Você está na página 1de 26

Pós‑Graduação em Educação

Metodologia do Ensino da Matemática

Diretrizes Curriculares para


o Ensino de Matemática
na Educação Básica

Paulo Martinelli
FAEL
Diretor Executivo Marcelo Antônio Aguilar

Diretor Acadêmico Francisco Carlos Sardo

Coordenador Pedagógico Francisco Carlos Pierin Mendes

editora Fael
Autoria Paulo Martinelli

Gerente Editorial William Marlos da Costa

Projeto Gráfico e Capa Patrícia Librelato Rodrigues

Revisão Natália Bellos

Programação Visual e Diagramação Patrícia Librelato Rodrigues

Atenção: esse texto é de responsabilidade integral do(s) autor(es), não correspondendo, necessariamente, à opinião da Fael.
É expressamente proibida a venda, reprodução ou veiculação parcial ou total do conteúdo desse material, sem autorização prévia da Fael.

Editora Fael
Rua Castro Alves, 362
Curitiba | PR | CEP 80.240‑270

FAEL
Rodovia Deputado Olívio Belich, Km 30 PR 427
Lapa | PR | CEP 83.750‑000

FOTOS DA CAPA
Anissa Thompson
Jos van Galen
Julia Freeman‑Woolpert
Krishnan Gopakumar
Stefan Krilla
Viviane Stonoga

Todos os direitos reservados.


2012
Diretrizes Curriculares para
o Ensino de Matemática
na Educação Básica

Resumo

No presente trabalho pretende‑se discutir alguns pena também discutir alguns aspectos da formação do
problemas referentes ao ensino da matemática no coti‑ docente em matemática, seus problemas, sucessos e
diano escolar e que se refletem no ensino da matemá‑ decepções ao buscar o desenvolvimento dos seus alu‑
tica a nível nacional. Para tal discussão serão tomadas nos em relação ao conhecimento nos dias atuais, nas
como referências os contextos atual, local e global; a diferentes áreas que envolvem a matemática.
Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional de
20 de dezembro de 1996; as Diretrizes Curriculares Palavras‑chave:
para o Ensino Fundamental e os Parâmetros Curricu‑
lares Nacionais, a história da matemática, bem como Educação brasileira. Ensino da matemática. DCNs.
estudos realizados por educadores matemáticos. Vale a PCNs. Formação continuada.

1 . Introdução Quando se amplia o pensamento para esse nível de


reflexão, normalmente se percebe que a educação tem
papel primordial na renovação dos cidadãos. Mas, surge
A passagem do século XX para o XXI foi marcada
uma questão: como os conhecimentos das diferentes
pela formação de uma sociedade altamente tecnolo‑
áreas ficam diante desse contexto?
gizada resultante do grande progresso na ciência. Tal
avanço, aliado à globalização, aparentemente eliminou A Lei de Diretrizes e Bases para a Educação
as fronteiras entre os países e as suas culturas, agilizou Nacional (LDB) deixa clara a urgência em educar
a comunicação em todo o mundo, facilitou o acesso ao para a cidadania. Sendo assim, a concepção de
conhecimento historicamente acumulado, criou novos conhecimento passa a exigir uma revisão, conside‑
espaços de aprender, mudou formas de relacionamento rando o conhecimento como aberto, inacabado e
e até distanciou preconceitos. resultado da inter‑relação entre sujeito e objeto. Ou
seja, o conhecimento passa a ser visto como uma
No entanto, na mesma medida em que causou esse
representação dessa relação, a qual pode ser modifi‑
avanço tecnológico, provocou também mudanças que
cada a qualquer hora em função de motivos diversos
refletiram na vida de todos: o consumismo exacerbado,
e, por vezes, inesperados.
a prevalência do ter sobre o ser, a busca constante do
prazer em detrimento do esforço para conseguir as coi‑ Quando se fala em conhecimento, nesse caso
sas materiais ou o conhecimento, o culto à aparência seja específico, reporta‑se à matemática, enquanto ciência
ela no corpo ou nas relações pessoais, a sazonalidade e também enquanto disciplina. A disciplina se constitui
das relações entre os diversos elementos sociais, bem como recortes do conhecimento matemático até hoje
como a supremacia de algumas culturas sobre outras e o desenvolvido pela humanidade, que são organizados
domínio econômico dos países ricos sobre os pobres. e trabalhados didaticamente no contexto escolar. Mas
para que serve esse conhecimento?
Ocorreu também uma renovação de valores sociais
e, com isso, a adoção de práticas sociais bem diferentes A matemática, assim como qualquer outra área
das décadas anteriores. Por exemplo, a violência nas do conhecimento, se constitui como uma linguagem
grandes metrópoles e, recentemente, também em locais específica e, como tal, produz uma forma de comu‑
mais distantes dos grandes centros. Poderiam ser cita‑ nicação, de representação. Ao ensinar matemática é
dos muitos outros exemplos, no entanto, este tem se preciso que o docente saiba iniciar seu aluno nessa
mostrado muito frequente e objeto de preocupação da linguagem com o objetivo de que ele adquira con‑
grande maioria da população. dições intelectuais de conhecer, investigar, analisar,
traduzir e relacionar os diferentes elementos que
compõem a realidade.
2 . A matemática e a
legislação educacional
brasileira
Dessa forma, pode‑se dizer que a matemática
funciona como meio de leitura da realidade, juntamente
com as demais áreas do conhecimento, e como ins‑ O sistema educacional brasileiro atual é regido pela
trumento de intervenção no meio social. Outra questão Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 20 de novembro de
que aqui se aponta é: O que acontece nas escolas com 1996, que se destina a organizar e definir as bases em
relação à matemática? que a educação no Brasil deve acontecer. Portanto, o
ensino da matemática está sob a orientação inicial da
Até pouco tempo (embora aconteça até hoje) a
referida lei.
matemática era aprendida e ensinada por meio da
repetição exaustiva de exercícios específicos de con‑
ceitos. Não se pode desvincular a intencionalidade dos 2.1 Lei de Diretrizes e Bases
métodos empregados no seu ensino do momento his‑ da Educação Nacional
tórico e do espaço em que ele ocorre. Hoje, porém,
questiona‑se a forma mecânica, sem explorar as apli‑ Inicialmente deve‑se destacar que a LDB (Lei
cações que estão diretamente relacionadas à compre‑ n. 9.394/96) inclui na educação básica: a educa‑
ensão das analogias estabelecidas entre os diferentes ção infantil, o ensino fundamental (8 ou 9 anos) e o
elementos de um sistema e a forma matemática de ensino médio.
expressar isso.
Em relação ao currículo da educação básica
No entanto, o que se percebe como resultado (e (capítulo II), na seção I, devem‑se dar os seguintes
ele aparece no interior da sala de aula) é que há situa‑ destaques:
ções, desde o ensino fundamental até o ensino superior,
xx Com relação ao ensino fundamental e médio:
que demonstram os erros e fracassos no aprendizado
por parte dos alunos e também dos professores. Fatos Art. 26º Os currículos do ensino fundamental e
cotidianos como as eleições, o equilíbrio orçamentário médio devem ter uma base nacional comum,
a ser complementada, em cada sistema de
de uma casa, entre outros, são situações em que essas
ensino e estabelecimento escolar, por uma
falhas são percebidas. parte diversificada, exigida pelas características
regionais e locais da sociedade, da cultura, da
É também verdade que a mudança de contexto economia e da clientela.
criou a necessidade de revisão do ato de educar, não
mais de forma isolada, mas coletivamente, ou seja, a § 1º Os currículos a que se refere o caput
devem abranger, obrigatoriamente, o estudo 
nível nacional. Por conta disso, ocorreu a reformulação da língua portuguesa e da matemática, o
das leis que sistematizam a educação no Brasil. conhecimento do mundo físico e natural e
da realidade social e política, especialmente
No momento, parece ser muito importante estar do Brasil.
ciente e consciente do que a lei prevê a fim de se ter
condições de analisar o fenômeno “ensino da mate‑ A partir disso, é possível afirmar que, para conhecer
mática” e, a partir disto, reelaborar estratégias de ação o mundo que o cerca, é preciso que o cidadão domine
desde a formação dos profissionais da educação até as linguagens básicas para tal, ou seja, a língua materna
a sua atuação em sala de aula nas diferentes regiões e a linguagem matemática. Ambas permeiam o cotidiano
do Brasil. de qualquer lugar. Nesse sentido, pode‑se parafrasear
Piaget que, em suas obras relacionadas ao aprender a
O presente artigo está organizado em discussões matemática, traz a ideia de que a matemática é o ritmo
específicas, mas que se entrelaçam: a legislação, a do universo. Ou seja, pela linguagem matemática é pos‑
história da matemática, os Parâmetros Curriculares sível compreender os movimentos e os fenômenos que
Nacionais, os problemas encontrados e as formas de constituem o planeta, o sistema, a galáxia e o universo
ensinar. em que habitamos.

Metodologia do Ensino da Matemática

2.
Para a educação do século XXI, Morin (2002) des‑ línguas estrangeiras, a filosofia e a sociologia, na tenta‑
taca que é preciso que o cidadão se perceba integrante tiva de dar subsídios para a adequada reflexão sobre a
do planeta e do universo, visto que somente assim será tecnologia que rege a vida de todos.
responsável pelo ambiente em que vive. Sendo assim,
o ensino de matemática não pode se resumir a deco‑ Observe‑se que o Artigo 26 da referida lei não
rar conceitos e fórmulas. Deve, sim, exercer o ato de menciona a palavra disciplina. Entre as possibilidades
pensar, refletir e atuar sobre o próprio conhecimento e para o fato de evitar tal nomenclatura podem estar a
suas formas de aprender e de se posicionar nas situa‑ cautela devido às críticas ao modelo cartesiano que
ções cotidianas, desde a compra no supermercado até ainda prevalece; ou então ao fato de que mais adiante
a compreensão dos dados econômicos que interferem explicita‑se, na lei, a busca da interdisciplinaridade.
diretamente na sua vida.
É bem verdade que algumas disciplinas, como a
xx Em relação ao ensino médio, na seção IV, matemática, têm sido consideradas “pesadas” no processo
complementou: de ensino vigente no país. Ou seja, exigem um desenvol‑
vimento de reflexão cada vez mais apurado cada vez que
Art. 36. O currículo do ensino médio obser‑
vará o disposto na Seção I deste Capítulo e as se avança no processo educacional. Por outro lado, há
seguintes diretrizes: uma timidez no suposto avanço das diretrizes, visto que
ainda o que se propõe está distante do que realmente é
I – destacará a educação tecnológica básica,
necessário, principalmente quando se consultam os dados
a compreensão do significado da ciência, das
letras e das artes; o processo histórico de das pesquisas que estabelecem o ranking educacional dos
transformação da sociedade e da cultura; a países. Observe as indicações a seguir obtidas numa pes‑
língua portuguesa como instrumento de comu‑ quisa realizada entre 2006 e 2007 pela Unesco:
nicação, acesso ao conhecimento e exercício
da cidadania; Informa a Folha:

II – adotará metodologias de ensino e de O Brasil perdeu 12 posições no índice de


avaliação que estimulem a iniciativa dos educação feito pela Unesco, o braço da ONU
estudantes; (Organização das Nações Unidas) para a edu‑
cação e a cultura.
III – será incluída uma língua estrangeira
moderna, como disciplina obrigatória, A queda, do 76º para o 88º lugar entre 128
escolhida pela comunidade escolar, e uma países, ocorreu principalmente em razão da piora
segunda, em caráter optativo, dentro das dis‑ no índice de crianças que chegam até a quarta
ponibilidades da instituição. série. Segundo a Unesco, de 80,5%, em 2005,
o percentual caiu em 2007 para 75,6%.
IV – serão incluídas a Filosofia e a Sociolo‑
gia como disciplinas obrigatórias em todas as Com isso, o IDE (Índice de Desenvolvimento Edu‑
séries do ensino médio. (Incluído pela Lei n. cacional) do Brasil, caiu de 0,901 para 0,883
11.684, de 2008). em uma escala de 0 a 1, o menor entre todos os
países do Mercosul. Isso mantém o país em um
Nestes fragmentos da LDB percebe‑se que o patamar considerado mediano pela Unesco.
ensino médio dará ênfase ao exercício da cidadania, O IDE é composto pelas taxas de alfabetiza‑
lembrando que isso já vem sendo objeto de reflexão ção de adultos, igualdade de gênero, matrí‑
desde o ensino fundamental. cula na educação primária e sobrevivência na
escola até a quinta série ‑ no caso do Brasil,
Para o exercício da cidadania é preciso a compre‑ foi considerado o dado relativo à quarta série.
Os primeiros lugares ficaram com Noruega,
ensão, local e global, do espaço em que se vive. As múl‑ Japão e Alemanha. Os últimos, como Etiópia,
tiplas linguagens fornecem a possibilidade dessa leitura Mali e Niger, todos no continente africano.
de modo mais completo, por isso aqui se incluem as (POLÍTICA, 2010)

O ensino de matemática deve exercer o ato de pensar,


refletir e atuar sobre o próprio conhecimento e suas formas
de aprender e de se posicionar nas situações cotidianas.

