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WOOT Frand2Z : 0 ptr, gan Pamela. TR 2 Tense) BBD CAPITULO III O POPULISMO NA POLITICA BRASILEIRA * © populismo, como estilo de governo, sempre sensivel as pres- ses populares, ou como politica de massas, que buscava conduzir, manipulando suas aspiragdes, s6 pode set compreendido no contex. to do processo de crise politica e de desenvolvimento econdmico ue se abre com a revolugio de 1930. Foi a expressia do perfodo de tise da oligarquia e do liberalismo, sempre muito afins na historia brasileira, © do processo de democratizagio do Estado que, por sua macio com as peculiaridades deste perfodo, o populismo foi um fe- némeno politico que assumiu diversas facetas e estas foram fre~ * Versio modificada do artigo publicsdo em 1967 pela revista Temps Modernes ‘ndmero cofetivo sobre o Brasil organizado por Celso Furtado.” 6 ‘quem tenha vivido, ‘de um modo ou de outro, os problemas politi- dustrial e urbano, Foi um dos mecanismo atr: ivés dos quais os gru- (608 dessa etapa histérica, fazer uma referéncia de conjunto ao mo. pos dominantes exerciam seu dominio mas foi também uma das vimento populista que englobe toda a sua diversidade, Desde 1945 manciras através das quais esse dominio se encontrava potencia até 1964, sic *arios os lideres de ressonancia nacional (trés Presi- mente ameagado. Esse estilo de governo e de comportamento poll dentes ‘alguns Governadores de Estado) que buscam conquistar & tico 6 essencialmente ambiguo e, por certo, deve muito ambigili- adcso popular nos centros mais urbanizados do Pais, Cada um de. dade pessoal desses politicos divididos entre MOF 20 Povo: {es tem um “estilo”, sua politica pessoal quase sempre pouco expii- amor ao poder: Mas o populismo tem ratzes sociais mais profundas ita © sua ideologia, ainda menos explicita muitas vezes confusa. a recuperaciio de sua unidade como fendmeno social politico é ‘Suas diferencas, em alguns casos suas contradigSes, sd de uma tal um problema proposto a quem estude a formagao histérica do Pais ordem que se torna dificil perceber neles alguma significagdo funda« estes uiltimos decénios. mental comum, além do interesse que todos téni na conquista do voto popular ¢ na manipulagio das aspiragSes popuilares, Em deter. 1 - A CRISE DA OLIGARQUIA E AS NOVAS minados momentos, somos inclusive tentados a permanecer nessa CLASSES ercepeiio fragmentéria © a conceber o populismo mais como um EE fendmeno de natureza pessoal que de qualidade social ¢ olltica, A revolucao de 1930, movimeato liderado ‘por homens de clas- Expliquemo-nos: as bruscas mudangas:de orientacdo pol itica di se média e por alguns chefes oligarcas (entre os quais o proprio Ge- deres como Vargas ou Janio Quadros, por exemplo, poderiam dar. tii Vargas, sbre a crise do sistema oligdrquico de podar eatabele 8 impressio de que o populismo nada mais seria do que uma espé- cido des. £05 primeitos anos da Repiiblica (1889) ¢ consagrado na tmnbigto Be poder neem” de alguns Uderes, uma demmedide Sides do prowess Se one ag 9 ame ds eculia- ambi¢ao. der associada a uma quase ilimi da capacidade de dades do proceso ‘transformagao politica que a insurreicdo manipulagdo'de massas : 1930 desencadeia, o fato de que as verdadeiras forcas sociais ¢ os Essa noclo ~ que nos parece traduzir 0 essencial do ponto de ‘motivos reais de seu compo! io ie vista de alguns liberais de 'média, perplexos diante dos rumos ’ de maneira clara. Pode-se, contudo, reconhecer algumas de suas di- assumidos pelo processo politico depois de 1945 ~ terd talvez seu mensdes mais relevantes. Merece referencia, em Primeiro lugar, a ‘ro de verdade. Muitos homens de esquerda ~ digavse, de passa~ decadéncia dos grupos oligirquicos como fator . Bles $e Vi gem, que também sio homens de classe médi ‘tém uma visio se- ram obrigados a deixar as fungdes de dominio | ‘melhante, Parece-nos, contudo, que embora a manipulagio tenha ‘mantiveram em forma ostensiva © quase