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GUILHERME DA SILVA FREIRE BREDER

A palestra deu início com a discussão acerca do direito agrário, que enfrenta 3
dilemas imprescindíveis no cenário brasileiro. O primeiro trata do caráter colonial e
periférico do estado brasileiro, que surge já como empreendimento privado, para
produção de determinados produtos voltados principalmente a satisfação de
interesses políticos, ora café, ora soja, levando Oswald de Andrade a chamar o Brasil
de “país de sobremesa”, figurando no final dos menus dos países centrais. O segundo
dilema é a escravidão, um trabalho compulsório que existe nas relações sociais até
hoje. E o terceiro dilema é a lei de terras de 1850, que é a lei que ainda orienta alguns
entendimentos sobre o tratamento de aquisição de terras no Brasil. E que
normalmente a gestão de conflitos agrários que são resolvidos por meio do direito
penal, empobrece debates impedindo a percepção da real complexidade da nossa
anatomia agrária, a peculiaridade da nossa forma de apropriação territorial e as
consequências geradas em forma de coesão social, uma vez que a questão agrária a
todos nós envolve.
Seguiu-se o alerta do mal-uso do direito, servindo como arma para atender
interesses, citando como exemplo o abuso da polícia federal ao investigar
imprudentemente os orçamentos desviados da universidade federal, acusando o reitor,
que cometeu suicídio, e nada foi provado quanto sua responsabilidade, muito menos
um pedido de perdão por parte da polícia. Foi chamado atenção também das
estratégias de violência dos políticos, por meio de propostas legislativas, exemplo da
PL5422, que dispõe de reajustes, índices e demais parâmetros de reforma agrária,
que agride diretamente o princípio da função social da propriedade. Foi também
esclarecido conceitos, como a diferença entre conflito e violência, aquele privilegia a
discussão política, e este não. Conclui-se que o direito é o maior impactante nas
relações sociais, ambientais, econômicas, educacionais e jurídicas, ressaltando que
há uma carência no ensino superior brasileiro.
O segundo palestrante iniciou com a diferença entre violência real e simbólica,
aquela é explícita, como uma lesão corporal, e nesta, é sutil, repetitiva, como por
exemplo um agricultor que tem um rebanho completamente vacinado, mas é
desleixado quanto a vacinação dos próprios filhos. Basicamente houve uma discussão
eclética de diversos temas relevantes, como a promessa ser a base do discurso
político, a Constituição Federal, agir em nome de Deus em seu preâmbulo, que
infelizmente se passaram trinta anos e a promessa de cumprir os objetivos do estado
democrático de direito está sendo mal cumprido; o infortúnio de ser um juiz que
através do Estado, manda jovens ao cárcere; os absurdos jurídicos cometidos diante
da não aplicação do princípio da bagatela; a utilização da operação lava jato para fins
mercantis; a ironia do juiz de direito sentenciar alguém com base na psicologia, do
qual não é formado; a violência patrimonial, dominação humana e controle estatal; o
desinteresse que a sociedade desenvolveu em relação a violência; a observação de
Hannah Arendt de que as enciclopédias de ciências sociais nem se quer constarem a
palavra violência; a esquizofrenia que o individuo pode desenvolver ao ser exposto a
violência simbólica; as profissões e famílias que tem tendências a cometer violências,
bem como seus graus de intensidade; a discussão do Estado na educação e violência;
e por fim, definir que a justiça é o pão do homem.

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