Diretrizes Curriculares para o Ensino de Matemática na Educação Básica

3.
Para enriquecer a linha de raciocínio, é necessário seguir são apresentados trechos, cujo teor julgou‑se de
considerar também a pesquisa realizada pelo MEC, em merecido destaque.
2009, sobre o Índice de Desenvolvimento Escolar no
Brasil (Ideb). Inicialmente, podemos observar os resultados por
meio do gráfico a seguir que compara os resultados
A notícia comentada e veiculada pelo Centro de
Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação dos anos de 2007 e 2009 com as metas estabelecidas
Comunitária (CENPEC) é de 15 de agosto de 2010. A para 2009.

Fonte: Cenpec (2010a).

A referida notícia continua apontando os resulta‑ na nota, porém menos acentuada: de 3,8, em
dos gerais: 2007, subiu para 4,0, em 2009.

O Ministério da Educação divulgou na semana Destaque para a análise feita por uma profissional
passada os resultados do Ideb 2009. Embora participante do processo de formação deste índice:
os dados apontem que as metas previstas
para esse ano foram alcançadas, a qualidade Amabile acredita que a própria organização
da Educação Básica oferecida no País ainda escolar favoreça esse melhor desempenho
está longe da ideal. Chamaram a atenção, em do ciclo I. “Nessa etapa, o professor tem
especial, os dados relativos ao Ensino Médio, maior possibilidade de conhecer as fragilida‑
que se mantiveram praticamente estagnados: des e potencialidades de cada aluno. Além
nota média de 3,6, diferença de apenas 0,1 disso, como ele possui conhecimento de
ponto em relação a 2007 (em uma escala de todo o currículo, tem uma visão de conjunto
zero a 10). e sabe como articular os conteúdos tendo
como foco a questão do letramento”, explica.
[...] Os anos iniciais do Ensino Fundamental No ciclo II, momento em que deveriam ser
apresentaram o maior avanço: alcançaram consolidadas essas habilidades adquiridas
nota 4,6, o que representa um crescimento nos anos iniciais, a estrutura excessivamente
de 0,4 pontos em relação à edição anterior. fragmentada, centrada nos conteúdos, dá‑se
Os anos finais também tiveram uma melhora pouca prioridade a isso.

Metodologia do Ensino da Matemática

4.
A análise continua e se detém na questão do ensino fazer valer, mesmo que na forma de tentativa e erro, o
médio: que a LDB prevê.

Já a melhora no desempenho em Matemática No entanto, é preciso destacar que, desde o final


foi mais acentuada apenas entre os alunos dos da década de 90 do século XX, muitos pesquisadores e
anos iniciais do Ensino Fundamental: de 193,5,
em 2005, saltou para 204,3, em 2009, um
estudiosos têm se reunido para discutir o futuro da edu‑
acréscimo de 10,8 pontos. Nos outros níveis o cação brasileira. O resultado de tais discussões pode ser
avanço se dá a passos mais lentos. No Ensino visualizado nas normas complementares educacionais,
Médio o crescimento foi de apenas 1,8 ponto, as quais serão discutidas a seguir.
alcançando a marca dos 274,7 pontos. Nos
anos finais, o crescimento foi ainda menor: 1,3 Um documento complementar surge do Parecer n.
ponto (de 247,4 para 248,7).
04/98, de 29/01/1998, o qual define os Parâmetros
Para concluir esse pensamento, observe o desem‑ Curriculares para o Ensino Fundamental e a Resolução
penho dos alunos nas provas de matemática e os n. 02/98, de 07/04/1998, que define as Diretrizes
comentários na sequencia. Curriculares Nacionais para:

xx ensino fundamental;
xx ensino médio;
xx formação de professores para a educação
infantil e anos iniciais do ensino fundamental,
em nível médio;
xx formação de professores para o ensino religioso
nas escolas públicas de ensino fundamental.

Para compreender mais profundamente os Parâ‑


Fonte: Cenpec (2010b). metros Curriculares Nacionais (PCNs, 1998), e também
o processo educacional brasileiro, deve‑se recorrer ao
Além das ações de suporte técnico e financeiro
aos municípios realizadas pelo MEC, o Ministro histórico das últimas reformas curriculares, com desta‑
atribuiu ao aumento do Ideb da rede como um que às décadas de 60 do século XX para cá.
todo ao Fundeb, ao Plano de Formação de
Professores e às olimpíadas de Matemática e É preciso compreender que os movimentos que
Língua Portuguesa. aconteceram, em âmbito nacional, com relação à reo‑
rientação curricular não conseguiram mudar a prática
Tais fatos exigem que as autoridades educacionais docente que se baseava no caráter elitista de ensino.
brasileiras realizem pesquisas sobre a estrutura curricu‑
lar, as disciplinas ou áreas do conhecimento e conteú‑ É fato a ser considerado que, com o passar do
dos programáticos que deverão compor o conjunto de tempo, percebeu‑se que o rendimento dos alunos na
conteúdos a serem trabalhados nas escolas brasileiras disciplina de matemática caiu e isso passa a ser o maior
levando‑se em consideração as especificidades geo‑ motivo de reprovação, especialmente na segunda fase
gráficas e culturais de cada lugar. do ensino fundamental.

A demora nas pesquisas e atualizações curriculares Fazendo o resgate histórico verifica‑se que nas déca‑
acabam evitando que mudanças necessárias aconte‑ das de 60 e 70 do século XX predomina a matemática
çam realmente, salvo casos em que a própria unidade moderna, a qual se apoia na teoria dos conjuntos, man‑
escolar ou um grupo de professores tome a decisão de tendo o foco nos procedimentos e isolando a geometria.

Os movimentos que aconteceram com relação à


reorientação curricular não conseguiram mudar a prática
docente que se baseava no caráter elitista de ensino.

Diretrizes Curriculares para o Ensino de Matemática na Educação Básica

5.
Na mesma medida em que isso representou um avanço, como foco do ensino da Matemática nos anos
também admitiu um relaxamento na exigência, ou seja, o 80. Também a compreensão da relevância de
aspectos sociais, antropológicos, linguísticos, na
medo do novo e a pouca formação dos professores criou
aprendizagem da Matemática, imprimiu novos
a ideia de que tudo estava mais fácil. Aliado a isso tudo rumos às discussões curriculares.
estava o avanço das ideias da Escola Nova, que se deu
nesse período, especialmente no Brasil. O que se per‑ Essas ideias influenciaram as reformas que ocorre‑
ram mundialmente, a partir de então. As propostas
cebeu nesse período, assim, foi o problema da grande
elaboradas no período 1980/1995, em diferentes
abstração exigida para o estudante da educação básica. países, apresentam pontos de convergência [...].

Nos anos 70 do século XX começa no Brasil o Convém destacar que tais propostas tiveram pon‑
Movimento de Educação Matemática, gestado em tos de convergência interessantes, também veiculados
décadas anteriores em movimentos internacionais. De no mesmo texto (p. 21):
acordo com Fiorentini e Lorenzato, o surgimento da
educação matemática enquanto campo profissional e xx direcionamento do ensino fundamental
para a aquisição de competências bási‑
científico teve três fatos determinantes:
cas necessárias ao cidadão e não apenas
O primeiro é atribuído à preocupação dos voltadas para a preparação de estudos
matemáticos e de professores de matemática posteriores;
sobre a qualidade da divulgação/socialização
das ideias matemáticas às novas gerações. xx importância do desempenho de um
O segundo é atribuído a iniciativas das uni‑ papel ativo do aluno na construção do
versidades europeias [...] em promover insti‑ seu conhecimento;
tucionalmente a formação de professores. O
xx ênfase na resolução de problemas, na
terceiro fato diz respeito aos estudos experi‑
exploração da Matemática a partir dos
mentais realizados por psicólogos americanos
problemas vividos no cotidiano e encon‑
e europeus, desde o início do século XX, sobre
trados nas várias disciplinas;
o modo como as crianças aprendiam matemá‑
tica (FIORENTINI, LORENZATO, 2007, p. 6).
xx importância de se trabalhar com um
amplo espectro de conteúdos, incluin‑
As discussões acerca de como ensinar matemática do‑se, já no ensino fundamental, ele‑
envolveram professores do mundo todo, organizados em mentos de estatística, probabilidade e
grupos de estudo e pesquisa. Especialistas iniciaram estu‑ combinatória, para atender à demanda
dos de como se constrói o conhecimento na criança, o social que indica a necessidade de abor‑
dar esses assuntos;
que gerou a possibilidade de formas alternativas de ava‑
liação. Matemáticos não ligados à educação se dividiram xx necessidade de levar os alunos a com‑
entre os que apoiam e os que resistem às mudanças. preenderem a importância do uso da
tecnologia e a acompanharem sua per‑
A década de 80 do século XX se destaca pelas manente renovação.
múltiplas possibilidades de pesquisas e mudanças em
Também no Brasil essas ideias vêm sendo
todas as áreas do conhecimento, o que não deixa de discutidas e algumas aparecem incorporadas
acontecer na matemática, conforme descrevem os pelas propostas curriculares de Secretarias de
PCNs de matemática (p. 20): Estado e Secretarias Municipais de Educação,
havendo experiências bem‑sucedidas que
No Brasil, a Matemática Moderna foi veiculada comprovam a fecundidade delas.
principalmente pelos livros didáticos e teve
grande influência. O movimento Matemática A década de 90 do século XX, no Brasil, constitui‑se
Moderna teve seu refluxo a partir da constatação
de grandes movimentos sociais, inspirados no processo
da inadequação de alguns de seus princípios e
das distorções ocorridas na sua implantação. de redemocratização do país no período pós‑ditadura
militar, que tem seu início na década de 80 do século XX.
Em 1980, o National Council of Teachers of Na educação, luta‑se pela composição da LDB e pelas
Mathematics — NCTM —, dos Estados Unidos,
possibilidades de operacionalização destas. O resultado
apresentou recomendações para o ensino de
Matemática no documento “Agenda para Ação”. disso foi a promulgação da referida lei em 20 de dezem‑
Nele destacava‑se a resolução de problemas bro de 1996 e o lançamento dos PCNs em 1998.

