Você está na página 1de 10
‘ditora senac nes AmnasraacAo REGIONAL DO SENAC No ESTADO DE SAO PAULO Presidente do Consetho Regional: Nbram Szajman Diretor do Departamento Regional: Luiz Francisco de A. Salgado ‘Superintendemte Universtirio e de Desenvolvimento: Luiz, Carlos Dourado Boroea Siac Sio PaLto. Conselho Editorial: Luiz Francisco de A. Salgado + Luiz Carlos Dourado Darcio Sayad Maia ‘Lucila Mara Sbrana Scioti Marcus Vinicius Barili Alves Editor: Mateus Vinicius Bali Alves Coordenacdo de Prospeccdo e Produedo Editorial: Isabel M, M. Alexandre ‘Supervisdo de Producdo Ealtorial: Wilda de Oliveira Pereira, Geréncia Comercial: Marcus Vinicius Barili Alves ‘Supervisdo de Vendas: Rubens Gongalves Folha, ‘Coondenaeao Administratva: Cals Alberto Alves Proibida a reprodusto sem autorizaglo express. “Todos os direitos desta edigdo reservados is Eaditora Senae So Paulo ‘Rua Rui Barbosa, 377 ~ 1° andar ~ Bela Vista ~ CEP 01326-010 Caixa Postal 1120 ~ CEP 01032-970 ~ So Paulo ~SP “Tel, (11) 2187-4430 ~ Fax (11) 2187-4486 E-mail: editoraa@sp.senaebr ‘ome page: hp/wrw editorasenacsp com. be esac ‘Strvigo Soci. bo CouRcio ~ Sse SP Apuisraac0 RFaIOxAL No EstAb0 BE Sko Pauto Presidente do Consetho Regional: Abram Szajman Diretor Regional: Danilo Santos de Miranda Superintendentes Comunicagae Social: Ivan Giannini Téenico-Socia: Joel Naimayer Padula Administragdo: Luiz Deoctécio Massaro Galina ‘Assessoria Técnica ¢ de Planejament: Sérgio José Batistlli Exdgdes SESC SP Gerente: Marcos Lepiscopo GerenteAdjunto: Walter Macedo Filho Coordenagdo Editorial: Civia Ramiro Producdo Ealioria: Fabiana Cesquim Colaboradores desta Ediedo: Ana Maria Cardachevski ‘Andkéa de Araijo Nogueira Marta Colabone SESC Sd0 Paulo Faligdes SESC SP ‘Aw. Alvaro Ramos, 991 ~ Belenzinho CEP 0331-000 ~ Sto Paulo = $P A/r/tografia: uma mesticagem metonimica’' Rita L. Irwin Na historia do Ocidente, foi Aristételes quem pri- meiro tentou resolver um aparente conflito entre artes ¢ filosofia, 0 que para Plato era uma rela- cdo injusta. Aristételes articulava “trés tipos de ‘pensamento’ = teoria (theoria), pritica (praxis), criagao (poesis), sendo que o tiltimo inclui poesia, assim como outras manciras de se produzir arte”. Mais recentemente, 0 trabalho de Dewey sugere que uma experiéncia estética “envolve uma conti- nuidade clara entre agir ¢ softer a ago; esforgo Artigo extraido de: Rita L. Irwin, “A/r/tografy: a Metonym ic Mestissage”, em Rita L. Irwin & Alex de Cosson (orgs.) A/ritografy: Rendering Self through Arts-Based Living Inquiry [Avr/tografia: auto-restin de um questionamento vivo baseado na arte] (Vancouver: Pacific Educational Press, 2004), pp. 27-38. G, Sullivan, Aesthetic Education at the Lincoln Center Institute: ‘An Historical and Philosophical Overview (Nova York: Lincoln bo que integra o intelecto, os sentimentos ¢ as fungées praticas; € o resulta do final é um tipo de consumagio permeado de sentido, de uma emogio predominante, € de uma resolugio pritica’.’ Enquanto uma experiéncia ‘comum nao sustenta tal propésito ¢ aspectos de integracio, para Dewey, ‘obras de arte* guardavam em si o melhor exemplo de todas essas qualida- des ¢ podiam promover uma experiéncia estética.” Entender essastrés formas de pensamento tem sido de maior interesse para muitos arte-educadores e para aqueles que recorrem a arte como um meio de ampliar sua compreensio de idéias e priticas. Para ambos, especia- listas e generalistas,a arte abriu uma nova gama de possibilidades na constru- fo de significado que, do contrério, teria se tornado rigida. Ao nosso redor, pesquisadores da drea de eduucagio esto fazendo experiéncias com diferentes tipos de pesquisa e questionamento, coletando, apresentando e representan- do. Nos anos 1970, o trabalho revolucionério de Bisner no conhecimento critica educacional usava exemplos das artes visuais (e de outras artes) para descrever o papel e a pritica de criticos da educacio, pesquisando 0 entor- ‘no educacional. Ao longo da diltima década [1994-2004], testemunhamos 0 crescimento de formas de pesquisa baseadas na arte: narrativa, autobiografia, prtica etnogrifica, teatro de leitura, questionamento pottico, estudo de si ‘mesmo, dentre muitas outras formas de questionamento criativo. A pesquisa baseada na arte para arte-terapeutas, de McNifi’ tem sido informativa para cducadores, mas nao capaz.de abarcar as necessidades dos pesquuisadores que visam integrar artes visuais com métodos de pesquisa educacional. Neste livro, compartilhamos muitas consideragdes provindas do tra- balho de artist-researcher-teacher (artista-pesquisador-professor) ao tentar- ‘mos integrar sheoria, praxis e poesis, ou teoria/pesquisa, ensino/aprendiza- do ¢ arte/producdo.’ Comegamos com esses trés papéis e essas trés formas 4 Dewey drat Experience (Nova York: Capricorn Books, 198). Ver também BW Jackson, Jabn Dewey and the Lewons of Art (New Haven: Yale University Press, 1998). © S.MeNif,At-Based Research (Landes Jessica Kingsley, 1998) Ver também A. de Coson, “Following the Process: a NoneMosrn lner(ice)", em Educ ‘oma nigh 6 (1), 208, dispose et hap lowinsighiarchivew Arnograt umamestiagem metonmica 89 de pensamento nio apenas como entidades separadas, mas também como identidades conectadas ¢ integradas que sempre permanecem presentes em nosso trabalho. Fazer relagbes entre essas formas de pensamento € fundamental para nosso trabalho. No passado, o pensamento dicotémi- co separava as categorias de pensamento ¢ freqdentemente posicionava uma forma acima de outra, levando a consideragdes hierarquizadas. Nas Sltimas duas décadas [1984-2004], relagdes dialéticas entre essas catego- rias de pensamento se tornaram mais proeminentes. © tilkimo p mento das categorias de pensamento esti no igual relacionamento de um para com o outro, possibilitando assim que os conceitos inerentes vibrem constantemente com a energia ativa. A partir dessa perspectiva, teoria © pritica nao eram vistas como dicotdmicas, mas sim como dialéticas, ¢, se fosse preciso constituir preferéncia entre as duas, seria para a pritica, ¢ para teoria, Embora uma postura dialética auxilie muitos empreendi- mentos educativos, a categoria dual ainda é favorecida, e em educagao isso fica favorecer teoria/pritica, Se resistirmos a esse favoritismo © nos al of Curiam Theorizing, 17 (9), 2001; A. de Coston “The Hermencutc Dialogic: Finding Pater amid the Aporia ofthe Arist/Researhet/Teache”, em Alberta Journal of Educational esearch) svi (3) em CD-ROM, 2002; R-L- Irwin, "Listening tothe Shapes of Collaborative Armaking”, em Are Education, 52 (2), 1989; R. 1 Tewine al, “Quiltmaking as a Metaphor: Creating Feminist Plitial Consciousnes for AR Pedagogucr”, em E. Sacea &E. Zimmer man (ngs) Women art Educator I Hentai, Ourtories, Future Stores (Boucherville: CSEA, 1098); RL Irwin eal, “Pausing to Reflect: Moments in Feminist Collaborative Action Re- search, em fonal of Gender Ise in Art Education, 1, 2000; RL lew, : Rogers, Js Ke Reynolds "Inthe Spirit of Gathering”, em Canadian Review of At Education, 27 (2,200; 1 Irwin al, “Passionate Creativity, Compassionate Community”, em Canadin Review of Jucation, 28 (2), 2S, Spring, ‘Arte Based Eaucatonal Resarch as an Unknowable Tent em Alberta Journal of Educational Reearch 3), erm CD-ROM, 2002; Springgny, "Cloth as Tnerconporealty: an Aas Inquiry into Student Perceptions of Body Images, Visual Cub ture, and Henig, antigo einsalagfo ania aprsentados durante a confertacia Curic: Tuam and Pedagogy and Ars-Based Research (Decatur, Geérgi, 202); S.Springgay & R. L- Irwin "Women Making Ar: Aesthetic Inquiey asa Political Fertormance", em G, Knowles er (orgs), Provoke by Are: Theorizing Ar-Informed Inquiry (Toronto: Backalong, 200), pp. FLAK. Springgay eta, "Custing ino the Reseach Space: Re-Imagining A/ogafn a 4 Living Patce antigo e video apresentados durante conferéncia Cursculurn and Pedagogy ‘Athens, Gedgi, outubro de 2002); Wilton, S. ea, “Performative Liberation: a Mullestie Tner/intrastanding of Pay”, rT: Power ea. (ors), fn(Ex)luion (Re) Visioning the Democratic Ideal (roy Nova Yorks Educator's Internationa Press, 2002), artigos apresentiaon ‘na Sepa Conferénela Anal sabre Curiculoe Redagota eliza pela University of Vie ek (Cana cd 20 a | 90 menertoraiodo|misas cmtestaseedcagso ‘mobilizarmos no sentido de abragar theoria, praxis ¢ poesis ou, em outras palavras, pesquisa, ensino ¢ criagio de arte, estaremos nos movendo por categorias mais complexas de intertextualidade e