
outra atividade provoca no infans a angústia do vazio. Esta falta permite a ele desejar que ela
volte a supri-lo novamente. Assim, sucessivamente, pela repetição, vai fazer com que a
criança signifique esta falta e possa, em um segundo momento, ressignificá-la, elegendo outro
objeto para substituir este primeiro. É esta busca no vai e vem do Fort-Da de Freud, esta
separação em que o desejo faz função, que permitem ao infans buscar outra coisa que não a
mãe para sua satisfação.
Lacan toma a teoria freudiana e repensa a constituição do Eu, substituindo-o por noção
de sujeito. Sua formulação ou teorização se dá em torno desse sujeito. O autor enfoca que a
mãe supõe um sujeito pela linguagem deixando marcas, traços de memória que ficam no
inconsciente e que vão marcar o sujeito por toda a vida.
É no falar ao filho que a mãe o enlaça no simbólico. Ao permitir que um outro seja
detentor de seu desejo, este desejo que move a mãe castra o filho e a priva de continuar na
relação incestuosa. A mãe outorga ao filho uma posição de outro que sabe, ele se dá por conta
em um determinado momento que não é o falo da mãe, um outro possui o falo – o pai. É em
torno de toda esta dialética que giram as teorias lacaniana e freudiana, as quais fundamentam
o surgimento do sujeito nos seus aspectos normativo e patogênico.
Assim, este significante da castração da mãe e do filho por não terem o falo é o que
indica que o possuidor do falo é o pai. E o que permite o sujeito se inscrever ou não na
neurose é a problemática fálica, “[...], o pai intervém como real e potente” (LACAN, 1999, p.
201). Sendo assim, esta afirmação do pai potente que proíbe o filho ao desejo da mãe é
formador do supereu e o regulador da moral, da lei. A inscrição da neurose se dá no terceiro
tempo do Édipo. Quando Freud trata do declínio do Édipo, a menina aceita ser castrada e não
briga pela virilidade, mas dirige-se a quem tem o falo, ou seja, o pai. O menino precisa que a
promessa do pai se cumpra, ele não aparece mais velado, e sim mediado pela mãe como lei. O
filho, então, se identifica com o pai, e essa identificação chama-se ideal do eu. Dependerá da
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passagem pelo Édipo para se constituir a neurose e perversão. A não inscrição do Nome do
Pai, portanto, da castração edipiana, produz a psicose. Estas estruturas tanto para Freud como
para Lacan são psiconeuroses de defesa na relação com a demanda imaginária do Outro.
Sendo o sujeito da Psicanálise o foco desta pesquisa, não poderia deixar de ressaltar
que as vias dessa subjetivação que o sujeito encontra para se defender do amor narcísico do
ser primordial – a mãe –, se dão por meio da inscrição da metáfora paterna. Se esta via da
neurose como defesa não se efetiva, a problemática nos três tempos do Édipo desliza para a
perversão ou para a psicose.
A complexidade desta temática mostra que como o sujeito tem sua singularidade pelo
que internalizou de sua vivência, o ato da escrita também é singular. Por isso é que desde o
início este estudo foi muito difícil, escrever do sujeito é falar de nós mesmos e nos dar por
conta de certas limitações, dificuldades e até mesmo de momentos de impossibilidade. Assim,
as barreiras da escrita nos levaram a verificar que o ato de escrever diz muito da conquista
deste trabalho. Poder concluir, portanto, é um ato de coragem, determinação e superação.
O desejo de continuar a escrever é o que nos move neste momento, pois ao superar as
barreiras pode-se compreender que é só através da escrita que se pode articular com os
pensadores e elaborar questões advindas no percurso desta monografia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Psicólogo, 2003.
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Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 2006.
LACAN, Jacques. O estádio do espelho como formador da função do eu [1949]. In: Escritos.
Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.
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______. O seminário. Livro 1: os escritos técnicos de Freud. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
1994.
SCHNEIDER, Ivanete Malheiros. O desejo em psicanálise. Ijuí, RS: Ed. da Unijuí, 2009.
SÓFOCLES (496-406 aC). Édipo Rei. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Disponível em: <http://www.pacc.ufrj.br/arquivospdf/edipo_rei.pdf>. Acesso
em: 21 jan. 2012.