Metodologia do Ensino da Matemática

6.
Os PCNs foram lançados para as oito séries do A matemática primitiva necessitava de um emba‑
ensino fundamental, sendo que o capítulo referente à samento prático para se desenvolver. Tal embasamento
matemática foi elaborado pelos integrantes brasileiros surgiu com a evolução para as formas mais avançadas
do Movimento de Educação Matemática. Segundo de sociedade, que aconteceram ao longo de grandes
BRASIL (1998, p. 27) “os PCNs ainda são os melhores rios da África e da Ásia. Essas sociedades precisavam se
instrumentos de orientação para todos os professores organizar para atender suas necessidades de sobrevi‑
que querem mudar sua maneira de dar aulas e, com vência através da agricultura. Nesse momento, a socie‑
isso, combater o fracasso escolar”. dade percebeu que surgiram novas necessidades como
a drenagem dos pântanos, o controle de inundações e a
No entanto, há tempos, não somente no Brasil, irrigação, para transformar as terras ao longo desses rios
são desenvolvidas pesquisas em grupos formados por em regiões cultiváveis e ricas. Essas necessidades esti‑
psicólogos, pedagogos, professores e matemáticos, mularam as sociedades, que atingiram assim elevado
nas quais se buscam as origens do fracasso do ensino grau de organização.
de matemática, bem como as maneiras de evitá‑la. É
importante destacar que tais estudos estão em cons‑ Mas essa organização trouxe uma série de pro‑
tante recriação e que não devem suprir de uma só vez blemas, cuja solução exigia o conhecimento e domínio
as necessidades educacionais brasileiras. dos números. Assim, pode‑se dizer que a matemática
primitiva originou‑se no Oriente Antigo, primordialmente
3 . A história da matemática como uma ciência prática para assistir as atividades
e a sua origem
ligadas à agricultura e à engenharia. Essas atividades
demandavam o desenvolvimento de um sistema em
Para trabalhar com a ciência matemática, primeiro que se ordenasse e registrasse a passagem do tempo,
é preciso que o aluno tenha conhecimento do surgi‑ o desenvolvimento de um sistema de peso e medidas,
mento dos números, a necessidade do aparecimento de armazenamento e distribuição de alimento, a criação
desses símbolos que traduzem quantidades, valores, de métodos para a construção de canais e reservatórios
etc. É necessário contextualizar, mostrar na prática a para dividir a terra e ainda a adoção de práticas que
necessidade que se tem de conhecer a aplicação no permitissem o estabelecimento de relações comerciais
dia a dia. e financeiras.

Para D’Ambrosio (1996, p. 29) “a história da mate‑ Também surgiu a necessidade de construção de
mática é um elemento fundamental para se perceber casas, estradas, aquedutos, além de um sistema que
como as teorias e práticas matemáticas foram criadas, suportasse a atividade da navegação e do estudo dos
desenvolvidas e utilizadas num contexto específico de astros, problemas que requerem contagens e cálculos.
sua época”. A matemática teve sua origem e desen‑ Assim como cada uma destas grandes civilizações criou
volvimento pela necessidade de sobrevivência do ser sua própria linguagem escrita, elas também desenvolve‑
humano que, utilizando‑a como ferramenta, desenvol‑ ram diferentes maneiras de representar quantidades.
veu técnicas que facilitaram sua interação com o meio.
Como é possível analisar, a ênfase inicial da mate‑
Mesmo não se sabendo ao certo quais foram as mática ocorreu na aritmética das necessidades e men‑
primeiras manifestações de registro escrito do uso da surações práticas, todavia, desenvolveu‑se no sentido
matemática, o que se tem de informação dos perío‑ da abstração e, então, passou‑se a estudar a ciência.
dos de maior desenvolvimento das antigas civilizações
é: egípcios, 4.500 a.C.; mesopotâmicos, 3.500 a.C., No decorrer dos tempos, das necessidades e
depois gregos, hindus, chineses e romanos 500 a.C. e desenvolvimento das civilizações, a matemática teve
500 d.C. e mais 300 d.C. e 600 d.C. nas Américas. evoluções e, aos poucos, tornou‑se essencial e abstrata.
Esse fato se deve principalmente ao desenvolvimento da
Na sequência serão destacados os pontos mais tecnologia, pela necessidade e rapidez que o homem
importantes da história da matemática, tendo por base precisou dela para determinadas aplicações e resulta‑
as ideias de Miorin (1998). dos nos negócios.

Diretrizes Curriculares para o Ensino de Matemática na Educação Básica

7.
Diante dessas situações e tecnologias avançadas, fica lado, a matemática se diferencia de outras áreas do conhe‑
a cargo do professor hoje a difícil tarefa de deixar claro aos cimento, pois é parte integrante para solução de problemas
alunos que nem tudo que se realiza em uma sala de aula e apresentação de resultados, ou seja, a matemática é uma
de matemática vai lhes explicar alguma coisa da sociedade ferramenta que faz parte da vida do ser humano no coti‑
em que eles vivem. Mas que, sem dúvida alguma, o que diano desde a idade da pedra até o presente momento.
eles estão aprendendo, não deixa de ser um ingrediente
indispensável ao entendimento de tudo que existe ao redor Esta breve visão da história da matemática mostra
e que precisa da utilização dessa fabulosa ferramenta: a que a necessidade e utilização dessa ferramenta sempre
matemática. E a história da matemática é uma importante esteve presente na vida das pessoas, ainda que com
aliada, no sentido de dar significado a tudo que se pre‑ mais ou menos intensidade.
tende passar ao aluno. Conhecer e transmitir a história da
matemática é, antes de tudo, respeitá‑la em sua essên‑ 4 . Desafios do ensino de
cia. A importância de se dominar conceitos matemáticos
matemática no século XXI
atualmente se dá desde o cortar caminho para diminuir a
distância em metros ou centímetros de uma caminhada Ao observar as falas desenvolvidas nos meios edu‑
na praça ou nas ruas; incluindo situações que envolvem cativos, percebe‑se que muitos professores de mate‑
a quantidade de dias do ano, quantidade de horas do dia, mática ainda procuram ensinar de maneira rotineira,
os minutos de uma hora, os segundos, até a destreza para ou seja, aulas expositivas e exercícios conforme estão
analisar criticamente situações financeiras e muito mais. nos livros adotados, sem nenhuma alteração ou criativi‑
dade. Isto demonstra a insatisfação nos resultados pelos
Porquanto, não é possível deixar de apontar que a docentes da disciplina de matemática, desde a forma‑
matemática tem alguns aspectos que a diferenciam de ção básica até o ensino superior.
outras áreas do conhecimento, pois ela é sempre base‑
ada em ensinamentos anteriores, ou seja, é sequencial: Por outro lado, o estudo da matemática (ainda) tem
dificilmente um aluno aprende uma operação de mul‑ sido considerado o “bicho papão” das disciplinas. Basta
tiplicação e divisão sem antes ter aprendido as opera‑ falar em números que muitos alunos têm arrepio, medo
ções anteriores como somar e subtrair. Por ser dessa e outras coisas mais, muitas vezes querendo saber só da
natureza, não se pode deixar de seguir etapas, ou seja, aplicabilidade para enfrentar o desafio do aprender. Em
o passo a passo no processo de ensino‑aprendizagem, função disso, coloca‑se um grande desafio para profes‑
desenvolvendo um raciocínio abstrato e lógico. sores e educadores: mudar a formação dos novos pro‑
fissionais da educação básica e a maneira de repassar
O aluno precisa saber que a matemática irá fazer parte o conhecimento, fazendo com que os alunos possam
da sua vida cotidiana, portanto, é uma matéria que faz entender, participando sem receio do aprendizado.
parte do currículo escolar, de qualquer escola no mundo.
No entanto, o conhecimento dessa fabulosa matéria será Professores e alunos precisam rever seus concei‑
muito importante, porque sem ela os alunos (ou qualquer tos. Os primeiros, a fim de resgatar a sensibilidade de
pessoa, na verdade) ficariam desconfortáveis, não apenas perceber quais são as angústias e dificuldades de seus
nas escolas, mas no dia a dia também, principalmente alunos, proporcionando aulas voltadas à realidade, pro‑
quando precisarem fazer uma partilha, seja de um lanche, blematizando, construindo conceitos de forma lúdica e
na distribuição de balas entre os amigos, mesadas, bens e agradável. Os segundos, entendendo que fazer mate‑
serviços. Avançando um pouco mais, chega‑se na seara mática é muito mais do que resolver exercícios mecani‑
do dinheiro (moeda), viagens, cálculos, aplicações e por camente: é, acima de tudo, ensinar o cérebro a pensar,
aí a fora. Em todos esses casos é preciso ter habilidade interpretando situações, percebendo a importância de
e conhecimento da aritmética para não ficar dependente entender sua conduta na resolução de um problema,
para fazer os mais simples cálculos no cotidiano. Por outro relacionando‑o com sua vida diária.

Fica a cargo do professor deixar claro aos alunos que nem


tudo que se realiza em uma sala de aula de matemática vai
lhes explicar alguma coisa da sociedade em que eles vivem.

Metodologia do Ensino da Matemática

8.
Ensinar matemática, como defendeu Malba Tahan, mento mínimo necessário para dar continuidade no pro‑
grande matemático brasileiro, deve fugir da mera aplica‑ cesso da aprendizagem, ficando uma lacuna e grandes
ção de fórmulas e dos cálculos repetitivos. Deve, antes dificuldades no saber. Fica também o desafio aos profes‑
de tudo, ser uma atividade lúdica, prazerosa e interdis‑ sores de rever seus conceitos de ensino‑aprendizagem
ciplinar, levando o aluno a pensar sobre as situações para, quem sabe, efetuar mudanças no seu processo de
propostas e entender que a matemática não existe sozi‑ ensino e a maneira de trabalhar com a matemática.
nha, faz parte de um contexto, para o qual ela constitui
importante ferramenta na compreensão, interpretação e O Art. 22 da Lei de Diretrizes e Bases afirma que a
resolução de problemas. educação deve assegurar a todos “a formação comum
indispensável para o exercício da cidadania e forne‑
Conforme Starepravo (2010): cer‑lhes meios para progredir no trabalho e em estudos
posteriores”. O aluno, ao chegar à escola, traz consigo
Parece óbvio que ao trabalhar com um “conte‑
údo novo” seja necessário iniciar pelo conceito.
uma série de experiências informais construídas em sua
Assim, se nosso conteúdo novo é fração, então vida diária. Cabe aos educadores trabalhar com tais
começamos a aula explicando aos nossos alu‑ informações, a fim de construir um aprendizado sólido e
nos o conceito de fração. significativo para o aluno. Portanto, os professores preci‑
sam conhecer não só aquilo que ensinam, mas também
Como o conceito pode ser um tanto abstrato,
especialmente considerando‑se o trabalho com para quem estão ensinando. É fundamental conhecer
as crianças das séries iniciais, então usamos a realidade do aluno. Por que muitas vezes o aluno
exemplos para ilustrá‑los. Desenhamos uma executa operações matemáticas com destreza em seu
pizza no quadro, trazemos chocolates para que
cotidiano, auxiliando seus pais no comércio e não con‑
as crianças vejam como podemos usar as fra‑
ções. Depois disso, apresentamos alguns exercí‑ segue entender um simples problema de álgebra? Pelo
cios que ela aplique o conceito ensinado, tendo simples fato de o mesmo não fazer sentido para ele. É
como referência os exemplos apresentados. preciso, portanto, resgatar a paixão em ensinar e motivar
o aluno a aprender, fazendo‑o perceber que aquilo que
Essa metodologia seria perfeitamente ade‑
quada, se aprender fosse sinônimo de estuda na escola é importante para ele.
memorizar, de repetir, de reproduzir. Diversos
pesquisadores, fundamentados na concepção O educador deve colocar a matemática ao alcance
de aprendizagem construtivista vêm desta‑ dos alunos, construir com eles os conceitos, brincando,
cando a reelaboração pessoal como princípio jogando, pesquisando, deixando‑os errar, pois o erro faz
básico de aprendizagem. Demo (2001), por
exemplo, vem afirmando reiteradamente que
parte do aprendizado. E diante de uma situação‑pro‑
aprender não é sinônimo de copiar, de repetir, blema, mostrar o caminho, ensinar o aluno a organizar o
mas que consiste em reprodução pessoal. Pia‑ pensamento, deduzir, levantar hipóteses, mas jamais dar
get (1964) afirma que não há aprendizagem respostas prontas.
sem que haja atividade por parte do sujeito
que aprende. Esta atividade pressupõe ação
Esse é o grande desafio do professor matemático:
mental (operação) e não pode se restringir ao
plano físico. orientar no sentido da reflexão sobre a realidade, formar um
aluno que saiba intuir, questionar, criar estratégias, apontar
Em função do exposto, percebem‑se as dificuldades soluções, admitir que possam chegar a um objetivo por
que os alunos e professores encontram na construção caminhos diferentes e não necessariamente errados. A
do ensino‑aprendizagem da matemática, em que os matemática é vazia sem a análise, a interpretação. É pre‑
alunos não conseguem entender o que os professores ciso desmistificar a ideia de que para estudar matemática
procuram passar, ou lhes ensinar, e consequentemente é necessário resolver uma série de exercícios, de maneira
acabam reprovando na disciplina. Ou mesmo quando repetitiva, exaustiva e que a disciplina é um conhecimento
conseguem aprovação, muitas vezes não têm o conheci‑ direcionado somente para aqueles com mais aptidões e

Os professores precisam conhecer não só aquilo que


ensinam, mas também para quem estão ensinando.

