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Em Roma, Ovídio descreve a Lemurália, que acontecia em maio. O mês que atualmente
é considerado o mês das noivas, [possivelmente por influência do calendário católico-
cristão no qual este é o mês de Maria], naquela época, era desfavorável para casamentos
por conta do retorno assombroso do fantasma de Remo, o irmão que Rômulo assassinou
no episódio da fundação de Roma. Na ocasião, o "cabeça" da família, o pater,
caminhava descalço pela casa fazendo sinais místicos que afastavam o "olho do mal".
Colocava feijões [favas] na boca e atirava outras por cima dos ombros dizendo: "Com
estas favas eu redimo a mim e aos meus". A cerimônia era repetida nove vezes. Depois,
o pater purificava-se pelo banho e convidava os espíritos a deixarem sua casa. O
procedimento tinha validade: um ano; depois disso, todo o ritual deveria ser repetido.
Havia também as Lâmias, de origem grega, que assombravam os quartos, que tinham,
então, de ser defumados com enxofre enquanto outros ritos eram feitos com ovos a fim
de exorcizar o mal.
Os mortos sem descanso pertenciam a três classes: os que tinham morrido antes do
tempo, aeroi: se tornavam errantes até que se completasse o tempo que teriam de vida;
os que tinham sofrido morte violenta, biaiothanatoi; os que ficaram sem túmulo,
ataphoi. Estes espíritos assombravam os lugares que abrigavam seus restos mortais
Batalhas-Fantasma
O Fantasma de Nero
O Fantasma de Caligula
Este outro imperador, também um tanto descompensado das idéias, andou assombrando
os romanos, especialmente os guardas dos Lamian Gardens porque tinha sido enterrado
apressadamente ali, sem as devidas cerimônias. Foi preciso que suas irmãs, que
realmente o amavam, retornassem do exílio e os rituais fossem apropriadamente
realizados. Somente assim, Calígula descansou em paz.
Os gregos acreditavam que certos lugares eram especialmente propícios para se obter
comunicação com os mortos, verdadeiros portais do Hades que, governado por
Plutão/Hades, era o lugar ou mundo para onde iam as espíritos desencarnados. Eleusis,
Colonus, Enna, na Sicília, são alguns exemplos, além de certos lagos e mares. Locais
onde havia a emanação de gases sulforosos e, certamente, alucinógenos, não raro eram
alvo desse tipo de crença, como o Oráculo de Apolo [Delfos], onde as pítias previam o
futuro com ou sem consulta aos mortos. Numerosos templos também eram freqüentados
para ouvir os fantasmas que, acreditava-se, eram capazes de conhecer o futuro, entre
estes, o Templo de Phigalia, na Arcádia.
Na Itália, segundo Cícero, o Lago de Avernus, próximo a Nápoles, era um "oráculo dos
mortos" onde as "sombras, os espíritos dos mortos eram chamados na densa treva da
boca do Aqueronte, o rio de sangue salgado"; e, nas palavras do historiador grego
Ephorus: "os sacerdotes que evocavam os mortos no Avernus moravam no subsolo e
comunicavam-se com os espíritos nas passagens subterrâneas posto que estes habitavam
as entranhas da terra". Não muito longe do lago, também havia cavernas-oráculo onde
os consulentes recitavam fórmulas encantadas e ofereciam sacrifícios para propiciar as
revelações. Os fantasmas apareciam como sombras insubstanciais, difíceis de ver e
reconhecer mas com uma audível voz humana.