exclus sido uma das tOnicas do populismo, seria demasiado - sumérie ¢ nas sombras (embora sempre preseates no nove abstrato caracterizar penas como manipulagdo um estilo de lide ‘regional municipal em muitas partes do Pais) Tanga politica ~ ¢, em certo sentido, um tipo de regime politics = passam a ter representagio privilegiada ‘gus, ‘qualquer modo, se confunds em muitos aspectos com a his- lado, observa-se, a partir de 1930, uma ten do Pais nos ultimos decéaios, O opulismo foi, sem divida, tucional das bases sociais do Estado. Sob ‘manipulagio de massas mas a manipulaglo nunca foi stro ae ‘com © nosso tema, merece referir-se, inicialmente, a pz fosse, estariamos obrigados a accitar a visio liberal elitista que, das classes médias ¢ dos setores burgucses vinculados 4 industrial ‘¢m dltima inst&ncia, vé no populismo uma espécie de aberragic da zagac hist6ria alimentada emocionalidade das massas ¢ pela falta de ticipagdo pc Principios dos deres. condigées em que se instala 0 novo regim Em realidade, o populismo é algo mais complicado que a.mera manifestada_ pel ‘manipulacdo ¢ sua complexidade politica no faz mais que ressaltar substituir ‘complexidade ‘das condigdes histéricas em que se forma. O pop. (Os setores ind: lismo foi um modo determinado ¢ concreto de manipulagdo das ‘das mudancas glasses populares mas foi também um modo de expresso de suas insatisfagdes, Foi, ao mesmo tempo, uma forma de estruturagho da 1 Vei de Celso Fursid, "Obeticuls Pollicos so Deseavolvimento Econdmice’do Poder para os grupos dominantes e a principal forma de expresso. Bras", mimeo, 1983, Hi 63 Yindicagées basicas, “representacio e justiga,” formulavam. den- {0 dos princtpios tiberais que ja se encontravam consagrados a onstituigdo de 1891 ¢ constitulam parte dos horizontes ideoldgi- ia. ‘Bo" Yer também Santa Rosa, Visgnio -O'Seatido do Feacatsma, Schmsds Dit tor, Rio; 1932 0), a obra de él 122 obra de HA Siva sobre O Cil de Varga bit Casto “ tendiam ca revol ‘manescentes, mas ndo encontrardo condieées para chegar ao con- trole do poder. : ‘© movimento revolucionsrio que, como ja 0 disse José Honé- rio Rodrigues, nascia da cisio da minoria do ir tambéni “de cima para baixo.” E est4 ai uma das condigdes histéri- cas dé “regime” € da “pol pulista vigentes nos decénios se- ‘uintes ¢-um dos problem: iscutido nas partes seguintes des- te artigo, ae : ‘Nido obstante, seria conveniente, antes disso, examinar mais de Perto a auséneja das classes populares no processo revoluciondrio, 2 Religus tops Mond = Conca ¢ Reforms, Ed. Cine Bri, PRossgues,Lebncio Manins - Conito Industrie Sindicaliamo no Bra, Dit sto Europa do Livro, 8. Pel ~ 1960 pe. IS. : 65 3 | olitico do qual ela era o principal apoio, mas nao puderam negar 0 Fito de ques ortagdo do café fora ¢continuaria a ser 6 elemento Ss dependerd das novas fundamentalmente da incapacidade manifestada por todas 4s for. ‘gas sociais que compunham a Alianca Liberal de estabelecer de ma. neira sélida as bases,de uma nova estrutura de Estado, ‘Convém chamar a aténcto para um dado que nos parece fie Saniental no processo de estruturagao do regim: ee ida fase de insabiidada:Asdemeens ota pela oligatqua dea, - Paulo, cm 1930, ent 1932, puideram comiover as zes do regime 68 S es uibiinas ~¢'a repre das massai nesse jogo estard contro- Desse modo, uma das rajzes da capacidade de'manipulagio ‘Tada pelo proprio chefe da Estado, Nas.fungtes de arbitro, ele passa. dos grupos dominantes sobre as massas est na sua prépria debili- 4 decidir em nome dos interesses de todo 9 povo e isto significa vi- dade como classe, na sua divisto interna e né sua incapacidade de ‘zet que ele tende, embora essa tendéncia nig possa efetivar-se sem- assumir, em seu proprio nome, as responsabilidades do Estado. In- Pre,'a.optar por aquiclas alternativas que despertam menor resistén- -capazes de legitimar por si proprias a dominacao-que exercem ne-

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