Diretrizes Curriculares para o Ensino de Matemática na Educação Básica

9.
talentos. Os alunos precisam entender a matemática como organizar e planejar suas aulas. O livro é sim um apoio
uma criação humana construída por diferentes culturas, em para o professor, mas não poderá ditar e restringir sua
diversos momentos históricos, presente em diversas áreas prática. Diante destas situações, percebe‑se que exis‑
do conhecimento com o objetivo de nos auxiliar na vida tem diferentes maneiras e propostas para desenvolver
diária e que está ao alcance de todos. um trabalho com materiais de características próprias e
de formas distintas para cada momento do processo no
Por outro lado, o docente, consciente do seu árduo ensino‑aprendizagem da matemática. Por trás de cada
trabalho de formação, não tem conseguido alcançar tipo de material utilizado em determinados momentos ou
os resultados esperados e satisfatórios junto aos seus conteúdos há sempre um imaginação ou ficção sobre a
discentes. Com isso, acaba procurando maneiras e educação matemática para o aluno e para o professor,
caminhos para facilitar o aprendizado de certos conte‑ ou seja, existe sempre uma proposta de fundo pedagó‑
údos que acredita ser o melhor. Contudo, muitas vezes gico justificável que leva ao aprendizado.
isso não passa de uma simples fórmula de prescrição
médica, uma fórmula mágica que possa melhorar o Para exemplificar pode‑se fazer uso das discussões
entendimento dos discentes. realizadas por ­Fiorentini e Miorim com relação às contri‑
buições de Maria Montessori:
Percebe‑se, seja através da leitura de artigos, livros
ou até mesmo da troca de experiências com colegas de A médica e educadora italiana, Maria Montes‑
profissão, que, mais importante do que a utilização de sori, após experiências com crianças excep‑
cionais, desenvolveria, no início deste século,
materiais didáticos inovadores, objetos físicos e novas
vários materiais manipulativos destinados a
técnicas facilitadoras da aprendizagem, o ideal seria que aprendizagem da matemática. Estes mate‑
o professor de matemática analisasse sua postura em riais, com forte apelo a “percepção visual e
sala de aula, tendo claros os objetivos que pretende tátil”, foram posteriormente estendidos para
alcançar, conhecendo a realidade de seus alunos. É pre‑ o ensino de classes normais. Acreditava não
haver aprendizado sem ação: “Nada deve ser
ciso, fundamentalmente, que o professor, além de utilizar dado a criança, no campo da matemática,
técnicas diferenciadas de aprendizagem (jogos, objetos sem primeiro apresentar‑se a ela uma situ‑
concretos, situações‑problema da realidade dos alunos), ação concreta que a leve a agir, a pensar, a
cative os estudantes no sentido de perceberem a impor‑ experimentar, a descobrir, e daí, a mergulhar
na abstração” (­AZEVEDO, p. 27).
tância de tudo que está sendo repassado. O professor
deve trazer a matemática dentro da realidade de seus Entre seus materiais mais conhecidos des‑
alunos, aproveitando situações das quais o aluno tenha tacamos: “material dourado”, os “triângulos
curiosidade, apresentar desafios matemáticos, explorar construtores” e os “cubos para composição e
o meio que o aluno está inserido, problematizando‑o. A decomposição de binômios, trinômios” (FIO‑
RENTINI; MIORIM, 2010).
matemática precisa fazer sentido ao aluno para que a
aprendizagem se concretize. O aluno precisa perceber Em contrapartida os mesmo autores colocam o
que o conteúdo apresentado e discutido é importante
posicionamento de Decroly com relação aos materiais
para ele. Só assim as aulas de matemática passarão a
concretos, o qual vale a pena ser considerado:
ser significativas e consequentemente mais atraentes.
Decroly, no entanto, não põe nada na mão da
Um professor não pode acreditar que apenas o uso criança, como materiais para que ela construa
do livro didático possa garantir o aprendizado dos seus mas sugere como ponto de partida fenômenos
alunos. Ainda que o livro aborde de maneira clara e insti‑ naturais (como o crescimento de uma planta ou a
quantidade de chuva recolhida num determinado
gante os conteúdos a serem trabalhados, a realidade de tempo, para por exemplo, introduzir medições e
cada escola e de cada grupo de alunos é diferente – e é contagem). Ou seja, parte da observação global
com base nesses pressupostos que o professor deverá do fenômeno para, por análise, decompô‑lo.

O livro é sim um apoio para o professor, mas


não poderá ditar e restringir sua prática.

Metodologia do Ensino da Matemática

10.
Numa outra perspectiva, encontra‑se Castelnuovo, para melhor aproveitamento e aprendizado do raciocínio
o qual é analisado pelos mesmos autores. O resultado lógico dos ­alunos.
dessa reflexão pode ser percebido nas ideias a seguir:
É comum e muito frequente vermos em “professo‑
Castelnuovo defende que “o material deverá res” uma mistificação sobre jogos ou materiais concre‑
ser artificial e também ser transformável
por continuidade” (p. 92). Isto porque se
tos, até mesmo com opiniões em revistas especializadas
recorrermos aos fenômenos naturais, como em educação, como a Nova Escola, como no depoi‑
sugere Decroly, neles há sempre continui‑ mento a seguir:
dade, porém, são limitados pela própria
natureza e não nos levam a extrapolar, isto Antes a matemática era o terror dos alunos.
é, a idealizar o fenômeno. Os materiais de Hoje... as crianças adoram porque se divertem
Montessori, por outro lado, podem conduzir brincando, ao mesmo tempo que aprendem
à ideia de infinito, porém lhes faltam o cará‑ sem decoreba e sem traumas. Mariana Manzela
ter de continuidade e do movimento (p. 92). (8 anos) confirma isto: “é a matéria que eu mais
­(FIORENTINI; MIORIM, 2010) gosto porque tem muitos jogos” (n. 39, p. 16).

Para finalizar essa gama de concepções deve‑se Para tanto, deve‑se dar aos alunos o direito de
contemplar Irene de Albuquerque (1954) cuja concep‑ aprender com significado, que participe raciocinando, que
ção foi destacada pelos referidos autores: tenha compreensão, reelaborando o conhecimento do
saber produzido e superando sua ingenuidade da visão
[...] o jogo didático “serve para fixação ou treino
da aprendizagem. É uma variedade de exercício migalha e parcial da realidade do cotidiano. E não um
que apresenta motivação em si mesma, pelo aprender mecânico e repetitivo, do fazer sem saber e sem
seu objetivo lúdico. Ao fim do jogo, a criança entender o porquê faz, que, muitas vezes, acaba se esva‑
deve ter treinado algumas noções, tendo
ziando através de brincadeiras, sem sequer construir algo
melhorado sua aprendizagem” (p. 33).
interessante a partir do que é proposto pelo conteúdo.
O que é possível perceber é uma grande diversi‑
dade de concepções e ideias em relação aos materiais Para que a construção do conhecimento ocorra, o
lúdicos e jogos, apontando para necessidade de ampliar jogo ou material que será utilizado nem sempre é o mais
os horizontes e reflexões sobre o ensino‑aprendizagem adequado ou aquele que desperta interesse pelo visual,
dos alunos. mas muitas vezes é preciso que o aluno tenha oportuni‑
dade de aprender matemática durante a construção do
Com isso, pretende‑se dizer que antes de optar material que está sendo elaborado de forma mais simples,
por um determinado material, seja ele lúdico ou não, efetiva e sem traumas. Em determinados momentos, o
ou mesmo um tipo de jogo, deve‑se repensar e refle‑ mais importante não é o material que está sendo constru‑
tir sobre a proposta pedagógica que foi definida na ído, mas a participação e a discussão na resolução de um
escola e seu verdadeiro papel na sociedade que se quer problema que está ligado ao contexto do aluno, ou seja,
construir, com relação à formação dos alunos, sobre a discussão acaba desenvolvendo e utilizando o pensa‑
aquilo que se acredita ser importante no aprendizado mento de um raciocínio lógico e abstrato.
da matemática e suas aplicações práticas. Os profes‑
sores não podem reduzir a metodologia de ensino a No processo de ensino‑aprendizagem, na percep‑
algum tipo de material só porque diverte, distrai ou é ção, na construção do raciocínio lógico, o indivíduo acaba
atraente. Nenhum tipo de material é válido por si só, perdendo o medo no desafio de novos conhecimentos,
sua aplicação deve sempre estar em segundo plano. A principalmente quando envolve a linguagem matemática
aprendizagem da disciplina matemática não é garantida no cotidiano. Com isso, o aluno entende e aprende de
pela simples introdução de jogos ou atividades lúdicas, maneira mais tranquila e sem traumas, dando continui‑
mas é preciso utilizá‑las como ferramentas, como meio dade no processo do ensino. Assim, aprende e também

É preciso utilizar os jogos ou atividades lúdicas


como ferramentas para melhor aproveitamento e
aprendizado do raciocínio lógico dos alunos.

Diretrizes Curriculares para o Ensino de Matemática na Educação Básica

11.
ensina, estimula colegas na busca da aprendizagem e zado e sucesso desses alunos, procurando, sempre que
crescimento intelectual e cultural na vida acadêmica. possível, desafiá‑los para obterem resultados mais inte‑
ressantes e satisfatórios.
5 . Ensinar para aprender O futuro e o sucesso dos alunos dependem muito
e entender dos educadores, mas deve também existir uma grande
contribuição da família e pessoas próximas, pois sem
O aprendizado precisa ocorrer de maneira simples
para os alunos iniciantes, principalmente no ensino fun‑ elas as dificuldades serão maiores. Para tanto, é preciso
damental. Uma opção interessante é começar com o que os pais e responsáveis interfiram, principalmente na
aparecimento dos números e suas necessidades, desde orientação das tarefas, ou seja, na cobrança do fazer.
a antiguidade, quando os povos aos poucos foram sen‑ Sem a realização dos trabalhos de casa ou atividades
tindo a necessidade de saber a quantidade de seus escolares, o aprendizado se tornará mais difícil e com‑
bens, ou seja, na contagem de seus produtos na agri‑ plicado, pois esta disciplina exige que as tarefas ou exer‑
cultura e pecuária. Para isso, inevitavelmente, surgiram cícios sejam feitos para poder entender e tirar dúvidas. A
os números, ou seja, a maneira de contar, fazer as tran‑ matemática é uma disciplina que exige a relação direta
sações comerciais, as quais hoje continuam com novas e complementar entre a teoria e a prática, ou seja,  só
necessidades e aplicabilidades. se aprende fazendo, não simplesmente lendo ou deco‑
rando alguns conteúdos e fórmulas.
É preciso também que no período de formação
básica do aluno ocorra a oferta de possibilidade de Observa‑se, diante das várias facetas da mate‑
participação com ideias, informações, desafios, para
mática na sociedade, a necessidade dos educadores
que seja mostrado na prática a ação desses números,
adequarem‑se a essas diversidades. É preciso entender
nas operações básicas do dia a dia. Dessa forma, mais
o meio do qual o aluno partiu e aproveitar os conheci‑
facilmente será percebido que, no decorrer dos estu‑
dos, serão necessários na resolução de novos desa‑ mentos que ele traz consigo, a fim de tornar o ensino da
fios na vida como estudante e/ou profissional que se matemática significativo para ele.
pretende ser.
As matemáticas são criações humanas oriun‑
O que é  fundamental entender é que o aluno pre‑ das da própria necessidade do homem em sua prá‑
cisa aprender relacionando o que está sendo trabalhado tica social, no entanto, assumem diferentes aspectos
na escola com o cotidiano, para não perder o interesse, devido às regras de cada situação e às diversidades
ou ficar desestimulado, sem saber o que fazer com o da própria linguagem. Percebe‑se uma dificuldade de
que está aprendendo. Estudar deve significar estímulo, a escola aceitar a matemática de rua, dita informal,
desafio e não um aborrecimento, uma coisa obrigatória nem tampouco a rua consegue aproveitar a matemá‑
e imposta pelos pais e professores. Então cabe aos edu‑ tica escolar. Por isso o desafio para os professores é
cadores o papel de colaboradores nessa difícil emprei‑ bastante grande. É preciso entender que há produção
tada, mostrando que os números e a matemática têm de conhecimento matemático fora do universo escolar
relação direta com o dia a dia, e com outras disciplinas,
e que a matemática é resultado de práticas sociais ao
ou seja, deve‑se incentivar a interdisciplinaridade que
longo da história.
pode levar à compreensão do contexto do todo e não
ficar somente no superficial das partes. Conforme Goldberg (1998), “educar é transfor‑
A matemática é uma ciência, é uma parte do todo, mar; é despertar aptidões e orientá‑las para o melhor
portanto, deve‑se aprender, compreender, entendendo uso dentro da sociedade em que vive o educando”.
as necessidades e relações dela com a vida, ou seja, Nesta perspectiva será possível despertar e desen‑
estar inserido na sociedade consciente desse aprendi‑ volver seus conhecimentos por meio da leitura e
zado, podendo contribuir com o futuro de novos cida‑ compreender melhor o mundo em que vive, podendo
dãos. E os educadores, professores de matemática, atuar na sociedade gerando progresso para si e para
devem fazer o papel de articuladores para o aprendi‑ os outros. 