intratextualidade. Uma instincia dialética nao funciona mais, a menos que forcemos a natureza da intengio incorporada nessa instincia dialética para obtermos uma visio multifacetada que encoraja a existen da “terceiridade”, um espago “no meio”, entre e dentre as categorias, A/t/t como mesticagem; A/r/tografia como questionamento vivo Se concebermos pesquisa, ensino produgio de arte como atividades ‘que se costuram ¢, através umas das outras, 0 intra e 0 entrelagamento de conccitos, atividades ¢ sentimentos, estaremos criando uma manta de similaridades e diferengas. Nesses atos de interlinguagem, existe uma acei- tagio definitiva do jogo com categorias particulares e uma recusa em ficar alinhado com qualquer outra categoria. Onde duas estariam inclinadas em ‘oposigao dial6gica, um terceiro espago oferece um ponto de convergéncia, ‘mesmo que ainda propicie divergéncia, no qual diferengas ¢ similaridades esto costuradas juntas. A partir de uma perspectiva sociocultural, mestigagem & uma lingua- ‘gem da fronteira, do inglés-francés, da autobiografia-ctnografia, do ma- cho-fémea. Metaforicamente, essa fronteira € um ato de mestigagem que estrategicamente apaga essa fronteira © as barreiras, uma vez. sustentada ‘entre o colonizador e 0 colonizado. A tipografia da fronteraé simuitaneamente o espaco de sutura de opressbes, "iitiplas e um espago potencialmenteliertadr por melo do qual [se pode] 'migrar a uma nova posigdo de sujeto. 0 tropo geogrdtico 6 a um tempo psi- Coidgica, sic, metafisico e espirtual, pois funciona como um espago onde Cculturas entram em confit, contestam e reconstituem umas as outras* "'S, Smith, Subject, Ment and she Body (Bloomington versity Press, 1993), 169, * Aroq: une estragem metonica_ 91 Aqueles que moram nas fronteiras estdo re-pensando, re-vivendo © re-fazendo os termos de suas identidades a0 se confrontarem com a dife- renga ¢ semelhanga em um mundo aparentemente contraditério? Estio vivendo uma terceiridade, um novo Terceiro Mundo, no qual tradigio no constitui mais a verdadeira identidade: no lugar disso, cxistem miitiplas identidades. ‘Antistas-pesquisadores-professores sio habitantes dessas fronteiras a0 re-criarem, re-pesquisarem re-aprenderem modos de comprecnsio, apre- ciagio c representagio do mundo.” Abragam a existente mesticagem que in- tegra saber, agio ¢ criago, uma existéncia que requer uma experiéncia esté- tica encontrada na elegincia do fluxo entre intelecto, semtimento ¢ pritica.!! (Obras de arte criadas nessa terceiridade sustentam uma grande promessa jé que tentam integrar todas essas caracterfsticas, ¢ como resultado, oferccem ‘uma experiencia estética para os que séo testemunhas dessa profunda inte- gragio. Talvez. seja na “produgio” de nosso trabalho como artistas-pesqui- sadores-professores que possamos confrontar as propriedades metaféricas € ‘metonimicas da terceiridade embutidas em nosso papel, nosso trabalho, € ‘em nés.!* Talvez todos os educadores desejem se tornar artistas-pesquisado- res-professores quando comecam a se questionar sobre como tem ensinado € como os métodos tradicionais precisam da vida e de viver!” Eles aspiram por um significado mais evidente, desejam criar,¢ eles almejam suas pré- prias expressdes de certeza ¢ de ambiglidade. Freqiientemente nesse ques- tionamento a imagem do “eu” é suavizada. Existe um desejo de viver num espaco de similaridade e diferenga, de resolugdo e crescimento continuo, de nutrigio © retengio. Existe 0 desejo de explorar um novo territério," uma ° Raglan Gn Vl Cure Landes: Rote, 200) WW XeeS Fale ].0, Knowle "Researcher av AniAri Resarche” em Qualia I iy. pp. 10-12 11 Terlmbén'. Lined © H, Hop orgs The Aes of Orgeisation Lome Sage 200 pee 12 TPT Aki Locating Living Tea in Teacher Reseach Fie Metonymic Momeni WH Pinar Lewin ong), Coal in New Rey the Caled Wor of TT Aah {Malath: Lawrence Ei, 205), pp. 43-48. 10 Garin, Mfrming ag: owed on At of (Nova Yor: Say Pres 19 1 VerG. Faw J Geddian, “Cresting Research Ovens fom Stree and Pe Achlbhdel yo Rrra knee eH a | 92 _treetaroiade mis cometos etuca0 fronteita de reforma e transformagio, um lugar geografico, espiritual, social, pedagégico, psicoldgico ¢ fisico inter ¢ intra-subjetivamente localizado no

Você também pode gostar