Metodologia do Ensino da Matemática

12.
A busca do conhecimento é ingrediente funda‑ atividade mental deveria ser a melhor recompensa. No
mental que nossos alunos precisam adquirir, através entanto, quando não se pode obter o melhor, deve‑se
de leituras em livros didáticos, paradidáticos, artigos e procurar obter o segundo ou o terceiro melhor, razão
outros, seja pelo meio impresso ou mesmo por meio da esta pela qual não pode esquecer os motivos da apren‑
tecnologia da informação (TI), ferramenta esta disponível dizagem menos intrínsecos.
para significativa parcela do povo brasileiro. O conheci‑
mento visa melhorar o desenvolvimento do ser humano, Para que o aluno aprendiz obtenha uma aprendi‑
preparando‑o intelectualmente para sua formação zagem eficiente, ele deveria demonstrar interesse nos
educacional e cultural, transformando o indivíduo por conteúdos que foram ou estão sendo ministrados, de
meio dessas informações com grande enriquecimento forma a aprender e ter o prazer na atividade proposta.
intelectual, podendo até despertar suas aptidões para
o desenvolvimento individual e profissional de cada um O aprender começa ou tem início por uma ação, ou
inserido nesse processo de aprendizagem. uma percepção sobre determinada situação, daí desen‑
volvendo podemos derivar para palavras e conceitos que
O processo de ensinar depende de cada professor. poderá terminar em um bom e desejável pensamento dos
Um é diferente do outro, mesmo ensinando os mesmos brilhantes e criadores de ideias dos nossos alunos. Con‑
conteúdos para faixas etárias iguais. São inúmeras as tinuando com a mesma linha de pensamento, é impor‑
diferenças de cada um, com suas estratégias e truques tante que alunos e professores pensem no aprendizado
para que as turmas sejam participativas e também este‑ que está por vir, podendo inclusive envolver mais pessoas
jam motivadas a acompanhar suas explicações e orien‑ que compartilhem a mesma ideia, trocando experiências
tações na passagem dos conteúdos programáticos da para contribuir e construir o desenvolvimento do pensa‑
disciplina em questão, com suas respectivas aulas, que mento concreto, utilizando e manipulando ferramentas,
devem estar correlacionadas com a natureza do pro‑ ou mesmo a tecnologia da informação por meio de labo‑
cesso de ensino‑aprendizagem. ratórios de informática para ajudar nesse processo de
edificação das percepções e ações que foram criadas
A aprendizagem deve ser ativa, e não meramente para fins do ensino‑aprendizagem.
passiva ou receptiva. Com isso, vale ressaltar, dificil‑
mente se consegue aprender alguma coisa simples‑ Neste processo, tem‑se a fase da interpretação
mente lendo um livro, assistindo um vídeo, um filme dos conceitos adquiridos, podendo ser mais fácil ou
ou ouvindo uma palestra, se não adicionar a ação inte‑ mais natural, dependendo do tipo de materiais e pen‑
lectual com objetivo específico de aprendizado. Outra samentos investidos, se foram simples e/ou elemen‑
opinião que é frequentemente expressa: a melhor tares. Contudo, mais tarde poderá entender‑se que o
forma de aprender alguma coisa é descobri‑la por trabalho realizado anteriormente com certo domínio
si próprio. Tal ideia pode ser referendada pelas pala‑ poderá desenvolver outras tarefas utilizando materiais
vras de Lichtenberg (físico alemão do séc. XVIII, mais mais evoluídos e complexos, à medida que a evolução
conhecido como escritor de aforismos): “Aquilo que se do pensamento e dos processos for acontecendo indi‑
é obrigado a descobrir por si próprio deixa um caminho vidualmente ou em grupo.
na mente que se pode percorrer novamente sempre
que se tiver necessidade” . Para concluir este pensamento, é possível apre‑
sentar e distinguir as seguintes fases consecutivas no
A aprendizagem deve ser ativa, mas o aluno apren‑ processo do aprender:
diz não agirá se não tiver motivos para tal: ele deve ser
induzido a atuar por meio de estímulos, ou seja, obter xx A fase da exploração apresenta‑se mais pró‑
recompensa. O interesse do aluno pela aprendizagem xima da ação e da percepção e desenvolve‑se
deveria ser o melhor estímulo e, o prazer da intensiva a nível mais intuitivo e heurístico.

O interesse do aluno pela aprendizagem deveria ser


o melhor estímulo e, o prazer da intensiva atividade
mental deveria ser a melhor recompensa.

Diretrizes Curriculares para o Ensino de Matemática na Educação Básica

13.
xx A próxima fase é da formalização, que des‑ vimento e clima de aprendizagem profissional,
ponta num nível mais conceitual, com termi‑ tendo por base a compreensão da prática na
aula e orientado para facilitar a compreensão e
nologias, definições e demonstrações dos transformação da própria prática.
processos.
xx Já a fase de assimilação implica em tentativas Existem especialistas e críticos do ensino que estão
para entender a origem das coisas. continuamente pensando e discutindo sobre o melhor
para a educação do nosso país. Eles elaboram as refor‑
Enfim, os conteúdos que foram apresentados preci‑ mas dos programas de ensino como da matemática,
sam ser trabalhados e desenvolvidos mentalmente pelos ao serem acrescentados na estrutura existente, sem crí‑
alunos que fizeram parte desse processo: digerido todo tica aos objetivos do ensino da matemática no contexto
sistema na construção do conhecimento e preparando social, mostrando‑se insatisfeitos perante as exigências
o caminho para futuras aplicações cada vez mais elabo‑ de uma sociedade cada vez mais elaborada, elitizada
radas, com maior complexidade. com relação ao ensino.

Os professores devem conhecer melhor as formas Desta forma, passa‑se a exigir mais dos nos‑
de aprendizagem e evitar aquelas que julgam ser inefica‑ sos alunos ‑ não só conhecimentos específicos mas,
zes, de modo que possam utilizar o princípio da aprendi‑ principalmente, novas maneiras de organizar o pensa‑
zagem ativa, da motivação e das fases consecutivas. No mento crítico, saber lidar com os dados de um pro‑
entanto, como foi visto até então, os princípios da apren‑ blema e interpretá‑los, transformando e dispondo‑os
dizagem são também princípios do ensino e construção em gráficos e avaliando‑os, exigindo muitas vezes a
do conhecimento. Existe também a ­condição única de tomada de decisões em cima de dados estatísticos,
tirar proveito de um determinado princípio, em que os que estão aparecendo cada vez mais nos proces‑
professores não devem conhecê‑lo apenas por ouvir sos. É necessária também a capacidade de aprender,
dizer ou falar, mas sim, entendê‑lo de maneira clara e de resolver inúmeros problemas, saber trabalhar em
concisa com base nas experiências adquiridas durante grupo como parte de equipes multidisciplinares, de
o desenvolvimento do trabalho educacional. expor suas ideias com conhecimento no caso, seja ela
oral ou escrita e não simplesmente expor sem convic‑
A tomada de consciência do educador sobre seu ção o que está sendo tratado.
desenvolvimento favorece o conhecimento e a melho‑
ria no processo de ensino e aprendizagem, enquanto Embora o ensino no país não seja um acom‑
a afetividade e a motivação são valorizadas quando da panhante do mercado de trabalho e não deva estar
elaboração dos conceitos, dando mais ênfase no ensino, atrelado às mudanças que nele ocorre, o trabalho faz
na construção do conhecimento que é o “aprender a parte do indivíduo, que deve estar preparado para
aprender”, transformando o indivíduo culturalmente: enfrentar os desafios da vida cotidiana. Além disso, o
ritmo acelerado e exigente em função das modifica‑
No entendimento de Freire (1996, apud ROMA‑ ções no mundo do trabalho, do avanço da tecnologia
NOWSKI, 2007), é importante que o professor empregada no mundo dos negócios e nas formas
tenha consciência do que faz, porque faz e
como faz; que o docente estabeleça o con‑
de organização da sociedade exige a capacidade
fronto de como era a situação, como está sendo de aprender a aprender, do estudo e aprendizagem
desenvolvida e como reconstruir para fazer coi‑ contínua e permanente, pois muitas vezes ocorrem
sas diferentes das que sempre faz. Esse é um mudanças radicais na área do trabalho, seja ele espe‑
processo coletivo, pois, as mudanças sociais e cífico ou não. Os cidadãos também são constante‑
culturais não ocorrem isoladamente. Nesse caso,
todos os profissionais da educação juntam‑se
mente bombardeados de informações, principalmente
ao processo de desenvolvimento para refletirem pela mídia, exigindo afirmações de conhecimento,
em grupo. Esse ato requer participação, envol‑ muitas vezes em outras áreas, mas no caso espe‑

Os professores devem conhecer melhor as formas de


aprendizagem, de modo que possam utilizar o princípio da
aprendizagem ativa, da motivação e das fases consecutivas.

Metodologia do Ensino da Matemática

14.
cífico da matemática, é preciso estar preparado para professores devem ser guias, facilitadores, indicando
saber estatística, leitura e interpretação de gráficos, os caminhos para resolver problemas e não somente
noções básicas de matemática para avaliar riscos e indicar a utilização de fórmulas como primeiro passo
tomar decisões, muitas vezes complexas. para resolução de problemas. É necessário mostrar
outros caminhos que também poderão levar ao resul‑
Diante deste quadro, o ensino da matemática
tado esperado.
juntamente com outras áreas como língua materna e
estrangeira, ciências, ciências sociais aplicadas, tem de
O trabalho do professor e educador, ao apresen‑
assumir a árdua tarefa de preparar o indivíduo para a
tar um problema, abrange outras funções além da
sociedade cada vez mais exigente no conhecimento na
transmissão do conhecimento aos alunos. As funções
área da ciência e da tecnologia.
pedagógicas e políticas são a essência da relação
Como o processo de ensino e aprendizagem deve professor‑aluno. Conforme Nóvoa (1992), a dinâmica
ser encaminhado de maneira tranquila, o aluno ou o da aula deve ser centrada na relação permanente entre
indivíduo aprendiz não tem que se preocupar em deco‑ o professor e os alunos, numa prática didática que
rar conteúdos ou fórmulas matemáticas: é preciso que consiste na realização e possibilidade do processo de
o indivíduo aprenda e entenda as aplicações. Para tanto ensino‑aprendizagem e, para que isso se concretize,
deve ter conhecimento das regras quando aplicar fór‑ é preciso que a atividade docente seja interativa, mas
mulas em problemas que exigem solução do processo com a participação dos discentes.
por meio do que foi ensinado pelo professor.
A prática dos docentes na definição das ideias e
6 . O conhecimento intenções com relação ao ensino‑ ‑aprendizagem deve
através de fórmulas e começar desde a maneira como aula é organizada, nas
atividades propostas, nos conteúdos selecionados e
regras matemáticas preparados, nos instrumentos utilizados nas aulas, nos
O aprendizado se dava por parte dos alunos, anti‑ procedimentos e métodos de avaliação empregados e
gamente, a partir da espera e da observação do profes‑ nas relações entre o professor e seus alunos, que carac‑
sor e da resolução que ele daria às questões, pois ele terizam os enfoques de ensino.
era o conhecedor, quem sabia e dominava o assunto.
Portanto, restava aos alunos observar suas explicações Essa prática docente realizada nas escolas carac‑
e resoluções dos exemplos para, somente depois, ten‑ teriza‑se como tradicional, tecnicista, escola nova e
tarem resolver os exercícios propostos. sociocultural de acordo com as relações entre conte‑
údo e forma, objetivo e avaliação e é efetivada pelos
É difícil pensar e agir diferente: os professores professores nas escolas. Para abordar esses assun‑
utilizam muito tempo das aulas para mostrar e deduzir tos, ressaltam‑se os autores e estudiosos Mizukami
fórmulas, desenvolver cálculos, buscando um resultado e Martins como também Libâneo e Behrens nessa
que consideram exato. Mas, se tivessem mais tempo
mesma temática.
para trabalhar os conteúdos em sala, fazendo com
que os alunos não se prendessem às fórmulas, mas à O enfoque tradicional na prática docente tem
busca do conhecimento, seria mais prazeroso tanto para por objetivo a transmissão do conhecimento pelo pro‑
os alunos como para os professores. Nesta visão da
fessor a ser assimilado pelos alunos. Esse enfoque toma
construção do conhecimento não ocorre simplesmente
por base, na seleção dos conteúdos, o ensino enciclo‑
um “passa e repassa das informações”, que fica tão
pédico, desvinculado do cotidiano dos alunos, sendo a
somente na transmissão da informação.
aula expositiva o procedimento mais utilizado. Assim, o
É preciso mudar o conceito, quem precisa apren‑ ensino com base no método dedutivo e na memori‑
der tem que buscar conhecimento através da pes‑ zação dos conteúdos é reforçado pela exposição dos
quisa, investigar determinado problema. Assim, será professores, que devem saber e ter domínio sobre o
preciso interpretar para, então, buscar uma solução. Os conteúdo que irão ministrar.

Diretrizes Curriculares para o Ensino de Matemática na Educação Básica

15.
Já no enfoque tecnicista acontece a valorização masse que um país tem uma área de 40.000
da técnica aplicada ao ensino, que enfatiza a atividade m2 ou que um galpão tem esta mesma área.
Afinal, ela não tinha a menor ideia da dimensão
instrumental do docente, exige o domínio da disciplina desta medida, ou seja, do espaço relativo a
ensinada, o conhecimento de técnicas para direcionar 40.000 m2. O que é mais importante, afinal,
as atividades didáticas pedagógicas, assim como a solu‑ saber a fórmula que calcula a área ou pen‑
ção de problemas no ensino‑aprendizagem. Tem como sar metematicamente, fazendo estimativas,
compreendendo o significado dos números,
principal objetivo o desenvolvimento nas atitudes e com‑
quando relacionados a diferentes dimensões
petências e a formação do profissional para atuar no de medida? (STAREPRAVO, 2010).
mercado de trabalho educacional, sendo fundamental a
aprendizagem da prática docente com ênfase na espe‑ Como é possível perceber, para Starepravo, o
cialização de suas habilidades e competências. objetivo principal é o aprendizado do aluno e não sim‑
plesmente decorar fórmulas. É preciso que o aluno
Na atualidade tem‑se a Nova Escola, cujo objetivo desenvolva o raciocínio lógico, interprete o enunciado
é promover a aprendizagem dos alunos de modo ativo, procurando entender o problema, para depois aplicar o
enquanto o professor é visto como mediador para incen‑ desenvolvimento matematicamente através de estima‑
tivar e promover o ensino‑aprendizagem. O aluno está tivas relacionadas ao que foi solicitado. O aluno desta
no centro no processo do ensino escolar e o professor é maneira irá desenvolver seu trabalho em função do
tido como um facilitador que aplica sua sabedoria, expe‑ conhecimento adquirido, mostrando resultado ao desa‑
riência e criatividade para prover aos alunos as condições fio imposto pelo docente que quer ver seu aluno como
para o desenvolvimento do ensino aprendizagem. O pro‑ um potencial pesquisador na busca do conhecimento
fessor é visto também como um aprendiz nesta relação. intelectual, não se deixando passar como fracassado,
sem visão e sem perspectiva de crescimento interior.
A reflexão sobre o ensino e a prática docente,
tendo como objetivo a reconstrução ou transformação Diante do exposto, é possível destacar alguns indi‑
cultural, faz com que os professores analisem suas cativos: descrever as dificuldades e obstáculos encon‑
atividades, façam uma autocrítica sobre a melhoria no trados pelos alunos, cuja análise dos dados pode indicar
desenvolvimento do ensino educacional brasileiro, para elementos suficientes para aperfeiçoar e planejar estra‑
que o sujeito envolvido no processo de aprendizagem tégias e intervenções pedagógicas, auxiliando os alunos
tenha melhor aproveitamento sobre os conteúdos que a refletirem sobre o que consiste o processo de apren‑
forem ministrados. der fazendo e, sobretudo o fato de que precisam apren‑
der, além da matemática, também a administrar seu
Starepravo descreve: processo de conhecer. Por este ponto de vista, reco‑
Tenho repetido, com meus alunos de gradua‑ nhecer como bem sucedidas as atividades adquiridas
ção, a pesquisa feita por Streefland que con‑ pelos alunos, seus interesses, necessidades e dificulda‑
siste na apresentação de um texto informativo des, para que estejam conscientes e concordem com
contendo informações absurdas. Invariavel‑ o duelo no aprendizado lhe foram proposto, buscando
mente, os alunos aceitam sem questionar a
assim, uma solução viável e convincente para o trabalho
informação de que a Holanda tem uma área
de aproximadamente 40.000 m2. Em uma que foi apresentado como desafio.
dessas aulas uma de minhas alunas expres‑
sou, de forma muito clara, as consequências É preciso resgatar o verdadeiro objetivo de ensinar/
de um ensino que privilegia a transmissão estudar matemática, pois reduzi‑la ao desenvolvimento
de informações. Embora tivesse usado, na de raciocínio lógico é empobrecê‑la. A matemática pre‑
escola, muitas folhas de caderno aplicando a
fórmula da área para resolver problemas do
cisa ser ensinada porque é parte fundamental de todo
tipo daqueles expostos acima, ela informou o patrimônio cognitivo da humanidade, constitui impor‑
que não faria muita diferença se o texto afir‑ tante papel para a construção do pensamento lógico,

É preciso resgatar o verdadeiro objetivo de


ensinar/estudar matemática, pois reduzi‑la ao
desenvolvimento de raciocínio lógico é empobrecê‑la.

Metodologia do Ensino da Matemática

16.
da intuição, da imaginação, da organização das ideias, A estrutura lógico‑matemática é um processo de
além de estar presente em outras áreas do conheci‑ desenvolvimento gradativo explicado pela teoria de Pia‑
mento. Como escreveu Galileu Galilei: “A matemática é get, que se constrói à medida que interage com o meio
o alfabeto com o qual Deus escreveu o universo”. Então, e que, por não estar pré‑formada no indivíduo, terá que
como não estudá‑la? Como não se apropriar dela? ser construída.

7 . O enfoque atual do ensino Nesse processo do desenvolvimento, não se pode


deixar de ressaltar o papel fundamental das assimila‑
e o ensino tradicional ções, incorporações de coisas e pessoas à atividade
do sujeito e as acomodações como ajuste em função
Com relação ao enfoque atual, parece o ensino muito das transformações ocorridas durante a construção do
aquém do que deveria ser, se comparado com as déca‑ ensino‑aprendizagem. Esse processo lento e gradativo
das anterior a 2000, mesmo sendo tradicional. Nos dias das estruturas do conhecimento, explicado pelas leis da
atuais, conteúdos que eram trabalhados nas séries iniciais equilibração, tem suas fontes nos desequilíbrios gerados
foram aos poucos sendo deslocados e trabalhados nas a partir das trocas do indivíduo com o seu exterior: estes
séries seguintes. Hoje, trabalham‑se com alguns conteú‑ assumem um caráter motivacional e obrigam o sujeito a
dos nos primeiros semestres das faculdades, conteúdos ultrapassar seu estado atual à procurar novas direções,
estes que deveriam ser trabalhados no ensino médio e, ou novas buscas do conhecimento.
mesmo assim, os alunos apresentam grandes dificul‑
dades de raciocínio e aprendizagem. O que é possível Se levado em consideração que o desenvolvimento
perceber é que o ensino tradicional mostrou um caminho das estruturas do conhecimento caminha em direção de
que deveria ser trilhado na época, que era fazer e resolver um sentido de equilibração progressiva, cabe ao educa‑
fazendo com aprendizado, mas quem não tinha apren‑ dor organizar um ambiente escolar favorável, onde o dis‑
dido, não seguia em frente, repetia o ano ou a série. cente possa estabelecer trocas de ideias com o seu meio
(lembrando que nessas trocas poderá haver perturbações
Ser autodidata numa turma há alguns anos era durante o percurso, nesse momento, cabe ao professor
enfrentar o preconceito de ser o aluno sabichão, era criar situações que sejam favoráveis aos discentes: que
querer ser melhor que os outros. Isso acabava frustrando possam pesquisar, observar e estruturar suas próprias
aqueles que tinham o potencial para adiantar os conteú‑ ideias e ações para construção do conhecimento).
dos desenvolvendo seus conhecimentos no ensino.
Entretanto, para elaborar uma prática educacional
Hoje as coisas são diferentes, os professores voltada a privilegiar a construção dos conhecimentos
devem estar preparados para essas situações, mudando lógicos e não sua internalização por meio de regras e
a visão, pois é o momento de incentivar a continuidade e símbolos, é necessário distinguir outros aspectos da
não podar o conhecimento. teoria de Piaget.

A realidade da atualidade é outra, e por isso é neces‑ Piaget, citado por Kamii (1990), estabelece uma
sário mudar, acompanhar a evolução, a tecnologia e não distinção acerca de três tipos de conhecimento: conhe‑
achar pretextos pela falta de conhecimento e tempo. É cimento físico, conhecimento social e conheci‑
preciso organização e preparo para fazer o melhor, já mento lógico‑matemático.
que os alunos aguardam ideias, incentivos, compreensão
e estímulo na busca e troca de informações para cresci‑ A construção do conhecimento se faz passo a
mento intelectual na construção do conhecimento. passo e pode acontecer de diferentes maneiras. Com o
conhecimento físico não é diferente, ou seja, tam‑
Portanto, não se pode prive de repassar conteúdos, bém ocorre de forma lenta e gradativa, mas contínua e
ou seja, trabalhe sempre com o máximo de informa‑ crescente, num processo que vai sendo construído aos
ções, para que os alunos tenham o conhecimento básico poucos, dependendo muito da dedicação e perseverança
necessário para dar continuidade aos estudos, afinal de do indivíduo na busca do conhecimento e que as nossas
contas, o conhecimento deverá ser crescente, sequencial sensações nos ajudam a descobrir, seja por experiências
e contínuo na formação de uma estrutura pedagógica. ou observações de objetos ou coisas no mundo exterior.

Diretrizes Curriculares para o Ensino de Matemática na Educação Básica

17.
Quando se fala do conhecimento cultural, não se para fazer prova, o que tem acontecido na maioria das
pode esquecer que este se origina do meio sociocultu‑ escolas. Quando se deparam com a nova realidade numa
ral, pois não é extraído do meio ambiente e, sim, envolve instituição de ensino superior, os alunos acham que pode‑
a presença do indivíduo, refere‑se ao conhecimento que rão fazer a mesma coisa e não é isso que acontece na
herdamos da sociedade, ao conhecimento social. Ou maioria dos cursos superiores. Nesse momento o aluno
seja, toda e qualquer manifestação do ser humano que percebe a sua falta de preparo e conhecimento básico.
nos leva a adquirir ou transmitir conhecimento por meio de
várias formas. Um exemplo simples e claro no aprendizado Com isso, o aluno acaba tendo uma formação precá‑
da matemática: quando as crianças são treinadas a contar, ria, tornando‑se um profissional com grandes dificuldades
mostrando os dedinhos, principalmente nos primeiros anos na construção do conhecimento. A partir disso foram gera‑
de aniversários ou mesmo o orgulho de saber utilizar as dos desafios que foram introduzidos no final do século XX
mãos para contar até dez e assim por diante, isso é conhe‑ e início do século XXI com finalidade de desenvolver uma
cimento social adquirido pela imposição social. prática pedagógica adequada e convincente.

O conhecimento lógico‑matemático se A metodologia de ensino surge como uma fer‑


desenvolve a partir do pensar, através das relações ramenta prática para as respostas aos problemas da
mentais e sobre experiências que o sujeito tem com pesquisa e construção no desenvolvimento do conhe‑
objetos e eventos que vão agir um sobre o outro. A fonte cimento e ensino‑aprendizagem aplicada nas escolas e
principal dessas relações é a mente de cada um que, academias de ensino. Esse tipo de trabalho leva o pro‑
através dela, desenvolve a construção da aprendiza‑ fessor a analisar melhor seu trabalho e a refletir quando
gem. Semelhança, diferença e forma são exemplos de criar sua prática pedagógica.
conhecimentos lógico‑matemáticos.
Desta maneira, a metodologia da aprendizagem
Piaget, portanto, mostra que a construção no desen‑ valoriza e privilegia o aluno que busca a descoberta atra‑
volvimento do conhecimento se dá através de fontes vés da pesquisa com base nas informações elaboradas
externas e internas, em que o conhecimento físico e o e passadas pelo professor, tornando o aluno um agente
conhecimento social se desenvolvem ou se processam da sua própria aprendizagem. Esse processo leva o dis‑
fora do indivíduo, enquanto o conhecimento lógico‑ cente a uma atividade mental, a formular conceitos para
‑matemático se dá no interior de cada ser humano. uma representação do conhecimento o qual foi desen‑
volvido à aprendizagem.
Porquanto, no conhecimento, o fundamental não é
o produto final, mas seu processo de continuidade no Portanto, o docente e o discente podem juntos
desenvolvimento; é saber o resultado de uma constru‑ aprender a interagir permanentemente com a realidade
ção realizada pelo sujeito individual ou coletivo, daí a no cotidiano, definindo alternativas para futuras questões
importância da pesquisa estendida e a relevância que a ou desafios. Nesse momento cabe ao professor, cada
ciência assume em nossa sociedade, a necessidade de vez mais, reelaborar e redimensionar os conhecimentos,
efetivar‑se como um processo interdisciplinar. Para que buscando soluções nos trabalhos que garantam melho‑
isso tenha um resultado construtivista, será necessário res resultados no processo de ensino e aprendizagem.
optar por uma metodologia de ensino no desenvolvi‑ O ideal é aquele professor que está em constante busca
mento do processo da aprendizagem. do saber e conhecer, profissional com amor aos estudos
e preocupado com as mudanças e melhoria na socie‑
Os alunos precisam ser incentivados a produzir dade, aquele que acredita em transformações, que é
conhecimento e não serem apenas “consumidores” de um estimulador, respeitando e valorizando o processo
conhecimento, como frequentemente acontece. Não há criativo do aluno, preocupando‑se com o crescimento
produção e sim cópia da cópia. É preciso um empenho intelectual e cultural do indivíduo, na expectativa de um
maior para não ficar somente no escutar, anotar, decorar mundo mais humano e inteligente.

A metodologia da aprendizagem valoriza e privilegia o


aluno que busca a descoberta através da pesquisa com base
nas informações elaboradas e passadas pelo professor.

Metodologia do Ensino da Matemática

18.
8 . O professor de de ensino e aprendizagem, tornando viáveis e visíveis as
potencialidades de atuação de cada um como cidadão.
matemática e o uso
da tecnologia Os educadores dedicados à matemática têm pro‑
curado desenvolver novos métodos para dentro da sala
Atualmente, em que as transformações são muitas de aula. O objetivo é mostrar ideias como resolução de
se comparadas a outros tempos na sociedade, é possível problemas, modelagem, etnomatemática, transversali‑
refletir a respeito da desigualdade social. Em especial den‑ dade, tecnologias de informação e jogos matemáticos.
tro das políticas educacionais, a classe atuante demonstra Essas questões estão ligadas também à atualização
uma grande preocupação com a criação de um grupo dos conteúdos propostos nessa área. Hoje, há uma
atuante na sociedade referente às tecnologias de informa‑ imensa necessidade de mostrar ao aluno o que está
ção e comunicação. Isso porque a inclusão é uma forma acontecendo na realidade, adequar sua abordagem ao
de fazer surgir as potencialidades de uma sociedade igua‑ compasso em que a sociedade vive. Essa inserção de
litária e justa. A sociedade está diante de um novo desafio: tecnologias, mostrando a realidade aos alunos, poten‑
o de superar as dificuldades e desigualdades existentes, cializa a interdisciplinaridade dentro do ambiente de
criando uma classe caracterizada pela diversidade. ensino, mostrando que a interdisciplinaridade também
está inserida na sociedade atual.
O ambiente escolar ter e utilizar as tecnologias de
informação e comunicação é dar novo significado à De acordo com Brasil (1998, p. 43), a utilização
construção do conhecimento para os alunos. O uso das dessas tecnologias contribui com o de ensino e a apren‑
ferramentas tecnológicas permite que sejam eliminados dizagem de matemática à medida que:
problemas e desigualdades, dando a oportunidade da
educação ser para todos, conforme previsto na Consti‑ xx relativiza a importância do cálculo mecâ‑
nico e da simples manipulação simbólica,
tuição, sem fronteiras, ajudando a formar cidadãos cons‑
uma vez que por meio de instrumentos
cientes e coerentes, mostrando a todos que é possível a esses cálculos podem ser realizados de
inclusão na sociedade, com oportunidades para todos. A modo mais rápido e eficiente;
escola torna‑se, então, um espaço formador e capaz de
eliminar diferenças, capacitando a todos a viver em uma xx evidencia para os alunos a importân‑
cia do papel da linguagem gráfica e de
nova ordem social e democrática.
novas formas de representação, permi‑
tindo novas estratégias de abordagem de
O uso das tecnologias de informação e comuni‑ variados problemas;
cação é uma questão mais abrangente no contexto do
ensino‑aprendizagem nas escolas de formação básica. xx possibilita o desenvolvimento, nos alunos,
Essas mídias, de forma integrada, têm o poder de deli‑ de um crescente interesse pela realização
near as formas de inserção de todos aqueles envolvidos de projetos e atividades de investigação
e exploração como parte fundamental de
no uso delas. Isso acontece independente do cenário,
sua aprendizagem;
situação e sociedade tecnológica. Além disso, o uso
integrado das mídias permite uma facilitação no pro‑ xx permite que os alunos construam uma
cesso educacional no ambiente escolar, seja ele presen‑ visão mais completa da verdadeira natureza
cial ou a distância. Com isso, os recursos didáticos e seu da atividade matemática e desenvolvam
atitudes positivas diante de seu estudo.
conceito principal assumem uma nova função diante da
aplicação dos meios tecnológicos na educação plane‑
Segundo Brasil (1998, p. 44), o computador é
jada pedagogicamente.
um item importante no desenvolvimento cognitivo dos
As tecnologias de informação e comunicação fazem alunos, que apresenta muitas finalidades nas aulas de
muito bem uma ligação dos conceitos matemáticos e matemática, entre elas:
os conteúdos ministrados em outras áreas do conhe‑ xx [...] fonte de informação, poderoso
cimento, o que torna o uso dessas tecnologias uma recurso para alimentar o processo de
questão interdisciplinar, produzindo uma nova dinâmica ensino e aprendizagem;

Diretrizes Curriculares para o Ensino de Matemática na Educação Básica

19.
xx [...] auxiliar no processo de construção Conforme Romanowski (2006), uma das prin‑
de conhecimento; cipais preocupações com a formação docente cor‑
xx como meio para desenvolver autonomia responde aos primeiros anos da docência, sistema‑
pelo uso de softwares que possibilitem ticamente, esquecida pelas instituições formadoras
pensar, refletir e criar soluções; e mesmo pelos sistemas de ensino. O primeiro ano,
geralmente, constitui um “choque de realidade” em
xx como ferramenta para realizar determina‑
das atividades – uso de planilhas eletrô‑
que o professor aprende intensamente por ensaio e
nicas, processadores de texto, banco de erro a tarefa de ensinar.
dados, etc.
Nas instituições onde os programas de formação
O conhecimento social e a inserção no contexto possibilitam o conhecimento sobre escolas e sistemas
da sociedade através das tecnologias de informação e educativos, ao explicitarem a complexidade das situa‑
comunicação contribuem significativamente no ensino ções de ensino e as possíveis alternativas de solução
da matemática, tornando seu estudo mais rico e atra‑ a partir da prática, favorecem uma ação docente mais
ente. Isso porque “modernizam” conceitos consagrados crítica e consistente no processo de desenvolvimento
na matemática, mostrando ao aluno novas maneiras pessoal e profissional na vida acadêmica, prepa‑
de aprender conceitos milenares que são a base da rando‑se assim, a enfrentar as adversidades que o
matemática. O uso do computador permite atualizar as professor encontrará nas unidades do ensino educa‑
imagens matemáticas, trazendo cada uma delas mais cional, onde possivelmente irá prestar seus préstimos
próxima à realidade dos dias atuais. como educador.

O uso das tecnologias no ensino da matemática Os profissionais da educação que estão iniciando
contribui, portanto, para que os educandos possam seus trabalhos como educadores em matemática apon‑
fazer uso dessa ferramenta com novos conhecimentos tam como problemas da prática aspectos como promo‑
em suas práticas sociais, melhorando sua linguagem e ver a motivação dos seus alunos, a disciplina e a gestão
forma de expressão, tornando‑os protagonistas de sua na sala de aula. Outros pontos importantes também são
própria inclusão no mundo cibernético. os métodos de ensino, as avaliações, o planejamento
das aulas e atividades escolares, a relação com colegas
Por isso, é preciso repensar com cuidado e calma a
de profissão e o novo ambiente de trabalho. Para esses
inserção das tecnologias de informação e comunicação
principiantes, seria interessante ter um anjo da guarda,
no ensino, em especial da matemática. Essa inserção
um tutor, um professor, um profissional com mais experi‑
é a grande facilitadora no processo de aprendizagem,
ências para orientar e ajudar a desenvolver seu trabalho,
além de permitir o acesso de todos a conceitos e forma
o novo desafio, uma supervisão apoiando‑os e ajudan‑
de uso muito mais vinculado à realidade atual com as
do‑os a encontrar alternativas para atuar no ambiente
tecnologias da informação.
escolar, principalmente em sala de aula.

9 . Formação continuada Após o período da ansiedade inicial, vem a matu‑


do professor ração, a confiança e a segurança para desenvolver o
trabalho, mas, nota‑se que os professores ainda têm
A melhoria no ensino não se dá apenas pelos pro‑ uma preocupação com o ensino, com o domínio dos
fessores, mas também pelos alunos, por meio da for‑ conteúdos, a metodologia a ser aplicada, o tempo de
mação continuada dos docentes, com o processo de duração das aulas e a disciplina dos alunos, enquanto
ensino‑aprendizagem como objetivo principal. Assim, os os professores com mais experiência estão mais pre‑
programas existentes de formação continuada precisam ocupados com o ensino‑aprendizagem e a dificuldade
incluir no processo saberes científicos didáticos, rela‑ dos alunos. Por isso é importante dar continuidade no
cionados ao saber fazer pedagógico e de gestão, que processo de desenvolvimento e aperfeiçoamento pes‑
podem hoje em dia ser realizados nos níveis presen‑ soal e profissional, ou seja, uma contínua construção
cial e a distância, ressaltando com ênfase a prática dos na formação técnica e psicológica para enfrentar novos
docentes como eixo condutor na formação profissional. desafios na educação.

Metodologia do Ensino da Matemática

20.
A formação continuada dos professores de mate‑ O processo de formação do professor implica na
mática que atuam na educação básica e mesmo no contínua busca do saber e do conhecer, levando à com‑
ensino superior deve ser de forma estruturada para criar preensão e a uma reflexão permanente sobre o saberes
oportunidades aos docentes a repensar sua atuação do conhecimento específico constituído pelo domínio da
profissional, fazer uma autocrítica em diferentes dimen‑ área na qual o docente trabalha ou ministra seus con‑
sões, redefini‑la, aperfeiçoá‑la e/ou consolidá‑la. Essas teúdos em sala de aula, ou que tenha maior afinidade
são algumas características que devem ser buscadas, e habilidade para facilitar o entendimento e/ou ensino
aproveitando o tempo e espaço que se tem para realizar aprendizagem aos discentes interessados na construção
o diálogo entre teoria e prática em sala de aula, que seja do aprender e saber na prática.
uma ação de reflexão com atitudes intercomunicantes
mutuamente professor e aluno. Quando se trabalha a construção do processo com
a possibilidade de transposição para situações da prá‑
A relação professor/aluno necessita sempre de tica, inclusão e reflexão, a relação com os problemas
uma revisão sobre os conceitos que estão sendo tra‑ na prática também é desejável, principalmente a análise
balhados, ministrados nas escolas e/ou faculdade sobre crítica, considerando os fundamentos pedagógicos, que
a formação acadêmica, dando ênfase em como foi o com certeza irão contribuir para o professor realizar uma
trabalho, o que foi ensinado e, principalmente, como foi prática convincente aos seus alunos e a si próprio.
o aprendizado. Além disso, outros pontos que merecem
atenção são: como estão em relação aos novos desafios A formação continuada nas diferentes áreas de for‑
enfrentados, às novas experiências acadêmicas, inclusive mação dos professores tem a contribuir sempre que ele
no uso da tecnologia da informação, em relação às fer‑ procura incluir e acrescentar no seu processo de cresci‑
ramentas utilizadas (o computador e seus periféricos), mento profissional. O interesse em acrescentar no currí‑
podendo assim ajudar na elaboração das aulas com mais culo cursos decorrentes da relação formador‑formando
qualidade e trabalhos acadêmicos dentro das unidades em seminários, palestras, projetos e outros faz com que
escolares, propiciando uma aproximação, interação e o profissional se valorize como pessoa culta e também
colaboração professor/aluno, enfim, um crescimento enquanto profissional, ou seja, ele se torna formador
contínuo de ambos. Vale lembrar que os professores não que produz conhecimento pela investigação e, depois,
podem considerar que estão prontos, devendo dar con‑ transmite o seu saber aos demais colegas que atuam na
tinuidade ao processo de formação, que é permanente prática da educação pedagógica, enriquecendo ainda
ao longo da vida acadêmica e profissional, uma vez que mais seu saber no ensino‑ ‑aprendizagem na formação
é preciso acompanhar a evolução tecnológica aplicada à da docência profissional.
educação, sem pensar em parar no tempo, achando que
a máquina irá substituí‑lo, afinal, a competência de criar, A formação continuada do docente está vincu‑
desenvolver e dominar toda a tecnologia é do homem e lada à estruturação da carreira em níveis nas escolas
, para isso, é preciso que esteja preparado. públicas ou privadas, tanto na educação básica com no
ensino superior. Nesse último, o acesso normalmente é
O campo da formação continuada do professor a combinação tempo de casa e titulação, o que torna a
apresenta muitas diversidades como: concepções, con‑ formação continuada qualificada o requisito para uma
teúdos e métodos que implicam em aspectos culturais e melhoria salarial condizente com a profissão.
profissionais e no processo de desenvolvimento na cons‑
trução da profissão do docente. É possível também acres‑ Hoje, a formação continuada torna‑se uma exi‑
centar a discussão sobre os conhecimentos, os saberes, gência para continuidade do processo educacional e
a formação básica contínua, abrangendo conhecimentos da empregabilidade mais assegurada, não que seja um
específicos, pedagógicos e a experiência da docência ao porto seguro, mas traz um pouco mais de tranquilidade
longo da construção da vida profissional acadêmica. e abertura de novos caminhos. Desse modo, pode‑se

A relação professor/aluno necessita sempre de uma


revisão sobre os conceitos que estão sendo trabalhados.

Diretrizes Curriculares para o Ensino de Matemática na Educação Básica

21.
afirmar que a formação docente acontece em conti- de maneira lógica, apresentando exemplos reais.
nuum iniciada com a escolarização básica, que depois Por outro lado, os alunos são os receptores dessas
se complementa nos curso de formação inicial com ins‑ informações, que poderão estar inseridos em vários
trumentalização do professor para agir na prática social, ambientes e necessidades.
para atuar no mundo e no mercado corporativo mundial.
Essa formação continua ao longo da carreira do docente O que não se pode esquecer é que o ensino da
pela reflexão constante sobre o desenvolvimento da matemática é uma via dupla, com o caráter de o pro‑
prática, a continuidade nos estudos, e também em pro‑ fessor ensinar, ou seja, repassar os conteúdos pré‑defi‑
gramas e projetos educacionais brasileiros, ou mesmo, nidos, transmitindo este conhecimento. Por outro lado, o
como muitos profissionais da educação, que estão exer‑ aluno é o aprendiz, ou seja, recebe as informações que
cendo sua profissão de docente em universidades em foram transmitidas pelo docente dessa disciplina.
outros países.
Pretende‑se, com isso, transmitir confiança
10 . Considerações finais ao docente, não oferecendo modelos que venham
mudar seus procedimentos, mas sim, maneiras que
O ensino da matemática é uma relação professor possam mudar para melhorar suas aulas no dia a
x aluno x conteúdos, atividade esta em que o pro‑ dia, satisfazendo e realizando as expectativas que
fessor é o conhecedor dos conteúdos. Ele deverá eles esperam em aprender sem dificuldades o bicho
preparar e organizar suas aulas teóricas e práticas papão da matemática.

Referências

ALBUQUERQUE, I. de. Metodologia da matemá‑ Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: <http://portal.
tica. Rio de Janeiro: Conquista, 1953. mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro03.pdf>. Acesso em:
17 ago. 2010.
AZEVEDO, E. D. M. Apresentação do trabalho montes‑
soriano. In: Ver. de educação & matemática, n. 3, BRUNER, J. Processo da educação. 4. ed. São
p. 26–27, 1979. Paulo: Companhia Nacional, 1974.

BARRETO, E. S. de S. Os currículos do ensino funda‑ CASTELNUOVO, E. Didáctica de la matemática


mental para as escolas brasileira. Campinas: Autores moderna. México: Trillas, 1970.
Associados, 1998. (Coleção Formação de professores)
CASTORINA, J. A. Psicologia genética: aspectos
BEHRENS, M. A. O paradigma emergente e a prá‑ metodológicos e implicações pedagógicas. Porto Ale‑
tica pedagógica. Curitiba: Champagnat, 2005. gre: Artes Médicas, 1988.

BIAGGI, G. V. Uma nova forma de ensinar matemática CENPEC. Disponível em: <http://cenpec.org.br/noticias/
para futuros administradores: uma experiência que vem ler/MEC‑divulga‑Ideb‑2009>. Acesso em 8 abr. 2010a.
dando certo. Revista de Ciências da Educação.
São Paulo, ano 2, n. 2, p. 103, 2000. _____. Disponível em: <http://www.cenpec.org.br/
modules/news/article.php?storyid=1018>. Acesso em
BORBA, M. de C.; PENTEADO, M. G. Informática e edu‑ 8 abr. 2010b.
cação matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
CORTELAZZO, I. B. C., ROMANOWSKI, J. P. Pesquisa
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: e prática profissional: procedimentos de pesquisa.
matemática. Secretaria de Educação Fundamental. – Curitiba: Ibpex, 2007.

Metodologia do Ensino da Matemática

22.
FIORENTINI, D.; MIORIM, M. A. Uma reflexão sobre MORIN, E. A cabeça bem‑feita: repensar a reforma,
o uso de materiais concretos e jogos no ensino reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Bra‑
da matemática. Disponível em: <http://www.mate‑ sil, 2000.
maticahoje.com.br/telas/sala/didaticos/recursos_didati‑
______. Os sete saberes necessários à educa‑
cos.asp?aux=C>. Acesso em: 08 abr. 2010.
ção do futuro. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes neces‑
NÓVOA, A. (Org.). Profissão professor. Porto: Porto
sários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
Editora, 1995.
GOLDBERG, M. C. Educação e qualidade: repensando ______ (Coord.). Os professores e a sua forma‑
conceitos. Revista brasileira de estudos pedagó‑ ção. Lisboa: Dom Quixote, 1992.
gicos. São Paulo, v. 79, p. 35‑45, set./dez. 1998.
PIAGET, J. Part I: Cognitive development in children: Piaget
HISTÓRIA dos números. Disponível em: <http://www. ­development and learning. Journal of Rechearch in
somatematica.com.br/numeros.php>. Acesso em: 17 Science Teaching, v. 2, n. 3, p. 176‑186, set. 1964.
ago. 2010.
ROMANOWSKI, J. P. Formação e profissionaliza‑
INTRODUÇÃO sobre a origem dos números. Disponível em: ção docente. 2. ed. Curitiba: Ibpex, 2006.
<http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/fundam/
numeros/numeros.htm>. Acesso em: 17 ago. 2010. ROSA, J. et al. História da matemática no ensino
da matemática. Disponível em: <http://educaca‑
KAMII, C. A criança e o número. 7 ed. Campinas: omatematica.vilabol.uol.com.br/histmat/texto1.htm>.
Papirus, 1984. Acesso em: 17 ago. 2010.

______; JOSEPH, L. L. Crianças pequenas conti‑ SANTOS, R. M. B. dos. TICs: uma tendência no ensino
nuam reinventando a aritmética – séries iniciais: da matemática. Disponível em: <http://meuartigo.brasi‑
implicações da teoria de Piaget. 2. ed. Porto Alegre: Artes lescola.com/educacao/tics-uma-tendencia-no-ensino-
Médicas, 2005. matematica.htm>. Acesso em: 17 ago. 2010.

LIBÂNEO, J. C. Adeus professor, adeus profes‑ SILVA, A. F. da et. al. Novas perspectivas em metodolo‑
sora?: novas exigências educacionais e profissão gia de ensino e prática docente. Disponível em: <http://
docente. São Paulo: Cortez, 1998. artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_15349/artigo_
sobre_novas_perspectivas_em_metodologia_de_ensino_e_
MARCELO, R. Matemática: reformas curriculares pr%C3%81tica_docente>. Acesso em: 15 ago. 2010.
(PCNs). Disponível em: <http://www.brasilescola.com/
matematica/matematica-reformas-curriculares-pcns. STAREPRAVO, A. R. O que a avaliação de matemá‑
htm>. Acesso em: 17 ago. 2010. tica tem revelado aos professores: conhecimentos
construídos ou informações acumuladas? Disponível em:
MARTINS, P. L. A didática e as contradições da <http://magiadamatematica.com/uerj/licenciatura/07-o-
prática. Campinas: Papirus, 2003. que-a-a-avaliacao-em-matematica-tem-revelado-aos-
professores.pdf>. Acesso em: 17 ago. 2010.
LIMA, D. A. de. Matematica: origem dos números.
Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/3964912/ TAHAN, M. O homem que calculava. Rio de Janeiro:
MATEMATICA>. Acesso em: 17 ago. 2010. Record, 1983.

MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do pro‑ TOLEDO, M.; TOLEDO, M. Didática de matemática


cesso. 15. ed. São Paulo: Editora Pedagógica e Univer‑ como dois e dois: a construção da matemática. São
sitária, 2001. Paulo: FTD, 1997.

Diretrizes Curriculares para o Ensino de Matemática na Educação Básica

23.

Você também pode gostar